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Noções de Economia para Agente da Polícia Federal 
Aula 05 – Finanças Públicas 
Prof. César de Oliveira Frade 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 
 
 
1 
 
 
 
Olá pessoal, 
 
Nesta aula, nós iremos destrinchar os itens que ainda não foram cobertos no Edital. 
Vocês verão que são itens bem mais simples e rápidos. Para liberar a aula para vocês 
mais rapidamente, eu não coloquei questões nessa aula. A última aula será solução de 
exercícios de todos os tópicos, incluindo todas as questões da última prova da Polícia 
Federal. 
 
Vamos parar de enrolação e começar. Qualquer dúvida, por favor, poste no fórum. 
Críticas e sugestões serão sempre bem-vindas, favor enviar para o mail 
cesar.frade@pontodosconcursos.com.br. 
Sumário 
21. Evolução da Participação do Setor Público na atividade econômica. ............................... 2 
22. Conceitos Básicos de Contabilidade Fiscal .................................................................................. 3 
22.1. “Acima da linha” versus “abaixo da linha” .......................................................................... 3 
22.2. NFSP ................................................................................................................................................... 5 
22.3. Resultados nominal, operacional e primário ...................................................................... 6 
22.4. Dívida pública ................................................................................................................................. 8 
23. Dívida Pública e Sustentabilidade do endividamento público. .......................................... 10 
24. Financiamento do déficit público a partir dos anos 80 do século XX. ............................ 12 
Bibliografia ..................................................................................................................................................... 16 
 
 
Um grande abraço e bom estudo. 
Prof. César Frade 
AGOSTO/2014 
 
Aula 05 – Finanças Públicas 
Noções de Economia para Agente da Polícia Federal 
Aula 05 – Finanças Públicas 
Prof. César de Oliveira Frade 
 
 
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2 
 
21. Evolução da Participação do Setor Público na 
atividade econômica. 
 
Ao longo dos anos, a participação do Setor Público na atividade econômica se altera de 
forma continuada. Tal ponto tem a ver tanto com a capacidade de o Setor Privado 
gerar novos investimentos quanto ao tipo de Política adotada pelo Governo, de uma 
forma geral. 
 
Para ficar um pouco mais simples de compreender, vamos mostrar alguns aspectos 
históricos que ilustram bem tais fatos. 
 
O primeiro ponto que devemos ressaltar é o final da década de 1920. Com o crack da 
Bolsa de Nova Iorque em 1929, o nível de desemprego nos Estados Unidos e no mundo 
de uma forma geral aumentou bastante. Para que o mundo saísse daquela situação foi 
necessária uma profunda intervenção do Governo, que passou a efetuar um gasto 
enorme com o intuito de retomar o crescimento. Lembre-se que a economia mundial 
naquele momento começou a passar por uma grande depressão. 
 
Podemos contrapor a crise de 2008. Nesse momento, muitas pessoas enxergaram que 
seria a ruina do capitalismo. A saída foi um aumento do gasto do Governo. Algumas 
empresas norte-americanas chegaram a ser “nacionalizadas”. Ou melhor, o Governo 
teve que colocar tanto recurso que acabou virando proprietário da empresa. Observe 
que crises podem fazer com que haja uma mudança da participação do Setor Público 
na economia. 
 
Outra forma de vermos as mudanças é com relação às crenças dos Governantes, 
digamos assim. Se pensarmos no caso Soviético, vemos que o Governo tinha uma 
participação muito maior do que aquela que era dada pelos americanos. Não 
precisamos ir muito longe. Temos vizinhos que possuem crenças parecidas. Países 
como Bolívia e Venezuela possuem uma alta participação estatal, muitas vezes por 
causa da incapacidade de suas empresas gerarem riquezas para seu próprio país. 
 
Por fim, podemos verificar também que os diferentes Governos de um mesmo País 
também provocam essas mudanças. Se avaliarmos apenas os discursos dos 
Governantes, sem entrarmos muito nos números, vemos que o Governo do PT tem 
uma tendência maior de aumentar essa participação do que o Governo do PSDB. Se 
falarmos em um possível Governo do PSTU, tal fato aumenta de forma drástica. 
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3 
 
22. Conceitos Básicos de Contabilidade Fiscal 
 
Temos que compreender alguns conceitos básicos para que possamos definir de forma 
correta todos os tópicos. Antes de passarmos para as definições que foram solicitadas 
no Edital, há a necessidade de compreendermos algumas outras. 
 
O primeiro ponto que devemos compreender antes de entrarmos nas definições é a 
diferença entre o “acima da linha” e o “abaixo da linha”. 
 
22.1. “Acima da linha” versus “abaixo da linha” 
 
Esse é um conceito importante de ser compreendido. Para tal, vamos dar um exemplo 
simples. Quantas vezes você não saiu de férias, e antes disso resolveu fazer algumas 
economias para pagar as suas mordomias nas férias. Não é assim que funciona? Para 
tanto, você pergunta a amigos quanto que se gasta naquele lugar (principalmente se 
for para o exterior) e faz o seu orçamento. No entanto, ao voltar descobre que gastou 
muito mais, mas nem sabe muito bem aonde colocou o seu dinheiro, não sabe 
exatamente como gastou tudo aquilo. 
 
Dessa forma, vamos supor que você opte por anotar tudo nas próximas férias. Você sai 
de férias e saca todas as suas economias (receitas). Você vai efetuando os seus gastos 
e anotando item a item, mas agrupando-os em grandes grupos como alimentação, 
diversão, moradia, etc. Para seu espanto, no final das férias, as contas não fecham. 
 
No ano seguinte, ao invés de anotar em um papel, você opta por pagar tudo no cartão 
de crédito. Efetuando todos os gastos no cartão de crédito, você acabou tendo a 
verdadeira noção de quanto gastou na viagem. 
 
A utilização do método em que é feita a anotação de todos os gastos acaba não 
funcionando porque muitas vezes as pessoas não anotam todas as despesas, 
principalmente aquelas que são muito baratas ou muito caras. Se você tivesse uma 
planilha diária de controle de gastos, abriria o seu computador para anotar o preço do 
pão do café da manhã? Por outro lado, quando utilizamos o cartão de crédito como 
única forma de pagamento, temos a anotação de todos os gastos sejam eles caros ou 
baratos. No final, você efetua o pagamento desse financiamento que te fizeram e está 
tudo certo. 
 
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4 
Receitas Despesas 
Salário 3000 Alimentação 500 
 Transporte 400 
 Aluguel 700 
 Diversão 200 
 Outros 1400 
Total 3000 Total 3200 
 
A segunda forma mostraria apenas o valor gasto no cartão e, portanto, o quanto seria 
necessário ser financiado, ou seja, 200. Importante ressaltar que o quadro acima 
indica o que chamamos de acima da linha enquanto que o financiamento no cartão é o 
denominado abaixo da linha. 
 
Pois bem, com as contas públicas ocorre algo bastante similar. 
 
Segundo Giambiagi & Além: 
 
“As estatísticas fiscais desagregadas, que apresentam as variáveisde receita 
e de despesa, são chamadas “acima da linha”, enquanto a variável que mede 
apenas a dimensão do desequilíbrio através da variação do endividamento 
público – sem que se saiba ao certo se este mudou por motivos ligados à 
receito ou à despesa –, é denominado de estatística “abaixo da linha”. No 
Brasil, as NFSP são medidas “abaixo da linha”, a partir das alterações no 
valor do endividamento público. A razão da escolha desse critério é que, se o 
cotejo de receitas e despesas é diferente da variação do endividamento, o 
mais provável não é que a estatística da dívida pública esteja errada e sim 
que algum item não tenha sido corretamente apurado pelas estatísticas 
desagregadas, gerando, porém, na prática, uma variação do endividamento.” 
 
Podemos sintetizar os conceitos da seguinte forma: 
 
• Acima da Linha: ocorre quando a medida do resultado é feita pela apuração 
das variáveis de receitas e despesas desagregadas. No caso do Governo, essa 
medida seria feita após equacionarmos os gastos em educação, saúde, etc e as 
receitas geradas. Poderia incorrer tanto em superávit quanto em déficit público. 
 
• Abaixo da Linha: ocorre quando a medida é feita pelo lado do financiamento. 
No caso do Governo, o resultado seria medido apenas pelo valor que o Governo 
deveria financiar. 
 
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5 
Observe que pelas próprias palavras do Giambiagi, a Necessidade de Financiamento do 
Setor Público – NFSP é medida pelo método abaixo da linha, até porque a ocorrência 
de erros tende a ser bem menor. Sabemos que anotar todas as despesas que temos 
tende a ser algo custoso, e se precisamos saber os custos das férias, basta acumular 
todas as compras no cartão para saber o tamanho do “prejuízo” no final. 
 
Sendo assim, não me parece nada razoável estudar os conceitos pelos dois métodos. 
Para nós, basta estudarmos pelo método “abaixo da linha”, da forma como é mostrado 
no Manual de Finanças Públicas do Banco Central. 
 
No entanto, fiquem sabendo que mesmo sendo mais impreciso quando estamos 
falando de NFSP, o método “acima da linha” também é mensurado no Brasil e tal fato 
ocorre porque com isso se permite saber de forma razoavelmente correta o que está 
ocorrendo tanto com as receitas e despesas. 
 
 
22.2. NFSP 
 
A Necessidade de Financiamento do Setor Público é o quantitativo que necessita de 
financiamento por parte do Governo. Temos várias formas e medidas para isso. É 
exatamente isso que vamos definir no item seguinte, ou seja, o resultado nominal, o 
resultado operacional e o resultado primário. 
 
Entretanto, antes de efetuarmos essa definição, vamos definir dois pontos que são 
necessários para a perfeita compreensão dos itens. Destaco que abaixo está a 
definição dada pelo Manual de Finanças Públicas do Banco Central que, repito, é o 
melhor local que você tem para conseguir informações que serão cobradas na prova. 
 
Segue link para o Capítulo 5, o mais importante do Manual para vocês: 
http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/finpub/cap5p.pdf 
 
Segundo o Manual, Ajuste patrimonial tem a seguinte definição: 
 
“Corresponde a variações nos saldos da dívida líquida não consideradas no 
cálculo do déficit público. Inclui as receitas de privatização e a incorporação 
de passivos contingentes (esqueletos).” 
 
Segundo o mesmo Manual, Ajuste metodológico tem a seguinte definição: 
 
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6 
“Ao obter financiamento no exterior, em geral os governos o fazem em 
moeda do país em que o empréstimo é efetuado, ou em alguma outra 
unidade de conta válida para contratos no exterior (dólar americano, direitos 
especiais de saque – DES, euro, etc). Portanto, variações de paridade entre 
moedas estrangeiras, ou a variação cambial entre o dólar americano e o real, 
não aumentam nem diminuem o déficit público, porque não afetam o saldo 
da dívida externa medido na moeda em que o financiamento foi efetuado.” 
 
 
22.3. Resultados nominal, operacional e primário 
 
No Resultado Nominal temos, basicamente, a diferença entre o total das despesas e as 
receitas do governo. No entanto, desde os tempos de inflação alta, esse resultado 
perdeu um pouco de sua importância. 
 
Segundo o Manual do Banco Central, o conceito de Resultado Nominal é o seguinte: 
 
“Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à 
variação nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes 
patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento de 
dívida). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa e 
sobre a dívida mobiliária interna indexada a moeda estrangeira (ajuste 
metodológico). Abrange o componente de atualização monetária da dívida, 
os juros reais e o resultado fiscal primário.” 
 
Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à variação 
nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes patrimoniais 
efetuados no período (privatizações e reconhecimento de dívidas). Exclui, 
ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa (ajuste 
metodológico). Abrange o componente de atualização monetária da dívida, 
os juros reais, a apropriação da variação cambial sobre a dívida mobiliária 
interna e o resultado fiscal primário. 
 
Eu já sei que você não achou esse conceito nada simples. Entretanto, é importante que 
você o memorize, pois é muito comum o examinador aplicar um “corte e cole” na 
prova. E para aquele que fizeram uma leitura mais atenta, não terão a chance de errar. 
 
No entanto, para que vocês possam ter uma compreensão maior da extensão desse 
conceito, eu preciso definir o que seria a dívida líquida. O mesmo Manual informa que é 
considerada a dívida líquida o “saldo líquido do endividamento do setor público não-
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7 
financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor 
privado não financeiro e o resto do mundo.” 
 
Traduzindo. Estamos falando de um endividamento do Estado em todas as suas esferas 
de Governo, incluindo o Banco Central, com todos os agentes, podendo ser eles 
financeiros (incluindo os bancos públicos) ou não-financeiros, internos externos. Ou 
seja, com qualquer instituição que não seja o próprio Governo. 
 
Importante ressaltar que Giambiagi & Além destacam que: 
 
“O resultado nominal continuou sendo calculado no Brasil quando a inflação 
iniciou a sua trajetória de aumento nos anos 1980, ..., de um modo geral, 
ele deixou de ser considerado um indicador fiscal relevante pela maioria dos 
analistas, que passaram a utilizar o conceito de resultado “operacional”.” 
 
Observe que “apenas” por causa da inflação, o simples resultado de receita contra 
despesa teve que ser desconsiderado e, portanto, houve a criação de um novo 
conceito, o resultado operacional. Esse conceito extirpava do resultado nominal a 
correção monetária em relação à dívida INTERNA passada. Observe que é apenas a 
dívida interna que está tendo a sua operação modificada e isso é um tanto quanto 
óbvio, pois os juros externos sempre foram em níveis adequados. 
 
Sendo assim, podemos definir que o Resultado Operacional é o Resultado Nominal 
menosa correção monetária da dívida interna1. 
 
Fiquem atentos. Se o examinador fizer a seguinte questão: 
 
O Resultado Operacional é o resultado nominal, que pode ser mensurado como a 
variação da dívida líquida de dois períodos, menos a correção monetária de toda a 
dívida. 
 
Você marcaria CERTO ou ERRADO? Por favor, não se deixem enganar. Essa questão 
está, CLARAMENTE, ERRADA. 
 
Nunca diga que o Resultado Operacional é o resultado nominal menos a correção 
monetária da dívida. Lembre-se que é a correção da dívida interna. 
 
Para isso, o mais renomado autor sobre o assunto (Giambiagi & Além) faz a seguinte 
afirmação: 
 
1
 Observe que dessa forma estamos expurgando a inflação. 
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8 
 
“ Esse conceito correspondia ao valor do resultado nominal, expurgado do 
componente da despesa de juros associado à atualização monetária do valor 
da dívida passada. Tal atualização monetária referia-se apenas à dívida 
interna, já que os juros da dívida externa, no conceito nominal, não sofriam 
a distorção apontada para os juros nominais...” 
 
Vamos agora conceituar o que chamamos de Resultado Primário. O Resultado primário 
exclui a totalidade dos juros. Portanto, ele seria o resultado nominal menos a correção 
monetária da dívida interna menos os juros reais aplicados à totalidade da dívida. 
 
O Manual de Finanças Públicas do Banco Central coloca a seguinte definição: 
 
Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida dependem 
do nível de taxa de juros nominal e do estoque de dívida, que, por sua vez, é 
determinado pelo acúmulo de déficits nominais passados. Assim, a inclusão 
dos juros no cálculo do déficit dificulta a mensuração do efeito da política 
fiscal executada pelo Governo, motivo pelo qual se calcula o resultado 
primário do setor público, que corresponde ao déficit nominal (NFSP) menos 
os juros nominais apropriados por competência, incidentes sobre a dívida 
pública. A parcela dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária 
vinculada a moeda estrangeira é convertida pela taxa média de câmbio de 
compra. 
 
Dessa forma, podemos fazer um resumo desses conceitos. No entanto, eu lembro 
vocês que ler aquilo que está escrito no Manual do Banco Central é de fundamental 
importância, pois o examinador com bastante frequência copia esse texto na prova. 
 
Resultado Nominal = Variação da Dívida Líquida do Setor Público 
 
Resultado Operacional = Resultado Nominal menos Correção Monetária da 
Dívida Pública Interna 
 
Resultado Primário = Resultado Nominal – Juros Reais – Correção Monetária 
da Dívida Interna 
 
 
22.4. Dívida pública 
 
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9 
Mesmo após as definições acima, ainda precisamos citar alguns pontos com o intuito 
de facilitar a vida de vocês na hora da prova. 
 
O primeiro ponto a ser ressaltado é que as receitas podem ser maiores ou menores 
que as despesas. 
 
Quando essas receitas ultrapassam as despesas, dizemos que há um superávit. 
 
Quando as despesas forem maiores que as receitas, dizemos que há um déficit. 
 
Por exemplo, quando um País tem uma grande dívida, espera-se dele que seja feita 
certa economia, portanto, que ele tenha um determinado superávit primário em 
relação ao PIB para que tenha condições de pagar os juros (ou parte dele) e, quem 
sabe, começar a amortizar o principal. 
 
Vamos ver a situação do Brasil em 2014 para que possamos tentar traduzir o texto que 
foi publicado no site do Banco Central do Brasil. 
 
“O setor público consolidado registrou deficit primário de R$2,1 bilhões em 
junho. O Governo Central apresentou deficit primário de R$2,7 bilhões e os 
governos regionais e as empresas estatais, superavits de R$113 milhões e 
R$518 milhões, respectivamente. 
 
No ano, o superavit acumulado alcançou R$29,4 bilhões, ante R$52,2 bilhões 
no mesmo período de 2013. Considerando-se os fluxos acumulados em doze 
meses, o superavit primário atingiu R$68,5 bilhões (1,36% do PIB), 
comparativamente a R$76,1 bilhões (1,52% do PIB) em maio.” 
 
Portanto, em junho de 2014, o setor público obteve um déficit, ou seja, teve uma 
despesa maior do que a receita, sem contarmos os juros. O déficit primário foi de 
R$2,7 bilhões para o Governo Central. Observe que aqui não está sendo levado em 
consideração os juros da dívida pública. Dessa forma, o déficit nominal seria ainda 
maior que o apresentado. 
 
Observe que apesar de apresentar um déficit primário no mês de junho, o Governo 
Central apresenta um superávit primário de R$ 29,4 bilhões para o primeiro semestre 
de 2014. Talvez tenhamos que pensar que o mês de junho foi atípico e muito 
provavelmente porque houve um pagamento de um adiantamento do 13º salário para 
os aposentados. Aqui eu estou fazendo uma suposição, que fique claro isso. 
 
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10 
No final do texto, há um dado importante. O Banco Central mostra o percentual do PIB 
que está sendo economizado. Há uma economia de 1,36% do PIB dos últimos 12 
meses, ou seja, julho de 2013 a junho de 2014. Essas economias são necessárias. 
Observe que estamos nos referindo a um superávit primário. Portanto, essas 
economias acabam auxiliando no pagamento dos juros da dívida existente até o 
momento. 
 
 
23. Dívida Pública e Sustentabilidade do 
endividamento público. 
 
Em junho de 2014, a dívida pública bruta alcançava 42% do PIB. Enquanto isso, a 
dívida líquida do setor público alcançou 34,9% do PIB. 
 
Lembro que 42% de 365 dias é igual a 153 dias. 
 
Sendo assim, se a dívida atual está em 42% do PIB, isso significa que se todos os 
brasileiros ficarem 153 dias em um ano trabalhando para o Governo, portanto, sem 
receber absolutamente nada, a dívida do Governo Federal estaria paga. 
 
Há uma regra de bolso que diz que essa dívida pública é sustentável se mantida abaixo 
dos 60% do PIB. Entretanto, há vários países que possuem uma relação dívida/PIB 
bem maior. Abaixo, uma lista de alguns países e o seu endividamento em relação ao 
PIB. 
 
 País Relação Dívida Pública/PIB 
 Argentina 45,60% 
 Bolívia 33,09% 
 Canadá 89,10% 
 Chile 12,80% 
 México 36,90% 
 Estados Unidos 101,53% 
 Uruguai 59,40% 
 Áustria 74,50% 
 Chipre 111,70% 
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11 
 Grécia 175,10% 
 Islândia 96,20% 
 Irlanda 123,70% 
 Itália 132,60% 
 Portugal 129,00% 
 Espanha 93,90% 
 Afeganistão 8,00% 
 Brunei 2,46% 
 Japão 227,20% 
 China 22,40% 
Fonte: www.wintrade.com.br 
 
Vocês podem estar pensando que essa medida não tem nada a ver com o 
desenvolvimento. Mas observe que um país como o Afeganistão tem uma relação de 
8,00% do PIB. Entretanto, de nada adianta a dívida ser tão pequena quando 
comparada ao PIB se o país não tem qualquer tipo de infraestrutura. A dívida pública, 
na verdade, tem uma tendência de crescer quando há a instalação de infraestrutura.Observe que eu marquei alguns países europeus e esses países possuem uma relação 
dívida/PIB bem maior que os demais (exceto Japão), principalmente, quando 
comparamos aos outros países europeus. 
 
Países como Grécia, Itália e Grécia tiveram grandes problemas em 2011 e tais 
problemas estavam diretamente ligados à capacidade de pagamento de suas dívidas. 
Eles possuíam uma grande dívida e estavam incorrendo em gastos públicos enormes 
porque os países, assim como todo o mundo, estavam com recessão e alto nível de 
desemprego. No entanto, em determinado momento, os financiadores começaram a 
duvidar da capacidade de pagamento dessas dívidas e começaram a exigir uma taxa 
de juros cada vez maior para fazer o refinanciamento. Como eles estão na zona do 
euro, há uma rígida regra para que algumas medidas monetárias sejam cumpridas. 
Enfim, esse nível de endividamento causou grandes problemas como vimos nas 
reportagens da televisão. 
 
Veja um gráfico a respeito da Dívida Líquida do Setor Público que pode ser facilmente 
retirado do site do Banco Central do Brasil: 
 
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12 
 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
A linha que está mais acima é a dívida líquida do setor público consolidado em relação 
ao PIB. Nesse caso, estamos contando também os Estados e Municípios. A linha mais 
baixa leva em consideração apenas a dívida líquida do Governo Federal e Banco 
Central em relação ao PIB. 
 
 
Um ponto importante a ser ressaltado aqui é que na evolução da relação Dívida/PIB, o 
fator relevante é o tamanho relativo do resultado operacional e não o nominal. 
 
O Economista H. Bohn desenvolveu aquilo que foi denominado de argumento de Bohn 
para a sustentabilidade da dívida pública. 
 
O argumento de Bohn é uma aproximação de uma regra fiscal do governo e que, caso 
o resultado primário responda positivamente a acréscimos na dívida pública, então 
pode ser vista como sustentável, mesmo em um mundo incerto. Na verdade, há um 
teste econométrico por trás desse argumento. 
 
 
24. Financiamento do déficit público a partir dos anos 
80 do século XX. 
 
Para descrever esse tópico, eu irei fazer exatamente igual a Giambiagi & Além. Na 
verdade, o edital, nesse ponto, está idêntico a esse livro. Aproveitarei a deixa que o 
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13 
examinador deu e vou transcrever, dando os créditos obviamente, uma parcela desse 
livro. É provável que algumas questões estejam respondidas por esse excelente autor 
em seu clássico livro. 
 
Da mesma forma que os autores, vamos separar essa trajetória da dívida pública a 
partir dos anos 80 em seis períodos, quais sejam: 
 
• 1981 / 1984 
• 1985 / 1989 
• 1990 / 1994 
• 1995 / 1998 
• 1999 / 2002 
• 2003 / 2010 
 
Observe que o livro não mostra a trajetória da dívida pública nos últimos anos. 
Entretanto, nós fizemos isso no gráfico que foi feito anteriormente. 
 
Houve uma grande crise mundial chamada de crise da dívida entre os anos de 1981 e 
1983. Tal crise provocação um baixo crescimento nas economias ao redor do mundo e 
no Brasil isso não foi diferente. É claro que uma estagnação econômica, dado o elevado 
nível das taxas reais de juros, faz com que a relação dívida/PIB cresça de forma 
natural. E nesse período tal relação não se comportou de forma diferente, houve um 
crescimento, dado o contexto de forte déficit fiscal. Importante observar que esse 
período foi o único da década de 1980 que teve aumento dessa relação dívida/PIB. 
Nesse período, a relação passa de 20% para 55% do PIB. 
 
Entre os anos de 1985 e 1989, tivemos um período marcado por um déficit semelhante 
ao do primeiro intervalo mostrado, entretanto, há uma queda da relação dívida/PIB. 
Tal redução só foi possível porque houve um forte crescimento do PIB (que está no 
denominador da fração). 
 
Na primeira metade da década de 1990 (1990 a 1994) a relação dívida/PIB continua 
caindo. Tal fato se deveu, principalmente, às receitas oriundas da senhoriagem. Há 
ainda a finalização de uma grande renegociação da dívida externa em que foi dado o 
“calote” em fevereiro de 1987. Tal fato faz com que haja um cancelamento de parte do 
valor dessa dívida e isto auxilia a queda da relação. Foi o maior período de 
financiamento através da senhoriagem entre o período de 1985 e 1998. Houve uma 
receita da ordem de 5,0% do PIB entre 1990 e 1994. Nesse período, a relação 
dívida/PIB girava em torno de 30% do PIB. 
 
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Entre 1995 e 1998, a relação dívida/PIB começa a aumentar devido a uma redução 
grande da receita advinda de senhoriagem. Para que vocês tenham uma ideia, a 
receita da senhoriagem em 1994 foi de 4,9% do PIB. No entanto, no período entre 
1995 e 1998, a maior receita foi de 1,3% do PIB em determinado ano, tendo, 
inclusive, um dos anos em que a receita foi da ordem de – 0,2% do PIB. Além dessa 
redução de receita da senhoriagem, houve também um aumento dos déficits públicos. 
 
A partir de 1999 foi inaugurada uma nova fase, com elevados superávits primários. 
Entretanto, como dizíamos no Ministério da Fazenda (trabalhei lá por alguns anos), 
alguns “esqueletos foram retirados do armário” e a dívida continuou aumentando. Já 
sei. Você quer saber o que são esqueletos. São dívidas que o Governo “promoveu” no 
passado e não as quitou, principalmente, advindas de medidas como FCVS (Fundo de 
Compensação de Variações Salariais) que quitavam as compras de casas próprias sem 
que a dívida estivesse totalmente paga e outras advindas dos mais diversos planos 
econômicos. Portanto, mesmo com os elevados superávits primários, a relação 
dívida/PIB continuou crescendo no período e atingiu o seu pico máximo em set/02 com 
62,86%. 
 
A partir de 2003, a relação dívida/PIB começa a cair. Em geral, dois motivos provocam 
essa queda. O primeiro é a manutenção de um superávit primário relativamente alto 
nos mandatos do Presidente Lula aliado a uma constante redução da taxa de juros e, 
consequentemente, da dívida pública. Além disso, há um crescimento da economia 
brasileira. Observe que há tanto uma redução no crescimento do numerador quanto 
um crescimento do denominador. 
 
 
 
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Observe que recentemente, desde março de 2014, está havendo um aumento da 
relação dívida/PIB. Podemos explicar isto pelo pífio desempenho da economia brasileira 
no ano de 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia 
Blanchard, Olivier – Macroeconomia: Teoria e Política Econômica, Editora Campus, 
1999. 
 
Dornbusch, R & Fischer S. – Macroeconomia, Editora Makron Books – 5ª Edição, 1991. 
 
Eaton & Eaton – Microeconomia, Editora Saraiva – 3ª Edição, 1999. 
 
Ferguson, C.E. – Microeconomia, Editora Forense Universitária – 8ª Edição, 1985.Froyen, Richard T. – Macroeconomia, Editora Saraiva – Tradução da 5ª Edição, 2001. 
 
Giambiagi & Além – Finanças Públicas – Teoria e Prática no Brasil, Editora Campus – 4ª 
Edição, 2011. 
 
Kupfer & Hasenclever – Economia Industrial, Editora Campus – 1ª Edição, 2002. 
 
Lopes,L.M & Vasconcellos, M.A.S. – Manual de Macroeconomia: Básico e Intermediário, 
Editora Atlas, 2a Edição, 2000. 
 
Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia, Editora LTC – 3ª Edição, 1998. 
 
Mankiw, N. Gregory – Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia, 
Editora Campus – 1999. 
 
Mas-Colell, Whinston & Green – Microeconomic Theory, Oxford University Press, 1995. 
 
Musgrave & Musgrave. Finanças Públicas – Teoria e Prática. Editora Campus, 1980. 
 
Pindyck & Rubinfeld – Microeconomia, Editora MakronBooks – 4a Edição, 1999. 
 
Sachs & Larrain – Macroeconomia, Editora Makron Books – 2000. 
 
Simonsen, M.H. & Cysne R.P. – Macroeconomia, Editora Atlas – 2a Edição, 1995. 
 
Stiglitz, J. Economics of Public Sector. Norton&Company, 1986. 
 
Varian, Hal R. – Microeconomia – Princípios Básicos, Editora Campus – 5ª Edição, 
2000. 
 
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Vasconcellos, M.A. Sandoval – Economia Micro e Macro, Editora Atlas – 2ª Edição, 
2001.

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