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IX NOTA DE AULA

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NOTA DE AULA IX
CURSO DE EXTENSÃO EM DIREITO AMBIENTAL
PROFA. SARAH CARNEIRO 
CRIMES AMBIENTAIS
Os danos contra o meio ambiente normalmente geram sanções administrativas (aplicadas por órgãos 
competentes para exercer o poder de polícia ambiental) e civis (aplicadas pela esfera civil do Poder 
Judiciário), mas quando a conduta é típica, tornam-se ilícitos penais. Assim, para que uma conduta 
lesiva ao meio ambiente seja considerada crime ambiental é necessário que haja a sua previsão legal 
expressa (princípio da estrita legalidade), tipificando a lesão ou o risco da lesão em questão como 
fato ou ato ilícito (princípio da taxatividade do tipo).
A responsabilidade penal ambiental, diferentemente da civil e da administrativa, é SEMPRE 
SUBJETIVA, posto que, sendo certo que o sujeito infrator, somente poderá responder penalmente 
na medida da sua culpabilidade! (aqui entenda-se dolo – vontade de agir, assumindo o risco - ou 
culpa – negligência, imprudência ou imperícia).
O princípio da responsabilidade penal pessoal no direito brasileiro está previsto no art. 5º, XLV, 
CF, que preceitua que: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”
A Constituição Federal, em seu art. 225, § 3º, estabeleceu que as condutas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar danos. 
A novidade desse dispositivo é a possibilidade de incriminação da pessoa jurídica, o que foge à 
tradição da família do Direito Romano – à qual pertence o Direito brasileiro – e demonstra a 
relevância excepcional atribuída aos delitos ambientais. A capacidade da pessoa jurídica figurar 
numa relação ilícita criminal como agente do delito, deve-se, sobremaneira, ao modo que se tem 
comportado a nova ordem econômica, sendo a pessoa jurídica um dos principais personagens da 
economia moderna, sendo, consequentemente, as empresas as maiores e mais frequentemente 
responsáveis pelos danos ambientais, haja vista que a exploração dos recursos ambientais 
movimenta diversas atividades industriais e gera lucros enormes a estas.
Após a promulgação da Constituição de 1988, surgiram diversas leis que criminalizaram os danos 
ao meio ambiente, como: a Lei n. 7.802, de 11/07/89, que penaliza o uso indevido de agrotóxicos; a 
Lei n. 7.804, de 18/07/89, que criminaliza a poluição; e a Lei n. 7.805, de 18/07/89, transforma em 
delito a prática da garimpagem sem autorização. No entanto, poucos casos previstos nessas leis têm 
chegado à Justiça.
A proteção ao meio ambiente efetivou-se realmente com a Lei n. 9.605, de 12/02/98, que tornou-se 
conhecida por Lei Penal Ambiental. Essa lei alterou profundamente a tipificação de condutas em 
matéria de Direito Penal ambiental, que anteriormente eram tratadas em leis esparsas.
Se na esfera penal há um forte movimento no sentido de descriminar os fatos, isso não se aplica aos 
ilícitos penais ambientais, com relação aos quais se percebe um movimento contrário. Tudo deve 
ser feito para criminalizar as condutas nocivas ao meio ambiente, pois trata-se de um bem jurídico 
de valor inestimável, uma vez que diz respeito a toda a coletividade, e de difícil reparação. Muitas 
vezes as sanções administrativas ou civis revelam-se insuficientes para proteger o meio ambiente, 
enquanto a sanção penal tem maior poder intimidatório.
A AÇÃO PENAL AMBIENTAL E A COMPETÊNCIA JULGADORA:
A ação penal ambiental é pública incondicionada, ou seja, independe de representação da vítima e 
deve ser proposta pelo Ministério Público.
A maior parte das infrações penais ambientais sujeita-se à Lei dos Juizados Especiais Criminais 
(Lei n. 9.099, de 26/09/95), pois nenhuma delas prevê pena mínima superior a um ano, sendo a 
aplicação dessa lei expressamente recomendada no art. 27 da Lei Penal Ambiental. 
Tanto em caso de transação quanto de suspensão do processo, a extinção da punibilidade dependerá 
de laudo comprobatório de reparação do dano ambiental. 
A submissão das ocorrências ao Juizado Especial não encontra obstáculo no fato de ele não estar 
implantado ou de ser a matéria de competência da Justiça Federal, pois em locais onde não haja 
Juizado Especial, a Lei n. 9.099/95 pode ser aplicada por juiz de direito de varas comuns e nos 
delitos de competência da Justiça Federal o rito processual preconizado na Lei n. 9.099/95 deve ser 
observado. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA FÍSICA
Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes AMBIENTAIS, incide nas penas a 
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade.(A responsabilidade das pessoas jurídicas não 
exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.)
Também respondem penalmente o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão 
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta 
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS
• Multa
• Privativas de liberdade
• E penas restritivas de direito, que são:
I - prestação de serviços à comunidade: consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas 
junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, 
pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
II - interdição temporária de direitos: são a proibição de o condenado contratar com o Poder 
Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de 
licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes 
culposos.
III - suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas não estiverem obedecendo 
às prescrições legais.
IV - prestação pecuniária: consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou 
privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem 
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de 
eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
V - O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, 
permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado 
a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PELA RESTRITIVA DE 
DIREITOS
As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os 
motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de 
reprovação e prevenção do crime.
Uma vez que a pena privativa de liberdade for inferior a 4 anos, esta poderá ser substituída por pena 
restritiva de direitos. Isso também ocorre para o caso de crimes ocorridos na modalidade culposa. 
Neste sentido, quase totalidade dos crimes ambientais é punida com penas restritivas de direitos. 
Obs: CUIDADO: NÃO SE CONFUNDE COM A SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA, que 
pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES
São circunstâncias que atenuam a pena:I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
 II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação 
significativa da degradação ambiental causada;
 III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
 IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
 I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
 II - ter o agente cometido a infração:
 a) para obter vantagem pecuniária;
 b) coagindo outrem para a execução material da infração;
 c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
 d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
 e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a 
regime especial de uso;
 f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
 g) em período de defeso à fauna;
 h) em domingos ou feriados;
 i) à noite;
 j) em épocas de seca ou inundações;
 l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
 m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
 n) mediante fraude ou abuso de confiança;
 o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
 p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou 
beneficiada por incentivos fiscais;
 q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
 r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA
Nos países da família do Common Law a responsabilidade penal da pessoa jurídica é admitida há 
muito tempo. Como anteriormente dito, a Constituição Federal, em seu art. 225, § 3º, estabeleceu 
que as condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar danos. 
O art. 3º da Lei 9.605/98 tornou expressa a responsabilidade penal da pessoa jurídica, uma 
alteração que rompe com tradição secular do Direito Penal brasileiro. Sua força reside no 
argumento de que nos crimes ambientais mais graves jamais se chega a identificar o verdadeiro 
responsável. Como a Lei de Crimes Ambientais não dispõe sobre rito processual, tem-se de cumprir 
o rito da lei processual penal, ou seja, no interrogatório, deverá depor o representante legal da 
pessoa jurídica.
Estabelece o art. 3º da Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98) que “As pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em 
que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.”
Requisitos indispensáveis e cumulativos: 1) decisão de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado e 2) no interesse ou benefício da sua entidade.
Na jurisprudência:
PENAL. DOCUMENTO DE ARRECADAÇÃO FISCAL FALSO. 
INÉPCIA DA DENÚNCIA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA 
JURÍDICA. PRESCRIÇÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
SUBSTITUIÇÃO DA PENA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À 
COMUNIDADE. 1. A responsabilidade penal da pessoa jurídica é 
excepcional e ocorre, exclusivamente, nos crimes ambientais, conforme 
prevê o art. 225, § 3º da Carta Magna e art. 3º da Lei nº 9.605/98. 
(...)
(TRF-2 - APR: 201051040002473 , Relator: Desembargadora Federal 
LILIANE RORIZ, Data de Julgamento: 04/09/2012, SEGUNDA TURMA 
ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 13/09/2012)
NECESSÁRIA COAUTORIA COM A PESSOA FÍSICA QUE TOMOU A DECISÃO:
Neste sentido é a jurisprudência:
EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. 
CONDICIONAMENTO À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO DA 
PESSOA FÍSICA. Tese do condicionamento da responsabilização penal 
da pessoa jurídica à simultânea identificação e persecução penal da 
pessoa física responsável, que envolve, à luz do art. 225, § 3º, da Carta 
Política, questão constitucional merecedora de exame por esta Suprema 
Corte. Agravo regimental conhecido e provido.
(STF - RE: 548181 PR , Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 
14/05/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: AC?RD?O ELETR?
NICO DJe-117 DIVULG 18-06-2013 PUBLIC 19-06-2013)
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL). 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. 
RESTRIÇÃO A CRIMES AMBIENTAIS. ADESÃO AO REFIS. 
DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES. NECESSIDADE DE 
PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO. DATA DO 
PARCELAMENTO. APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.964/2000. EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. RETIRADA DA 
SOCIEDADE. IRRELEVÂNCIA. DOLO ESPECÍFICO. DIFICULDADE 
FINANCEIRA DA EMPRESA NÃO EVIDENCIADA. 
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. TESE A SER 
ANALISADO APÓS A INSTRUÇÃO CRIMINAL. RECURSO 
IMPROVIDO. 1. A única previsão legal para a responsabilização 
criminal de pessoa jurídica ocorre nas hipóteses de crimes ambientais e, 
mesmo assim, desde que haja também imputação à pessoa física que 
por ela responde. 2. A adesão ao REFIS não implica, necessariamente, na 
extinção da punibilidade, que está condicionada ao pagamento integral do 
débito. Considerando que a inclusão no REFIS ocorreu em 28.04.00, 
quando já em vigor a Lei nº 9.964, publicada em 11.04.00, é esta a norma a 
ser aplicada, daí decorrendo a exigência de pagamento integral do débito 
para a extinção da punibilidade. 3. O fato de o paciente não mais integrar a 
sociedade no momento do descumprimento das obrigações assumidas no 
REFIS não altera esse quadro, considerando que a punibilidade estava 
apenas suspensa, ficando sua extinção condicionada ao pagamento integral 
do débito, o que não ocorreu. 4. O tipo previsto no art. 168-A do Código 
Penal não se esgota somente no "deixar de recolher", isto significando que, 
além da existência do débito, deve ser analisada a intenção específica ou 
vontade deliberada de pretender algum benefício com a supressão ou 
redução do tributo, já que o agente "podia e devia" realizar o recolhimento. 
5. Não se revela possível reconhecer a inexigibilidade de conduta se não 
ficou evidenciada a alegada crise financeira da empresa, cabendo ao 
magistrado de primeiro grau melhor examinar a matéria após a instrução 
processual. 6. Recurso improvido.
(STJ - RHC: 20558 SP 2006/0266781-3, Relator: Ministra MARIA 
THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 24/11/2009, T6 - 
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/12/2009)
PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS JURÍDICAS
As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos, que são:
• suspensão parcial ou total de atividades, que será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
• interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade, que será aplicada quando o 
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em 
desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar
• proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou 
doações, que não poderá exceder o prazo de dez anos.
III - prestação de serviços à comunidade,que consiste em:
• custeio de programas e de projetos ambientais;
• execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
• manutenção de espaços públicos;
• contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
IV – liquidação forçada (tida pela doutrina como pena de morte da pessoa jurídica)
A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou 
ocultar a prática de crime ambiental terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será 
considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
Observe-se que não é necessário requerimento da parte ou do MP, razão pela qual pode ser 
decretada de ofício pelo magistrado. Outrossim, diferentemente da desconsideração da 
personalidade jurídica prevista no Código Civil, não é necessária a caracterização do abuso da 
personalidade jurídica (pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial), bastando haver o 
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos ambientais.
Cuidado: Portanto, trata-se de previsão distinha e mais severa do que a firmada pelo Código 
Civil/2002, no art. 50: "Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da 
pessoa jurídica."
OS CRIMES AMBIENTAIS
Os Crimes contra o Meio Ambiente estão divididos em 5 seções na Lei 9.605/98:
Seção I - Dos Crimes contra a Fauna (arts. 29 ao 37)
Seção II - Dos Crimes contra a Flora (arts. 38 ao 53)
Seção III - Da Poluição e outros Crimes Ambientais (arts. 54 ao 61)
Seção IV - Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural (arts. 62 ao 65)
Seção V - Dos Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66 ao 69-A)
NORMAS PENAIS EM BRANCO
"Nos crimes contra o meio ambiente, a detalhada e exaustiva descrição do comportamento o agente 
mostra-se, na maioria das vezes, bastante difícil ou quase impossível. Com certa freqüência, é 
necessário que a lei faça remissão a disposições externas, a normas e a conceitos técnicos. A norma 
penal compõe-se de preceito e da respectiva sanção, que autorizam a sua aplicação sem a 
necessidade de normas complementares. Algumas, entretanto, para serem aplicadas, necessitam de 
complementação de outra disposição normativa. É o que a ciência penal denomina de “norma penal 
em branco”. Essa complementação, que não ofende o princípio da reserva legal, pode ser realizada 
de três maneiras: por disposição prevista na mesma lei; por disposição contida em outra lei; por 
disposição emanada de outro poder, ou seja, de um ato administrativo. (FREITAS, Vladimir Passos 
de. A CONTRIBUIÇÃO DA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS NA DEFESA DO MEIO 
AMBIENTE. Artigo científico em anexo)
Por tal razão, nos crimes ambientais onde haja norma penal em branco é necessária a sua 
complementação por outra disposição normativa, sob pena de inaplicabilidade. Exemplos:
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão 
competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos 
permitidos;
 Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em 
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da 
flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
 Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de 
relevante interesse ambiental:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
CRIMES DE PERIGO ABSTRATO
"A maior parte dos crimes ambientais estava incluída na espécie de crimes de dano, quais 
sejam, aqueles que só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. (...) Entretanto, como 
é evidente, a proteção penal ambiental melhor se adapta à figura do crime de perigo, 
consumado com a simples possibilidade de dano. São oportunas as palavras de Eládio Lecey, 
ao afirmar que mais importante do que punir é prevenir danos ao meio ambiente. Pela 
expressividade do dano coletivo em matéria ambiental, impõe-se reprimir para que não 
ocorra o dano. Por isso, a tipificação de muitas condutas de perigo até abstrato que, não-
recomendável em matéria criminal, mostra-se necessária na proteção do meio ambiente" 
(FREITAS, Vladimir Passos de. A CONTRIBUIÇÃO DA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS NA 
DEFESA DO MEIO AMBIENTE. Artigo científico em anexo)
Exemplos:
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas 
florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento 
humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Obs: Diferente de Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro 
anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, 
e multa. (crime de dano)
 Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos 
próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da 
autoridade competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
 Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à 
pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO
A Lei n. 9.605/98, em vários de seus dispositivos penais (arts. 29, 30, 44, 45, 46, parágrafo único, 
51, 52, 55, 56, 60, 63 e 64), traz o elemento normativo do tipo, dizem respeito à antijuridicidade e 
são designados por expressões como “sem licença”, “sem autorização”, “sem permissão”, “em 
desacordo com a determinação legal obtida” e outras assemelhadas.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS
Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde 
que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Obs: Aplicam-se subsidiariamente à Lei 9.605/98 as disposições do Código Penal e do Código de 
Processo Penal. 
Assim, aplicam-se também a esta Lei as excludente de ilicitude previstas no art. 23 do Código 
Penal: "Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em 
legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Alguns tipos para especial destaque:
CRIME DE TRÁFICO DE ANIMAL SILVESTRE
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota 
migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em 
desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna,sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza 
ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como 
produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida 
permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, 
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e 
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo 
dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
 Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença 
expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
CRIME DE TRATAMENTO CRUEL AOS ANIMAIS
 Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou 
domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda 
que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
CONSTRUIR/EMPREENDER SEM LICENÇA (EM SOLO EDIFICÁVEL E NÃO 
EDIFICÁVEL):
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território 
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou 
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares 
pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em 
razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, 
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em 
desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
CRIME DE PICHAÇÃO
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, 
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. 
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio 
público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, 
quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a 
autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas 
pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e 
artístico nacional. 
Obs: A Lei nº 12.408, de 2011, retirou o ato de grafitar do tipo penal, antes anteriormente previsto.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AMBIENTAL 
* Cometidos pelos funcionários públicos
 Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar 
informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento 
ambiental:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as 
normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo 
do Poder Público:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo 
da multa.
* Cometidos por terceiros não-funcionários (empreendedores, equipe técnica, etc):
 Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões 
ambientais:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro 
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso 
ou enganoso, inclusive por omissão: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1o Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

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