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Teoria do Julgamento Moral de Kohlberg

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Teoria do Julgamento Moral de Kohlberg
Por Gabriel Rodrigues.
Perguntas a serem respondidas/esclarecidas:
O que é enfoque cognitivo-evolutivo?
Quais são as três grandes divisões do julgamento moral, segundo Kohlberg, e quais suas principais características? Apresente as subdivisões de cada uma dessas.
Diferencie e caracterize cada estágio.
Existe, de fato, o estágio 6?
Como Kohlberg avaliava o julgamento moral? Importava a forma ou o conteúdo do que estava sendo dito?
Identifique a diferença entre julgamento moral e ação moral.
O que é enfoque cognitivo-evolutivo?
 O enfoque cognitivo-evolutivo é aquele que considera o desenvolvimento das funções psicológicas a partir de um viés evolucionista. Tomemos como exemplo Piaget, que propôs estruturas biologicamente programadas, meio programadas e não-programadas para a psicogênese humana.
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Quais são as três grandes divisões do julgamento moral, segundo Kohlberg, e quais suas principais características? Apresente as subdivisões de cada uma dessas.
 Kohlberg dividiu o julgamento moral em três grandes níveis. São estes:
Nível Pré-Convencional: onde se encaixa crianças e alguns adolescentes, sendo também presente em presidiários. Esse nível é caracterizado, principalmente pela não internalização das normas sociais. É subdividido em dois estágios: o estágio 1 – Orientação para punição e obediência e o estágio 2 – Hedonismo Instrumental Relativista.
Nível Convencional: onde se encontra a maioria dos adultos e adolescentes. Nível esse caracterizado pela internalização das normas sociais. É subdividido em dois estágios: o estágio 3 – Moralidade do Bom Garoto e o estágio 4 – Orientação para a ordem social.
Nível Pós-Convencional: onde se encontra apenas 5% da população adulta, segundo Kohlberg. Estágio caracterizado pela internalização do contrato social, não mais a ordem/leis pelo social exigidas. Assim, pela primeira vez há o questionamento das leis e a problematização do que seria melhor para o bem-estar social. É subdividido em dois estágios: o estágio 5 – Orientação para o Contrato Social e o estágio 6 – Princípios Universais da Moral.
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Diferencie e caracterize cada estágio.
Estágio 1 – Orientação para punição e obediência.
 Nesse estágio, as ações punidas serão vistas como erradas, já as não punidas como certas. Então, tomando como exemplo o dilema da criança que rouba um quindim da loja de doces, o ato seria julgado incorreto caso o lojista visse. “Se ele não viu, não tem problema.” Tal resposta seria praticamente idêntica no dilema de Heinz.
Estágio 2 – Hedonismo instrumental relativista.
 O estágio 2 é distinguido pela satisfação que a ação trouxe/trará ao indivíduo. Assim, é certo roubar o quindim caso ele esteja gostoso; e seria certo o roubo do remédio pelo Heinz para sua esposa caso essa o recompense depois. Assim, hedonismo pela busca ao prazer; instrumental, pois o ato moral é considerado um meio para um fim; relativista, pois variará de uma pessoa a outra.
Conclusão do nível pré-convencional: o ato moral não é julgado em si, mas pelas conseqüências que tal causará.
Estágio 3 – Moralidade do bom garoto.
 O estágio 3 marca as primeiras preocupações sociais, mas ainda é caracterizado pelo egocentrismo do julgamento moral. Assim, o ato será considerado errado caso os outros o enxerguem assim. É a internalização de estereótipos sociais. Assim, Heinz poderia não roubar o remédio para a esposa, pois os amigos talvez o chamassem de ladrão. De mesma forma, ele sentiria a necessidade de roubar, senão os amigos o considerariam um mau marido.
Estágio 4 – Orientação para lei e ordem.
 O estágio 4 se caracteriza pelas primeiras preocupações com o bem-estar do social. Assim, se obedece e cumpre a lei e a ordem, a fim de manter esse bem-estar e promover o que seria o certo. Heinz, então, se veria impedido a roubar o remédio. Ou, claro, roubaria, mas argumentaria que foi uma exceção, e que roubar é errado e abala a ordem social.
Conclusão do nível convencional: apesar de haver a internalização da ordem, não há o questionamento se ela trará, de fato, o bem-estar social.
Estágio 5 – Orientação para o contrato social.
 Nesse estágio, há uma preocupação com as bases das normas e leis: o contrato social. Os princípios sociais são valorizados acima das leis vigentes; se tem a consciência de que uma lei pode não ser a melhor para o bem-estar. Assim, argumentar-se-ia que Heinz pode roubar, que uma vida humana vale mais que o dinheiro do remédio – e enfatizar-se-ia a mudança da lei que protege o farmacêutico e prejudica outros; preocupação com a mudança da lei através dos canais democráticos.
Estágio 6 – Princípios universais da moral.
 Estágio mais elevado do desenvolvimento moral, onde se busca o bem-estar mesmo quando não se é possível mudar as leis vigentes. Assim, é a moralidade da desobediência civil e dos mártires; Kohlberg cita Martin Luther King Jr., Gandhi e Jesus Cristo como exemplos desse estágio. Há a tentativa de mudança da ordem pela compreensão de que ela não é correta segundo um princípio da justiça, do respeito às individualidades e promoção do bem comum.[2: Desobediência civil: termo empregado por Thoreau assim que esse foi preso por se negar a pagar os impostos nos EUA, ao afirmar que estaria, assim, financiando uma guerra contra mexicanos. Protesto que visa mudar a lei através da violação da mesma.]
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Existe, de fato, o estágio 6?
 Muitos autores criticam a existência do estágio 6, afirmando esse ser um estágio utópico descrito por Kohlberg. Apesar disso, inúmeros estudos publicados com a base kohlbergiana retrataram o estágio 6 como existente; em contramão, houve também estudos que se negaram a retratá-lo. Kohlberg, entretanto, defendeu a existência desse estágio com o livro O retorno do estágio 6.
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Como Kohlberg avaliava o julgamento moral? Importava a forma ou o conteúdo do que estava sendo dito?
 Kohlberg, no começo de sua produção teórica, produzia entrevistas com roteiro pré-programado, mas não necessariamente os seguia “à risca”. Assim, a produção de conhecimentos por ele empregada seguia o estilo piagetiano. Entretanto, após a crítica da academia estadunidense da época, ele modificou seus métodos de avaliação moral, criando assim instrumentos psicométricos, que na época eram considerados mais apropriados.
 Porém, Kohlberg sempre prezou o conteúdo do que estava sendo dito, o porquê do que estava sendo dito, e não o quê em si. Assim, poder-se-ia dizer que é certo roubar o remédio; isso poderia caracterizar um comportamento pré-convencional, a não ser que haja uma especificação, como por exemplo, “pois a vida humana é mais importante”.
Identifique a diferença entre julgamento moral e ação moral.
 É impossível descartar que há uma forte correlação entre o julgamento e a ação moral. Porém, como estudos já comprovaram, o julgamento em si não é capaz de prever uma ação moral, pois essa última dependerá de fatores variados, como por exemplo a valência emocional do indivíduo e o ambiente no qual está incluso. Estudos feitos com presidiários demonstraram que apesar de alguns possuírem respostas características do estágio 4 ou até 5, muitos agiam, assim que voltavam às celas e ao contato com seus colegas, a ter um comportamento semelhante de estágio 1, 2 e 3.
Referências
Biaggio, Angela. Lawrence Kohlberg: ética e educação moral> Capítulo 2: A Teoria de Julgamento Moral de Kohlberg.

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