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DIREITO PENAL I – RESUMO 2ª AP “Regra jurídica sem coação é uma contradição em si, um fogo que não queima, uma luz que não ilumina.” Rudolf Von Ihering Fases do crime (Iter criminis) Cogitação: plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do resultado almejado. Preparação: atos externos ao agente que passam da cogitação à ação objetiva, como a aquisição da arma para a prática de homicídio. Execução: são atos dirigidos diretamente à prática do crime. Consumação: O crime é consumado quando ele realiza de forma plena o seu objetivo inicial. É aquele no qual estão presentes os elementos essenciais que constituem o tipo penal. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Situações possíveis entre a execução e a consumação: Tentativa: não há consumação por motivo alheio à vontade do agente. Somente se caracteriza após início da fase de execução. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Desistência voluntária: Agente inicia, mas para (de maneira não forçada) durante execução. Arrependimento eficaz: Produz todos os atos executórios, mas impede que o resultado se produza. Crime impossível Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Impossibilidade absoluta do meio (Ex.: envenenamento com sal de frutas). Absoluta impropriedade do objeto (Ex.: golpe contra pessoa morta). Crime Consumado Ocorre quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Tipos de crime quanto à consumação Materiais: consumação só se dá com a produção do resultado (Ex.: homicídio). Formais: consumação sem necessidade de resultado. (Ex.: corrupção passiva). Mera conduta: apenas indicação da conduta sem menção a resultado (Ex.: porte de arma de fogo). Tipos de crime quanto à quantidade de bens jurídicos ofendidos Simples: atinge um único bem jurídico (Ex.: homicídio, furto). Complexos: atinge mais de um bem jurídico (Ex.: roubo, estupro). Fatos que podem ocorrer após a consumação Exaurimento (somente em crimes formais): crime já consumado chega a seu resultado pretendido. Não poderá haver prisão em flagrante pelo exaurimento, mas somente pela execução ou consumação. Arrependimento posterior Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Tem o mesmo efeito (consequência legal) da tentativa. Requisitos Crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. Reparado o dano ou restituída a coisa (integralmente). Até recebimento da denúncia ou queixa. Possível no caso de lesão corporal culposa. Arrependimento posterior implica perdão em três tipos de crime Crimes contra a ordem tributária (sonegação fiscal). Alguns casos de estelionato (Ex.: mediante cheque). Peculato culposo. Concurso de Pessoas Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Definição: duas ou mais pessoas reunidas para prática de um crime. Crimes unissubjetivos (ou de concurso eventual): podem ser realizados por uma única pessoa (maioria dos crimes. Ex.: homicídio). Crimes plurisubjetivos (ou de concurso necessário): necessariamente têm que ser realizado por mais de uma pessoa (Ex.: associação criminosa – art. 238, crime de rixa – art. 137). Requisitos para configuração de um concurso de pessoas Unidade de infração penal Pluralidade de agentes Pluralidade de condutas Ação material Instigação/induzimento Elaboração/planejamento Omissão imprópria Vínculo subjetivo: consciência e intenção de contribuir Relevância causal das condutas (moral ou material) Observações Em alguns crimes, o fato de ter sido realizado em concurso de pessoas aumenta a pena. Tipicidade do cúmplice é uma tipicidade indireta. Vínculo subjetivo não significa que as pessoas têm que se conhecer (não requer ajuste prévio). É possível que haja vínculo subjetivo sendo que apenas um dos agentes sabe que está contribuindo para ação criminosa. Teorias sobre a natureza do Concurso de Pessoas Teoria monista (ou unitária): todos são responsáveis pelo mesmo crime (autor, coautor, partícipe). Teoria dualista: separação entre autores (executores) e partícipes (cúmplices). Teoria pluralista: cada um tem a sua conduta enquadrada separadamente. Não é reconhecida presença de concurso de pessoas. Código Penal brasileiro adota como regra a teoria monista, apenas em algumas situações excepcionais utiliza teoria pluralista. Exemplos de uso da teoria pluralista Corrupção ativa/passiva Aborto: gestante/executor Participação de pouca relevância pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. Art. 29 §1º Autor x Partícipe Coautoria é autoria compartilhada. Partícipe é um coadjuvante de um crime, alguém que auxilia o autor. Tipos de partícipe Material (cúmplice) Intelectual Moral (instiga, induz) Teorias sobre a autoria do crime Teoria extensiva: toda pessoa que de algum modo contribui para o crime. Teoria subjetiva: autor é aquele que toma o fato criminoso para si. Teoria objetivo-material: autor é quem praticou a conduta materialmente mais relevante. Teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a ação nuclear (verbo) do tipo penal. No Brasil, é a teoria mais aceita pela doutrina e jurisprudência. Teoria do domínio do fato: autoria tem três dimensões Domínio da ação: quem pratica o crime. Domínio da vontade: autor mediato. Domínio funcional do fato Não significa que um chefe é responsável por todos os atos de seus funcionários. É preciso provar que ele deu a ordem para que o ato criminoso fosse praticado. Desvio subjetivo nas condutas (cooperação dolosamente distinta) Também chamada de participação em crime menos grave. Art. 29 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Quanto ao resultado mais grave Havia total imprevisibilidade: responde pelo crime mais leve. Havia previsibilidade (culpa consciente): responde pelo crime mais leve com aumento de pena. Havia risco assumido (dolo eventual): responde pelo crime mais grave. Autoria Sucessiva e Colateral Autoria sucessiva: autor inicia crime sozinho e durante a execução recebe auxílio de outros agentes. Autoria colateral: dois ou mais agentes atuam no sentido de obter um mesmo resultado criminoso sem que haja vínculo subjetivo entre eles. Crimes comuns, próprios e de mão própria Crime comum: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo (Ex.: homicídio). Crime próprio: só podem ser realizados por determinados tipos de pessoas (Ex.: infanticídio). Crime de mão própria: só uma pessoa pode executar a ação (Ex.: falso testemunho). Não admitem coautoria, mas admitem participação em sentidoestrito. Teorias da Participação Adequação típica de subordinação mediata (Ex.: Art. 121 C/C Art. 29). Acessoriedade da participação em sentido estrito Teoria da acessoriedade mínima: punível se contribui para ação típica. Teoria da acessoriedade limitada: punível se contribui para ação típica e antijurídica. Teoria da acessoriedade máxima: punível se contribui para ação típica, antijurídica e culpável. Teoria da hiperacessoriedade: punível se contribui para ação típica, antijurídica, culpável e punível. No Brasil prevalece a teoria da acessoriedade limitada. Alguns poucos adotam teoria da acessoriedade máxima. Comunicabilidade das Circunstâncias Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Circunstâncias objetivas: meios de execução, modo de execução. Circunstâncias subjetivas (pessoais): característica da pessoa, intenção do agente, estado anímico (psicológico). Exemplos: A Filho e B Não-filho matam pai de A (não se comunica). A funcionário público e B que não é funcionário público subtraem dois computadores da empresa pública (comunica). A com arma de fogo e B sem arma de fogo roubam posto de gasolina (comunica). Coautoria e Participação Em crimes culposos e omissivos, a maioria da doutrina entende que não pode haver coautoria, mas somente participação. Tentativa e Participação Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Não pode haver tentativa de participação, mas pode haver participação na tentativa. Resumo de Direito Penal I – 2ª AP – Maio/2014 Página � PAGE \* MERGEFORMAT �5�
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