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TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 1 
Apresentação ................................................................................................................................ 4 
Aula 1: A propriedade ................................................................................................................... 6 
 ............................................................................................................................. 6 Introdução
 ................................................................................................................................ 7 Conteúdo
O direito de propriedade .................................................................................................. 7 
O direito de propriedade .................................................................................................. 8 
Poderes inerentes à propriedade .................................................................................... 9 
Usar, gozar, dispor e reaver ........................................................................................... 10 
Extensividade da propriedade ....................................................................................... 11 
Atributos da propriedade ............................................................................................... 12 
Da aquisição da propriedade ......................................................................................... 13 
Tradição ............................................................................................................................. 13 
Do registro de título ........................................................................................................ 14 
Acessão .............................................................................................................................. 14 
Da posse ............................................................................................................................ 17 
Teoria subjetiva ................................................................................................................ 17 
Teoria objetiva da posse ................................................................................................ 18 
Do desdobramento da posse ........................................................................................ 19 
Dos efeitos da posse ....................................................................................................... 19 
Atividade proposta .......................................................................................................... 22 
Espécies de interditos possessórios ............................................................................. 22 
Características das ações possessórias: liminar ......................................................... 23 
Características das ações possessórias: duplicidade ................................................ 24 
Características das ações possessórias: fungibilidade .............................................. 25 
Características das ações possessórias: cumulatividade ......................................... 25 
Defesa da posse e da propriedade ............................................................................... 25 
........................................................................................................................... 26 Referências
 ......................................................................................................... 27 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 31 
 ..................................................................................................................................... 31 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 31 
Aula 2: Função social da propriedade ......................................................................................... 35 
 ........................................................................................................................... 35 Introdução
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 2 
 .............................................................................................................................. 36 Conteúdo
Princípio da função social da propriedade ................................................................. 36 
Princípio da função social da propriedade na constituição de 1988 ..................... 37 
Princípio da função social da propriedade no código civil de 2002 ..................... 40 
Dos direitos e deveres ..................................................................................................... 42 
A IV Jornada de Direito Civil.......................................................................................... 43 
Da aplicabilidade .............................................................................................................. 45 
Perda da propriedade ...................................................................................................... 45 
A relação proprietário X propriedade .......................................................................... 46 
Da desapropriação ........................................................................................................... 47 
A desapropriação para fins de reforma agrária.......................................................... 49 
A quebra de patentes de medicamentos por interesse público ............................. 50 
A propriedade e o interesse público ............................................................................ 51 
Usucapião coletiva .......................................................................................................... 53 
Usucapião: a modalidade de acordo com a lei ......................................................... 56 
Atividade proposta .......................................................................................................... 57 
........................................................................................................................... 58 Referências
 ......................................................................................................... 59 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 65 
 ..................................................................................................................................... 65 Aula 2
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 65 
Aula 3: Usucapião. Requisitos ..................................................................................................... 69 
 ........................................................................................................................... 69 Introdução
 .............................................................................................................................. 70 Conteúdo
Usucapião .......................................................................................................................... 70 
Fundamentos da usucapião .......................................................................................... 71 
Pressupostos da aquisição da propriedade pela usucapião .................................... 71 
Dos requisitos ................................................................................................................... 72 
Conflito intertemporal de normas ................................................................................74 
Atividade proposta .......................................................................................................... 75 
Espécies de usucapião de bens imóveis - Usucapião extraordinária .................... 75 
Espécies de usucapião de bens imóveis - Usucapião ordinária ............................. 76 
Espécies de usucapião de bens imóveis - Usucapião rural ..................................... 76 
Espécies de usucapião de bens imóveis - Usucapião urbana ................................ 78 
Espécies de usucapião de bens imóveis - Usucapião matrimonial ....................... 79 
........................................................................................................................... 81 Referências
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 3 
 ......................................................................................................... 82 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 87 
 ..................................................................................................................................... 87 Aula 3
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 87 
Aula 4: Condomínio edilício ........................................................................................................ 90 
 ........................................................................................................................... 90 Introdução
 .............................................................................................................................. 91 Conteúdo
Condomínio edilício e o novo Código Civil ............................................................... 91 
Natureza jurídica .............................................................................................................. 91 
Área de uso comum e área comum de uso exclusivo ............................................. 92 
Atividade proposta .......................................................................................................... 93 
Personalidade jurídica do condomínio ....................................................................... 93 
Cobrança de quotas em atraso ..................................................................................... 94 
Instituição do condomínio ............................................................................................ 95 
Direitos e deveres dos condôminos ............................................................................ 96 
Das controvérsias ............................................................................................................ 97 
Dos juros............................................................................................................................ 98 
A Lei nº 11.232/2005 ..................................................................................................... 105 
Das obras ......................................................................................................................... 106 
Conduta antissocial ....................................................................................................... 106 
A figura do síndico ......................................................................................................... 107 
Direito de vizinhança .................................................................................................... 108 
Uso anormal da propriedade ....................................................................................... 109 
Dos limites entre prédios e do direito de tapagem ................................................. 110 
Limitações ao direito de construir.............................................................................. 111 
A responsabilidade pelo dano causado ..................................................................... 112 
Remédios processuais .................................................................................................. 113 
......................................................................................................................... 114 Referências
 ....................................................................................................... 115 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 120 
 ................................................................................................................................... 120 Aula 4
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 120 
Conteudista ............................................................................................................................... 123 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 4 
 
Esta disciplina abrange as vinculações jurídicas estabelecidas entre uma pessoa, 
física ou jurídica, e um bem de expressão patrimonial, corpóreo ou incorpóreo, 
considerado o ramo do direito que estuda o poder do ser humano sobre as 
coisas e a sua utilização econômica. 
 
A propriedade é a base do sistema jurídico tradicional, um direito fundamental 
protegido no artigo 5º da Constituição de 1988 e a nova ótica jurídica que 
reconhece obrigatoriedade de sua Função Social, é vista como característica 
inerente de todo direito subjetivo, reconhecendo o interesse individual quando 
harmonizado com o interesse da coletividade. 
 
Nesse diapasão, são trazidas as diversas formas, controversas, de perda da 
propriedade, em especial as que reconhecem a supremacia do interesse 
público. 
 
Transita pelo instituto da Usucapião, em suas diversas modalidades. 
Conceituaremos os requisitos e as controvérsias sobre o tema, reconhecendo o 
fim social da modalidade coletiva. 
 
Analisaremos as relações condominiais, bem como o direito de vizinhança, que 
assolam nosso judiciário, com diversos questionamentos, novos e antigos, sem 
mais permitir o abuso de direito de propriedade e locupletamento, nas 
hipóteses de condomínio de fato. 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 5 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Definir o Direito de Propriedade e os aspectos da Função Social da 
Propriedade; 
2. Diferenciar Posse e suas consequências de Propriedade; 
3. Reconhecer as controvérsias sobre a perda da propriedade; 
4. Conceituar Usucapião e seus requisitos, assim como suas modalidades e 
seus requisitos específicos; 
5. Identificar as novas tendências sobre Condomínio, compreendendo os 
Direitos de Vizinhança. 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 6 
Introdução 
Nesta aula, definiremos propriedade, seu conceito e os poderes inerentes a 
esse direito real, o único exercido sobre a coisa própria. Examinaremos a 
garantia Constitucional dada no artigo 5º ao instituto. 
 
Estudaremos a posse, seu aspecto fático e as principais teorias sobre o tema. 
Apresentaremos as principais consequências de seu exercício e as diversas 
formas de proteção. 
 
Diferenciaremos posse de propriedade e estudaremos quais as formas de 
proteção dos institutos. Será examinada a importância dessa distinção. 
 
Objetivo: 
1. Definir o Direito de Propriedade e Perceber suas Características; 
2. Diferenciar Posse e suas consequências de Propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 7 
Conteúdo 
O direito de propriedade 
A propriedade sempre foi usada pelo ser humano como formade demonstrar 
poder pela apropriação de coisas. Considerada o único direito real pleno, 
absoluto, pois pode ser excepcionado perante qualquer pessoa, não tem um 
sujeito passivo definido. 
 
O titular, sujeito passivo, é identificado, o proprietário, mas o sujeito passivo é 
toda a sociedade, são todas as pessoas que têm obrigação de respeitar o 
exercício do direito de propriedade por seu titular. Assim, diz-se que o direito 
de propriedade é oponível erga omnes. 
 
A Constituição de 1988 atribui à propriedade o status de direito fundamental: 
 
“Art. 5º -Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
A importância da propriedade, especialmente a imobiliária, é discutida no 
seguinte vídeo, do programa ARTIGO 5º, veiculado pela TV Justiça, em 20 de 
junho de 2012: 
 
O Código Civil de 1916 trazia: “Artigo 674 - São direitos reais, além da 
propriedade (...)”, demonstrando a importância dada pelo legislador ao direito 
de propriedade. 
 
O legislador de 2002 não julgou necessário fazer essa separação entre 
propriedade e os demais direitos reais, mas nem por isso perdeu o lugar de 
destaque que sempre ocupou: 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 8 
“Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso.” 
 
O direito de propriedade 
A propriedade sempre foi usada pelo ser humano como forma de demonstrar 
poder pela apropriação de coisas. Considerada o único direito real pleno, 
absoluto, pois pode ser excepcionado perante qualquer pessoa, não tem um 
sujeito passivo definido. 
 
O titular, sujeito passivo, é identificado, o proprietário, mas o sujeito passivo é 
toda a sociedade, são todas as pessoas que têm obrigação de respeitar o 
exercício do direito de propriedade por seu titular. Assim, diz-se que o direito 
de propriedade é oponível erga omnes. 
 
A Constituição de 1988 atribui à propriedade o status de direito fundamental: 
 
“Art. 5º -Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 9 
A importância da propriedade, especialmente a imobiliária, é discutida no 
seguinte vídeo, do programa ARTIGO 5º, veiculado pela TV Justiça, em 20 de 
junho de 2012: 
 
O Código Civil de 1916 trazia: “Artigo 674 - São direitos reais, além da 
propriedade (...)” , demonstrando a importância dada pelo legislador ao direito 
de propriedade. 
 
O legislador de 2002 não julgou necessário fazer essa separação entre 
propriedade e os demais direitos reais, mas nem por isso perdeu o lugar de 
destaque que sempre ocupou: 
 
“Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso.” 
 
Poderes inerentes à propriedade 
Não existe na lei pátria nenhum conceito sobre o Direito de Propriedade. O 
Código Civil atual elenca, apenas, os poderes inerentes à propriedade: 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 10 
“Art. 1.228. - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e 
o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha.” 
 
Verifica-se que os poderes inerentes à propriedade são quatro, sendo que os 
três primeiros são faculdades e o último um direito. 
 
Usar, gozar, dispor e reaver 
Os poderes de uso, gozo e disposição da coisa podem ser exercidos ou não, a 
critério do proprietário, não perde tal qualidade por não tirar proveito 
econômico da coisa, sendo assim, faculdades. Já o direito de reaver a coisa das 
mãos de quem injustamente a detenha pode ser exercido erga omnes, é um 
direito à coisa, que permite o exercício das três primeiras faculdades. Clique nos 
botões abaixo para saber um pouco mais sobre cada item. 
 
Usar 
O poder de uso permite ao proprietário da coisa servir-se dela com sua 
destinação econômica, concedendo a ele o rendimento dos frutos naturais 
produzidos. O uso pode ser direto, quando exercido pelo proprietário, ou 
indireto, exercido por terceiro sob as ordens do titular do domínio. A simples 
preservação do bem para o uso eventual é cabível e entendida como exercício 
de tal poder. O proprietário que reside no imóvel está exteriorizando a 
faculdade de usar a coisa, bem como aquele que preserva o imóvel, para 
passar férias, por exemplo. 
 
Gozar 
A faculdade de gozar, chamado jus fruendi, implica na exploração econômica 
da coisa, de forma direta pelo recolhimento de frutos artificiais; ou indireta, 
através dos frutos civis. Vale lembrar que também faz parte da fruição o 
recebimento pelos produtos, os quais se diferem dos frutos, pois se esgotam 
quando extraídos da natureza, como o petróleo, por exemplo, enquanto 
aqueles se renovam periodicamente. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 11 
Dispor 
A possibilidade de dispor equivale ao direito do proprietário em alterar a 
substância da coisa. Passando por atos de destruição ou abandono e chegando 
à disposição jurídica através da alienação total, venda e doação, ou alienação 
parcial, ao gravar o imóvel com algum ônus real, como usufruto. 
 
Reaver 
O direito de reivindicar, quarto poder inerente à propriedade, é exercido 
externamente. Consiste na capacidade do proprietário em excluir terceiros de 
seu bem. Assegurado a ele a legitimidade para promover ação reivindicatória 
que garanta que o domínio seja restabelecido. Cristiano Chaves Farias e Nelson 
Rosenvald, em sua obra, Direitos Reais (2008, p. 185), citam Caio Mário, com 
as seguintes palavras: 
 
“Nas sempre lúcidas advertências de CAIO MÁRIO, de nada valeria ao dominus, 
reunir o jus utendi, jus fruendi e jus abutendi, se não lhe fosse dado reavê-la 
de alguém que a possuísse injustamente, ou a detivesse sem título.” 
 
Extensividade da propriedade 
“Art. 1229 Do Código Civil - A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e 
subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não 
podendo o proprietário opor-se às atividades que sejam realizadas, por 
terceiros, a uma altura ou profundidade tais que não tenha ele interesse 
legítimo em impedi-las.” 
 
A extensividade estabelecida no Código Civil é denominada de caráter ilimitado 
da propriedade, porém existe uma limitação de caráter econômico que deve ser 
observada. Isto significa dizer que o proprietário não poderá interferir em obras 
no subsolo que não interfiram na utilização do bem, como a construção de 
túneis de metrô, por exemplo. Deve-se atentar, ainda, para o disposto na 
Constituição: 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 12 
“Art. 20 - Art. 20. São bens da União: 
(...) 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;(...)”Completando o disposto na carta Magna, o Código Civil dispõe: 
 
“Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais 
recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos 
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos 
minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a 
transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.” 
 
Assim, conclui-se que a exploração dos recursos minerais será feita pelo 
Estado, e excepcionalmente pelo proprietário a título de concessão. Somente 
será facultado ao titular do domínio a exploração de material a ser utilizado 
diretamente na construção civil. Então, o proprietário pode utilizar a areia 
retirada do solo, mas se for retirar barra para transformar em telha, terá que 
pedir autorização estatal. 
 
Atributos da propriedade 
São três os atributos da propriedade. Clique nas caixas ao lado para conhecê-
los: 
 
Exclusividade 
Em regra, a coisa pertence a uma só pessoa. O proprietário, inclusive, tem 
direito de excluir a interferência de terceiros em sua propriedade. Apenas um 
titular pode exercer as faculdades do direito de propriedade, ou seja, usar, fruir 
e dispor da coisa. É importante esclarecer que, mesmo em condomínios, a 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 13 
propriedade é exercida de forma exclusiva por cada um dos condôminos, pois 
se estenderá sobre toda a coisa. 
 
Perpetuidade 
A característica de perpetuidade determina que a propriedade se extinga 
apenas pela vontade do proprietário, ou por determinação legal, perecimento 
da coisa, desapropriação ou usucapião. Podemos concluir, então, que a 
perpetuidade se encontra flexibilizada, em especial pela Função Social. 
 
Elasticidade 
De acordo com a elasticidade, a propriedade pode ser exercida de forma plena, 
quando todos os poderes inerentes a ela estejam em mãos do titular, mas 
também pode sofrer cisão, se um ou alguns dos poderes forem cedidos a 
terceiros, por desmembramento. Dessa forma, um imóvel, durante um contrato 
de locação, reduz os poderes do proprietário, mas ao final, volta integralmente 
ao proprietário. 
 
Da aquisição da propriedade 
A aquisição da propriedade, no direito pátrio, não é transferida, por ato inter 
vivos, com a simples celebração do negócio jurídico, que apenas cria direitos. A 
transmissão do domínio só ocorrerá com a tradição se o bem for móvel ou com 
o registro do título aquisitivo no registro de imóveis, se a coisa for imóvel. São 
quatro as principais espécies de aquisição de propriedade: tradição; registro de 
título; usucapião e acessão. 
 
Nesta aula, vamos conhecer mais sobre a tradição, registro de título e acessão. 
Na aula três, estudaremos o usucapião. 
 
Tradição 
A entrega, do bem móvel, feita pelo alienante ao adquirente, transfere a 
propriedade da coisa, como dispõe o Código Civil: 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 14 
“Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos 
antes da tradição. 
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a 
possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à 
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o 
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.” 
 
Assim, o bem móvel só passa definitivamente ao domínio do adquirente após a 
entrega efetiva, não basta a celebração do negócio jurídico. 
 
Do registro de título 
“Art. 1.245 do Código Civil. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante 
o registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser 
havido como dono do imóvel. 
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de 
invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a 
ser havido como dono do imóvel.” 
 
O Código Civil estabelece no artigo supracitado que a mera celebração de 
contrato, por via de escritura pública, não terá a capacidade de transferir a 
propriedade imobiliária, o que somente ocorrerá com o registro do título 
aquisitivo no Cartório Registro de Imóveis. 
 
Acessão 
A Acessão, nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves, em sua obra Direito Civil 
Brasileiro, Volume V, página 288: 
 
“A acessão é, pois, modo de aquisição da propriedade, criado por lei, em 
virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu 
proprietário.” 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 15 
As diversas espécies de acessões estão elencadas no artigo 1.248 do Código 
Civil, os incisos I a IV tratam das acessões naturais e o inciso V das artificiais. 
 
As diversas espécies de acessões estão elencadas no artigo 1.248 do Código 
Civil, Os incisos I a IV tratam das acessões naturais e o inciso V, das artificiais: 
“Art. 1.248. A acessão pode dar-se: 
 
I - por formação de ilhas; 
II - por aluvião; 
III - por avulsão; 
IV - por abandono de álveo; 
V - por plantações ou construções.” 
 
As ilhas que interessam ao direito civil são as pequenas, formadas em rios não 
navegáveis, porque as formadas em correntes públicas pertencem ao Estado. 
Assim, as formações em riachos pertenceram aos proprietários ribeirinhos. 
 
A aluvião é o acréscimo imperceptível feito pelo rio a terras ao longo do tempo 
e, quando se torna notório, representa aumento no imóvel do proprietário do 
prédio. Nesse caso, não se fala em indenização ao prejudicado, por ser 
impossível de identificar a origem da matéria-prima. 
 
A avulsão é verificada quando a força das águas arranca uma parte 
considerável de um terreno e o arrasta até a margem de outro imóvel. Nesse 
caso, o dono prejudicado pode exigir indenização pelo acréscimo 
proporcionado. 
 
O álveo abandonado é o leito do rio que seca. Assim, se o rio for público 
pertencerá ao Estado, se particular, representa acréscimo aos terrenos 
marginais. 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 16 
As acessões artificiais estão previstas no Código Civil: 
 
“Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se 
feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.” 
 
Conforme as sábias palavras de Carlos Roberto Gonçalves, em Direito Civil 
Brasileiro, Volume V, página 293: 
 
“A presunção se ilide nas hipóteses mencionadas nos arts. 1.254 e s.: 
a) na primeira, o dono do solo edifica ou planta em terreno próprio, com 
sementes ou materiais alheios; b) na segunda, o dono das sementes ou 
materiais planta ou constrói em terreno alheio; c) na última, terceiro planta ou 
edifica com semente ou material alheios, em terreno igualmente alheio.” 
 
O legislador, seguindo o paradigma da eticidade, privilegia aquele que está de 
boa-fé, proporcionando indenização e punindo o que está de má-fé fazendo 
com que perca em favor do proprietário do bem sem receber indenização pelas 
acessões feitas no imóvel. 
 
Vale lembrar que o possuidor de boa-fé poderá adquirir a propriedade do 
terreno nos termos do parágrafo único do artigo 1.255 do Código Civil: 
 
“Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em 
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de 
boa-fé, terá direito à indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o 
valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a 
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente,se não houver acordo”. 
 
Existem outras formas de aquisição da propriedade, como a descoberta, o 
achado de tesouro e a ocupação, mas as mencionadas são aquelas que trazem 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 17 
mais controvérsias no ordenamento jurídico e as que com mais frequência são 
levadas a apreciação pelo judiciário. 
 
Da posse 
Vamos começar esta parte da aula fazendo a distinção entre posse e 
propriedade. Primeiramente, contudo, é importante esclarecer que a origem da 
posse é justificada, assim como a da propriedade, na necessidade do homem 
de se assenhorar de bens, exercendo poder físico sobre eles. Mas a distinção 
entre esses institutos é simples. Entenda! 
 
Posse: 
É um fato; 
É consequência do exercício da sua faculdade de usar e de gozar do bem – 
relação de pessoa e coisa, criando uma mera relação fática. 
 
Propriedade: 
É um direito real; 
Trata-se de relação entre pessoa e coisa que, conforme determinação legal, 
cria relação de direito. 
 
Teoria subjetiva 
(FREDERICH KARL VON SAVIGNY - 1803) 
Segundo o autor, a posse resultaria da conjunção de dois elementos: o corpus 
e o animus. Posse seria o poder de dispor fisicamente da coisa, com ânimo de 
tê-la como sua e defendê-la contra terceiro. A Teoria Subjetiva, exigindo o 
elemento animus domini, como requisito fundamental para a caracterização da 
posse, considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositário, o 
mandatário e outros que possuiriam apenas o poder físico sobre a coisa. Não é 
admitido o desdobramento da relação possessória, pois não se admite a posse 
por outrem. 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 18 
Teoria objetiva da posse 
(RUDOLF VON IHERING 1818-1892) 
A posse é a exteriorização da propriedade e, por isso, para caracterizar a posse, 
basta o exercício em nome próprio do poder de fato sobre a coisa. Essa é a 
teoria adotada pelo Código Civil Brasileiro: 
 
“Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, 
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” 
OBS: Enunciado n° 236, III Jornada de Direito Civil: 
“Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade 
desprovida de personalidade jurídica.” 
 
Assim, concluímos que para essa teoria, posse é exercício do poder de fato em 
nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa. 
A detenção é exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio. 
 
Como disciplina o Código Civil: 
“Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve 
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que 
prove o contrário.” 
 
O que exerce posse adquirida ao arrepio da lei, também, é considerado 
mero detento nos termos do artigo 1.208 do Código Civil: 
 
“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim 
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, 
senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 19 
O Enunciado n° 301, Jornada de Direito Civil, STJ, tem a seguinte redação: “É 
possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a 
subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos 
possessórios”. Soluciona uma discussão anterior, se a posse precária, poderia 
ser considerada posse, se fosse adquirida pelo abuso de confiança. Diante do 
enunciado, conclui-se que, um caseiro, que esbulha um proprietário, pode ser 
considerado possuidor e futuramente poderá, inclusive, adquirir a propriedade 
pela usucapião. 
 
Do desdobramento da posse 
“Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, 
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse 
contra o indireto.” 
 
Quanto ao desdobramento da relação possessória, diz-se que a posse direta é 
consequência de contrato que autoriza o exercício de poder direto sobre a 
coisa. Já a posse indireta é exercida pela faculdade de fruição do bem. 
Aquele que diretamente possui o bem tem direito de defender a posse contra o 
possuidor indireto e contra terceiros, o possuidor indireto só poderá fazê-lo 
contra terceiros. 
 
Dos efeitos da posse 
a) Percepção de frutos pelo possuidor de boa-fé, enquanto ela durar e 
ressarcimento ao possuidor de má-fé pelo custeio com a produção. 
 
b) Indenização e retenção, ao possuidor de boa-fé, pelas benfeitorias úteis e 
necessárias e ao possuidor de má-fé o direito de ser ressarcido pelas 
benfeitorias necessárias. 
 
c) Usucapião, que será objeto de estudo na aula 3. 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 20 
d) Defesa da posse através do desforço físico ou mediante os interditos 
possessórios, que são as ações possessórias típicas, as quais pressupõem que o 
autor seja o possuidor do bem. 
 
“Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos 
percebidos. 
 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé 
devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; 
devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.” 
 
“Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e 
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o 
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção 
e custeio.” 
 
“Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das 
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe 
forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá 
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.” 
 
“Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as 
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância 
destas, nem o de levantar as voluptuárias.” 
 
O locatário, mesmo sendo um possuidor de boa-fé, tem tratamento específico 
dado através da Lei do Inquilinato, Lei nº 8.245/91, a qual prevalece sobre 
o Código Civil pelo princípio da essencialidade. 
 
“Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias 
necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 21 
locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e 
permitem o exercício do direito de retenção.” 
 
Diante disso, o locatário somente terá direito à indenização pelas 
benfeitorias necessárias e das úteis, se estas, previamente, forem 
autorizadas pelo locador. Porém, os direitos de indenização e de retenção 
só poderão ser pleiteado perante terceiro, novo adquirente do imóvel, se o 
contrato estiver registrado no Registro de Imóveis, passando ao status de 
obrigação com eficácia real, isto é, tornando-se oponível erga omnes. 
 
“Súmula nº 158 do STF - Salvo estipulação contratual averbada no registro 
imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário.” 
 
O desforço físico, também chamado de legítima defesa da posse, está 
expressamente previsto no parágrafo primeiro do artigo 1.210 do Código Civil. 
 
“Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
 
§ 1o Opossuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por 
sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, 
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.” 
 
Essa medida excepcional só será tolerada se feita no momento da 
ocorrência do esbulho ou da turbação, no calor dos acontecimentos. Além 
disso, a reação do possuidor deve ser moderada, mínima, suficiente para repelir 
o esbulho, porque todo o excesso será punível. 
O possuidor que não conseguiu defender a sua posse mediante desforço físico, 
por ineficiências dos meios utilizados, ou porque não estava presente no 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 22 
momento, só poderá ser mantido ou reintegrado na posse através dos 
interditos possessórios. As ações possessórias são de espécies que variam de 
acordo com a agressão sofrida. 
 
Atividade proposta 
Agora você fará uma atividade relacionada ao assunto abordado até o 
momento. As imagens abaixo representam esbulho ou turbação? 
 
 
Fonte: http://veja.abril.com.br Fonte: <http://g1.globo.com> 
 
Chave de Resposta: Trata-se de um esbulho, pois nessa situação, o real 
possuidor fica, injustamente, privado de exercer a posse. A turbação são atos 
que dificultam o exercício da posse, porém não impedem o seu exercício. O 
possuidor permanece na posse da coisa, ficando apenas cerceado em seu 
exercício. 
 
Espécies de interditos possessórios 
Interdito Proibitório 
O Interdito Proibitório é ação adequada no caso de ameaça à posse, é uma 
medida preventiva utilizada pelo possuidor tentando impedir que ocorra o 
esbulho ou a turbação. Está prevista no artigo 932 do código de Processo Civil. 
 
“Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser 
molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou 
esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu 
determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.” 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 23 
Ação de Manutenção de Posse 
A manutenção da posse visa a retomada do exercício da posse de forma plena, 
pelo possuidor que sofreu turbação. Previsto na 1ª parte do artigo 926 do 
Código de Processo Civil. 
 
“Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação(...)” 
 
Ação de Reintegração de Posse 
Tal ação será manejada pelo possuidor esbulhado, ou seja, aquele que fica 
impedido de exercer posse e pretende que a situação possessória seja 
reestabelecida. Essa ação é prevista no artigo 926 do Código de Processo Civil, 
2ª parte. 
 
“Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação 
e reintegrado no de esbulho.” 
 
Características das ações possessórias: liminar 
Liminar (art. 924 c/c art. 928, CPC): 
Possibilidade de concessão de liminar em caso de posse nova, isto é, aquela 
que o esbulho ou a turbação datam de menos de um ano e um dia. 
 
“Art. 924 - Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse 
as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da 
turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, 
contudo, o caráter possessório.” 
 
“Art. 928 - Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem 
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente 
o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 24 
Parágrafo único - Contra as pessoas jurídicas de direito público não será 
deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos 
respectivos representantes judiciais.” 
 
Obs.: Alguns doutrinadores divergem sobre a possibilidade de utilizar a 
antecipação de tutela em posse velha, aquela em que o esbulho ou a turbação 
ocorreram há mais de um ano e um dia (art. 273, CPC). 
 
“Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou 
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, 
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: 
(Alterado pela L-008.952-1994) 
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou 
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito 
protelatório do réu.” 
 
1ª corrente: a antecipação de tutela de mérito não pode ser concedida em 
caso de posse velha, pois ela seria uma forma de burlar a impossibilidade de 
concessão de liminar. 
2ª corrente: pode haver a concessão de antecipação de tutela em caso de 
posse velha, pois esta é baseada em verossimilhança, que é uma prova mais 
cabal da existência do direito. 
 
Características das ações possessórias: duplicidade 
Duplicidade (art. 922, CPC): 
Possibilidade de se fazer pedido contraposto, sem necessidade de reconvenção. 
Na própria contestação, o réu pode fazer o pedido. 
 
“Art. 922 - É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua 
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos 
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.” 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 25 
Características das ações possessórias: fungibilidade 
Fungibilidade (art. 920, CPC): 
Existe uma celeridade na dinâmica, portanto poderá ser julgado mesmo que a 
ação não seja a adequada. 
 
“Art. 920 - A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará 
a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente 
àquela, cujos requisitos estejam provados.” 
 
Características das ações possessórias: cumulatividade 
Cumulatividade (art. 921, CPC): 
Você pode cumular outros pedidos: ação indenizatória; multas diárias previstas 
no caso de novo esbulho ou turbação; devolução no mesmo estado anterior. 
 
“Art. 921 - É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
II - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; 
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua 
posse.” 
 
Defesa da posse e da propriedade 
Os interditos possessórios só poderão ser utilizados pelo proprietário que 
seja também possuidor do bem. Aquele que possui o título do domínio, mas 
não exerce de fato a posse sobre o bem será legitimado, apenas, a ajuizar ação 
reivindicatória, de rito comum ordinário, chamada de Ação de Imissão na 
Posse, que seguirá as regras gerais do Código de Processo Civil. 
 
Alguns proprietários, mesmo sem nunca terem exercido poder físico sobre a 
coisa, passam a ser possuidores indiretos do bem com a colocação da Clausula 
Constituti, no contrato de compra e venda. O CONSTITUTO POSSESSÓRIO 
será utilizado quando o vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, 
conserva-a em seu poder, mas agora na condição ou qualidade de possuidor 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 26 
direto e o adquirente transforma-se em possuidor indireto. A “clausula 
constituti” não se presume. O novo adquirente, então, se torna legitimado a 
utilizar os Interditos Possessórios, pois passa a ter a qualidade de possuidor 
indireto. 
 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, acesse o 
vídeo disponível em nossa galeria de vídeos. 
 
 
Referências 
CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil. Código Civil Brasileiro – Lei 
nº 10.406/02. 
FARIAS, CristianoChaves; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 5. ed. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Saraiva , 2010. v. 5. 
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das coisas. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2010. 
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: 
Forense. v. 4. 
ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Direito das Coisas. 4. ed. São Paulo: Método, 
2012. v. 4. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. v. 5. 
VIANA, Marco Aurelio S. Curso de Direito Civil. Direito das Coisas. 1. ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008. 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 27 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - Primeira Fase 
Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o 
passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da 
propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre 
o tamanho atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que 
deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao 
mesmo tempo, Antônio também começou a notar diferenças em seu terreno na 
margem do rio. Ambos questionam se não deveriam receber alguma 
indenização do outro. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos 
trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando 
indenização a ninguém. 
b) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário 
do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou. 
c) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida 
pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após 
o período de um ano. 
d) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro 
a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de 
trabalho. 
 
Questão 2 
VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros 
Assinale a alternativa incorreta a respeito da aquisição da propriedade imóvel: 
a) O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial 
do registro, e este o prenotar no protocolo. 
b) A aquisição causa mortis não depende de registro do título. 
c) A presunção que decorre do registro do título translativo não é absoluta, 
podendo ser objeto de anulação. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 28 
d) Não é possível cancelar o registro em prejuízo do terceiro adquirente de boa-
fé. 
 
Questão 3 
VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase 
São formas de aquisição da propriedade imóvel, exceto: 
a) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos 
trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando 
indenização a ninguém. 
b) A usucapião. 
c) A adjunção. 
d) O registro do título. 
e) A formação de ilhas. 
 
Questão 4 
FCC - 2014 - Câmara Municipal de São Paulo - SP - Procurador Legislativo 
Em relação à propriedade, considere as afirmações abaixo: 
I. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade ou 
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
II. A propriedade presume-se de modo absoluto plena e exclusiva. 
III. A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos 
minerais. 
Está correto o que se afirma em: 
a) II e III, apenas 
b) I, II e III 
c) I, II e III 
d) I e III, apenas 
e) I e II, apenas 
f) I, apenas 
 
Questão 5 
FCC - 2013 - SEFAZ-SP - Agente Fiscal de Rendas - Gestão Tributária - Prova 2 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 29 
Em relação ao uso e gozo da propriedade: 
a) São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, 
ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
b) A propriedade é presumida em condomínio, salvo prova em contrário. 
c) A propriedade do solo abrange o subsolo, mas não o espaço aéreo 
correspondente. 
d) A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, 
bem como os potenciais de energia hidráulica. 
e) Somente o proprietário que seja também possuidor direto do bem pode 
buscar reavê-lo de quem quer que injustamente o possua ou detenha. 
 
Questão 6 
FGV - 2008 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas 
Analise as afirmativas a seguir: 
I. A reintegração de posse deve ser pedida toda vez que o poder de fato sobre 
a coisa for turbado. 
II. O interdito proibitório representa uma ordem para fazer cessar a ameaça 
sobre a posse. 
III. A autotutela da posse é possível de forma moderada e com os meios 
necessários. 
IV. A ação de manutenção de posse velha não permite a concessão de liminar. 
V. A tutela da posse no direito brasileiro requer a existência do elemento 
subjetivo. 
Assinale: 
a) Se somente as afirmativas I, II e V estiverem corretas 
b) Se somente as afirmativas I, III e IV estiverem corretas 
c) Se somente as afirmativas II, IV e V estiverem corretas 
d) Se somente as afirmativas II, III e IV estiverem corretas 
e) Se somente as afirmativas III, IV e V estiverem corretas 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 30 
Questão 7 
MPE-MS - 2011 - MPE-MS - Promotor de Justiça 
Assinale a alternativa correta: 
a) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, 
em virtude de direito pessoal, ou real, anula a indireta, de quem aquela foi 
havida. 
b) O CC/2002, considera o constituto possessório como forma de aquisição da 
posse de coisa imóvel. 
c) O fâmulo da posse acha-se em relação de dependência para com aquele em 
cujo nome detém a coisa. Não tem direito à proteção possessória. Pode ser 
compelido à desocupação, no interdito possessório ajuizado por quem tenha 
efetiva posse do bem. 
d) O ato de transformação das sociedades depende de dissolução ou liquidação, 
inclusive, o pedido de transformação não depende do consentimento de 
todos os sócios. 
e) Na sociedade limitada, se o contrato permitir administradores não sócios, a 
designação deles não dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, 
enquanto o capital não estiver integralizado. 
 
Questão 8 
FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - II - Primeira Fase 
Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta: 
a) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. 
b) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. 
c) Representa uma tradição ficta. 
d) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na 
sucessão universal. 
 
Questão 9 
CESPE - 2011 - EBC - Analista – Advocacia 
Os modos de aquisição da posse, definidos em lei, caracterizam-se como o 
poder fático, pleno ou não, sobre a coisa; entretanto, o ordenamento jurídico 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 31 
nacional assegura, igualmente, a possibilidade de obtenção desse direito pela 
ocorrência de fato jurídico, como, por exemplo, pela morte do autor da 
herança, em virtude do princípio da saisine, que confere a transmissão da 
posse, ainda que indireta, aos herdeiros, independentemente de qualquer outra 
circunstância. 
a) Certo 
b) Errado 
 
Questão 10 
UEG - 2008 - PC-GO - Delegado de Polícia 
Historicamente, a posse tem reconhecimento e tutela nos diversos 
ordenamentos jurídicos. Essa tutela é mais ou menos ampla e dotada de 
diferentesinstrumentos conforme os princípios informadores da ordem jurídica 
em que vigem.Considerando o sistema brasileiro de defesa da posse, é 
CORRETO afirmar: 
a) A reintegração de posse é garantida por ação de força turbativa para corrigir 
as agressões à posse e eliminar a incerteza da turbação cometida. 
b) A reintegração da posse é garantida pela ação de força espoliativa que visa 
corrigir a agressão que faz cessar a posse. 
c) A manutenção da posse, garantida pelo interdito proibitório, não pode ser 
utilizada por quem tem posse viciosa. 
d) A manutenção da posse é garantida pela ação de força espoliativa que tem 
por fim eliminar a incerteza jurídica provocada pela turbação cometida. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - A 
Justificativa: Artigo 1.250 do Código Civil - Os acréscimos formados, sucessiva e 
imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 32 
correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos 
marginais, sem indenização. 
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de 
proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de 
cada um sobre a antiga margem. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: Artigo 1.247 do Código Civil - Se o teor do registro não exprimir a 
verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o 
imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. 
 
Questão 3 - B 
Justificativa: Adjunção é forma de aquisição da propriedade móvel Código Civil - 
CC - L-010.406-2002 - Parte Especial - Livro III - Do Direito das Coisas - Título 
III -Da Propriedade - Capítulo III - Da Aquisição da Propriedade Móvel - Seção 
VI - Da Confusão, da Comissão e da Adjunção. 
 
Questão 4 - F 
Justificativa: Artigo 1228 do Código Civil - § 2º São defesos os atos que não 
trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados 
pela intenção de prejudicar outrem. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: Artigo 1228 do Código Civil - § 2º São defesos os atos que não 
trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados 
pela intenção de prejudicar outrem. 
 
Questão 6 - D 
Justificativa: Artigo 932 do CPC. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo 
receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 33 
turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se 
comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito. 
Artigo 1.210. CC O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por 
sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, 
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
Artigo 924.CPC Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de 
posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da 
turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, 
contudo, o caráter possessório. 
 
Questão 7 - C 
Justificativa: Artigo 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em 
relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve 
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que 
prove o contrário. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: O CONSTITUTO POSSESSÓRIO será utilizado quando o vendedor, 
transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a em seu poder, mas agora 
na condição ou qualidade de locatário. 
 
Questão 9 - A 
Justificativa: Artigo 1.196 do CC - Considera-se possuidor todo aquele que tem 
de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 34 
 
Questão 10 - B 
Justificativa: “Artigo 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em 
caso de turbação e reintegrado no de esbulho.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 35 
Introdução 
Nesta aula, estudaremos o direito real da propriedade e as limitações impostas 
pelo princípio da Função Social, o qual é constitucionalmente estabelecido no 
artigo 5º, inciso XXIII, da nossa Carta Magna. 
 
Dessa forma, será possível verificar que a propriedade não é vista apenas como 
um direito individual puro do direito privado, mas sim, como parte do direito 
público também, sendo elemento integrante do princípio que estabelece a 
Ordem Econômica. 
 
E, ainda, nesta aula, abordaremos a perda da propriedade e as principais 
controvérsias a respeito desse tema. Serão estudadas, em especial, as razões 
de perda da propriedade por descumprimento dos princípios da Função Social e 
da Ordem Econômica. 
 
Objetivo: 
1. Perceber os aspectos da Função Social da propriedade; 
2. Reconhecer as controvérsias sobre a perda da propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 36 
Conteúdo 
Princípio da função social da propriedade 
É inegável a importância que o homem dá à sua capacidade de apoderar-se de 
bens. É notório, ainda, como tal comportamento representa a exteriorização de 
poder. Porém, com o passar dos anos, verificou-se que esse direito não mais 
poderia ser exercido de qualquer forma. 
 
Diante do cenário de enorme desequilíbrio econômico, observa-se um mundo 
em que a riqueza é concentrada nas mãos de poucos, enquanto a maior parte 
da população vive em completa miséria, sem um mínimo que sustente a 
dignidade da pessoa. 
 
Assim, as Constituições datadas do século XX assumiram, em sua grande 
maioria, a responsabilidade de amenizar a desigualdade social imposta pelo 
mundo moderno às populações nos últimos tempos. Tal fenômeno se originou 
no México, em 1917, que reconheceu, pela primeira vez, a Função Social da 
Propriedade no artigo 27 de sua Constituição: 
 
"A Nação terá, a todo tempo, o direito de impor à propriedade privada as 
determinações ditadas pelo interesse público (...)”. 
 
Seguindo esse entendimento, a Constituição Alemã, de 1919, trazia em seu 
artigo 153: 
 
“A propriedade obriga e o seu uso e exercício devem ao mesmo tempo 
representar uma função no interesse social”. 
 
A Função Social está ligada não apenas ao bem-estar social, mas também, à 
solidariedade, na tentativa de buscar uma sociedade mais justa nos meios de 
distribuição e gestão dos recursos econômicos. Nas palavras de Cristiano 
Chaves Farias e Nelson Rosenvald, (2008, p. 208): 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 37 
“Ou seja, a função social cria um complexo de obrigações, encargos, limitações, 
estímulos e ameaças que formatam o direito de propriedade. Cuida-se de uma 
gama variável de recursos que acaba por “empurrar” em direção à função 
social. JUDITH MARTINS-COSTA sabiamente pontua que ‘a função social exige 
a compreensão da propriedade privada já não como verdadeiro monólito 
passível de dedução nos códigos oitocentistas, mas como uma pluralidade 
complexa de situações jurídicas reais, que englobam, concomitantemente,um 
complexo de situações jurídicas subjetivas’.” 
 
Princípio da função social da propriedade na constituição de 1988 
A doutrina se espalhou e alcançou nosso diploma maior de 1988. Reconheceu a 
nossa Lei Maior que a propriedade não é um único instituto, mas sim, um 
complexo de instituições distintas, uma diversidade de propriedades com 
características próprias vistas ao longo daquele diploma legal. 
 
Propriedade Geral 
 
Propriedade Urbana 
 
Propriedade Rural 
 
Propriedade Pública 
 
Propriedade de Terras Indígenas 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XXII - é garantido o direito de propriedade;” 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 38 
“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de 
seus habitantes. 
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.” 
 
“Art. 5º XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos 
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento;” 
 
“Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de 
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, 
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula 
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir 
do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de 
reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório 
especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida 
agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de 
reforma agrária no exercício.” 
“§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações 
de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
 
Art. 185 - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu 
proprietário não possua outra; 
II - a propriedade produtiva. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 39 
Parágrafo único - A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e 
fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. 
 
Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, 
aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores.” 
 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte: 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública 
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas 
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de 
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações.” 
 
“Art. 20 - São bens da União: 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.” 
 
“Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, 
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer 
respeitar todos os seus bens. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 40 
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas 
em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as 
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, 
costumes e tradições. 
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua 
posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos 
rios e dos lagos nelas existentes. 
§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais 
energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só 
podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as 
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da 
lavra, na forma da lei. 
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os 
direitos sobre elas, imprescritíveis. 
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad 
referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que 
ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após 
deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno 
imediato logo que cesse o risco. 
§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que 
tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere 
este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos 
nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o 
que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção do direito 
à indenização ou ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às 
benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. 
§ 7º - Não se aplica às terras indígenas o disposto no Art. 174, §§ 3º e 4º.” 
 
Princípio da função social da propriedade no código civil de 2002 
O nosso ordenamento jurídico passa por um processo de constitucionalização 
do direito civil. Destarte, como a nossa lei maior contemplou, especificamente, 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 41 
o princípio da função social da propriedade, o direito civil deve ser interpretado 
conforme o que foi estabelecido na Constituição, que tem força imperativa 
normativa sobre o direito civil. 
 
O Código Civil de 2002 abandona a ideia patrimonialista adotada pelo Código de 
1916, e incorpora a concepção social e funcional da propriedade. Privilegia o 
princípio da função social da propriedade. 
 
O artigo 1.228 do atual diploma Civil exalta a funcionalidade da propriedade, 
estabelecendo limites e deveres para o exercício mais justo daquele direito. 
O parágrafo 1º do artigo supracitado explicita o princípio fundamental do meio 
ambiente sadio e equilibrado previsto no art. 225 da Constituição: 
 
“Art. 1228 - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e odireito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha. 
§1°- O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas 
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como 
evitada a poluição do ar e das águas.” 
 
“Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações.” 
 
O uso adequado da propriedade, respeitando o meio ambiente, pretende 
garantir um futuro com menos conflitos ambientais do que hoje. Afinal, grande 
parte dos problemas enfrentados na atualidade são consequências diretas do 
mau uso da propriedade. 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 42 
A consciência ambiental é incorporada com um dever para o exercício do poder 
de uso da propriedade e um limitador da propriedade privada. 
 
Dos direitos e deveres 
“Art. 1.228; § 2° - São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer 
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar 
outrem.” 
 
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 
 
“Art. 1.228; § 2° - São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer 
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar 
outrem.” 
 
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 
 
O parágrafo terceiro do mesmo artigo 1.228 trata da intervenção do Estado na 
propriedade privada, provando não ser a propriedade um direito absoluto e que 
a faculdade de dispor pode ser provocada pelo interesse da maioria. 
 
“Art. 1.228 - § 3 ° - O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de 
desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem 
como no de requisição, em caso de perigo público iminente.” 
 
Os parágrafos quarto e quinto do supracitado artigo dão poder ao magistrado 
de converter uma ação reivindicatória em indenizatória. Muitos doutrinadores 
sustentam que é uma nova forma de aquisição da propriedade e outros uma 
desapropriação proporcionada pelo judiciário em vez do legislativo. 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 43 
“§ 4° - O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel 
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por 
mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem 
realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo 
juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5° - No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização 
devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o 
registro do imóvel em nome dos possuidores.” 
 
A posse a que se refere o parágrafo quarto tem que ser aquela exercida com a 
função social de moradia, investimento ou trabalho, dando cumprimento ao 
princípio da socialidade, paradigma basilar do nosso diploma civil. A doutrina 
diverge a respeito da natureza do instituto. 
 
Alguns defendem ser uma espécie de desapropriação, o que é combatido por 
outros, que já entendem tratar-se de matéria de direito privado. Portanto, não 
podendo ter tal natureza. Há, ainda, aqueles que afirmam que é uma espécie 
de usucapião onerosa, mas encontram oponentes que sustentam que, caso a 
indenização a ser paga ao proprietário seja feita pelo adquirente, a função 
social do instituto cai por terra. 
 
A IV Jornada de Direito Civil 
A fim de proporcionar a aplicabilidade desse instituto, a IV JORNADA DE 
DIREITO CIVIL do Conselho Federal de Justiça editou enunciados sobre o tema: 
 
“304 – Art.1.228. São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do 
Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, 
mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que 
concerne às demais classificações dos bens públicos. 
 
305 – Art.1.228. Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do 
Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuação nas hipóteses 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 44 
de desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse 
público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos. 
Desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse público, 
determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos. 
 
306 – Art.1.228. A situação descrita no § 4° do art. 1.228 do Código Civil 
enseja a improcedência do pedido reivindicatório. 
 
307 – Art.1.228. Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz 
determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o 
licenciamento ambiental e urbanístico. 
 
308 – Art.1.228. A justa indenização devida ao proprietário em caso de 
desapropriação judicial (art. 1.228, § 5°) somente deverá ser suportada pela 
Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou 
agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha 
havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os 
possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do enunciado 84 da I 
Jornada de Direito Civil. 
 
309 – Art.1.228. O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do 
Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228. 
 
310 - Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 
1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no 
possessório. 
 
311 - Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e 
ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito correspondente, 
estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em 
favor dos possuidores.” 
 
 
 TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS 45 
Da aplicabilidade 
Diante desses enunciados, o instituto se tornou aplicável, pois a boa-fé exigida 
não requer a ignorância pelo possuidor de fato impeditivo da posse, como se 
aplica aos demais casos previstos em lei. Assim, seria praticamente impossível a 
sua utilização por um grande número de pessoas, como exige o artigo. 
Outro ponto esclarecedor foi a possibilidade de sua aplicação à propriedade 
pública, sendo uma exceção à regra da inalienabilidade dos bens públicos e 
informando que somente poderão ser utilizados para aquisição de bens 
dominicais. 
 
Vale ressaltar que a indenização prevista no artigo 1.228, parágrafo quinto do 
Código Civil, é devida por aquele que irá adquirir a propriedade conforme 
enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil CFJ, excepcionalmente quando o 
adquirente não possuir renda suficiente para arcar com a indenização e tenha 
havida intervenção do Estado no processo, ou ainda esteja no contexto de 
políticas públicas e fins de reforma agrária, a Administração Pública que 
custeará a indenização devida ao proprietário do bem. 
 
“84 – Art. 1.228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no 
interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser arguida 
pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento 
da indenização.”

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