Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SEMIOLOGIA DO APARELHO RESPIRATÓRIO 1) ANAMNESE 1.1) Identificação: - nome - idade e data de nascimento - sexo - raça - procedência - profissão - estado civil - religião - escolaridade - diagnóstico clínico/médico responsável - fisioterapeuta responsável/data da avaliação 1.2) Queixa Principal: É o que mais incomoda o paciente. Deve ser descrito com as mesmas palavras do paciente e entre aspas. 1.3) História da Doença/Moléstia Atual (HDA/HMA): É o mais importante na anamnese e deve ser curta, clara e concisa. 1.4) História da Doença/Moléstia Pregressa (HDP/HMP): Colher todos os dados de sintomas e doenças anteriores que possam ter relação coma HMA. 1.5) Antecedentes Familiares: Investigar, antecedentes familiares, de possíveis patologias que podem comprometer os pulmões. EX. tumores malignos, fibrose cística, tuberculose, diabetes, hipertensão etc. 1.6) Antecedentes Pessoais: Investigar infecções pulmonares graves na infância ou juventude, antecedentes traumáticos, episódios de perda da consciência, alergias. 1.7) Hábitos de Vida: - Tabagismo (quantos cigarros fuma, desde quando fuma, se parou de fumar, há quanto tempo) - Alcoolismo 2) MANISFESTAÇÕES PULMONARES PRIMÁRIAS -SINTOMATOLOGIA 2.1) Tosse: É uma expiração forçada explosiva que visa a limpeza das vias aéreas e é um fenômeno que pode ser reflexo ou voluntário. Entretanto, a repetição frequente da tosse, acompanhada ou não de expectoração, constitui sintoma de doença. A tosse é provocada por um estímulo e a manobra inicia-se por uma inspiração rápida e profunda, seguida pelo fechamento da glote, o que promove um aumento das pressões abdominal, pleural e alveolar. Essa elevação das pressões que ocorre devido ao esforço expiratório da musculatura respiratória faz com que a glote seja aberta ativamente e o fluxo aéreo é expulso das vias aéreas. FASES DA TOSSE: 1- Fase inspiratória: Ocorre uma inspiração profunda, o que permite um maior volume torácico. Quanto maior a fase inspiratória maior será a eficácia da tosse. 2- Fase compressiva: Ocorre o fechamento da glote e ativação do diafragma e dos músculos da parede torácica e abdominal promovendo um aumento da pressão intratorácica que, comprime as vias aéreas e os pulmões. 3- Fase expiratória: Há abertura súbita da glote com saída do ar em alta velocidade, ocasionando o som característico da tosse. 4- Fase de relaxamento: Há relaxamento da musculatura e retorno das pressões aos níveis basais. TIPOS DE ESTÍMULOS: Estímulos mecânicos: poeira, secreção, inflamação, alteração no calibre dos brônquios como tumor, atelectasia etc. Estímulos químicos: fumaça, gases e vapores irritantes. Estímulos térmicos: ar frio. CLASSIFICAÇÃO DA TOSSE: - de acordo com a duração: *Aguda: presença de tosse até 3 semanas; *Subaguda: tosse persistente de 3 a 8 semanas; *Crônica: tosse por mais de 8 semanas; - de acordo com as características clínicas: *Improdutiva (seca ou reflexa) *Produtiva *Paroxística: tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (5 a 10) em uma única expiração. Pode ser precipitada pelo esforço físico. *Laríngea: conhecida como “tosse de cachorro”. Ocorre devido ao espasmo laríngeo. *Reprimida: o indivíduo tenta evitar a tosse devido a presença de dor. CAUSAS DA TOSSE INEFICAZ: - depressão do sistema nervoso (bulbo) - anestesias (atividade ciliar diminuída) - miastenia: inibição a nível da placa motora - traumáticas EXPECTORAÇÃO: A secreção é proveniente dos pulmões (muco – purulento ou não), orofaringe (saliva) e nariz. Investigação clínica da secreção (catarro): - quantidade – volume - viscosidade (tem relação com a hidratação) - densidade - coloração - odor - aspecto: *mucoso: lembrando clara de ovo (bronquite crônica e asma) *purulento: presença de infecção (germes piogênicos) *mucopurulento: presença de pus e muco 2.2) Hemoptise É qualquer sangramento proveniente das vias aéreas inferiores, devendo se diferenciar de sangue vindo do nariz, boca, nasofaringe e do trato digestório superior. Decorre de sangramentos dos vasos da parede brônquica. Patologias que levam a hemoptise - carcinoma brônquico; bronquiectasia; tuberculose; estenose mitral; Quadro clínico: Geralmente o sangue é vermelho vivo, espumoso com bolhas de ar e exterioriza-se puro ou misturado com muco ou pus. 2.3) Dor torácica Deve ser analisada quanto à localização, irradiação, intensidade, duração, evolução, fatores desencadeantes, agravantes e de alívio. Causas: pleurite, carcinoma brônquico, pneumotórax, pneumonia, tromboembolismo pulmonar, musculares, ósseas, doenças cardíacas. 2.4) Vômica É a eliminação mais ou menos brusca, através da glote, de uma grande quantidade de pus. Causas freqüentes: abscesso pulmonar e empiema. 2.5) Sibilância (Chiadeira torácica) É a forma como o paciente se refere a um ruído que ele pode perceber (miar de um gato). O chiado resulta da redução do calibre da arvore brônquica devido principalmente ao broncoespasmo. 2.6) Disfonia Rouquidão ou mudança do timbre da voz. 2.7) Dispneia É a dificuldade para respirar. Classificação de acordo com a atividade física: - dispnéia aos grandes esforços - dispnéia aos médios esforços - dispnéia aos pequenos esforços - dispnéia de repouso Causas: atmosféricas; obstrutivas (corpo estranho, broncoespasmo); parenquimatosas; toracopulmonares (fraturas, cifoescoliose, mialgias); diafragmáticas; pleurais; cardíacas; ligadas ao sistema nervoso (neurológicas ou psicogênicas). 3) APRESENTAÇÃO DO PACIENTE É a imagem inicial que se tem do paciente. 4) EXAME FÍSICO 4.1) Dados vitais São aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal. - Temperatura (T): obtida através de um termômetro, podendo ser medida na região axilar, oral ou retal (36 a 37,2); - Frequência cardíaca (FC): é aferida contando-se o pulso da artéria carótida, radial ou femoral num intervalo de tempo (ex. 4 vezes o número de pulsos obtidos em 15 segundos); - Valores normais: 70 a 100 batimentos por minuto (bpm); - Taquicardia: acima de 100 bpm; - Bradicardia: abaixo de 60 bpm. - Frequência respiratória (FR): obtida através da contagem do número de incursões respiratorias dentro do período de um minuto. - Valores normais (eupneico): varia em função da idade. *14 a 26 incursões respiratórias por minuto (ipm) (adulto) *40 a 45 ipm (recém-nascido) *25 a 35 ipm (crianças menores) *18 a 35 ipm (crianças maiores) - Taquipneico: acima de 26 ipm; - Bradipneico: abaixo de 14 ipm. - Apneia: parada respiratória. - Pressão arterial: é obtida através de um esfigmomanômetro e indica o estado hemodinâmico do indivíduo. - Pressão arterial sistólica (PAS) - Pressão arterial diastólica (PAD) - Cálculo da Pressão Arterial Média (PAM): Normal = 70 a 109 mmHg PAM = 2.PAD + PAS 3 Classificação diagnóstica da hipertensão arterial (adultos com mais de 18 anos de idade). PAD (mmHg) PAS (mmHg) Classificação < 85 < 130 Normal 85-89 130-139 Normal limítrofe 90-99 140-159 Hipertensão leve (estágio 1) 100-109 160-179 Hipertensão moderada (estágio 2) > 110 > 180 Hipertensão grave (estágio 3) < 90 > 140 Hipertensão sistólica isolada III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial O tórax deve ser examinado, tanto com o paciente sentado como em decúbito.- Saturação de oxigênio no sangue (SpO2): A pressão de oxigênio no sangue arterial é verificado por meio de um dispositivo chamado oxímetro de pulso. Valores normais = 95 a 100% 4.2) Inspeção estática Examinam-se a forma do tórax e suas anomalias. - Pele: observar coloração, grau de hidratação e presença de lesões e cicatrizes. - Abaulamentos e depressões. - Tipos de tórax: Varia conforme o biótipo do paciente e é caracterizado pela abertura do ângulo formado pelas últimas costelas e o esterno (ângulo de Charpy). *Normolíneo: ângulo de Charpy é igual a 90º. *Longilíneo: ângulo de Charpy menor que 90º. *Brevilíneo: ângulo de Chapy maior que 90º. - Formas anormais de tórax: *Tórax chato ou plano: a parede anterior perde sua convexidade normal, havendo uma redução do diâmetro ântero-posterior. Musculatura torácica pouco desenvolvida e é característico em indivíduos longilíneos. *Tórax em tonel ou globoso: ocorre um aumento do diâmetro ântero- posterior que praticamente iguala-se ao diâmetro transversal. *Tórax infundibuliforme ou tórax de sapateiro: caracteriza-se pela presença de uma depressão acentuada ao nível do terço inferior do esterno. Em geral é de natureza congênita. *Tórax cariniforme: nota-se ao nível do esterno uma saliência em forma de “peito de pombo”. Pode ser congênita ou adquirida (raquitismo na infância). *Tórax cônico ou em sino: a porção inferior do tórax torna-se alargada como a boca de um sino. *Tórax cifótico: há uma curvatura da coluna dorsal formando uma gibosidade. Pode ser congênita ou devido a má postura. (A tuberculose óssea (mal de Pott), a osteomielite ou neoplasia também podem causar esta deformidade). *Tórax cifoescoliótico: além da cifose, apresenta um desvio da coluna para o lado (escoliose). 4.3) Inspeção Dinâmica 4.3.1) Tipo Respiratório: Observa-se a movimentação do tórax e do abdome, com o objetivo de reconhecer em que região os movimentos são mais amplos: Em condições normais temos os seguintes tipos respiratórios: - Torácica ou costal - Abdominal ou diafragmática - Tóraco-abdominal (misto – quando as costelas e o diafragma participam igualmente da respiração). OBS: Respiração paradoxal – quando há presença de retração do gradil costal durante a inspiração. 4.3.2) Ritmo Respiratório: Observa-se a sequência, a forma e a amplitude das incursões respiratórias. O ritmo respiratório normal é dado pela sucessão regular de movimentos respiratórios de profundidade mais ou menos igual. Alterações na sequência, na forma ou na amplitude dos movimentos respiratórios ocasionam os ritmos respiratórios anormais. Respiração Dispneica: Presença de dispnéia caracterizada por movimentos respiratórios amplos e rápidos quase sempre desconfortável para o paciente. Ex.: ICC, derrame plaural, atelectasias e pneumotórax. Respiração de Cheyne-Stokes: Caracteriza-se por uma apneia seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até atingir um máximo, que em seguida vai decrescendo até nova apneia. Ocorre devido a variações na concentração de O2 e CO2 no sangue. Ex.: AVC; TCE; hipertensão intracraniana; Respiração de Biot: Caracteriza-se por respiração de amplitude variável com períodos de apneia. Ex.: meningites; hematoma extra-dural e estados comatosos. Respiração de Kussmaul: Caracteriza-se por inspirações profundas seguidas de pausas e expirações também seguidas de pausas. Ex.: acidose diabética, Respiração Suspirosa: Caracteriza-se por movimentos respiratórios que são interronpidpos por “suspiros”. Ex.: tensão emocional e ansiedade. 4.3.3) Tiragem: É quando ocorre depressão dos espaços intercostais durante a inspiração, isto ocorre quando existe um obstáculo em uma via aérea dificultando ou impedindo a penetração do ar, e consequentemente, a parte correspondente do pulmão não se expande. 4.4) Palpação 4.4.1) Expansibilidade Torácica: Avaliam-se separadamente a expansibilidade dos ápices e das bases. A diminuição pode ser uni ou bilateral. Ex.: Enfisematoso (diminuição bilateral) Atelectasia (diminuição unilatel) Cirtometria: Técnica utilizada para avaliar a mobilidade da caixa torácica, a qual é dada pela diferença entre a inspiração e expiração máximas mensuradas por meio de uma fita métrica ao redor do tórax. Regiões mensuradas: - axilar - xifoideana - basal Valores normais: o coeficiente respiratório pode variar de 5 a 11 cm. 4.4.2) Frêmito Toracovocal (FTV): Corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica e percebidas pela mão do examinador. Peça ao paciente que pronuncie palavras (ex. trinta e três) e ao mesmo tempo o examinador vai pousando a mão sobre as regiões do tórax (anterior, lateral e posterior) comparativamente. O aumento ou a diminuição da intensidade do frêmito comparando com todas as regiões, é que vai nos indicar qualquer anomalia. FTV aumentado: nos traduz consolidação. Ex. Pneumonias FTV diminuído ou abolido: relaciona-se a alguma anormalidade que impeça a transmissão de ondas sonoras originadas na laringe. Ex. atelectasias, derrame pleural, espessamento de pleura, pneumotórax, enfisema. 4.5) Percussão É a produção de vibrações na parede torácica que se transmite aos tecidos subjacentes. Na percussão do tórax encontramos sonoridade pulmonar ou som claro pulmonar, exceto nas áreas de projeção do fígado, coração e baço. As modificações encontráveis são: Hipersonoridade pulmonar: indica aumento de ar nos alvéolos, significa que a nota de percussão está mais clara e mais intensa. Ex. enfisema pulmonar. Som timpânico: indica ar aprisionado no espaço pleural ou em uma cavidade intra-pulmonar. Ex. pneumotórax, tuberculose. Submacicez ou macicez: são denominações que traduzem diminuição ou desaparecimento da sonoridade pulmonar e indicam redução ou inexistência de ar no interior dos alvéolos. Ex. derrames pleurais, espessamentos pleurais, pneumonias, atelectasias etc. 4.6) Ausculta Pulmonar Método semiológico básico no exame físico dos pulmões. Para sua realização exige-se o máximo de silêncio e tanto o paciente como o terapeuta devem estar em posições confortáveis. 4.6.1) Murmúrio Vesicular (MV): É um som leve auscultado por todo o tórax durante a inspiração (mais longo e mais nítido) e a expiração (mais curto e menos nítido) . O murmúrio respiratório é produzido pela turbulência de ar circulante ao chocar-se contra a saliência das bifurcações brônquicas ao passar por cavidades de tamanhos diferentes tais como: bronquíolos para alvéolos. O MV está diminuído sempre que houver redução do volume de ar corrente (respiração senil) ou em situações patológicas (ex. enfisema pulmonar; pneumotórax; derrame pleural; tumores; atelectasias). 4.6.2) Ruídos Adventícios (RA): São os ruídos respiratórios não normais, que podem originar-se na arvore brônquica, nos alvéolos ou no espaço pleural. Cornagem ou estridor laríngeo: Representa o estreitamento das vias aéreas superiores de grande intensidade sonora podendo ser audível a distância do paciente. Ex. aspiração de corpo estranho, estenose de traquéia, traumatismos cervicais. Roncos: É um ruído grave e intenso predominantemente inspiratório, geralmente acompanhado de tosse. É um som semelhante ao ronco observado durante o sono. O ronco ocorre devido à presença de secreção espessa na árvore brônquica, principalmente em traquéia e grandes brônquios. A tosse pode alterar, abolir ou mudar o local do ronco. Ex. bronquite crônica; asma; pneumonia; enfisema pulmonar, ou seja,qualquer patologia em que há aumento de secreção. Sibilos: São ruídos agudos, predominantemente expiratórios, podendo ser localizados ou generalizados. Esse som lembra o miar de um gato e o paciente se refere como um chiado no peito. Sua origem se deve à redução da luz brônquica por secreção ou espasmos. Geralmente o sibilo inspiratório se caracteriza pela presença de secreção e o expiratório pela presença de broncoconstrição. OBS: se a causa for broncoconstrição, a tosse, a aspiração e manobras fisioterápicas podem agravar a situação. Estertores crepitantes: São ruídos finos e homogêneos, caracterizados por estalidos pouco intensos e discretos, predominantemente inspiratórios, semelhantes ao ruído que se obtém atritando uma mecha de cabelo entre os dedos. São produzidos pelo deslocamento das paredes dos alvéolos pela entrada de ar em seu interior, e são encontrados principalmente nas bases pulmonares. Ex. pneumonias (início) e aumento de líquidos intra-alveolar. Estertores bolhosos ou subcrepitantes: São ruídos descontínuos, audíveis tanto na inspiração quanto na expiração. São ruídos mais grossos que se assemelham ao romper de bolhas. Resultam da mobilização de conteúdo liquido presente na árvore brônquica ou na luz dos alvéolos. Classificam-se em finos, médios e grossos, de acordo com o diâmetro dos brônquios onde são gerados. Ex. edema pulmonar e alveolites. Atrito pleural: Normalmente os folhetos pleurais deslizam suavemente um sobre o outro sem provocar ruído. Quando essas superfícies se tornam irregulares surge o atrito pleural, que é um ruído semelhante ao couro atritado, que não se modifica com a tosse, sendo audível tanto na inspiração quanto na expiração. Ex. pleurite. 4.7) Exames e testes: 4.7.1) Raio-X 4.7.2) Peak flow 4.7.3) Manovacuometria 4.7.4) Espirometria 4.7.5) Ventilometria 5) Diagnóstico fisioterápico 6) Objetivos de tratamento 7) Tratamento fisioterápico 8) Orientações
Compartilhar