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Teoria Geral do Direito Civil Negócio Jurídico Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos paulohenrique@mattosnovais.com.br 1 Negócio jurídico - Conceito • Conceito • Caio Mário “[...] toda declaração de vontade, emitida de acordo com o ordenamento legal, e geradora de efeitos jurídicos pretendidos” • Venosa “[...] consiste na manifestação de vontade que procura produzir determinado efeito jurídico” • Fiuza “Negócio jurídico é toda ação humana combinada com o ordenamento jurídico, voltada a criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas, cujos efeitos vêm mais da atuação individual do que da Lei” Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 2 Negócio jurídico - Conceito • Conceito • Conceito bem sucinto • É o ato jurídico emanado de uma vontade qualificada, visando a um determinado fim • Conceito mais bem elaborado • É a prerrogativa que o ordenamento jurídico confere ao indivíduo de, por sua livre vontade, criar relações a que o direito empresta validade, desde que em conformidade com a ordem jurídica e social. Em síntese: é o meio de realização da autonomia privada • É o poder que o ordenamento jurídico confere às pessoas de realizarem atos visando adquirir, conservar, transferir, modificar e extinguir direitos. Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 3 Manifestação de vontade • Necessidade de declaração de vontade • qualificada (agente capaz) • livre e consciente (sem vícios) • Negócio jurídico se origina da manifestação da vontade • Pode ser: • expressa (falada, escrita ou gestual) • tácita (quando não há uma expressa declaração, mas o proceder o agente indica que houve aceitação) • presumida (lei prevê essa forma de manifestação de vontade) • Receptícia - endereçada a certa pessoa (ex.: revogação de mandato, art. 682, I, CC) • Não receptícia - não ser endereçada a ninguém em especial, mas a todos (ex.: promessa da recompensa, art. 854, CC) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 4 Manifestação de vontade Intenção ou causa, silêncio • Motivos de foro íntimo (intenção ou causa) • Não tem relevância jurídica • Ex.: compra de arma para praticar delito • Princípio da reserva mental (art. 110, CC) • Silêncio • Regra - silêncio é um nada jurídico • Não existe o procurado de que “quem cala consente” • Exceção - art. 111, CC • Circunstâncias, usos e costumes assim o autorizem • Lei informará quando o silêncio surtirá efeito (ex.: art. 539; 1807, CC) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 5 Finalidade dos negócios jurídicos • Finalidade negocial • adquirir direitos • conservar direitos • modificar direitos • transferir direitos • extinguir direitos Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 6 Finalidade dos negócios jurídicos Criação e aquisição de direitos • Criação • Se dá com o surgimento de uma relação jurídica em razão de um fato • Ex.: propriedade, posse • Direito objetivo • Aquisição • Conjunção do direito com o titular (adesão da relação jurídica a seu sujeito) • Ex.: Proprietário, possuidor • Direito subjetivo • Direitos personalíssimos - adquiridos concomitantemente à aquisição da personalidade • Direitos patrimoniais - aquisição por diversas formas Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 7 Finalidade dos negócios jurídicos Criação e aquisição de direitos • Aquisição • Direitos patrimoniais - aquisição por diversas formas: • Modo originário ou absoluto: surge o direito pelo ato originário de apropriação do bem (ex.: caça, pesca, posse; arts. 1263 e 1.238, CC) • Nascimento + aquisição • Res nullius - coisa de ninguém • Res derelicta - coisa abandonada • Modo derivado ou relativo: ocorre a aquisição a partir da transmissão do direito de uma pessoa a outra • Gratuito: não há contraprestação (ex.: doação) • Oneroso: há contraprestação (ex.: compra e venda) • Simples: quando um único fato der origem à aquisição (ex.: assinatura de um cheque, posse de um bem) • Complexo: necessitam-se de mais de um fato para a aquisição (ex.: usucapião) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 8 Finalidade dos negócios jurídicos Defesa (conservação) de direitos • Defesa (conservação) • Atos conservatórios - resguardar os direitos adquiridos • Modo da defesa • Medidas preventivas • Ex.: protesto; realização de benfeitorias úteis ou necessárias, interpelações judiciais para constituir em mora o devedor, evitando ameaça atual ou iminente • Podem ser judiciais ou extrajudiciais • Medidas repressivas • Regra - via judicial • Exceção - autodefesa (defesa da posse no caso de esbulho [perda] ou turbação [incômodo] - art. 1210, §1º, CC) • Não configura exercício arbitrário das próprias razões Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 9 Finalidade dos negócios jurídicos Modificação de direitos • Modificação • É possível ocorrer a alteração de um fato, sem ocorrer, necessariamente, a mudança em sua substância • A modificação de direitos pode ser: • Objetiva - quando atingir a qualidade ou quantidade do objeto da relação jurídica (amortização de débito, recebimento da obrigação de fazer/dar coisa certa em dinheiro) • Subjetiva - diz respeito aos sujeitos, subsistindo a relação na íntegra (cessão de direitos - art. 286, CC; desapropriação; mudança dos sujeitos no polo ativo ou passivo; remissão concedida a um dos devedores solidários) • Direitos personalíssimos - não composta mudança subjetiva Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 10 Finalidade dos negócios jurídicos Extinção, perda e renúncia de direitos • Extinção: fim, morte, desaparecimento - não poderá ser exercido por outrem • Perda: o direito se separa do seu titular atual, mas poderá subsistir em outro • perecimento do objeto • alienação - dá-se a perda para o antigo titular • renúncia - abdicação do direito sem transferi-lo a outrem • abandono (res derelicta) • falecimento do titular - ao mesmo tempo que há a extinção pelo falecimento, há aquisição pelos herdeiros • prescrição - apenas a pretensão - ação, da responsabilidade • decadência - do próprio direito, é potestativo • confusão • implemento de condição resolutiva • escoamento de prazo (termo) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 11 Classificações do negócios jurídicos 1. Quanto à declaração de vontade da parte • Unilateral, bilateral e plurilateral • Unilateral • Efeitos obtidos com apenas uma manifestação de vontade • Ex.: testamento, promessa de recompensa, criação de fundação • Receptícios – a vontade tem de ser conhecida da outra parte (ex.: revogação de mandato) • Não receptícios – a manifestação não precisa ser conhecida pela outra parte para gerar efeitos (ex.: testamento) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 12 Classificações do negócios jurídicos 1. Quanto à declaração de vontade da parte • Unilateral, bilateral e plurilateral • Bilateral • Presença de duas ou mais manifestações de vontades coincidentes, recíprocas e concordantes (consentimento em relação ao objeto) • Plurilateral • Várias pessoas nos polos do negócio bilateral. Ex.: sociedade Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 13 Classificações do negócios jurídicos 2. Quanto às vantagens para as partes • Gratuito, oneroso, neutro, bifonte • Gratuito • Proporciona vantagem econômica sem contraprestação • Ex.: Doação pura e simples, comodato. • Onerosos • Proporciona vantagem econômica a prestação correspondente que pode ou não ser equivalente. • Ex. empreitada, compra e venda, mútuo a juros. • Comutativos • Prestações são equivalentes, certas e determinadas, conhecidas de antemão pelas partes (ex.: compra e venda de imóvel certo, locação) • Aleatórios • Prestação de uma das partes depende de evento incerto e inesperado – álea – sorte (ex.: seguro, compra de safra futura) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 14 Classificações do negócios jurídicos 2. Quanto às vantagens para as partes • Gratuito, oneroso, neutro, bifonte • Neutros • Se caracterizam pela destinação dos bens. • Não tem caráter patrimonial • Ex.: instituição de cláusula de inalienabilidade ou incomunicabilidade (art. 1911; instituição de bem de família • Bifrontes • Contratos que podem ser gratuitos ou onerosos, segundo a vontade das partes • Ex.: Contrato de depósito (art. 628, CC) – retenção; mútuo (arts. 586 e seguintes CC), mandato (art. 658, CC) Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 15 Classificações do negócios jurídicos 3. Quanto à forma • Solenes ou não solenes • Solenes (Formais) • Para sua validade, revestem-se de forma especial (art. 107, CC) • São exceção • Ex.: compra e venda de imóveis (valor superior a 30 salários mínimos – art. 108, CC), casamento, testamento • Não solenes (Consensuais) • Não há forma especial para sua validade. São a regra. • Ex.: compra e venda de bens móveis, mútuo, permuta de bens móveis Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 16 Classificações do negócios jurídicos 4. Quanto ao momento de produção de efeitos • Inter vivos ou causa mortis • Inter vivos • Produz efeitos durante a vida da parte • Ex.: promessa de compra e venda, locação, permuta, mandato, casamento, etc. • Causa mortis • Produz efeitos após a morte da parte • Ex.: testamento Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 17 Classificações do negócios jurídicos 5. Quanto ao modo de existência • Principal, acessório, derivados • Principal • Existe por si mesmo, independente de qualquer outro • Ex.: compra e venda, locação, permuta, casamento • Acessório • Sua existência subordina-se à existência do principal (o acessório segue o principal). • Ex.: mandato para compra e venda, penhor, fiança • Derivados ou subcontratos • Decorrem de um contrato básico ou principal • Ex.: sublocação, subempreitada Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 18 Classificações do negócios jurídicos 6. Quanto à tipicidade • Típicos ou atípicos • Típicos ou nominados • Definidos em lei • Ex.: compra e venda, locação, permuta, doação • Atípicos ou inominados • Sem previsão legal específica Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 19 Classificações do negócios jurídicos 7. Quanto ao conteúdo • Pessoais ou patrimoniais • Pessoais • Ligados a questões existenciais, sem conteúdo econômico direto • Ex.: direito de família (casamento, filiação), direito de personalidade • Patrimoniais • Relacionado a patrimônio. Ex. testamento • Relacionado a pura administração, sem referência a domínio. Ex. gestão de negócio • Relacionado a disposição – transferência de domínio Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 20 Classificações do negócios jurídicos 8. Quanto à condição pessoal especial dos negociantes • Impessoais ou intuito personæ • Impessoais • A pessoa do contratante não é importante • Ex.: compra e venda de um produto alimentício no bar da esquina • Intuito personæ • Trabalho realizado em virtude das condições pessoais do contratante • Ex.: mandado – vedação de substabelecimento Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 21 Classificações do negócios jurídicos 9. Quanto ao momento do aperfeiçoamento • Consensual ou real • Consensual • Perfeito pelo consenso das partes – gera efeitos a partir de então • Ex.: compra e venda pura e simples, doação, locação (art. 482, CC) • Real • Negócio jurídico exige a transmissão da coisa para ser perfeito • Ex.: empréstimo Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 22 Classificações do negócios jurídicos 10. Quanto à eficácia • Constitutivos ou declaratório • Constitutivos • Objetivam criar, modificar ou extinguir (negativo) relações jurídicas • Efeitos ex nunc • Ex.: compra e venda, divórcio • Declaratórios • Apenas confirmam a existência ou inexistência da relação jurídica • Efeitos ex tunc • Ex.: partilha em inventário, declaração de união estável Prof. Paulo Henrique Reis de Mattos - TGDC: Negócio Jurídico 23
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