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nota de aula art. 122

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO PENAL II
PROFESSOR LINO MENEZES
MONITORA SABRINA ALVES
Título I
Dos Crimes Contra a Pessoa
Capítulo I
Dos crimes contra a vida
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO:
Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou de reclusão, de um a três anos, se da tentativa resulta lesão corporal de natureza grave.
- Suicídio: eliminação direta, voluntária e consciente da própria vida. Assim, um suicídio cometido mediante fraude, coação física ou moral não fará com que o agente que o incentivou incorra no tipo penal em epígrafe, mas em homicídio, pois não há voluntariedade na conduta suicida. Ademais, por ausência de consciência, o agente que estimular um menor de 14 anos ou um indivíduo com capacidade de resistência eliminada, também incorrerá em homicídio, como se verá adiante na análise das majorantes.
O legislador brasileiro, em sintonia com o princípio da lesividade, que prevê que não são punidas condutas que não ultrapassem a esfera do agente, decidiu não punir o suicídio; porém, o fez com as condutas que envolvem participação moral (induzir ou instigar) ou material (prestar auxílio) na prática suicida de outrem.
Este tipo é misto alternativo ou de ação múltipla, que prevê três condutas:
Induzir: espécie de participação moral. Corresponde a implantar a ideia suicida na mentalidade do agente.
Instigar: espécie de participação moral. Significa reforçar, incentivar um desígnio preexistente de morte.
Auxiliar: espécie de participação material. Prestar assistência material, fornecer os meios para que o suicídio ocorra.
Por ser um crime de ação múltipla, basta a prática de um dos verbos para que o crime se configure. No entanto, a prática de mais de um verbo não significa necessariamente concurso de crimes (será um crime único se as condutas ocorrerem no mesmo contexto).
Ex: O agente cria a ideia de suicídio na cabeça da vítima e ainda empresta sua arma. Nesse caso, houve induzimento e o auxílio ao suicídio. Porém, o agente responderá por apenas um crime.
Este crime é condicionado ao resultado, pois só se configura se a vítima sofrer lesões graves ou gravíssimas, ou morrer. Não há tentativa. Dessa forma:
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio -> se a vítima sofre apenas lesão leve quando tenta por em prática o suicídio -> Atipicidade: o agente que induziu, instigou ou auxiliou não responderá por nada.
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio -> se a vítima sofre lesão grave ou gravíssima quando tenta por em prática o suicídio -> Reclusão, de um a três anos para o agente que induziu, instigou ou auxiliou.
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio -> se a vítima vem a morrer -> Reclusão, de dois a seis anos para o agente que induziu, instigou ou auxiliou.
O sujeito passivo desse crime deverá ser necessariamente certo e determinado ou, ao menos, determinável. Dessa forma, autores de livros, filmes, músicas e poesias que estimulam o suicídio, em geral, não incorrem nesse crime, pois se destinaram a pessoas indeterminadas.
Este crime só é cometido a título de dolo. Não há modalidade culposa. O mero animus jocandi, ou seja, a instigação ao suicídio em tom de brincadeira, não é suficiente para tornar o fato típico.
O agente deve, para configurar o delito, querer a morte da vítima ou assumir o risco de sua ocorrência, ocorrendo um nexo psicológico. Além disso, deve haver um nexo de causalidade, porque há uma enorme diferença entre querer a morte da vítima e criar a causa do suicídio.
Por estar inserido no Capítulo I do CP, trata-se de um crime contra a vida, sendo a ação penal pública e incondicionada, sendo de competência do Tribunal do Júri.
Aumento de Pena: 
I – se o crime é praticado por motivo egoístico;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
No caso do inciso I, ocorre nas hipóteses nas quais o agente objetiva auferir vantagem, patrimonial ou não, do suicídio da vítima, como no caso de quem induz, instiga ou auxilia o agente para ficar com a herança.
Já o inciso II, de acordo com o entendimento do professor, essa majorante só incidirá caso a vítima seja menor de 14 anos e menor de 18 (porque se ela for menor de 14, não haverá discernimento algum, sendo o homicídio o crime praticado) ou tenha a sua capacidade de resistência apenas reduzida, porque se for totalmente eliminada, o crime será de homicídio.
Algumas Observações Importantes: 
Para a configuração do delito acima, a conduta levada a efeito pelo agente deve, ainda, limitar-se a induzir, instigar ou auxiliar materialmente aquele que procura eliminar a própria vida. Dessa forma, se o agente vier a praticar qualquer ato de execução deverá responder pelo delito de homicídio.
E no caso de pacto de morte? Deve-se sempre ter em foco o comportamento de cada um deles, no sentido de conseguirem sucesso no plano de morte. Isso porque, conforme dito acima, para que responda pelo delito do art. 122 do Código Penal, o agente não pode ter realizado qualquer ato de execução característico do delito de homicídio, pois, caso contrário, deverá ser responsabilizado por esse crime.
EX: imagine-se a hipótese daquele casal de namorados que, após decidirem que eliminariam a vida, resolvam fazê-lo com o emprego de um revólver. Se o namorado atirar na namorada e logo em seguida nele, caso ela morra e ele, não, terá cometido o delito de homicídio, pois praticou ato executório. 
Agora, se ela atira em si mesma e ele atira em si mesmo, um deles vindo a morrer, o sobrevivente responderá pelo delito tipificado no art. 122 do CP.

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