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Direito na República Velha (PA 7 e 8)

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O DIREITO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
República da Espada (1890/1894) República Oligárquica ou dos coronéis República Velha (1894/1930)
Planos de Aula
7 & 8
Plano de Ensino - Ementa
A Velha República (1889/1930).
As influências positivistas e liberais: Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 24/2/1891  Forma de Governo, Território e Laicidade do Estado. Estrutura dos Poderes. Sistema Eleitoral. Direitos e Garantias Individuais.
A Codificação do Direito Penal e do Direito Civil
Todos os pontos analisados sob a perspectiva política, socioeconômica e cultural do período – Leitura do Material Didático – Capítulo IV eV
Advento da Proclamação da República (Antecedentes)
Consequência da Guerra do Paraguai - impacto: destaca-se o fortalecimento da identidade nacional e a consolidação do Exército brasileiro como uma importante Instituição do Império que veio a ocupar o lugar antes pertencente à Guarda Nacional – milícia cidadã (criada em 1831 pelo Padre Diogo Feijó) o Exército começou a exigir uma participação mais ativa na política imperial o que não foi bem visto pela elite política tradicional, portanto, uma parte da oficialidade brasileira foi aderindo à causa da República, influenciada pelas novas ideias que entraram no País a partir de 1870 - o exército brasileiro ficou mais unido e ganhou importância política tornando-se um centro de contestação à escravidão e ao Império aderindo às campanhas abolicionista e republicana.
Ideias de 1870 – “geração intelectual de 1870”  começou a se formar no Brasil com base em um ‘bando de ideias novas’, em geral, importadas da Europa: 
O positivismo de Auguste Comte, o biologismo de Charles Darwin, o evolucionismo de Herbert Spencer e o determinismo de Taine. 
Face a isto, intelectuais da chamada Escola de Recife (Tobias Barreto,Silvio Romero e Capistrano de Abreu) confiavam na ciência, na razão e no progresso como instrumentos fundamentais para o estabelecimento de uma nova ordem política – governo meritocrático - e social no País. Por isso, criticavam fortemente o saber bacharelesco do Império, visto como incapaz de compreender e solucionar os reais problemas nacionais.
Questão Militar: A Questão Militar se resume a uma série de eventos que colocou em confronto direto oficiais do Exército e políticos monarquistas e conservadores. O estopim foi o fato de os militares estarem proibidos por lei de discutir assuntos políticos na imprensa (1881), além do atraso de pagamentos e desamparos dos órfãos e viúvas dos militares mortos na Guerra do Paraguai, aos quais não eram pagas as pensões devidas. Com a vitória na Guerra da Tríplice Aliança ou Paraguai (1864-1870), o Exército saíra fortalecido e prestigiado, passando a formar profissionais comprometidos com a corporação. Embora alguns oficiais atuassem na esfera política, a sua lealdade maior era para com a corporação e não para com o governo. Ao mesmo tempo, a Escola Militar na Praia Vermelha (RJ) tornara-se um centro de estudos matemáticos e humanísticos, onde pontificavam as ideias do positivismo (com base no pensamento racional e mérito baseado na competência da formação científica), que passam a tecer críticas ácidas ao combalido regime imperial, sobretudo após o ingresso de Benjamin Constant como professor de matemática e partidário da ideologia positivista na instituição em 1872. 
Questão Religiosa: foi um conflito entre a Igreja Católica e a Maçonaria no Brasil, na década de 1870. Em 1864, o Papa Pio IX lançou a Bula Syllabus condenando os princípios maçônicos e proibindo os membros do clero de se filiarem às lojas.
 O contexto da abolição da escravatura: Frente às medidas adoptadas pelo Império quanto à questão do fim do regime escravista, a elite agrária brasileira reivindicou indenizações proporcionais ao número de escravos alforriados. Negando-se a indenizar os grandes proprietários rurais, o Império acabava de perder seu último pilar de sustentação. Chamados de republicanos de última hora, os proprietários de escravos aderiram à causa republicana e o advento da República se tornara inevitável.
O movimento republicano não foi uma manifestação do povo, mas das classes abastadas e latifundiários!
 A Construção da República – 1889 a 1890
Uma das primeiras medidas do novo governo foi determinar o banimento da Família Real. Em mensagem expedida em 16 de novembro, D. Pedro II tinha 24 horas para deixar o País. Apático, o Imperador acatou a ordem e naquela mesma noite embarcava para Lisboa.
Para operar a transição entre a monarquia e o novo regime, logo após a proclamação da República foi instaurado um Governo Provisório (Corpo Político temporário encarregado de dirigir o País até a aprovação de uma nova legislação em bases republicanas). Presidido por Deodoro, que comprometia-se a manter a ordem pública, garantir a vida e a propriedade, respeitar a liberdade e direitos dos cidadãos, além de acatar com os compromissos nacionais contratados, inclusive a dívida pública externa e interna. A vitaliciedade do Senado e do Conselho de Estado foram abolidas, ao mesmo tempo em que se dissolvia a Câmara dos Deputados. Homologado o Ministério Republicano, Rui Barbosa detém a pasta da Fazenda e a da Justiça - esta última interinamente, dias depois passada a Campos Sales. A Rui cabia também a vice-chefia do Governo Provisório até agosto de 1890, sendo substituído por Floriano Peixoto.
Sede do Governo Provisório: Rio de Janeiro, agora Distrito Federal.
 Constituinte – 1890 a 1891
22 de junho de 1890: Finalizado, o projeto de Constituição é apresentado ao Governo Provisório.
24 de fevereiro de 1891: Quando foi afinal promulgada a primeira Constituição Republicana, pouco alterada ao longo dos debates legislativos, trazia a marca indelével das contribuições de Rui Barbosa. Deve-se a ele o figurino federativo e presidencial que a República assumiu. 
26 de fevereiro de 1891: Posse de Deodoro na presidência da República, dois dias depois de promulgada a Constituição
Escrevendo a Primeira Constituição Republicana  A mulher, símbolo da República entre a Constituição, a Deodoro e Rui Barbosa
Logo após a proclamação da República o Governo Provisório nomeia comissão de juristas (Comissão dos Cinco), sob a presidência de Saldanha Marinho, para elaborar projeto de Constituição. Esse projeto deveria ser submetido à discussão e aprovação da Assembléia Constituinte, escolhida por meio de eleições (Regulamento Alvim), a ser instalada em 15 de novembro de 1890. O projeto apresentado pela Comissão não foi aprovado pelo Governo Provisório, que encarregou Rui Barbosa de revê-lo. Por quinze dias, Rui reuniu-se em sua residência para discutir com todos os Ministros os artigos com suas emendas. Ao longo do processo, Rui (artífice da Constituição) levava todas as modificações para Deodoro. Por fim, deu forma definitiva ao projeto, aprovado em junho de 1890, que contemplava a federação, o presidencialismo e a divisão dos poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário.
Forma de Governo – República / Sistema ou Regime de Governo – Perfil Presidencialista.
Poderes Públicos – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Adoção de uma organização federativa  os estados membros da federação (antigas Províncias) adquiriram amplas prerrogativas: organizar força militar própria, constituir a Justiça Estadual e autonomia tributária, eleição para governador e Assembléia Legislativa. Os Estados da Federação passaram a ter suas Constituições hierarquicamente organizadas em relação à Constituição Federal.
A Constituição Republicana de 1891 
1ª a ser promulgada - 91 artigos
Entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, os primeiros representantes eleitos sob a égide da República, reunidos na Assembléia Nacional Constituinte, elaboraram o texto de uma nova Constituição. Orientados por Rui Barbosa e tomando como base o modelo republicano dos Estados Unidos da América - tanto é que o País passou a chamar-se República dos Estados Unidos do Brasil.
Poder Legislativo Federal
O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, com sanção do Presidente da República.
Compõe-se de dois ramos: a Câmara de Deputados e o Senado Federal. Portanto, bicameral, pois a Câmara de Deputados e o Senado Federal trabalharão separadamente.
Câmara de Deputados – compõe-se de representantes do povo eleitos pelos Estado (unidades federativas) e pelo Distrito Federal (capital da República), mediante o sufrágio (voto) direto, garantida a representação da minoria (4 Deputados por Estado da Federação). Sendo que o número de Deputados será fixado por lei em proporção que não excederá de 1 por 70.000 mil habitantes. Mandato de 3 anos.
Senado Federal – compõe-se de cidadãos elegíveis, maiores de 35 anos, em número de 3 Senadores por Estado e 3 pelo Distrito Federal; eleitos do mesmo modo que os Deputados. Mandato de 9 anos, renovando-se o Senado pelo terço trienalmente.
NOTA: O Vice-Presidente da República também exercerá a Presidência do Senado federal.
Estrutura Judiciária Republicana
Poder Judiciário na Constituição Republicana de 1891
A característica principal da primeira Constituição Republicana foi a do estabelecimento da dualidade da Justiça Comum, instituindo a Justiça Federal para apreciar as causas em que a União fosse parte. Mas não só. Todas as questões de natureza constitucional seriam da competência dos juízes federais, que poderiam declarar a inconstitucionalidade das leis nos casos concretos, surgindo, assim, o controle difuso de constitucionalidade das leis em nosso País.
Supremo Tribunal Federal - Passou a ter função uniformizadora da jurisprudência em matéria de direito constitucional e federal através da emenda constitucional de 3 de setembro de 1926, reparando-se, assim, o equívoco do sistema judiciário imperial, que não fora corrigido com a promulgação da Carta Magna Republicana em 1891.
Definindo a independência do Judiciário
Uma das mais significativas contribuições de Rui Barbosa à Constituição de 1891 foi atribuir ao recém-criado Supremo Tribunal Federal o controle sobre a constitucionalidade das leis e atos do Legislativo e Executivo. E, como o projeto constitucional não contemplava a garantia da liberdade do indivíduo em situações de violência ou coação, por ilegalidade ou abuso de poder, Rui acrescentou-lhe o direito ao habeas-corpus. Assim, foi Rui Barbosa quem transformou o STF no guardião da Constituição e, em especial, dos direitos e liberdades individuais. 
Supremo Tribunal Federal 
O mais alto Tribunal do Brasil, intérprete supremo da Constituição no regime republicano, foi criado em 11 de outubro de 1890 (Decreto 848), para substituir o Supremo Tribunal de Justiça. Entrou em funcionamento no Rio de Janeiro em 28 de fevereiro do ano seguinte. Com o poder de declarar a inconstitucionalidade das leis e dos atos do poder executivo e de negar-lhes execução, o STF exerce até hoje papel indispensável ao funcionamento do sistema federativo. Ele garante plenamente, nos períodos de normalidade constitucional, o livre exercício dos direitos individuais e coíbe os excessos de poder, além de marcar os limites das autoridades nacionais e estaduais, e dos três poderes em relação uns aos outros. Enfim é o guardião da Constituição!
Controle Constitucional e Evolução Política
Controle de Constitucionalidade no Brasil Império: 
A primeira Constituição no Brasil (de 1824), outorgada no Império, não possibilitou o controle de constitucionalidade das leis, pela existência do Poder Moderador ( “quarto poder”) exercido pelo Imperador, que lhe dava uma posição superior, podendo ele controlar os demais poderes. Embora, o dispositivo constitucional expresso no art. 15 da CI/1824 dispunha quanto ao Poder Legislativo a função de guarda da Constituição.
No Brasil República de 1891:
Em razão da forte influência do direito norte-americano no constitucionalismo republicano nacional, a Constituição de 1891 introduziu no País o controle judicial difuso de constitucionalidade. A raiz do chamado controle difuso data famoso julgamento do caso Marbury x Madison nos EUA (1803), quando a Suprema Corte deste país proclamou solenemente a superioridade hierárquica da Constituição sobre as demais lei e do consequente poder dos juízes e tribunais de não aplicar normas infraconstitucionais contrárias à Lei Maior.
Sistema Eleitoral
Eleição direta e voto a descoberto (não secreto).
Presidência da República e Presidências dos Estados e para os Órgãos Legislativos : Federal e Estadual.
Porém, segundo dispositivo constitucional – Disposições Transitórias, art. 1º - a primeira eleição presidencial seria indireta, realizada pelo Congresso Nacional
Eliminação da exigência de renda mínima (voto pecuniário ou censitário) para ser eleitor; mas criou a excludência social baseada no critério do analfabetismo (a assinatura da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória) .
Sufrágio universal para os cidadãos do sexo masculino, maiores de 21 anos.
Portanto, excluídos do exercício de cidadania ou direito políticos  mulheres, analfabetos, os praças de pré (soldados, cabos e sargentos) e os religiosos de ordens que impunham a renúncia à liberdade individual.
Além disso, reservou-se ao Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos federais, e às Assembleias estaduais a regulamentação para as eleições estaduais e municipais.
Estado & Igreja
Definiu-se, também, a separação entre a Igreja e o Estado: 
As eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, 
O governo não interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos, diáconos e cardeais, 
Extinguiu-se a definição de paróquia como unidade administrativa - que antigamente poderia equivaler tanto a um município como também a um distrito, vila, comarca ou mesmo a um bairro (freguesia). 
Além disso, o País não mais assumiu uma religião oficial, que à altura era a católica, 
O monopólio de registros civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios para os registros de nascimento, casamento e morte, bem como os cemitérios públicos adquiriam administração pela autoridade municipal, onde qualquer pessoa poderia ser sepultada, independentemente de seu credo. 
O Estado também assumiu, de forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e intermediário. 
Essa separação viria a irritar a Igreja, aliada de última hora dos republicanos e que só se reconciliaria com o Governo durante o Estado Novo, bem como ajudaria a incitar uma série de revoltas, como a Guerra de Canudos.
Estado Confessional e Estado Laico
O Estado Imperial era confessional. A Constituição de 1824 definiu a religião católica apostólica romana como religião oficial do país. Estado Confessional é aquele que, embora não se confunda com determinada religião, possui uma religião oficial que pode influir nos rumos políticos e jurídicos da nação, além de possuir privilégios não concedidos às demais.
Estado Laico é aquele que não se confunde com determinada religião, não adota uma religião oficial e permite a mais ampla liberdade de crença, descrença e religião, com igualdade de direitos entre as diversas crenças e descrenças. Além disso, no estado laico as fundamentações religiosas não podem influir nos rumos políticos e jurídicos da nação. 
Estado Confessional
Estado Laico
Com a Constituição de 1891, a Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasileiro, deixando de ser a religião oficial do País. O Estado, então, se tornou laico.
A Codificação de Direito Penal
No final do século XIX com a Constituição Republicana de 1891 são abolidas as penas de galés, banimento judicial e a pena de morte para crime comum, e em consonância com o texto constitucional, o Código Penal Republicano também incorpora em seu bojo os valores e avanços da época.
Segue o princípio da Legalidade e o princípio da Territorialidade para o crime.
Crime e Contravenção foram diferenciados um do outro.
Proíbe a imputação
de penas infamantes (abolira as penas de galés e as penas perpétuas) e a pena restritiva de liberdade individual passou a ser de 30 anos.
Foram mantidos o banimento, a suspensão e a perda de emprego.
Inovação quanto a progressão da pena e livramento condicional.
Proclamada a República em 1889, intensificou-se a tendência de reforma legislativa. As leis envelhecidas tornaram-se inábeis para regular as mutáveis necessidades da nova vida social. 
O Ministro da Justiça Campos Sales, durante o governo provisório, encomendou a organização de um Código Penal para a República com a maior rapidez. Devido à celeridade de sua elaboração, estava repleto de defeitos. Defeitos estes que foram intensamente criticados, e que aos poucos eram corrigidos por meio de inúmeras leis extravagantes. Estas leis foram reunidas na Consolidação das Leis Penais, pelo de Decreto nº 22.213 de 14 de dezembro de 1932. 
Revoga-se a Pena de Morte para crime comum.
 Instalou-se o regime penitenciário de caráter correcional.
Código Penal de 1890 - considerações
Um dos artigos mais interessantes do Código Penal de 1890 é o que faz alusão a tipificar como crime a manipulação de voto, lembrando que uma das características da primeira fase da República, qual seja a República Velha é o voto de cabresto e a ordem do coronel como sinônimo de Política da época – Art. 166 do CP/1890. Solicitar, usando promessas ou ameaças, votos para certa e determinada pessoa, ou para esse fim comprar votos, qualquer que seja a eleição a que se proceda. Penas: de prisão celular – três meses a um ano. Privação dos direitos políticos por dois anos.
O crime de estupro era diferenciado, na aplicação da pena, para àquele que o incorria em mulher honesta do crime de estupro praticado à mulher pública ou prostituta.
O crime de adultério tem o mesmo tratamento dado no Código Criminal de 1830, mantendo a mesma mentalidade da época imperial, pois incorre neste delito a mulher casada que trair o marido e consequentemente a sociedade conjugal; no caso do marido, este somente incorrerá em crime de adultério se estiver mantendo uma outra mulher (vide a expressão popular teúda e manteúda). 
A inimputabilidade prevista no Código Penal de 1890
Art. 27. Não são criminosos:
§ 1º Os menores de 9 annos completos;
§ 2º Os maiores de 9 e menores de 14, que obrarem sem discernimento;
§ 3º Os que por imbecilidade nativa, ou enfraquecimento senil, forem absolutamente incapazes de imputação;
§ 4º Os que se acharem em estado de completa privação de sentidos e de intelligencia no acto de commetter o crime;
§ 5º Os que forem impellidos a commetter o crime por violencia physica irresistivel, ou ameaças acompanhadas de perigo actual;
§ 6º Os que commetterem o crime casualmente, no exercicio ou pratica de qualquer acto licito, feito com attenção ordinaria;
§ 7º Os surdos-mudos de nascimento, que não tiverem recebido educação nem instrucção, salvo provando-se que obraram com discernimento.
A construção da Codificação Civil
O Código já nasceu obsoleto, com traços fortes do patriarcalismo, do individualismo e do patrimonialismo nacionais!
Janeiro de 1916  Código Civil Brasileiro era sancionado pelo presidente Venceslau Brás. O novo código trazia a marca de Rui Barbosa que, desde 1899, acompanhava o trabalho de Clóvis Beviláqua, convidado para redigir o projeto ainda no governo de Campos Sales. Eleito em abril de 1902 relator da Comissão Especial do Senado encarregada de analisar o projeto, Rui elabora um longo e detalhado parecer, em que critica a linguagem e propõe emendas a quase todos os seus mais de 1.800 artigos, estabelecendo uma das maiores polêmicas sobre questões de gramática e estilo travadas no Brasil. A abrangência das contribuições de Rui ao Código Civil acabariam, porém, adiando por mais de dez anos sua entrada em vigor.
Considerações sobre o Código Civil de Bevilacqua
O Código Civil de 1916 reproduzia as concepções predominantes ao final do século XIX e início do século XX, baseadas no individualismo então reinante, especialmente no que se referia ao direito de propriedade e à liberdade de firmar contratos, além do direito de família em total consonância com a concepção patriarcal, refletia, na verdade, o ambiente liberal-conservador que marcava a sociedade brasileira naquele período. 
Assim, no que se refere a alguns dos principais dispositivos do primeiro Código Civil brasileiro, o texto desta codificação manteve-se fiel à tradição liberal-conservadora, perfil que pode ser constatado, por exemplo no Direito de Família:
A partir da manutenção da indissolubilidade do casamento.
Cabia à mulher a função de colaboração do marido no exercício dos encargos da família, cumprido a ela velar por sua direção material e moral.
O casamento do menor de 21 anos necessitava do consentimento de ambos os pais e no caso de haver discordância a respeito da concessão de permissão ao casamento do menor, prevalecia a vontade paterna – Pátrio Poder.
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