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TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 1 
Apresentação ................................................................................................................................ 8 
Aula 1: Bases da Teoria do Negócio Jurídico ............................................................................... 10 
 ........................................................................................................................... 10 Introdução
 .............................................................................................................................. 10 Conteúdo
Constituições .................................................................................................................... 10 
Constituições .................................................................................................................... 11 
Código Civil de 1916 ........................................................................................................ 12 
Justiça Social .................................................................................................................... 13 
Princípio da isonomia ..................................................................................................... 14 
Constituição Federal de 1988 ........................................................................................ 15 
Apelação Cível .................................................................................................................. 16 
Relação do consumo ...................................................................................................... 17 
Recurso Especial nº 1.194.627-RS ................................................................................. 17 
Qualidade intrínseca ....................................................................................................... 18 
Declaração ........................................................................................................................ 20 
Papel da Jurisprudência ................................................................................................. 20 
Ordenamento jurídico .................................................................................................... 20 
Princípio da autonomia .................................................................................................. 21 
Autonomia privada .......................................................................................................... 21 
Teoria da imprevisão ...................................................................................................... 22 
Princípio da conservação ............................................................................................... 23 
Contratos ........................................................................................................................... 23 
Direito privado .................................................................................................................. 24 
Informativo nº 492 do STJ ............................................................................................. 24 
Recurso Especial nº 1.321.655-MG ............................................................................... 25 
STJ – Superior Tribunal de Justiça............................................................................... 25 
Recurso Especial nº 1.132.943-PE ................................................................................. 26 
Cláusulas ........................................................................................................................... 26 
Distrato .............................................................................................................................. 26 
Modelo individualista-liberal ......................................................................................... 27 
Conclusão ......................................................................................................................... 27 
Atividade proposta .......................................................................................................... 27 
........................................................................................................................... 28 Referências
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 2 
 ......................................................................................................... 29 Exercícios de fixação
Notas ........................................................................................................................................... 33 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 33 
 ..................................................................................................................................... 33 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 33 
Aula 2: Boa-Fé Objetiva ............................................................................................................... 36 
 ........................................................................................................................... 36 Introdução
 .............................................................................................................................. 36 Conteúdo
Lealdade contratual ......................................................................................................... 36 
Boa-fé subjetiva ............................................................................................................... 37 
Ordenamento jurídico .................................................................................................... 37 
Intérprete jurídico ............................................................................................................ 38 
Contratos de adesão ....................................................................................................... 38 
Renúncia antecipada ....................................................................................................... 39 
Direito de sequela ............................................................................................................ 39 
Súmula ............................................................................................................................... 39 
Função social do contrato ............................................................................................. 40 
Conduta leal ...................................................................................................................... 40 
Intenção ............................................................................................................................. 41 
Violação positiva do contrato ....................................................................................... 41 
Aplicação da violação positiva ...................................................................................... 42 
Deveres anexos ................................................................................................................ 43 
Contorno jurídico ............................................................................................................ 43 
Funções da boa-fé objetiva ........................................................................................... 44 
Boa-fé objetiva x boa-fé subjetiva ................................................................................ 45 
Jurisprudencialização do direito .................................................................................. 46 
Jurisprudência ..................................................................................................................46 
Transmissão das obrigações ......................................................................................... 47 
Tribunais estaduais .......................................................................................................... 48 
Dever de lealdade ............................................................................................................ 49 
Segunda seção do STJ .................................................................................................... 49 
Informativos do STJ ........................................................................................................ 50 
Conduta de lealdade ....................................................................................................... 50 
Contratos ........................................................................................................................... 52 
Ordenamento jurídico nacional ................................................................................... 52 
Desfazimento da pactuação .......................................................................................... 53 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 3 
Vício redibitório ................................................................................................................ 53 
Diploma civil ..................................................................................................................... 54 
Informativo 506 do STJ .................................................................................................. 54 
Garantia contratual .......................................................................................................... 54 
Dever anexo de lealdade ................................................................................................ 55 
Ascendente e descendente ........................................................................................... 55 
Conclusão ......................................................................................................................... 56 
Atividade proposta .......................................................................................................... 57 
........................................................................................................................... 57 Referências
 ......................................................................................................... 57 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 62 
 ..................................................................................................................................... 62 Aula 2
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 62 
Aula 3: Função Social do Contrato .............................................................................................. 65 
 ........................................................................................................................... 65 Introdução
 .............................................................................................................................. 66 Conteúdo
Função social do contrato ............................................................................................. 66 
Direito civil-constitucional ............................................................................................. 66 
Eficácia interna e externa ............................................................................................... 66 
Função socioambiental do contrato ............................................................................ 70 
Institutos jurídicos ........................................................................................................... 71 
Código Civil brasileiro ..................................................................................................... 71 
Cláusula solve et repete ................................................................................................. 72 
Sistema jurídico ................................................................................................................ 73 
Enriquecimento sem causa ........................................................................................... 73 
Contrato de comodato ................................................................................................... 74 
Obrigações indivisíveis ................................................................................................... 75 
Cessão de crédito ............................................................................................................ 76 
Pagamento indevido ....................................................................................................... 76 
Tribunais brasileiros ........................................................................................................ 78 
Tipos de contratos ........................................................................................................... 78 
Denunciação da lide ....................................................................................................... 79 
Dação em pagamento .................................................................................................... 80 
Teoria do adimplemento substancial .......................................................................... 80 
Conclusão ......................................................................................................................... 81 
Atividade proposta .......................................................................................................... 81 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 4 
........................................................................................................................... 82 Referências
 ......................................................................................................... 82 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 87 
 ..................................................................................................................................... 87 Aula 3
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 87 
Aula 4: Institutos da boa-fé objetiva ........................................................................................... 89 
 ........................................................................................................................... 89 Introdução
 .............................................................................................................................. 90 Conteúdo
Contextualização ............................................................................................................. 90 
Abuso de direito – Conceito ......................................................................................... 90 
Abuso de direito – Controle preventivo e repressivo............................................... 91 
Venire contra factum proprium – Conceito .............................................................. 92 
Venire contra factum proprium – Jurisprudência .................................................... 92 
Obrigação de dar coisa incerta ..................................................................................... 93 
Não declaração de nulidade de contrato de compra e venda ............................... 94 
Promessa de doação .......................................................................................................96 
Duty to mitigate the loss ................................................................................................ 97 
A função de integração da boa-fé objetiva ................................................................ 98 
Supressio e surrectio ..................................................................................................... 100 
Supressio e surrectio – Código civil ........................................................................... 101 
Tu quoque ....................................................................................................................... 102 
Atividade proposta ........................................................................................................ 103 
......................................................................................................................... 104 Referências
 ....................................................................................................... 104 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 108 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 108 
 ................................................................................................................................... 108 Aula 4
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 108 
Aula 5: Formação dos contratos eletrônicos ............................................................................ 111 
 ......................................................................................................................... 111 Introdução
 ............................................................................................................................ 111 Conteúdo
Conceito de contrato .................................................................................................... 111 
Características do contrato .......................................................................................... 112 
Fases da formação contratual ..................................................................................... 112 
Fase de negociações preliminares ou de puntuação ............................................. 113 
Fase de proposta, policitação ou oblação ................................................................ 114 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 5 
Proposta entre ausentes e presentes ......................................................................... 115 
Fase de contrato preliminar ......................................................................................... 115 
Fase de contrato definitivo .......................................................................................... 117 
Contextualização sobre a formação do contrato pela via eletrônica ................. 118 
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos eletrônicos ..... 118 
Formação do contrato pela via eletrônica ................................................................ 120 
A visão jurisprudencial acerca dos contratos eletrônicos ..................................... 120 
Atividade proposta ........................................................................................................ 123 
......................................................................................................................... 124 Referências
 ....................................................................................................... 124 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 129 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 129 
 ................................................................................................................................... 129 Aula 5
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 129 
Aula 6: Revisão judicial dos contratos ....................................................................................... 131 
 ......................................................................................................................... 131 Introdução
 ............................................................................................................................ 132 Conteúdo
Revisão judicial dos contratos ..................................................................................... 132 
Quando há um conflito de interpretação de cláusulas .......................................... 133 
Diante da abusividade de cláusulas contratuais ...................................................... 134 
O que o juiz pode fazer diante da abusividade de cláusulas contratuais 
considerando a função social do contrato? ................................................................. 134 
Quando ocorre fato imprevisível ................................................................................ 135 
Fato imprevisível – aplicação pelo judiciário ........................................................... 136 
Onerosidade excessiva ................................................................................................. 137 
Necessidade de o fato ser imprevisível ..................................................................... 137 
Análise jurisprudencial .................................................................................................. 138 
Inadimplemento obrigacional e inexecução voluntária do negócio jurídico ... 139 
Execução forçada nas obrigações de dar coisa certa ............................................. 139 
Pagamento de astreintes .............................................................................................. 141 
Pagamento das perdas e danos .................................................................................. 143 
Cláusula penal ................................................................................................................ 144 
Cláusula penal – Comodato ........................................................................................ 146 
Contrato de doação ...................................................................................................... 147 
Atividade proposta ........................................................................................................ 150 
......................................................................................................................... 150 Referências
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 6 
 ....................................................................................................... 150 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 155 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 155 
 ................................................................................................................................... 155 Aula 6
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 155 
Aula 7: Direito contratual e Direito obrigacional ...................................................................... 159 
 .........................................................................................................................159 Introdução
 ............................................................................................................................ 160 Conteúdo
Conceito de contrato .................................................................................................... 160 
Direito à moradia ........................................................................................................... 160 
Direito à saúde ............................................................................................................... 164 
Direito fundamental - entrega de diploma ............................................................... 165 
Tutela jurisdicional ........................................................................................................ 165 
Abandono afetivo .......................................................................................................... 166 
Abandono afetivo - STJ ................................................................................................ 168 
Atividade proposta ........................................................................................................ 169 
......................................................................................................................... 170 Referências
 ....................................................................................................... 170 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 175 
 ................................................................................................................................... 175 Aula 7
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 175 
Aula 8: Relações de consumo .................................................................................................... 178 
 ......................................................................................................................... 178 Introdução
 ............................................................................................................................ 179 Conteúdo
Conceito e classificação do contrato ........................................................................ 179 
Contrato de adesão ....................................................................................................... 180 
Artigo 54 do CDC – parágrafo 2º ............................................................................... 181 
Artigo 54 do CDC – parágrafo 3º ............................................................................... 182 
Artigo 54 do CDC – parágrafo 4º ............................................................................... 184 
Artigo 51 do CDC ........................................................................................................... 186 
Onerosidade excessiva ................................................................................................. 189 
Descumprimento de cláusula contratual – plano de saúde ................................. 190 
Abuso do direito – renovação de contrato .............................................................. 190 
Atividade proposta ........................................................................................................ 192 
......................................................................................................................... 192 Referências
 ....................................................................................................... 193 Exercícios de fixação
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 7 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 198 
 ................................................................................................................................... 198 Aula 8
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 198 
Conteudista ............................................................................................................................... 200 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 8 
 
É possivel afirmar que, na sociedade atual, o contrato se corporifica como o 
maior negócio jurídico. Dessa maneira, a apreensão, tanto de sua base 
principiológica, quanto de sua formação, torna-se um verdadeiro diferencial aos 
operadores do direito. 
 
O atual Direito Civil vem incorporando o fenômeno de constitucionalização aos 
seus institutos, modificando os critérios de interpretação e aplicação do negócio 
jurídico. Nesse sentido, o Código Civil de 2002 já não é mais concebido como 
um diploma patrimonialista e individualista, mas sim social. 
 
O direito civil-constitucional é materializado, por meio do exercício 
jurisprudencial, a partir da aplicação dos princípios da boa-fé objetiva e da 
função social do contrato aos casos concretos. 
 
Esses princípios, atualmente, devem ser levados em consideração, diante da 
revisão judicial dos contratos, da formação dos contratos pela via eletrônica e 
pela via consumerista, além de determinarem a preservação do patrimônio 
mínimo dos contratantes. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 9 
1. Compreender o negócio jurídico à luz do direito civil-constitucional, por meio 
da aplicação dos princípios constitucionais às relações contratuais; 
 
2. Analisar a formação dos contratos, sua revisão judicial e a preservação do 
patrimônio mínimo dos contratantes; 
 
3. Observar a relação existente entre os contratos civis e os contratos 
consumeristas; 
 
4. Definir a aplicação jurisprudencial nas obrigações e nos contratos em geral. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 10 
Introdução 
É possível afirmar que, na sociedade atual, o contrato se corporifica como o 
maior negócio jurídico, e, desta forma, a apreensão de sua base principio lógica 
se torna um verdadeiro diferencial aos operadores do direito. 
 
O atual Direito Civil vem incorporando o fenômeno de constitucionalização aos 
seus institutos, modificando os critérios de interpretação e aplicação do negócio 
jurídico. Assim, o Código Civil de 2002 já não é mais concebido como um 
diploma patrimonialista e individualista, mas, sim, social. 
 
Para tanto, a materialização dos princípios constitucionais às relações privadas, 
antes submissas ao império da autonomia privada sem limites e do seu 
correlato pacta sunt servanda, tornou-se uma realidade a partir do respeito aos 
valores da isonomia, da dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre 
outros. 
 
Objetivo: 
1. Analisar o negócio jurídico à luz do direito civil-constitucional por meio da 
aplicação da isonomia e da dignidade humana às relações contratuais; 
2. Analisar os novos contornos jurídicos do princípio da autonomia privada e do 
pacta sunt servanda nas relações contratuais. 
Conteúdo 
Constituições 
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela 
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em 
sua interpretação. 
 
Como resultado, a doutrina e a jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e 
premissas metodológicas do direito civil-constitucional, entendido, pois, 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 11 
como uma nova técnica hermenêutica, que busca aplicar os princípios e 
direitos fundamentais às relações privadas. 
 
É possível constatar, como seu objetivoprecípuo, a unificação do direito a partir 
do desiderato constitucional, consubstanciado nos valores da isonomia, da 
dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre outros. 
 
Sob a égide do direito civil-constitucional, a doutrina vem transformando as 
bases conceituais dos institutos que compõem a teoria do negócio jurídico, 
sendo a interpretação e aplicação contratuais aquelas que mais sofreram 
modificações. 
 
Assim, a imutabilidade contratual vem comportando verdadeira intromissão 
estatal, que tende a evitar o enriquecimento sem causa e a desproporção 
negocial, acarretando a nulidade das cláusulas consideradas abusivas. 
 
Constituições 
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela 
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em 
sua interpretação. 
 
Como resultado, a doutrina e a jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e 
premissas metodológicas do direito civil-constitucional, entendido, pois, 
como uma nova técnica hermenêutica, que busca aplicar os princípios e 
direitos fundamentais às relações privadas. 
 
É possível constatar, como seu objetivo precípuo, a unificação do direito a partir 
do desiderato constitucional, consubstanciado nos valores da isonomia, da 
dignidade da pessoa humana, da solidariedade, dentre outros. 
 
Sob a égide do direito civil-constitucional, a doutrina vem transformando as 
bases conceituais dos institutos que compõem a teoria do negócio jurídico, 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 12 
sendo a interpretação e aplicação contratuais aquelas que mais sofreram 
modificações. 
 
Assim, a imutabilidade contratual vem comportando verdadeira intromissão 
estatal, que tende a evitar o enriquecimento sem causa e a desproporção 
negocial, acarretando a nulidade das cláusulas consideradas abusivas. 
 
Código Civil de 1916 
É importante destacar que o Código Civil de 1916 era considerado um 
sistema jurídico individualista e patrimonialista, não se preocupando com 
direitos sociais, nem, tampouco, com os direitos de personalidade. 
 
A própria origem do direito civil perpassa pelos direitos de propriedade, 
consagrados pela ideologia burguesa de acumulação de riquezas e 
disciplinamento detalhado do dever-ser. 
 
Dessa maneira, o direito civil moderno, inaugurado com o Código Napoleônico 
de 1804, retoma a noção romana ao fenômeno jurídico, atribuindo força plena 
à vontade e à impessoalidade do vínculo. Na presente perspectiva, o indivíduo é 
concebido como sujeito de direito e detentor de liberdade volitiva para poder 
gozar dos institutos da propriedade e do contrato. 
 
O autor italiano De Cupis criticou tal concepção, observando a configuração de 
interesses relacionados ao indivíduo, que são suscetíveis de proteção jurídica, 
e, de fato, são mais merecedores de tutela que os bens econômicos. 
 
Ao inverter a visão clássica da sociedade civil, o autor desloca a 
pessoa humana para o centro do universo jurídico. 
 
Com isso, foi constituída a unidade conceitual de situações jurídicas subjetivas 
acerca dos direitos de personalidade, em um momento de total ausência do 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 13 
direito privado em matéria de proteção dos direitos relacionados ao indivíduo, 
ainda como consequência do caráter patrimonial do ordenamento jurídico. 
 
Justiça Social 
O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada do 
ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio da 
autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva 
aos negócios jurídicos. 
 
Dessa forma, o presente diploma foi alçado a uma posição de norma regulatória 
geral das relações privadas, não excluindo a legislação específica 
(microssistemas que visam a proteção da parte hipossuficiente, como o Código 
de Defesa do Consumidor), nem a aplicabilidade da interpretação constitucional 
às situações que disciplina. 
 
Assim, por meio da técnica hermenêutica denominada diálogo das fontes, 
busca-se a harmonização entre as diversas normas do sistema jurídico nacional. 
 
Dentro da presente concepção social da obrigação, esta passa a ser 
entendida como um processo de cooperação contínuo e efetivo entre credor e 
devedor, segundo a doutrina alemã, na tentativa de mitigar a subordinação do 
devedor ao credor ao redirecionar-se o olhar para o adimplemento mais 
satisfatório ao credor e menos oneroso ao devedor. Importante destacar que a 
responsabilidade do devedor restringe-se ao seu patrimônio, nos moldes do 
Artigo 391 do CC. 
 
A fim de ilustrar o fato de que a responsabilidade do devedor restringe-se 
ao seu próprio patrimônio, cabível citar decisão prolatada no Recurso 
Especial nº 1.130.742-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
1º/10/2013. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 14 
Para a Quarta Turma do STJ, não cabe prisão civil do inventariante em razão do 
descumprimento do dever do espólio de prestar alimentos, uma vez que a 
restrição da liberdade constitui sanção de natureza personalíssima, não 
podendo recair sobre terceiro, estranho ao dever de alimentar. Como é sabido, 
a prisão civil somente pode ser imposta ao devedor de alimentos, nos moldes 
do Artigo 733, §1°, do CPC. 
 
Ainda consta da decisão a possibilidade que tem o próprio herdeiro em requerer 
ao juízo, durante o processamento do inventário, a antecipação de recursos 
para a sua subsistência, podendo o magistrado conferir eventual adiantamento 
de quinhão necessário à sua mantença, dando, assim, efetividade ao direito 
material da parte pelos meios processuais cabíveis, sem que se ofenda, para 
tanto, um dos direitos fundamentais do ser humano: a liberdade. 
 
O inventariante é considerado um terceiro estranho na relação entre exequente 
e executado, configurando constrangimento ilegal à possibilidade de prisão. O 
referido é apenas um auxiliar do juízo, nos moldes do Artigo 139 do CC, não 
podendo ser civilmente preso pelo descumprimento de seus deveres, mas, sim, 
destituído por um dos motivos do Artigo 995 do CC. 
 
Princípio da isonomia 
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o 
princípio da isonomia. 
 
Por isonomia, entende-se que todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, conforme Artigo 5º da Constituição Federal. 
 
Na tentativa de apreender seus parâmetros, que, uma vez violados, geram 
ofensa à igualdade, Bandeira de Melo enumera: primeiro, o elemento tomado 
como fator de desigualação; segundo, a correlação lógica abstrata existente 
entre o fator erigido em critério de discrímen e a disparidade estabelecida no 
tratamento jurídico diversificado; e, por último, a consonância desta correlação 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 15 
lógica com os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte 
juridicizados. 
 
Interessante discussão acerca da aplicação do princípio da isonomia às relações 
privadas envolve a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras, 
pois existe verdadeira disparidade estabelecida no tratamento jurídico 
concebido aos bancos em relação aos particulares. 
 
No atual cenário jurídico, vem prevalecendo o entendimento trazido pela 
Súmula nº 596, de 15/12/1976, do STF: “As disposições do Decreto 
22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos 
cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que 
integram o sistema financeiro nacional”. 
 
Constituição Federal de 1988 
É de se perceber que a referida súmula foi concebida antesda Constituição 
Federal de 1988, o que corrobora o entendimento por sua não incidência às 
relações contratuais. 
 
A Constituição da República é clara ao elencar, dentre os seus valores 
fundamentais, a isonomia, sendo oportuno questionar a razão que exclui das 
limitações da Lei de Usura as instituições bancárias. 
 
Assim, se um particular quiser emprestar um determinado valor a outro sujeito 
por meio de contrato de mútuo feneratício, nos moldes do Artigo 591 do 
CC, deverá respeitar a limitação imposta pelo Artigo 1º da Lei de Usura 
(Decreto nº 22.626/33), mas o mesmo não se aplica aos bancos, que, desta 
maneira, podem fixar a taxa de juros compensatórios que bem lhes 
aprouverem. Importante esclarecer a existência de divergência jurisprudencial a 
esse respeito, e a tendência majoritária pela continuidade de aplicação da 
Súmula nº 596 do STF. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 16 
Apelação Cível 
Segundo a Apelação Cível nº 195.023.114, Rel. Darci Waccholz, 1º Grupo 
Cível do TARGS, a Súmula nº 596 não pode ser aplicada segundo seus 
fundamentos, pois feriu o princípio da isonomia ao reconhecer privilégio 
desproporcional em favor das instituições financeiras ao estabelecer, sem uma 
relevante razão, diferenças entre as pessoas, além de a referida súmula 
encontrar-se desatualizada. 
 
Porém, a aplicabilidade da Súmula nº 596 constitui entendimento majoritário na 
jurisprudência brasileira, como consta do seguinte julgado do STJ: 
 
Outra discussão que envolve a mesma matéria se relaciona ao fato de que fere 
a isonomia o comportamento dos bancos, ao remunerarem, de forma 
desproporcional, as atividades que realiza. 
 
Porque, ao depositar em poupança, o sujeito é remunerado com uma taxa 
baixa e, ao contratar um financiamento com o mesmo banco, o sujeito é 
obrigado a desembolsar uma taxa exorbitante? A Súmula nº 297 do STJ 
determina: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições 
financeiras”. 
 
Assim, no mesmo tribunal, apresentam-se decisões antagônicas, já que não se 
estabelece um limite às atividades realizadas pelas instituições financeiras, mas 
seus clientes gozam, em tese, do conjunto protetivo disciplinado pelo CDC. 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO 
BANCÁRIO. AFASTAMENTO DA LIMITAÇÃO DOS JUROS 
REMUNERATÓRIOS EM 12% AO ANO. INAPLICABILIDADE, NO CASO, 
DA LEI DE USURA. INCIDÊNCIA DA LEI Nº 4.595 /64 E DA SÚMULA 
596/STF. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Nos termos da pacífica 
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, os juros remuneratórios 
cobrados pelas instituições financeiras não sofrem a limitação imposta pelo 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 17 
Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura), a teor do disposto na Súmula 596/STF, 
de forma que a abusividade da pactuação dos juros remuneratórios deve ser 
cabalmente demonstrada em cada caso, com a comprovação do desequilíbrio 
contratual ou de lucros excessivos, sendo insuficiente o só fato de a estipulação 
ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade inflacionária no período. 2. 
Agravo regimental improvido. (grifos nossos). 
 
Relação do consumo 
Segundo o STJ 
No que diz respeito à relação de consumo, segundo o próprio STJ, configura 
hipótese de violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, as cláusulas contratuais que 
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé 
ou a equidade. 
 
Artigo 51 
Nesse contexto, cabe ressaltar o disposto no Artigo 51, §1º, III, do CDC, que 
presume ser exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente onerosa 
para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o 
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares do caso”. Como 
resultado, devem ser tais cláusulas declaradas nulas de pleno direito, uma vez 
que violam o ordenamento jurídico civil-constitucional. 
 
Recurso Especial nº 1.194.627-RS 
Já no Recurso Especial nº 1.194.627-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 
1º/12/2011, a turma julgadora entendeu pela aplicação do Código de Defesa do 
Consumidor à relação contratual de mútuo estabelecida pelas partes com a 
instituição financeira para compra de ações da Copesul. 
 
Nesse contexto, o que se ventilava na ação não era a redução da taxa de juros 
compensatórios, mas, sim, a declaração de nulidade da cláusula de eleição de 
foro contratualmente pactuada. 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 18 
 
Para o Min. Relator, o simples fato de os recorrentes, pessoas físicas, terem 
utilizado o financiamento obtido junto à instituição financeira para investimento 
em ações não desnatura a relação de consumo estabelecida entre as partes. 
 
Somente se afastaria a figura do destinatário final daquele que contrai mútuo 
com instituição financeira caso ele se dedicasse à atividade financeira, valendo-
se da quantia obtida para reemprestá-la, cobrando juros de terceiros. 
 
Portanto, deve-se afastar a validade da cláusula de eleição, prevalecendo o foro 
do domicílio do consumidor para processamento e julgamento da demanda em 
que se discute a validade do contrato de financiamento. 
 
Qualidade intrínseca 
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o 
Princípio da Dignidade Humana. Segundo Sarlet, dignidade da pessoa humana 
pode ser entendida como: 
 
 
 
Qualidade 
A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o faz merecedor do 
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, 
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais 
que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante 
e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas 
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e 
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com 
os demais seres humanos. 
 
Relações privadas 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 19 
Aplicar a dignidade da pessoa humana às relações privadas é tarefa recorrente 
no atual ordenamento jurídico por meio da jurisprudência. No Recurso 
Especial nº 1.324.712-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
24/9/2013, o STJ decidiu ser incabível a exigência de caução para atendimento 
médico-hospitalar emergencial. Dessa forma, o Tribunal Superior vem 
materializando o valor jurídico-constitucional da dignidade aos contratos de 
prestação de serviços médicos, afastando a constituição de garantia para 
tratamento emergencial, mesmo que a mencionada caução tenha sido pactuada 
entre as partes ou seus familiares. 
 
 
Atenção 
 O Superior Tribunal de Justiça, antes da vigência da Lei nº 
12.653/2012, já havia se manifestado no sentido de que é dever 
do estabelecimento hospitalar, sob pena de responsabilização 
cível e criminal, da sociedade empresária e prepostos, prestar o 
pronto atendimento. Com a superveniente vigência da Lei nº 
12.653/2012, que veda a exigência de caução e de prévio 
preenchimento de formulário administrativo para a prestação de 
atendimento médico-hospitalar premente, a solução para o caso 
é expressamente conferida por norma de caráter cogente. 
 
Negócios jurídicos 
Também constitui aplicação da dignidade humana aos negócios jurídicos, a 
determinação de que o Estado, em todas as suas esferas de poder, deve 
assegurar às crianças e aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à 
vida e à saúde, fornecendo gratuitamente o tratamento médico cuja família não 
tem condições de custear. Assim, há responsabilidadesolidária, estabelecida 
nos Artigos 196 e 227 da Constituição Federal e Artigo 11, §2º, do ECA, 
podendo o autor da ação exigir, em conjunto ou separadamente, o 
cumprimento da obrigação por qualquer dos entes públicos, 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 20 
independentemente da regionalização e hierarquização do serviço público de 
saúde. 
 
Declaração 
De outra sorte, nos Embargos de Declaração no Agravo nº 1.023.858-RJ, 
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2008, o STJ afastou a interpretação 
civil-constitucional ao possibilitar a penhora do único bem de família do fiador, 
nos moldes do Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990. 
 
O Min. Relator destacou que a orientação divergente de Tribunal 
estadual não tem o condão de afastar o entendimento predominante 
nos Tribunais Superiores no sentido de ser penhorável o imóvel 
familiar do fiador em contrato de locação. 
 
Papel da Jurisprudência 
Em conclusão, foi possível perceber o papel da jurisprudência diante da 
interpretação e aplicação dos princípios constitucionais às relações contratuais, 
com destaque para a isonomia e a dignidade da pessoa humana. 
 
Assim, por meio da análise de casos concretos, foi constatada a tendência ao 
dirigismo contratual por parte do Estado, mas sem esvaziar por completo a 
autonomia privada, inerente aos negócios jurídicos modernos. 
 
Ordenamento jurídico 
Como analisado anteriormente, o ordenamento jurídico civilista estrutura-se no 
Estado Democrático de Direito, inaugurado com a Constituição Federal de 
1988, a partir de uma nova leitura acerca dos negócios jurídicos que disciplina. 
A visão tradicional de que o contrato fazia lei entre as partes (pacta sunt 
servanda) resta superada, permitindo-se, desta forma, uma maior intromissão 
estatal na autonomia das vontades, o chamado dirigismo contratual. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 21 
Tal dirigismo é a faculdade outorgada por lei ao magistrado para que este 
reveja o contrato e estabeleça condições para sua execução, fazendo com que 
cláusulas sejam impostas em substituição da declaração volitiva do contratante. 
 
Porém, isso não deve levar ao esvaziamento total do princípio da autonomia 
privada, mas, sim, à sua mitigação diante da aplicação da boa-fé objetiva e da 
função social aos negócios jurídicos, princípios corolários de uma leitura 
constitucionalizada do fenômeno privado. 
 
Dessa maneira, a função social do contrato não tem a aptidão de afastar a 
autonomia privada, tal como determinado no Enunciado 23 da I Jornada de 
Direito Civil do CJF/STJ: “a função social do contrato, prevista no Artigo 421 
do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas 
atenua ou reduz o alcance deste princípio quando presentes interesses 
metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
 
Princípio da autonomia 
Conceitua-se o princípio da autonomia privada como sendo um regramento 
básico, de ordem particular – mas influenciado por normas de ordem pública –, 
pelo qual, na formação do contrato, além da vontade das partes, entram em 
cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais. 
Trata-se do direito indeclinável de a parte autorregulamentar os seus 
interesses, decorrente da dignidade humana, mas que encontra limitações em 
normas de ordem pública, particularmente nos princípios sociais contratuais. 
 
Autonomia privada 
 
Contratos de adesão 
Com a redução da autonomia privada, o negócio jurídico paritário perdeu 
espaço social em detrimento dos contratos de adesão, que passam a 
constituir a regra geral. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 22 
Extinção dos contratos 
Apesar de tal mudança ocorrer, isto não acarreta a extinção dos contratos, 
mas, sim, a mudança de sua estrutura e conceituação. O contrato muda a sua 
disciplina, as suas funções e a sua própria estrutura segundo o contexto 
econômico-social em que está inserido. 
 
Padronização das transações 
Assim, para uma parte da doutrina, a liberdade de contratar não mais existe, 
uma vez que o contrato foi transformado em norma unilateral imposta pela 
empresa que está em situação dominante, a partir de um fenômeno conhecido 
como padronização das transações, decorrente de uma economia de 
massa. 
 
Teoria da imprevisão 
Dirigismo contratual 
É possível afirmar que, no campo intervencionista consubstanciado no dirigismo 
contratual, situa-se a teoria da imprevisão, nos moldes do Artigo 478 do CC. 
 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 23 
Desequilíbrio contratual 
Dessa forma, atingindo o plano de desequilíbrio contratual pela ocorrência de 
fato imprevisível e/ou extraordinário, o direito deverá ser acionado e a 
obrigatoriedade contratual deixada de lado. 
 
Ordenamento jurídico 
O relatado desequilíbrio possibilita a revisão ou extinção do contrato em 
respeito ao ordenamento jurídico, que não mais tolera a desproporção negocial, 
em que um se enriquece de forma desarrazoada em detrimento do 
empobrecimento de outrem. 
 
Princípio da conservação 
Como decorrência do princípio da conservação do negócio jurídico diante da 
necessidade de aplicação da teoria da imprevisão, estabelece o Enunciado 
176 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “Em atenção ao princípio 
da conservação dos negócios jurídicos, o Artigo 478 do Código Civil de 2002 
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à 
resolução contratual”. 
 
Contratos 
No Recurso Especial nº 936741/GO, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, é 
possível estabelecer uma digressão entre as várias espécies de contratos 
existentes no ordenamento jurídico pátrio. Anteriormente, foi afirmado que a 
autonomia privada vem sofrendo atenuações como decorrência do exercício 
jurisprudencial, a fim de adequar a estrutura do contrato às exigências 
constitucionais. 
 
Porém, diante de contrato de compra e venda de safra futura, não há que 
se aplicar a teoria da imprevisão em decorrência da onerosidade excessiva. 
Dessa maneira, contratos empresariais não devem ser tratados da mesma 
forma que contratos cíveis em geral ou contratos de consumo, pois, nestes, 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 24 
admite-se o dirigismo contratual; naqueles, devem prevalecer os princípios da 
autonomia da vontade e da força obrigatória dos negócios jurídicos. 
 
Direito privado 
Ainda é possível extrair do julgado que Direito Civil e Direito Empresarial, ainda 
que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios. 
Logo, o fato de o Código Civil ter submetido os contratos cíveis e empresariais 
às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam 
essencialmente iguais. A não incidência da teoria da imprevisão, nos moldes do 
Artigo 478 do CC, decorre dos seguintes argumentos: 
 
Os contratos em discussão não são de execução continuada ou diferida, mas 
contratos de compra e venda de coisa futura, a preço fixo. 
 
Alta do preço da soja não tornou a prestação de uma das partes 
excessivamente onerosa, mas apenas reduziu o lucro esperado pelo produtor 
rural. 
 
A variação cambial que alterou a cotação da soja não configurou um 
acontecimento extraordinário e imprevisível, porque ambas as partes 
contratantes conhecem o mercado em que atuam, pois são profissionais do 
ramo e sabem que tais flutuações são possíveis. 
 
Informativo nº 492 do STJ 
Assim, de acordo com o Informativo nº 492 do STJ, nos contratos aleatórios 
de compra e venda de safra futura, as variações de preço, por si só, não 
motivam a resoluçãocontratual com base na teoria da imprevisão. 
 
Ocorre que, para a aplicação dessa teoria, é imprescindível que as 
circunstâncias que envolveram a formação do contrato de execução diferida 
não sejam as mesmas no momento da execução da obrigação, tornando o 
contrato extremamente oneroso para uma parte em benefício da outra. 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 25 
 
E ainda que as alterações que ensejaram o referido prejuízo resultem de um 
fato extraordinário e impossível de ser previsto pelas partes. 
 
Recurso Especial nº 1.321.655-MG 
De outra sorte, no Recurso Especial 1.321.655-MG, Rel. Min. Paulo de 
Tarso Sanseverino, julgado em 22/10/2013, o STJ mitigou a força obrigatória 
do contrato ao estabelecer como abusiva a cláusula penal de contrato de 
pacote turístico que estabeleça, para a hipótese de desistência do consumidor, 
a perda integral dos valores pagos antecipadamente. 
 
Dessa maneira, não é possível falar em perda total dos valores pagos 
antecipadamente por pacote turístico, sob pena de se criar uma situação que, 
além de vantajosa para a empresa de turismo (fornecedora de serviços), 
mostra-se excessivamente desvantajosa para o consumidor, o que implica 
incidência do Artigo 413 do CC, segundo o qual a penalidade deve 
obrigatoriamente (e não facultativamente) ser reduzida equitativamente pelo 
juiz se o seu montante for manifestamente excessivo. 
 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
O STJ tem o entendimento de que, em situação semelhante (nos contratos de 
promessa de compra e venda de imóvel), é cabível ao magistrado reduzir o 
percentual da cláusula penal com o objetivo de evitar o enriquecimento sem 
causa por qualquer uma das partes. 
 
Além disso, no que diz respeito à relação de consumo, evidencia-se, na 
hipótese, violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, de acordo com o qual são 
nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de 
produtos e serviços que subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da 
quantia já paga, nos casos previstos neste código. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 26 
Recurso Especial nº 1.132.943-PE 
No mesmo sentido do Recurso Especial nº 1.132.943-PE, Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, julgado em 27/8/2013, que decidiu ser abusiva a cláusula de 
distrato (fixada no contexto de compra e venda imobiliária mediante 
pagamento em prestações) que estabeleça a possibilidade de a construtora 
vendedora promover a retenção integral ou a devolução ínfima do valor das 
parcelas adimplidas pelo consumidor distratante. 
 
Cláusulas 
Os Artigos 53 e 51, IV, do CDC coíbem cláusula de decaimento que determine a 
retenção de valor integral ou substancial das prestações pagas, por 
consubstanciar vantagem exagerada do incorporador. 
 
Nesse contexto, o Artigo 53 dispõe que, nos “contratos de compra e venda de 
móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas 
alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as 
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do 
credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a 
retomada do produto alienado”. 
 
Distrato 
Além disso, o fato de o distrato pressupor um contrato anterior não implica 
desfiguração da sua natureza contratual. Isso porque, nos moldes do Artigo 
472 do CC, "o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato", o que 
implica afirmar que o distrato nada mais é que um novo contrato, distinto ao 
contrato primitivo. 
 
Dessa forma, como em qualquer outro contrato, um instrumento de distrato 
poderá, eventualmente, ser eivado de vícios, os quais, por sua vez, serão 
passíveis de revisão em juízo, sobretudo no campo das relações de consumo. 
Em outras palavras, as disposições estabelecidas em um instrumento de 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 27 
distrato são, como quaisquer outras disposições contratuais, passíveis de 
anulação por abusividade. 
 
Modelo individualista-liberal 
Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido como a 
possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas 
relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios 
jurídicos, enquanto o pacta sunt servanda é concebido como o princípio que 
determina a força obrigatória dos contratos. 
 
Importante relembrar que, no modelo individualista-liberal, típico dos códigos 
oitocentistas, tais princípios eram tomados como absolutos. No entanto, na 
concepção atual do direito civil-constitucional, ocorreu sua relativização com 
vistas à melhor proteção da dignidade humana. 
 
Conclusão 
Conclui-se, portanto, que, ao surgirem questões práticas acerca da aplicação do 
princípio da autonomia privada, da liberdade e da dignidade da pessoa 
humana, deve-se privilegiar a liberdade do sujeito em detrimento dos interesses 
patrimoniais inerentes ao negócio jurídico, já que prevalece o direito 
existencial no sistema jurídico pátrio. 
 
Atividade proposta 
Leia sobre um case que aborda o conteúdo discutido nesta aula. Em seguida, 
diante do exposto, faça a analise do acórdão e identifique se há ou não 
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, diante da 
possibilidade de penhorar o único bem de família do fiador. 
 
“TJRJ - DES. MARIO ASSIS GONCALVES - Julgamento: 09/05/2012 - TERCEIRA 
CAMARA CIVEL. Embargos à execução. Fiador. Bem de família. Penhorabilidade. 
Constitucionalidade reconhecida pelo STF. O inciso VII do artigo 3º, da Lei 
8.009/90 afasta a impenhorabilidade do bem de família na hipótese de 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 28 
execução de obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
Assim, o imóvel apontado pelo exequente, ainda que seja o único, pode ser 
objeto da execução. A constitucionalidade do referido dispositivo legal foi 
declarada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento de Recurso 
Extraordinário no qual se reconheceu a existência de repercussão geral. A 
matéria é, inclusive, objeto do verbete sumular nº 63 deste Tribunal. Desta 
forma, legítima a penhora realizada sobre o bem de propriedade da fiadora. Por 
fim cumpre destacar que a fiança é uma obrigação de garantia. Nesse tipo de 
obrigação, aquilo a que se obriga o fiador é pagar a obrigação se o devedor 
não o fizer. A fiança é outra relação jurídica da qual o devedor não faz parte e 
que se estabelece entre o credor e o fiador, são duas relações jurídicas 
distintas. Há uma relação jurídica principal que se estabelece entre credor e o 
devedor e há outra relação jurídica acessória que se estabelece entre o credor e 
o fiador. Da principal o fiador não é parte, assim como da acessória é o devedor 
que não é parte. Desta forma, quitado o débito pelo fiador este se sub-roga nos 
direitos do locador, podendo executar a dívida em virtude do direito de 
regresso. Recurso ao qual se dá provimento”. 
 
Chave de resposta: À luz do direito civil-constitucional, é cabível o 
questionamento acerca da constitucionalidade do Artigo 3º, VII, da Lei nº 
8.009/90, que possibilita a penhora do único bem de família do fiador. 
Importante lembrar que a referida lei encontra fundamento na doutrina do 
patrimônio mínimo do devedor, materializando a dignidade da pessoa humana 
nas relações contratuais. É de se concluir que tal precedente acaba criando um 
ambiente inseguro ao fiador e, por conseguinte, inviabiliza a assunção desta 
responsabilidade. 
 
Referências 
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Campinas: Romana 
Jurídica, 2004. p. 121. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS29 
MELLO, Celso Antonio Bandeira. Conteúdo jurídico do princípio da 
igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. p. 21. 
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. São Paulo: Método, 2013. p. 
539. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
(Magistratura do Trabalho) 
A liberdade de contratar, segundo preceito expresso na Lei Civil, será exercida 
em razão e nos limites da função social do contrato, porque o Código Civil 
vigente traz uma maior preocupação com a dignidade da pessoa humana, 
quando visualiza o contrato como instrumento de integração do homem na 
sociedade: 
a) As duas expressões são falsas 
b) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa 
c) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira 
d) As duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira 
e) As duas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira 
 
Questão 2 
De acordo com os princípios que regem a relação contratual, identifique aquele 
que não se aplica a presente relação. 
a) Princípio da dignidade da pessoa humana 
b) Princípio da função social dos contratos 
c) Princípio da responsabilidade pessoal do devedor 
d) Princípio da boa-fé objetiva 
 
Questão 3 
O processo de mitigação dos tradicionais critérios para solucionar o conflito 
entre regras, em que se busca a harmonização entre as diversas normas do 
ordenamento jurídico ao invés do afastamento de uma delas, é denominado de: 
a) Crise dos contratos 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 30 
b) Pacta sunt servanda 
c) Dirigismo contratual 
d) Diálogo das fontes 
 
Questão 4 
É possível afirmar que o direito civil-constitucional pode ser considerado como: 
a) Uma nova técnica de hermenêutica, em que os princípios constitucionais 
deverão ser aplicados às relações privadas. 
b) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o credor deverá se 
submeter ao inadimplemento voluntário do devedor. 
c) Uma nova técnica de hermenêutica, em que se reafirma o Código Civil 
como diploma patrimonialista e individualista. 
d) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o devedor deverá se 
submeter às cláusulas determinadas pelo credor. 
 
Questão 5 
(OAB) 
Semprônio realiza contrato de locação com Terêncio, de imóvel residencial 
urbano. Para garantir a avença, intercede Esculápio na condição de fiador pelo 
período do contrato, renunciando ao benefício de ordem. No curso da avença, o 
devedor, por motivos de doença da família, deixa de quitar algumas prestações. 
Após o período de dificuldades, credor e devedor ajustam a prorrogação do 
contrato, não informando tal situação ao fiador. Diante do exposto, marque a 
alternativa correta: 
a) O fiador não será responsável, diante da prorrogação do contrato. 
b) A fiança não constitui uma das espécies de garantia locatícia. 
c) Qualquer modificação no contrato não precisa ser comunicada ao fiador. 
d) O único bem de família do fiador poderá ser penhorado, por expressa 
força de lei. 
 
Questão 6 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 31 
A possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas 
relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios 
jurídicos, constitui um dos princípios fundamentais da relação contratual. 
Aponte, dentre as alternativas abaixo, o presente princípio: 
a) Princípio da função social dos contratos 
b) Princípio da autonomia da vontade 
c) Princípio do pacta sunt servanda 
d) Princípio da conservação do negócio jurídico 
 
Questão 7 
Quanto aos princípios que regem a relação contratual, assinale a resposta 
incorreta. 
a) Autonomia da vontade é a possibilidade, oferecida e assegurada aos 
particulares, de regularem suas relações mútuas, dentro de 
determinados limites, por meio de negócios jurídicos. 
b) Função social do contrato é um princípio contratual, de ordem pública, 
pelo qual o contrato deve ser necessariamente visualizado, interpretado 
e estruturado de acordo com o contexto da sociedade. 
c) Pelo princípio da boa-fé objetiva, os contratantes estão obrigados a 
cumprir suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem 
abuso de direito, o que acarreta responsabilidade civil. 
d) A liberdade de contratar não será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato. 
 
Questão 8 
(OAB) 
Silvana, promitente compradora, celebrou instrumento de promessa de compra 
e venda de imóvel no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com Ivana, 
promitente vendedora, através de instrumento público. Durante a vigência do 
pacto, Silvana e Ivana decidiram desfazer o negócio e celebraram novo acordo 
por meio de instrumento particular, extinguindo o contrato inicial. Qual é o 
instituto jurídico pertinente? 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 32 
a) Trata-se de distrato, que deverá seguir a mesma forma exigida por lei 
para a realização do contrato. 
b) Trata-se de distrato, que não precisará seguir a mesma forma exigida 
por lei para a realização do contrato. 
c) Trata-se de resilição unilateral do contrato. 
d) Trata-se de resolução contratual. 
 
Questão 9 
José celebrou contrato de compra e venda de safra futura de soja com Antônio, 
em que ficou determinado o pagamento por toda a safra de soja do segundo, 
mesmo que esta não venha a existir. Quanto à classificação, é possível afirmar 
que: 
a) O contrato é comutativo, cabendo aplicar a teoria da imprevisão. 
b) O contrato é aleatório, cabendo aplicar a teoria da imprevisão. 
c) O contrato é comutativo, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão. 
d) O contrato é aleatório, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão. 
 
Questão 10 
(Exame da OAB – 2012) 
Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é 
aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele represente o acordo 
de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. 
Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta: 
a) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é 
lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não 
expressamente regulamentados por lei. 
b) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra 
específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a 
herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não. 
c) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato, e os 
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua 
execução, os princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 33 
estes ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso 
Código Civil. 
d) Será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver 
cláusulas ambíguas ou contraditórias. 
 
Contrato de mútuo feneratício: No presente empréstimo de bens fungíveis, 
permite-se a previsão de juros compensatórios entre os contratantes. Segundo 
o Artigo 591 do CC: “Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se 
devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a 
que se refere o Artigo 406, permitida a capitalização anual”. 
 
Juros compensatórios: Tal espécie de taxa de juros tem a finalidade de 
capitalizar o valor nominal que foi emprestado. Para os contratos pactuados 
entre pessoas físicas ou jurídicas que não exerçam atividade financeira, sua 
base normativa será a Lei de Usura. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - D 
Justificativa: O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada 
do ordenamento jurídico, apresenta mecanismosque visam atenuar o princípio 
da autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva 
aos negócios jurídicos, bem como da dignidade da pessoa humana. 
 
Questão 2 - C 
Justificativa: Conforme Artigo 391 do CC: “Pelo inadimplemento das obrigações, 
respondem todos os bens do devedor”. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 34 
Questão 3 - D 
Justificativa: Cláudia Lima Marques denomina como diálogo das fontes o 
processo de mitigação dos tradicionais critérios hermenêuticos, utilizados para 
se determinar qual norma deverá ser aplicada em dado caso concreto. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se 
influenciado pela Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação 
paradigmática em sua interpretação. Como resultado, a doutrina e a 
jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e premissas metodológicas do 
direito civil-constitucional, entendido, pois, como uma nova técnica 
hermenêutica, que busca aplicar os princípios e direitos fundamentais às 
relações privadas. 
 
Questão 5 - D 
Justificativa: Conforme Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990. 
 
Questão 6 - B 
Justificativa: Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido 
como a possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem 
suas relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios 
jurídicos. 
 
Questão 7 - D 
Justificativa: Conforme Artigo 421 do CC: “A liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. 
 
Questão 8 - A 
Justificativa: Conforme Artigo 472 do CC: “O distrato faz-se pela mesma forma 
exigida para o contrato”. 
 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 35 
Questão 9 - D 
Justificativa: Informativo nº 492 do STJ: “Nos contratos aleatórios de compra e 
venda de safra futura, as variações de preço, por si só, não motivam a 
resolução contratual com base na teoria da imprevisão”. 
 
Questão 10 - B 
Justificativa: Conforme Artigo 425 do CC: “É lícito às partes estipular contratos 
atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”; e Artigo 426 do 
CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 36 
Introdução 
É possível afirmar que na sociedade atual o contrato se corporifica como o 
maior negócio jurídico. E, dessa forma, a apreensão de sua base principiológica 
torna-se um verdadeiro diferencial aos operadores do direito. 
 
Nesse contexto, insere-se o princípio da boa-fé objetiva, a partir da 
personificação dos anseios constitucionais às relações privadas. Com isso, a 
exigência de conduta pautada na lealdade dos contratantes torna-se 
imprescindível e sua violação passa a constituir abuso de direito. 
 
Diante da jurisprudencialização do ordenamento jurídico, as decisões judiciais 
ganham importância fundamental para apreensão dos institutos de direito. 
Diante dessa premissa, convém analisar a ocorrência ou inocorrência da boa-fé 
objetiva nos casos concretos submetidos à apreciação judicial, cabendo a 
seguinte pergunta: qual é o contorno jurídico que o Poder Judiciário tem 
agregado ao referido princípio civil-constitucional? 
 
Objetivo: 
1. Analisar os elementos constitutivos do princípio da boa-fé objetiva: conceito, 
regulamentação, requisitos para aplicação, funções, deveres anexos, abuso de 
direito e violação positiva do contrato; 
2. Analisar a aplicação jurisprudencial do princípio da boa-fé objetiva e 
perceber sua ocorrência nas obrigações e nos contratos em geral. 
Conteúdo 
Lealdade contratual 
A boa-fé objetiva determina que os contratantes estão obrigados a cumprir 
suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem abuso de 
direito (Artigo 187, CC), o que acarreta responsabilidade civil, constituindo uma 
verdadeira cláusula geral, já que materializa um preceito de ordem pública. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 37 
Boa-fé subjetiva 
Com o intuito de diferenciar a boa-fé subjetiva da boa-fé objetiva, leciona 
Gonçalves, citando Martins-Costa: 
 
“Num primeiro plano, a boa-fé subjetiva implica a noção de entendimento 
equivocado, em erro que enreda o contratante (...), sendo que a situação é 
regular e essa sua ignorância escusável reside no próprio estado (subjetivo) da 
ignorância (as hipóteses de casamento putativo, da aquisição da propriedade 
alheia mediante usucapião), seja numa errônea aparência de certo ato 
(mandato aparente, herdeiro aparente, etc).” 
 
Ordenamento jurídico 
Para doutrina italiana, a boa-fé é elemento constitutivo da fattispecie liberatória 
e a sua prova cabe ao devedor. 
 
De acordo com o Enunciado nº 548 da VI Jornada de Direito Civil do 
CJF/STJ, “caracterizada a violação de dever contratual, incumbe ao devedor o 
ônus de demonstrar que o fato causador do dano não lhe pode ser imputado, 
conforme Artigos 389 e 475, CC”. 
 
Tal enunciado justifica-se no fato do ordenamento jurídico ser composto por 
regras, princípios e valores coerentes entre si, o que acarreta a imposição do 
ônus de provar ao devedor, que não foi ele quem descumpriu a obrigação, 
tanto nas hipóteses de mora e de inadimplemento, quanto nos casos de 
cumprimento imperfeito. 
 
Eventualmente, a boa-fé pode ser presumida, bastando a prova da aparência 
(Teoria da Aparência) da legitimação para receber, em relação ao credor 
putativo, nos moldes do Artigo 309 do CC. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 38 
Intérprete jurídico 
Importante destacar que se presume a boa-fé, tanto objetiva quanto subjetiva, 
nos contratos consumeristas (Artigo 47 do CDC) e nos contratos de adesão 
(Artigo 423 do CC). 
 
A complementaridade entre as duas normas deve ser materializada pelo 
intérprete jurídico, em respeito à técnica denominada diálogo das fontes, em 
que se busca a harmonização entre as diversas fontes normativas que 
compõem o ordenamento jurídico nacional. 
 
De acordo com o Enunciado nº 27 da I Jornada de Direito Civil do 
CJF/STJ: “na interpretação da cláusula geral da boa-fé objetiva, deve-se levar 
em conta o sistema do CC e as conexões sistemáticas com outros estatutos 
normativos e fatores metajurídicos”. 
 
Contratos de adesão 
A conduta de lealdade deverá ser observada, principalmente, nos contratos de 
adesão. 
 
Em breve conceituação, contrato de adesão é aquele em que uma parte, o 
estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, 
duas opções: aceitar ou não o conteúdo desse negócio (Artigos 423 e 424, CC e 
54, CDC). 
 
A consequência jurídica imposta pelo desrespeito à boa-fé objetiva em tais 
contratos é a nulidade das cláusulas abusivas; dentre elas encontra-se o pacto 
comissório real. Pelo Artigo 1.428, CC: “É nula a cláusula que autoriza o credor 
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a 
dívida não for paga no vencimento”. 
 
 
 TÓPICOS ESPECIAIS DE OBRIGAÇÕES E CONTRATOS 39 
Renúncia antecipada 
Não é possível a renúncia antecipada de direitos em contratos de adesão, nos 
moldes do art. 424 do Código Civil. 
 
Atualmente, grande parte dos contratos de financiamento é de adesão, 
contratos nos quais há, normalmente, constituição de direito real de garantia, 
como é o caso da hipoteca. 
 
Porém, a lei civil estabelece uma limitação ao credor, que não pode pactuar a 
tomada da coisa, diante do inadimplemento obrigacional no vencimento. Para 
tanto, à luz da boa-fé objetiva, necessitará de ação judicial, ou para cobrar a 
dívida, ou

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