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Capítulo II Regimes de Capitalização 2018 - 2019 Taxas de Juro Capítulo II 3 Taxas de Juro TAXAS EQUIVALENTES Duas ou mais taxas, referentes a períodos diferentes, dizem-se equivalentes, quando aplicadas a um mesmo capital e durante o mesmo prazo de tempo produzirem o mesmo valor acumulado ou o mesmo montante de juros. Sendo, i: taxa de juro referente a uma unidade de tempo im : taxa de juro referente a um período de tempo compreendido m vezes na unidade de tempo de i m: frequência de capitalização 4 Regime de Juro Simples Segundo a definição, i e im serão equivalentes se produzirem no mesmo tempo de aplicação o mesmo valor acumulado. Assim, temos: C + Cni = C + Cn(m x im) Cni = Cn(m x im) i = m x im No RJS a equivalência das taxas reduz-se à sua proporcionalidade1. ___________________________________________ 1 Duas ou mais taxas são proporcionais quando a relação de valor entre elas é igual à relação existente entre os seus períodos. Taxas de Juro m i im 5 Por exemplo, é indiferente aplicar 100€: Hip 1: durante 1 ano à taxa anual de 12%; Hip 2: durante 2 semestres à taxa semestral de 6%. Porque Hip 1: M = 100 (1 + 0,12 × 1) = 112€ Hip 2: M = 100 (1 + 0,06 × 2) = 112€ Taxas de Juro 6 Taxas de Juro Regime de Juro Composto Continuando com os exemplos das hipóteses 1 e 2: Hip 1: S = 100 (1 + 0,12)1 = 112€ Hip 2: S = 100 (1 + 0,06)2 = 112,36€ Os valores acumulados são diferentes, sendo o valor acumulado superior na 2º hipótese, uma vez que os juros do 1º semestre são capitalizados no 2º semestre. 7 • Capital acumulado no final do 1º semestre: S = 100 (1 + 0,06)1 = 106€ 100€ de capital inicial + 6€ de juros do 1º semestre • Capital acumulado no final do 2º semestre: S = 106 (1 + 0,06)1 = 112,36€ 100€ de capital inicial + 6€ de juros do 1º semestre + 6,36€ de juros do 2º semestre Em RJC as taxas equivalentes não são proporcionais. Taxas de Juro 8 Então, qual é a taxa semestral equivalente à taxa anual de 12%? Será necessariamente inferior a 6%! De acordo com a definição, i e im serão equivalentes se produzirem no mesmo tempo de aplicação o mesmo valor acumulado. Assim, temos: Taxas de Juro m m n 1mn m n 1n mn m n )i1()i1( )i1()i1( )i1(C)i1(C 9 Taxas de Juro Através da expressão 1 + i = (1 + im) m é possível passar de uma taxa anual para uma taxa equivalente reportada a um subperíodo do ano e vice-versa. m m)i1()i1( 1)i1(i mm 1)i1(i m 1 m 10 Logo, no exemplo anterior: Calculando novamente o valor acumulado para a hipótese 2, mas utilizando a taxa semestral equivalente: S = 100 (1 + 0,058300524)2 = 112€ Taxas de Juro %8300524,5058300524,0i 1)12,01(i 1)i1(i 2 2 1 2 m 1 m 11 Taxas de Juro Exemplo: Determine a taxa de juro semestral equivalente à taxa de juro anual de 9%. a) Em Regime de Juro Simples b) Em Regime de Juro Composto Resolução: i = 9% m = 2 i2 = ? a) RJS b) RJC 1m m 1 2 2 2 i (1 i) 1 i (1 0,09) 1 i 0,044 4,4% m 2 2 i i m 0,09 i 2 i 0,045 4,5% 12 Taxas de Juro TAXAS NOMINAIS E TAXAS EFETIVAS A distinção entre Taxa Nominal e Taxa Efetiva só ocorre em RJC e prende-se com a existência de capitalizações intermédias de juros. Taxa Nominal: é a taxa de juro declarada para um período, sempre que os juros sejam capitalizados mais do que uma vez em cada período da taxa. Taxa Efetiva: é a taxa a que efetivamente está colocado um capital devido ao facto do período de capitalização ser diferente do período da taxa de juro. 13 Taxas de Juro Quando o período de capitalização é idêntico ao período da taxa, a taxa nominal e a taxa efetiva são coincidentes. Existem diferenças entre Taxas Nominais e Taxas Efetivas sempre que a taxa declarada não corresponda ao período de capitalização. A taxa nominal reflete a remuneração (juros) do capital inicial e a taxa efetiva reflete a remuneração total, ou seja, os juros obtidos sobre o capital inicial e sobre os juros intermédios. 14 Exemplo: Determine o juro produzido por um capital de 100€ num período de 1 ano, à taxa anual de 20%, em: a) Regime de Juro Composto com capitalização anual. b) Regime de Juro Composto com capitalização semestral. a) Regime de Juro Composto com capitalização anual Neste caso há apenas uma capitalização durante o período considerado, pelo que o juro total é: J = 100 × 1 × 0,2 J = 20€ Taxas de Juro 15 b) Regime de Juro Composto com capitalização semestral Neste caso, há duas capitalizações durante o período considerado (uma no final de cada semestre): Como vigora o regime de juro composto, estes 10€ vão capitalizar no semestre seguinte, logo o capital sobre o qual vai incidir a taxa de juro no 2º semestre é agora de 110€. Então, J = J1 + J2 = 10 + 11 = 21€ Taxas de Juro €102,0 12 6 100J1 €112,0 12 6 110J2 16 Taxa Nominal Anual = 20% Taxa Nominal Semestral = 10% Remuneração do Capital Inicial: J = C n i = 100 × 1 × 0,2 = 20€ 100 × 2 × 0,1 = 20€ No 2º semestre: remuneração dos Juros obtidos no 1º semestre: J = J n i = 10 × 1 × 0,1 = 1€ Remuneração Total: 20 + 1 = 21€ Taxas de Juro 17 S = C + J S = 100 + 21 = 121 121 = 100 (1 + i)1 i = 21% A taxa efetiva de 21% leva em consideração o efeito de capitalizações sucessivas, ou seja, o facto de haver juros de juros. À taxa anual nominal de 20% com capitalizações semestrais corresponde a taxa anual efetiva de 21%. Taxas de Juro 18 Se representarmos a taxa nominal por i(m), reportada ao ano sendo capitalizável m vezes, significa que haverá m aplicações em períodos 1/m. A taxa efetiva do subperíodo 1/m (representada por im) será igual a: e a taxa efetiva no período ano (representada por i) será calculada através da seguinte fórmula: Taxas de Juro m i i )m(m 1 m i 1i m )m( 19 Taxas de Juro Qual é a taxa anual efetiva equivalente à taxa anual nominal de 20% com capitalizações semestrais? Logo, €21100121J €1210,211100i1CS 1n m (m) 2 i i 1 1 m 0,2 i 1 1 2 i 21% 20 Taxas de Juro Se se conhecer a taxa efetiva anual e se pretender calcular a taxa nominal anual, capitalizável m vezes, torna-se necessário resolver a equação acima apresentada em ordem a i(m), obtendo a seguinte expressão: 1)i1(mi m 1 )m( 21 Taxas de Juro Qual é a taxa anual nominal com capitalizações semestrais equivalente à taxa efetiva anual de 21%? Logo: No exemplo anterior: 1 m (m) 1 2 (2) (2) i m (1 i) 1 i 2 (1 0,21) 1 i 20% mn )m( m i 1CS €121 2 2,0 1100S 12 22 Taxas de Juro Conclusão: Uma taxa anual de 20% com capitalizações semestrais, produz o mesmo resultado que uma taxa de 21% com apenas uma capitalização anual. Ou seja, à taxa nominal de 20% com capitalizações semestrais corresponde a taxa anual efetiva de 21%. Taxa efetiva (21%) > Taxa nominal (20%) A taxa efetiva é sempre superior à taxa nominal (com m > 1) Podemos então esquematizar os procedimentos a seguir perante a apresentação de uma taxa de juro, da seguinte forma: 23 Taxas de Juro 24 TAE / TAEG TAE (Taxa Anual Efetiva) Decreto-Lei n.º 220/94, de 23 de Agosto: A Taxa Anual Efetiva (TAE) é a “taxa de juro que, para uma espécie de operações decrédito ou para uma determinada operação de crédito, torna equivalentes, numa base anual, os valores atualizados do conjunto das prestações realizadas ou a realizar pela instituição de crédito e dos pagamentos realizados ou a realizar pelo cliente (...)”. alínea d) do art. 2º Taxas de Juro 25 A TAE é a taxa de rendibilidade real para o banco. Para o cálculo da mesma consideram-se como pagamentos efetuados ou a efetuar pelo cliente os seguintes: O reembolso do capital; Os juros remuneratórios; Os montantes de saldos em contas de depósito exigidos ao cliente como condição para a concessão de crédito; Todas as comissões e outras prestações que devam ser pagas pelo cliente em conexão direta com a operação de crédito (...) desde que constituam receitas da instituição de crédito ou de outras instituições financeiras (prémios de seguro, comissões de preparação do processo, constituição de garantias, etc.). nº 1 do art. 4º Taxas de Juro 26 Excluem-se do cálculo da TAE todos os pagamentos a efetuar pelo cliente que sejam meramente eventuais, designadamente os resultantes de incumprimento do contrato, bem como os resultantes de impostos, taxas e emolumentos notariais ou de registo. nº 2 do art. 4º A TAE é calculada de acordo com o Anexo nº 2: Taxas de Juro p 1q y q m 1k y k qk )r1( D )r1( R 27 m : nº total de recebimentos por parte do cliente k : nº de ordem do recebimento Rk : valor do recebimento de ordem k pelo cliente Yk : nº de dias entre o recebimento de ordem k e o 1º recebimento ou pagamento efetuado pelo cliente / nº total de dias do ano1 p : nº total de pagamentos efetuados pelo cliente q : nº de ordem do pagamento Dq : valor do pagamento de ordem q efetuado pelo cliente yq : nº de dias entre o recebimento de ordem q e o 1º recebimento ou pagamento efetuado pelo cliente / nº total de dias do ano1 r : 100 = taxa anual efetiva (TAE) ___________________________ 1 De acordo com a base anual utilizada pelo banco (360 ou 365 dias) Taxas de Juro 28 A taxa de juro nominal nas operações de desconto de letras deve estar de acordo com a fórmula seguinte: base: total de dias utilizados no cálculo do juro diário (360 dias) n: nº de dias em que os juros são devidos em cada pagamento (incluindo os 2 dias úteis da Lei Uniforme de Letras e Livranças) Anexo nº 1 Taxas de Juro Juros base i 100 Valor Nominal Juros n 29 Exemplo: Uma operação de crédito bancário no valor de 1.000€ foi contratada nas seguintes condições: • reembolso de uma só vez ao fim de 120 dias • juros e outros encargos cobrados antecipadamente • taxa de juro nominal: 20% ao ano • despesas de expediente e portes: 1,25€ • imposto de selo (sobre juros): 4% a) Calcular o valor recebido pelo utilizador na data do contrato b) Calcular a taxa anual efetiva (TAE) Taxas de Juro 30 a) Juros e Encargos Juros = 1.000 × 0,2 × 120 = 66,67 360 Despesas = = 1,25 Imp. Selo = 66,67 × 4 % = 2,67 . TOTAL 70,59€ Valor recebido na data do contrato: 1.000 – 70,59 = 929,41€ Taxas de Juro 31 Taxas de Juro b) Do ponto de vista do banco: Retido inicialmente 66,67 (juros) + 1,25 (despesas) = 67,92€ Disponibilizado ao cliente: -932,08 Recebido do cliente (1.000 – 67,92 = 932,08) 1.000 ________|____________________________|_____ 0 120 d 1.000 = 932,08 (1 + TAE)120/360 TAE = 23,5% 32 TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global) Decreto-Lei n.º133/2009, de 2 de Junho: Alterado pela Retificação nº 55/2009, de 31 de Julho Instrução nº 13/2013 do Banco de Portugal A TAEG é a taxa que “torna equivalentes, numa base anual, os valores atuais do conjunto das obrigações assumidas, considerando os créditos utilizados, os reembolsos e os encargos, atuais ou futuros, que tenham sido acordados entre o credor e o consumidor.” nº 1 do art. 24º A TAEG é a taxa de custo real para o devedor, abrangendo todos os pagamentos e não apenas os que constituem receita da instituição de crédito (como acontece na TAE). Taxas de Juro 33 O cálculo da TAEG é realizado com base na expressão matemática referida no Anexo 1 do referido diploma, a qual representa uma igualdade entre os valores atualizados, à data da celebração do contrato de crédito, dos montantes dos capitais recebidos (crédito utilizado) e pagos (reembolsos de capital e encargos): Taxas de Juro k l m m' k l t s k 1 l 1 C D (1 t) (1 t) 34 k : nº de ordem de uma utilização do crédito m : nº de ordem da última utilização do crédito Ck : montante de utilização do crédito tk : intervalo de tempo 1 que medeia entre a data da 1ª utilização de crédito e a data de cada utilização sucessiva l : nº de ordem de um reembolso ou pagamento de encargos m’ : nº de ordem do último reembolso ou último pagamento de encargos Dl : montante de um reembolso ou pagamento de encargos sl : intervalo de tempo 1 que medeia entre a data da 1ª utilização de crédito e a data de cada reembolso ou pagamento de encargos t : 100 = taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) ____________________ 1 Expresso em anos e fração de um ano, utilizando a base de 360 dias. Taxas de Juro 35 Exemplo: Valor Nominal do Título: 2.500,00€ Produto Líquido Recebido: 2.259,80€ Encargos Totais: 240,20€ . Encargos a favor do Banco = 230,97€ (Juros + Comissões + Portes) . Encargos a favor do Estado = 9,23€ (Imposto de Selo sobre Juros e Comissões) Taxas de Juro 36 Exemplo: TAE: Apenas os encargos a favor do Banco: 2.500 – 230,97 = 2.269,03€ 2.500 = 2.269,03 (1 + TAE)121/360 TAE = 33,4% TAEG: Todos os encargos (a favor do Banco e do Estado): 2.500 – 240,20 = 2.259,80€ (Produto Líquido) 2.500 = 2.259,8 (1 + TAEG)121/360 TAEG = 35,1% Taxas de Juro 37 TAEG Máximas O Banco de Portugal determina, numa base trimestral, as TAEG máximas permitidas para os diversos tipos de crédito e é responsável pela respetiva divulgação junto do público. As taxas máximas em vigor para o 1º Trimestre de 2019 estão estabelecidas na instrução n.º 27/2018. Exemplos: Crédito Pessoal • Finalidade Educação, Saúde e Energias Renováveis 6,2% • Locação Financeira de Automóveis (usados) 6,0% • Outros Créditos Pessoais1 16,6% (1) Inclui Cartões de Crédito, Linhas de Crédito, Contas Correntes Bancárias e Facilidades de Descoberto Taxas de Juro 38 Taxas de Juro OUTRAS TAXAS Taxa Anual Nominal (TAN) e Taxa Real Designa-se por taxa anual nominal ou corrente uma taxa de juro que incorpora o efeito da inflação na remuneração do capital e por taxa real uma taxa de juro que exclui esse efeito. i : taxa de juro nominal r : taxa de juro real z : taxa de inflação z1 zi r 39 Taxas de Juro OUTRAS TAXAS Taxa Anual Nominal (TAN) e Taxa Real i 1 r 1 z 1 1 z1 i1 r 40 Taxas de Juro Exemplo: Uma aplicação financeira que gera 3% de juros num país que regista 1,5% de inflação representa uma remuneração real de: %48,11 015,01 03,01 r Atenção: É erro comum considerar que a taxa real é de 3% - 1,5% = 1,5%x %48,1 015,01 015,003,0 r 41 Taxas de Juro Taxa Ativa e Taxa Passiva A distinção entre taxa de juro ativa e taxa de juro passiva relaciona-se com o tipo de operação financeira subjacente. As taxas de juro ativas estão associadas a operações de empréstimos de fundos e as taxas de juro passivas a operações de tomada de fundos (depósitos ou outras aplicações). 42 Taxas de Juro Taxa Fixa e Taxa Variável Diz-se que a taxa de juro é fixa, quando a taxa de juro se mantém inalterável durante todo o prazoda operação financeira. Na generalidade das vezes, o que acontece é que a taxa de juro é revista periodicamente, mantendo-se fixa apenas durante um determinado intervalo de tempo, ao fim do qual pode ser alterada ou ajustada (taxa de juro variável). Normalmente, as taxas são calculadas a partir de uma taxa de juro base (indexante) acrescida de uma margem (spread), dependente do nível de risco inerente à operação para o credor. 43 Taxas de Juro Taxa Bruta (TANB) e Taxa Líquida (TANL) Os juros produzidos em qualquer processo de capitalização estão sujeitos a imposto (IRS). Este imposto é normalmente calculado aplicando uma taxa (atualmente de 28%) ao montante de juro produzido, o que significa que para o aforrador ficam apenas os 72% do juro produzido em cada período de capitalização. A taxa de juro bruta (TANB) não leva em consideração o efeito fiscal, ou seja, não desconta os impostos que incidem sobre as remunerações de capital (juros) e taxa de juro líquida (TANL) reflete o efeito fiscal, incorporando a retenção de impostos sobre o rendimento. 44 Taxas de Juro Considerando a taxa de imposto (t), a TANL é dada pela seguinte expressão: TANL = TANB (1 – t) O valor efetivamente recebido numa aplicação de capital (depósito a prazo, por exemplo) é igual ao valor acumulado calculado à taxa de juro líquida de impostos (TANL). Exemplo: Uma aplicação financeira que gera 3% de juros sujeitos a 28% de IRS representa uma remuneração líquida de: TANL = 0,03 (1 – 0,28) = 2,16% 45 Taxas de Juro Taxa Supletiva de Juros de Mora Os juros produzidos por atrasos nos pagamentos são calculados com base no RJS: Juros de Mora Comerciais: 1º semestre de 2019: 7,00% (juros atualizados semestralmente); Juros de Mora de dívidas ao Estado: a partir 1 Jan 2019: 4,825% (Aviso n.º 212/2019, atualizados anualmente). taxa juro JMora Capital em dívida nºdias em mora 365
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