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Corporeidade: Conhecimento do Corpo

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1 
 
Disciplina: Corporeidade 
Autores: M.e. Carla Morales 
Revisão de Conteúdos: Esp. Orlei Candido Antunes 
Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral 
ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe 
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas 
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Carla Morales 
 
 
 
 
 
Corporeidade 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
MORALES, Carla 
Corporeidade / Carla Morales. – Curitiba, 2018. 
54 p. 
Revisão de Conteúdos: Orlei Candido Antunes. 
Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki. 
Material didático da disciplina de corporeidade – Faculdade São Braz 
(FSB), 2018. 
ISBN: 978-85-5475-208-8 
 
 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
 
A disciplina de Corporeidade procura expor os aspectos ligados ao corpo, 
levando em consideração sua relação como produtor de uma linguagem 
singular, onde as vivências corporais podem produzir conhecimento. Será 
discutido também como a consciência corporal pode ser trabalhada, utilizando-
se do lúdico e do cognitivo para expressar uma fala única e notória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 – O conhecimento sobre o corpo 
 
Apresentação da aula 1 
 
Você já parou para pensar como, podemos construir nossa imagem por 
intermédio do corpo? Essa imagem que ao mesmo tempo é projetada para fora 
pode revelar estruturas internas de funcionamento bem interessantes. A 
corporeidade e seu conhecimento nos dão a ideia primordial da importância do 
corpo como produtor de conhecimento e ação. É na construção de sua 
expressão que o corpo passa a exercer funções que vão muito além do biológico. 
Ele pode significar a simbologia de uma cultura, de uma linguagem. Daí a 
importância de conhecê-lo melhor. 
 
1. Relação corpo-mente-cultura 
 
Os estudos sobre desenvolvimento humano trouxeram vários olhares 
sobre a questão do corpo. A tríade corpo-mente-cultura, que hoje é vista em 
conjunto, teve um olhar mais individualizado. Cada termo recebeu das mais 
diversas áreas um olhar específico. A cultura, de certa maneira, sempre olhou 
com atenção o corpo, ora olhando ele com uma cientificidade maior, ora olhando 
esse corpo como sinônimo de perfeição e beleza ou como instrumento de poder 
socioeconômico. O mesmo acontece com relação à mente. 
O cérebro e seu funcionamento sempre foram alvo de curiosidade e 
estudo, pois ele encerra a nossa capacidade de pensar e de acionar. As 
habilidades cognitivas, afetivas e motoras fazem parte da mente. Tudo que 
pensamos e fazemos depende da mente. Hoje não há como dissociar ela do 
corpo, mas nem sempre foi assim. Os estudos e conceitos relacionados à mente 
e ao corpo mudaram ao longo da história. Nossa maneira cartesiana de 
pensamento, separando e estudando a parte cada termo, ainda nos conduz a 
pensar que o corpo funcione como uma máquina, deixando de lado a 
possibilidade desse mesmo corpo possuir uma mente e ser permeado por 
questões culturais. 
Para Mendes e Nóbrega, (2004) o corpo carrega uma historicidade que 
lhe é intrínseca, porque é a história própria do corpo, e outra extrínseca que vem 
 
7 
 
com a relação desse corpo com a cultura. Merleau-Ponty (2000) afirma que 
mesmo para exercer as funções orgânicas o corpo realiza procedimentos. Aqui 
o comportamento simbólico e os esquemas inatos são inseparáveis. 
Para Morin (1980) o corpo assume dimensões múltiplas: 
 
[...] a afetividade, a inteligência, o espírito humano, provenientes de 
uma evolução animal e de uma ontogénese biológica, constituem 
realidades vivas e vitais. A própria cultura é o fruto de uma evolução 
biológica e, dependente da sociedade humana, depende da auto-
(geno-feno-ego)-ecore-organização social. (1980,p. 387). 
 
Com relação à mente, a percepção ocupa um lugar de destaque. As 
habilidades motoras, afetivas e cognitivas apreendidas ao longo do 
desenvolvimento fazem com que o corpo ocupe um lugar além da sua estrutura, 
dando a esse uma linguagem própria, carregado de significados e significantes. 
 A mente ajuda o corpo a se expressar, dando todas as ferramentas 
necessárias para que a interação com outros corpos possa produzir efeitos 
construtivos do próprio corpo e de outros, fundamentando a relação da mente 
com ele. Essa possibilidade é totalmente contrária ao pensamento cartesiano, 
onde o corpo não é dotado de desejos e nem carrega os elementos da 
subjetividade, tão importantes para o relacionamento. Dessa maneira, a tríade 
corpo, mente e cultura se forma, rearranjando estruturas e tecendo uma rede 
complexa de formação e expressão da corporeidade. 
 
1.1 Aspectos históricos da construção do corpo 
 
Contemporaneamente falando, o corpo e sua percepção ganham cada vez 
mais adeptos em entender o que isso significa. Vivemos em um tempo em que 
corpo, dotado de poder, manifesta-se com soberania, produzindo significados e 
significantes. A linguagem que o corpo utiliza é talvez uma das mais significativas 
e antecede a fala de maneira que a entendemos, pois são os gestos corporais 
originados na infância que ditam as nossas vontades. A fala do corpo antecede, 
a linguagem por assim dizer. Essa ideia é defendida por Vygotsky que diz que a 
criança, antes mesmo de falar, já demonstra uma capacidade de comunicação. 
Um exemplo disso é a utilização do aparato motor para pegar determinado objeto 
como um brinquedo. Esse corpo diz o que quer, sistematiza as ações mentais, 
 
8 
 
mesmo que ainda rústicas, mas consegue elaborar passos para acionar a sua 
vontade, o seu desejo. 
Vocabula rio 
Contemporaneamente: Que acontece ou tem seu início no 
presente (tempo atual): literatura contemporânea. 
Fonte: https://www.dicio.com.br/contemporaneo/ 
 
 
 
Piaget sinaliza que o período sensóriomotor da criança é realizado por 
sensações e movimentos. Nessa fase o corpo se manifesta por movimentos que 
são dependentes do aparato da visão, por exemplo, para perceber o mundo a 
sua volta. 
Referente ao tempo, as concepções biológicas imperaram o pensamentoem 
várias áreas, inclusive em relação à corporeidade. A biologia considerava os 
fenômenos fisiológicos para explicar o corpo, sendo ele inerente ao ambiente, 
isto é, o ambiente não tinha influência nesse corpo. Os processos orgânicos na 
medida em que se desenvolvem, maturam, ou seja, chegam ao ápice do seu 
desenvolvimento, do qual dali não passarão. O corpo é o que é. A 
hereditariedade e a genética seriam contributos para explicar aquilo que foge à 
regra, ou seja, os distúrbios e as doenças, por exemplo. 
Com o estabelecimento das ideias sobre cultura, a visão de corpo se desloca 
de campo, permitindo uma aproximação com o meio. O corpo é fruto da interação 
com o meio e com os seus pares. 
Para Mendes e Nóbrega (2004): 
 
[...] Dando continuidade à historicidade do corpo, vamos construindo 
outra história mediante nossas experiências de vida, de acordo com a 
sociedade que vivemos. Nosso corpo humano possui a mesma 
organização dos seres vivos, porém, com estrutura diferente, vai 
adquirindo originalidade à medida que vai interagindo com o entorno. 
[...] (Mendes e Nóbrega, 2004, p. 129) 
 
Essa mesma cultura, agora determina os padrões sobre o corpo, criando 
tendências nas áreas como saúde, alimentação, vestuário, beleza. Todas elas 
 
9 
 
ditando regras sobre o corpo. Não seguir a regra é estar à margem da sociedade. 
O biopoder se estabelece sobre os corpos. Sobre isso, segundo Foucalt (2007) 
dois são os caminhos; o primeiro refere-se ao fato de colocar o corpo como força 
produtiva. Para crescer é preciso produzir e para produzir é preciso disciplinar 
os corpos, o segundo caminho se refere à biopolítica da população, isto é, 
regular o corpo, gerando informações que vão fomentar dados sobre natalidade, 
mortalidade, longevidade, ou seja, tudo aquilo que é necessário para a 
domesticação desse corpo. A grande mudança, historicamente falando, está na 
mudança do discurso sobre o corpo. 
 
Importante 
Michel Focault, entre os anos de 1974 e 1979, lançou uma 
terminologia para indicar a sujeição dos corpos ao poder, 
funcionando como instrumento e objeto desse campo no que 
tange a regulação social dos corpos. Trata-se do biopoder ou 
biopolítica; duas palavras importantes para se entender sobre 
a sujeição dos corpos. 
 
 
1.2 A influência das ideias e estudo de Marcel Mauss e Maurice Merleau-
Ponty 
 
Nas mais diversas áreas de estudo, sempre aparecem estudiosos que se 
destacam por usar ideias acerca do tema. Um exemplo disso é o de Charles 
Darwin, se tratando da Evolução. Quando falamos sobre corpo e corporeidade 
temos dois estudiosos que deixaram grandes contribuições para a área: Marcel 
Mauss, um antropólogo e Maurice Merleau-Ponty, um estudioso da 
Fenomenologia. Esses dois autores contribuíram para uma discussão filosófica 
sobre o corpo e a corporeidade. Tanto Mauss como Mereau-Ponty estudam o 
homem. Ambos concordam que esse homem portando um corpo que por sua 
vez interage com outros corpos está inacabado; ele não o fim de sim mesmo. 
Maurice Mauss vai desenvolver a ideia de que o homem se centra sobre três 
bases: a social, a base psicológica e a base fisiológica. Ele vai denominar esses 
três elementos de: Fato Social Total (FST). É o homem sendo visto em sua 
 
10 
 
totalidade. Mauss vai centrar seus estudos no “uso dos corpos” e vai juntar as 
concepções de “ser” e “ter” um corpo. Seus estudos são bem contemporâneos 
porque vão discutir justamente como esse corpo é usado e visto. Por exemplo, 
a pessoas têm seu corpo para serem bonitas e fortes. Para que elas consigam 
isso, vão ter que se inteirar, em termos societários, que corpo a sociedade 
enaltece como bonito ou considera como forte. Essa tendência da sociedade vai 
fazer com que individualmente os corpos sejam construídos com vistas ao 
atendimento desse corpo e do valor que a sociedade dá a ele. 
Mauss deixa claro que o corpo é ao mesmo tempo matéria-prima e 
produtor de cultura. Nesse sentido, abre-se uma brecha para que essa ideia seja 
comparada ao determinismo biológico do corpo. As duas concepções são 
rebatidas atualmente nas discussões sobre corporeidade. Portanto, para Mauss 
os corpos são essencialmente produtos da cultura; o uso desse corpo é 
permeado pela cultura em que este está inserido. 
Entretanto para Merleau-Ponty diferem nesse aspecto. Para Ponty o 
corpo fala e esse corpo é dotado de expressão, gestos, movimentos, palavras, 
e linguagem. Essa expressividade toda, carregada por uma agressividade ativa, 
constrói a corporeidade em Merleau Ponty. O corpo pulsa e está vivo; ele é a 
expressão ativa no mundo. Essa dinâmica corporal é carregada de 
subjetividades e por isso mesmo capaz de aprender. Com relação a isso a 
cognição está fortemente atrelada à esta liberdade que o corpo goza pelo prazer 
de sua realidade que se enlaça com a liberdade de expressão desse corpo ativo, 
onde o ser e estar se misturam e se entrelaçam, continuadamente, e 
indefinidamente, se reinventando a todo momento porque esse corpo não passa 
desapercebido pela história. 
Esse corpo é a própria história que se constrói no tempo, pelo tempo. Essa 
união de corpo e mente preconizada por Ponty vem dessa percepção do corpo 
como entidade plena. Nisso ele difere das ideias de Mauss. Nesse aspecto, a 
percepção torna-se carro chefe das apreensões da realidade que a toda hora 
transforma o corpo e por ele também é transformado, para que nas relações 
sociais estabelecidas, outros corpos sejam contaminados pela vivacidade e 
assim novas teias de conhecimento são formadas e novas relações vão sendo 
estabelecidas, recheando a corporeidade com bases sólidas por fora e fluídas 
por dentro. 
 
11 
 
Dessa maneira é que Merleau Ponty estabelece sua relação com a 
corporeidade, deixando que o campo do objetivo dê lugar ao campo do subjetivo, 
pois ao estudar o homem não se pode dizer que um deles é objeto de estudo, 
mas outro ser humano. O “objeto” observado é o próprio homem. É como se 
olhar no espelho e ver a sua imagem refletida nele, mas transfigurada em outros 
corpos. 
Sendo assim, as contribuições de Maurice Maus e de Merleau Ponty para 
tentar entender o corpo e sua contemporaneidade são tão importantes e 
impactantes sobre o pensar sobre esse corpo e sua corporeidade. 
Saiba Mais 
Merleau-Ponty escreveu vários livros e entre eles escreveu o 
livro “Fenomenologia da Percepção”. Sua primeira edição 
data do ano de 1945, mas é um livro essencial para começar 
a entender as discussões sobre o corpo e a corporeidade. 
Vale a pena a leitura! 
 
 
O desenvolvimento das funções motoras e cognitivas afina essa 
percepção e o feedback dessa existência que acontece na interação com outros 
corpos. A percepção acontece quando nascemos. Por meio dos sentidos vamos 
percebendo o mundo, fazendo leituras e gestos que nos garantam uma 
funcionalidade básica de nossa existência. Com a aquisição do tônus muscular, 
aperfeiçoamos nosso andar e com ele começamos a descortinar o ambiente. A 
minha percepção que antes era puramente de sobrevivência, passa a ser 
exploratória. Eu uso os sentidos e a minha parte motora e, com isso, eu vou 
percebendo o mundo e me percebendo. Com o passar dos anos, as vivências 
vão se tornando mais intensas e complexas e o aparato cognitivo ajuda a refina-
la, fazendo com que as escolhas passem a fazer parte disso. Eu coloco o meu 
corpo dou movimento a ele, na percepção de que isso gere resultados favoráveis 
a mim. Na medida em que eu me relaciono com outros corpos, minha percepção 
aumenta, tanto a nível individual, porque passo a me enxergar nas situações, 
como a nível coletivo, porque a ação dos acontecimentos cotidianos e relacionais 
faz comque o meu corpo tome atitudes coletivas, em prol da sociedade. Dessa 
 
12 
 
maneira, os aparatos motores, afetivos e cognitivos ganham vulto na construção 
da corporeidade. 
Vocabula rio 
Tônus Muscular. Condição de contração que se mantém 
permanente, pouco intensa, não patológica, ocorrendo nos 
músculos. 
Fonte: https://www.dicio.com.br/tonus/ 
 
 
 
 
A corporeidade é uma construção social e, portanto, permeada por outro 
corpo. Na verdade, a existência dos corpos se dá na interação, pois possuem, 
pois na reciprocidade preceptoria mútua, o corpo pode adquirir outros elementos 
formadores de sua identidade, reforçando ou até mesmo substituindo velhos 
padrões para dar lugar a uma linguagem corporal cada vez mais rebuscada e 
refinada, na medida da sua relação com as experiências vividas. 
O ato de perceber nos coloca em outro patamar, muda o posicionamento passivo 
do corpo para um posicionamento ativo, onde esse corpo passa a ter que se ver 
consigo próprio e também com esse outro corpo que lhe remete significados e 
calca novas estruturas formativas. 
Uma das formas de percepção é a identificação. Nasio, (1999) nos chama 
a atenção para percebermos que a palavra identificar ou identificar-se se disfarça 
de elementos miméticos. 
Segundo Nasio (1999): 
 
Um sujeito se identifica com alguém ou alguma coisa quando ele se 
confunde com esse alguém ou essa coisa, quando ele vai até o outro 
para assimilá-lo e assimilar-se a ele, até tornar-se idêntico. (Nasio, 
1999, p. 80). 
 
Atualmente, onde a valorização do corpo está em voga, quem tem um 
corpo cuidado e consequentemente uma saúde preservada torna-se modelo de 
sucesso e, portanto, de identificação. Essa representação é uma condição social 
proeminente e que gera corpos sarados em série. Existe o modelo e as milhares 
de cópias, sendo que o modelo também pode se tronar uma cópia, pois a fluidez 
 
13 
 
representativa dos corpos permite esse estado. Aqui não falamos se isso é bom 
ou ruim, apenas sinalizamos o quão a questão da percepção do corpo por ir. 
Quais são os caminhos traçados pela percepção? Até onde conseguimos chegar 
com essa percepção e quais os efeitos que essa percepção cauda na construção 
da corporeidade. 
Vocabula rio 
Voga: moda; mania passageira; que está em destaque: 
música em voga 
Proeminente: que fica mais alto do que os demais; que se 
destaca 
Fonte: https://www.dicio.com.br/ 
 
 
 
Para a psicanálise a identificação é uma ida em direção ao outro e pode 
ser consciente ou inconsciente. O ato inconsciente é subjetivo. Por exemplo, um 
homem tímido faz academia para aumentar sua massa magra corporal. Nessa 
mesma academia existe um homem que malha há anos e que possui um corpo 
escultural. Esse mesmo homem tem uma sociabilidade dentro da academia 
muito grande; todos querem falar com ele, pegar dicas ou apenas conversar com 
ele. O homem tímido pensa: “se eu tiver um corpo como o dele, as pessoas vão 
vir falar comigo e eu vou deixar de ser tímido”, ou seja, ele coloca no corpo a 
solução para deixar de ser tímido. Ele percebe que por meio do corpo ele pode 
deixar de ser tímido. O ato consciente já é mais real. Pessoas que malham muito 
e que querem ter um corpo bonito sabem que atrairão olhares e esse é o desejo 
delas. Elas querem ter corpos sarados porque sabem que isso lhes trará 
sucesso. 
Ainda em relação à percepção, um outro elemento é a imagem que 
formamos sobre o corpo. Com relação a isso, possuímos duas possibilidades: o 
esquema corporal e a imagem corporal. 
 
 
 
 
 
14 
 
1.3 Esquema corporal 
 
Antes de falarmos sobre o esquema corporal, precisamos definir o que é um 
esquema. 
Esquema é toda a representação que se faz sobre alguma coisa. É como 
se nossa mente tivesse uma ideia e essa ideia passa a fazer parte daquilo que 
sentimos. Por exemplo: o esquema de uma flor para determinada pessoa está 
relacionado ao conhecimento que essa pessoa possui de flor, ou melhor dizendo, 
a representação que essa pessoa entende como sendo a de uma flor. O 
esquema é imaginário, mas está calcado no real, naquilo que um dia lhe foi 
apresentado e a mente captou. 
No caso do esquema corporal, pode-se definir que seja a representação 
que se faz do próprio corpo. Isso é muito importante para a constituição da 
personalidade. Existem autores que defendem essa ideia, de que o esquema é 
gerado por meio da imagem, como é o caso de Pick (1973) que considera a visão 
e a percepção cutânea de elementos de percepção do corpo. 
Outros autores como Head e Holmes, (1973) afirmam que o esquema 
corporal está ligado à intuição do corpo, representado pelas situações que esse 
corpo experimenta. Para cada nova impressão, muda o esquema corporal. Aqui 
as sensações posturais estão presentes. 
Esse esquema também está sujeito às interações corporais externas. O 
ato de relação com outros corpos e outras sensações também ajuda a moldar o 
esquema corporal. Quando o biológico encontra-se com a cultura, esses 
esquemas passam a ser dependentes dessa cultura. Uma delas é questão da 
reciprocidade. Ela altera a percepção do próprio corpo. Portanto, o esquema 
corporal não é acabado; ele é retroalimentado no decorrer do desenvolvimento 
e da maturação, principalmente das funções motoras e do grau de reciprocidade 
do corpo. 
 
1.4 Imagem corporal 
 
Por definição a imagem se refere à representação da forma de uma 
pessoa, ou seja, é como esse corpo é projetado. Nos dias atuais a imagem 
corporal ganha uma dimensão muito importante, porque prediz e conceitua a 
 
15 
 
pessoa. Um exemplo típico disso é com relação do corpo com o mercado de 
trabalho. Pessoas que visivelmente cuidam do seu corpo e se vestem bem têm 
melhores chances de emprego do que aquelas que não cuidam do seu corpo e 
não se vestem bem; assim convencionou-se em nossa sociedade. Percebe-se 
que a imagem corporal está atrelada ao pensamento da sociedade sobre o 
corpo. Outro exemplo que podemos dar é que a sociedade exige um grau de 
coerência entre a profissão e o corpo; por exemplo, na representação que se faz 
de um professor de educação física, esse jamais será visto como uma pessoa 
obesa; é como se a obesidade não combinasse com o corpo que não combina 
com a profissão. Dessa maneira fica muito claro que a imagem corporal define o 
sujeito para a sociedade. Essa mesma definição pode gerar equívocos e 
preconceitos, por exemplo atrelar a condição financeira ao jeito que essa pessoa 
se veste e se porta. A imagem corporal marca o corpo e lança as tendências 
corporais dos tempos, fazendo com que o corpo tenha que se adaptar a essas 
novas leituras. Caso não o faça, esse corpo socialmente será rejeitado e 
marginalizado. Essa imagem carrega todos os estigmas sociais, podendo se 
manifestar em somatização não positiva como é o caso desses padrões de 
beleza estabelecidos pela sociedade, que muitas vezes acabam custando a vida 
de jovens que se submetem o corpo à situações extremas para estar dentro 
daquilo que é considerado belo para a sociedade. 
A imagem corporal está fortemente atrelada à questão da percepção 
corporal. Essa percepção, às vezes, está mais voltada para outro do que sobre 
si. Esse outro atua como um espelho ambulante e a imagem que se vê pode ser 
a imagem do desejo de possuir aquele tipo de corpo. Muitas pessoas têm 
problemas com a autoimagem e, por isso, projetam no outro a possibilidade de 
serem felizes. Uma constatação disso é o aumento expressivo das cirurgias 
plásticas, que muitas vezes são para retardar a ação do tempo sobre um corpo 
que naturalmente envelhece, ou mesmo para a reparação de aspectos estéticos 
que deixama pessoa desconfortável com seu corpo. 
Outra questão para reflexão sobre a imagem corporal se refere ao quanto 
as pessoas se tornaram reféns dos padrões corporais que a sociedade impõe e 
o quanto a questão mental é afetada por essas questões. O número de distúrbios 
na percepção do corpo tem chamado a atenção das unidades de saúde, 
 
16 
 
principalmente entre a população jovem, cuja imagem vale mais do que a própria 
existência. 
 
https://br.depositphotos.com/search/mulher-anorexica.html 
https://br.depositphotos_69039051-stock-photo-healthy-woman-drinking-water 
 
Resumo da Aula 
 
Nessa aula pôde-se compreender o quão importante é o corpo, bem como 
a importância da construção da corporeidade que depende dos aspectos 
societários. As representações que a sociedade faz sobre os corpos, muitas 
vezes, determina o padrão de corpo a ser seguido, e isso tem implicações 
diversas, tanto individualmente, quanto coletivamente. A imagem corporal muitas 
vezes vale mais do que a existência do corpo; não raro o aumento dos distúrbios 
de percepção sobre o corpo estarem crescendo a cada ano que passa. 
Constatou-se também que as questões sobre a corporeidade são estudadas e 
dialogadas. Esse diálogo, promovido por vários estudiosos, ajuda a construir as 
bases teóricas sobre a questão da corporeidade. Vimos também que o corpo 
tem história e que sua existência está calcada em três pilares: mente-corpo-
cultura. Essa tríade forma o corpo. 
 
 
 
17 
 
Atividade de Aprendizagem 
Sabe-se que a imagem corporal, às vezes, vale mais do que a 
própria existência. Essa visão é muito comum entre os jovens, 
onde a imagem é tudo. De que forma a sociedade pode fazer 
com que a imagem corporal assuma padrões mais normais, 
ajudando a diminuir os distúrbios causados pela percepção do 
corpo? 
 
 
Aula 2 – Educação e Corporeidade 
 
Apresentação da aula 2 
 
Você já parou para pensar como, por meio da educação, podemos 
otimizar as questões relacionadas à corporeidade? O ato de educar-se expressa 
a potencialidade de algo, que no caso é a potencialidade da expressão do corpo. 
Esse corpo que fala, se expressa e clama por direitos, para que sua existência 
não seja vã, mas dotada de sentidos. Daí a importância de olhar para esse corpo 
e entender as dimensões educacionais a que esse corpo está mergulhado. A 
educação pode significar a liberdade do corpo, tornando sua existência real. 
 
2. O olhar da escola sobre o corpo 
 
O corpo, tal qual o concebemos está inscrito na sociedade e ao mesmo 
tempo nos espaços que essa sociedade cria para existir. Um desses espaços é 
a escola. Esse espaço constitui-se como um lócus de saber. Por ali, o 
conhecimento circula, constituindo os indivíduos que ocupam esses espaços, 
dando-lhes voz e ouvido. A educação dos corpos também acontece nesse 
espaço, pois é ali que as interações acontecem cotidianamente nas fases da 
vida de construção de uma pessoa. O corpo como sujeito requer uma identidade, 
que é única, visto que nenhum corpo é igual ao outro. Farah (2010) nos chama 
a atenção sobre os vários espaços que a escola possui e, portanto, por onde 
esse corpo circula. Ele traz como um espaço fundamental o currículo da escola 
e também o projeto político pedagógico; dois documentos que expressam a 
escola na sua ideologia. Esses documentos norteiam todas as ações da escola 
 
18 
 
e são importantes porque denotam as concepções filosóficas do que é ser 
homem, ser humano e também expressam uma visão de mundo. Nesse sentido, 
o corpo torna-se uma estrutura de poder que pode controlar ou ser controlado. 
Outro espaço a ser sinalizado é o próprio espaço da escola. O movimento 
é inerente ao ser humano; desde o nascimento a motricidade acompanha a vida 
das pessoas. O corpo é constituído pelo movimento. Como esse corpo circula 
pela escola? Nem todos os espaços serão livremente acessados pelos corpos, 
haverá sempre uma negociação para isso. Outro aspecto é que essa circulação 
vai dar ao corpo a chance de sua percepção, colocando a imagem corporal em 
evidência e partir daí construir as relações sociais. Os ambientes da escola como 
o pátio, a biblioteca, o parquinho, a quadra de esportes ou algum ambiente verde, 
vão denotar dos corpos um conjunto de ações específicas para cada tipo de 
ambiente. 
A sala de aula provavelmente será o espaço onde o estudante passará a 
maior parte do seu tempo. Nesse espaço as relações que o corpo estabelece 
são muito intensas e negociadas o tempo todo. Aqui, professores e estudantes 
praticam as políticas de seus corpos. 
Ainda falando de sala de aula, as disciplinas como Educação Física, 
Ciências, Biologia, Artes, Música e Teatro vão revelar os corpos em sua 
potencialidade. Aqui, a percepção dos corpos estará evidenciada o tempo todo 
e sua expressão revelará as mais variadas linguagens que esse corpo possui. 
A escola também vai revelar espaços onde as subjetividades são impressas no 
corpo. Um exemplo disso é a violência a que esses corpos são submetidos. Vide 
os casos de bullying na escola. Essa não aceitação das diferenças como a 
religião, a cor da pele, a massa corporal, gera fortes tensões entre os corpos e 
cabe a escola ajudar a dirimir, educando para a diversidade. 
 
2.1 Desafios e perspectivas 
 
Ao falar sobre a escola, vários são os desafios e as perspectivas que vão 
ser traçadas e que precisam ser discutidas. Um dos grandes desafios com 
relação à questão da corporeidade reside no fato de que os corpos, enquanto 
políticos, vão exercer ação sobre outros corpos. Se a escola não estiver 
preparada ou não se der conta disso, o que acontecerá é uma repetição ou a 
 
19 
 
produção em série de corpos disciplinados e que falarão a mesma linguagem. 
Essa massificação dos corpos fará com que as interações empobreçam. A 
escola, como dito anteriormente, tem que estar preparada para acolher e 
desenvolver a diversidade. Nessa perspectiva, a construção dos corpos será 
mais rica e cheia de significantes e nesse caso, trazendo elementos constitutivos 
diversos e criando bases sólidas para a construção de corpos mais humanizados 
em suas ações. Dessa maneira, a escola poderá se tonar um espaço efetivo 
onde o sujeito, dotado do poder de escolha, poderá ter acesso ao conhecimento 
que melhor lhe couber para a sua construção e sua personalidade. 
Outro grande desafio que a escola possui com relação ao corpo é se 
questionar como modelo educacional. Será que a escola, como a concebemos, 
exerce seu papel? Sabemos que a escola funciona sob a visão da sociedade e 
por meio do condicionamento, do controle e da higienização dos corpos, ela 
perpetua ações e saberes que serão repetidos na sociedade. Farah, 2010 
propõe o seguinte questionamento: 
Segundo Farah (2010): 
 
Quais seriam as práticas corporais disciplinadoras (fila, controle dos 
gestos, comportamentos, discursos, técnicas corporais, novas 
disciplinas) e seus efeitos nos corpos que as instituições escolares 
realizam no intuito de manter a ordem e simultaneamente formar 
alunos para servirem a um tipo de sociedade? Estaríamos ainda numa 
sociedade-escola disciplinar com seus princípios coercitivos ou, numa 
sociedade-escola de controle na qual o princípio da sedução é o 
dispositivo que rege os corpos? Ou, ambas, simultaneamente? (Farah, 
2010, p. 408). 
 
Necessita-se repensar o papel da escola e que legados ela quer deixar 
para o mundo por meio dos corpos que passarem por ela. Cabe a esse espaço 
tão importante escolher querer continuar no campo dos desafios ou aventurar-
se no campo das perspectivas, onde o novo se descortina. 
 
 
 
 
 
20 
 
2.2 O corpono processo de ensino e aprendizagem 
 
Dentro do processo de educação, o corpo é constantemente requisitado. 
Nossas habilidades motoras, advindas desde o nascimento, constituem a 
primeira forma de comunicação com o mundo. Portanto, o processo de ensino 
aprendizagem de certa forma já está intrínseco a esse corpo que vai à escola 
para aprender. A motricidade e a aquisição de novas habilidades no espaço 
escolar vão contribuir muito para a personificação do indivíduo, colocando-o em 
uma posição ativa perante o mundo. 
O corpo é múltiplo, se constituindo pelos aspectos biológicos, psicológicos 
e sociais; cada uma dessas dimensões agindo em conjunto e marcando o 
corpo, lhe imprimindo características únicas. Isso lhes confere a individualidade 
que deve ser levada em conta nos processos de ensino-aprendizagem. Embora 
seja um espaço coletivo, os saberes são aprendidos de maneiras desiguais, por 
vários motivos, desde aqueles intrínsecos, como a capacidade motora, até os 
fatores extrínsecos, como um corpo que não recebe uma alimentação adequada. 
 Dessa maneira o processo educacional tem que abranger uma gama de 
metodologias que abarquem os mais diversos corpos, para que a aprendizagem 
seja significativa para todos. 
Dentro dessa lógica, as práticas pedagógicas que levarem em 
consideração a totalidade de elementos que são da ordem do humano como a 
afetividade, a motricidade, a emoção e a sociabilidade terão mais chances de 
sucesso. Para tal, os elementos lúdicos são uma ferramenta essencial nesse 
processo, priorizando a relação corporal para gerar saberes significativos. 
 
2.3 As disciplinas escolares e seu olhar sobre o corpo 
 
Dentro da escola, existem algumas disciplinas que são marcadas para 
trabalhar o corpo. Já dentro de um processo mais amplo, todas as disciplinas 
deveriam trabalhar a corporeidade, visto que essa está imbricada nas ações que 
esses corpos promovem, por exemplo, na disciplina de Geografia, entender o 
movimento dos corpos pelas cidades. Quais são as necessidades desse corpo 
estar se movimentando? Quais necessidades não estão sendo supridas em 
determinado local? 
 
21 
 
Dito isto fica claro que o trabalho do corpo ainda é incipiente nas escolas, 
sendo trabalhado principalmente pelas disciplinas de Ciências, Biologia, 
Educação Física e Teatro, quando esse está presente. 
Merecem atenção as disciplinas de ciências e biologia porque dentro de 
um contexto histórico, são disciplinas que validaram as ideias sobre os corpos 
desde os séculos passados. Conhecer para controlar, conhecer para higienizar, 
conhecer para ter poder sobre os meios de produção. Por muito tempo esses 
discursos sobre os corpos foram validados pela ciência. Outro aspecto dessas 
disciplinas é ver o corpo como um ente biológico. Esse estudo tem sua 
importância de reconhecer esse corpo, dando a ele um espaço e um grau de 
pertencimento. 
Já a disciplina de Educação Física enaltece a questão da motricidade 
desse corpo. Isso é fundamental no processo de formação do indivíduo. Um dos 
nossos meios constituintes é o movimento. Esse movimento inato, do qual 
nascemos com ele, vai sendo aprimorado e amadurecido. A aquisição das 
habilidades cognitivas está relacionada com as habilidades motoras. Esta ajuda 
a impulsionar a cognição e faz com que o corpo se desenvolva em sua plenitude. 
Já as disciplinas extracurriculares como a dança, permitem uma educação 
voltada para a expressão. A expressão corporal forma uma linguagem única e 
que não necessita de palavras, apenas do corpo para se expressar. Aqui 
podemos citar também o teatro. Outa disciplina muito importante para a 
corporeidade é a Arte. As experiências lúdicas marcam a mente e o corpo e são 
fundamentais para a formação do ser humano. 
 
2.4 A produção de conhecimento através do corpo 
 
Pode-se dizer que o corpo possui códigos que podem ser criptografados 
em mensagens. O corpo possui uma linguagem por meio da sua expressão. Ao 
expressar algo, o corpo sempre irá querer dizer alguma coisa. Por exemplo: se 
eu vejo uma pessoa acenando com a mão, eu posso presumir que aquela 
pessoa está se movimentando para me cumprimentar ou chamar minha atenção. 
Esses códigos lançados pelo corpo geram subjetividades por intermédio do 
pensamento e são capazes de gerar conhecimento. 
 
 
22 
 
Ví deo 
Para entender um pouco mais sobre a questão do 
conhecimento e do quanto a influência do saber pode afetar a 
vida das pessoas, fica a dica do filme A Onda, do diretor Dennis 
Gansel. Esse filme alemão de 2009 mostra que o campo das 
ideias pode expressar e se espalhar, formando ideologias que 
afetam os corpos. 
 
https:// https://www.youtube.com/watch?v=zG3TfjAhs30 
 
 
2.5 Contribuições da Educação Física para o entendimento da 
corporeidade 
 
A Educação Física tem dado às questões da corporeidade uma 
importante contribuição, pois na sua atuação direta sobre o corpo, pode-se 
perceber, ao longo dos tempos, as mudanças de leiturização a que esse corpo 
esteve submetido ao decorrer do tempo e da história. Em contrapartida, essas 
questões fazem com que o campo da Educação Física repense a sua forma de 
olhar para o corpo, trazendo novos elementos à disciplina e gerando um campo 
de saber profícuo que as visões e ações que podem ser realizadas com essa 
nova visão do corpo. A corporeidade ampliou as bases de estudo da Educação 
Física. 
Não se pode esquecer que o espaço que a Educação Física, no âmbito 
do conhecimento formal, tem para trabalhar, é a escola. Esse espaço múltiplo e 
diverso ajuda na construção da corporeidade. É importante ressaltar também 
que a Educação Física contribui para as práticas pedagógicas dentro da escola, 
não ficando apenas em seu campo, mas influenciando fortemente o caminhar 
das outras disciplinas. 
Quando a Educação Física se propõe a trabalhar com o corpo, ela não só 
está a lidar com aquilo que é da ordem do biológico, mas com as subjetividades 
que vão aparecendo no meio do caminho. A questão da motricidade e seus 
elementos estão presentes o tempo todo nessa prática e também em um 
aprendizado mais intrínseco de zelo pelo seu corpo, pois é por meio e tudo se 
passa. A vida acontece pelo corpo e essa percepção é importante, inclusive para 
 
23 
 
percebê-lo como uma entidade biopolítica. Com relação a isso é bom salientar 
que a Educação Física deve ser vista como um campo que produz saberes e 
esses saberes estão relacionados com a questão da corporeidade; tendo o corpo 
muito mais que um objeto de estudo. 
Tratando-se da escola, vamos aqui delinear alguns aspectos com relação 
a essa corporeidade. Enquanto a disciplina de Educação Física é ofertada desde 
cedo para as crianças, elas se dão conta do corpo pela ludicidade. O ato de 
brincar torna-se uma metodologia eficaz que tem como objetivo a percepção do 
corpo por meio do movimento e a formação de um nível de socialização fora dos 
muros do lugar onde a criança habita. Com as das brincadeiras, a criança 
desenvolve o aparato motor, começando a exercer e conhecer os movimentos 
que ela pode realizar e até onde esses movimentos podem levá-la. Nessa fase, 
os movimentos são descoordenados e o ato cognitivo de pensar sobre eles não 
existe; aqui é o movimentar por movimentar. 
Na medida em que a criança cresce e se desenvolve, a prática vai 
ganhando elementos mais desafiadores e os movimentos passam a ser 
praticados com mais perfeição, até porque a imitação e a repetição vão fazer 
que isso aconteça. Nessa fase, os movimentos são mais coordenados e o 
elemento cognitivo passa a ser acessado para pensar sobre o movimento a ser 
executado. Aqui se abre as possibilidades para descobriras habilidades que o 
corpo tem e também para começar a entender que por outros caminhos, que não 
a imitação, pode se chegar ao mesmo resultado. É a cognição ajudando no 
processo de raciocinar sobre a execução do movimento. 
Em um nível mais elevado, o jovem que já adquiriu as habilidades 
necessárias à execução dos movimentos básicos dá um novo salto, executando 
variantes dos movimentos aprendidos e também com mais desenvoltura. Nesse 
momento o processo cognitivo está atuando o tempo todo na busca pela melhor 
maneira de executar o movimento, otimizando-o. 
É nessa fase que a busca por modalidades esportivas se afunila naquela 
que melhor se encaixa aos desejos. É aí que surgem as grandes personalidades 
do esporte ou aqueles atletas que se dedicam e se profissionalizam. Só isso já 
abre uma perspectiva enorme ao corpo porque é o movimento que abre as portas 
para a construção do sujeito. 
 
24 
 
A Educação Física ajuda na formação da personalidade, na formação de 
valores e em uma visão mais focada das coisas, também ajuda a melhorar o 
desempenho cognitivo e, com isso, outras disciplinas, pois o estudante torna-se 
mais focado e mais interessado. Ela também beneficia no desenvolvimento da 
coletividade, principalmente se a prática esportiva escolhida for coletiva, como o 
futebol, onde o sucesso é fruto de um trabalho conjunto de corpos que se unem 
para atingir um objetivo específico. 
Como se pode observar, enquanto disciplina, a educação física fornece 
uma gama de elementos que constituirão o sujeito. Por isso, ela é uma disciplina 
importante e deve ser valorizada. No nível comunitário, isso também acontece, 
e é importante que ela entre no rol das discussões sobre políticas públicas de 
incentivo à melhoria da qualidade de vida das pessoas. Uma comunidade que 
tem espaços em que o corpo possa se movimentar e se reconhecer, torna-se um 
espaço mais rico e dinâmico, trazendo benefícios não somente individual, mas 
coletivo. É o corpo atuado na saúde do corpo. 
 
2.6 A corporeidade e os movimentos educacionais 
 
A educação é ampla e existe uma série de proposições para que a escola 
se transforme em um espaço múltiplo de saberes, além daqueles com os quais 
ela se compromete. No Brasil existem alguns movimentos que buscam a 
integralidade da criança na escola. Entende-se que a escola é parte formativa 
da cidadania e que todas as ações que são veiculadas na e pela a escola, 
possuem um caráter formativo. O corpo como elemento chave dessa proposição 
não fica de fora. A corporeidade é construída pelas interações que esse copo 
possui. Quanto mais interações acontecerem, maiores serão as chances na 
obtenção de habilidades que darão autonomia ao corpo, na sua busca por ter a 
liberdade de se expressar. Quando a escola consegue criar condições de não 
somente sensibilizar os seus alunos, mas também a comunidade em que está 
inserida, ela dinamiza e fortalece a corporeidade, por uma questão de 
pertencimento e reconhecimento de um lugar onde esse corpo existe, e pode 
atuar, mudando a sua realidade e a de quem está a sua volta. Isso é 
extremamente importante para a construção da corporeidade, porque fortalece 
 
25 
 
as bases e a molda com elementos sólidos e formativos essenciais à vida e à 
criação de atitudes mais humanas. 
Esses mesmos movimentos, muitas vezes geram uma readaptação das 
realidades, fazendo com que o corpo se movimente em direção a elas, no sentido 
de tentar se adaptar. Atualmente, cercados por toda sorte de tecnologias, o corpo 
adaptou-se à realização de poucos movimentos ou pela realização de 
movimentos repetitivos. Cada vez que surge um novo movimento, o corpo reluta 
em movimentar-se. Essa movimentação é necessária para o corpo é para a 
consolidação de saberes que poderão ser úteis futuramente. O corpo não está 
acabado, mas em constante crescimento e aprendizagem. Cada nova tendência 
os coloca em um outo lugar, cabendo a esses mesmos corpos fazerem escolhas 
para aperfeiçoar o processo de corporeidade. 
 
2.7 A Teoria da Complexidade e a Corporeidade 
 
O termo corporeidade vem sendo utilizado para expressar a complexidade 
do corpo. Nesse quesito, qualquer tentativa de explicar a dinâmica do corpo 
apenas se baseando em uma das inúmeras facetas, estará simplificando ou 
reduzindo a capacidade que o corpo possui para se expressar. Por isso é tão 
importante relacionar a construção epistemológica sobre a corporeidade com 
teorias que possam dar conta de explicar a complexidade desse sistema. E nada 
melhor para explicar essa complexidade do que uma teoria cujo cerne da 
questão é justamente a complexidade das coisas. Uma dessas teorias é a Teoria 
da Complexidade, proposta pelo filósofo Edgar Morin, um dos grandes 
pensadores contemporâneos. 
O que diz a Teoria da Complexidade e como ela pode se relacionar com 
a questão da corporeidade? Os seres vivos são inacabados e constroem-se a 
partir de suas vivências, gerando saberes. Esses saberes, para atingirem o grau 
máximo de sua ação, devem estar interligados de tal maneira que a 
complexidade se faça, gerando fluxos de informações necessárias a uma nova 
construção de pensamento que levará o homem a ser mais humanizado. 
Segundo Morin (1998): 
 
 
26 
 
Ora, o problema da complexidade não é o de estar completo, mas sim 
do incompleto do conhecimento. Num sentido, o pensamento 
complexo tenta ter em linha de conta aquilo de que se desembaraçam, 
excluindo, os tipos mutiladores de pensamento a que chamo 
simplificadores e, portanto, ela luta não contra o incompleto, mas sim 
contra a mutilação. Assim, por exemplo, se tentarmos pensar o fato de 
que somos seres simultaneamente físicos, biológicos, sociais, 
culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a complexidade reside 
no fato de se tentar conceber a articulação, a identidade e a diferença 
entre todos estes aspectos, enquanto o pensamento simplificador ou 
separa estes diferentes aspectos ou os unifica através de uma redução 
mutiladora. (Morin, 1998, p. 138). 
 
Talvez o que mais chama a atenção é o respeito dado a todas as 
dimensões que compõe o corpo. Todas elas são importantes e se tentarmos 
imputar pesos diferentes, poderemos incorrer no erro de subestimar a questão 
da corporeidade, como um constructo que vai além de todas as dimensões 
pautadas. É como se as partes tivessem uma importância tão igual quanto a 
soma delas. Nesse sentido, o olhar sobre o homem e sobre o corpo advém do 
olhar sobre seus aspectos únicos, mas também interligados. A complexidade 
une a unidade e a multiplicidade, portanto corpo e corporeidade. 
 
2.8 Consciência Corporal 
 
A consciência corporal promove o empoderamento dos corpos. Esse 
poder se expressa na possibilidade do corpo ser o que quiser, dando à sua 
existência significados múltiplos e fazendo com que os corpos criem uma 
linguagem múltipla de comunicação que vai além do biológico, do psicológico e 
do social. 
Na área educativa, a disciplina de Educação Física possui um papel 
fundamental de reconhecimento desse corpo porque promoverá todas as ações 
que farão desse corpo um ente vivo e dinâmico. O corpo já não pode mais ser 
visto como um corpo-objeto, mas como um corpossujeito. Esse novo olhar faz 
com que o corpo adquira graus independentes de manifestação e que são 
essenciais na construção social dos corpos. 
Aqui podemos citar vários exemplos dessa consciência, como a busca 
pelos direitos. Essa busca está diretamente relacionada com a questão do corpo. 
O direito de ir e vir, o direito de poder manifestar a sua sexualidade, o direito de 
poder amamentar bebês nos espaços públicos são formas de empoderamento 
 
27dos corpos que querem ocupar um lugar ao sol e tem direto para o fazerem, 
porquê possuem um corpo e uma corporeidade que os constituem como 
cidadãos, como seres humanos. 
Essa consciência corporal deve ser ensinada diariamente. A família, a 
escola e a sociedade são partes fundamentais desse aprendizado, porque não 
“estamos” em um corpo, “somos” um corpo. Essa multidimensionalidade se 
conecta à complexidade da consciência corporal. 
O ato da existência requer um corpo e uma corporeidade que seja capaz 
de dar conta das inúmeras facetas fundantes do corpo. A consciência corporal 
traz o corpo para a realidade, constituída no imaginário, mas funcionando no 
real. 
 
2.9 Novos paradigmas sobre o corpo 
 
E quais serão então as novas formas de pensar e agir sobre o corpo? 
Sobre quais paradigmas a corporeidade está pautada? Já foi sinalizado em 
parágrafos anteriores que o corpo passa por uma supervalorização. 
Historicamente ele sempre esteve presente no pensar das épocas, agora não é 
diferente. O que é diferente é que a forma de pensamento sobre o corpo o 
enxerga com os óculos da sociedade atual. Segundo isso, para a sociedade atual 
o que é importante em termos de corporeidade? Um dos aspetos citados 
anteriormente é que a consciência corporal deu empoderamento para esse 
corpo exercer seus direitos. A corporeidade está sendo construída com bases 
libertárias, isto é, com a liberdade de expressão dos corpos. 
Outra forma de pensar está relacionada com o tempo. A expectativa de 
vida mudou e hoje se vive mais. Esse corpo está gozando de maior longevidade 
e com isso, muda-se a forma de ver esse corpo. Os idosos hoje compõem a faixa 
etária de maior volume em muitos países. No Brasil,a pirâmide etária já está se 
transformando, colocando o país num lugar em que a população de idosos será 
maior que a população de jovens. Quais ações serão realizadas, visando a 
qualidade de vida dessas pessoas? Como esses corpos serão tratados? Como 
a sociedade se prepara para isso? Nichos de mercado estão sendo criados em 
detrimento dessa possibilidade. 
 
28 
 
Como visto, o corpo está supervalorizado. As indústrias de cosméticos e 
insumos alimentares para o esporte não param de crescer. Os corpos se 
encontram mais vaidosos. É preciso ficar atento a isso porque se existe um lado 
bom também existe um lado que pode indicar sérias disfunções pois, a 
marginalização do corpo já acontece. Pessoas que fogem do padrão de estética 
determinados pela sociedade sofrem uma gama muito grande de preconceito. É 
preciso estar atento a isso, para que o corpo não seja escravizado pelos 
paradigmas atuais. 
Como se pode observar, são várias as facetas dentro dos paradigmas 
atuais sobre os corpos. O importante é que a corporeidade leve a humanização 
no seu sentido amplo e verdadeiro, na construção de sociedades mais humanas 
e justas. 
 
Resumo da Aula 
 
A corporeidade flui em todos os campos. Como campo do saber ela não 
estaria destituída do espaço chamado escola. É ali que boa parte dos anos se 
passa, e é ali também que a corporeidade ganha elementos mais sólidos para 
sua formação. O corpo como campo de conhecimento é amplo e irrestrito; o 
processo de aprendizagem está ocorrendo o tempo todo, em todas as fases de 
desenvolvimento da pessoa. Outro aspecto que chama a atenção é a 
importância que se deve dar à disciplina da Educação Física, pois ajuda na 
formação da personalidade e contribui nos processos cognitivos em todas as 
demais áreas. Por tudo isso, não dá para ver o corpo somente em uma 
dimensão; essa tridimensionalidade mostra o quão complexo é o corpo e o 
quanto devemos entender ele sob a luz da Teoria da Complexidade. 
Atividade de Aprendizagem 
Ao longo dos anos, a disciplina de Educação Física vem 
ganhando campo, principalmente por tentar entender os 
meandros da construção da corporeidade. Essa mesma 
corporeidade oferece um conjunto de saberes que melhoram ou 
ajudam a ampliar a visão que se tem da disciplina como um 
campo que gera saberes. Discorra sobre a importância da 
Educação Física na construção da corporeidade e como ela 
influencia em novos paradigmas. 
 
29 
 
Aula 3 – Aprendizagem corporal 
 
Apresentação da aula 3 
 
Você já parou para pensar como o nosso corpo pode se tornar uma “sala de 
aula”? Quais são os processos contidos no corpo e que permitem a 
aprendizagem? O mesmo corpo que ensina é o corpo que aprende na interação 
com o ambiente e com os outros corpos. A corporeidade é a manifestação desse 
aprendizado. O caminho para se chegar a esse aprendizado é dotado de 
multiplicidade porque se utiliza dos elementos culturais para criar sua base 
metodológica. A aprendizagem deve ser significativa para que o corpo possa 
ganhar novos elementos em sua formação e assim poder exercer a sua 
corporeidade de maneira ampla, ocupando os espaços de pertencimento e 
existência. 
 
3. Corporeidade como viés metodológico 
 
O corpo é uma entidade viva e como tal não está acabado. A cada novo 
dia, a cada nova interação, esse corpo é capaz de absorver sensações e 
percepções que vão lhe constituir, ora reforçando aquilo que já está 
estabelecido, ora desconstruindo. De qualquer forma, nenhuma interação é 
passiva e todas elas são dotadas de significado. O corpo aprende, ensina e ele 
também se utiliza de formas de organização para que isso seja possível. 
As nossas ações mentais são organizadas de tal maneira que o corpo 
consiga produzir algo, seja no movimento coordenado enquanto se nada, seja 
no movimento coordenado de uma corrida ou até mesmo na atividade mental 
enquanto se lê ou escreve. É como se esse corpo possuísse um viés 
metodológico que fosse capaz de fazer com que essa organização se transforme 
em movimento e pensamento. 
Esse corpo, que agora funciona como um viés metodológico, esta apto a 
exercer o seu empoderamento, pois consegue ocupar os espaços, não mais de 
maneira despercebida, mas de maneira intencional e organizada. Quando isso 
acontece, a corporeidade ganha força, sendo capaz de emanar novos 
elementos. 
 
30 
 
Esses elementos servirão de base para a formação de outros corpos e assim por 
diante. Dessa maneira a corporeidade poderá conseguir mudar a realidade das 
estruturas vigentes, imputando uma nova forma de pensar e agir sobre o mundo. 
Essa mesma corporeidade pode mediar processos porque consegue se 
organizar para tal. Um exemplo disso pode ser visto nos benefícios cognitivos 
que a prática de exercícios físicos pode proporcionar. A aprendizagem motora 
vai fazer com que novas habilidades sejam adquiridas, por meio de um viés 
metodológico que faça com que esse corpo ganhe a capacidade de foco, por 
exemplo, melhorando todas as atividades que tiverem que ser executadas e que 
tiverem que ter como mola propulsora para sua execução o foco. Como se pode 
observar, a corporeidade pode ser utilizada como viés metodológico. 
 
3.1 O corpo que ensina 
 
No processo de ensino-aprendizagem o corpo pode ensinar e o corpo é 
capaz de aprender. No quesito ensinar, a imagem que se faz desse corpo e sua 
representação tornam-se elementos muito importantes, pois essa percepção 
aliada à interação faz do corpo um espaço de ensino. Esse ensino possui uma 
metodologia variada e pode ser intrínseco ou extrínseco. Um ensino intrínseco 
do corpo se refere à capacidade de movimento e de articulações, por exemplo. 
A percepção do movimento nos ensina a não ter um corpo parado, e sim ativo e 
que serve para se movimentar. A aquisição do tônus muscular abre essa porta, 
para escortinharmos o mundo. Por meio da prática constante do movimento, as 
habilidades motoras e cognitivas vão se afinandoe ganhando vários elementos 
essenciais ao raciocínio e à percepção de si mesmo. Quando isso acontece, o 
corpo se expressa melhor e pessoa que o possui, pode, então, com clareza, 
expressar seus sentimentos, pensamentos e emoções. O outro corpo ou outros 
corpos que interagirem com esse corpo que se expressa e sabe porquê se 
expressa será ensinado, ou melhor dizendo, contagiado e assim passará a 
exercer com o seu corpo o direito de se expressar também. Essa cadeia de 
contagio é que faz dá existência coletiva ao corpo e fortalece a corporeidade em 
todos os seus aspectos. Essa possibilidade de ensino carrega muitos métodos 
e por isso da sua multiplicidade. 
 
31 
 
3.1.2 O corpo que aprende 
 
Na outra ponta encontra-se o ato de aprender. O aprendizado do corpo 
só pode ser realizado por meio da convivência com outros corpos. Uma maneira 
de iniciar o aprendizado é usando a imitação, o que permite a execução de 
movimentos que podem ser repetitivos, até que um novo movimento seja 
incorporado. Esses movimentos também podem ser variados, fazendo com que 
a aprendizagem seja sobre a execução múltipla de movimentos. Outro tipo de 
aprendizagem do corpo é por meio da observação. Com isso, o grau de 
percepção deve adquirir elementos cada vez mais sagazes para conseguir 
captar as subjetividades que esse corpo emana, fazendo com o aprendizado 
seja significativo. 
Dentro dessas possibilidades de aprendizagem, o corpo será capaz de 
aprender somente aquilo que lhe fizer significado, para que a corporeidade seja 
constituída. 
Compreende-se também a aprendizagem sobre outro prisma. O corpo 
não é isolado da mente e todos os processos cognitivos, todo processo mental 
está relacionado a esse corpo. O aumento das interações neurais ajuda no 
desenvolvimento do corpo. 
A aprendizagem está atrelada tanto ao corpo como ao meio em que se 
está inserido. Os aspectos biológicos e socioculturais devem ser levados em 
consideração para se entender de que maneira a aprendizagem ocorre e de que 
maneira o sistema nervoso colabora para que isso seja possível. 
Devemos também entender que a aprendizagem do corpo não se dá de 
forma isolada e sim é fruto de elementos que se entrelaçam para construção da 
corporeidade. Sendo assim, vou denominar que a corporeidade é todo o 
processo de ensino aprendizagem do corpo, para o corpo e pelo corpo. 
Os três elementos abaixo, sinalizados pelo esquema, mostram que 
aprendizagem depende da maturação dos neurônios, do próprio crescimento do 
corpo e das habilidades que serão desenvolvidas. 
 
32 
 
 
Imagem criada pela autora. Esquema de representação dos elementos constituintes da 
corporeidade. 
3.2 Práticas corporais 
 
A definição das práticas corporais como tudo aquilo que precisa do corpo 
para ser realizada dentro das mais variadas área do conhecimento. Nesse 
entendimento, a prática corporal está atrelada às práticas culturais que 
permeiam o entendimento sobre o corpo e sua representação. Por exemplo, para 
as comunidades indígenas as práticas corporais se relacionam com o cotidiano, 
como é o caso da pintura do corpo, que possui significados múltiplos e são 
utilizados conforme os afazeres do dia. Essa relação tão íntima com o corpo 
revela o modo como essa população enxerga o mundo. Sua leitura de mundo e 
de ação no mundo pelo corpo. Na nossa sociedade as práticas corporais também 
acontecem na medida da leitura que a sociedade faz sobre esse corpo. Vamos 
supor que essa mesma sociedade entenda que o corpo deve ser utilizado para 
aumento das práticas produtivas. Logo, as práticas corporais que otimizem o 
corpo para função serão aquelas práticas corporais mais evidenciadas. 
Para adentrar mais no campo da Educação Física, o entendimento sobre as 
práticas corporais encontra dois caminhos: um que entende que as práticas 
corporais estejam atreladas àquelas práticas onde o corpo se expressa pelo 
movimento, pela prática esportiva; e o outro que amplia esse conceito, trazendo 
para o campo as vivências que o indivíduo carrega, congregando as práticas 
culturais. Segundo Falcão e Saraiva (2009), para o primeiro tipo de entendimento 
como prática corporal, há um empobrecimento de sua concepção. 
 
33 
 
 Segundo Falcão e Saraiva (2009): 
 
Observa-se que esse processo de empobrecimento parece ser 
também aquele que a Educação Física vem sofrendo. A intervenção 
profissional que predomina é aquela que se pauta, especialmente, pelo 
ensino do esporte convencional ou por práticas corporais que vão se 
esportivizando ou se conformam à lógica da academia. [...] O reforço a 
esse tipo de atividade ocorre pela mídia, que incita professores e 
alunos a restringirem-se ao nível superficial da vivência dessas 
manifestações, reproduzidas acriticamente e descoladas da 
experiência pessoal e coletiva. Sem experiência não há a atribuição de 
sentido ou significado pelos sujeitos envolvidos, apenas repetição e 
conformação. ” (Falcão e Saraiva, 2009, p. 15 e 16). 
 
3.3 A importância das práticas corporais 
 
Quando as práticas corporais estão imbricadas na cultura, podemos dizer 
que essas práticas ajudam na perpetuação das práticas culturais. A cultura 
mantém-se pelas práticas corporais; também. Se pensarmos que a automação 
dessas práticas pode empobrecer a construção da corporeidade, quem dirá o 
que isso pode causar dentro de uma cultura. Por exemplo, dentro das religiões 
da cultura africana, como o candomblé, a dança expressa a ligação e a 
manifestação do Orixá com o seu filho terreno. Essa conotação é fundamental 
para a perpetuação de uma cultura; a dança é fundamental nesse caso. Outra 
manifestação é a capoeira, que é realizada sob a égide de movimentos 
coordenados e que gera uma espécie de luta-dança que encanta a todos. Tire 
da capoeira o movimento e ela deixa de existir, assim como todo o seu histórico 
e o que isso representa para a cultura brasileira. 
Outro aspecto é a própria expressão do corpo. Essas práticas corporais 
dão existência ao corpo, dando significado e gerando significantes. É com essas 
práticas que a corporeidade se estabelece, mesmo em situações mais restritas. 
A prática oferta um conjunto de vivências que só pode acontecer por meio dela 
e é por ela que a maturação ou a maturidade dos corpos acontece. Para ser uma 
pessoa plena é preciso saber sobre o seu corpo e que as práticas ofertam um 
feedback constante, funcionando como uma diretriz que norteia a corporeidade. 
 
 
 
 
34 
 
3.4 Os tipos de práticas corporais 
 
Dentro do contexto da prática corporal, vários são os tipos ou modalidades 
ligadas ao corpo. São elas: ginástica, esporte, dança e lutas. 
Esses tipos traduzem a corporeidade e são expressos nas mais diversas 
áreas do conhecimento. Já falamos anteriormente da importância que a área da 
Educação Física possui para a construção de uma corporeidade socialmente 
mais conectada aos corpos, não levando somente em consideração os aspectos 
da motricidade, que são importantes, mas sozinhos não dão conta de responder 
a complexidade da expressão do corpo e nem conta de expressar em sua 
totalidade os tipos de práticas corporais. 
Com relação a um tipo mais específico, dentro da área de Educação 
Física, podemos citar os esportes e as lutas como expressões da corporeidade 
que revelam não somente o cuidado do corpo em si, mas da manutenção desse 
corpo para outras práticas. Esse tipo de prática corporal está fortemente atrelado 
à noção contemporânea de saúde que, no novo conceito, não se reduz à 
ausência da doença, mas procura enxergar o ser humano como um ser 
biopsicossocial. Essa nova dimensão muda também a percepção do corpo e de 
sua expressão, porquepromove ações em todos esses campos. Por exemplo, a 
prática de esportes vai além do corpo, sendo um quesito formador da 
personalidade e da manutenção de uma comunidade, colaborando com a 
construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Fica claro que a função 
social da prática de esportes é muito importante par o fortalecimento de uma 
cidade, de um bairro, ajudando a georeferenciar os espaços. Essas práticas 
corporais colocam a educação física fora dos muros da escola e fora do 
entendimento mais estreito que a disciplina sofreu por tantos anos. 
 
3.4.1 Aprendizagens corporais 
 
As aprendizagens corporais formam um conjunto de ações que irão 
proporcionar ao corpo um processo de refinamento da corporeidade, porque irão 
fortalecer o campo das subjetividades. 
Segundo Liberman et al (2018): 
 
 
35 
 
Em diferentes contextos e cenários – estéticos, de formação e de 
intervenção, buscamos migrar do lugar daqueles que possuem o saber 
e “tratam as pessoas” prescritivamente, para um outro lugar...um lugar 
de produção de conversa, escuta e fazer junto que nos ensina sobre 
os desequilíbrios, os riscos, as incertezas, os desconfortos, como 
espaços e afetos potentes para ressignificar as relações consigo 
mesmo e com os outros. (Liberman et al., 2017, p. 118). 
 
Essas aquisições modificam o corpo, fazendo delas um ótimo momento 
em que a catarse pode se fazer presente porque espelha sobre o corpo 
individual, ou melhor, o corpo sujeito. Esse lugar de sujeição só acontece quando 
a aprendizagem consegue quebrar as resistências do olhar para fora e não para 
dentro. Na corporeidade o verdadeiro espelho reflete a imagem real do corpo em 
suas ações e pelo fato de existir. Para exemplificar melhor o quão profundo é a 
aprendizagem, vamos imaginar uma pessoa que mora na rua, não se alimenta 
há muito dias, com roupas sujas e rasgadas. Agora imagine essa mesma pessoa 
bem alimentada, com o cabelo cortado, de banho tomado e usando roupas 
novas. O corpo que é habitado é o mesmo, mas a significação do corpo, 
dependendo da situação, é diferente, porque nos remete às condições de 
aprendizado múltiplo, que só a corporeidade pode ofertar, como repensar em 
dignidade, em humanidade e é aí, nesse processo, que ocorre a aprendizagem. 
Para cada pessoa, essa situação vai operar internamente de maneira 
diferenciada, mas com o comum de que todos os pensamentos estarão voltados 
ao corpo, ao ser humano. 
As aprendizagens corporais servem de instrumentos de percepção e elas 
se manifestam de maneiras diferenciadas, conforme o aparato metodológico de 
cada uma delas. A seguir, veremos dois tipos de aprendizagem corporal. 
 
3.5 Aprendizagem inventiva 
 
Um dos aspectos da aprendizagem inventiva reside no fato de que esta 
flui por meios diversos, sendo inteiramente uma ação construída e inventada. 
Um exemplo disso é ver-se em uma situação ao qual você julga ser familiar, mas 
que dependerão de outras atitudes para acontecer. Vamos tomar como exemplo 
uma viajem na qual você tenha que pegar um ônibus. Você está acostumado a 
pegar o ônibus perto da sua casa para ir para a faculdade. Sabendo qual é linha 
dele, ao se aproximar você acena e ele para. Então você entra pela porta da 
 
36 
 
frente porque é onde está a catraca que vai receber a sua passagem. Agora 
imagine que você está em outro país e que para pegar um ônibus é necessário 
que você estique o braço fazendo um sinal de positivo com o polegar. Caso faça 
de outra forma, o ônibus não para. Fica claro que você precisa se reinventar para 
poder pegar um ônibus nesse novo lugar? Percebe que os movimentos corporais 
que você realiza cotidianamente só servem dentro de uma determinada 
realidade? E que se houver outra realidade os gestos com o seu corpo serão 
outros? Essa é a aprendizagem inventiva. Esse reinventar-se é necessário para 
entender como as práticas corporais são influenciadas pela cultura e pelos 
modos de vida de uma sociedade. 
O corpo aprende que o cotidiano pode ser reinventado, dependendo da 
localização em que esse corpo se encontra. Uma mesma função pode requerer 
do corpo formas variadas de ação e de expressão. Dessa maneira, os 
significados e significantes vão sendo imbricados cognitivamente e novas 
estruturas vão sendo moldadas e guardadas na memória. 
Na aprendizagem inventiva os hábitos são modificados e aquilo que se 
conhecia tão bem, agora dá lugar ao estranhamento e desloca o corpo dessa 
realidade tão certa. Para a corporeidade não há caminhos retos a serem 
percorridos; toda curva pode significar uma nova chance de reaprender, tonando 
esse corpo múltiplo em suas ações e reações. 
 
3.6 Aprendizagem significativa 
 
Qualquer situação proposta na aprendizagem do individuo será de grande 
valia para o nosso corpo. Quando estamos passando pelo processo de conhecer 
algo, nosso cérebro realizará uma série de passos para isso. Mas, nos dias de 
hoje, como a velocidade das informações é mais rápida do que a captação delas, 
pode existir um deficit nesse processo, gerando um atraso. Para compensar isso, 
o nosso cérebro tem a capacidade de reter o essencial, ou seja, aquilo que for 
interessante absorver, para ser usado na hora ou tempos depois. Pensando 
nisso, as novas tecnologias tentam trabalhar com o grau de significância das 
coisas. A aprendizagem significativa é um tipo de aprendizagem em que a 
informação que chegar será em sua grande maioria aproveitada pelo cérebro e 
poderá ser expressa pelo corpo. Sob esse aspecto cognitivo, serão levados os 
 
37 
 
melhores resultados na expressão do corpo, porque cada ação e cada 
movimento será executado no sentido de provocar emoções certeiras e que 
façam sentido ao outro corpo. 
Essa forma de otimização mental é transferida ao corpo, que também se 
manifestará a partir do significativo e isso para a corporeidade traz um elemento 
novo que é a veracidade das expressões. 
Essa veracidade só se manifesta por meio do que é realmente 
significativo, contagiando outros corpos a agirem dessa maneira também. Isso 
otimiza todos os processos corporais que se traduzem em graus variados de 
plenitude a que esse corpo está submetido, fazendo da aprendizagem 
significativa uma importante ferramenta para a aquisição de novos 
conhecimentos que incrementarão as práticas corporais e darão um novo 
sentido a esse corpo, aumentando a sua capacidade. Por intermédio da 
aprendizagem, o corpo estará apto à ocupação de diversos espaços, transitando 
com agilidade sobre as suas manifestações. 
 
3.7 Metodologias corporais 
 
As metodologias servem para orientar as ações em qualquer aspecto. 
Quando se quer obter resultados precisos dentro da ciência, faz-se o uso da 
metodologia científica, e quando se quer mensurar ou detectar o 
desenvolvimento da corporeidade, podem-se utilizar as metodologias corporais. 
Na disciplina de Educação Física várias são as metodologias empregadas para 
entender melhor os aspectos ligados à corporeidade. Dependendo do que se 
quer entender ou que relações estabelecer entre o corpo e a prática, uma 
determinada metodologia será aplicada. 
Elas também devem ser utilizadas no desenvolvimento corporal e devem 
levar em consideração o nível do desenvolvimento e maturação em que se 
encontra o corpo. Algumas delas podem ser utilizadas em vários níveis, pela sua 
flexibilidade ao lidar com os assuntos relacionados ao corpo. Uma delas é pela 
ludicidade, que tanto para as crianças no ato de brincar, como para os 
adolescentes e jovens, cujo imaginário carrega os resquícios dessa ludicidade 
que poderão ser evocados nos processos de ensino e aprendizagem. 
 
38 
 
A questão do como aprenderé tão importante quanto o questionamento 
do porquê aprender. A construção da corporeidade exige métodos que sejam 
capazes de sensibilizar, provocar e acionar o corpo de tal maneira que esse 
passe a se expressar com maior altivez e domínio. Para isso, elencamos dois 
tipos de metodologias que acredito serem aplicáveis para todos os níveis de 
ensino, porque não reduzem a ideia, e sim a ampliam em perspectivas amplas e 
sólidas na busca de uma corporeidade que deve se expressar em totalidade. 
Elas não representam a totalidade metodológica que podem ser utilizadas, mas 
são significativas dentro do processo de construção da corporeidade. 
 
3.8 A ludicidade 
 
O uso da ludicidade como viés metodológico para a construção da 
corporeidade é um dos aspectos mais relevantes na forma como um corpo pode 
ser visto. A criança utiliza-se da ludicidade para se reconhecer e conquistar 
novos espaços. Na escola essa mesma ludicidade vai ser utilizada para a 
aquisição de competências e habilidades motoras e cognitivas. Quando a 
criança corre e se movimenta, ela aprimora o aparato motor, mesmo sem saber 
que o está fazendo. Quando ela se expressa por meio da arte, está fazendo com 
que o imaginário ajude a construir parte de sua personalidade. É por essa razão 
que a ludicidade pode agir como um viés metodológico no qual outros quesitos 
irão ser incorporados porque essa prática assim o permitirá. 
As vivências corporais nas crianças são regidas pelo imaginário e este só 
pode ser expresso pela ludicidade. Brincar é coisa séria e se tratando de 
educação, deve ser levada a sério, com critérios bem definidos para que possa 
haver um acompanhamento no desenvolvimento da corporeidade. 
As disciplinas de Artes, Ciências naturais e Educação Física podem se 
juntar para propor projetos que englobem visões que vão enriquecer esse olhar 
da criança sobre o próprio corpo e os lugares em que esse corpo ocupa um 
espaço. A ludicidade vai permitir uma ocupação por direito dessa criança que 
quer se manifestar e que encontra no ato de brincar a possiblidade de vivência 
de vários papeis. 
Considera-se que a ludicidade é extremamente importante no 
desenvolvimento humano, ajudando na formação de uma personalidade que 
 
39 
 
sempre levará em conta o corpo para se manifestar. Ao mesmo tempo em que 
podemos considerar que a ludicidade vai além de um processo metodológico, 
pois ela faz parte da nossa construção mental. No adulto essa ludicidade dará 
lugar ao imaginário, que irá operar no inconsciente, gerando a subjetividade das 
coisas e acontecimentos. 
 
3.9 Outras metodologias 
 
Dentro da área de educação física, várias são as metodologias que devem 
ser sistematizadas, para que o processo ganhe significado no aprendizado sobre 
o corpo. 
 
3.9.1 Metodologia Interacionista simbólica 
 
Na metodologia Interacionista simbólica, os significados em relação às 
pessoas e objetos são levados em consideração. Tudo vai depender da 
interpretação que o observador dará em detrimento desses significados. Ela vai 
relacionar movimento e as implicações sociais do movimento. Aqui as 
problematizações acerca dela, podem ser uma boa maneira de introduzir 
assuntos como a questão da mobilidade das cidades e a sua relação 
 
3.9.2 Metodologia Construtivista 
 
Metodologia Construtivista leva em consideração a construção do 
conhecimento cientifico a partir das vivencias do indivíduo. Aqui a curiosidade é 
que impulsiona para respostas das questões pertinentes a partir da sua interação 
com a realidade e com os saberes adquiridos. Nessa metodologia haverá uma 
desconstrução, para dar lugar ao conhecimento cientifico. Nesse tipo de 
metodologia, os projetos são convenientes, pois reúnem elementos necessários 
de incitação. Com relação ao corpo podem ser trabalhadas as questões ligadas 
à motricidade. 
 
 
 
40 
 
3.9.3 Metodologia Crítico Emancipadora 
 
A Critico Emancipadora preconiza que o movimento pode transformar as 
realidades sociais. Com da prática de esportes, alunos podem mudar a própria 
realidade, visto que será adquirido um conjunto de saberes e conhecimentos 
pertinentes à vida, como valores éticos e interação com outras pessoas. Essa 
metodologia acredita que o movimento liberta, emancipa as expressões e pode 
mudar a vida das pessoas. A leitura das práticas esportivas é dotada de 
criticidade. 
 
Resumo da Aula 
 
Foi observado que o importante é a aplicação de metodologias que 
otimizam as expressões corporais. Cada uma delas possui propósitos bem 
distintos, mas levam em consideração o corpo e a visão ampla de mundo que 
não se encerra no corpo, mas descortina-se para o mundo. 
 
Atividade de Aprendizagem 
As metodologias aplicadas ao corpo podem ampliar a visão 
meramente biológica deste e passar para uma visão mais social 
desse corpo. Cada uma das metodologias exerce uma função 
no processo educacional dos corpos. De que maneira elas 
podem proporcionar uma leitura mais crítica de mundo, levando 
em consideração a formação da corporeidade? 
 
 
Aula 4 - Arte e corporeidade 
 
Apresentação da aula 4 
 
Qual a importância da arte no contexto social? Pode-se até relutar e dizer 
que a arte não faz falta, mas pense nos momentos em que você se emocionou 
com algum filme. Que cena o emocionou e o que o fez chorar? Pois é, a arte é 
expressada através das emoções e em sua grande maioria quem a produz é o 
 
41 
 
corpo. A corporeidade está ligada à arte e consecutivamente à expressão, a 
emoção e a afetividade. Sem ela, certamente o campo das emoções e da 
expressão corporal, seria muito diferente. O corpo empresta a vivacidade dos 
movimentos e da interpretação, fazendo com que as emoções sejam afloradas. 
A linguagem corporal, que é movimento, expressa-se de maneira sistematizada 
em que os movimentos geram uma vivências e expressões diferenciadas. 
Segundo Almeida e Bello (2015): 
 
O corpo é cultural. A construção simbólica do corpo e as suas 
representações por meio dos papeis sociais, da afetividade, das 
diferentes expressões e marcas impressas pela linguagem, pela arte, 
pelos afetos e pela sexualidade encontram-se ancoradas na natureza 
das ações políticas e das relações de poder que se inscrevem através 
do corpo e do modo como distintas culturas dele fazem uso. (Almeida 
e Bello, 2015, p.02). 
 
Dito dessa forma, a complexidade do corpo é destrinchada por meio 
desses papeis e das diferentes expressões, para dar conta da multiplicidade que 
as relações de poder que os corpos constroem. 
A arte tem por objetivo encantar outros corpos, na expressão mais 
refinada; a arte traz ao corpo um grau máximo de refinamento e maturação das 
habilidades e da linguagem corporal. Ela simboliza o não dito, fala pela ação e 
se expressa pela afetividade. Essa ação é humana e procura criar horizontes de 
humanização cada vez que ela tem a chance de colocar um corpo a serviço 
dessa arte. A arte engrandece o corpo e renova a alma. 
 
4. Orientação da linguagem corporal 
 
Falando em linguagem, pressupõe-se um conjunto de símbolos e 
simbologias que façam sentido e que possam ser, de alguma maneira, 
decodificadas em saberes e dizeres claros e diretos. 
A linguagem corporal difere da linguagem verbal, pois ela não emite sons, 
mas é expressa por meio dos movimentos do corpo e das suas subjetividades. 
Os dizeres da linguagem corporal estão inscritos nas entrelinhas dessa 
subjetividade que advém das práticas corporais. 
Essa linguagem é permeada pelos aspectos da cultura e difere no tempo 
e na localização. É claro que em linhas gerais a linguagem corporal vai expressar 
 
42 
 
por meio das

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