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PEDIATRIA AULA 5 – NEONATALOGIA I: ASPECTOS GERAIS, PATOLOGIAS CONGÊNITAS E TRIAGEM Conceitos básicos Classificação quanto à Idade gestacional • Pré-termo: menor que 36 semanas e 6 dias; • Prematuro tardio: de 34 a 36 semanas e 6 dias; • Prematuro extremo: 24 a 28 semanas; • Termo: 37 semanas até 41 semanas e 6 dias; • Pós-termo: 42 semanas; • Idade corrigida: é a idade pós-natal menos o número de semanas que faltou para completar 40 semanas. É usada para avaliação do crescimento e desenvolvimento. o Exemplo: lactente de 2 meses pré-termo, IG de 34 semanas > idade corrigida = 40- 34 = 6 semanas. Portanto, a idade corrigida será de 15 dias (2 meses (60 dias) – 6 semanas (45 dias) = 15 dias). Classificação quanto ao peso de nascimento • Baixo peso: inferior a 2500 g; • Muito baixo peso: inferior a 1500 g; • Extremo baixo peso: inferior a 1000 g; Classificação quanto a relação de peso e idade gestacional • AIG: RN é considerado adequado à idade gestacional, entre o percentil 10 e o 90; • PIG: se abaixo do 10º percentil, ele é pequeno para a idade gestacional; • GIG: acima do percentil 90º, ele é grande para a idade gestacional. Transição da vida fetal para a neonatal • Respiração: o processo de entrada de ar e diminuição da pressão pulmonar exige uma rápida troca gasosa do neonato; • SNC: o amadurecimento também é rápido, já que funções como urinar, defecar e respirar já não podem mais depender da mãe; • Temperatura: o feto vive em uma temperatura constante durante a gravidez e precisa aprender a se adaptar às variações de temperatura do meio externo; • Circulação: durante o período fetal o fluxo placentário se une à veia cava inferior na altura do fígado e desemboca no coração. Como o pulmão não é funcional, não há necessidade de enviar o sangue para o pulmão. Esse sangue é então desviado através do forame oval e do canal arterial. Então o sangue chega no coração no átrio direito, é transferido em grande parte para o átrio esquerdo através do forame oval e o pouco sangue que cai no ventrículo direito e segue para a artéria pulmonar é transferido para a aorta através do canal arterial. Então muito pouco sangue chega nos pulmões. Essas estruturas precisam fechar a partir do nascimento. Atendimento para o parto História gestacional • Identificar as informações sobre a gestação, pré-natais, ocorrências de infecções, hipertensão gestacional, diabetes e todas as informações sobre esse período. Fatores Antenatais – Riscos para o nascimento e que normalmente estão associados à necessidade de reanimação ao nascer: • Idade de 35 anos; • Idade gestacional de 41 semanas; • Diabetes; • Gestação múltipla; • Síndromes hipertensivas • Rotura prematura de membranas; • Doenças maternas: o Polidrâmnio ou oligodrâmnio; o Infecção materna; o Diminuição da atividade fetal; o Aloimunização ou anemina fetal; o Sanframento no 2º ou 3º trimestres. • Uso de medicações: se houver discrepância entre idade gestacional e peso. • Uso de drogas ilícitas: • Hidropsia fetal; • Óbito fetal ou neonatal anterior; • Malformação fetal; • Ausência de cuidado pré-natal. Preparo do ambiente para o nascimento • Temperatura entre 23 e 26ºC • Preparar o material para o parto, mesmo que todos os exames anteriores demonstrem uma saúde fetal de acordo com os fatores ideais; • Material: o UCR (unidade de calor radiante - berço aquecido): onde serão realizadas as manobras de reanimação neonatal, caso seja necessário; o Panos aquecidos: para receber e secar esse RN; o Sonda de aspiração: de acordo com o tamanho do RN (do número 6 ao 10). São ligadas a um vácuo na pressão máxima de 100 e aspirar sempre que necessário; o Balão (ambú) e máscara/respirador manual: para começar a ventilação com pressão positiva. A SBP indica que se use cada vez mais o ventilador mecânico manual em T (por ser mais fisiológico e garantir uma VPP mais efetiva); o Laringo com lâmina própria para esse RN: precisa testar antes (lâminas de 00, 0 e 1); o Tubo orotraqueal: escolher de acordo com o peso do RN (geralmente de 2,5 à 4); o Adrenalina preparada: a diluição para reanimação neonatal é de 1:10.000. Não há pronto no Brasil, então precisa-se preparar antes de receber o RN. Modo de preparo: aspira-se 1 ml de adrenalina e dilui em 9 ml de água destilada ou de soro fisiológico); o Cristaloides: soro fisiológico ou ringer lactato; o Material para cateterismo: caso seja necessário o acesso venoso para administrar adrenalina ou cristaloide. O acesso rápido é a veia umbilical. O cateter precisa estar de acordo com o peso do RN; o Monitor cardíaco; o Oxímetro; o Blender: misturador de ar comprimido e oxigênio; o Material pessoal: capote, luvas, gorro, máscara e óculos de proteção. Atendimento ao RN • Se divide em 2 blocos: RN com maior ou 34 semanas e RN com menos de 34 semanas • Recebido o RN, fazer 3 perguntas olhando para o RN: o Gestação é à termo? o O bebê está respirando ou chorando? o Tem tônus muscular bom? o Incluir: ausência de mecônio? • Sim para as 3 perguntas: realizar os cuidados de rotina junto à mãe: prover calor, manter as vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade de maneira contínua (checar FC e padrão respiratório). Prover o aleitamento materno na primeira hora de vida; • Não para pelo menos uma das perguntas: realizar os passos iniciais para a reanimação neonatal (abaixo); Reanimação para RN >= 34 semanas • Prover calor necessário (em uma UCR): a base não pode ser inclinada, precisa estar plana; • Posicionar a cabeça, com extensão do pescoço, desobstruindo as vias aéreas; • Aspirar as vias aéreas se necessário; • Secar o RN, estimulando a respiração e mantendo a temperatura. • Realizar os passos acima em até 30 segundos! • Após 30 segundos: checar o padrão respiratório (olhar para a criança) e a FC (com o estetoscópio, posicionando no precórdio da criança e conta até 6 segundos e multiplica por 10 para ter uma estimativa); • Todos os passos iniciais precisam ser feitos em até 1 minuto, é o que se chama de Goldem Minute; • Se tiver que reanimar a criança, precisa ser antes de terminar esse primeiro minuto; • Se após esse período a criança apresenta sinais vitais regulares, termina o processo de reanimação, identifica a criança e entrega para a mãe; • Se o padrão respiratório está irregular, a criança em apneia ou FC < 100, continuar a reanimação neonatal = e o próximo passo é a ventilação com pressão positiva (VPP) • VPP: precisa de alguém auxiliando > o auxiliar fará a monitorização cardíaca da seguinte forma: o Um eletrodo no ombro direito, um no ombro esquerdo, outro na porção anterior da coxa ou abdome da criança > ligar ao monitor cardíaco para verificar a FC; o Colocar o saturímetro em membro superior direito, para avaliar a saturação da criança. Membro superior direito: porque a irrigação do braço direito é pré-ductal, ou seja, a artéria que irriga o braço direito sai da aorta antes do canal arterial (que ainda está aberto nesse momento e pode haver roubo de fluxo); • VPP pode ser com: o Balão autoinfável: é o famoso “ambú”. Máscara precisa ser adequada para o rosto do recém-nascido. Importante ter mais de um tamanho dentro do centro obstétrico. Acoplar a máscara segurando na posição “C e E”, em que o C é o polegar e o indicador na parte superior da máscara e o E são os outros 3 dedos, formando um E e segurando a base da máscara e fazendo uma hiperextensão do pescoço e desobstruindo as vias aéreas. ▪ FiO2 = 21% (ar ambiente); ▪ PI = 20 cmH20 (muda de acordo com a força do examinador e fabricante daquele balão);▪ Ritmo de 40-60 (é o famoso “Aperta, Solta, Solta” = ritmo da ventilação para atingir a frequência correta para a criança) = durante 30 segundos e reavaliar a FC e respiração. o Ventilador Mecânico Manual em T: utilizado com a máscara também. Precisa-se de uma fonte de ar e um Blender. ▪ FiO2 = 21%; ▪ Vantagem do VM = posso designar corretamente a PIP e a PEEP: • PIP: 20 a 25 cmH2O; • PEEP: 5 cmH2O; • Fluxo: 5 a 15 L/min ▪ Manter o ritmo igual do balão com a máscara: 40 a 60 incursões por minuto; ▪ Nesse caso, repetir o ritmo: “Oclui, Solta, Solta”. • Vantagens do ventilador mecânico em relação ao balão: pressão inspiratória constante, porque é programado = é orientado a usar, mas, não é a realidade em todas as maternidades; • Após verificar, se a criança ainda encontra-se com FC < 100 bpm e ou respiração em apneia ou irregular, precisa checar a técnica: máscara bem acoplada, ambú funcionando, alguma obstrução de vias aéreas superiores; o É possível também aumentar a FiO2: a orientação é que se faça um aumento a cada 20 segundos, para isso é necessário o blender; • Feito isso, necessário acompanhar a saturação da criança. Saturações adequadas: • Realizada a VPP por mais de 1 minuto e a criança continua com respiração irregular, saturação baixa ou FC < 100, o próximo passo é a intubação orotraqueal; • Indicações para IOT: o VPP não efetiva; o Hérnia diafragmática que precise de VPP; o Massagem cardíaca ou adrenalina: quando a FC está abaixo de 60 bpm. • IOT: o Tubo precisa estar com o tamanho adequado para a criança: ▪ 34 a 38 semanas = TOT 3,5 mm; ▪ > 38 semanas = TOT 3,5 a 4 mm. o Posição labial: peso estimado da criança + 6. Exemplo: recém-nascido com 3 kg, soma-se 6 = 9. Ou seja, a posição labial é a 9 (no geral essa fórmula funciona bem); o FiO2 = VPP máscara, ou seja, usar a mesma FiO2 que estava sendo usada com a máscara; • Fazer todos os procedimentos de IOT citados acima. Se após 30 segundos a FC e o padrão respiratório estão irregulares, necessário checar se o respirador está funcionando, se o tudo está bem acoplado, ambú funcionando, FiO2 está certo = aumentar FiO2 de 20 em 20% a cada 30 segundos, até que comece a ter uma saturação melhor; • Se após 1 minuto ou mais por ventilação positiva em TOT, a criança continuar sem resposta e FC abaixo de 60 bpm, é necessário fazer massagem cardíaca; • Técnica da massagem cardíaca na criança: o Técnica dos polegares: abraçar o tórax da criança e no terço inferior do esterno, colocar os dois polegares paralelos um sobre o outro ou paralelamente; o Técnica dos dois dedos: usar o dedo indicador e o médio juntos sobre o terço inferior do esterno e fazer as compressões torácicas; o Orientação pela SBP: usar a técnica dos dois polegares. O médico permanece atrás da criança, seguindo a técnica dos polegares realizando compressões/ventilação 3:1 por 60 segundos (fazer esse ritmo mesmo estando intubada). • Necessário massagear por 60 segundos para depois checar a eficácia. Se a FC ainda estiver abaixo de 60 bpm, o próximo passo é administrar adrenalina (dose: 0,01 a 0,03 mg/kg); o A primeira dose pode ser feita pelo TOT (até 0,05 mg/kg pode ser administrado); o O ideal é que seja venoso; o A partir da segunda dose precisa ser por cateterismo (umbilical); o Repetir as doses a cada 3-5 min se a FC continuar abaixo de 60 bpm. • Pode ainda ser necessário, nessa etapa da reanimação, a utilização de um expansor volumétrico: cristaloide (soro fisiológico ou ringer lactato, dose: 10 ml/kg); Reanimação para RN < 34 semanas • Recebeu o RN = repetir as 3 perguntas = uma já tem resposta negativa: não é gestação a termo: o Repetir os passos iniciais (com algumas especificidades nesse caso): ▪ Prover calor e envolver o corpo com um saco; ▪ Fazer uma touca dupla com um plástico e depois touca de algodão, favorecendo então não somente o provimento do calor, mas também a manutenção dele; ▪ Posicionar o RN, colocando um coxim na região dos ombros, fazendo leve extensão do pescoço e desobstruindo as VA; ▪ Aspirar o recém nascido: com sonda de aspiração adequada para o tamanho do bebê; ▪ Sensor de oxímetro no membro superior direito; ▪ Tudo feito em até 30 segundos! ▪ Checar respiração, FC e SatO2 (a saturação esperada é a mesma já citada para RN > 34 semanas. o Podem ocorrer 3 situações a seguir, após a verificação dos sinais vitais: ▪ FC >= 100 bpm, respiração regular, SatO2 adequada; ▪ FC >= 100 bpm, desconforto respiratório, SatO2 baixa; ▪ Apneia e/ou respiração irregular e/ou bradicardia. • 1ª situação: o UTI neonatal: em uma incubadora de transporte com parede dupla, não pode ser no colo e não pode ficar no alojamento conjunto; • 2ª situação: o Não faz VPP; o Faz CPAP: utilizando ventilador mecânico manual através de uma máscara; o Pressão em torno de 4 a 6 cmH2O e fluxo de 5 a 15 L/min; o Pode usar a pronga? O ideal é a máscara, mas, em emergência, pode usar a pronga; o Monitorização cardíaca pelo auxiliar (se possível). o Estabilizando: pode seguir para a UTI neonatal. • 3ª situação: o Ventilação com pressão positiva (VPP); o Balão autoinflável ou ventilador mecânico em T; o Monitorização cardíaca; o Balão autoinflável: FiO2 = 30% e PiO2 = 20 cmH2O (aperta, solta, solta) por 30 segundos e verificar os sinais; o Ventilador mecânico manual em T: FiO2 = 30%, PIP = 20 a 25 cmH2O, PEEP = 5 cm H2O e fluxo de 5 a 15 L/min. FR = 40 a 60 /min (ocluuui, solta, solta) por 30 segundas e checa os sinais; o Se após 30 segundos a criança tem FC > 100 bpm e respiração espontânea e regular = enviar para UTI e avaliar CPAP para o transporte até UTI; o Se após 30 segundos não responder = checar a técnica VPP e aumentar FiO2 em 20% a cada 30 segundos; o Depois de 1 minuto de VPP sem responder = IOT. Intubar quando VPP não é efetivo ou quando necessita de massagem cardíaca (FC < 100 bpm). Não usa-se surfactante profilático (era indicado até 2015 essa técnica); o Após 30 segundos de IOT: checar técnica caso a respiração continue irregular/apneia ou FC < 100 bpm. Aumentar oxigênio em 20% a cada 30 segundos, até 60 a 100%; o Mais de 1 minuto após IOT: FC < 60 bpm = realizar massagem cardíaca com técnica dos polegares ou dos dois dedos (da mesma forma para RN >= 34 semanas); o Checar e FC < 60 bpm = adrenalina e cristaloide (da mesma forma para RN >= 34 semanas); • Líquido amniótico meconial: o RN banhado em mecônio: fazer a reanimação se tiver necessidade, da mesma forma que criança não banhada em mecônio. Avaliação na sala de parto • A primeira avaliação do RN é realizada na sala de parto e tem como objetivo verificar os seguintes fatores: o Vitalidade; o Fatores de risco; o Malformações congênitas; o Traumas obstétricos; o Distúrbios cardiorrespiratórios. • Início: anamnese com os dados maternos e gestacionais > o conhecimento desde dados permite a detecção antecipada de situações de risco que podem auxiliar na recepção e assistência ao RN. • RN sadio (estabilizado, após APGAR) = realizar a rotina: o Manter o contato com a mãe, pele a pele; o Realizar o clampeamento tardio do cordão umbilical: 1 a 3 minutos. Ideal: em torno de 2 cm da base. o Identificação do RN (pulseira com nome da mãe, prontuário, dia e hora do nascimento); o Vitamina K (1 mg IM): profilaxia da doença hemorrágica do RN; o Prevenção da conjuntivite gonocócica (nitrato de prata a 1%): 1 gota em cada olho. Tem que ser feito por parto vaginal ou cesária (método de Credé); o Vacina contra hepatite B (nas primeiras 12 horas de vida); o Vacina da BCG: a criança tem que ter mais de 2 kq para administrar;o Realizar o primeiro exame físico; • Aleitamento materno: na 1ª hora de vida Escala de APGAR Pontos 0 1 2 FC Ausente < 100 bpm > 100 bpm Respiração Ausente Fraca/irregular Forte/choro Tônus muscular Flácido Flexão de pernas e braços Movimento ativo/boa flexão Cor Cianótico/pálido Cianose de extremidades Rosado Irritabilidade reflexa Ausente Algum movimento Espirros/choro • O ideal é que seja de >= 7 pontos; • O exame é realizado no 1º e no 5º minuto de vida; • Se >= 7: está tudo certo; • Se < 7: repetir o APGAR até 20 minutos de vida; • Não norteia em nenhum momento a necessidade de reanimação neonatal; • Nos primeiros minutos, não há problema de o bebe não estar tão bem, contudo, após 5 minutos, precisa estar com os sinais vitais de acordo com o padrão de normalidade; • Exame físico na sala de parto • Desconforto respiratório: avaliar o esforço e o ritmo respiratório; • A respiração é variável; • Comprometimento pulmonar: doença de membrana hialina, aspiração de mecônio, pneumotórax; • Extrapulmonar: acidose, malformação cardíaca, hérnia diafragmática, atresia de coanas; • Traumas obstétricos: lesões de pele, lesões de partes moles, fraturas, lesões do SNC, lesões do SNP e lesões viscerais; • Defeitos externos: malformações externas • Atendimento de urgência: onfalocele, gastrosquise, extrofia de bexiga e meningomielocele; • Cordão umbilical: nó verdadeiro de cordão, circular de cordão, presença de artéria única umbilical (malformação renal); • Exame de orifícios: verificar a permeabilidade, fenda palatina, atresia de esôfago e anomalias anorretais, imperfurações anais, atresia de coanas Exame físico neonatal • O primeiro exame físico deve ser feito entre 12 e 24 horas de vida; • O ambiente deve ser tranquilo, aquecido, iluminado, respeitando o estado de saúde da criança, delicado, breve e completo; • Evitar manipulações excessivas > quando o bebê está irritado, fica mais difícil realizar os exames necessários; • Examinar o RN no intervalo das mamadas, despido, seguindo uma sequencia que evite mudanças exageradas de decúbito e manobras bruscas; • Recursos propedêuticos: inspeção, palpação, ausculta e percussão; • Deixar os procedimentos desagradáveis ou dolorosos que provocam o choro para o final; • Começar pela pesagem (totalmente despido), comprimento, perímetro cefálico e idade gestacional. • Método de Capurro: avaliar 5 estruturas do corpo da criança: o Textura da pele; o Forma da orelha; o Glândulas mamárias; o Pregas plantares; o Formação da aréola; o Comparo a criança com a tabela padrão, atribuo pontos para cada uma das estruturas e soma-se coma constante 204. A soma é o resultado em dias, que dividido por 7 é possível identificar a IG em semanas. Tem uma limitação: a constante, que quer dizer aproximadamente 29 semanas. Para Capurro não existe RN menos que 29 semanas, então, quando o bebê é prematuro com menos de 29 semanas, usa-se outro escore; • Escore New Ballard: avaliação somática (como no Capurro) e maturidade neuromuscular = é mais preciso. Abaixo de 34 semanas, em geral, utiliza-se o New Ballard. • Pele: inicialmente rósea > quantidades progressivas de queratina: se torna mais espessa, opaca e descamativa; • Vérnix: em grande quantidade no RN pré-termo e menor quantidade no RN a termo; • Orelha: mole e plana, com pouca cartilagem, torna-se mais firme e encurvada quanto maior a idade gestacional; • Genitália externa feminina: o Clitóris é proeminente com 30-32 semanas; o Os grandes lábios cobrem o clitóris no RN a termo; • Lanugo: lanugem fina é abundante com 27-28 semanas. No RN a termo é ausente ou escasso, podendo estar presente apenas nos ombros; • Unhas: aparecem a partir da 20ª semana, no RN pós-termo podem ser bem longas; • Genitália externa masculina: os testículos: o 30 semanas: podem ser palpados no canal inguinal; o 37ª semana: estão na porção superior do escroto e rugas na parte anterior dos testículos; o 40 semanas: estão no escroto, rugas na parte anterior e posterior da bolsa; • Tonus muscular: aumento progressivo no sentido caudo-cefálico: o 28 semanas: hipotônico, 4 membros em extensão; o 30 semanas: leve flexão dde pés e joelhos; o 34 semanas: membros superiores permanecem extendidos, flexão MMII; o 35 semanas: inicia a flexão dos cotovelos; o 40 semanas: flexão dos 4 membros com resistência a extensão passiva. Sinais vitais • Temperatura: o Depende da temperatura ambiente, quantidade de roupas, infecções; • Frequência respiratória: o Auscultar ou observar os movimentos respiratórios por 1 minuto; o FR: 30-60 irpm; • Frequência cardíaca: o Pode se alterar dependendo da atividade e estado do RN; o FC: 110-160 bpm; • Pressão arterial: o Pode ser aferida de forma: ▪ Invasiva: intravascular direta pela artéria umbilical; ▪ Não invasiva: manguito que deve ter largura de 50 a 67% do comprimento do braço. A porção inflável do manguito deve circundar completamente o braço. Avaliação do crânio e face • Crânio: o Medir PC (perímetro cefálico = glabela à proeminência occiptal externa) o Formato da cabeça; o Suturas e fontanelas (aspectos e dimensões). Fontanelas: anterior (bregmática) e posterior. Fontanela abaixada pode significar desidratação, enquanto que uma abaulada, pode significar hipertensão. A anterior fecha, normalmente, entre 14 e 18 semanas, e possui de 1 a 3 cm. Já a posterior pode nascer fechada, sem conotação patológica, e possui de 0,5 a 0,7 cm, fechando aproximadamente no 2º mês de vida; o Alterações que podem ser patológicas no crânio: ▪ Craniotabes: osso que parece um plástico. Quando aperta-se, é flexível e não rígido, como o osso comum; ▪ Bossa serosanguínea: é mal delimitado. Normalmente em parto vaginal, traumatismo. É um edema subdural, se pressionar, faz sinal de cacifo. Prognóstico excelente, é reabsorvido nos próximos dias e nada precisa ser feito; ▪ Cefalohematoma: é bem delimitado, está abaixo do periósteo, limitado àquela calota craniana, edema limitado pela sutura da calota craniana, arredondado; ▪ Craniossinostose: fechamento precoce das suturas do crânio. Pode levar à deformidade no crânio e na face. • Face o Assimetrias faciais, causas: ▪ Paralisia facial periférica; ▪ Distrofia miotônica: tipo Fofão, com as bochechas caídas; ▪ Síndrome de moebius: paralisia profunda do n. facial com estrabismo convergente; ▪ Síndrome de Goldenhar: crescimento ósseo de hemiface, com crânio disforme; ▪ Agenesia do músculo depressor do ângulo da boca. o Fácies: ▪ Observar sinais de estresse, dor e características típicas ou sugestivas de síndromes genéticas; ▪ Olhos, nariz, orelha, boca > forma, tamanho, implantação, permeabilidade, malformação. • Olhos o Hemorragias subconjuntivais e retinianas: pode estar presente ao nascimento, principalmente nos partos de difícil extração e vai melhorando ao longo dos dias após o nascimento; o Conjuntivite: ▪ Química: reação ao colírio feito pelo método de Credé, precoce, após 6 à 12h após o nascimento; ▪ Gonocócica: infecciosa, pela passagem pelo canal de parto, pode sequelar a retina. No geral, o aparecimento é entre 2 a 5 dias após o nascimento; ▪ Clamídia: não é tão intensa ou agressiva quanto a gonocócica, mas também é importante, já que pode levar à pneumonia febril do lactente. A contaminação também acontece pela passagem no canal do parto. Tende a ser mais tardia: 5 a 14 dias após o nascimento. o Exame do olhinho/reflexo vermelho: ▪ Avalia a perviedade do campo visual; ▪ Em ambiente escuro, com o oftalmoscópio, incide a luz no olho dacriança, com uma distância, média de 45 cm; ▪ A luz incide na retina e retorna como reflexo vermelho; ▪ Fazer em cada olho e posteriormente nos dois olhos ao mesmo tempo para avaliar a simetria ocular; ▪ Se houver alguma interceptação do reflexo, precisa ser avaliado por um oftalmologista: pode ser uma catarata ou retinoblastoma, por exemplo. • Cabelos: quantidade, comprimento, espessura, implantação, distribuição, cor, posição e número de redemoinhos e áreas de alopecia; • Pele: manchas do tipo café com leite, áreas hipopigmentadas, hemangiomas ou malformações vasculares, nevus, depressão cutânea, cianose, icterícia, petéquias; o Eritema tóxico: começa a surgir a partir dos 2 dias de vida e até o final dos primeiros 3 dias de vida devem ter desaparecidos. Vesículas acompanhadas de pústulas com aro de hiperemia, começando na cabeça, descendo pelo tórax e abdome e podendo alcanças os membros. É benigno. Não há nada a ser feito, apenas orientar os pais, não há material infeccioso; o Melanose pustulosa: principalmente em descendentes de negros. São pústulas que nascem com a criança, arrebentando e apresentando hiperemia e aro descamativo em volta. Demora em torno de 2 a 3 meses para desaparecer e não há nada para ser feito; o Milium sebáceo: microcistos acompanhados de queratina, muito comum na face, principalmente no nariz. Não há o que fazer e desaparece sozinho; o Miliária: interrupção na drenagem do suor, gerando microvesículas, quando é superficial na pele, chama-se de miliária cristalina. Quando há extravasamento de suor para uma região mais profunda da pele, chama-se de miliária rubra (famosa popularmente como brotoeja). Basta refrescar a pele para melhorar o quadro; o Mancha mongólica: presente em qualquer parte do corpo, mais na região glútea; o Mancha salmão: normal na região frontal ou occiptal da criança. Ectasia vascular sem significado patológico. Precisa-se fazer a diferenciação entre a mancha salmão e mancha vinho do porto. Nessa última, há má formação vascular, é mais escura e respeita a linha média do corpo. Não desaparece. • Pescoço: torcicolo congênito. Avaliação do tórax • Teste do coraçãozinho/oximetria de pulso: exame de triagem obrigatório. o Triar cardiopatia congênita canal dependente: o canal arterial foi feito para fechar até o fim da primeira semana de vida, mas, em algumas cardiopatias, se ele fechar, a criança vai chocar e morrer. Quando a criança encontra-se no útero a respiração e as trocas são realizadas pela mãe, então não há como identificar a patologia, ao nascer, e nas próximas horas, o canal começa a se fechar, a criança apresenta respiração com dificuldade e cianose, podendo então evoluir para a morte; o O exame é feio através da oximetria do membro superior direito (artéria pré-ductal) e membro inferior (pós-ductal) e compara-se a diferença entre os dois fluxos; o Precisa ser feito entre 24 e 48h de vida: não da para esperar muito (pode fechar) ou fazer imediato ao nascimento (ainda está aberto): ▪ Saturação >= 95% (superior e inferior) e diferença menor de 3%, considera-se o exame como normal e continua a rotina do RN; ▪ Saturação < 95% (superior e inferior) ou diferença maior ou igual a 3% (basta uma delas). Se o exame estiver alterado, esperar 1h e repetir (a criança pode estar com frio). Se estiver normal, seguir para os exames de rotina do RN. Se estiver alterado, realizar Ecocardiograma e só terá alta na confirmação de não ser cardiopatia congênita ducto ou canal dependente; ▪ Se o resultado for cardiopatia congênita ducto dependente, necessita-se de cirurgia. Então, internar imediatamente a criança na UTI neonatal, iniciar prostaglandina venosa para tentar manter o canal aberto até que tenha alguma programação pela cardiologia infantil. • Forma, tamanho; • Glândula mamária e mamilos: distância, ingurgitamento, tamanhos, mamilos extranumerários, presença de leite e processos inflamatórios; • Padrão respiratório: o Ritmo, esforço respiratório (gemência, batimento de aletas nasais, retrações intercostais e subdiafragmáticas) que pode refletir anormalidades respiratórias, cardíacas, metabólicas e infecciosas. Sistema Cardiovascular • Ausculta: FC, ritmo, intensidade das bulhas cardíacas e sopros; • Palpar e comparar a amplitude dos pulsos periféricos; • Precórdio: frêmitos e ictus cardíaco; Abdome • Formato, tamanho, simetria, coloração, lesões de pele, circulação colateral, distensão, tumoração e ondas peristálticas visíveis; • É comum a diástase do reto abdominal; • Cordão umbilical: 2 artérias e uma veia: o Se houver alterações, podem existir outras pelo organismo. A mais comum é a artéria umbilical única. No geral isso está relacionado à má formação renal. • A palpação abdominal deve ser feita de forma suave, com as mãos aquecidas e com RN calmo ou dormindo; • Características: globoso, flácido, fígado 1 a 3,5 cm abaixo do rebordo costal direito, na linha hemiclavicular e sua borda é mole e fina. Baço habitualmente não é palpável; • Gastrosquise e Onfalocele: o As duas são más formações da parede abdominal; o Gastrosquise: herninação do conteúdo animal, pela saída da cicatriz umbilical, mas, não tem relação direta com o cordão umbilical; o Onfalocele: herniação para dentro do cordão umbilical, com uma membrana recobrindo as vísceras intestinas. Essa membrana é a geleia do cordão umbilical; o As duas são complicadas, mas, a onfalocele tem um prognóstico muito ruim. Mas comum em pacientes com trissomia do 18 ou 21; Genitália • Masculina: o Pênis: mínimo de 2,5 cm; o Meato uretral centrado; o Verificar a ocorrência de hipospádia; o Prepúcio: fimose fisiológica; o Testículos: formato e posição: 4% dos RN a termo apresentam a descida incompleta dos testículos e 60% algum grau de hidrocele; • Feminina: o Tamanho e localização dos grandes e pequenos lábios, clitóris, meato uretral, abertura da vagina e distância anovulvar; Coluna • Palpar a extensão da coluna e região paravertebral: verificar a ocorrência de desvios, deformidades, tumorações e alterações cutâneas. Extremidades/osteoarticular • Avaliar o tamanho, a proporção de membros e consistência dos músculos; • Membros: tamanho, proporções, polidactilia, sindactilia, articulações, agenesias; • Displasia do desenvolvimento do quadril: luxação coxo-femural. Para afastar essa possibilidade no RN, necessita-se avaliar com as seguintes manobras: o Manobra de Ortolani: encaixar o fêmur no acetábulo, manobra de redução. Se entra no acetábulo, significa que ele estava para fora, ou seja, luxado. Abre-se a penas e, com uma leve puxada, tenta-se encaixar o fêmur para dentro do acetábulo. O “Click” é ouvido quando está luxado; o Manobra de Barlow: provocativa, a ideia é tentar tirar o fêmur do acetábulo. O correto não é sair, se sair significa que é luxável. Fecha-se a empurra-se a perna do bebê para trás. o Caso seja identificada a displasia, realizar o ultrassom de quadril, confirmando a displasia, tratar com o colete de Pavilik. • Paralisias braquiais: o Faz-se um estiramento prolongado/exagerado do plexo braquial, lesando-o. quando a lesão é alta, chamamos de Paralisia de Erb-Duchene: nessa situação, no geral, a lesão de plexo acontece entre o 5º ao 6º nervos cervicais, membros superiores aduzidos, rotação interna e pronado. Reflexo de moro ausente do lado do plexo. Reflexo de prensão palmar presente. o Paralisia de Klumpke: lesão do 7º ao 8º nervos cranianos. Paralisia dos braços, das mãos, ausência do reflexo de Moro do lado lesado e também ausência do reflexo de preensão palmar; o Síndrome de Honer: presença de ptose e miose na criança.Neurológico • Reflexos primitivos: forma rápida de avaliar. A ausência significa lesão neurológica e a prolongação deles também pode ser lesão neurológica; • Relexos: o Reflexo de busca; o Reflexo de Galant; o Reflexo da marcha; o Reflexo de Moro; o Reflexo de preensão palmar; o Reflexo de preensão plantar; o Reflexo tonico-cervical assimétrico (esgrimista); Triagem Neonatal • Teste do olhinho; • Teste do coraçãozinho; • Teste da orelhinha e linguinha (por fonoaudiólogo); • Teste do pezinho/triagem metabólica: colhido entre o 3º e 5º dia de vida após a alimentação da criança; o Furo no calcanhar e colhe-se a gota de sangue no papel filtro para avaliação; o Hoje no MS o teste se encontra na fase 4, onde se faz a avaliação para 6 patologias: ▪ Fenilcetonúria; ▪ Hipotireoidismo congênito; ▪ Hemoglobinopatias (principalmente a doença falciforme); ▪ Fibrose cística; ▪ Hiperplasia adrenal congênita; ▪ Deficiência de biotinidase; o Nem todos os estados do Brasil estão na fase 4, alguns estão na 3 ou 2; o Teste ampliado: não é custeado pelo SUS. Inclui Galactosemia, toxoplasmose congênita, distúrbios do ciclo da ureia, distúrbios beta-oxidação de ácidos graxos, distúrbios de ácidos orgânicos, deficiência de G6PD e outras aminoácidopatias. Alojamento conjunto • Diurese e evacuação nas 48h; • Reavaliar: manobra de Ortolani; • Testes: olhinho, emissão otoacústica, teste da linguinha, teste do coração, teste do pezinho; • Recebe ao nascer: o Vitamina K; o Argirol; o BCG; o Vacina de Hepatite B; • Cartão da criança: preenchido com a tipagem sanguínea e peso de alta; • Na alta: reforçar as orientações de puericultura; • Primeira consulta deve ser realizada até 7 dias de vida; • Orientar o retorno ao hospital ou posto de saúde se: icterícia, febre, sonolência excessiva, recusa alimentar e choro intenso; • Maior relação da mãe com o filho quando em alojamento conjunto; • Peso diário: não pode exceder 10% do peso de nascimento; • Avaliar nas 48h: icterícia, sopro cardíaco, adaptação a mamada e pega (assim como a descida do colostro materno) reflexos, coto umbilical (higiene e mumificação).
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