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UMA LEITURA DO CÓDIGO DE ÉTICA DO ADVOGADO, À LUZ DA DEONTOLOGIA JURÍDICA

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SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................... 4 
 
2. Do Conhecimento Fragmentado à Afirmação das Profissões 
......................................................................................... 5 e 6 
 
3. Dos preceitos ou das Regras Morais e Éticas das Profissões 
......................................................................................... 6 e 7 
 
4. A Deontologia como Estudo do Dever das Profissões. Conceito 
......................................................................................... 7 e 8 
 
5. A Deontologia Jurídica e os Deveres do Advogado 
............................................................................................... 8 
 
6. Do Código de Ética do Advogado ............................................ 9 
 
7. Dos Deveres Legais do Advogado ................................... 9 a 11 
 
8. TOMO I. DA ÉTICA DO ADVOGADO. CAPÍTULO I. DAS REGRAS 
DEONTOLÓGIAS FUNDAMENTAIS ................................. 11 a 13 
 
9. CAPÍTULO II. DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE 
............................................................................................. 13 
10. CAPÍTULO III. DO SIGILO PROFISSIONAL ................ 13 e 14 
11. CAPÍTULO IV. DA PUBLICIDADE ................................ 14 a 16 
12. CAPÍTULO V. DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS ......16 e 17 
13. CAPÍTULO VI. DO DEVER DE URBANIDADE ........................ 18 
14. TÍTULO II. DO PROCESSO DISCIPLINAR. DA COMPETÊNCIA 
DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINAR ...................... 18 a 20 
15. CONCLUSÃO ....................................................................... 21 
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma explanação 
sucinta, mas ao mesmo tempo capaz de trazer uma discussão 
pertinente sobre tema da maior relevância para o profissional do 
Direito. Trata-se da Ética aplicada à profissão da Advocacia, 
especificamente aos profissionais do Direito, como o advogado, juiz, 
promotor, procurador, enfim, aos operadores de Direito. 
Para a idealização do texto, achou-se por bem dividi-lo em 
tópicos (ou capítulos, para tantos leitores), sendo que houve a 
disposição de um primeiro momento com ares de texto de conteúdo 
geral, em que se tomou a noção de conhecimento fragmentado como 
meio de tornar compreensivo o porquê da existência das disciplinas, 
sem olvidar do olhar crítico que alguns teóricos têm sobre a 
expressão conhecimento fragmentado. 
Na segunda parte do trabalho foi apresentado o Código de Ética 
e Disciplina da OAB, este como modelo de conduta dos profissionais 
do Direito, em especial, o advogado, haja vista ser este profissional 
compreendido em sua inteireza como verdadeiro operador do Direito, 
pois é ele quem está na labuta do dia-a-dia, nas diferentes instâncias 
do Poder Judiciário, defendendo seu cliente, em quaisquer situações 
alcançadas pelo Direito. 
Desta forma, foi realizada, de antemão, uma leitura do Código, 
tomando-se os títulos e capítulos, sob a forma de resumo, e 
apresentando-o como meio a consubstanciar a escrita, as anotações 
deste texto, sob a égide das opiniões doutrinárias. 
Convém anotar, por fim, que o presente texto pretendeu conter 
uma constituição de trabalho científico, não obstante as poucas linhas 
escritas. Se nós conseguimos tal intento, resta-nos a observância 
feita por aquele que mais interessa ao seu idealizador: o leitor 
atento. 
 
 
1. Do Conhecimento Fragmentado à Afirmação das Profissões 
 Do ponto de vista de uma concepção histórica, o homem 
passou por várias transformações, seja no que pertine à sua própria 
organização psíquico-física, ao mundo das ideias, isto é, da 
perspectiva de lidar com o conhecimento. 
 O chamado homem contemporâneo pode ser visto como 
aquele moderno em sua atual conjuntura ideológica: o qual passou 
por tamanhos estádios, de um momento pré-histórico, passando pelo 
feudalismo, até chegar ao que se costumou chamar de homem 
moderno, e hoje o homem é o que é, ou seja, hodiernamente tido 
como o detentor de mecanismos ou meios de transformação do 
conhecimento em espécies; é um ser que lida com o conhecimento 
em sua acepção fragmentada, especializada. 
Quanto ao conhecimento fragmentado, sabe-se que tem 
recebido muitas críticas dos estudiosos da filosofia da educação, 
senão vejamos: 
 
A civilização da qual somos parte tem-nos apresentado a natureza 
como algo separado de nós. Forjou em nossas mentes uma 
concepção de mundo onde os fatos, os fenômenos, a existência se 
apresentam de forma fragmentada, desconexa, cuja conseqüência é 
a angústia, a incompreensão da totalidade, o medo, o sofrimento. 
Contudo, nem sempre as coisas se passaram dessa maneira. Quando 
esta mesma civilização desabrochou entre os gregos do século VI, a. 
C., o mundo e seus elementos eram vistos como uma unidade. Essa 
cultura não separava filosofia, ciência, arte e religião: havia apenas o 
“conhecimento”, a investigação do fenômeno em sua totalidade 
(...)[1] 
 
Não obstante as críticas apresentadas no período frasal acima 
exposto (e se quiséssemos, por certo, poderíamos encontrar bem 
mais que essa passagem, não só dessa autora, mas também de 
outros pensadores que têm a mesma concepção acerca da natureza 
do conhecimento (des) fragmentado), pode-se dizer que uma 
verdade é que o homem, em determinada época, em determinado 
modo de vida e em algum espaço, sentiu-se necessitado de lidar com 
o conhecimento apresentado em sede de sua especificidade, dito, por 
uns, fragmentado, apresentando-o, assim, em sua forma 
especializada, permitindo-se seu manejo por categorias, o que 
encerrou, por sua vez, na criação das chamadas especializações, e 
estas, nas profissões. 
 Dentre as profissões ou ofícios, conforme muitos as 
denominam, está a advocacia. O advogado, o profissional que atende 
a um chamado à consecução, à realização de um trabalho que dará 
suporte à busca de um direito frente aos diversos Ramos do Direito: 
Direito Civil, Direito Penal, Direito do Trabalho, Direito Comercial, em 
razão das carências e necessidades das pessoas denominadas 
clientes. E essa representação deverá ser realizada de maneira 
aguerrida, destemida e corajosa; mas também de forma organizada e 
planejada, que não obstante tratar-se de uma das mais belas 
profissões já criadas pelo homem, a advocacia é também uma das 
que mais exigem dos profissionais o máximo de empenho (ROQUE, 
2009, p. 16): 
 
A advocacia é profissão de luta: exige empenho e combatividade na 
defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte 
o amparo do direito, e proporcionando-lhe a realização prática de 
seus legítimos interesses. Nesse mister, comportar-se-á com 
independência e altivez, defendendo, com o mesmo denodo, 
humildes e poderosos. 
 De tal forma que as profissões, dentre as tais a advocacia, 
foram criadas sob a égide das necessidades humanas, mediante a 
própria transformação intelectual do homem, frente à ascensão social 
que aspira ou que já ocupa em sociedade, como é o caso da 
docência, àquele que deseja ser professor; da engenharia, ao 
engenheiro; a medicina, ao médico; advocacia, para o advogado, 
dentre outras tantas profissões que a imensidão de currículos assim 
permite. 
 
2. Dos preceitos ou das Regras Morais e Éticas das Profissões 
Diz-se que o homem, em sua inteireza, in natura, pode ser 
visto de uma maneira sublime, simplista, portanto, repleto de 
virtudes, de boa índole, despido de quaisquer vícios, ou seja, “o 
homem é bom por natureza”, conforme já o descrevia Rousseau, 
consoante ainda descreve a filósofa brasileira Marilena Chauí(2004, 
p. 315): “apesar do pecado do primeiro homem, conservamos em 
nosso coração vestígios da bondade original e por isso nascemos 
puros e bons, dotados de generosidade e de benevolência para com 
os outros”. 
 Por outro lado, é certo que dizem também que o homem 
pode ser visto como um ser provido de vicissitudes, destemperos, 
maldades; assim considerado “mau por natureza”, na concepção 
hobbesiana, sendo por vezes moldado para o bem por meio das 
regras morais e éticas, ou seja, dos deveres impostos pela 
convivência da vida em sociedade: 
 
A atividade prática do homem também é explicada pelos corpos e 
pelo movimento. O movimento de um corpo externo suscita na mente 
do homem uma tendência ou uma repulsa, isto é, prazer ou dor, bem 
ou mal. O objetivo da moral é disciplinar racionalmente os instintos 
egoísticos. Entretanto, somente no Estado é possível racionalizar o 
egoísmo. O homem entra na ordem moral entrando na vida civil, pelo 
pacto social. Renunciando ao direito a tudo os homens constituem um 
chefe absoluto. O estado de natureza é o estado de guerra de todos 
contra todos. Compete ao Estado, Leviatã, prescrever a moral e o 
direito. Só o Estado absoluto é capaz de conseguir a paz[2]. 
 
 
Dessas linhas, então, tem-se que o Estado se apresenta como 
se fizesse a vez da consciência do homem, seja pela força, seja pelo 
medo, a ponto de incutir nele uma nova moldura ou roupagem do ser 
homem, do ponto de vista ora das ações, ora dos pensamentos. 
 
3. A Deontologia como Estudo do Dever das Profissões. 
Conceito. 
Estando certos de que para a vida em sociedade, o homem 
necessita de regras, e das mais variadas possíveis, como morais, 
éticas, religiosas, jurídicas, enfim, do Direito, o mesmo homem que 
criou as profissões deu-lhes deveres para serem respeitados e 
cumpridos frente aos indivíduos, quando do tratamento das relações 
entre o profissional e o cliente. 
Desta feita, é dito que cada profissão tem um arcabouço de 
regras que se fazem presentes sob a ótica de deveres, estes são 
verdadeiras linhas de conduta, ou imposições prescrições insculpidas 
no ambiente social, a serem cumpridas compulsoriamente por todos 
os profissionais das diferentes especialidades. 
Aliás, os deveres parecem que sempre estiveram no ínterim do 
pensamento volitivo humano, haja vista que sempre existiu e haverá 
uma conduta, um dever (conjunto de valores, normas, fins e leis 
estabelecidos pela cultura[3]) a ser seguido, intersubjetivamente 
imposto. 
E o que seria a deontologia? Qual sua origem? Bem, 
convenhamos, deste modo, traçarmos o arcabouço teórico da 
palavra. Deontologia, desta feita, é palavra de origem grega, 
“deontos” [4], e que, etimologicamente, significa deveres ou “o que é 
justo e adequado”[5]; logos, que significa ciência, estudo. 
Quanto ao conceito, em nosso idioma, deontologia significa o 
estudo dos deveres de cada profissão. Sendo que, em verdade, tais 
deveres são impostos, efetivamente, aos profissionais vinculados às 
suas respectivas profissões: médico, assistente social, engenheiro, 
dentista, advogado. 
Profissões essas supervisionadas por seus respectivos 
conselhos, os quais têm por atribuição dar efetividade ao 
cumprimento dos deveres inerentes a seus profissionais vinculados, 
isto é, ao corpus constituinte de cada conselho, como por exemplo, o 
CRM, CRO, CRQ, CREA, OAB. De tal forma que significa que há um 
certo “apego aos deveres profissionais”, nos dizeres de Roque (2009, 
p. 16): 
 
O termo “deontologia” parece ter sido apresentado pelo filósofo inglês 
Jeremy Bentham e sua etimologia foi logo revelada: “deontos” = 
deveres e “logos” = estudo, tratado, ciência. É, etimologicamente, 
“ciência dos deveres”, mas dos deveres profissionais, dos que são 
submetidos a uma profissão. É o conjunto de normas reguladoras de 
pessoas integradas em determinada profissão. 
 
4. A Deontologia Jurídica e os Deveres do Advogado 
 
Já em se tratando do profissional do direito, eis o objeto deste 
trabalho, a deontologia assume a nomenclatura particular 
de deontologia jurídica, e tem o significado de ciência, tratado ou 
estudo dos deveres inerentes ao chamado operador do direito, isto é, 
o advogado, o juiz, o promotor de justiça e outros. 
 
É o conjunto de normas reguladoras de pessoas integradas em 
determinada profissão. Há, portanto, a deontologia de cada profissão, 
mas, quando se fala em deontologia jurídica entende-se que seja 
referente ao sistema de ética profissional a que se integra o 
advogado como operador do direito, e todos os demais operadores do 
direito, como juiz, promotor e demais profissionais desta área. 
 
Os deveres normativos dos operadores do direito estão 
compreendidos em documentos especificamente produzidos para 
esses profissionais, como o Estatuto da Advocacia e da OAB, o Código 
de Ética e Disciplina, bem como o Código de Processo Civil. 
 
5. Do Código de Ética do Advogado 
A segunda parte do presente texto terá por objetivo fazer uma 
leitura do Código de Ética do Advogado, o qual está constituído por 
66 artigos, catalogados, em sua ordem nos devidos títulos e 
capítulos. 
Não é de pretensão deste trabalho a analisar o documento de 
forma minuciosa, tomando-se cada tópico e artigos a eles 
pertencentes, elaborando-se comentários acerca de cada dispositivo, 
com a anuência dos autores tomados como referencial teórico para a 
consecução deste simplório trabalho. Ao revés, será feita uma leitura 
de compleição geral, fazendo-se, quando oportuno, uma análise a 
despeito das leituras empreendidas. 
 
6. Dos Deveres Legais do Advogado 
 
A primeira noção que o aspirante a estudante de Direito, bem 
como aquele que já está prestes a exercer a profissão do profissional 
do Direito haverá de ter em mente é que ‘advocacia é coisa séria’; 
portanto, não pode ser negligenciada nas mãos de qualquer um, 
como se fosse mais uma aventura da juventude, ou mesmo o último 
refúgio da velhice. Importa o cumprimento de regras e preceitos 
legais, fixados já de pronto no Código de Processo Civil, bem como no 
Estatuto da Advocacia e da OAB, e no Código de Ética e Disciplina da 
categoria. 
O CPC, no Capítulo II, dos deveres das partes e dos seus 
procuradores, na Seção I dos deveres, composto pelos artigos 14 a 
18, apresenta um esquemático conjunto de regras impostas tanto às 
partes, quanto aos procuradores, advogados: 
 
Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer 
forma participam do processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - proceder com lealdade e boa-fé; 
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são 
destituídas de fundamento; 
IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários 
à declaração ou defesa do direito. 
V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar 
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza 
antecipatória ou final. 
 
 
Percebe-se, por meio de uma leitura cuidadosa, que os incisos 
susomencionados, do artigo 14 do CPC, trazem em seu conteúdo 
lógico-normativo regras de conduta que se referem não apenas às 
partes, mas também aos advogados, quando da declaração “e de 
todos aqueles que de qualquer forma participam do processo”. Essa 
expressão é por demais feliz, isto porque nos lembra de que em não 
sendo o advogado inserido no rol de partes (conforme se diz do juiz), 
não se deve olvidar de que se apresenta como sujeito da relação 
jurídica, portanto, a ele também são destinadas normas de conduta, 
uma delas, a do inciso III, a qual remete à noção de lide temerária. 
Convém fazermos uma observação interessante e por que não 
dizermos importante a despeito do inciso V, art. 14. Conquanto se 
apresentar de forma sequencial no que se refere às obrigações das 
partes, bemcomo de todos os participantes do processo, não se 
destina à pessoa do profissional do Direito, o advogado, como 
podemos deduzir do parágrafo único do já citado artigo, a saber, da 
parte em negrito: 
 
Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam 
exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação do disposto no 
inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da 
jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e 
processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser 
fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte 
por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, 
contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa 
será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. 
 
 
De modo que é perfeitamente conclusivo que em se tratando de 
infringência ao inciso V, do Art. 14, CPC, em face do advogado, ser-
lhe-ão impostas as prerrogativas emanadas do Estatuto da Ordem 
dos Advogados do Brasil, em sede da seccional de filiação do seu 
Estado. E não seria interessante se tal ressalva não se fizesse 
presente nesse parágrafo, pois se assim não se constatasse, quem 
poderia levantar questionamentos quanto à força coercitiva do 
Estatuto, no que se refere ao respeito a normas de senso ético à 
profissão? Bem, pensamos, outrossim, que na verdade, por se tratar 
de norma de conteúdo deontológico, por tal viés já deveria ser 
seguida e cumprida. No entanto, sabemos, também, que as pessoas 
não são iguais, não têm o mesmo pensamento, o que decorre a 
importância da coercitividade. Bem assim, em geral ouve-se falar que 
‘há profissionais e há profissionais’, com a intenção de se dizer, com 
esse jargão popular, que há bons profissionais, que respeitam as 
regras da profissão que abraçou; mas, por outro lado, há maus 
profissionais que atropelam os preceitos normativos, sobretudo 
aqueles de compleição ética. 
Ainda nessa linha da apreciação de conteúdo ético do CPC, 
encontramos o artigo 15, o qual impõe às partes e seus advogados 
certas proibições quando da elaboração das peças a serem 
apresentadas em juízo, bem como quando do momento em que 
tenha que se manifestar oralmente nas situações em que se fizer 
necessário, conforme averiguação a seguir: 
 
Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões 
injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de 
ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. 
Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas 
em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena 
de Ihe ser cassada a palavra. 
 
Trata-se, de acordo com o texto, que esse artigo dá seguimento 
à linha dos deveres das partes e aos advogados, quando da atuação 
em juízo. Trata-se da imposição de regras do bom trato social entre 
as partes, bem como os seus advogados, em se tratando da 
utilização e emprego de expressões de cunho injurioso, impondo-se a 
atenção às regras de trato social de urbanidade, educação, fineza. 
O CPC aborda também, agora na Seção II da responsabilidade 
das partes por dano processual, aquelas condutas que não devem ser 
executadas, sob o perigo de se cometer atos que ensejam dano no 
processo, ocasionando responsabilidades: 
 
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato 
incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do 
processo; 
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
 
 
Analisados esses pontos do CPC, sob a égide das regras de 
conduta dos profissionais do Direito, começaremos à análise das 
normas contidas no Código de Ética do Advogado. 
 
1) TOMO I. DA ÉTICA DO ADVOGADO. CAPÍTULO I. DAS 
REGRAS DEONTOLÓGIAS FUNDAMENTAIS 
 
O Código de Ética e Disciplina da OAB inaugura o texto com um 
conteúdo de normas gerais, em que é trazida uma gama de regras 
deontológicas, com o fito de se demonstrar que, por tal palavra, o 
que se deseja é chamar a atenção dos profissionais às espécies de 
regras que estão sendo trazidas e apresentadas – trata-se de normas 
de conteúdo da ética aplicada à profissão do advogado, cuja 
abordagem se dá pela utilização de princípios de ordem da moral nas 
acepções individual, social e profissional, isto porque “o exercício da 
advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, 
do Estatuto, do Regulamento Geral dos Provimentos e com os demais 
princípios da moral individual, social e profissional”[6]. 
Este tópico se preocupou também por fazer a apresentação do 
profissional do Direito advogado, colocando-o em lugar certo e 
definido, quanto ao seu papel no aspecto da administração da Justiça, 
bem como atribuindo, desde logo, os deveres que lhe são peculiares, 
em face do exercício da atividade diferenciada que desempenha no 
âmbito da sociedade brasileira: 
 
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é 
defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da 
moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a 
atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que 
exerce. 
 
 
No bojo dos deveres, podemos vislumbrar uma gama 
considerável de incisos que são verdadeiros princípios insertos em um 
conjunto de normas de conteúdo pragmático, no sentido de fazer ou 
deixar fazer tal conduta que seja prejudicial ao ao seu próprio nome, 
à justiça, à sociedade, ao seu cliente, principalmente: 
 
Parágrafo único. São deveres do advogado: 
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da 
profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e 
indispensabilidade; 
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, 
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; 
III – velar por sua reputação pessoal e profissional; 
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento 
pessoal e profissional; 
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das 
leis; 
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre 
que possível, a instauração de litígios; 
VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; 
VIII – abster-se de: 
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; 
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à 
advocacia, em que também atue; 
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente 
duvidoso; 
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a 
honestidade e a dignidade da pessoa humana; 
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono 
constituído, sem o assentimento deste. 
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela 
efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito 
da comunidade. 
Ao advogado é cobrada uma atenção redobrada, mediante a 
sua percepção ímpar com que consegue enxergar a natureza das 
coisas, quando não das pessoas, em grau mais apurado do que o 
senso comum, de forma que reza o art. 3º “o advogado deve ter 
consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades 
para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para 
garantir a igualdade de todos”. 
 
2) CAPÍTULO II. DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE 
 
Há uma relação de confiança entre advogado e cliente, quando 
da contratação daquele por este, para fins de representá-lo em juízo, 
para o exercício do jus postulandi, o direito de postular que, em 
regra, é atribuído ao advogado, salvo as exceções ou permissõespertinentes aos juizados especiais, consoante já fecunda anotação no 
âmbito acadêmico, portanto desnecessários maiores comentários a 
respeito. 
Deste modo, é pertinente que o advogado, quando da primeira 
conversa, tão-logo seja efetivado o primeiro contato, em que o 
cliente por certo irá expor suas necessidades jurídicas, contará as 
razões de estar sentado naquela cadeira, e logo em seu escritório, já 
se utilize de regras deontológicas, isto é, utilize-se da ética de sua 
profissão, tratando o cliente com respeito, passando-o confiança em 
sua pessoa e em sua postura como advogado, não fazendo 
promessas que não possa cumprir, tais como ‘a causa já está ganha’, 
ou ‘não vai demorar nada’, ou qualquer outra semelhante. É por tais 
razões que o Capítulo II do Código de Ética, em seu art. 8º, declara 
que “o advogado deve informar o cliente, de forma clara e 
inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das 
conseqüências que poderão advir da demanda”. 
A observância dessa prescrição normativa do art. 8º, ao 
contrário do que se pode imaginar, demonstrará um caráter de 
confiabilidade no profissional, pois seu cliente perceberá que está 
diante primeiramente de um homem que, tal qual sua pessoa, tem o 
compromisso de honrar com a palavra, sem, no entanto fazer 
promessas vazias às quais não possa dar cumprimento, isso por que, 
conforme anotado por Roque (2009, p. 16): “a lealdade, a boa-fé e o 
pego à verdade são virtudes capitais do advogado, para servir à 
Justiça como seus elementos essenciais. Deve proceder com lealdade 
e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos de seu 
ofício”. 
 
3) CAPÍTULO III. DO SIGILO PROFISSIONAL 
 
Em toda profissão que se preze, há uma importância especial 
no que se refere ao sigilo profissional. Os profissionais, por mais 
humilde que seja sua profissão, de certo modo sabe da obrigação de 
manter uma conduta sigilosa sobre fatos ocorridos no interior de seu 
trabalho, de atos realizados no ambiente. Não poderia ser diferente 
com a advocacia, aliás, a sociedade cobra bem mais do profissional 
do Direito, na pessoa do advogado, o sigilo profissional. De modo que 
o Código de Ética, atinente a essa questão, inaugurou o Capítulo III 
com o art. 25, o qual prescreve: 
 
Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu 
respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o 
advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, 
tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da 
causa. 
 
É até lógico que a atenção a esse artigo seja deveras atendida 
pelo advogado, e para saber quão é importante atender a essa 
prerrogativa, seria bom que se pusesse no lugar do cliente que o 
procura e conta-lhe algo particular sobre sua vida. 
Muitas vezes, e em determinadas situações, as revelações da 
parte, principalmente quando esta está na condição de ré, tamanha a 
natureza das declarações fornecidas, assemelham-se a uma espécie 
de confissão, não obstante não estar em um confessionário, diante de 
um padre ou pastor, consoante se observa das palavras seguintes 
(ROQUE, 2009, p. 24): 
 
O escritório do advogado é um confessório. Muitas vezes, o cliente 
expõe fatos de sua vida que o preocupa ou tem o temor pelas 
consequencias. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em 
depoimento judicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício. Pode 
recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou 
ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem 
seja ou tenha sido advogado. Essa confidencialidade não deve ser 
arredada, ainda que haja autorização do constituinte ou este tenha 
solicitado. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares 
entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a 
terceiros. 
 
4) CAPÍTULO IV. DA PUBLICIDADE 
 
 O Código de Ética e Disciplina da OAB deu uma atenção 
muito especial a este capítulo, destinando-o um total de sete artigos, 
alguns compostos por parágrafos, outros com incisos, demonstrando 
assim a cautela, o cuidado de o legislador teve com o item 
publicidade, ou seja, no que se refere à utilização de meios de 
propaganda que o advogado utiliza para fazer-se aparecer ao 
universo de supostos clientes. 
Dentre os vários artigos contidos neste capítulo, chama a 
atenção o art. 28, o qual se apresenta como norma permissiva 
restritiva da conduta do advogado quando da contratação de serviços 
profissionais para fins de publicidade, senão vejamos do enunciado: 
“o advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual 
ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade 
exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com 
outra atividade”. 
De acordo com o texto, a publicidade precisa ser estritamente 
para divulgação da atividade inerente ao exercício da advocacia, 
portanto, trata-se do ofício do profissional do Direito denominado 
advogado. Daí não ser permitida a “divulgação em conjunto com 
outra atividade”. 
Discute-se no ambiente acadêmico o fato de advogado famoso 
ou que se tornou famoso quando da participação em programas de 
rádio ou televisão, como se consultor fossem de tais veículos de 
comunicação. A questão ensejadora das discussões se apresenta no 
aspecto de o profissional do Direito talvez estar sendo desleal, 
quando se utiliza de um meio de comunicação de massa que o 
projeta à frente dos demais profissionais, como por exemplo, por 
aparecer na TV ou fazer-se soar sua voz no Rádio, ferindo assim 
normas de publicidade insertas no Código. 
Para dirimir quaisquer dúvidas quanto a este conteúdo, o 
Código regulamentou o assunto no art. 32, prescrevendo modos de 
comportamento do profissional, bem como tratou da forma como os 
conteúdos devem ser explorados nos programas, como se pode 
averiguar, in verbis: 
 
Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de 
televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem 
televisionada ou de qualquer outro meio, para manifestação 
profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, 
educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou 
profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho 
usados por seus colegas de profissão. 
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por 
qualquer modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico 
de interesse geral, deve o advogado evitar insinuações a promoção 
pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter 
sensacionalista. 
 
A nosso ver, conquanto a assertiva das belas palavras, parece 
letra morta no ordenamento jurídico, haja vista que diariamente 
programas de cunho sensacionalista se utilizam de advogados, em 
que um se confronta com outro proferindo opiniões de forma 
bastante exaltada a despeito de determinado tema de conteúdo 
jurídico, mas que, no final das contas, tanto servem para elevar os 
picos de audiência da emissora, quanto acabam servindo à promoção 
dos profissionais participantes, em detrimento daqueles profissionais 
que não tem o mesmo espaço nas diferentes mídias. E não é 
necessário ser nenhum expert para perceber isso. 
Cabe lembrar, a demais, que o art. 33 do Código de Ética 
apresenta categoricamente regras de impedimento quanto a 
determinadas condutas atribuídas ao profissional do Direito, in casu, 
o advogado, no cotejo à publicidade: 
 
Art. 33. O advogado deve abster-se de: 
I – responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos 
meios de comunicação social, com o intuito de promover-se 
profissionalmente; 
II – debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu 
patrocínio ou patrocínio de colega; 
III – abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão 
e da instituição que o congrega; 
IV – divulgar ou deixarque seja divulgada a lista de clientes e 
demandas; 
V – insinuar-se para reportagens e declarações públicas. 
 
O problema quanto ao atendimento a essa regra do Código 
pode ser verificado no inciso I, sob o aspecto da vontade do 
advogado de promover-se profissionalmente, isto porque não é algo 
de fácil mensuração a ser assegurado pelo órgão fiscalizador, já que 
não há um termômetro, digamos assim, capaz de captar e medir a 
vontade de promover-se. Para fechar o presente capítulo importa 
anotar que ao advogado resta utilizar-se de sua consciência, e assim 
ser moralmente ético, com a aparência da redundância que a 
expressão possa conotar, para que assim honre com as diretrizes 
instituídas por sua profissão, senão a mais bela, uma das mais 
importantes no cenário das profissões já criadas pelo homem. 
 
5) CAPÍTULO V. DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS 
 
Aqui falamos de remuneração pecuniária, portanto, de dinheiro. 
Por tal motivo, vê-se logo que se trata de tema delicado, como 
sempre se apresenta quando há questões de valores monetários 
envolvidos. De sorte que o legislador achou por bem incluir Código 
um capítulo que viesse a tratar de forma especial a questão. Assim, a 
primeira providência foi inserir a necessidade de se estabelecer um 
contrato entre a parte e o advogado, em que haja regras 
pormenorizadas quanto ao item em apreço: 
 
Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem 
como sua majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que 
advierem como necessários, devem ser previstos em contrato escrito, 
qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço 
profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, 
inclusive no caso de acordo. 
 
 
Cabe observar que as bases de cálculo, para o orçamento dos 
honorários do advogado, “devem eles ser fixados com moderação, 
levando em conta certos aspectos da causa, como a relevância, o 
vulto, do interesse financeiro” (ROQUE, 2009, p. 82), bem como 
outras questões. 
Ainda nessa esteira, e com as polêmicas inerentes a questões 
de interesse do Direito, há as verbas de sucumbência, as quais 
tratam daqueles valores a serem pagos pela parte perdedora, ao 
vencido, assim definida: 
 
Questão causadora de muitas polêmicas, mas agora bem definidas é 
a dos honorários decorrentes da sucumbência. O juiz, ao decidir a 
questão, condena a parte sucumbente, ou seja, a parte perdedora, a 
pagar os gastos a que obrigou a parte vencedora, incluindo-se nesses 
gastos os honorários do advogado desta última. 
 
No ambiente dessas polêmicas há aquela sobre a qual se 
discute a quem pertencem os honorários decorrentes da condenação, 
isto é, as chamadas verbas de sucumbência, ou então os valores 
pecuniários advindos da condenação, de obrigatoriedade de 
pagamento feito pelo perdedor da causa, conforme já fora apreciado 
pelo eminente jurista Sebastião José Roque (2009, p. 83): 
 
A quem pertencem os honorários decorrentes da condenação? O 
cliente acha que pertencem a ele, pois é o ressarcimento de seus 
gastos. Da mesma forma pensam os bancos, empresas e outras 
entidades com referencia ao advogado seu empregado, já que este 
recebe salário como funcionário, para a prestação dos serviços. Após 
anos de luta, ficou assentado que pertencem ao advogado, ainda que 
seja funcionário do cliente e remunerado por este. 
 
De forma que não é bom se esquivar da realização de um bom 
contrato de prestação do serviço a ser realizado pelo advogado, para 
que, de forma minuciosa e clara, fique consignado o quantum deve 
ser pago, quais as razões do pagamento, em que momento deverá se 
realizado, para que haja o eficaz cumprimento de todas as cláusulas 
de contrato, de um lado manifestado pela boa prestação do serviço 
pelo profissional do Direito, o advogado, e por outro, a quitação 
obrigacional, por parte do cliente. 
 
6) CAPÍTULO VI. DO DEVER DE URBANIDADE 
 
De certa forma, não precisaria constar esse capítulo no bojo do 
Código de Ética, haja vista que não só no que se refere às profissões, 
mas no meio social, no aspecto das relações intersubjetivas, a 
urbanidade é uma prescrição que deve ser respeitada por todos os 
seres humanos. 
No entanto, quis o legislador ordinário sair dessa análise 
romântica de que todos os homens são educados, portanto, 
respeitam regras de convívio social, e assim instituiu, logo no 
preâmbulo do Capítulo VI, especificamente no art. 44, a conduta que 
o advogado deve ter para com o seu cliente, seus pares, o público, as 
autoridades, servidores, para fins de se apresentar com educação, 
em seu sentido mais lato possível, nos diversos ambientes que a sua 
profissão lhe exige presença, vejamos o texto do art. 44: “deve o 
advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os 
funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, 
exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem 
direito”. 
 Chama a atenção sobre esse capítulo no aspecto de que 
tanto o acadêmico de Direito quanto o advogado recém formado 
precisa ter em mente de que ser combativo difere e muito de ser 
mal-educado. Ser combativo deve se equiparar a ter espírito de luta e 
defender seu cliente em todas as situações que precise. Ser mal-
educado é esquivar-se do respeito às normas do bom convívio social 
e, em especial, do trato com pessoas que, por estarem diariamente 
em contato com o profissional, precisam bem mais serem abordadas 
com polidez, civilidade, cortesia, educação, urbanidade. 
 
7) TÍTULO II. DO PROCESSO DISCIPLINAR. DA COMPETÊNCIA 
DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINAR 
 
Neste título, o Código de Ética apresenta aos estudantes, aos 
advogados e a todos os profissionais denominados operadores de 
Direito, e por que não dizer, ao público em geral e interessado, o 
Tribunal de Ética e Disciplinar no âmbito da Ordem dos Advogados do 
Brasil. São apenas dois artigos que compõem o título, mas talvez não 
fosse necessário mais do que isso para falar das exatas das 
competências do Tribunal, conforme previsão do art. 50, in verbis: 
 
Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina: 
I - instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria 
que considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou 
norma de ética profissional; 
II - organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários 
e discussões a respeito de ética profissional, inclusive junto aos 
Cursos Jurídicos, visando à formação da consciência dos futuros 
profissionais para os problemas fundamentais da Ética; 
III - expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em 
casos previstos nos regulamentos e costumes do foro; 
IV - mediar e conciliar nas questões que envolvam: 
a) dúvidas e pendências entre advogados; 
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante 
substabelecimento, ou decorrente de sucumbência; 
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de 
advogados. 
 
O interessante, da leitura do título II é que fique claro que o 
texto do Código não foi pensado e escrito apenas para existir e ser 
manuseado como simples consulta desprovida de cautela e cuidado, 
ou despretensiosa das imposições contidas ao longo dos artigos. Para 
que não se pense isso é que existe o Tribunal de Ética, o qual zela 
pela observância de todos os preceitos instituídos no Código. 
Mas é bom também anotar que o TED preocupa-se com a 
questão da formação continuada dos profissionais do direito, é claro, 
consoante se depreende da leitura do inciso II: “organizar, promover 
e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito 
de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à 
formação da consciência dos futuros profissionais para os problemas 
fundamentais da Ética”, no que pertine aos preceitos quesão postos 
sistematicamente no Capítulo II do mesmo título, quando da 
abordagem dos procedimentos. A respeito da importância do Tribunal 
de Édica e Disciplan, o TED, o jurista Sebastião José Roque (2009, p. 
111), proferiu as seguintes palavras: 
 
O TED é o poder judiciário da OAB. Trata-se de tribunal formado por 
advogado e destinado a aplicar o Código de Ética e Disciplina. Esse 
órgão pertence ao Conselho Seccional de cada Estado e, como órgão 
julgador, julga os autores de infrações aos deveres profissionais. 
 
Portanto, conforme o enunciado do insigne jurista, o TED tem 
competência de autuação sobre os profissionais regularmente 
inscritos na Ordem, portanto, profissionais que fizeram o Curso de 
Direito, submeteram ao exame de ordem e se inscreveram no 
Conselho, obtendo assim a carteira de advogado regularmente 
pertencente aos quadros da Instituição orientadora e conselheira, 
mas também, fiscalizadora dos atos e práticas de seus conveniados, 
impondo-os, quando necessário, medidas de atributos de penalidades 
(ROQUE, 2009, p. 105): 
 
O advogado está submetido a um mini Código Penal, capitulando as 
infrações aos seus deveres de advogado e ao CED – Código de Ética e 
Disciplina. Ficam previstas as sanções para cada tipo de infração: de 
acordo com elas, podemos fazer a classificação de quatro tipos de 
infração. As sanções disciplinares consistem em: censura, exclusão e 
multa. 
 
De forma que caberá aos estudantes de Direito e aos já 
profissionais da área, os advogados, atentarem para todas as 
prescrições insertas no Código de Ética e Disciplina, para então seguir 
de forma brilhante com os desígnios de sua belíssima atividade que é 
a advocacia. Para tanto, basta começar com uma observação que, em 
sua aparência pode ser tida como simplista, na que em verdade nos 
diz muito: “Advocacia é coisa séria”. E como tal, deve ser também 
aqueles que se propõem a dela se utilizar como meio de obtenção de 
uma profissão, mais do que isso, de um verdadeiro ofício. 
 
 CONCLUSÃO 
 
O presente trabalho preocupou-se por fazer uma abordagem da 
ética aplicada às profissões em geral para, a partir da noção da 
Deontologia, falar-se da ética inserida na profissão do advogado. 
Assim, trouxe o conceito de Deontologia, sua etimologia, sua 
aplicação no mundo das profissões, chegando-se ao conceito de 
Deontologia Jurídica. 
Primou-se por fazer uma análise não profunda a respeito dos 
títulos e dos principais capítulos do Código de Ética, anotando-se, 
quando cabível o artigo que se achou de maior interesse como sendo 
o que melhor resumiria o tópico. 
Das leituras empreendidas ora no próprio Código, ora nos livros 
utilizados como meio de consulta à consecução deste singelo texto, 
percebeu-se o quanto ainda somos carentes de uma base curricular 
que trabalhe e explore a aplicabilidade de conteúdos de compleição 
ética e moral, ao longo de nossa vida estudantil, isso desde as séries 
iniciais. 
Ao longo da exposição das linhas deste trabalho, percebeu-se a 
importância de incutir no âmbito das Faculdades de Direito a 
necessidade da existência de um corpo docente capacitado quanto à 
especialidade de disciplinas como Filosofia e Ética; Direito 
Constitucional, haja vista crermos que em assim sendo posta como 
pragmática dos currículos das faculdades de Direito, quiçá poderemos 
um dia (e que não seja muito distante), mudar uma realidade ainda 
presente nas estatísticas brasileiras, as quais apontam que os 
estudantes de Direito não gostam das disciplinas apresentadas no 
início do Curso. Lamentavelmente essa constatação se dá no que 
concerne às disciplinas que tratam de História do Direito; Filosofia do 
Direito; Ética aplicada ao direito. 
O aluno de Direito precisa perceber que essas disciplinas são, 
na verdade, a essência do Curso de Direito. E que se eles aspiram a 
ser excelentes profissionais do mundo jurídico, precisam também 
lembrar de que o Direito é construído diariamente, e que muita parte 
dessa construção se dá na escolha das boas leituras. Uma delas 
deverá por certo começar pelo Código de Ética e Disciplina da OAB, 
como leitura de travesseiro até. O que, sem dúvidas, muito trará de 
contribuição à vida profissional do aspirante ao ofício da atividade 
jurídica. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. Código Civil, Código Comercial, Código de Processo Civil, 
Constituição Federal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. 
 
BRASIL. CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB. 
 
CASTRO. A. Pinheiro de. Sociologia do Direito. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2003. 
 
CAVALIERI FILHO, Sérgio. PROGRAMA DE SOCIOLOGIA 
JURÍDICA. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. 
 
CHAUÍ. Marilena. CONVITE À FILOSOFIA. São Paulo: Ática, 2004. 
 
ESTÊVÃO, Carlos. JUSTIÇA E EDUCAÇÃO. São Paulo: 2001. 
 
LOBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 
De acordo com a lei n. 11.767/2008. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
MASCARO, Alysson Leandro. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DO 
DIREITO. Dos Modernos aos Contemporâneos. São Paulo: 2002. 
 
MOREIRA, Márcio Martins. Estatuto da Ordem dos Advogados do 
Brasil. Anotado. De acordo com a Emenda Constitucional 45/2004. 
São Paulo: Ícone, 2005. 
 
ROQUE, Sebastião José. DEONTOLOGIA JURÍDICA (ÉTICA 
PROFISSIONAL DO ADVOGADO). Coleção Elementos de Direito. 
São Paulo: Ícone, 2009. 
 
 
 
[1] FERREIRA, Sandra Lúcia. Introduzindo a noção de 
interdisciplinaridade. In: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Práticas 
Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez, 1996, p. 19. Apud 
OLIVEIRA, Terezinha Souza de. A Necessidade da Compreensão dos 
Fundamentos da Interdisciplinaridade como Pressupostos para uma 
Prática Pedagógica Interdisciplinar. Artigo apresentado como pré-
requisito para a conclusão do Curso de Especialização Lato Senso: 
Docência do Ensino Superior – Modalidade a Distância. UFAL. Maceió, 
2008, p. 16. 
[2] CASTRO (2003, P. 41). 
[3] Chauí, 2003, p. 318. 
[4] ROQUE, 2009, p. 16. 
[5] Idem 
[6] Art. 1º, do Código de Ética do Advogado

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