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Peconceito Linguistico Nordestino

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O PRECONTEITO: UMA BREVE ANÁLISE DO DIALETO NORDETINO
Juliana Pereira Lima Santos
Graduanda em Pedagogia
UNEAL – Campus I
RESUMO
O seguinte trabalho apresenta uma reflexão da língua portuguesa no Brasil baseada nas variações linguísticas existentes e nos preconceitos que estas carregam. O objetivo é mostrar algumas das diversidades linguísticas, nesse caso com ênfase na variação regional nordestina, buscando fazer uma contextualização a fim de exemplificar e explicar o motivo da existência dessas variações e assim poder desmistificar o perspectiva de erro que elas carregam.
Palavras-chave: Variações linguísticas. Preconceito. Nordeste.
INTRODUÇÃO
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna de ser aprendida, ensinada e falada, e é esta língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e que fundamenta os dicionários que nos norteiam para um “bem falar”. Assim, segundo BAGNO (1999), qualquer manifestação linguística que saia dessa trilha escola-gramática-dicionário é considerada errada, feia ou deficiente e, não raramente, ouvimos que “isso não é português”.
Esse preconceito é bastante alimentado pelas mídias, adotando uma forma adequada única da fala, e até nas gramáticas e livros didáticos, que partem de um ensino que mostra formas corretas ou erradas de se falar.
Quem carrega esse preconceito parece esquecer ou não levar em conta que língua é viva. Ela vive e se modifica, assim como os seres humanos que as utiliza. Isso sem contar com as diferentes influencias recebidas ao longo da formação histórica do país, no caso do Brasil, de demasiadas línguas diferentes para a formação da tal língua que conhecemos hoje.
Ora, a verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variação, não só por causa das diversidades sociais, mas principalmente pela grande extensão territorial do país, que faz com que exista essa variante de fala dependendo da localidade. Essa variação é chamada de diatópica, geográfica, ou regional.
Esse tipo de variação ocorre a partir de influências culturais, hábitos e tradições regionais, podendo serem expressas a partir de palavras diferentes que conceituam uma mesma coisa/ideia, diferentes falares ou dialetos, diminuição de letras ou fonemas, dentre outras coisas.
Dialeto é modalidade da língua caracterizada por determinadas peculiaridades fonéticas, regionais ou gramaticais. O Dialeto Regional é a forma como uma língua é falada em determinada a região do país.
Existe um preconceito enorme quanto a essas diferenças de dialeto, principalmente quando se fala da região Nordeste e a mídia tem muita influência e responsabilidade nisso.
A figura nordestina já está estereotipada principalmente em qualquer novela de televisão onde todo personagem nordestino é necessariamente rustico, atrasado, submisso, que serve de deboche para outros. Há, por vezes, um exagero tão grande na tentativa de reproduzir o dialeto e o sotaque que no fim, o produto final não acaba sendo reconhecido nem como o dialeto nordestino de fato, e nem de nenhuma outra parte do país.
BAGNO (1999) faz uma comparação semântica entre as falas do povo do Sudeste para a do Nordeste evidenciando e comprovando que as diferenças no dialeto entre uma região e outra não se constituem erro, mas sim uma mera variação pertinente a região geográfica em que se vive:
“Na pronúncia normal do Sudeste, a consoante que escrevemos T é pronunciada [tš] (como em tcheco) toda vez que é seguida de um [i]. Esse fenômeno fonético se chama palatalização. Por causa dele, nós, sudestinos, pronunciamos [tšitšia] a palavra escrita TITIA. E todo mundo acha isso perfeitamente normal, ninguém tem vontade de rir quando um carioca, mineiro ou capixaba fala assim. Quando, porém, um falante do Sudeste ouve um falante da zona rural nordestina pronunciar a palavra escrita OITO como [oytšu], ele acha isso “muito engraçado”, “ridículo” ou “errado”. Ora, do ponto de vista meramente linguístico, o fenômeno é o mesmo — palatalização —, só que o elemento provocador dessa palatalização, o [y], está antes do [t] e não depois dele. Então, se o fenômeno é o mesmo, por que na boca de um ele é “normal” e na boca de outro ele é “engraçado”, [pg. 44] “feio” ou “errado”?”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os retalhos do Nordeste são formados pelas desigualdades sociais, mas também por um povo sertanejo que tem esperança e constrói a sua história. O sotaque nordestino carrega consigo anos de exploração, sofrimento, esperança e a coragem de lutar contra a fome, seca, miséria e contra o preconceito linguístico.
O que acontece é que em toda língua do mundo existe um fenômeno chamado variação: nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso pais, seja da região Nordeste ou de quaisquer outra, para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é´, como se faz. Ed. 49. Edições Loyola. São Paulo: 2007.
Blog Letras Marques. Variação Linguística. Disponível em: <http://letrasmarques2013.blogspot.com/2013/08/regionalismos.html>. Acesso em: 15/06/2018.
Blog O nordestino arretado. Variações linguísticas nordestinas. Disponível em: < http://blog-arretado.blogspot.com/2012/11/variacoes-linguisticas-nordestinas.html>. Acesso em: 10/06/2018.
Toda Matéria. Variações linguísticas. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/variacoes-linguisticas/>. Acesso em: 10/08/2018.

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