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Resumos Contrato social
No livro I Do contrato social, Rousseau submete-se a examinar as principais questões da vida políticas. Sua principal questão encontra-se no primeiro capítulo deste livro “O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se acorrentado”. Neste sentido, Rousseau inicia questionando o que leva os homens a viverem sob tais grilhões, e por qual motivo os homens abandonaram o estado de natureza, uma vez que nascem livres.
No primeiro capitulo deste livro o autor menciona o assunto no qual será abordado no livro, que é o direito de vida ou morte e a escravidão. Rousseau questiona por que o homem nasce livre e se deixa torna-se escravo. Como se dá essa transformação?
Rousseau discorre sobre o poder do mais forte. O mais forte não será sempre forte para manter o poder, se não transformar sua força em direito e a obediência em dever. Rousseau encontra a falha da questão, tendo em vista que o comum seria o senhor ter o direito de governar, e os súditos o dever de obedecer. Mas, que direito será esse, que parece quando cessa a força? Quando se cessa a força a obediência também cessa. Assim, Rousseau afirma que é o indivíduo obrigado a obedecer à legítima autoridade.
Se a força não produz nenhum direito, restam então as convenções como base de toda autoridade legítima entre os homens. Neste sentido, Rousseau reflete a afirmação de Groutis de que um povo pode alienar a sua liberdade e torna-se escravo de um rei em troca de subsistência ou tranquilidade civil. Dizer que um homem se dá gratuitamente, é uma afirmação absurda, pois um rei não propiciaria a subsistência de seus súditos, ele apenas tira deles a sua. 
Renunciar a liberdade é renunciar à qualidade de homem. Não existe compensação possível para quem renuncia a tudo, a escravidão não pode ser legítima, pelo menos não para uma sociedade inteira, seria supor uma nação de loucos. Mesmo que cada indivíduo alienar-se a si mesmo, não poderia fazer o mesmo com seus filhos, pois eles nascem homens livres, somente eles tem direito de se dispor de sua liberdade.
Sobre o direito de escravizar proveniente da guerra, a escravidão é aceita, mas Rousseau afirma que a escravidão baseia no direito de vida ou morte e estes se baseiam na escravidão, tornando-se um circulo vicioso.
Existirá sempre uma grande diferença de subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Mesmo que homens sejam subjugados a um só, de nada adiantará, será sempre considerado um povo e seu chefe, e existirá sempre uma particularidade.
Um povo é povo antes de se dá a um rei. Esta doação pressupõe uma decisão pública. Todavia o ato pelo o qual o povo é povo é que constitui o verdadeiro fundamento da sociedade, pois é anterior ao ato pelo o qual se elege o rei. Dessa forma se não existisse nenhuma convenção anterior, não existiria a obrigação da minoria em se submeter à escolha da maioria.
Rousseau supõe que os indivíduos para transpor os obstáculos que sozinhos, não conseguiram em seu estado de natureza unem as forças fazendo então o pacto social, se não fosse dessa forma não conseguiriam sobreviver. Entretanto a liberdade e a força são os instrumentos principais para a conservação individual, e o contrato é necessário para que a união preserve a cada indivíduo e seus bens, e permaneçam livres.
As cláusulas deste contrato são por toda parte as mesmas, tacitamente admitidas e reconhecidas, até que se viole o pacto social. Uma vez que se quebra o pacto retoma sua liberdade natural, perdendo sua liberdade convencional.
Enfim, cada um, ao se dar a todos, não se dá a ninguém, se ganha o que se perde, e mais força para conservar o que tem. O pacto social produz um corpo moral e coletivo, composto pelo o total de indivíduos que o constitui, e a pessoa pública se forma pela união de todas as outras recebendo o nome de República ou de corpo político. Quanto aos associados recebem o nome de povo e se chamam em particular de cidadãos, enquanto submetidos à autoridade soberana, e súditos, enquanto submetidos às leis do Estado.
O ato de associação compreende um compromisso recíproco entre o público e os seus particulares, e que cada indivíduo, contratando, se compromete numa dupla relação: como membro do soberano em relação aos particulares, e como membro do Estado em relação ao soberano, assim, o indivíduo não está obrigado consigo, mas com o todo do qual faz parte.
A deliberação pública que pode obrigar os súditos em relação ao soberano, não pode pela razão contrária obrigar o soberano em relação a si mesmo, sendo consequentemente contra a natureza do corpo político impor-se o soberano uma lei que não possa infringir.
Como efeito, cada indivíduo pode, como homem, ter vontade particular, contrária ou diversa da vontade geral que tem como cidadão. Como sua existência independente do contrato, tende ele considerar que sua obrigação à causa comum é uma contribuição gratuita. Visto que o Estado é um ser moral e não humano, tende a gozar os direitos de cidadão sem querer cumprir os deveres de súdito.
A passagem do estado de natureza para o estado civil determina no homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando ás suas ações a moralidade que antes lhes faltava.
Essa mudança implica em perdas e ganhos. O que o homem perde pelo o contrato social é sua liberdade natural e um direito ilimitado a tudo que o seduz e que pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo que possui.
O Estado perante seus membros é senhor de todos os seus bens pelo contrato social, mas não é senhor daqueles bens perante as outras potências senão pelo direito de primeiro ocupante, que tomou dos particulares. O direito do primeiro ocupante, só se torna verdadeiro direito depois de estabelecer o direito de propriedade. Todo homem tem direito ao que lhe é necessário, mas o ato positivo, que o torna proprietário, o exclui de todo o resto. Tornando-se proprietário de seus bens, o homem deve se limitar a estes, sem nenhum direito à comunidade, que explica o fato de o direito de primeiro ocupante, tão frágil no estado de natureza, ser respeitável pelos homens civis.
Para autorizar o direito de primeiro ocupante a qualquer terreno, é necessário três condições: que o terreno não esteja habitado por ninguém, que ocupe somente a porção necessária para subsistir, e que não tome posse por cerimônia , mas pelo trabalho e cultivo, sinais único de propriedade que devem ser respeitados pelo os outros. Neste sentido, Rousseau demonstra a ilegitimidade de ocupações que não obedeçam estas condições com o exemplo da colonização espanhola nas Américas com Vasco Nuñes Balboa, qualificando-as como usurpação punível.
As terras dos particulares reunidas e contíguas se tornam território público e como o direito de soberania, que se estendia sobre os súditos, tornam suas propriedades real e pessoal, colocando os possuidores numa dependência ainda maior e fazendo de suas próprias forças as garantias de sua fidelidade.
Uma peculiaridade dessa alienação é o fato da comunidade aceitar os bens dos particulares, transformando a usurpação num direito a fruição da propriedade, os possuidores passando a ser depositários do bem público, estando respeitados seus direitos por todos os membros da sociedade.
Pode também existir de os homens unirem-se, apossando-se de um terreno suficiente a todos e dividam entre si em partes iguais, Independente de como se adquire a propriedade, o direito do particular sobre os seus bens está subordinado ao direito que a comunidade tem sobre tudo.
No final deste capitulo, Rousseau faz uma observação que fundamenta todo o sistema social. Assevera que ao passo de extinguir o direito natural, o pacto fundamental substitui por uma igualdade moral a desigualdade dos indivíduos, seja de força ou talento, tornando-os iguais por convenção e direito. 
A obra
No primeiro livro da obra, e Jean-Jacques Rousseau passa em exame as principais questões da vida política. Sua principal preocupação já se expõe na primeira frasedo primeiro capítulo deste livro: O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se acorrentado. Nesse sentido, Rousseau começa Do contrato social questionando o motivo de os homens viverem sob os grilhões da vida em sociedade, do porquê de os homens abandonarem o estado de natureza, uma vez que todos nascem homens e livres.
A ordem social seria, para Rousseau, um direito sagrado fundado em convenções, portanto, não-natural. O objeto de estudo deste livro é, em geral, quais seriam estas convenções. A primeira forma de sociedade, portanto o que mais se aproxima de uma sociedade "natural", seria a família. Por ser o que mais se aproxima de uma forma natural de sociedade, a família serve como primeiro modelo de sociedade política: o pai representado pelo chefe, os filhos pelo povo. Mas o direito do pai sobre o filho cessa assim que este atinge a idade da razão e torna-se senhor de si. A distinção entre sociedade familiar/sociedade política se dá, principalmente, no fato de o pai se ligar ao filho por amor, e o chefe por prazer em mandar.
À questão do direito do mais forte, Rousseau responde que: ceder à força constitui ato de necessidade, não de vontade; quando muito, ato de prudência. Em que sentido poderá representar um dever?, ou seja, a força difere do direito porque pode se impor, mas não obrigar. Assim, para Rousseau, Força é diferente de Direito - o último é um conceito moral, fundado na razão, enquanto a força é um fato. Por isso não há direito (nem contrato) na submissão de um homem pela força. Nenhum homem aliena sua liberdade gratuitamente a um outro - tampouco um povo a um indivíduo. A Escravidão não tem sentido para Rousseau, porque para o autor, o homem depende da liberdade: a liberdade é condição necessária da condição humana. Por isso, ele afirma que renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Não há recompensa possível para quem a tudo renuncia. Ao falar de como é sempre preciso remontar a uma convenção anterior (Cap. V), Rousseau conclui que a submissão de um povo a um rei só pode vir depois da constituição do próprio povo, ou seja, antes de um contrato de submissão, é necessário um contrato de associação, visto que, em estado de natureza, os homens não estão associados. A constituição do Povo, ou a associação das vontades individuais depende do Pacto Social. Ainda neste mesmo capítulo, Rousseau cita sua não tão célebre, mas igualmente forte frase, alegando que "uma revolução não é feita com leite de rosas", mostrando que a condição do homem, enquanto pessoa, e não objeto, apenas mudará a partir da conscientização política e económica.
Pierre Burgelin assim resume o pensamento de Rousseau em seu prefácio à obra:
	"O homem original é uma espécie de animal tranquilo, movido por poucas necessidades, indiviso, sem coerção e, consequentemente, feliz, ligado apenas ao presente. Mas permanece "estúpido e limitado". Ora, segundo sua natureza, ele também é perfectível, portanto chamado a se desenvolver. Aqui intevém a sociedade: apenas ela permite que se adquira a palavra, a memória, as ideias, os sentimentos, a consciência moral, em suma, as luzes. Infelizmente, essa educação dos homens foi feita ao acaso, sem princípios, sem reflexão, sem respeito pela ordem natural. O resultado é um estado em que as necessidades do homem se multiplicam, em que ele não as pode satisfazer sem o outro: torna-se cada vez mais fraco, cada vez mais dividido e preocupado, cada vez menos livre. vive num estado de "agregação", onde cada um pensa em primeiro lugar em si mesmo, luta a fim de se fazer reconhecer e dominar. Para sobreviver é preciso fazer-se aceitar, submeter-se ou import-se, portanto preocupar-se com a opinião dos outros. Esta é a pior escravidão: precisamos dissimular o que somos, parecer o que não somos. O homem natural se destroi sem se realizar, um eu fictício vai formando-se aos poucos e substitui nosso verdadeiro eu. Todos ficam divididos e infelizes, e acabam se acomodando com seus grilhões"1 
livro 1
Capítulo 1 – Objeto deste primeiro livro
Neste capítulo, o autor fornece uma introdução sobre o assunto mencionado no livro que é a relação entre o direito de vida ou morte e a escravidão. Rousseau indaga porque um homem nascido livre se torna um escravo.
Capítulo 2 – Das primeiras sociedades
Aqui o autor descreve a primeira ordem social. A família, que não dura muito, pois é perdida quando os filhos obtêm suas independências.
O autor cita um jurista holandês e seus métodos para reconhecer. Este jurista, Grotius, diz que o poder é um direito. E um outro apresentado por Rousseau, Fílon, diz que os senhores são divinos e os súditos são animais.Nesta sociedade familiar o que prevalece antes da razão é a intuição do "bom selvagem".
Capitulo 3 – Do direito do mais forte
Rousseau discorre sobre o poder do mais forte. Na maioria das vezes o mais forte nem sempre tem força o bastante para segurar esse poder. Rousseau descreve então as falhas e os buracos desse modo de pensamento. O mais comum é que o senhor tenha o direito de governar e os súditos tenham o dever inquestionável de obedecer. Mas que direito é esse que depende da força? A partir do momento em que se cessa a força, a obediência também cessa. Conclui-se que “a força não faz o direito e que só se é obrigado a obedecer aos poderes legítimos”
Capítulo 4 – Da escravidão
Neste capítulo, o assunto tratado é a escravidão. Se a força de um homem sobre outro não é legítima, sobra somente o poder legítimo. A escravidão seria legítima, pois foi com razão que o escravo se tornou um escravo? Não. A escravidão não pode ser legítima, pelo menos não para uma população inteira. Se uma pessoa pode se tornar escravo por vontade própria, porque populações não o podem também? Porque uma pessoa se torna escrava em troca de subsistência. Já uma população, quando se torna escrava, perdendo sua liberdade, também perde seus bens que passas para o imperador. Nenhuma população aceitaria isso o que torna a escravidão de uma população ilegítima.
No entanto a escravidão de indivíduos é aceita, por exemplo, na guerra, quando um vencedor toma direito sobre a vida do vencido. Mas, Rousseau afirma que a escravidão se baseia no direito de vida ou morte e este direito de vida ou morte se baseia na escravidão, criando um círculo vicioso.
Capítulo 5 – De como sempre é preciso remontar a uma primeira convenção
Aqui o autor separa uma agregação de um senhor e seus escravos e uma população e seu imperador. Aqui ele remete à lei do mais forte. Para um povo se entregar a um rei, é necessário que ele seja aprovado. No caso de não unanimidade, como seria definida a votação? Poderia ser maioria de votos? Ou número de votos, sendo que alguns votos contam mais que outros. Para essas escolhas é necessária uma convenção anterior, que é a base deste capítulo.
Capítulo 6 – Do pacto social
Neste capítulo, o autor mostra como se formou um primeiro pacto social. Quando os homens não tinham mais a capacidade de subsistência individual, precisaram se unir e agregar-se. Formou-se assim o primeiro pacto social. A partir desse momento o homem passou do estado natural para o estado civil. O contrato social deve procurar uma agregação que defenda e proteja com toda a força os bens, direitos e interesses de todos os indivíduos na agregação. Este contrato então acaba por ter somente uma cláusula: a alienação de todos os indivíduos e mantê-los iguais. Rousseau resume o pacto social a: cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral; e recebemos, coletivamente, cada membro como parte indivisível do todo. Rousseau acredita que a lei é o homem que as faz.
Capítulo 7 – Do soberano
Quando se elege um soberano, que pode tanto ser um indivíduo como um corpo político, estabelece-se uma relação entre os povos e o soberano. Cada um deve ajudar ao outro.
Outro ponto exibido no livro é que o corpo político não é separado dos membros. Não é possível ofender um membro sem ofendero corpo. Tampouco ofender o corpo sem que os membros ressintam. Nesse contrato o soberano é sempre o que deve ser e não pode ter interesses contrários à população, nem aos membros, pois estes fazem parte do corpo e não se pode ter um interesse contrário ao seu mesmo.
Já a população pode ter conflitos. Cada indivíduo pode ter seu próprio interesse, pois o soberano não pode apagar o interesse do indivíduo.
Mas o que acontece quando um súdito tem interesses diferentes do soberano, ele irá ter direitos sem sofrer os deveres que outros devem sofrer, o que fará ser injusto, qualidade que os indivíduos não querem alcançar. Resumindo, o contrato acaba forçando a serem livres.
Capítulo 8 – Do estado civil
Quando o homem passa do estado natural para o civil, várias mudanças ocorrem. Ele substitui o instinto pela justiça e adiciona moral à sua conduta. O homem perde sua liberdade natural e o direito a tudo que puder alcançar. E ganha a liberdade civil, que é limitada pela vontade geral, e impossibilidade de passar sobre os direitos de outro indivíduo.
Capítulo 9 – Do domínio real
Cada indivíduo de uma comunidade entrega-se a ela com todas as forças. A posse não muda de mãos na verdade é a força da comunidade que aumenta.
Todo homem tem direito ao que lhe é necessário, mas o ato positivo, que o torna proprietário de qualquer bem, o exclui de tudo o mais. Não deve se preocupar com nada além de sua parte.
Para legitimar o direito de primeiro ocupante é necessário que o terreno estivesse vazio, que dele só se ocupe o necessário. O autor critica ao dizer que atribuir o direito de primeiro ocupante ao trabalho e à necessidade é passar dos limites. Indaga se não seria possível estipular limites para o direito?
Rousseau diz que ao se dominar um território, o imperador fica mais seguro de dominar seus habitantes. E termina o capítulo mostrando algumas relações entre os direitos de cada indivíduo e os direitos de um homem numa comunidade
O pacto fundamental substitui, ao contrário, por uma igualdade moral e legítima aqui que a natureza traria de desigualdade física entre os homens.
A Obra “Do Contrato Social e Discurso sobre a Economia Política”, talvez tenha sido a principal obra do filósofo político Jean Jacques Rousseau. Tal obra foi escrita durante o século XVIII e, portanto, deve ser sempre lida com vistas a considerar a época em que foi escrita. Embora Rousseau ainda cultivasse as idéias burguesas, assim como os pensadores de sua época, ele nos trouxe grandes contribuições para a compreensão de conceitos referentes à política, a economia, ao Estado e ao Direito, por exemplo.
A referida obra em análise encontra-se dividida em “Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político”, onde encontramos quatro livros subdivididos em vários capítulos. E, por fim a parte que se refere ao “Discurso sobre a Economia Política”. Passando a analisar de forma sucinta esta obra, começaremos, pois, pelo livro primeiro “Do Contrato Social”, composta por nove capítulos. Neste primeiro livro o objetivo principal do autor é determinar o fundamento legítimo da ordem social, revelando que não se trata de direito natural nem tampouco de força, mas de uma convenção determinada pelo contrato social. Rousseau afirma: “‘Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, e ela qual cada um, se unindo a todos, obedeça apenas, portanto, a si mesmo, e permaneça tão livre quanto antes’. Este é o problema fundamental a que o contrato social dá a solução”. (1981: 27)
Livro I
No Livro I, Rousseau propõe investigar se pode haver, na ordem civil, alguma regra de administração, legítima e segura, que tome os homens como são e as leis como podem ser, cuidando sempre de ligar o que o direito sanciona com o que o interesse prescreve, a fim de que a justiça e a utilidade não se encontrem divididas.
I – Assunto desse Primeiro Livro
O homem que nasceu livre hoje se encontra limitado pela ordem social, até mesmo o que governa os demais. Como ocorreu a mudança do estado natural ao civilizado Rousseau diz ignorar, mas propõe descobrir o que legitima tal fato.
Considerando apenas a força e o efeito derivado da mudança, é certo o homem obedecer a coerção que sofre pela ordem social. Mais certo ainda é questioná-la quando necessário, pois possui pleno direito para tanto. Todavia, a ordem social é um direito que alicerça todos os demais e se fundamenta em convenções e não na natureza.
II – Das Primeiras Sociedades
A família é a primeira das sociedades e a única natural. Os filhos se submetem aos pais apenas enquanto necessário para sua conservação. Se permanecerem por mais tempo não será naturalmente, mas por convenção. Desfeita a ligação entre estes, todos voltam ao estado de independência, sendo cada um o seu próprio senhor a proteger sua individual conservação.
A família é também o primeiro modelo das sociedades políticas. O pai representa o chefe e os filhos o povo, sendo todos nascidos livres e iguais e que alienam a liberdade apenas em função da utilidade. A diferença é que o pai sente amor pelos filhos e o chefe sente prazer em comandar.
Em defesa da idéia de que o poder de governar se estabelece em favor do interesse dos governados, Rousseau condena a concepção contrária, versada por Grotius, Hobbes e Calígula, que consiste em estabelecer o direito pelo fato, comparando o governante ao pastor de natureza superior e humano e o povo ao gado de natureza inferior e não-humano, que porventura lhes serve de alimento.
Da concepção aristotélica de que uns homens nascem escravos e outros para governar, Rousseau afirma ser correta. Porém, é uma idéia que toma o efeito pela causa, pois nascendo escravos os indivíduos perdem a vontade de se libertar e tomam gosto pela servidão. A força constituiu os primeiros e a covardia os perpetuou.
III – Do Direito do Mais Forte
Se a força não se converter em direito e a obediência em dever, o mais forte não será sempre o senhor, pois ceder à força é um ato de necessidade ou prudência e não de vontade. Se o direito vem da força, então poderia uma força maior sobrepor legitimamente tal direito, uma vez que o mais forte tem sempre razão. Assim, Rousseau afirma que a força não faz direito e que só se deve obedecer à legítima autoridade.
IV – Da Escravidão
Se um homem não possui autoridade natural sobre outro e se a força não produz direito, restam as convenções como base da autoridade legítima entre os homens.
Neste sentido, Rousseau refuta a afirmação de Grotius de que um povo pode alienar a sua liberdade e tornar-se escravo de um rei em troca de subsistência ou tranqüilidade civil. Sobre a premissa inicial, diz ser o rei quem retira a subsistência do povo em favor da própria. Quanto à tranqüilidade civil, Rousseau lembra que as guerras causadas pela ambição e avidez do rei afligem mais que as dissensões do povo. Também, a tranqüilidade não é fundamento absoluto no sentido de que também se vive tranquilamente em um calabouço, por exemplo. Afirmar que um homem se aliena gratuitamente é inconcebível e quem o faz não se encontra de posse de seu juízo. Supor a alienação de um povo inteiro é loucura, e loucura não faz direito.
Supondo, então, a alienação de cada indivíduo, estes não poderiam alienar seus filhos, visto que nascem livres e que apenas eles podem dispor de si próprios quando atingirem a idade da razão. Um governo arbitrário só seria legítimo se cada geração fosse senhor de admiti-lo ou rejeitá-lo, mas assim tal governo já não seria arbitrário.
Renunciar à liberdade é renunciar a qualidade de ser humano e não há compensação possível para quem a renuncie. É vão e contraditório estipular uma convenção entre uma autoridade absoluta de um lado e uma obediência sem limites de outro.
Sobre a origem do direito de escravizar proveniente da guerra, onde o individuo vencido abre mão da liberdade para não ser morto pelo vencedor, Rousseau lembra que o direito de matar os vencidos não resulta de um estado de guerra pelo simples fato de queos homens na primitiva independência não possuíam relações tão freqüentes que configurem estado de guerra ou estado de paz. A guerra é constituída pela relação das coisas, de Estado para Estado, onde os particulares são acidentalmente inimigos apenas enquanto defensores do Estado, na qualidade de soldados que, se rendendo ou se depondo, deixam de ser inimigos e voltam a ser simplesmente homens, não podendo outros dispor sobre suas vidas.
Se o direito de conquista se fundamenta na lei do mais forte e se a guerra não dá direito de massacrar os vencidos, a escravatura também não justifica. Mesmo se admitisse o direito de tudo matar, os conquistados só obedecem porque são forçados.
Por qualquer lado que se observe, o direito de escravizar é nulo por ser ilegítimo e absurdo. As palavras direito e escravatura são contraditórias.
V – É Preciso Remontar Sempre a um Primeiro Convênio
Submeter uma multidão não é reger uma sociedade. Mesmo considerando como ajuntamento, o seu chefe continua um particular que possui interesse distinto do interesse dos subjugados.
Um povo é um povo antes de se submeter a um líder e este ato de doação pressupõe uma decisão pública. Todavia, o ato que institui um povo como tal, que verdadeiramente fundamenta a sociedade, é anterior ao ato pelo qual se elege o rei. Se não houvesse tal convênio anterior, não haveria obrigação dos poucos indivíduos se submeterem à escolha da maioria.
VI – Do Pacto Social
Rousseau supõe que os indivíduos se uniram para transpor os obstáculos que sozinhos, em seu estado natural, não conseguiriam. A raça humana não sobreviveria sem a força proporcionada pela união.
A soma das forças surge apenas quando muitas pessoas se unem. Entretanto, a liberdade e a força são os principais instrumentos de conservação individual. O contrato social, assim, é o ato necessário para que a união preserve cada individuo e seus respectivos bens, obedecendo a si próprio e livre como antes.
As cláusulas do contrato social, embora nunca enunciadas, são reconhecidamente iguais em todos os lugares. Tais cláusulas são de tal modo determinadas pela natureza do ato que qualquer alteração o anula e, infringido o pacto social, os indivíduos voltam à liberdade natural e perdem a liberdade contratada.
Todas as disposições do contrato se reduzem na alienação total e sem reservas do indivíduo e seus direitos em favor da comunidade. Se todo individuo assim procede, a condição é igual para todos e não há motivos se onerar os demais. Se alguém resguardar qualquer direito, a falta de um juiz comum entre este e os demais faria com que cada indivíduo julgasse, além dos próprios atos, os atos dos demais, o que tornaria a associação tirânica ou inoperante.
Cada qual, se doando a todos, não se doa a ninguém. Se ganha o que se perde e mais força para conservar o que possui. Cada um deposita sua pessoa e seu poder sob a direção geral e recebe cada um coletivamente como parte indivisível do todo.
O pacto social produz um corpo moral e coletivo composto pela totalidade dos indivíduos que o instituiu. A pessoa pública formada pela soma das demais é conhecida como República ou corpo político, enquanto os associados recebem o nome de povo, cidadãos ou súditos, dependendo do contexto.
VII – Do Soberano
O ato de associação corresponde um acordo recíproco do público com os particulares. Cada indivíduo se acha obrigado como membro do soberano para com os particulares e como membro do estado para com o soberano. O indivíduo não está obrigado consigo, mas com o todo do qual faz parte.
A deliberação pública que obriga os súditos em face do soberano não pode obrigar o soberano em face de si mesmo. É contra a natureza do corpo político impor uma lei ao soberano não se pode infringir. Isso não significa que esse corpo não pode se comprometer com outros quando não derrogue o contrato, pois em relação ao estrangeiro esse corpo se torna um ser simples, um indivíduo.
Todavia, esse corpo político ou soberano não pode se obrigar a nada que derrogue o contrato, como alienar parte de si ou se submeter a outro soberano. Violar o ato que o institui implica em aniquilar-se.
Formado o corpo político, um ato contra um membro implica em um ato contra o corpo. Também, um ato contra o corpo implica em um ato contra seus membros. O dever e o interesse obrigam as duas partes contratantes a se ajudarem. Os mesmo homens devem buscar reunir as vantagens dessa dupla relação.
Sendo o soberano composto apenas pelos indivíduos que o compõe, não tem e não pode ter interesse contrário ao deles, prejudicando-os. Assim, o soberano não precisa dar garantias aos súditos. O soberano é o que deve ser.
Entretanto, este caso não se aplica dos indivíduos em relação ao soberano. Ninguém responderia seus compromissos se não encontrasse meios de assegurar-se de sua felicidade.
Cada indivíduo, como homem, pode ter interesse particular distinto do interesse comum, como cidadão. Como sua existência independente do contrato, tende ele considerar que sua obrigação à causa comum é uma contribuição gratuita. Visto que o Estado é um ser moral e não humano, tende a gozar os direitos de cidadão sem querer cumprir os deveres de súdito.
Para que o pacto social não constitua um ato vão, todo o corpo constrangerá o individuo a obedecer à vontade geral.
VIII – Do Estado Civil
A passagem do estado natural ao civil produz transformações no homem, substituindo o instinto pela justiça e conferindo moralidade às suas ações. O homem se vê obrigado a agir conforme princípios distintos dos naturais. Ao entrar no estado civil, o homem passa de animal estúpido a um ser inteligente.
Esta mudança implica em perdas e ganhos. Com o contrato social, o homem perde a liberdade natural e o direito ilimitado sobre as coisas. Em contrapartida, ganha liberdade civil, liberdade moral e propriedade do que possui. A liberdade natural é limitada pela força individual e a civil pela vontade geral. A liberdade moral é o que torna o homem senhor de si, enquanto o impulso do mero apetite é escravidão.
IX – Do Domínio Real
Os indivíduos alienam a si, seus recursos e seus bens à comunidade no ato de sua formação. A natureza da posse não muda se tornando propriedade nas mãos do Estado, mas a posse pública é mais forte e mais irrevogável que a individual. O Estado, perante seus súditos, é o senhor de todos os bens pelo contrato social. Entretanto, perante outras potências, é senhor pelo direito de primeiro ocupante concedido pelos súditos.
O direito de primeiro ocupante apenas se torna verdadeiro direito após o direito de propriedade se estabelecer. O homem tem direito ao que lhe é necessário, mas o ato positivo, que o torna proprietário, o exclui de todo o resto. Tornando-se proprietário de seus bens, o homem deve se limitar a estes, sem nenhum direito à comunidade, que explica o fato de o direito de primeiro ocupante, tão frágil no estado de natureza, ser respeitável pelos homens civis.
Para se autorizar o direito de primeiro ocupante devem ser observadas três condições: que o terreno não seja habitado por ninguém, que só ocupe a porção que lhe é necessário e que se tome posse não por cerimônia, mas pelo trabalho e cultivo, sinais de propriedade na ausência de títulos jurídicos e que devem ser respeitados pelos outros.
Neste sentido, Rousseau demonstra a ilegitimidade de ocupações que não obedeçam estas condições com o exemplo da colonização espanhola nas Américas com Vasco Nuñes Balboa, qualificando-as como usurpação punível.
As terras dos indivíduos, reunidas e contiguas, se tornaram território público, e o direito de soberania, que se estendia sobre os súditos, tornaram suas propriedades reais e pessoais, criando uma dependência ainda maior dos possuidores que utilizam suas forças para a sua felicidade. Reis antigos, que não percebiam essa vantagem, se denominavam reis dos povos, como rei dos persas. Reis de hoje, mais hábeis, se intitulam reis dos territórios, como rei da Espanha. Dominando os territórios se fazem mais confiantes para dominar os habitantes.Uma peculiaridade dessa alienação é o fato de a comunidade aceitando as terras dos particulares, ao passo de destituí-los, os garante posse legítima, transformando a usurpação em direito, a fruição em propriedade e os possuidores em depositários do bem público, com seus direitos respeitados pelos membros do Estado e sustentados contra o estrangeiro.
Também pode ocorrer de os homens se unirem sem propriedades. Apossando-se posteriormente de qualquer terreno, podem usá-lo comunitariamente ou dividi-lo, seja em partes iguais ou em partes apontadas pelo soberano. Independente de como se adquire a propriedade, o direito do particular sobre os seus bens está subordinado ao direito que a comunidade tem sobre tudo.
Encerrando o Livro I e o Capítulo IX, Rousseau faz uma observação que fundamenta todo o sistema social. Assevera que ao passo de extinguir o direito natural, o pacto fundamental substitui por uma igualdade moral a desigualdade dos indivíduos, seja de força ou talento, tornando-os iguais por convenção e direito.

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