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NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 1/16 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO DIREITO PENAL II PROFESSOR LINO MENEZES MONITORA LARA TELES SEMESTRE 2013.2 NOTA DE AULA 05: DOS CRIMES CONTRA A HONRA Parte Especial Título I Dos Crimes contra a Pessoa Capítulo V Dos Crimes Contra a Honra Nesse capítulo do Código Penal, encontram-se delineados os seguintes delitos: Calúnia, Difamação e Injúria. - Nessa parte do Código Penal, o legislador buscou tutelar um bem jurídico de suma relevância no meio social: a inviolabilidade da honra, direito fundamental constitucionalmente consagrado e garantido a todos, sem distinções de raça, cor, idade, sexo, origem ou nacionalidade. Art. 5º, X/ CF-88 - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; - Vale salientar que tal dispositivo constitucional ensejou na proteção da honra por intermédio de uma repercussão tanto no Direito Civil quanto no Direito Penal. Não esqueça, porém, que a responsabilidade civil e a responsabilidade penal são independentes! - A honra pode ser entendida sob dois aspectos: 1. Honra Objetiva diz respeito à reputação do indivíduo perante o meio social no qual vive. é o bem jurídico tutelado na Calúnia e na Difamação. 2. Honra Subjetiva concerne ao conceito que a pessoa tem de si mesma, dos seus atributos morais (honra-dignidade), e intelectuais e científicos (honra- decoro). é o bem jurídico tutelado na Injúria. OBS1: Caso as condutas ofensivas à honra de outrem ocorram em NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 2/16 propaganda política, o agente incorrerá nos tipos penais previstos no Código Eleitoral, em virtude do princípio da especialidade. OBS2: Na hipótese de a ofensa ser proferida contra PRESIDENTE DA REPÚBLICA com fins políticos (diferente de fins eleitorais), o sujeito será enquadrado na Lei de Segurança Nacional. ATENÇÃO!! INVIOLABILIDADE PARLAMENTAR ou IMUNIDADE MATERIAL: Os parlamentares federais (Deputados Federais e Senadores), estaduais e municipais são invioláveis por suas palavras e votos. Assim, não podem ser sujeito ativo dos crimes contra a honra caso profiram ofensas relacionadas ao exercício das suas funções. Aos vereadores, a imunidade se limita à circunscrição do município. CALÚNIA Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. - Ocorre quando o agente atribui, pelos mais variados meios, fato determinado, considerado crime, à vítima, sendo esta imputação eivada de falsidade. - Delito contra a honra de maior reprovabilidade, constitui-se de três elementos cumulativos, ou seja, só haverá crimes se todos eles restarem configurados: 1. Atribuição de um fato determinado - O fato imputado à vítima não pode ser de caráter genérico. Deve haver o mínimo de individualização e particularização. Caso contrário, não será calúnia. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 3/16 Ex: JOSÉ FURTOU O RELÓGIO DE MARIA Calúnia JOSÉ VEM COMETENDO INFRAÇÕES/ É ASSALTANTE DE BANCOS Não é calúnia! O fato é genérico! Equivale a chamar de ladrão! Pode ser injúria. 2. Fato considerado crime - Fato deve ser necessariamente um crime em estrito senso, previsto no CP ou em legislação extravagante, não abrangendo as contravenções penais, em sintonia com o princípio da legalidade. - EX: RONALDO ESTUPROU EDITH Calúnia! Estupro é um crime (art. 213 do CP) CECÍLIA BANCA O JOGO DO BICHO NO BAIRRO DA PARQUELÂNCIA Não é Calúnia! A exploração do jogo do bicho não é crime, mas uma contravenção penal (art. 58 da Lei de Contravenções Penais). Pode ser difamação! 3. Falsidade da Imputação - O fato atribuído à vítima deverá ser falso. O agente necessariamente tem que saber da falsidade; caso contrário, poderá incorrer em erro de tipo, instituto que exclui a tipicidade penal. - Sujeito Ativo: Crime comum; pode ser qualquer pessoa, com exceção dos parlamentares nos termos acima firmados. - Sujeito Passivo: Qualquer pessoa com capacidade de compreender o conteúdo da ofensa. Abrange até mesmo os cidadãos conhecidos socialmente como ‘desonrados’. Obs1: A doutrina majoritária entende que o menor pode ser sujeito passivo de calúnia, apesar de ser inimputável. Um bebê de 5 meses, contudo, não pode ser vítima de calúnia, pois é incapaz de entender a ofensa. Obs2: A pessoa jurídica não pode ser vítima de calúnia, já que não possui responsabilidade penal, salvo nos crimes ambientais. Assim, caso um agente atribuía falsamente um fato determinado e criminoso à pessoa jurídica, este incorrerá em difamação em vez de calúnia. Alguns autores defendem que as pessoas jurídicas podem ser vítima de calúnia caso seja imputado falsamente a elas a prática de crimes ambientais. Os Tribunais Superiores, porém, não acolhem essa tese. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 4/16 Obs3: Constitui-se crime a calúnia proferida contra os mortos, por expressa disposição legal. Porém, as vítimas são os familiares. - Elemento Subjetivo: é um delito eminentemente doloso; não há calúnia culposa. O agente tem que ter o ânimo de ofender! O mero animus jocandi desqualifica o tipo. - Momento de Consumação: Crime formal. : Como atinge a honra objetiva, necessita da presença de terceiros para que o crime se consume, independentemente da presença do ofendido. Assim, caso JOÃO DIGA FALSAMENTE QUE PEDRO ROUBOU O BANCO DO BRASIL DA TREZE DE MAIO, mas diretamente para PEDRO, em uma sala fechada em que se encontram sozinhos, não haverá CALÚNIA! Pode ser injúria! Admite-se a tentativa se a calúnia se der por meio escrito, por exemplo. - Calúnia x Denunciação Caluniosa (art. 339 do CP): A calúnia não se confunde com a denunciação caluniosa, pois este é um delito contra a Administração da Justiça, em que o agente, além de proferir a ofensa, dar causa à instauração de uma investigação policial, inquérito civil, processo judicial; é um grave mais grave de ação penal pública incondicionada. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. - Preliminarmente, é preciso explicar que a palavra ‘exceção’ tem o sentido de defesa processual, e não de ressalva. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 5/16 - Define-se como um incidente processual, que é uma questão secundária refletida sobre o processo principal, merecendo solução antes da decisão da causa a ser proferida. É uma forma de defesa indireta, através da qual o acusado de ter praticado calúnia pretende provar a veracidade do que alegou, demonstrando ser realmente autor de fato definido como crime o pretenso ofendido. - Nesse caso, se restar provado que o fato criminoso imputado ao ofendido é verdadeiro, a calúnia não se configurará, pois não há um dos seus elementos essenciais: a falsidade da imputação. - Em regra, admite-se a exceção da verdade no crimede calúnia. Todavia, nos seguintes casos, o acusado de calúnia não poderá provar que está falando a verdade: 1. Se o ofendido, acusado de crime de ação privada, não foi condenado por sentença irrecorrível; 2. Se a ofensa é contra o Presidente da República ou Chefe de Estado Estrangeiro; 3. Se o ofendido, acusado de crime de ação pública, foi absolvido por sentença irrecorrível. Exceção de Notoriedade - Consiste na oportunidade de o réu demonstrar que suas afirmações ofensivas são de domínio público. - Acatada a exceção de notoriedade, o caluniador não responderá por crime algum. - É uma construção da doutrina e da jurisprudência; não há previsão legal. DIFAMAÇÃO Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 6/16 Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. - A difamação consiste na imputação de um fato determinado, ofensivo à reputação da vítima, desde que não seja criminoso. - Assim, possui três elementos imprescindíveis para a sua configuração: 1. Atribuição de um fato determinado - Cabem as mesmas observações feitas quanto a este elemento no tópico do crime de calúnia. As circunstâncias devem ser especificadas. - Assim, não basta dizer FULANA VEM PROSTITUINDO-SE Injúria FULANA PROSTITUI-SE NA AVENIDA BEIRA MAR NOS FINS DE SEMANA Difamação. - Obs: Lembre-se que a prostituição não é um ato ilícito nem mesmo um crime. 2. Fato ofensivo à reputação, desde que não seja criminoso. - Uma grande diferença da difamação para a calúnia é a ausência do teor criminoso no fato imputado. Engloba as contravenções penais. 3. Fato falso ou verdadeiro. - Outra distinção para a calúnia é que a difamação não exige que o fato seja falso; basta que seja ofensivo à reputação. - Assim como a injúria e a calúnia, a difamação pode ser reflexa, atingindo ao mesmo tempo a vítima direta e terceira pessoa, o que redundará em um concurso de crimes. -Valem as mesmas observações da calúnia quanto ao momento de consumação, haja vista que ambos os crimes ferem a honra objetiva. - A difamação contra os mortos não é crime, por ausência de previsão legal. - Em regra, a exceção da verdade não é admitida, uma vez que pouco NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 7/16 importa se o fato imputado é falso ou verdadeiro; haverá difamação de qualquer jeito. Porém, a lei fez uma ressalva, permitindo-se tal incidente processual em caso de ofensa proferida contra funcionário público no exercício de suas funções. É uma forma de resguardar a honorabilidade da função pública. - Admite-se a exceção de notoriedade. INJÚRIA Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. - A injúria ocorre quando o agente ofende a honra subjetiva da vítima, ridicularizando-a ou menosprezando-a por meio da emissão negativo de um conceito que a desqualifica, através de gestos, palavras, ações ou implicitamente, atingindo seus atributos morais (honra-dignidade) e/ou atributos intelectuais e científicos (honra-decoro). - Não admite exceção da verdade nem exceção de notoriedade. - Momento de consumação: Como o bem tutelado é a honra subjetiva, o delito se consuma quando a vítima toma conhecimento da ofensa, não sendo necessário que terceiros saibam. - Não há imputação de um fato determinado, mas a atribuição de qualidades pejorativas (aqui se incluem os fatos vagos). EX: JOSÉ É ESTUPRADOR, MARIA É CAFETINA DA FILHA, JOÃOZINHO É MUITO BURRO, MARCOS ASSALTA SUPERMERCADOS. - Quando a injúria é um mero reforço da calúnia ou da difamação, resta absorvida. EX: LIA PRATICOU FRAUDE CONTRA VELHINHOS NA AGÊNCIA DO INSS DE MARACANAÚ. LIA É MESMO UMA ESTELIONATÁRIA. Nesse caso, há atribuição de um fato falso, determinado e criminoso (estelionato) a uma pessoa, o que configura calúnia. Há também a emissão de um conceito negativo (Lia é estelionatária), o que se perfaz como injúria. Porém, dentro do mesmo contexto fático, a injúria é absorvida pela calúnia. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 8/16 - Vale resumir as diferenças entre os três crimes contra a honra: Art. 138 Calúnia Imputar fato definido como crime, sabidamente falso. Honra Objetiva (reputação) Art. 139 Difamação Imputar fato desonroso, em regra, não importando se verdadeiro ou falso. Honra Objetiva (reputação) Art. 140 Injúria Atribuir qualidade negativa Honra Subjetiva (dignidade ou decoro) Perdão Judicial § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. - O perdão judicial é uma causa de extinção de punibilidade, prevista no art. 107, IX do CP. - É direito subjetivo do réu. - Isenta o ofensor de pena em duas hipóteses: 1. Revide (provocação x injúria) A vítima provoca diretamente o ofensor, o que o faz proferir imediatamente a injúria, como uma forma de revide. - Tal provocação não se confunde com agressão. - Se houvesse uma agressão injusta por parte da vítima, a injúria do ofensor poderia configurar legítima defesa. Nesse caso, haveria causa excludente de ilicitude em vez de causa extintiva de punibilidade. - O ofensor beneficia-se pelo perdão judicial. Nota-se que a vítima não pode ser perdoada, porque simplesmente não praticou nenhum delito; apenas foi responsável por uma provocação, indiferente penal. Caso essa provocação assuma a forma de injúria, incidirá a hipótese analisada abaixo. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 9/16 2. Retorsão imediata (injúria x injúria) É uma compensação de ofensas, com a devida proporcionalidade. Uma injúria é seguida por outra injúria. - Diferentemente da hipótese anterior, há dois crimes nos quais os agentes ora são vítimas ora ofensores. - Tal compensação não se confunde com a legítima defesa, pois nesta o mal é atual ou iminente, enquanto naquela o crime já restou consumado. - Os dois sujeitos são perdoados. EX: ANINHA CHAMA MARA DE FALSA. OFENDIDA, MARA CHAMA ANINHA DE BURRA. As duas serão perdoadas. Injúria Real § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. - É a injúria combinada com vias de fato, lesão corporal leve, grave, gravíssima ou outro meio aviltante. - O dolo é de desmoralizar. - O agente responderá por injúria real em concurso com lesão leve, grave ou gravíssima. - Doutrina majoritária entende que a contravenção penal denominada vias de fato é absorvida. - EX: CUSPIR NA VÍTIMA, ESCARRAR A VÍTIMA, CHUTAR A VÍTIMA, TOSAR O CABELO DA VÍTIMA. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 10/16 Injúria Preconceituosa § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. - A injúria preconceituosa não se confunde com o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, o qual é imprescritível, inafiançável e de ação penal pública incondicionada. - No racismo, há um elemento adicional que o diferenciada injúria preconceituosa: o dolo de segregação. EX: FULANO CHAMA CICRANO DE MACACO Injúria Preconceituosa. FULANO IMPEDE QUE CICRANO ENTRE EM SEU ESTABELECIMENTO COMERCIAL EM VIRTUDE DE SUA COR DE PELE Racismo. DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA - Majorantes: Analisadas em nível de terceiro momento da aplicação da pena. - Aplicam-se á Calúnia, Difamação e Injúria. Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; - A ofensa proferida contra Governador de Estado não majora a pena. II - contra funcionário público, em razão de suas funções; - Na hipótese de a ofensa, cujo teor seja de calúnia, difamação ou injúria, ser proferida contra funcionário público na sua presença, relacionada às suas funções, o agente não incorrerá nos crimes contra a honra, mas em desacato à autoridade, delito contra a Administração da Justiça, disposto no art. 331 do CP. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 11/16 III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. - O legislador ressalvou a incidência dessa causa de aumento de pena quanto à injúria, pois tal circunstância já integra o tipo penal da injúria preconceituosa. Caso contrário, seria bis in idem. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. - Excludentes de antijuridicidade - Isentam de ilicitude apenas a difamação e injúria. Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; - É a denominada imunidade judiciária. - A ofensa deve ter pertinência com a lide. - Tal imunidade é um modo de garantir a amplitude de defesa. - A imunidade não atinge as ofensas feitas contra o Juiz e contra o Ministério Público, se estiver atuando no processo não como parte, mas como fiscal da lei. Nesse caso, o agente responderá normalmente pelo crime. Rogério Greco discorda dessa limitação de abrangência dessa causa de exclusão de antijuridicidade. II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; - Imunidade Artística. - É uma forma de tutelar a liberdade artística e de expressão. - Não pode haver o dolo de injuriar ou difamar. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 12/16 - Constitui-se na forma de um exercício regular do direito. III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. - Denomina-se imunidade funcional. - Estrito cumprimento do dever legal. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. - A causa de exclusão de ilicitude não se estende a quem dá publicidade ao conteúdo de teor ofensivo. - Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. - Abrange apenas a calúnia e difamação. Majorantes Calúnia/ Difamação/ Injúria Causas excludentes de ilicitude Difamação/ Injúria Retratação Calúnia/ Difamação - O querelado, ofensor, pode desculpar-se, voltar atrás em relação às ofensas feitas à vítima, desde que a retratação seja cabal, completa e perante o juiz, antes da sentença. - Gera a extinção de punibilidade (art. 107,VI). - Não impede que o ofendido postule os danos morais no âmbito cível. - Ofensas indiretas Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 13/16 - São ofensas subentendidas; o agente utiliza palavras de duplo sentido ou a ofensa é feita nas entrelinhas, gerando dúvida quanto à real ocorrência da ofensa. - Quem se sente ofendido pode pedir explicações em juízo, devendo o juiz notificar o autor a prestar esclarecimentos. Após isso, os autos serão remetidos ao requerente, para que decida se ingressará ou não com a queixa-crime. - O juiz poderá rejeitar a queixa, caso entenda que a resposta do suposto querelado foi esclarecedora. Ação Penal Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. - Em regra, nos crimes contra a honra, a ação penal é privada, haja vista que a honra é um bem disponível. A titularidade da ação compete á própria vítima. - Contudo, há situações em que a ação penal será pública, cujo titular é o Ministério Público, incondicionada ou condicionada à representação da vítima ou à requisição do Ministro da Justiça. Ação Penal Privada É a regra. Ação Penal Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça Em caso de ofensa proferida contra Presidente da República ou Chefe de Estado Estrangeiro Ação Penal Pública condicionada à representação da vítima NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 14/16 Em caso de ofensa proferida contra funcionário público no exercício das suas funções. Injúria Preconceituosa. Injúria Real em concurso com Lesão Corporal Leve Ação Penal Pública Incondicionada (raríssimo) Injúria Real em concurso com Lesão Corporal Grave ou Gravíssima. ATENÇÃO!! VIDE SÚMULA 714 DO STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Ou seja, em caso de ofensa sofrida por funcionário público no exercício de suas funções, este poderá optar entre a ação penal privada e a ação penal pública condicionada à representação, única hipótese disposta no CP. QUESTÕES 01.(TRF-Analista-2012) Pedro emprestou dinheiro a Paulo e este não lhe pagou a dívida no prazo convencionado. Na festa de aniversário do filho de Paulo, Pedro tomou o microfone e narrou aos presentes que Paulo era caloteiro, por não ter efetuado o pagamento da referida dívida. Nesse caso, Pedro a) cometeu crime de exercício arbitrário das próprias razões. b) cometeu crime de denunciação caluniosa. c) cometeu crime de calúnia. d) não cometeu nenhum crime porque o fato era verdadeiro. e) cometeu crime de difamação. 02.(MPE-Analista-2010) Dentre as hipóteses de formas qualificadas dos crimes de injúria, calúnia e difamação, NÃO se incluem os crimes cometidos a) mediante promessa de recompensa. b) contra Governador de Estado. NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 15/16 c) contra chefe de governo estrangeiro. d) na presença de várias pessoas. e) contra funcionário público, em razão de suas funções. 03.(Promotor de Justiça – 2002)Paulo enviou carta a todos a alunos da classe de seu desafeto Gabriel, com os seguintes dizeres: "Cuidado. Seu colega de classe Gabriel é ladrão!". No dia seguinte, outra carta, desta vez enviada por Lúcio, no mesmo local e para as mesmaspessoas, tem os dizeres: "Gabriel furtou R$ 50,00 que se encontravam dentro da bolsa de Maria", sendo, porém, falsa a imputação. Paulo e Lúcio cometeram, respectivamente, os crimes de a) comunicação falsa de crime e difamação. b) difamação e injúria. c) calúnia e denunciação caluniosa. d) denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime. e) injúria e calúnia. 04.(Delegado-2009) Acerca dos crimes contra a honra, assinale a alternativa correta. a) Nos crimes de calúnia e difamação, não se admite a retratação. b) A exceção da verdade, no crime de calúnia, é admitida se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível. c) É impunível a calúnia contra os mortos. d) No delito de injúria, o juiz poderá deixar de aplicar a pena se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria. e) Caso um advogado, na discussão da causa durante uma audiência, acuse o juiz de prevaricação, o crime de calúnia estará amparado pela imunidade judiciária. 05.(TJ-Juiz-2009) Agindo dolosamente, Fulano referiu-se a Sicrano, dizendo tratar- se de indivíduo que exercia atividade contravencional como banqueiro do jogo do bicho, diretamente envolvido com essa prática ilícita. Supondo-se que tal imputação seja falsa, a conduta de Fulano, em tese, pode configurar a) injúria. b) calúnia. c) difamação. d) fato atípico 06. Dizer que alguém “vem cometendo infrações” configura que crime contra a honra? a) Difamação b) Injúria c) Calúnia NOTA DE AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA 16/16 d) Assédio Sexual e) Estupro GABARITO 01 02 03 04 05 06 E B E D C B
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