186 pág.

Pré-visualização | Página 38 de 40
bem antes de alcançar a pressão máxima, isto para conseguir se estabilizar quando a 175 pressão limite é alcançada. Em outras palavras, se a pressão máxima do sistema está regulada para 1,0 kgf/cm², a válvula começara a abrir a partir os 0,5 kgf/cm², sendo assim, desperdiçará parte da energia que poderia ser usada para acelerar mais rapidamente o turbo. Para suprir essa deficiência, os sistemas de turboalimentação mais avançados (como por exemplo no Fiat Marea Turbo e o Gol 1.0 16V Turbo) utilizam uma válvula wastegate eletromagnética, que é controlada por uma central eletrônica, a qual avisa a hora certa de abrir o desvio dos gases de combustão. Então, os sistemas de turboalimentação que utilizam essa válvula eletromagnética, não desperdiçam parte da energia antes que a pressão máxima de sobrealimentação seja alcançada, com isso, nota-se um pequeno (porém considerável) aumento do torque do motor, melhorando assim as respostas em médias rotações. Outros Componentes do Sistema de Turboalimentação Além dos componentes já vistos, o sistema de turboalimentação requer outros componentes para que o motor funcione nas melhores condições possíveis. Os cinco primeiros itens que estudaremos neste capítulo já compõem os motores aspirados, porém devem ser modificados quando o motor recebe um turboalimentador. O sexto item é uma válvula necessária para o melhor funcionamento do sistema de turboalimentação. Veremos neste capítulo o corpo de borboleta, o coletor de admissão, o sistema de ignição, o coletor de escape, o sistema de escape e a válvula de propriedade. Corpo de borboleta O corpo de borboleta é um componente que tem a função de controlar a quantidade de ar que entra no motor. Esse componente é encontrado somente nos motores que utilizam o sistema de injeção eletrônica. A Figura 135 mostra um corpo de borboleta. Figura 135: Corpo de borboleta Um corpo de borboleta mal dimensionado para uma determinada vazão de ar, afetará diretamente no desempenho do motor. Quando o corpo de borboleta for muito pequeno para uma determinada vazão de ar, ocorrerá uma restrição da corrente de ar, ou seja, diminuirá consideravelmente a pressão de sobrealimentação, diminuindo assim a potência e o torque do motor. Porém, se o corpo de borboleta for muito grande para uma determinada vazão de ar, o veículo ficará com uma péssima dirigibilidade, pois este terá 176 respostas muito bruscas mesmo com pequenas acelerações (pressionando levemente o acelerador), isto porque uma pequena abertura da borboleta, passará uma grande quantidade de ar para aquele motor, tornando-o “nervoso”. Então, ao turbinar um motor, o corpo da borboleta deve ser redimensionado para a nova vazão de ar. Em um corpo de borboleta bem dimensionado, a velocidade do fluxo de ar deve ser no máximo de 90 m/s, isto para que a perda de pressão devido a restrição da área não influa na potência do motor. Para calcularmos a velocidade do fluxo de ar utilizamos a seguinte fórmula: borboleta da corpo do Área motor doar de Vazão ar de fluxo do Velocidade = (15) EXEMPLO: Em motor turboalimentador com uma vazão de ar de 4,5 m³/min e diâmetro do corpo de borboleta de 35 mm, qual será a velocidade do fluxo de ar: Onde: ( ) 24232 m 1062,9 4 m1035 4 dA − − ×= ×⋅ = ⋅ = pipi borboleta da corpo do Área motor doar de Vazão ar de fluxo do Velocidade = (15) s 60 min 1 m 109,62 min m5,4 ar de fluxo do Velocidade 24- 3 × × = sm 77,9ar de fluxo do Velocidade = Coletor de admissão O coletor de admissão tem a função de dirigir a corrente de ar para as câmaras de combustão. Os coletores de admissão normalmente são de alumínio fundido em função da sua maior capacidade de resistência à fadiga, provocada pelas grandes variações de pressões no sistema de admissão. Para projetarmos um bom coletor de admissão devemos nos preocupar em elaborar uma forma ideal para o ar comprimido entrar nas câmaras de combustão. Isto é conseguido através da redução gradual da área do corredor aproximando-se das câmaras de combustão, com isso teremos uma maior velocidade do ar, promovendo assim uma turbulência nas câmaras, rendendo uma melhor combustão. Com velocidades maiores do fluxo de ar, as câmaras de combustão enchem mais, produzindo maior potência do motor. A Figura 136 mostra tipos de coletores de admissão e a Figura 137 mostra um coletor de admissão do Mazda Rotary. 177 Figura 136: Tipos de coletores de admissão Figura 137: Coletor de admissão do Mazda Rotary Sistema de Ignição Em virtude da maior pressão e a maior quantidade da mistura ar/combustível no cilindro no momento da ignição, as condições de disparo da centelha tornam-se mais difíceis em um motor turboalimentado. Para o melhor funcionamento do motor turbo, é necessário alterar o sistema de ignição a fim de aumentar a potência elétrica disponível na vela, e portanto a confiabilidade da ocorrência da centelha, reduzindo assim a possibilidade de falhas de ignição, chamadas “misfirings”. Uma boa opção para aumentar a potência elétrica no sistema de ignição é utilizar um sistema de bobina dupla. Velas A escolha de uma vela adequada para um motor turboalimentado é relativamente fácil. O calor das velas é o fator chave para uma escolha correta. Velas quentes (hot plugs) trabalham a temperaturas mais elevadas, isto para garantirem uma perfeita combustão em motores de baixa compressão. Velas frias (cold plugs) trabalham a temperaturas menores, isto para que se tenha uma perfeita combustão em motores com alta taxa de combustão, e motores turboalimentados, além disso se reduzem as chances de detonação da mistura. Se utilizarmos velas quentes em um motor turbo, provavelmente ocorrerá a detonação do 178 combustível devido a alta temperatura da vela. A Figura 138 mostra a diferença entre vela fria (cold plug) e vela quente (hot plug). Figura 138: Diferença entre vela fria (cold plug) e vela quente (hot plug) Para selecionarmos uma vela correta para um motor turboalimentado, devemos escolher primeiramente uma vela com dois pontos mais frio que o motor originalmente aspirado utiliza. Se a vela deteriorar rapidamente tente um terceiro ponto mais frio. Se a vela “suja” facilmente ou não queima corretamente a mistura ar/combustível, diminua um ponto de sua caloria. Coletor de escape O coletor de escape é de grande importância no desempenho de um sistema de turboalimentação, por isso deve ser bem projetado para que a potência do motor seja satisfatória. O coletor de escape tem como principais objetivos: � suportar o turboalimentador; � direcionar os gases de combustão para a turbina; � não permitir que o calor dos gases de combustão escape por suas paredes. Para suprir o primeiro objetivo, o coletor de escape deve ter uma estrutura suficiente para suportar o turboalimentador, sem riscos de quebras. Para suprir o segundo objetivo, o coletor deve ter um layout adequado para que os gases de combustão adquiram grandes velocidades então, deve-se eliminar as dobras e curvas bruscas. Além disso, o diâmetro do tubo deve ser adequado para o tamanho da turbina e o tamanho do motor. Devemos lembrar que tubos com diâmetros muito grandes reduzem a velocidade dos gases de combustão, diminuindo a rotação da turbina, e tubos com diâmetros muito pequenos aumentam a pressão atrás da turbina, prejudicando a potência do motor. Para suprir o terceiro objetivo, devemos escolher um material adequado para construção do coletor de escape. Como a temperatura dos gases de