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Cartas Filosóficas e Outros Escritos Karl Marx Friedrich Engels EDITORIAL GRIJALBO ■ 1977 Copyright by EDITORIAL GRIJALBO LTDA. São Paulo — SP. Indice Nota dos Editores ................. ................................. ..................... 7 1. CARTAS FILOSÓFICAS I. Marx a Paul Annenkov (Bruxelas, 28 de dezembro de 1846)...................................................................... 13 n . Marx a J. Weydemeyer (Londres, 5 de março de 1852)........................................................................... 25 III. Marx a Engels (Londres, 25 de setembro de 1857).. 27 IV. Marx a Engels (Londres, 7 de julho de 1866).......... 29 V. Engels a C. Schmidt (Londres, 5 de agosto de 1890) 31 VI. Engels a J. Bloch (Londres, 21 de setembro de 1890). 34 VQ. Engels a C. Schmidt (Londres, 27 de outubro de 1890)___ : ................................................................. 37 VIII. Engels a F. Mehring (Londres, 14 de julho de 1893). . 42 IX. Engels a H. Starkenburg (Londres, 25 de janeiro de 1894)................................................ .......................... 45 2. MANIFESTO DE 1848 I. Introdução.................................................................... 51 II. Prefácio à edição alemã de 1872 ................................ 63 5 gigantesca: Dante, que foi, ao mesmo tempo, o último poeta da Idade Média e o primeiro poeta dos tempos modernos. Hoje, como em 1300, ergue-se no horizonte uma nova época. Dará a Itália ao mundo um outro Dante, capaz de cantar o nascimento desta nova era, a era prole tária? Londres, 19 de fevereiro de 1893. Friedrich Engels. 82 \ Manifesto do partido comunista / ■ " Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunismo. Todas as {totêndas da velha.iiuropa unem-se numa Santa AliãnçiTpira exor- cizá-lo: o Papa e o Czar, Mettemich e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha. Qual o partido de oposiç£o que nSo foi acusado de comunista por seus adversários no podèr? Qual o partido de oposição que também nSo lançou contra seus adversários progressistas ou reacionários a infâmia estigmatizante do comunismo? Duas conclusOes decorrem desse fato: 1 . O comunismo já é reconhecido como força .por todas as potências da Europa; 2. Já é tempo de os comunistas, exporem abertamente, diante de todo o müridS^ s^uas-idéias, seus fins e suas tendêndas, ppondq à tenda do espectro do. comunismo um manifesto do próprio^partido. este fim, comunistas de várias nacionalidades reunixam-se em Londres e redigiram o manifesto seguinte, a ser publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês. 83 I. BURGUESES .EJEKOLEIÁRJ0S1 A história de todas as sociedades existentes até hoje2 é a história das lutas de classes. _ Homèm livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação3 e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, têm permanecido em constante oposição uns aos outros, envolvidos numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou jempre, ou por uma transformação revolucionária detoda a sociedade, ou pêiá~de~struiçgò das duas classes em luta. Nas épocas históricas mais remotas, encontramos, em quase toda parte, uma complexa divisão da sociedade em classes diferentes, uma múítipla gradarão de, posiçOes sociais. Na Roma Antiga, temos patrf- cios, guerreiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, cõmpãnffSrõsraprendizes, servos; e,~em cada ama destas classes, gradações particulares.’ " A' sociedade burguesa moderna, surgida das ruínas da sociedade feudal, não . aboliu os antagonismos de classe. Apenas estabeleceu 1 Por burguesia entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produçío social, que empregam o trabalho assalariado. Por prole tariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, não tendo meios de produção próprios, são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver. (Jiota de F. Engels à edição inglesa de 1888) . 2 Isto é, toda a história escrita. A pré-história, a organização social anterior à história escrita, era quase desconhecida em 1847. Mais tarde, Haxthausen descobriu a propriedade çomum da terra na Rússia; Maurer mostrou ter sido essa a base social da qual as tribos teutônicas derivaram historicamente e, pouco a pouco, verificou-se quê a comunidade rural era a forma primitiva da sociedade, desde a índia até a Irlanda. A organização interna dessasociedade comunista primitiva foi desvendada, em sua forma típica, pela descoberta decisiva de Morgan, que revelou á verdadeira natureza da gent e a sua. íeiaçáo com a tribo. Com a dissolução destas comunidades primitivas, a sociedade começou a dividir-se em classes diferentes e finalmente antagônicas. Procurei retratar esse processo de dissolução na obra Der Ursprung der Famüie, des Privatergenthums urtd des Staats (4 Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado), 2a. ed., Stuttgart, 18.66. (JWota de F. Engels à edição inglesa de 1888). 3 O mestre de corporaçío é um membro da guilda, o patrão interno, e não um chefe da guilda. de F. Engels à edição inglesa de 1888). 84 novas-classes, novas condlcOes-.de opressão. noyas. ,fonnas..de luta ,em lugar das velhas. ' W entanto, a nossa época, a época da burguesia, posgui uma característic^-distintiva: sim^Mcou~os;.4uitagoni^os classed\ sociedade globaí divide-ie cada vez mais em dois campos, hostis, em duas grandes classes diretamente opostas entre si: a burguesia e o proletariado. ” * ' ~ Dos servos da Idade Média originaram-se os moradores dos burgos, das primeiras cidades. Desta população surgiram os primeiros elementos da burguesia. A descoberta da América, a circuriavegação da África, abriram um novo cãmpõ- de: ãção para a burguesia nascente. Os mercados da índia Òrientai e dã China, a colonização da America, o comérao coioriM, o aumento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias, deram ao comércio, à navegação, à indústria','um impálMlfemãfei$s>nhe- ado antes^e. em conseqüência, desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em decomposição. A antiga organização feudal da. indústria, na qual a produção industrial era monopolizada pelas guildas fechadas, agora não mais atendia às crescentes necessidades dos novos mercados. A manufatura tomou o seu lugarTOs mestres das guildas foram postos de lado pela classe média industrial; a divisãp do trabalhó entre as diferentes guildas corporativas desapareceu'eiri face dà divisão do .trabalho dentro, de cada oficinál Enquanto isso, os mercados continuavam sempre a ampliar-se; a procura sempre a aumentar. A própria manufatüra tomou-se insufici ente. Em conseqüência, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. Qjugar da^ manufatura foj.jacupado. pela._grande indústria moderna: a classe média industrial cedeu lugar aos milionários indüsíriãis,. aosjtíderes de verdadeiros exércitos industriais, aos bur- guesesmodçrn^s. .........À grande indústria estabeleceu o mercado mundial, para o_quaLa. descoberta da América, prpparou tejrreno. Este mercado deu um imenso desenvolvimento ao comércio, à navegação e à comunicação por terra. Este desenvolvimento, por sua vez, reagiu sobre a extensão da indústria; e, na proporção em que a indústria, ò comércio, a navegação e as .estradas de ferro se estendiam, na niesma proporção a burguesia se desenvolvia, aumentava seu^capital e punha em plano secundário as classes legadas pela Idade Média. 85 Vemos, portanto, como a própria burguesiá modema é o produto de um longo processo de deseqvnlvimanto ^ de uma série de revoluções jio modo de produção e de troca. . Cada etapa do desenvolvimento da burguesia foi acompanhada de um progresso político