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PROJETO UTI - XI EXAME - Direito Civil 
Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
1 
Direito das Famílias 
Tema I 
Casamento 
 
Material para o Curso de Primeira Fase da 
OAB. 
Elaboração: Luciano L. Figueiredo1. 
 
1. Conceito 
 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão 
plena de vida, com base na igualdade de 
direitos e deveres dos cônjuges. 
 
2. Capacidade Núbil 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis 
anos podem casar, exigindo-se autorização de 
ambos os pais, ou de seus representantes 
legais, enquanto não atingida a maioridade 
civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre 
os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único 
do art. 1.631. 
 
Se houver divergência entre os pais, o 
magistrado é instado a solucionar a questão, 
aplicando o art. 1631 do CC, como faz 
remissão o parágrafo único do art. 1517 do CC: 
 
Art. 1631. Durante o casamento e a União 
Estável, compete o Poder Familiar aos pais; na 
falta ou impedimento de um deles, o outro 
exercerá com exclusividade. 
 
Parágrafo Único: Divergindo os pais quanto ao 
exercício do Poder Familiar, e assegurado a 
qualquer deles recorrer ao Juiz para solução do 
desacordo. 
 
 
 
1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Ghissoni Advocacia e 
Consultoria. Graduado em Direito pela Universidade 
Salvador (UNIFACS). Especialista (Pós-Graduado) em 
Direito do Estado pela Universidade Federal da Bahia 
(UFBA). Mestre em Direito Privado pela Universidade 
Federal da Bahia (UFBA). Professor de Direito Civil. 
Palestrante. Autor de Artigos Científicos e Livros 
Jurídicos. Site: www.direitoemfamilia.com.br. Twitter: 
@civilfigueiredo. Facebook: Luciano Figueiredo. 
Demais disto, a denegação injusta da 
autorização pode ser suprimida pelo 
magistrado (Art. 1519): 
 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, 
quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. 
 
A autorização dos responsáveis pode ser 
revogada até o momento da celebração do 
matrimônio (Art. 1518). 
 
Art. 1.518. Até à celebração do casamento 
podem os pais, tutores ou curadores revogar a 
autorização. 
 
Outrossim, antes dos 16 anos é possível, 
excepcionalmente, hipóteses de casamento, 
desde que seja: 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a 
idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou 
cumprimento de pena criminal ou em caso de 
gravidez. 
 
3. Impedimentos matrimoniais 
 
Os impedimentos trazem hipóteses nas quais é 
vedado o casamento. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja 
o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do 
adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e 
demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado 
por homicídio ou tentativa de homicídio contra 
o seu consorte. 
 
É possível o casamento entre parentes de 3 
grau? 
 
E. 98, CJF –Art. 1.521, IV, do novo Código 
Civil: o inc. IV do art. 1.521 do novo Código 
Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei 
n. 3.200/41 no que se refere à possibilidade de 
casamento entre colaterais de 3º grau 
 
 
 
 
 
 
 
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A oposição dos impedimentos pode acontecer 
até o momento da celebração. 
 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser 
opostos, até o momento da celebração do 
casamento, por qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de 
registro, tiver conhecimento da existência de 
algum impedimento, será obrigado a declará-lo 
 
Os impedimentos, quando verificados, causam 
a nulidade do casamento (art. 1548, II). 
 
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I - pelo enfermo mental sem o necessário 
discernimento para os atos da vida civil; 
II - por infringência de impedimento. 
 
4. Causas Suspensivas 
 
As causas suspensivas estão elencadas no art. 
1523 do Código Civil: 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge 
falecido, enquanto não fizer inventário dos 
bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se 
desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez 
meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido 
homologada ou decidida a partilha dos bens do 
casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus 
descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados 
ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou 
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou 
curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes 
solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas 
as causas suspensivas previstas nos incisos I, 
III e IV deste artigo, provando-se a inexistência 
de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, 
para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou 
curatelada; no caso do inciso II, a nubente 
deverá provar nascimento de filho, ou 
inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
 
Como proceder na hipótese do parágrafo 
único? 
 
Legitimidade (art. 1524 do CC): 
 
Art. 1.524. As causas suspensivas da 
celebração do casamento podem ser argüidas 
pelos parentes em linha reta de um dos 
nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e 
pelos colaterais em segundo grau, sejam 
também consangüíneos ou afins. 
 
A ocorrência de causa suspensiva leva como 
conseqüência a observância, obrigatória, do 
regime de separação legal de bens (art. 1641): 
 
Art. 1.641. É obrigatório o regime de separação 
de bens no casamento: 
I – das pessoas que contraírem com 
inobservância das causas suspensivas de 
celebração do casamento 
II – da pessoa maior de setenta anos 
III – de todos que dependerem, para casar, di o 
suprimento judicial 
 
5. Anulabilidade do Casamento 
 
As causas de anulação estão elencadas a 
partir do art. 1550 do CC. 
 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade 
mínima para casar; 
II - do menor em idade núbil, quando não 
autorizado por seu representante legal; 
III - por vício da vontade, nos termos dos 
arts. 1.556 a 1.558; 
IV - do incapaz de consentir ou 
manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento; 
V - realizado pelo mandatário, sem que 
ele ou o outro contraente soubesse da 
revogação do mandato, e não sobrevindo 
coabitação entre os cônjuges; 
VI - por incompetência da autoridade 
celebrante. 
Parágrafo único. Equipara-se à 
revogação a invalidade do mandato 
judicialmente decretada. 
 
O casamento do qual resulte gravidez não 
gera anulabilidade, em razão de ser esta uma 
hipótese na qual se torna desnecessária a 
autorização legal (art. 1551 c/c 1520). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de 
idade, o casamento de que resultou 
gravidez. 
 
A legitimação para pleitear anulação do 
casamento do menor de 16 anos é do cônjuge 
menor, representantes legais ou ascendentes 
(art. 1552). 
 
 Art. 1.552. A anulação do casamento 
dos menores de dezesseis anos será 
requerida: 
I - pelo próprio cônjuge menor; 
II - por seus representantes legais; 
III - por seus ascendentes. 
 
Traz ainda o Código Civil, como hipótese 
outras de anulação do casamento o Erro 
Essencial quanto à Pessoa, disciplinado nos 
arts. 1556 e 1557: 
 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por 
vício da vontade, se houve por parte de um dos 
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à 
pessoado outro. 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a 
pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua 
honra e boa fama, sendo esse erro tal que o 
seu conhecimento ulterior torne insuportável a 
vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao 
casamento, que, por sua natureza, torne 
insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de 
defeito físico irremediável, ou de moléstia grave 
e transmissível, pelo contágio ou herança, 
capaz de pôr em risco a saúde do outro 
cônjuge ou de sua descendência; 
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de 
doença mental grave que, por sua natureza, 
torne insuportável a vida em comum ao 
cônjuge enganado. 
 
# Questões de Prova: 
 
Casou-se com transexual? 
 
Link com Direito da Personalidade e Resp - 
REsp 1.008.398-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 15/10/2009. 
 
Quais os prazos para anulabilidade? 
 
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação 
de anulação do casamento, a contar da data da 
celebração, é de: 
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do 
art. 1.550; 
II - dois anos, se incompetente a autoridade 
celebrante; 
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do 
art. 1.557; 
IV - quatro anos, se houver coação. 
§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o 
direito de anular o casamento dos menores de 
dezesseis anos, contado o prazo para o menor 
do dia em que perfez essa idade; e da data do 
casamento, para seus representantes legais ou 
ascendentes. 
§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o 
prazo para anulação do casamento é de cento 
e oitenta dias, a partir da data em que o 
mandante tiver conhecimento da celebração. 
 
# Demais disto, há no Código Civil adoção da 
tese do casamento putativo: 
 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se 
contraído de boa-fé por um ou ambos os 
cônjuges, o casamento, em relação a estes 
como aos filhos, produz todos os efeitos até o 
dia da sentença anulatória. 
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao 
celebrar o casamento, os seus efeitos civis só 
a ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé 
ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis 
só aos filhos aproveitarão. 
 
Note-se que o novo CC acolheu, ainda, a teoria 
do funcionário de fato (teoria da aparência) – 
Art. 1554 do CC: 
 
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por 
aquele que, sem possuir a competência exigida 
na lei, exercer publicamente as funções de juiz 
de casamentos e, nessa qualidade, tiver 
registrado o ato no Registro Civil. 
 
6. Eficácia Pessoal: Deveres do Casamento 
 
Estão disciplinados no artigo 1566 do CC: 
 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
 
 
 
 
 
 
 
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I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
 
 
7. Eficácia Patrimonial: Regime de Bens 
 
 
Trata-se do estatuto patrimonial do casamento, 
o qual se inicia com o matrimônio, regido pelos 
princípios: 
 
a) Liberdade de escolha 
b) Mutabilidade 
 
a) Liberdade de Escolha 
 
- Pacto Antenupcial: 
 
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se 
não for feito por escritura pública, e 
ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
 
 
Art. 1.654. A eficácia do pacto 
antenupcial, realizado por menor, fica 
condicionada à aprovação de seu 
representante legal, salvo as hipóteses 
de regime obrigatório de separação de 
bens. 
 
Art. 1.655. É nula a convenção ou 
cláusula dela que contravenha 
disposição absoluta de lei. 
 
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou 
sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, 
quanto aos bens entre os cônjuges, o 
regime da comunhão parcial. 
Parágrafo único. Poderão os nubentes, 
no processo de habilitação, optar por 
qualquer dos regimes que este código 
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a 
termo a opção pela comunhão parcial, 
fazendo-se o pacto antenupcial por 
escritura pública, nas demais escolhas. 
 
b) Mutabilidade (art. 1639) 
 
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de 
celebrado o casamento, estipular, quanto aos 
seus bens, o que lhes aprouver. 
§ 1º O regime de bens entre os cônjuges 
começa a vigorar desde a data do casamento. 
§ 2º É admissível alteração do regime de bens, 
mediante autorização judicial em pedido 
motivado de ambos os cônjuges, apurada a 
procedência das razões invocadas e 
ressalvados os direitos de terceiros. 
 
O NCC, no §2º do art. 1639, permite a 
mudança do regime de bens, sendo 
necessário: 
 
a) Pedido conjunto de ambos os cônjuges 
b) Procedimento de jurisdição voluntária (não 
pode haver lide). 
c) O juízo competente é o juízo de família. 
d) Não pode vim a prejudicar terceiros. Por isso 
devem publicar editais. 
 
 
7.1 Espécies 
 
a) comunhão universal; 
b) comunhão parcial; 
c) separação convencional; 
d) separação legal ou obrigatória; 
e) participação final nos aquestos. 
 
Passa-se a verificação um a um dos regimes. 
 
a) Regime Da Comunhão Parcial De Bens 
Ou Regime Supletivo 
 
Art. 1.658. No regime de comunhão 
parcial, comunicam-se os bens que 
sobrevierem ao casal, na constância do 
casamento, com as exceções dos artigos 
seguintes. 
 
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens 
cuja aquisição tiver por título uma causa 
anterior ao casamento. 
 
Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, 
presumem-se adquiridos na constância do 
casamento os bens móveis, quando não se 
provar que o foram em data anterior. 
 
O que não entra (não-comunica) na 
comunhão parcial (art. 1659): 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao 
casar, e os que lhe sobrevierem, na 
constância do casamento, por doação ou 
sucessão, e os sub-rogados em seu 
lugar; 
II - os bens adquiridos com valores 
exclusivamente pertencentes a um dos 
cônjuges em sub-rogação dos bens 
particulares; 
III - as obrigações anteriores ao 
casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos 
ilícitos, salvo reversão em proveito do 
casal; 
V - os bens de uso pessoal, os livros e 
instrumentos de profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de 
cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos 
(rendimento militar), montepios (pensão 
militar) e outras rendas semelhantes. 
 
O que entra (comunicam – aquestos) na 
comunhão parcial (art. 1660): 
 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
I - os bens adquiridos na constância do 
casamento por título oneroso, ainda que 
só em nome de um dos cônjuges; 
II - os bens adquiridos por fato eventual, 
com ou sem o concurso de trabalho ou 
despesa anterior; 
III - os bens adquiridos por doação, 
herança ou legado, em favor de ambos 
os cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares 
de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos 
particulares de cada cônjuge, percebidos 
na constância do casamento, ou 
pendentes ao tempo de cessar a 
comunhão. 
 
b) Regime Da Comunhão Universal De 
Bens: 
 
Art. 1.667. O regime de comunhão 
universal importa a comunicação de 
todos os bens presentes e futuros dos 
cônjuges e suas dívidas passivas, com 
as exceções do artigo seguinte. 
 
Bens excluídos (não comunicam) da 
comunhão universal (art. 1668): 
 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: 
I - os bens doados ou herdados com a 
cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar; 
II - os bens gravados de fideicomisso e o 
direito do herdeiro fideicomissário, antes 
de realizada a condição suspensiva; 
III - as dívidas anterioresao casamento, 
salvo se provierem de despesas com 
seus aprestos (presentes de casamento), 
ou reverterem em proveito comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por 
um dos cônjuges ao outro com a cláusula 
de incomunicabilidade – ALIANÇA DE 
CASAMENTO; 
V - Os bens referidos nos incisos V a VII 
do art. 1.659. 
 
c) Regime Da Separação Convencional De 
Bens: 
 
Neste regime cada conjugue possui patrimônio 
próprio e separado, podendo administrar 
livremente os seus bens (art. 1687) 
 
Art. 1.687. Estipulada a separação de 
bens, estes permanecerão sob a 
administração exclusiva de cada um dos 
cônjuges, que os poderá livremente 
alienar (independentemente de outorga 
uxória) ou gravar de ônus real. 
 
Malgrado a separação, as despesas do casal 
devem ser custeadas por ambos os cônjuges, 
na proporção dos seus rendimentos, salvo 
estipulação em contrário do pacto antenupcial 
(art. 1688). 
 
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são 
obrigados a contribuir para as despesas 
do casal na proporção dos rendimentos 
de seu trabalho e de seus bens, salvo 
estipulação em contrário no pacto 
antenupcial. 
 
Este regime de separação convencional 
apresenta inconveniente ao reconhecer direito 
concorrencial da viúva/o em face dos 
descendentes do falecido (art. 1829, I). 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se 
na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência 
com o cônjuge sobrevivente, salvo se 
casado este com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo 
único); ou se, no regime da comunhão 
parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares; 
 
d) Separação Obrigatória De Bens (art. 
1.641) 
 
Situações em que o legislador impõe o regime 
de separação obrigatória. 
 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da 
separação de bens no casamento: 
I - das pessoas que o contraírem com 
inobservância das causas suspensivas 
da celebração do casamento; 
II - da pessoa maior de setenta anos; 
III - de todos os que dependerem, para 
casar, de suprimento judicial. 
 
Segundo súmula do STF, a separação 
obrigatória de bens incide nos bens presentes 
à época do casamento, e não nos aquestos 
futuros – bens adquiridos onerosamente na 
constância do casamento (súmula 377, STF): 
 
Súmula 377, STF: no regime de separação 
legal de bens, comunicam-se os adquiridos na 
constância do casamento. 
 
Assim é que o STJ, mesmo com a publicação 
do NCC, continua aplicando a referida súmula. 
Transcreve-se: 
 
Incide a súmula 377 do STF que, por sinal, não 
cogita do esforço comum, presumido, neste 
caso, segundo o entendimento pretoriano 
majoritária 
(STJ, 4 T, REsp 154.896/RJ, Rel. Min. 
Fernando Gonçalves. Julgado. 20.11.03) 
 
Mesmo entendimento: (STJ, 3 T, REsp 
736.627/PR, Rel. Min. Carlos Alberto 
Menezes Direto. Julgado. 11.04.06) 
 
e) Participação Final Nos Aquestos 
 
Neste novo regime, cada cônjuge possui 
patrimônio próprio (como no regime da 
separação), cabendo, todavia, à época da 
dissolução da sociedade conjugal, direito à 
metade dos bens adquiridos pelo casal, a título 
oneroso, na constância do casamento (art. 
1672 e 1673). 
 
Art. 1.672. No regime de participação 
final nos aqüestos, cada cônjuge possui 
patrimônio próprio, consoante disposto 
no artigo seguinte, e lhe cabe, à época 
da dissolução da sociedade conjugal, 
direito à metade dos bens adquiridos 
pelo casal, a título oneroso, na 
constância do casamento. 
 
 
Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio 
os bens que cada cônjuge possuía ao 
casar e os por ele adquiridos, a qualquer 
título, na constância do casamento. 
Parágrafo único. A administração desses 
bens é exclusiva de cada cônjuge, que 
os poderá livremente alienar, se forem 
móveis. 
 
Não entram no patrimônio comum (art. 1674): 
 
Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da 
sociedade conjugal, apurar-se-á o 
montante dos aqüestos, excluindo-se da 
soma dos patrimônios próprios: 
I - os bens anteriores ao casamento e os 
que em seu lugar se sub-rogaram; 
II - os que sobrevieram a cada cônjuge 
por sucessão ou liberalidade; 
III - as dívidas relativas a esses bens. 
Parágrafo único. Salvo prova em 
contrário, presumem-se adquiridos 
durante o casamento os bens móveis. 
 
8. Divórcio 
 
Coloca fim ao vinculo matrimonial. 
 
As modalidades estão previstas no art. 1580 do 
CC e art 226, §6º da CF. Pode ser o divórcio. 
Os prazos permanecem? 
 
E. 517 do CJF: Art. 1.580. A Emenda 
Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos 
 
 
 
 
 
 
 
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previstos no art. 1.580 do Código Civil, mantido 
o divórcio por conversão. 
 
a) Indireto ou Conversão: Subsiste? 
 
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em 
julgado da sentença que houver decretado a 
separação judicial, ou da decisão concessiva 
da medida cautelar de separação de corpos, 
qualquer das partes poderá requerer sua 
conversão em divórcio. 
§ 1º A conversão em divórcio da separação 
judicial dos cônjuges será decretada por 
sentença, da qual não constará referência à 
causa que a determinou. 
 
b) Direto: Tem prazo? 
 
Pode ser decretado independente da partilha 
dos bens (art. 1581 e S 197 STJ): 
 
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem 
que haja prévia partilha de bens. 
 
S 197. O divórcio direto pode ser concedido 
sem que haja prévia partilha dos bens. 
 
Legitimidade: cônjuge, e em caso se 
incapacidade seu curador, ascendente ou 
irmão 
 
Art. 1.582. O pedido de divórcio somente 
competirá aos cônjuges. 
Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para 
propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo o 
curador, o ascendente ou o irmão. 
 
Quais os efeitos da culpa? 
 
- Possível perda do direito aos alimentos 
(art. 1704) 
 
Art. 1.704. Se um dos cônjuges 
separados judicialmente vier a necessitar 
de alimentos, será o outro obrigado a 
prestá-los mediante pensão a ser fixada 
pelo juiz, caso não tenha sido declarado 
culpado na ação de separação judicial. 
 
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado 
culpado vier a necessitar de alimentos, e 
não tiver parentes em condições de 
prestá-los, nem aptidão para o trabalho, 
o outro cônjuge será obrigado a 
assegurá-los, fixando o juiz o valor 
indispensável à sobrevivência. 
 
- Possível interferência no uso do nome. 
 
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na 
ação de separação judicial perde o direito de 
usar o sobrenome do outro, desde que 
expressamente requerido pelo cônjuge 
inocente e se a alteração não acarretar: 
I - evidente prejuízo para a sua identificação; 
II - manifesta distinção entre o seu nome de 
família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. 
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação 
judicial poderá renunciar, a qualquer momento, 
ao direito de usar o sobrenome do outro. 
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela 
conservação do nome de casado. 
 
Cabe extrajudicial? 
 
Nasceu com a Lei 11.441/2007, tendo como 
requisitos: 
 
a) Todos os envolvidos maiores e capazes 
b) Consenso 
c) Presença de Advogado 
d) Feita em cartório, sem necessidade de oitiva 
do Ministério Publico e Homologação Judicial. 
e) Na escritura publica há de constar: divisão dos 
bens, pensão alimentícia e alteração do nome. 
f) Possível pedido de gratuidade. 
 
“Art. 1.124-A. A separação consensual e 
o divórcio consensual, não havendo 
filhos menores ou incapazes do casal e 
observados os requisitos legais quanto 
aos prazos, poderão ser realizados por 
escritura pública, da qual constarão as 
disposiçõesrelativas à descrição e à 
partilha dos bens comuns e à pensão 
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à 
retomada pelo cônjuge de seu nome de 
solteiro ou à manutenção do nome 
adotado quando se deu o casamento. 
§ 1o A escritura não depende de 
homologação judicial e constitui título 
hábil para o registro civil e o registro de 
imóveis. 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
§ 2o O tabelião somente lavrará a 
escritura se os contratantes estiverem 
assistidos por advogado comum ou 
advogados de cada um deles, cuja 
qualificação e assinatura constarão do 
ato notarial. 
§ 3o A escritura e demais atos notariais 
serão gratuitos àqueles que se 
declararem pobres sob as penas da lei.” 
 
 
União Estável 
Tema II 
 
 
1.1 Conceito 
 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade 
familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, 
contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. 
 
Necessário prazo mínimo? 
 
Precisa morar junto? 
 
S. 382. A vida em comum sob mesmo teto, 
more uxório, não é indispensável à 
caracterização da união estável. 
 
Ter filhos? 
 
Como distinguir do namoro? 
 
STJ (REsp 474.962/SP): intenção de constituir 
família (mero passatempo ou namoro). 
 
DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. 
UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS. 
CONVIVÊNCIA SOB O MESMO TETO. 
DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N. 
9.728/96. ENUNCIADO N. 382 DA 
SÚMULA/STF. ACERVO FÁTICO- 
PROBATÓRIO. REEXAME. 
IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 7 DA 
SÚMULA/STJ. DOUTRINA. 
PRECEDENTES. RECONVENÇÃO. 
CAPÍTULO DA SENTENÇA. TANTUM 
DEVOLUTUM QUANTUM APELLATUM. 
HONORÁRIOS. INCIDÊNCIA SOBRE A 
CONDENAÇÃO. ART. 20, § 3º, CPC. 
RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE. 
I - Não exige a lei específica (Lei n. 9.728/96) a 
coabitação como requisito essencial para 
caracterizar a união estável. Na realidade, a 
convivência sob o mesmo teto pode ser um dos 
fundamentos a demonstrar a relação comum, 
mas a sua ausência não afasta, de imediato, a 
existência da união estável. 
II - Diante da alteração dos costumes, além das 
profundas mudanças pelas quais tem passado 
a sociedade, não é raro encontrar cônjuges ou 
companheiros residindo em locais diferentes. 
III - O que se mostra indispensável é que a 
união se revista de estabilidade, ou seja, que 
haja aparência de casamento, como no caso 
entendeu o acórdão impugnado. 
IV - Seria indispensável nova análise do acervo 
fático-probatório para concluir que o 
envolvimento entre os interessados se tratava 
de mero passatempo, ou namoro, não havendo 
a intenção de constituir família. 
V - Na linha da doutrina, “processadas em 
conjunto, julgam-se as duas ações [ação e 
reconvenção, em regra, 'na mesma sentença' 
(art. 
318), que necessariamente se desdobra em 
dois capítulos, valendo cada um por decisão 
autônoma, em princípio, para fins de 
recorribilidade e de formação da coisa julgada". 
VI - Nestes termos, constituindo-se em 
capítulos diferentes, a apelação interposta 
apenas contra a parte da sentença que tratou 
da ação, não devolve ao tribunal o exame da 
reconvenção, sob pena de violação das regras 
tantum devolutum quantum apellatum e da 
proibição da reformatio in peius. 
VII - Consoante o § 3º do art. 20, CPC, "os 
honorários serão fixados (...) sobre o valor da 
condenação". E a condenação, no caso, foi o 
usufruto sobre a quarta parte dos bens do de 
cujus. Assim, é sobre essa verba que deve 
incidir o percentual dos honorários, e não sobre 
o valor total dos bens. 
(REsp 474.962/SP, Rel. MIN. SÁLVIO DE 
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, 
julgado em 23.09.2003, DJ 01.03.2004 p. 186) 
 
 
Cabe união estável entre pessoas do 
mesmo sexo? 
 
ADPF 132 / RJ - RIO DE JANEIRO 
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE 
PRECEITO FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO 
Julgamento: 05/05/2011 Órgão 
Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação 
DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-
2011 
EMENT VOL-02607-01 PP-00001 
Parte(s) 
REQTE.(S) : GOVERNADOR DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
INTDO.(A/S) : TRIBUNAIS DE JUSTIÇA 
DOS ESTADOS 
INTDO.(A/S) : ASSEMBLÉIA 
LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE 
JANEIRO 
AM. CURIAE. : CONECTAS DIREITOS 
HUMANOS 
AM. CURIAE. : EDH - ESCRITÓRIO DE 
DIREITOS HUMANOS DO ESTADO DE 
MINAS GERAIS 
AM. CURIAE. : GGB - GRUPO GAY DA 
BAHIA 
ADV.(A/S) : ELOISA MACHADO DE 
ALMEIDA 
AM. CURIAE. : ANIS - INSTITUTO DE 
BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO 
ADV.(A/S) : EDUARDO BASTOS 
FURTADO DE MENDONÇA 
AM. CURIAE. : GRUPO DE ESTUDOS 
EM DIREITO INTERNACIONAL DA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS 
GERAIS - GEDI-UFMG 
AM. CURIAE. : CENTRO DE 
REFERÊNCIA DE GAYS, LÉSBICAS, 
BISSEXUAIS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E 
TRANSGÊNEROS DO ESTADO DE MINAS 
GERAIS - CENTRO DE REFERÊNCIA 
GLBTTT 
AM. CURIAE. : CENTRO DE LUTA PELA 
LIVRE ORIENTAÇÃO SEXUAL - CELLOS 
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO DE 
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DE MINAS 
GERAIS - ASSTRAV 
ADV.(A/S) : RODOLFO COMPART DE 
MORAES 
AM. CURIAE. : GRUPO ARCO-ÍRIS DE 
CONSCIENTIZAÇÃO HOMOSSEXUAL 
ADV.(A/S) : THIAGO BOTTINO DO 
AMARAL 
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE GAYS, LÉSBICAS, 
BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS - 
ABGLT 
ADV.(A/S) : CAPRICE CAMARGO 
JACEWICZ 
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO 
DE DIREITO DE FAMÍLIA - IBDFAM 
ADV.(A/S) : RODRIGO DA CUNHA 
PEREIRA 
AM. CURIAE. : SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE DIREITO PÚBLICO - SBDP 
ADV.(A/S) : EVORAH LUSCI COSTA 
CARDOSO 
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO DE 
INCENTIVO À EDUCAÇÃO E SAÚDE DO 
ESTADO DE SÃO PAULO 
ADV.(A/S) : FERNANDO QUARESMA 
DE AZEVEDO E OUTRO(A/S) 
AM. CURIAE. : CONFERÊNCIA 
NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL - CNBB 
ADV.(A/S) : FELIPE INÁCIO ZANCHET 
MAGALHÃES E OUTRO(A/S) 
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO EDUARDO 
BANKS 
ADV.(A/S) : RALPH ANZOLIN LICHOTE 
E OUTRO(A/S) 
Ementa 
 
Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE 
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL 
DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE 
REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO 
HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO 
COMO INSTITUTO JURÍDICO. 
CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE 
AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. 
JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação 
dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela 
ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de 
conferir “interpretação conforme à 
Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil. 
Atendimento das condições da ação. 2. 
PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS 
PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO 
PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER 
(GÊNERO), SEJA NO PLANO DA 
ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL 
DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO 
COMO CAPÍTULO DO 
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. 
 
 
 
 
 
 
 
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10 
HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO 
VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. 
LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA 
SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA 
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO 
INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA 
AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À 
INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. 
CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, 
salvo disposição constitucional expressa 
ou implícita em sentido contrário, não se 
presta como fator de desigualação jurídica. 
Proibição de preconceito, à luz do inciso IV 
do art. 3º da Constituição Federal, por 
colidirfrontalmente com o objetivo 
constitucional de “promover o bem de 
todos”. Silêncio normativo da Carta Magna 
a respeito do concreto uso do sexo dos 
indivíduos como saque da kelseniana 
“norma geral negativa”, segundo a qual “o 
que não estiver juridicamente proibido, ou 
obrigado, está juridicamente permitido”. 
Reconhecimento do direito à preferência 
sexual como direta emanação do princípio 
da “dignidade da pessoa humana”: direito a 
auto-estima no mais elevado ponto da 
consciência do indivíduo. Direito à busca da 
felicidade. Salto normativo da proibição do 
preconceito para a proclamação do direito à 
liberdade sexual. O concreto uso da 
sexualidade faz parte da autonomia da 
vontade das pessoas naturais. Empírico uso 
da sexualidade nos planos da intimidade e 
da privacidade constitucionalmente 
tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula 
pétrea. 3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL 
DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. 
RECONHECIMENTO DE QUE A 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA 
AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM 
SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA 
TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO 
CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E 
PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO 
SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. 
INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O 
caput do art. 226 confere à família, base da 
sociedade, especial proteção do Estado. 
Ênfase constitucional à instituição da 
família. Família em seu coloquial ou 
proverbial significado de núcleo doméstico, 
pouco importando se formal ou 
informalmente constituída, ou se integrada 
por casais heteroafetivos ou por pares 
homoafetivos. A Constituição de 1988, ao 
utilizar-se da expressão “família”, não limita 
sua formação a casais heteroafetivos nem a 
formalidade cartorária, celebração civil ou 
liturgia religiosa. Família como instituição 
privada que, voluntariamente constituída 
entre pessoas adultas, mantém com o 
Estado e a sociedade civil uma necessária 
relação tricotômica. Núcleo familiar que é o 
principal lócus institucional de concreção 
dos direitos fundamentais que a própria 
Constituição designa por “intimidade e vida 
privada” (inciso X do art. 5º). Isonomia entre 
casais heteroafetivos e pares homoafetivos 
que somente ganha plenitude de sentido se 
desembocar no igual direito subjetivo à 
formação de uma autonomizada família. 
Família como figura central ou continente, 
de que tudo o mais é conteúdo. 
Imperiosidade da interpretação não-
reducionista do conceito de família como 
instituição que também se forma por vias 
distintas do casamento civil. Avanço da 
Constituição Federal de 1988 no plano dos 
costumes. Caminhada na direção do 
pluralismo como categoria sócio-político-
cultural. Competência do Supremo Tribunal 
Federal para manter, interpretativamente, o 
Texto Magno na posse do seu fundamental 
atributo da coerência, o que passa pela 
eliminação de preconceito quanto à 
orientação sexual das pessoas. 4. UNIÃO 
ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL 
REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS 
APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO 
DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO 
CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER 
RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU 
SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS 
TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. 
IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS 
CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E 
“FAMÍLIA”. A referência constitucional à 
dualidade básica homem/mulher, no §3º do 
seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de 
não se perder a menor oportunidade para 
favorecer relações jurídicas horizontais ou 
sem hierarquia no âmbito das sociedades 
domésticas. Reforço normativo a um mais 
eficiente combate à renitência patriarcal dos 
costumes brasileiros. Impossibilidade de 
uso da letra da Constituição para 
 
 
 
 
 
 
 
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11 
ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. 
Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 
no patíbulo do seu parágrafo terceiro. 
Dispositivo que, ao utilizar da terminologia 
“entidade familiar”, não pretendeu 
diferenciá-la da “família”. Inexistência de 
hierarquia ou diferença de qualidade 
jurídica entre as duas formas de 
constituição de um novo e autonomizado 
núcleo doméstico. Emprego do fraseado 
“entidade familiar” como sinônimo perfeito 
de família. A Constituição não interdita a 
formação de família por pessoas do mesmo 
sexo. Consagração do juízo de que não se 
proíbe nada a ninguém senão em face de 
um direito ou de proteção de um legítimo 
interesse de outrem, ou de toda a 
sociedade, o que não se dá na hipótese sub 
judice. Inexistência do direito dos 
indivíduos heteroafetivos à sua não-
equiparação jurídica com os indivíduos 
homoafetivos. Aplicabilidade do §2º do art. 
5º da Constituição Federal, a evidenciar que 
outros direitos e garantias, não 
expressamente listados na Constituição, 
emergem “do regime e dos princípios por 
ela adotados”, verbis: “Os direitos e 
garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte”. 5. 
DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À 
FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. 
Anotação de que os Ministros Ricardo 
Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar 
Peluso convergiram no particular 
entendimento da impossibilidade de 
ortodoxo enquadramento da união 
homoafetiva nas espécies de família 
constitucionalmente estabelecidas. Sem 
embargo, reconheceram a união entre 
parceiros do mesmo sexo como uma nova 
forma de entidade familiar. Matéria aberta à 
conformação legislativa, sem prejuízo do 
reconhecimento da imediata auto-
aplicabilidade da Constituição. 6. 
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO 
CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA 
“INTERPRETAÇÃO CONFORME”). 
RECONHECIMENTO DA UNIÃO 
HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. 
PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a 
possibilidade de interpretação em sentido 
preconceituoso ou discriminatório do art. 
1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz 
dele próprio, faz-se necessária a utilização 
da técnica de “interpretação conforme à 
Constituição”. Isso para excluir do 
dispositivo em causa qualquer significado 
que impeça o reconhecimento da união 
contínua, pública e duradoura entre 
pessoas do mesmo sexo como família. 
Reconhecimento que é de ser feito segundo 
as mesmas regras e com as mesmas 
consequências da união estável 
heteroafetiva. 
Decisão 
Chamadas, para julgamento em conjunto, a 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.277 e a 
Argüição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental 132, após o voto do Senhor 
Ministro Ayres Britto (Relator), que julgava 
parcialmente prejudicada a ADPF, recebendo o 
pedido residual como ação direta de 
inconstitucionalidade, e procedentes ambas as 
ações, foi o julgamento suspenso. Impedido o 
Senhor Ministro Dias Toffoli. Ausente, 
justificadamente, a Senhora Ministra Ellen 
Gracie. Falaram, pela requerente da ADI 4.277, 
o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, 
Procurador-Geral da República; pelo 
requerente da ADPF 132, o Professor Luís 
Roberto Barroso; pela Advocacia-Geral da 
União, o Ministro Luís Inácio Lucena Adams; 
pelos amici curiae Conectas Direitos Humanos; 
Instituto Brasileiro de Direito de Família - 
IBDFAM; Grupo Arco-Íris de Conscientização 
Homossexual; Associação Brasileira de Gays, 
Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - 
ABGLT; Grupo de Estudos em Direito 
Internacional da Universidade Federal de 
Minas Gerais - GEDI-UFMG e Centro de 
Referência de Gays, Lésbicas, Bissexuais, 
Travestis, Transexuais e Transgêneros do 
Estado de Minas Gerais - Centro de Referência 
GLBTTT; ANIS - Instituto de Bioética, Direitos 
Humanos e Gênero; Associação de Incentivo à 
Educação e Saúde de São Paulo; Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e a 
Associação Eduardo Banks, falaram, 
respectivamente, o Professor Oscar Vilhena;a 
Dra. Maria Berenice Dias; o Dr. Thiago Bottino 
do Amaral; o Dr. Roberto Augusto Lopes 
Gonçale; o Dr. Diego Valadares Vasconcelos 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
Neto; o Dr. Eduardo Mendonça; o Dr. Paulo 
Roberto Iotti Vecchiatti; o Dr. Hugo José 
Sarubbi Cysneiros de Oliveira e o Dr. Ralph 
Anzolin Lichote. Presidência do Senhor 
Ministro Cezar Peluso. 
Plenário, 04.05.2011. 
Decisão: Prosseguindo no julgamento, o 
Tribunal conheceu da Argüição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental 132 
como ação direta de inconstitucionalidade, por 
votação unânime. Prejudicado o primeiro 
pedido originariamente formulado na ADPF, 
por 
votação unânime. Rejeitadas todas as 
preliminares, por votação unânime. Em 
seguida, o Tribunal, ainda por votação 
unânime, julgou procedente as ações, com 
eficácia erga omnes e efeito vinculante, 
autorizados os Ministros a decidirem 
monocraticamente sobre a mesma questão, 
independentemente da publicação do acórdão. 
Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. 
Impedido o Senhor Ministro Dias Toffoli. 
Plenário, 05.05.2011 
 
 
1.2 Deveres Pessoais 
 
Art. 1.724. As relações pessoais entre os 
companheiros obedecerão aos deveres 
de lealdade, respeito e assistência, e de 
guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
Diferenças para casamento? 
 
1.3 Eficácia Patrimonial 
 
Art. 1.725. Na união estável, salvo 
contrato escrito entre os companheiros 
(contrato de convivência), aplica-se às 
relações patrimoniais, no que couber, o 
regime da comunhão parcial de bens. 
 
1.4 Concubinato 
 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o 
homem e a mulher, impedidos de casar, 
constituem concubinato. 
 
Segundo o STF, quais os efeitos do 
concubinato? 
 
Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal 
(STF): “Comprovada a existência de sociedade 
de fato entre os concubinos, é cabível a sua 
dissolução judicial, com a partilha do 
patrimônio adquirido pelo esforço comum.” 
 
Atualmente, ainda, nega o STJ direito a 
indenização por serviços prestados. 
 
 
Alimentos 
Tema III 
 
1. Conceito e Noções Gerais. 
 
2. Espécies 
 
2.1 Quanto a sua natureza (critério novo 
criado pelo CC/2002) 
 
2.1.1 Naturais (“necessarium 
persone”) 
 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou 
companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de 
modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua 
educação. 
 
2.1.2 Necessários (art. 1694, § 2º e 
1704, p.u). 
 
 
§ 2o Os alimentos serão apenas os 
indispensáveis à subsistência, quando a 
situação de necessidade resultar de culpa de 
quem os pleiteia. 
 
Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados 
judicialmente vier a necessitar de alimentos, 
será o outro obrigado a prestá-los mediante 
pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha 
sido declarado culpado na ação de separação 
judicial. 
 
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado 
culpado vier a necessitar de alimentos, e não 
tiver parentes em condições de prestá-los, nem 
aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será 
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor 
indispensável à sobrevivência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13 
 
2.3 Civis (ou legítimos). 
 
3. Características 
 
3.1 Personalíssimos (intuito persone) 
 
3.1.1 Binômio Capacidade-
Necessidade. 
 
3.1.2 Transmissão da obrigação de prestar 
alimentos 
 
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos 
transmite-se aos herdeiros do devedor, na 
forma do art. 1.694. 
 
 
3.2 Irrenunciáveis (art. 1707, CC; Súmula 379, 
STF) 
 
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém 
lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, 
sendo o respectivo crédito insuscetível de 
cessão, compensação ou penhora. 
 
Súmula 379, STF: No acordo de desquite não 
se admite renúncia aos alimentos, que poderão 
ser pleiteados ulteriormente, verificados os 
pressupostos legais. 
 
3.3 Irrepetíveis 
 
3.4 Imprescritíveis 
 
Mas, apesar da imprescritibilidade na cobrança 
dos alimentos, o art. 206, § 2 do CC 
estabeleceu um prazo para executá-los, que é 
de dois anos. 
 
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver 
prestações alimentares, a partir da data em 
que se vencerem. 
 
3.5 Irretroativos 
 
Significa que os alimentos são futuros, ou seja, 
alimentos são fixados dali para frente - a partir 
da data da citação (art. 13, § 2º da lei de 
alimentos, bem como sumula 277 do STJ). 
 
§ 2º. Em qualquer caso, os alimentos fixados 
retroagem à data da citação. 
 
S. 277, STJ - Julgada procedente a 
investigação de paternidade, os alimentos 
são devidos a partir da citação. 
 
3.6 Impenhoráveis e Incompensáveis 
 
 
4. Sujeitos da Obrigação 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou 
companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de 
modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua 
educação. 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a 
obrigação aos descendentes, guardada a 
ordem de sucessão e, faltando estes, aos 
irmãos, assim germanos como unilaterais. 
 
 
 
São aqueles que podem demandar e serem 
demandados: são os CÔNJUGES, 
COMPANHEIROS E PARENTES, 
reciprocamente. Essa consiste na causa de 
pedir. 
 
4.1 Alimentos entre cônjuges e 
companheiros 
 
Novo casamento, união estável ou concubinato 
do credor exonera o alimentante. Idem caso 
tenho procedido de indigno em face do devedor 
(Art 1708). 
 
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável 
ou o concubinato do credor, cessa o dever de 
prestar alimentos. 
Parágrafo único. Com relação ao credor 
cessa, também, o direito a alimentos, se 
tiver procedimento indigno em relação ao 
devedor. 
 
 
O namoro faz cessar o direito aos 
alimentos? Há Jurisprudência do STJ no 
sentido que o namoro não extingue a pensão 
alimentícia (RESP 111476 MG). 
 
DIREITO DE FAMÍLIA. CIVIL. ALIMENTOS. 
EX-CÔNJUGE. EXONERAÇÃO. NAMORO 
APÓS A SEPARAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
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14 
CONSENSUAL. DEVER DE FIDELIDADE. 
PRECEDENTE. 
RECURSO PROVIDO. 
I - Não autoriza exoneração da obrigação de 
prestar alimentos à ex-mulher o só fato desta 
namorar terceiro após a separação. 
II - A separação judicial põe termo ao dever de 
fidelidade recíproca. As relações sexuais 
eventualmente mantidas com terceiros após a 
dissolução da sociedade conjugal, desde que 
não se comprove desregramento de conduta, 
não têm o condão de ensejar a exoneração da 
obrigação alimentar, dado que não estão os ex-
cônjuges impedidos de estabelecer novas 
relações e buscar, em novos parceiros, 
afinidades e sentimentos capazes de 
possibilitar-lhes um futuro convívio afetivo e 
feliz. 
III - Em linha de princípio, a exoneração de 
prestação alimentar, estipulada quando da 
separação consensual, somente se mostra 
possível em uma das seguintes situações: a) 
convolação de novas núpcias ou 
estabelecimento de relação concubinária pelo 
ex-cônjuge pensionado, não se caracterizando 
como tal o simples envolvimento afetivo, 
mesmo abrangendo relações sexuais; b) 
adoção de comportamento indigno; 
c) alteração das condições econômicas dos ex-
cônjuges em relação às existentes ao tempo da 
dissolução da sociedade conjugal. 
(RESP 111.476/MG, Rel. MIN. SALVIO DE 
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, 
julgado em 25.03.1999, DJ 10.05.1999 p. 177) 
 
4.2 Alimentos entre Parentes 
 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos 
em primeiro lugar, não estiver em condições de 
suportar totalmente o encargo, serão 
chamados a concorrer os degrau imediato/; 
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar 
alimentos, todas devem concorrer na 
proporção dos respectivos recursos, e, 
intentada ação contra uma delas, poderão as 
demais ser chamadas a integrar a lide. 
 
São devedores de alimentos: 
 
I) Os parentes em linha reta sem limites 
 
II) Os parentes colaterais somente até segundo 
grau (que são os irmãos). 
 
Não devem alimentos: 
 
I) Colaterais de terceiro e quarto graus. 
 
II) Os parentes por afinidade 
 
No que relaciona-se aos alimentos dos filhos, 
aplica-se a regra binária: 
 
 a) Se o filho é menor? 
 
b) Se o filho é maior? 
S. 358, STJ - O cancelamento de pensão 
alimentícia de filho que atingiu a maioridade 
está sujeito à decisão judicial, mediante 
contraditório, ainda que nos próprios autos. 
5. Considerações Finais 
 
 
Súmula 309, STJ: O débito alimentar que 
autoriza a prisão civil do alimentante é o que 
compreende as três prestações anteriores à 
citação e as que vencerem no curso do 
processo. 
 
 
Filiação 
Tema V 
 
 
1. Filiação 
 
Norteada pela igualdade filial. 
 
Temos presunções de paternidade? 
 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na 
constância do casamento os filhos: 
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo 
menos, depois de estabelecida a 
convivência conjugal; 
II - nascidos nos trezentos dias 
subseqüentes à dissolução da 
sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade e anulação 
do casamento; 
III - havidos por fecundação artificial 
homóloga, mesmo que falecido o 
marido; 
IV - havidos, a qualquer tempo, 
quando se tratar de embriões 
 
 
 
 
 
 
 
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excedentários, decorrentes de 
concepção artificial homóloga; 
V - havidos por inseminação artificial 
heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido. 
 
Impotência e adultério ilidem as presunções de 
paternidade? 
 
Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge 
para gerar, à época da concepção, ilide a 
presunção da paternidade. 
 
Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, 
ainda que confessado, para ilidir a presunção 
legal da paternidade. 
 
Sobre o exame de DNA: 
 
 
Súmula 301 do STJ: 
 
S 301. Em ação investigatória, a recusa do 
suposto pai a submeter-se ao exame de DNA 
induz presunção juris tantum de paternidade 
 
 
Lei 12.004/2009 – positivou a Súmula: 
 
Art. 2o A Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 
1992, passa a vigorar acrescida do seguinte 
art. 2o-A: 
“Art. 2o-A. Na ação de investigação de 
paternidade, todos os meios legais, bem como 
os moralmente legítimos, serão hábeis para 
provar a verdade dos fatos. 
Parágrafo único. A recusa do réu em se 
submeter ao exame de código genético - 
DNA gerará a presunção da paternidade, a 
ser apreciada em conjunto com o contexto 
probatório.” 
 
 Art. 3º. A assistência judiciária compreende as 
seguintes isenções: VI – das despesas com a 
realização do exame de código genético – DNA 
que for requisitado pela autoridade judiciária 
nas ações de investigação de paternidade ou 
maternidade. 
 
Arts. 231 e 232 do CC: 
 
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a 
exame médico necessário não poderá 
aproveitar-se de sua recusa. 
 
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada 
pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia 
obter com o exame. 
 
1.1.2 Reconhecimento de Filhos 
 
1.2.1 Reconhecimento Voluntário. 
 
Pode ser em conjunto, ou isoladamente, tendo 
natureza jurídica de um ato jurídico stricto 
sensu. Logo, irrevogável e irretratável. 
 
Meios de reconhecimento voluntário de um 
filho (art. 1.609 do CC): 
 
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos 
havidos fora do casamento é irrevogável 
e será feito: 
I - no registro do nascimento; 
II - por escritura pública ou escrito 
particular (firma reconhecida), a ser 
arquivado em cartório; 
III - por testamento, ainda que 
incidentalmente manifestado (o 
testamento pode até vim a ser revogado, 
mas não o reconhecimento de filho 
constante nele); 
IV - por manifestação direta e expressa 
perante o juiz, ainda que o 
reconhecimento não haja sido o objeto 
único e principal do ato que o contém. 
Parágrafo único. O reconhecimento pode 
preceder o nascimento do filho ou ser 
posterior ao seu falecimento, se ele 
deixar descendentes 
 
Consentimento? 
 
Art. 1.614. O filho maior não pode ser 
reconhecido sem o seu consentimento, e o 
menor pode impugnar o reconhecimento, nos 
quatro anos que se seguirem à maioridade, ou 
à emancipação. 
 
1.2.2 Reconhecimento Judicial 
 
 Dá-se especialmente por meio de ação 
investigatória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Imprescritível (art. 27 do ECA). 
 
Legitimidade ativa: o alegado filho 
(investigante) ou o MP. 
 
É personalíssimo o direito do filho, podendo os 
seus sucessores continuarem a demanda: 
 
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete 
ao filho, enquanto viver, passando aos 
herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. 
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, 
os herdeiros poderão continuá-la, salvo se 
julgado extinto o processo. 
 
Jurisprudência firmada no sentido de que se 
pais já falecido poderiam entrar com uma ação 
para serem reconhecidos como netos (RESP 
603885). 
 
Legitimidade passiva é do pai ou dos seus 
herdeiros (se a investigatória é post mortem), 
não sendo legitimado o espólio (este é massa 
de bens e não pode ser legitimado passivo 
neste tipo de ação). 
 
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo 
interesse tenha, pode contestar a ação de 
investigação de paternidade, ou maternidade. 
 
O foro competente para a investigatória é o do 
domicílio do réu, salvo se for cumulado pedido 
de alimentos, quando há foro privilegiado 
(Súmula nº 1 do STJ).

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