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Nota de Aula-Direito Civil-Obrigações 10

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Universidade Federal do Ceará.
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Privado.
Disciplina: Direito Civil II- Obrigações.
Professor: William Paiva Marques Júnior. 
Nota de Aula No.: 10.
- Do Adimplemento e Extinção das Obrigações:
- Confusão:
- Conceito:
		A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o passivo. Credor e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas qualidades, por alguma circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação, porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda contra si próprio.
Em razão desse princípio, dispõe o art. 381 do CCB/2.002: “Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor”. 
		Em geral, a confusão resulta da herança. O caso mais comum é o do filho que deve ao pai e é sucessor deste. Morto o credor, o crédito transfere-se ao filho, que é exatamente o devedor. Opera-se, neste caso, a confusão, desaparecendo a obrigação. Mas a confusão pode resultar, também, da cessão de crédito, do casamento pelo regime da comunhão universal de bens e da sociedade.
		O fenômeno ocorre, igualmente, em outros ramos do direito, embora às vezes com outra denominação. No Direito das Coisas, significa a reunião de coisas líquidas (art. 1.272 do CCB/2.002�) e é causa de extinção das servidões, pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa (art. 1.389, I do CCB/2.002�), bem como extingue o usufruto, pela consolidação (art. 1.410, VI�), quando o usufrutuário adquire o domínio do bem, por ato inter vivos ou causa mortis. 
- Espécies:
		A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela (art. 382 do CCB/2.002�). Pode ser, portanto, total ou parcial. Na última, o credor não recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro do devedor. Por exemplo, os sucessores do credor são dois filhos e o valor da quota recebida pelo descendente devedor é menor do que o de sua dívida.
		A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo, quanto ao mais, a solidariedade (art. 383 do CCB/2.002�). Em se tratando de obrigação solidária passiva, e na pessoa de um só dos devedores reunirem-se as qualidades de credor e devedor, a confusão operará somente até à concorrência da quota deste. Se ativa a solidariedade, a confusão será também parcial ou imprópria (em contraposição à confusão própria, abrangente da totalidade do crédito), permanecendo, quanto aos demais, a solidariedade. 
-Efeitos:
		A confusão extingue não só a obrigação principal como também os acessórios, como a fiança, por exemplo. Mas a recíproca não é verdadeira. A obrigação principal, contraída pelo devedor, permanece se a confusão operar-se nas pessoas do credor e do fiador. Extingue-se a fiança, mas não a obrigação. Igualmente se houver confusão entre fiador e devedor: desaparece a garantia, mas subsiste a obrigação principal.
Porém, cessando a confusão, vaticina o art. 384 do CCB/2.002: “Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior”. O fenômeno pode acontecer, por exemplo, no caso de abertura da sucessão provisória em razão da declaração de ausência e posterior aparecimento do presumidamente morto, ou ainda em caso de anulação de testamento já cumprido. Nestas hipóteses, não se pode falar que a confusão efetivamente extinguiu a obrigação, mas que somente a neutralizou ou paralisou, até ser restabelecida por um fato novo. 
Pacífica orientação jurisprudencial no STJ no sentido de que inexista condenação em honorários advocatícios, quando a parte se encontra assistida por Defensor Público, posto que este é órgão do devedor, com base no instituto da confusão: “PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO E SENTENÇA GENÉRICOS. INOCORRÊNCIA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. DEFENSORIA PÚBLICA. LITIGÂNCIA CONTRA O ESTADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Tendo sido determinado na sentença o fornecimento de medicamentos devidamente indicados por médico relacionados apenas ao tratamento da doença indicada na petição inicial, não há que se falar em condenação genérica. Precedentes: RESP 756162/RJ, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 06.03.2006; REsp 749511/RJ, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 07.11.2005. 2. Restando vencedora em demanda contra o Estado parte representada por defensor público, não que se há falar em condenação a honorários advocatícios, pois o credor - Defensoria Pública - é órgão do devedor - Estado - ocorrendo a causa extintiva das obrigações denominada confusão (CC/1916, art. 1.049; CC/2002, art. 381). Precedente: ERESP 480598/RS, 1ª Seção, Min. Luiz Fux, DJ de 16.05.2005. 3. Recurso especial parcialmente provido”. (RESP No.: 820.931/RJ, Relator: Min. Teori Albino Zavascki, julgamento: 20/03/2.007). 
Em casuística envolvendo o Direito Empresarial decidiu o STJ� que eventuais créditos da empresa controlada, assim como eventuais obrigações, passaram a ser créditos ou obrigações da própria controladora. Portanto, as qualidades de credor e devedor se confundem, e, embora ainda não haja título judicial transitado em julgado conferindo o direito ou definindo a obrigação, não há possibilidade jurídica para o prosseguimento da demanda, diante da inexorável confusão.
- Remissão das Dívidas:
- Conceito:
Remissão é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. É o perdão da dívida. Nesse sentido, dispõem os arts. 385 e 386 do Código Civil: “Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir”. Difere da remição (pagamento), modalidade usual de extinção das obrigações. 
Incumbe ao devedor provar que foi o próprio credor quem espontaneamente lhe efetuou a entrega. Embora o art. 324 declare que a entrega do título ao devedor firma presunção de pagamento, sua posse, na hipótese de ter havido remissão, não é suficiente, devendo ser complementada pela prova da entrega voluntária, efetuada pelo credor.
A remissão é espécie do gênero renúncia. Embora esta seja unilateral, aquela se reveste de caráter convencional, porque depende de aceitação. O remitido pode recusar o perdão e consignar o pagamento. A renúncia é, também, mais ampla, podendo incidir sobre certos direitos pessoais de natureza não patrimonial, enquanto a remissão é peculiar aos direitos creditórios. 
- Espécies:
		A remissão pode ser expressa ou tácita. A primeira resulta de declaração do credor, em instrumento público ou particular, por ato inter vivos ou causa mortis, perdoando a dívida. A remissão tácita decorre do comportamento do credor, incompatível com sua qualidade de credor. Resulta, por exemplo, da “devolução voluntária do título da obrigação” ao devedor, conforme preceitua o art. 386 do CCB/2.002.
		Exige-se a efetiva e voluntária entrega do título prelo próprio credor ou por quem este o represente, e não por terceiro. Contudo, a restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor somente à garantia real, mas não a extinção da dívida (art. 387 do CCB/2.002�). Assim, se o credor devolve ao devedor o trator dado em penhor, entende-se que este renunciou somente à garantia, não ao crédito.
A remissão concedida a um dos co-devedores, opera os efeitos vaticinados pelo art. 388 do CCB/2.002: “Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida”. 
No tocante à remissão das obrigações indivisíveis, prevê o art. 262 do CCB/2.002: “Art. 262. Se um doscredores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão”. 
- Dação em Pagamento:
- Conceito:
		A dação em pagamento é um acordo de vontades entre credor e devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida. Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que seja mais valiosa (art. 313 do CCB/2.002�). No entanto, se aceitar a oferta de uma coisa por outra, caracterizada estará a dação em pagamento. Tal não ocorrerá se as prestações forem da mesma espécie.
Vaticina o art. 356 do CCB/2.002 que: “Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida”. Essa substituição conhece várias modalidades. A datio in solutum (dação em pagamento) só não pode ter por objeto dinheiro de contado. Pode haver, mediante acordo, substituição de dinheiro por bem móvel ou imóvel, de coisa por outra, de coisa por fato, de dinheiro por título de crédito, de coisa por obrigação de fazer, etc. 
A quitação de supostas verbas trabalhistas com base na dação em pagamento, gera a competência do Juízo Cível, consoante determina o STJ: “Conflito de competência. Juízo Cível e Juízo Trabalhista. Ação proposta pessoa que se intitula ex-empregado de um dos réus. A alegação é de que seus direitos trabalhistas foram quitados mediante a dação em pagamento de um imóvel, cuja transferência não pode, posteriormente, ser efetivada perante o Registro de Imóveis. Contestação que nega a existência de relação trabalhista, mencionando que o imóvel havia sido inicialmente transferido ao autor como parte de um negócio que visava sua aquisição, por um dos co-réus. Controvérsia que, sob qualquer das duas óticas, não tem índole trabalhista. - Se o suposto empregado alega que seus direitos trabalhistas foram quitados mediante a dação em pagamento de um imóvel, e que o fundamento da ação é a impossibilidade de registro dessa transferência no cartório respectivo, a sua pretensão está relacionada ao negócio jurídico consubstanciado na transferência do bem, e não na relação trabalhista. Tanto é assim que não se menciona, na petição inicial, a data do início da suposta relação de emprego, o salário ou a data da rescisão do contrato de trabalho. O que se quer é o imóvel, apenas. - A independência da discussão com qualquer controvérsia trabalhista se reforça pelas alegações contidas em contestação, de que jamais houve relação de emprego entre as partes e de que a transferência do imóvel ora discutido se fez mediante negócio fiduciário de que participou o autor. Conflito conhecido para o estabelecimento da competência do juízo suscitado”. (CC 70418 / GO, Relatora: Min. Nancy Andrighi, julgamento: 25/04/2.007). 
O STJ� entende pelo abatimento da dívida quando configurada dação em pagamento. 
-Natureza Jurídica:
-Efeitos:
- Pagamento:
		O principal efeito das obrigações é gerar para o credor o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação, e para este o dever de prestar.
- Noção e Espécies de Pagamento:
Sobre o pagamento o STJ publicou a seguinte Súmula de jurisprudência: 464: “A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se aplica às hipóteses de compensação tributária”. 
� Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. § 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado. § 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros.
� Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; III - pelo não uso, durante dez anos contínuos.
� Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; II - pelo termo de sua duração; III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; IV - pela cessação do motivo de que se origina; V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409; VI - pela consolidação; VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395; VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
� Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
� Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
� Confira-se: “RECURSO ESPECIAL - PRIVATIZAÇÃO - LEI 8.031/90 - INDENIZAÇÃO DO ART. 246 DA LEI 6.404/76 - ALEGAÇÃO DE ABUSO DE PODER DO CONTROLADOR (ART. 117 DA LEI 6.404/76) - ILEGITIMIDADE ATIVA - NÃO-OCORRÊNCIA - FATO NOVO - POSTERIOR INCORPORAÇÃO DA COMPANHIA PELO CONTROLADOR - CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR - ART. 381 DO CÓDIGO CIVIL - APLICAÇÃO IN CASU - ALIENAÇÃO DE ATIVOS DE SUBSIDIÁRIA - DETERMINAÇÃO DA LEI 8.031/90 - PAGAMENTO COM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA - FACULDADE DO COMPRADOR DETENTOR DO TÍTULO (ART. 16 DA LEI 8.031/90) - DANOS HIPOTÉTICOS E DE SUPOSTA CONFIGURAÇÃO FUTURA - OCORRÊNCIA, IN CASU - CONFISSÃO DO ART. 302 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - NÃO CONFIGURADA - PRÊMIO DO ART. 246 DA LEI 6406/76 - NÃO-CABIMENTO - AÇÃO JULGADA EXTINTA, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. I - A letra "b" do § 1º do art. 246 da Lei 6.404/76 é taxativa em afirmar que qualquer acionista pode propor a ação de indenização ("b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de vir a ação ser julgada improcedente."). Portanto, como a própria Lei não faz distinção quanto à natureza das ações, a recorrida, mesmo na qualidade de acionista preferencial, pode ser parte ativa na demanda, independentemente da quantidade de ações em seu poder no momento da propositura da ação ou atualmente. II - A presente ação proposta pelo acionista minoritário, ora recorrido, tem por objeto condenar a recorrente controladora a indenizar a empresa controlada por supostos prejuízos que lhe teria causado como acionista controlador, quando da privatização de seus ativos. III - Quando o acionista minoritário ingressa com esse tipo de ação, sua justificativa é a de que está protegendo a companhia da qual é acionista, de ato praticado pelo controlador e que entende ser danoso àquela empresa e, se for vitorioso em sua tese, a indenização deve ser paga pelo acionista controlador à companhia supostamente prejudicada. Então, mesmo que a companhia supostamente prejudicada não figure no polo ativo da ação, tornar-se-á credora da indenização, se ela for deferida. IV - Com a noticiada incorporação (fato novo), a alegada credora (empresa controlada) e a suposta devedora (empresa ou acionista controlador) confundem-se numa mesma pessoa jurídica. Eventuais réditos da empresa controlada, assim como eventuais obrigações, passaram a ser créditos ou obrigações da própria controladora. V - Portanto, as qualidades de credor e devedor se confundem, e, embora ainda não haja título judicial transitadoem julgado conferindo o direito ou definindo a obrigação, não há possibilidade jurídica para o prosseguimento da demanda, diante da inexorável confusão. VI - Opera-se, então, no presente caso, o que o Código Civil, nos artigos 381 e seguintes, denomina de confusão e, embora se pudesse aplicar o disposto no art. 267, inciso X, do Código Processo Civil e julgar-se extinto o feito, sem a resolução do mérito, dada importância e relevância da matéria aqui tratada, é de todorecomendável e oportuno que se adentre no exame do mérito do recurso especial. VII - As chamadas empresas estatais cumprem papel estratégico para o Estado (art. 174 da Constituição Federal). O Estado pode, por razões estratégicas, e com amparo legal, adotar decisões bem diferentes daquelas que um acionista privado faria, pois a existência desse tipo de companhia não visa somente o lucro e sim "...imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei". Isso inclui aliená-las total ou parcialmente. VIII - Sendo a União detentora do controle dessas companhias e por ter o Congresso Nacional aprovado a Lei 8.031/90, com a severidade dos artigos 22 e 23, é evidente que os representantes dos interesses da União nas companhias tinham o dever legal de votar de acordo com as determinações da União e da Lei 8.031/90. IX - As várias modalidades de pagamento previstas no art. 16 da Lei 8.031/90 não retiram do comprador o direito de efetuar o pagamento dentro de qualquer uma delas. Equivocado, portanto, o entendimento do egrégio Tribunal Estadual de que houve violação ao art. 117 da Lei. 6.404/76, pois não ocorreu nenhum tipo de abuso de poder por parte do controlador em cumprir o determinado na Lei 8.031/90 e receber, como pagamento das ações alienadas da empresa controlada, Títulos da Dívida Pública emitidos pelo Tesouro Nacional ou as chamadas "moedas podres", pois esse era um direito assegurado ao comprador pelo art. 16 da Lei 8.031/90. X - Documentos internos da empresa, como notas ou pareceres com a opinião de dirigentes, prepostos, técnicos ou advogados com
recomendação contrária à realização de um determinado negócio ou em sentido oposto ao adotado pela companhia ou, ainda, em sentido contrário ao defendido em Juízo, não servem como caracterização de
confissão judicial do art. 302 do Código de Processo Civil. A presunção de veracidade do art. 302 do Código de Processo Civil, além de ser relativa, é extremamente frágil e de difícil aplicação, pois o inciso III desse mesmo artigo é claro em afastar a confissão ao excetuar situação na qual houver contradição entre ela e a defesa, considerada em seu conjunto. Não se tem dúvida que, em seu conjunto, a recorrente impugnou a inicial no seu todo. XI - Acrescente-se ainda, correta a conclusão do v. acórdão da apelação de julgar improcedente a ação "...se indemonstrada aocorrência de perda efetiva, concreta e atual, patrimonialmente ressarcível à época do fato, improcedente se apresenta dita pretensão, até porque dano hipotético e de suposta configuração futura, proveniente do exercício de projeção contábil traduzida na
possibilidade, ou não, de vir a ser constituído...". XII - Dadas as circunstâncias dos autos, não há condenação, vencido ou vencedor. Assim, cada parte arcará com os honorários advocatícios de seus patronos e responderão por metade das custas e despesas processuais dos autos, não sendo devido o pagamento do prêmio previsto no § 2º do art. 246 da Lei 6.404/76, liberando-se o levantamento da caução, pela ora recorrida. XIII - A ação julgada extinta, com resolução do mérito (art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil)”. (STJ- REsp 745739 / RJ, Relator: Min. Massami Uyeda, julgamento: 28/08/2012). 
� Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.
� Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
� “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ARGUIÇÃO DE PERSISTÊNCIA DE ERROMATERIAL APÓS O JULGAMENTO, PELA CORTE DE ORIGEM, DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COBRANÇA DO VALOR TOTAL DA OBRIGAÇÃO ESTAMPADA EM CHEQUE. ABATIMENTO, PELA SENTENÇA, DO VALOR DE VEÍCULO DADO EM DAÇÃO EM PAGAMENTO, SEM SANÇÃO. ACÓRDÃO QUE REFORMA A SENTENÇA, AO FUNDAMENTO DE TER HAVIDO MÁ-FÉ POR PARTE DO AUTOR, GLOSANDO, A TÍTULO DE PUNIÇÃO, O VALOR INDEVIDAMENTE COBRADO E, NOVAMENTE, ABATENDO O VALOR DO VEÍCULO. ERRO MATERIAL APONTADO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELO RECORRENTE, QUE NÃO FORAM SUPRIDOS PELO RESPECTIVO ACÓRDÃO. ANULAÇÃO PARA QUE SEJA ESCLARECIDO O VÍCIO ARGUIDO. 1. A Corte local decidiu, nos moldes do que dispunha o artigo 1.531 do Código Civil de 1916 - correspondente ao artigo 940 do Código Civil em vigor- , que, como o autor cobrava toda a obrigação estampada na cártula de cheque, omitindo intencionalmente ter sido satisfeita parte da dívida por meio da dação em pagamento de automóvel, caberia o respectivo abatimento, além da sanção, prevista no mencionado dispositivo do Diploma Civil revogado, correspondente à glosa do valor indevidamente cobrado. 2. Embora a sentença não tenha aplicado sanção ao autor, abateu o valor do veículo, entregue em dação em pagamento (R$ 14.000,00),
concluindo que a obrigação principal não correspondia a R$ 44.000,00 estampado no cheque, mas sim a R$ 30.000,00. No entanto, o acórdão recorrido entendeu que, com a glosa do mesmo valor do veículo, a
título de punição, o crédito do autor seria de apenas R$ 2.000,00. 3. Portanto, é cabível a apreciação da tese acerca de erro material suscitada nos aclaratórios, e não esclarecida pelo Tribunal de origem, no sentido de não ter sido observado que a sentença já efetuara a glosa do valor indevidamente cobrado. 4. Recurso especial provido”. (STJ- REsp 955602 / TO, Relator: Min. Luís Felipe Salomão, julgamento: 19/06/2012). 
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