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Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Bom dia! Antes de mais nada, antes mesmo de me apresentar, compartilho a angústia de vocês: Que susto esse edital nos deu, hein? Eu fiquei, da mesma forma que vocês, sem chão, quando vi o edital! Completamente surpreendente! Mas, logo depois de retomar o fôlego, pensei: vamos olhar para frente, porque é assim que se faz! É para isso que estou aqui, para, junto com vocês, matar esse edital! Masss... antes de mais nada.. gostaria de me apresentar! Muitos de vocês, pelo Brasil afora, que iniciaram as preparações para os concursos públicos, já ouviram falar a meu respeito. Mas, eu aproveito esse nosso encontro para fazer uma rápida apresentação: Meu nome é Amanda Aires. Sou economista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com extensão universitária na Universität Zürich, na Suiça, Mestra em Economia pela UFPE e, agora, estou no terceiro ano do doutorado na mesma área, estudando economia na Université Laval, em Quebec, no Canadá. Além de estudar economia, também sou professora em alguns cursos preparatórios presenciais para concursos públicos e, assim, já trabalhei na preparação de alunos para as provas do Banco Central do Brasil, Polícia Federal e Secretarias da Fazenda estaduais. Na parte online, sou professora de Micro, macro, economia brasileira e econometria pelo www.euvoupassar.com.br. Atualmente, sou Assessora Técnica da Agência de Fomento do Estado de Pernambuco – Agefepe, além de ser professora universitária de várias universidades e faculdades no Recife, ministrando aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em outras universidades e faculdades. O ponto comum dessas disciplinas é que elas são voltadas para alunos que não são estudantes de economia, ou seja, contadores, administradores, engenheiros, pedagogos, médicos. Acredito que esse seja um bom diferencial das aulas, pois agora estou acostumada a olhar o mundo como não-economista, o que facilita a comunicação entre mim e você, aluno. Por fim, ainda na área de concursos voltados para a área fiscal, escrevo livros de economia para não economistas, em parceria com colegas do doutorado, voltados para concursos públicos. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Bem, terminada essa minha breve apresentação (acredito que agora você me conheça um pouco mais), vamos falar sobre o que faremos, juntos, no Estratégia Concursos: Com a publicação do Concurso para Agente da Polícia Federal, esse curso busca orientar você, concursando, a compreender melhor as questões de economia que têm maior probabilidade de cair na prova, em se tratando de CESPE como banca avaliadora. A ideia é fazer você fechar as (possíveis) 9 questões que estarão no seu certame! Mas vamos ao que interessa, não é? Como faremos esse estudo para dissecar as provas da CESPE? Fazendo diversos exercícios semelhantes da banca! Ao estudar grupos de questões análogas, observaremos que a Banca tem um perfil bastante similar entre as questões e, assim, poderemos verificar o que há de comum entre elas. Observando, por fim, o padrão de repetição e respostas. Um ponto interessante aqui e que você entenderá melhor posteriormente, é que em economia, pode mudar a “historinha”, mas a mecânica de solução será sempre a mesma! À medida que o tempo for passando com as aulas, você poderá verificar isso com uma clareza solar! Espero que, com os nossos encontros, você possa observar que a economia é sim uma matéria interessante e que pode ser vista de uma forma muito mais descomplicada. Além disso, pode ser um determinante na sua aprovação. Com o novo edital, esse curso de Economia para a Polícia Federal será dividido em 5 aulas, excluindo essa aula demonstrativa. Cada uma das aulas será composta por quatro momentos distintos: em um primeiro momento será visto o conteúdo teórico da disciplina, sendo seguido por um segundo momento, de exercícios da primeira parte. A seguir, teremos mais uma parte de teoria sendo seguida pelo último momento, a segunda parte dos exercícios. Um quadro resumo será apresentado no fim da aula, como norteamento do que foi visto. Finalmente, serão sugeridos exercícios para que você possa treinar um pouco. Esses últimos exercícios terão gabarito, mas não serão resolvidos a princípio. Apenas na última aula (aula 5) é que teremos as resoluções. Além disso, uma pequena revisão na parte inicial da aula será feita só para reavivarmos em nossas mentes o que foi visto na aula anterior. Mas é preciso que você fique em dias com a matéria para não se atrapalhar, ok? As revisões de início de aula serão realmente bem rápidas. Hoje, nessa aula demonstrativa, começaremos fazendo uma análise do que será o curso. Será uma aula para que você possa compreender que a disciplina não é complicada e pode até ser bastante interessante. O curso integral terá cerca de 300 páginas entre teoria e exercícios. As questões serão MANDATORIAMENTE da Cespe (mas questões de outras bancas poderão ser, ocasionalmente, resolvidas). Não procurarei fazer você pensar como economista, mas me dedicarei a levar a economia para a sua Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 realidade, para que ela fique palatável e para que, assim, você tenha um grande êxito na sua prova. As aulas serão ministradas SEMANALMENTE, sem interrupções. Abaixo, você verá o cronograma da nossa disciplina: AULA Conteúdo Previsto AULA 00 O Estado e as funções governamentais – Parte 1 As necessidades públicas e as formas de atuação do governo – Parte 1 O que é economia? Conceitos básicos Micro e macroeconomia Aula 01 (29.03.2012) O Estado e as funções econômicas governamentais – Parte 2 As necessidades públicas e as formas de atuação do governo – Parte 2 Estado como regulador e produtor AULA 02 (05.04.2012) Políticas Fiscal e Monetária; outras políticas econômicas. Inflação e crescimento AULA 03 (12.04.2012) Evolução da participação do setor público na atividade econômica. Financiamento do déficit público a partir dos anos 80 do século XX AULA 04 (19.04.2012) Contabilidade Fiscal: NFSP; Resultados Nominal, operacional e primário; Dívida pública. Sustentabilidade do Endividamente público AULA 05 (26.04.2012) Exercícios Com essa estruturação, vamos matar o edital inteiro em 4 aulas e ainda “sobrará” uma para fazer uma bateria de questões para que você fique completamente afiado para a prova! Não adianta mais lamentações, não é? Então vamos em frente porque é assim que se anda! Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Para começar, vamos olhar, com calma o novo edital inteiro: NOÇÕES DE ECONOMIA: 1 O Estado e as funções econômicas governamentais. 2 As necessidades públicas e as formas de atuação dos governos. 3 Estado regulador e produtor. 4 Políticas fiscal e monetária; outras políticas econômicas. 5 Evolução da participação do setor público na atividade econômica. 6 contabilidadefiscal: NFSP; resultados nominal, operacional e primário; dívida pública. 7 Sustentabilidade do endividamento público. 8 Financiamento do deficit público a partir dos anos 80 do século XX. 9 Inflação e crescimento É importante que você compreenda o seguinte: para que nós possamos, de fato, analisar todo o conteúdo previsto no edital, precisaremos, antes de mais nada, de alguns conceitos básicos que serão vistos na aula de hoje. Assim, embora já na aula demonstrativa começamos a ver alguns pontos importantes, eles serão vistos de forma mais superficial. Na aula de hoje, quero que você compreenda as bases da economia, quero que você tenha uma visão geral para não se perder nas definições. A partir disso, vamos cair em cima do edital da PF, já a partir da aula 01. Caso você tenha alguma dúvida sobre como o curso funcionará, segue aqui uma explicação breve de acordo com o edital, ok? No ponto 01 do edital temos que O Estado e as funções econômicas governamentais é pauta do nosso programa, certo? Nesse caso, como veremos esse assunto? A partir da aula de hoje. Com a idéia do fluxo circular da riqueza, poderemos compreender que uma das funções do governo é reduzir a diferença de renda entre dos indivíduos (o Sr. e a Sra. Silva irão nos mostrar isso). Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 No segundo ponto do edital, As necessidades públicas e as formas de atuação dos governos será vista também ainda na aula de hoje, também de forma introdutória, já que pegaremos pesado no assunto na aula que vem. Os pontos 01 e 02 têm como similaridade o caráter introdutório do estudo, uma forma geral de observar o governo e seu papel na economia. Esse caráter vai ainda até o ponto 03: Estado regulador e produtor. Nesse ponto, veremos a atuação do governo na economia, seja via estatais, seja via regulação governamental através das agências reguladoras e dos outros instrumentos de regulação. Continuando, veremos no ponto 04: Políticas fiscal e monetária; outras políticas econômicas. Aqui, para quem estava acostumado com micro, é que há a grande diferença: esse assunto é pauta de macroeconomia. É uma das formas mais claras de se observar as intervenções do governo na economia! No nosso curso, o ponto 04 será estudado em conjunto com o ponto 09 Inflação e crescimento que também é assunto da macroeconomia e pode ser visto em conjunto sem problemas. Compreende como o edital foi montado? Veja, o tempo inteiro nós vamos falar de governo e das suas formas de intervenção na economia. Contudo, diferentemente do que foi visto no edital passado, nós veremos as Macroações, não apenas as micro! Essa noção (para quem já estudou) ajudará a clarear a mente do rumo que seguiremos a partir de agora. Seguindo o programa, o item 05 analisa Evolução da participação do setor público na atividade econômica. Eu diria que, de todos os pontos do edital, esse é, de longe, o mais vago. Para matar esse item, nós vamos estudar em união com o ponto 08 Financiamento do deficit público a partir dos anos 80 do século XX E mostrar como o governo brasileiro vem fazendo intervenções na economia e como tem financiado as suas obras. Por fim, para fechar o programa, teremos os pontos 06 e 07 contabilidade fiscal: NFSP; resultados nominal, operacional Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 e primário; dívida pública. 7 Sustentabilidade do endividamento público. Sendo ministrados pelo professor Heber Carvalho. Essa parte será feita por ele por uma razão simples: Ele se garante muito nesse assunto! Como eu não trouxe material sobre esse assunto do Brasil e importar um livro levaria muito tempo, para receber o material, fazer tudo, etc etc etc. Assim, na nossa última aula teórica, teremos a sua maravilhosa participação! A última aula do nosso curso será de exercícios. Assim, o curso teórico termina no dia 19 de maio (praticamente 3 semanas antes da prova), ficando apenas a revisão para consolidar os conceitos! Por fim, espero que esse curso seja muito útil a você na hora mais importante de toda essa preparação: a hora de resolver a prova para Agente da Polícia Federal. Estou montando esse curso para que ele possa te dar um apoio definitivo na sua compreensão sobre os fundamentos da economia. Todas as dúvidas serão esclarecidas no fórum do curso, a que os matriculados terão acesso. Caso você tenha dúvidas sobre outras questões não abordadas, pode enviar. Farei todo o esforço para esclarecer e inserir no nosso material, ok? Antes de terminar, gostaria de dizer que todas as nossas aulas possuem a forte contribuição do nosso querido sapo da vez (http://www.euvoupassar.com.br/lagoa/) na elaboração de esquemas, de dicas, e na formatação do layout (sem contar os palpites sobre o conteúdo!)! Então, toda essa aula bonita, tem uma grande participação do nosso querido sapinho! Críticas e sugestões podem ser enviadas para o e-mail: amanda@estrategiaconcursos.com.br AVISO: PARA OS ALUNOS MATRICULADOS NO CURSO ANTERIOR, ESSA AULA DEMONSTRATIVA NÃO SOFREU GRANDES ALTERAÇÕES. AS ALTERAÇÕES ESTARÃO SINALIZADAS PARA EVITAR O RETRABALHO! Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Pronto para iniciar os estudos?? Então, começaremos, pergunto a você: 1. Definições e leis da economia Para estudar as decisões econômicas de famílias, empresas e governos, é necessário, inicialmente, entender do que trata a economia. Apesar de ser uma palavra largamente utilizada como sinônimo de previdência, o significado de economia não é, muitas vezes, plenamente compreendido. Essa seção busca esclarecer esse aspecto, respondendo a seguinte questão: “o que é economia?” 1.1. O que é economia? Um ponto inicial para compreender o conceito de economia diz respeito à análise etimológica dessa palavra. O termo economia se origina do grego, oikonomia: oikos (casa), nomos (costume, lei, ou também, administrar, gerir) e ια (sufixo relativo a assuntos como ciência, doutrina e profissão). Assim, oikonomia poderia ser traduzida como a “ciência da administração da casa”. Na administração de um domicílio, um chefe de família precisa decidir com relação a diversos assuntos, tais como: o quanto adquirir de alimentos e energia elétrica; se deve comprar uma nova geladeira a prazo ou esperar até ser possível comprar à vista; se deve investir em uma reforma ou trocar de residência; se deve contratar alguém ou realizar os trabalhos domésticos por conta própria; se deve aceitar a promoção em seu emprego (e trabalhar mais horas) ou recusá-la (e ter mais tempo disponível para o lazer). A tarefa de administrar envolve escolhas, não somente nas casas, como também nas empresas e órgãos públicos. As decisões estão relacionadas a objetivos que podem ser alcançados de maneiras diferentes, cada uma delas dependente de diferentes métodos e condições para a utilização dos recursos disponíveis. Assim, a economia é uma ciência social que estuda como os agentes econômicos decidem empregar recursos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Essa noção mais fundamental de economiaacabou sendo alterada ao longo dos anos. Mais recentemente, a maior parte dos livros tem trazido a noção do conceito de economia de uma forma diferente. Dentre as formas possíveis, eu gosto de uma particularmente utilizada no livro de Introdução à Economia do A. Gremaud et alli que diz o seguinte: Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Assim, em cima desse conceito, eu gosto de reforçar a idéia da escolha! Na verdade, toda vez que se falar em economia, vai se falar no processo de escolher algo. E por que eu preciso escolher? Por uma razão simples: embora eu queira, eu não posso ter tudo! Se você pensar dessa forma, nunca mais vai esquecer do conceito de economia! Toda vez que se falar em economia, você vai sempre lembrar de ESCOLHA! Essa informação nos será útil mais na frente! Um vídeo que eu gosto demais é apresentado no youtube para que você possa dar uma olhadinha em como o conceito de escolha fica bastante nítido! Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HGizAyRFqYA Por que esse vídeo fala sobre economia? Por uma razão simples: As crianças precisam ESCOLHER se desejam consumir agora ou no futuro. A idéia de previdência não é nem a parte principal do vídeo. O que eu quero que você compreenda é a necessidade de escolher, tópico fundamental quando se fala em economia. Logicamente, saber o que é economia não é o suficiente. Assim, na seção seguinte conversaremos um pouco sobre alguns dos principais conceitos básicos de economia. Vamos dar uma olhada? 1.2. As áreas da Economia A teoria econômica é dividida em três grandes ramos: A microeconomia, a macroeconomia e o desenvolvimento econômico. A etimologia das duas primeiras palavras já ajuda a perceber a diferença básica a diferença básica Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 entre as suas áreas de atuação: enquanto a microeconomia estuda as partes, a macroeconomia estuda o TODO. Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia não analisa em profundidade o comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas, a fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em mercados individuais, etc. Essas são preocupações da microeconomia. A macroeconomia é aplicada no estudo das relações entre os grandes agregados econômicos. Ela se ocupa com a economia como um todo, buscando respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis globais. Por exemplo, no mercado de bens e serviços, o conceito de Produto Nacional é um agregado de mercados agrícolas, industriais e de serviços; no mercado de trabalho, a macroeconomia preocupa-se com oferta e demanda de mão- de-obra e com a determinação dos salários e do nível de emprego, mas não considera diferenças de qualificação, gênero, idade, origem da força de trabalho, etc. Quando considera apenas o nível da taxa de juros, não são destacadas devidamente as diferenças entre os vários tipos de aplicações financeiras. O custo dessa abstração é que os pormenores omitidos são muitas vezes importantes. A abstração, porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes agregados e proporcionar melhor compreensão de algumas das interações mais relevantes da economia, que se estabelecem entre os mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não financeiros, assim como as intervenções do governo. Dessa forma, não existe conflito entre a teoria macro e a teoria microeconômica. A diferença fundamental seria uma questão de foco. Ao analisar os preços em determinado mercado, a microeconomia considera que os preços dos demais mercados não são alterados, seguindo a hipótese do coeteris paribus (que você deve ter visto quando estudou para o edital passado). Na macroeconomia, analisa-se o nível geral de preços, ignorando-se as mudanças de preços relativos de bens dos diferentes mercados (como veremos quando formos estudar inflação e desemprego!). Assim, a teoria macroeconômica preocupa-se tanto com questões conjunturais – ou de curto prazo – quanto com questões estruturais – ou de longo prazo. Entre as questões conjunturais, destacam-se a análise do desemprego e da inflação (vistas na aula 02). As questões estruturais estão associadas a problemas como o desenvolvimento econômico, distribuição de renda, crescimento econômico, globalização ou progresso tecnológico. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 1.3. Alguns conceitos básicos importantes Para definir economia, foram empregados alguns termos que podem não ser de conhecimento comum, ou que possuem sentidos diferentes em outros ramos do conhecimento como, por exemplo: necessidades, agentes econômicos e firmas. A fim de esclarecer o emprego desses termos na ciência econômica, definiremos, também, alguns conceitos adicionais, que serão amplamente utilizados no decorrer do nosso estudo. Necessidade: sensação de desejar algo. O conceito de necessidade pode ser dividido em duas partes: a necessidade primária e a secundária. Vamos dar uma olhada nesses conceitos? o Necessidade primária: a satisfação é imperiosa (obrigatória), como se alimentar. o Necessidade secundária: a satisfação não é fundamental, como adquirir um carro novo. Bens e serviços: os meios através dos quais as necessidades são satisfeitas. o Bens livres: abundantes, postos a disposição pela natureza (não produzidos pelo homem). Exemplo: ar, água. o Bens econômicos: bens escassos, geralmente produzidos pelo homem. São classificamos como bens de consumo ou de produção. Bens de consumo: voltados para o consumo final (podem ser duráveis ou não). Exemplo: peças do vestuário, televisão, carros. Bens de produção: destinados à produção de outros bens. Podem ser bens de capital ou bens intermediários. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Bens de capital: bens de produção que podem ser utilizados várias vezes. Exemplo: máquinas, computadores de alta tecnologia, fornos industriais. Bens intermediários: bens de produção que são utilizados uma única vez (são transformados durante o processo produtivo). Exemplo: alguns artigos agrícolas, como o trigo e a soja. Fatores de produção (ou insumos produtivos): recursos básicos na produção de bens e serviços. Comumente são divididos em: terra, trabalho, capital e tecnologia. o Terra: fator de produção relacionado aos recursos naturais. o Trabalho: insumo produtivo relacionado à mão-de-obra. o Capital: fator de produção relacionado aos equipamentos utilizados na produção. o Tecnologia: insumo relacionado ao conhecimento quanto à forma de produzir algo (o “modus operanis”). Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Aqui vale uma ressalva: veja que no grupo fatores de produção não se incluem as matérias primas (bens intermediários)! A diferençaentre o que é um fator de produção e o que é uma matéria prima, é visto no quadro abaixo. A diferença entre fator produtivo e matéria prima está ligada à reutilização durante o processo de produção. Os fatores produtivos podem ser reutilizados após a produção de um bem, enquanto a matéria prima, não! Ou seja, eu posso reutilizar um trabalhador para fazer 600 carros, mas a chapa de aço que vai em um carro, não pode ser utilizada para fabricar o segundo carro! Agentes econômicos: entidades que atuam contribuindo e influenciando o funcionamento do sistema econômico. São as famílias, as firmas, o governo e o resto do mundo. o Famílias: indivíduos e unidades familiares da economia. Desempenham o papel de consumidores e de proprietários de alguns dos fatores de produção (a essa altura, você já sabe quais são os fatores de produção, não é?) o Firmas: unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar os bens e serviços. Também são compradoras dos fatores produtivos que são de posse das famílias. o Governo: todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado, em todas as suas esferas (federal, estadual, municipal). É possível que o Estado também atue na produção de algum bem, através de empresas estatais, mas nós, por simplificação do entendimento, não vamos entrar nesse mérito, ok? o Resto do mundo: indivídos, firmas ou governos que não estão localizados dentro de determinada área geográfica, mas que influenciam a economia local. Racionalidade: em economia, entende-se pela busca do melhor para si por parte de um agente: o consumidor racional escolhe os produtos que o deixam mais satisfeito possível, e as firmas racionais buscam o maior lucro possível. Novamente, aqui, vale uma ressalva: existem indivíduos que não agem de forma racional, a exemplo dos dependentes químicos ou dos compradores compulsivos. Embora esses agentes façam parte da sociedade, eles não são ponto de estudo para a economia, dado que não sempre eles buscarão o que Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 é melhor para si. Dessa forma, só consideraremos como fonte de análise em economia, os agentes racionais. Mercado: Local físico ou não onde é estabelecida a interação entre compradores (demanda) e produtores (oferta) de um determinado bem ou serviço. Economia: Eventualmente, esse termo pode ser utilizado como um substituto para sistema econômico de uma determinada região. Então, quando se fala em economia brasileira, na verdade está se falando no sistema econômico brasileiro. É a mesma coisa, ok? Otimização: em matemática, otimizar uma função significa determinar qual o seu valor máximo (maximização) e/ou seu valor mínimo (minimizar) dadas as restrições existentes. Para que eu preciso do conceito de otimização, professora? Porque, dado que os agentes são racionais e buscam o que é melhor para si, eles irão buscar, continuamente, maximizar satisfação (para os consumidores) e lucros (para as empresas) ou minimizarem despesas (para os consumidores) e custos (para as empresas). Assim, os agentes econômicos estão otimizando suas funções subjetivas!1 Agora que nós compreendemos o que é economia e alguns dos conceitos básicos, precisamos compreender como a economia funciona. Para isso, vamos ter que compreender, antes algumas leis econômicas, nosso próximo tópico. 1.4. Leis Econômicas Um dos objetivos da ciência econômica é encontrar as leis que possam reger o comportamento dos agentes e o efeito de suas decisões no restante do sistema econômico. Para tanto, os economistas observam como os diversos agentes atuam com relação a situações aparentemente semelhantes, de forma a identificar a existência de algum tipo de padrão. Contudo, uma dificuldade no trabalho dos economistas está associada ao fato de que essas situações são apenas semelhantes. Para entender o porquê, pode-se tomar como exemplo o trabalho de um físico, como Galileu, por exemplo. Para que discorresse sobre a gravidade, Galileu teve de repetir experimentos em ambientes exatamente iguais para, apenas assim, ser possível a ele afirmar a existência de uma força que sempre atrai todos os corpos para a terra. No caso dos economistas, estudar situações exatamente iguais é difícil, 1 Nós não entraremos no detalhe da análise, dado que o nosso curso é de noções fundamentais, mas só para que você compreenda, consumidores e empresas buscam sempre otimizar funções matemáticas sujeitas a restrições de mesma ordem. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 principalmente porque repetir as condições não depende dos pesquisadores. Imagine que um economista é contratado para analisar a procura dos consumidores por um determinado bem. A decisão de cada indivíduo a respeito de comprar ou não o bem pode ser influenciada por diversos fatores, e o comportamento de um mesmo indivíduo também pode ser diferente a depender das circunstâncias que ele enfrente no momento. Por exemplo, basta pensar no valor que você dá a uma sombrinha em um dia de sol e em um dia de chuva! No entanto, apesar das dificuldades, o estudo econômico evoluiu bastante e os economistas conseguiram identificar um padrão no comportamento dos agentes em diversas situações. Assim, pode-se considerar a existência de leis econômicas de dois tipos: Leis gerais: válidas para qualquer estágio de evolução da sociedade; Leis específicas: próprias de cada modo de produção ou de cada formação sócio-econômica. As leis econômicas servem para fins práticos e transformam-se em regras quando utilizadas na busca por objetivos. Um exemplo das leis econômicas aparece no estudo dos mercados de bens e serviços. As leis da oferta e da demanda (ou procura), analisadas com maior rigor no decorrer das aulas, explicam o funcionamento do mercado e como ele reage a mudanças nos comportamentos tanto de consumidores, quanto de produtores. A análise de um determinado fato que altera a procura (ou a oferta) sob a luz dessas duas leis permite que sejam estabelecidos os seus possíveis efeitos sobre a economia. Outro exemplo é a lei da mão invisível, primeiramente formulada por Adam Smith (considerado por muitos o pai da ciência econômica). Segundo essa lei, quando firmas e indivíduos atuam racionalmente, ou seja, cada um buscando o melhor para si mesmo, o sistema econômico opera de modo mais eficiente. Problemas Econômicos Como analisado anteriormente, observamos que os agentes econômicos precisam escolher como usar os recursos ou fatores produtivos2 que dispõem de modo a atender suas necessidades. A partir dessa ideia, ratificamos que a economia é o campo das ciências sociais que estuda as escolhas. 2 Os fatores de produção são necessários no processo de fabricar bens e serviços. Em economia, esses fatores são agrupados em três grupos: Terra – recursos naturais;Capital – máquinas e equipamentos; Trabalho – Mão de obra qualificada e não qualificada. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 As decisões dos indivíduos, das firmas e dos governos são quase sempre difíceis de serem tomadasdevido à complexidade das questões envolvidas. A partir de agora, passamos a analistar as singularidades que norteiam as decisões econômicas. 1.5. A escassez de recursos x necessidades e desejos ilimitadas Como visto, a economia é definida como a ciência da escolha quando os recursos são escassos, ou seja, insuficientes para satisfazer necessidades e desejos ilimitados dos indivíduos. O conceituado economista Paul W. Samuelson divide esse conceito em duas questões importantes: 1. Os recursos são escassos; 2. As necessidades são ilimitadas e se renovam. Considerando essas duas importantes questões, o economista N. Gregory Mankiw define ainda a economia como o estudo de como uma sociedade administra seus recursos escassos. Assim, nem sempre é possível atender TODAS as necessidades e desejos de modo simultâneo, caracterizando um problema econômico muito relevante e de difícil solução. A sociedade é obrigada a escolher entre modos de produção e alternativas de distribuição dos resultados das atividades produtivas entre os vários grupos da sociedade. A teoria econômica procura fornecer uma alternativa eficiente3 para a alocação dos recursos de modo a maximizar a satisfação das necessidades e dos desejos. Essa dita alternativa eficiente, por sua vez, deve responder aos três principais problemas em economia. Quais são esses problemas é o que veremos agora: 1.6. A tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento A sociedade precisa escolher entre formas alternativas de utilização dos recursos disponíveis de maneira a operar eficientemente. Para isso, a economia procura responder a três questões: 1. O que produzir e em que quantidade? Quais os produtos e serviços deverão ser produzidos para satisfazer da melhor forma possível as necessidades da sociedade? 2. Como os bens devem ser produzidos? Que tecnologias e métodos de produção utilizar? Que matérias 3 A eficiência é uma propriedade que a sociedade tem de obter o máximo possível a partir de seus recursos escassos. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 primas deverão ser utilizadas para produzir determinado produto? Como maximizar a produção tendo em conta os recursos disponíveis? 3. Para quem os bens são produzidos? Como repartir os rendimentos disponíveis entre os diferentes agentes econômicos? Quem deverá ganhar mais e quem deverá ganhar menos? A depender da forma como as sociedades respondem as estas três questões, temos diferentes sistemas de organização econômica como resultado. Os dois extremos dessas formas seriam: economias centralizadas e economias de mercado. Nas economias centralizadas, as principais decisões relacionadas à produção dos bens são tomadas pelo governo. Já nas economias de mercado, é o próprio mercado (interação entre oferta e demanda, que veremos na aula que vem) que responde às três questões. Contudo, na prática, não existem atualmente sociedades que se encaixem em nenhum dos dois casos extremos expostos. De fato, todas as sociedades atuais estão organizadas em economias mistas na medida em que contém características das economias de mercado e das economias de direção central. Na economia brasileira, por exemplo, o mercado determina o quê, como e para quem produzir, mas o governo desempenha papéis importantes como a supervisão e regulamentação das atividades econômicas, a oferta de serviços públicos ou a repartição dos recursos pelos agentes econômicos. Fatos que certamente analisaremos ao longo do curso. Apesar de bem simples, essa diferença entre economia planificada (ou centralizada) e economia de mercado (ou descentralizada) cai na prova. Vamos dar uma olhada em como isso é visto pela CESPE? Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Exercício 1 (Senado Federal, Consultor Legislativo – Economia, Agricultura, 2002) O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias estão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir. Em uma economia descentralizada, a preocupação maior dos diferentes agentes econômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mercado. Vamos a resolução? Primeiro, depois de ler a questão, você observa que ela pergunta sobre o funcionamento de uma economia descentralizada, não é isso? Nesse caso, qual a maior preocupação dos agentes econômicos? Para responder essa pergunta, cito uma afirmação que eu gosto muito do Adam Smith, que li no livro Introdução à Economia do Wonnacott & Wonnacott quando era primeiro período em economia: “Não é da bondade do açogueiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, e sim de seu interesse. Nós nos dirigimos não ao seu espírito humanitáio, mas ao seu interesse e nunca lhes falamos de nossas necessidades, e sim de suas vantagens” Adam Smith, caso você não o conheça, é o pai da economia clássica, uma escola do pensamento econômico que desconsidera, por total, a presença do governo na economia. É ele o precursor do sistema econômico que considera a economia descentralizada! Analisando esse segmento do texto de Smith, é possível observar que os interesses dos agentes econômicos, em uma economia descentralizada, não estão associados ao bom desempenho da economia, mas sim, à satisfação dos seus interesses. Ou seja, famílias desejam maximizar sua satisfação em termos de consumo de bens e serviços e as empresas buscam maximizar os lucros. Nesse sentido, nós não estamos preocupados em garantir o bom funcionamento da economia, mas em buscar uma forma de satisfazer nossos objetivos. Dessa forma, segundo Smith, com a busca dos interesses próprios, era possível alcançar o equilíbrio de uma economia. Considerando todos esses pontos, observa-se que a alternativa está incorreta. GABARITO: FALSO Antes de continuar, contudo, vale aqui um ponto adicional: quem se Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 preocupa com o funcionamento do sistema de preços é a economia centralizada ou planificada, que são bem retratadas pelos sistemas socialistas ou comunistas. Nesse caso, existe, sim, uma forte preocupação com o funcionamento da economia em termos de preços e tudo fica controlado pelo Planejador Social, retratado pelo agente econômico governo. É ele quem controla todos os salários e os demais preços da economia. Dessa forma, se a questão falasse sobre a economia centralizda, o item estaria correto, ok? Mas vamos continuar com nossa aula e falar sobre Alocações eficientes no sentido de Pareto. Alocação eficiente de Pareto! Eis aí um conceito extremamente importante em economia! Pareto apresentou alguns conceitos importantes no sentido de bem estar. Assim, algumas noções, antes de responder a questão são necessárias: 1. Uma alocação ou situação é eficiente no sentido de Pareto se não há uma forma de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a situação de outra. Sobre isso, vamos ver um exemplo: Digamos que existam apenas duas pessoas na economia, o Sr. e a Sra. Silva. Digamos ainda que o total de riquezas dessa economia somaR$ 1.000,00 que são distribuídos da seguinte forma: R$ 999,00 para o Sr. Silva e R$ 1,00 para a Sra. Silva. Nesse caso, nós observamos que a nossa economia está longe de ser justa, certo? Mas, será que ela é eficiente no sentido de Pareto? Veja, existe alguma forma de melhorar a situação da Sra. Silva sem piorar a situação do Sr. Silva? Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Por exemplo, se a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ela ficaria em uma situação melhor? Sim, certamente, mas veja que, para que isso acontecesse o Sr. Silva teria que ficar em uma situação “menos boa”, pois, para que a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ele teria que perder esse valor! Nesse caso, não há como melhorar a situação de um agente econômico sem piorar a situação do outro. Essa situação é o que Pareto chamou de eficiência. Mas, existem situações ou alocações ineficientes no sentido de Pareto? Sim, para ver isso, vamos fazer um outro exemplo: Imagine agora que o Sr. Silva possua R$ 900,00 e a Sra. Silva continue com o seu rico R$ 1,00. Continuamos dizendo que existem R$ 1.000,00 nessa economia, certo? Nessa situação agora, é possível melhorar o estado da Sra. Silva sem piorar a do Sr. Silva? Nesse caso, sim! Veja que, por exemplo, o governo pode dar a Sra. Silva R$ 50,00, sem que isso implique em uma retirada do Sr. Silva. Como essa situação permite a melhora de um agente sem a piora do outro, ela é chamada como uma alocação ineficiente no sentido de Pareto. Quando uma alocação é ineficiente no sentido de Pareto nós dizemos que existe a possibilidade de uma melhora de Pareto, ou seja, há uma forma de deixar um agente melhor sem deixar outro necessariamente pior! Compreendido? Então vamos adiante! Uma pergunta que se faz é: como responder, de forma eficiente a essas três perguntas? se os recursos são escassos, como o agente econômico deve realizar suas escolhas? Em um mundo onde há escassez, qualquer escolha que se faça implica, necessariamente, na renúncia de diversas Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 alternativas disponíveis. Esta renúncia representa um custo, que é um dos conceitos mais importantes da economia: o Custo de Oportunidade. 1.7. A noção de custo de oportunidade A definição de Custo de Oportunidade é apresentada a seguir: O custo de Oportunidade pode ainda ser definido como: É importante que você note que as definições são, via de regra, a mesma coisa. Para compreender melhor essa importante definição da economia, vamos observar o seguinte exemplo: Imagine que Sr. José foi o ganhador da última edição do Big Brother Brasil e não sabe o que fazer com o dinheiro. Ele tem duas opções: (1) Virar sócio de uma empresa já estabilizada ou (2) aplicar o dinheiro em um fundo de investimentos. Observemos a figura abaixo: Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Vamos compreender o problema com o qual o Sr. José se defronta: Ele possui duas opções. A primeira delas é virar sócio da ACME Corporation e ganhar R$ 10.000,00 em um dado período. A segunda opção é aplicar em um fundo de investimentos que renderá R$ 9.000,00. Como é possível observar, o Sr. José optará por virar sócio da ACME Corporation, pois esse investimento traz um retorno maior do que a segunda opção. Eu também faria o mesmo, e você? Bem, mas a pergunta que se faz é: qual o custo de oportunidade de virar sócio da ACME Corporation? O custo é de não aplicar no fundo de investimento! Ou seja, ao aplicar na empresa, o Sr. José DEIXOU de aplicar no fundo de ações. Note que ele não perdeu por aplicar na ACME. Ele apenas deixou de ganhar! Observe ainda que, mesmo que existisse uma terceira opção melhor que o fundo de investimentos, mas pior que virar sócio da ACME, ainda assim a sociedade seria escolhida! Digamos, por exemplo que virar sócio da Maracutaia Corporation gerasse um retorno de R$ 9.500,00. Nesse caso, o Sr. José ainda investiria na ACME. Mas, qual seria o custo de oportunidade agora? R$ 9.000,00 (do fundo de investimentos)+ R$ 9.500,00 (do rendimento da Maracutaia S.A.)? Nesse caso, não! É importante lembrar que o custo de oportunidade não é a soma dos benefícios das alternativas perdidas, mas apenas o benefício da melhor das alternativas abandonadas. No exemplo que considera a Maracutaia Corporation, ela seria a melhor opção abandonada por Sr. José, assim, o custo de oportunidade dele passa a ser de R$ 9.500,00. O custo de oportunidade não é a soma dos benefícios das alternativas perdidas, mas apenas o benefício da melhor das alternativas abandonadas. Um outro vídeo que eu gosto muito que analisa esse conceito é o comercial do shampoo e condicionador Head & Shoulders (como assim, professora?). Vamos dar uma olhada nele? Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=whoNm-qe8tE Sabe o que eu gosto nesse comercial? É o erro de conceito econômico que ele traz! Lógico, para a parte do marketing, escolher entre um anti caspas ou um cabelo sedoso não é necessário e, para ser sincera, o comercial ficou realmente muito interessante! Mas, em economia, escolher é abrir mão, sim! Nesse caso, se eu quisesse ter um cabelo sem caspas, eu precisaria abrir Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 mão de um cabelo bonito e vice versa! Fica aí o vídeo para ilustrar que o nosso conhecimento em economia está em todos os lugares! Bem, depois de tantos conceitos, vamos treinar algumas definições com questões de prova da CESPE? Exercício 2 (CEARÁPORTOS, Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia, 2004, CESPE) O binômio referente à escassez e à escolha sintetiza o problema central da ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir. Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de realizar um curso de pós-graduação, em tempo integral, em uma universidade americana, inclui as despesas com mensalidade e livros e a totalidade dos custos de moradia e alimentação. Alguma sugestão para resolver esse item? Aqui, já na solução dessa questão, vale uma dica importante: As provas de economia se resumem a conceitos! A historinha vai mudar, mas o conceito envolvido e a mecânica de solução (quando for o caso) serão os mesmos! Agora que você já sabe como resolve, vamos ver esse item da prova do Cearáportos: veja que a questão fala sobre o custo de oportunidade! Mas... no caso da questão, ele analisa o custo financeiro também! Vamos resolver juntos! Antes de resolver, contudo, vamos pensar em uma historinha: enquanto você está lendo esse material, eu estou aqui no nada caloroso inverno do Canadá (hoje está menos 15, eu acho), morando em um dormitório nada atraente para poder estudar (coitada de mim! )!! Qual o custo de oportunidade de fazer isso? Bem, com o dinheiro que eu gasto no curso de francês (é.. além de estudar economia, tem que estudar francês também!), por exemplo, eu poderia ir a um restaurante no Brasil e tomar um bom vinho. Logo, como eu tenho uma opção além do que eu estou fazendohoje com o dinheiro do curso, o custo de oportunidade dele é, por exemplo, deixar de tomar um vinhozinho (tinto e seco, por favor! ). Logo, Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 sempre que se falar em custo de oportunidade, pode-se considerar os benefícios não realizados ou ainda um uso alternativo para determinado recurso financeiro! Além do gasto com o francês, eu também pago pelo meu dormitório e pela minha alimentação, certo? O que eu poderia fazer com esse dinheiro, além de pagar essas despesas? Bem, digamos que no Brasil eu poderia morar melhor e pagar menos (será?!), mas, certamente, uma parte do meu dinheiro iria para o aluguel, não é? Nesse caso, embora exista um custo de oportunidade em pagar o aluguel aqui, eu não posso dizer que todo o meu gasto com aluguel será o meu custo de oportunidade, tendo em vista que, inevitavelmente, eu pagaria algum dinheiro nessa despesa no Brasil. Ok, ok, você mora com os seus pais? Não tem problemas! O raciocínio não vale para o aluguel, mas vale para os seus gastos com alimentação! E não venha me dizer que você não gasta NADA de alimentação fora que eu vou dizer que é mentira, ok? Todos nós gastamos algum dinheiro com alimentação, mesmo que seja naquele churros delicioso do meio da rua! Nesse caso, fica a dica: O custo de oportunidade está associado aos gastos alternativos que você poderia ter com determinado recurso financeiro. Isso não quer dizer que a totalidade desses recursos será o seu custo de oportunidade. Uma parte desses poderá estar ligada ao mesmo gasto (em uma outra situação), ficando a “sobra” como o seu custo de oportunidade. Então, só para deixar ainda mais claro, nem todo o gasto financeiro que nós temos faz parte do nosso custo de oportunidade. Em alguns casos, inevitavelmente teremos determinados tipos de gasto (saúde, alimentação, moradia, etc). Assim, apenas a parte exdente desses gastos é que pode ser incluída como nosso custo de oportunidade, ok? Depois dessa historinha toda, vamos resolver a questão? Como é uma questão da CESPE, vale aqui mais uma dica: Para o caso das provas da CESPE, o ideal, em economia, é dividir a questão por partes e analisar separadamente. SE, eu disse SE, as partes estiverem corretas, vale a pena verificar se o todo tem ligação. Não raro, as partes estarão corretas, mas o todo não possui qualquer ligação! Em breve veremos como Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 isso é possível. Agora, sim, vamos a questão: Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de realizar um curso de pós-graduação, em tempo integral, em uma universidade americana, inclui as despesas com mensalidades e livros e a totalidade dos custos de moradia e alimentação. Primeira parte: Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de realizar um curso de pós- graduação, em tempo integral, em uma universidade americana... Até aqui, nenhum problema, apenas a parte da “historinha”, que eu havia falado. Segunda parte: inclui as despesas com mensalidades e livros e a totalidade dos custos de moradia e alimentação. Aqui vamos analisar com mais calma. De fato, as despesas com mensalidades e livros fazem parte do custo de oportunidade, como o meu curso de francês, ok? Então, por hora, a questão está correta. O erro da questão está justamente na última parte: a totalidade dos custos de moradia e alimentação. É exatamente o que eu conversei com você anteriormente! O erro está na palabra TOTALIDADE! Não podemos incluir a totalidade dos gastos com moradia e alimentação por causa dos churros que eu falei acima! Assim, a questão está falsa! Veja que todo o resto da questão está correto! Aliás, o único erro está no fato de se considerar a TOTALIDADE. Se essa palavra fosse suprimida do texto da questão, a questão estaria correta! GABARITO: FALSO Exercício 3 (Basa, Técnico Científico, 2004, CESPE) Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes. O custo de oportunidade de determinada atividade, por ser independente dos usos alternativos do tempo necessário para desenvolvê-la, é, usualmente, o mesmo para todas as pessoas nela envolvidas. Nessa questão, o texto diz que o custo de oportunidade não depende dos usos alternativos. Como assim? Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Deixa eu te fazer uma pergunta: O custo de oportunidade de ler esse texto é o mesmo na sexta às 22h50 e na terça, no mesmo horário? Claro que não, né? Sexta bombando e todo mundo na rua! O custo de oportunidade nesse caso é mais alto porque você está abrindo mão de sair com o(a) namorado(a), conversar com os amigos, etc. Já na gloriosa terça- feira à noite, o que você poderia estar fazendo? Bem, digamos que não assistir o paredão BBB não traga um grande custo de oportunidade, ok? Nesse sentido, a questão está falsa porque dependendo sim do que você pode fazer o custo de oportunidade é diferente! Assim, ele não será igual não apenas para cada pessoa (cada um de nós tem um custo de oportunidade diferente), mas também para uma mesma pessoa em momentos diferentes do dia! GABARITO: FALSO Exercício 4 (Basa, Técnico Científico, 2007) Quando há escassez, a escolha e as diferentes formas de organização das economias são quetões relevantes para a análise econômica. A esse respeito, julgue os itens subsequentes. O custo de oportunidade da decisão de assumir um novo emprego, cujo salário é superior àquele que é pago na ocupação anterior, inclui tanto o valor da remuneração atual como o aumento do tempo de transporte necessário para se chegar ao novo local de trabalho. Veja só, quando nós consideramos a possibilidade de trocar de emprego, pensamos, antes de mais nada, na diferença de remuneração, certo? Esse é, na maior parte dos casos, o vetor que nos faz querer trocar de emprego. Mas, não é apenas esse fator que nos faz pensar se vale ou não a pena trocar de emprego. Imagine o seguinte: Você é convidado a ir para uma empresa que fica a 200 km da sua atual moradia, ganhando, digamos, 50% a mais. Nesse caso, não é apenas o salário que conta, mas também, toda a parte de deslocamento entre a sua casa e o seu novo trabalho. No caso acima, por exemplo, pode ser que não seja vantajoso pegar esse novo emprego uma vez que você terá aumento de salário, mas também terá aumento de despesas como, digamos, um valor maior a ser pago de aluguel, um gasto adicional com combustível para visitar a família. Todo esse montante financeiro pode ser considerado como seus custos de oportunidade, certo? Já que você poderia utilizar esse dinheiro de outra forma se o novo emprego fosse mais perto de sua casa. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 Vamos adiante.... digamos agora que você não quer morar no lugar do novo trabalho. Você prefere ir e vir todos os dias. Digamos ainda que a empresa onde você trabalha sabe disso e paga para um motorista para levar e trazer você diariamente (queempresa boazinha, hein?). Nesse caso, não teríamos mais custo de oportunidade? Será? E o tempo que você passa dentro do carro? Por hipótese, 2 horas e meia para ir e vir. Será que não tem nenhum custo de oportunidade nisso? CLARO QUE SIM! Nesse caso, você poderia utilizar esse tempo para, por exemplo, ficar com seus filhos ou pais. Ou ainda, você poderia passar esse tempo assistindo TV ou estudando para um concurso melhor! Nesse caso, a questão apresentada está correta, uma vez que, na mudança de emprego, você considera não apenas a diferença salarial, mas também a distância entre a sua residência e o novo local de trabalho. GABARITO: CERTA! Exercício 5 (FUMARC, Prefeitura de Governador Valadares, Economista, 2010 e CEMIG, Analista de Planejamento Econômico Financeiro, 2010) Sabendo-se que os recursos são escassos, o conceito econômico de custo relevante é o custo: a) contábil. b) Oportunidade. c) Ambiental. d) Histórico. Para resolver essa aqui, dá para fazer isso de olhos fechados agora, hein? Toda vez que se falar em recursos escassos, nós vamos lembrar de dois pontos, vamos ver: 1. Conceito de economia 2. Conceito de custo de oportunidade Dessa forma, toda vez que se falar em escassez ou em recursos escassos, nós vamos fazer uma conexão direta com esses dois conceitos, ok? Nesse sentido, eu não preciso nem dizer qual a alternativa correta, né? A alternativa correta é a letra (B), que traz o custo de oportunidade. Na verdade, é custo de oportunidade por uma questão simples. Como há escassez, eu preciso escolher! E como eu tenho que fazer essa escolha, eu tenho que ver o custo dela. O custo de uma escolha está diretamente ligado ao custo de oportunidade, já que ele reflete tudo que eu abri mão quando optei por determinada ação! Compreendido? Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 De toda forma, não nos custa analisar as demais alternativas: A alternativa (A) fala sobre o custo contábil. O custo contábil nada mais é do que a soma de todos os custos envolvidos em um processo produtivo, tanto os fixos (que não variam com a alteração do nível de produção) e os variáveis (que são alterados à medida que a produção varia). Nesse caso, não existe nenhuma relação com o conceito de escassez! O custo contábil apenas soma os custos fixo e variável. Dessa forma, a alternativa (A) é falsa. Apenas salientando, a noção de custos será vista quando analisarmos o agente econômico empresa ou firma, na aula 3. A letra (C), por sua vez, fala sobre o custo ambiental. Esse, por sua vez, está ligado, como o próprio nome diz, aos prejuízos causados ao meio ambiente. Ou seja, quando determinada empresa lança desejos nos rios, temos um caso de custo ambiental. Normalmente, os custos ambientais são vistos na parte de externalidades, que veremos, na aula 05, como uma falha de mercado. Como o conceito de custo ambiental não tem ligações com escassez, logo, a alternativa é falsa. Por fim, a assertiva (D) fala sobre o custo histórico. Bem, para ser sincera, nunca ouvi falar nesse tipo de custo. Procurei também na literatura básica de economia, e até na mais avançada, e ninguém falou sobre esse danado desse custo histórico. Então, acredito que ele nem exista! A banca colocou na prova apenas para apresentar uma “pegadinha” e deixar você com dúvidas. GABARITO: Alternativa B Exercício 6 (Economia, STM, 2011, Analista Judiciário, CESPE) A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes. Quando pessoas altamente qualificadas e bem pagas se dispõem a pagar mais caro por bens e serviços entregues em domicílio, para evitar filas em lojas e supermercados, observa- se um comportamento que reflete o fato de que esses indivíduos se confrontam com um custo de oportunidade do tempo mais baixo. Para responder essa pergunta, ou ainda, antes de responder essa questão, eu te faço uma pergunta: Você acha que a Madonna faz faxina na casa dela? Você possivelmente respondeu: Não, porque ela é rica! Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 De fato, ela é rica (acredito que ninguém duvida disso), mas não é essa a justificativa econômica que eu estou procurando. Veja, o que explica a razão da Madonna não fazer faxina ou quaisquer serviços do lar não é o fato de ser rica ou não, mas, apenas, o custo de oportunidade! Ora, o tempo que ela gasta fazendo faxina, ela poderia, por exemplo, estar dando uma entrevista e ganhando muuuiito mais do que ela economizaria não pagando a diarista. Vamos a um exemplo: Imagine que, ela pague, por uma hora de limpeza doméstica, aproximadamente US$ 50,00. Imagine ainda que com essa mesma hora ela possa ela possa dar uma entrevista e faturar US$ 50.000,00. Nesse caso, o custo de oportunidade da Madonna quando ela decide organizar a casa é de US$ 50.000! Ou seja, ela deixou de ganhar 50.000 pilas (já diriam os amigos gaúchos), para economizar US$ 50,00! Não parece nada razoável, não é? Nesse caso, quanto maior for o valor da hora de uma determinada pessoa quando ela faz aquilo que tem maior conhecimento, maior é o custo de oportunidade dessa pessoa quando ela opta por fazer outras atividades! Vamos conversar ainda um pouco mais sobre o mundo das celebridades: Recentemente, fizeram uma pesquisa para saber se caso Bill Gates encontrasse uma nota de US$ 100,00 no chão, se valeria ou não a pena pegar esse dinheiro! Sabe o que se observou com essa pesquisa? Que se o Bill Gates se abaixar e pegar essa grana, ele vai deixar de ganhar muito mais do que o que ele acabou de recolher na rua! Ou seja, para o Bill, é preferível que ele continue caminhando a pegar o dinheiro! Custo de oportunidade, meus queridos! Depois dessas estorinhas ficou fácil responder a questão, não é? Para responder essa questão, é simples: Quanto mais qualificada for a pessoa, maior será o seu custo de oportunidade. Na questão, é afirmado exatamente o contrário! Então, pode marcar aí, ela é falsa! GABARITO: FALSO Exercício 7 (BASA, Economista STM, 2010, CESPE) Considere que o estado do Pará pode produzir, em um ano, 200 milhões de sacas de castanha- do-pará ou 600 milhões de sacas de açaí, ou uma combinação desses dois produtos. O estado do Maranhão pode produzir 200 milhões de sacas de castanha-do-pará ou 200 milhões de sacas de açaí , ou uma Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 combinação desses dois produtos. A partir dessas informações, julgue os itens que se seguem. Os custos de oportunidade da produção de uma saca de castanha-do-pará para os estados do Pará e Maranhão serão, respectivamente, iguais a 1/3 de saca de açaí. A nossa última questão é, possivelmente, a mais complicadinha. Mas, não criemos pânico! Vamos resolver juntos porque se cair na prova, você já sabe! Vamos por partes, primeiro, vamos compreender os custos de oportunidade marcados acima através de uma tabela para facilitar as nossas vidas! Produto Quantidade (milhões de saca) Pará Maranhão Castanha-do-Pará 200 200 Açaí 600 200 Compreendidas as informações, vamos à assertiva: Ela pede os custos de oportunidade para os dois estados quando da produção da castanha-do-Pará! Vamos ver, primeiro,para o estado do Pará. Para essa UF, cada vez que se produz uma saca de castanha-do-Pará, deixam de ser produzidas 3 sacas de açaí. Assim, fazendo uma razão, temos o seguinte: 1 saca de castanha / 3 sacas de açaí. Nesse caso, de fato, a razão é de 1/3. Para o caso do Maranhão, contudo, podemos ver que essa razão não é válida, já que para cada saca produzida de castanha, deixa-se de produzir 1 saca de açaí. Nesse caso, a razão é de 1! Ou seja, a alternativa está incorreta! Na verdade, como acabamos de ver, as razões que medem o custo de oportunidade serão de 1/3 e 1 para os estados do Pará e Maranhão, respectivamente. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 GABARITO: FALSA Com essa questão, finalizamos a parte mais introdutória de economia! 2. Entendendo o funcionamento de uma economia 2.1. O fluxo circular da riqueza No concurso para Agente da Polícia Federal, agora com edital novo, fica bastante clara a necessidade de compreender as interações entre os agentes econômicos a fim de melhor compreender as intervenções governamentais. Embora não seja pedida diretamente a compreensão gráfica do que ocorre em uma economia, uma vez entendida a direção e o que ocorre em cada mercado, você não terá problemas para verificar o que acontece em toda a economia e poderá analisar, com tranquilidade, se determinada assertiva da questão está correta. Por isso, essa parte da nossa aula será destinada a sua compreensão mais geral do que estudaremos ao longo das nossas cinco aulas. Uma vez compreendido esse mapa da mina, farei menção diversas vezes ao longo de todas as nossas aulas para que fique bem reforçado e para que você possa ter uma visão ampliada, ok? Para compreender a macroeconomia, precisamos, inicialmente, saber o que é um modelo: um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre as coisas. Assim como um mapa não mostra todos os detalhes da paisagem, omitindo árvores, e pontos menos relevantes, o modelo simples não poderá mostrar tudo que acontece na complexidade de um sistema econômico4. Contudo, assim como o mapa nos leva ao local onde desejamos chegar, o modelo simples desenvolvido nessa parte permitirá ter uma compreensão melhor das relações econômicas. Para saber o que acontece em um sistema econômico, é preciso, antes de qualquer coisa, compreender quais são os agentes econômicos que atuam nesse sistema. Um agente econômico, como já vimos, é uma pessoa ou entidade que toma decisões econômicas. Em uma economia simplificada, dizemos que existem quatro agentes econômicos: as famílias (que buscam maximizar o nível de satisfação através de um processo de otimização), as firmas ou empresas (que buscam maximizar os lucros também através de um processo de otimização), o governo (que busca maximizar o bem-estar social) e o resto do mundo (uma representação dos três agentes citados que não estão dentro do território em análise). Esses quatro agentes interagem em espaços chamados mercados. Assim, apenas reforçando, um mercado é um local, físico ou não, no qual agentes 4 Sistemas Econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos quais os agentes econômicos são levados a empregar recursos e a interagir via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos institucionais de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos até as formas de atuação, as funções e os limites de cada um dos agentes. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 econômicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados-chave: bens e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo final), Fatores Produtivos (onde são comercializados fatores necessários à produção, como trabalho, terra e capital) e ativos financeiros. Em uma economia, os quatro agentes (famílias, empresas, governos e resto do mundo) interagem em três mercados: bens e serviços, fatores produtivos e ativos financeiros. Antes de estudar a economia acima descrita, iniciaremos analisando uma economia mais simplificada: uma situação em que só existem dois agentes: famílias e empresas (economia fechada – não há comunicação com o resto do mundo – e sem governo); e apenas dois mercados: bens e serviços e fatores produtivos, conforme mostrado na figura abaixo, denominada de fluxo circular da riqueza. Figura 1: Fluxo econômico para o caso de uma economia fechada e sem governo. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza, as famílias são proprietárias de fatores de produção (terra, capital e trabalho) e os fornecem às firmas, através do mercado dos fatores de produção. As firmas combinam os fatores de produção e produzem bens e serviços, que são fornecidos às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Essas são as transações formam os fluxos reais, descrito na figura em vermelho. Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de bens e serviços. Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para poder pagar por esses bens, precisam ofertar seus fatores às empresas. Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que serão consumidos pelas famílias.... Seguindo um fluxo indefinido que se retroalimenta. Para cada elo do fluxo real, descrito acima, existe um fluxo monetário. Os fluxos reais possuem uma contrapartida monetária, ou seja, são efetuados pagamentos na moeda corrente: as firmas remuneram as famílias quando adquirem os fatores de produção, e as famílias pagam as firmas pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações compõem o fluxo monetário. Percebe-se que toda renda dos agentes se deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso, o fluxo econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo monetário é representado em azul na figura. Logicamente, você percebe que esse modelo não condiz com a nossa complexa realidade, mas ele cai na prova, viu (veremos como, nos exercícios)?! Não é comum encontrarmos economias fechadas, sem o contato com o resto do mundo, e é ainda mais improvável encontrar uma economia sem governo. Por isso, embora bastante simplificado, o fluxo acima descrito não se reporta a uma realidade factível. Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelinho mais completo. Começando, adicionaremos o agente GOVERNO na análise. Nessa economia, conforme você observa na figura 2, o governo não se comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente governo estabelece é com o outro agente, família. Esse fato deve ser levado em consideração, pois, o governo deseja maximizar, entre outras coisas, o bem estar social. Para atingir a esse objetivo, o governo deve tirar recursos das famílias ricas (através dos impostos) e destinar às pobres (através das transferências governamentais), sendo desnecessário o contato direto com as empresas. Além de tributar e transferir recursos, o governo atua ainda na economia através das compras governamentais debens e serviços realizadas Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 no mercado de bens e serviços. Note que, nessa economia, o governo não atua no mercado de fatores (veremos como isso acontece na aula 01). Uma coisa que você poderá notar posteriormente, é que a única forma que o governo tem de se “comunicar” com as empresas é através do mercado de bens e serviços. Como, nessa economia hipotética, o governo não atua no mercado de fatores, poderá fazer essa ligação com as firmas através da imposição de impostos sobre os bens (não sobre os rendimentos auferidos pelas empresas) ou ainda impondo preços máximos ou mínimos, além de tarifas e subsídios. Um último ponto que se pode considera a respeito da existência do governo e de seu contato com as empresas, diz respeito às compras governamentais, pois o governo também compra! Ele adquire os bens e serviços providos pelas empresas quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo. Tudo isso pode ser visto na figura abaixo: Figura 2: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo Agora, a nossa economia começa a ficar um pouco mais alinhada com o que acontece nos sistemas econômicos mais complexos. Veja que, só com esses pontos iniciais, nós já começamos a compreender melhor o Estado e suas funções econômicas governamentais (redução da desigualdade de renda) assim como a atuação do governo na economia (através de impostos, transferências e compras governamentais). Logicamente, como foi dito anteriormente, essa é uma versão bastante Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 introdutória, nada muito complexo. Na aula que vem, vamos entrar fundo nesses conceitos. Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto do mundo na nossa economia, até porque a maioria esmagadora dos países se comunica com outros países. E como o resto do mundo se comunica com a nossa economia? Através do mercado de bens e serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras nacionalidades. Assim, quando o resto do mundo adquire nossas mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportando e quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e serviços, estamos importando. A figura 3 mostra o surgimento do resto do mundo na economia. Figura 3: Fluxo circular da riqueza de uma economia aberta Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram, simultaneamente, apenas no mercado de bens e serviços. Cabendo ao mercado de fatores a interação entre empresas e famílias, apenas. O modelo até aqui formulado é bastante complexo, mas não mostra a totalidade das relações existentes entre os agentes. Isso porque até agora desconsideramos a existência de um mercado vital no sistema econômico: o Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 mercado financeiro ou de ativos financeiros5. Assim como no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também conta com a presença simultânea dos quatro agentes econômicos: as famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não consumida (a poupança privada), as empresas operam no mercado através da tomada de empréstimos para investimentos e a posterior emissão de títulos da dívida e emissão de ações, enquanto o GOVERNO e o resto do mundo podem tanto tomar quando conceder empréstimos ao sistema financeiro nacional. O fluxo circular da riqueza expandido é mostrado na figura 4. Figura 4: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia: famílias, firmas, governos e resto do mundo, através dos três tipos de mercados: os fundos fluem das firmas para as famílias na forma de salários (remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração do fator produtivo capital), e aluguéis (remuneração do fator produtivo terra), 5 O Mercado Financeiro é formado por quatro segmentos de mercado: 1. Mercado de Crédito: destinado, prioritariamente a fornecer recursos financeiros para as famílias; 2. Mercado de Capitais: destinado, fundamentalmente, a emissão de crédito para capital de giro das empresas; 3. Mercado Monetário: utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária; 4. Mercado Cambial: utilizado para a conversão entre a moeda nacional e as demais moedas estrangeiras. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 60 Noções de Microeconomia para a Polícia Federal Teoria e Questões Comentadas da CESPE Profa. Amanda Aires – Aula 00 através do mercado de fatores. Depois de pagar os impostos ao governo e receber do governo as transferências, a família aloca a renda restante, ou seja, a renda disponível, entre poupança privada e gastos com o consumo. Através dos mercados financeiros, a poupança privada e os fundos do resto do mundo são canalizados para gastos de investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada e concessão de crédito de estrangeiros e transações de estrangeiros com ações. Além disso, os fundos fluem do governo e das famílias para as firmas, para pagar pela compra de bens e serviços. Finalmente, exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra na economia e as importações levam a um fluxo de fundos que sai da economia. Assim, quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os gastos de investimentos pelas firmas, as compras governamentais de bens e serviços e as exportações e, em seguida subtrai-se o valor das importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável muito importante para uma economia, conforme veremos adiante. De modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia. É claro que isso aqui está, de fato, extremamente simplicado, mas, como eu já tinha dito, isso faz parte da noção de modelo enquanto simplificação. Mas, disso tudo o que é que, de fato, nos interessa em um primeiro estágio? É interessante que você saiba que, no mercado de bens e serviços não existe apenas um tipo de mercado, mas ALGUMAS estruturas. São elas: Concorrência Perfeita, Concorrência Monopolística, Oligopólio e Monopólio. Existem ainda outras, como o oligopsônio e o monopsônio, mas elas nunca caem na prova. Há, ainda, o mercado contestável, mas nós vamos falar sobre essa estrutura quando nos reportarmos ao mercado em concorrência perfeita. Além disso, é interessante que você compreenda como os consumidores e empresas atuam no mercado de bens e serviços e como o governo pode influenciar esse mercado. Por fim, é importante que você note que esses mercados podem ter falhas e que, quando essas falhas acontecem, cabe ao governo fazer intervenções através de um processo regulatório! Viu como está tudo conectado desde o início? Exercício 8 (Analista Judiciário – Economia - STM, 2010) A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes. Profa. Amanda Aires www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 60 Noções de Microeconomia
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