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Aula 05 Criminologia e Legislação Específica p/ DEPEN (Agente Penitenciário Federal - Área 3) Professor: Alexandre Herculano Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 50 SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 1 2. Noções de Criminologia e Política Criminal. 2 3. Questões propostas 32 4. Questões comentadas 38 5. Gabarito 50 Olá, meus amigos! Então, hoje, vou abordar os seguintes tópicos do último edital: Noções de Criminologia e Política Criminal. Teorias penais e teorias criminológicas contemporâneas. Noções de Criminologia e Política Criminal A origem da palavra Criminologia, hibridismo greco-latino. Esse vocábulo, a princípio reservado ao estudo do crime, ascendeu à ciência geral da criminalidade, antes denominada Sociologia Criminal ou Antropologia Criminal. Aula 05 - Noções de Criminologia e Política Criminal. Teorias penais e teorias criminológicas contemporâneas. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 50 A criminologia é uma ciência social, filiada à Sociologia, e não uma ciência social independente, desorientada. Em relação ao seu objeto ² a criminalidade ² a criminologia é ciência geral porque cuida dela de um modo geral. Em relação a sua posição, a Criminologia é uma ciência particular, porque, no seio da Sociologia e sob sua égide, trata, particularmente, da criminalidade. É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de atestar uma informação válida e contrastada sobre o gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema individual e social, buscando programas de prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva no homem delinquente conforme os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito. A criminologia é a ciência que estuda: 9 As causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; 9 As manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; 9 A política a opor, assistencialmente, à etiologia da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade, suas manifestações e seus efeitos. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 50 A Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. É a definição de Sutherland. Ciência que como todas as que abordam algum aspecto da criminalidade deve tratar do delito, do delinquente e da pena. Segundo a Unesco, a criminologia se divide em geral (sociológica) e clínica. A criminologia radical busca esclarecer a relação crime/formação econômico-social, tendo como conceitos fundamentais relações de produção e as questões de poder econômico e político. Já a criminologia da reação social é definida como uma atividade intelectual que estuda os processos de criação das normas penais e das normas sociais que estão relacionados com o comportamento desviante. O campo de interesse da criminologia organizacional compreende os fenômenos de formação de leis, o da infração às mesmas e os da reação às violações das leis. A criminologia clínica destina-se ao estudo dos casos particulares com o fim de estabelecer diagnósticos e prognósticos de tratamento, numa identificação entre a delinquência e a doença. Aliás, a própria denominação já nos dá ideia de relação médico- paciente. Antes de continuarmos, vamos a uma questão sobre o assunto: (VUNESP - PCSP - 2014) Para a aproximação e verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 50 conceito A) empírico e interdisciplinar. B) dedutivo e dogmático. C) dedutivo e interdisciplinar. D) dogmático e lógico-abstrato E) empírico e lógico-abstrato. Comentários: A criminologia é uma ciência empírica, uma vez que faz uso da experiência e da observação detida dos fatos sociais; e interdisciplinar, já que relaciona-se com outros ramos científicos que auxiliam na tarefa de estudar os fatos criminosos nos seus pormenores. Gabarito: A O objeto da moderna criminologia é o crime, suas circunstâncias, seu autor, sua vítima e o controle social. Deverá ela orientar a política criminal na prevenção especial e direta dos crimes socialmente relevantes, na intervenção relativa às suas manifestações e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias. Deverá orientar também a Política social na prevenção geral e indireta das ações e omissões que, embora não previstas como crimes, merecem a reprovação máxima. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 50 Dessa forma meus caros, a Criminologia fundamenta o seu 0bjeto no estudo de alguns pontos fundamentais como o delito, o delinquente, a vítima e o controle social. Vejamos: ¾ crime: pode ser entendido como fato típico, antijurídico e culpável. O agente só pode ser condenado por uma conduta que seja perfeitamente adequada a um tipo penal. Essa conduta é chamada de típica. Se não houver correspondência entre o fato praticado e a descrição legal, a conduta será atípica e portanto, não será considerado crime; ¾ deliquente: é a pessoa que infringe a norma penal, sem justificação e de forma reprovável. Aos delinquentes condenados e submetidos a um devido processo legal aplica-se uma sanção criminal, uma pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos, multa) que tem como função prevenir e também a repressão do delito. Tipos de delinquentes mais comuns: 9 ladrão ± aquele que se apropria indevidamente de algo que pertence a outros; 9 assassino ± aquele que tira a vida de outra pessoa, sem estar em situação de legítima defesa; Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 50 9 estuprador ou violador ± aquele que força outra pessoa a manter relação sexual; 9 estelionatário ± aquele que se aproveita da ignorância de uma ou mais pessoas para obter vantagem para si próprio; 9 sequestrador ± aquele que rapta uma pessoa e exige da família um pagamento em troca da libertação dessa. 9 falsário ± aquele que produz dinheiro falso. ¾vítima: a criminologia busca descobrir as consequências da pratica do crime em relação a pessoa da vítima. Vítima é a pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos fundamentais, como consequências de ações ou omissões que violem a legislação penal vigente, nos Estados membros, incluída a que prescreve o abuso de poder. A vítima é entendida como um sujeito capaz de influir significativamente no fato delituoso, em sua estrutura, dinâmica e prevenção. São apontados algumas variáveis que intervêm nos processos de vitimização, como por exemplo a cor, raça, sexo, condição social; Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 50 ¾ controle social: é o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover à obediência dos indivíduos aos modelos e regras comunitárias. Encontra-se dividido em: 1. Controle social formal: polícia, judiciário, administração penitenciária etc.; 2. Controle social informal: família, escola, igreja. Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a origem da delinquência utilizando o método das ciências, o esquema causal e explicativo, ou seja, buscava a causa do efeito produzido. Pensou-se que erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse suficiente fechar as maternidades para o controle da natalidade. Academicamente a criminologia começa com a publicação da obra de Cesare Lombroso chamada de L"Uomo Delinquente, em 1876. Sua tese principal era a do delinquente nato. Já existiram várias tendências causais na criminologia. Baseado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade, baseado em Lombroso, para erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual causa no próprio delinquente e não no meio. Um extremo que procura as causas de toda a criminalidade na sociedade e o outro, organicista, investiga o arquétipo do criminoso nato (um delinquente com determinados traços morfológicos). Isoladamente, tanto as tendências sociológicas quanto às orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento biopsicosocial. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 50 Volta a tomar força os estudos de endocrinologia que associam a agressividade do delinquente à testosterona (hormônio masculino), os estudos de genética ao tentar identificar no genoma humano um possível "gene da criminalidade", juntamente com os transtornos da violência urbana, de guerra, da forme, etc. De qualquer forma, a criminologia transita pelas teorias que buscam analisar o crime, a criminalidade, o criminoso e a vítima. Passa pela sociologia, pela psicopatologia, psicologia, religião, antropologia, política, enfim, a criminologia habita o universo da ação humana. Um dos aspectos da Criminologia são os distúrbios da personalidade. Dentre os mais frequentes desses distúrbios, podemos citar as neuroses, as psicoses, as personalidades psicopáticas e os transtornos da sexualidade ou parafilias. Neuroses são estados mentais da pessoa humana, que a conduzem à ansiedade, a distúrbios emocionais como: medo, raiva, rancor, sentimentos de culpa. Pode-se afirmar que as neuroses são afecções muito difundidas, sem base anatômica conhecida e que, apesar de intimamente ligadas à vida psíquica do paciente, não lhe alteram a personalidade como as psicoses, e consequentemente se acompanham de consciência penosa e frequentemente excessiva do estado mórbido. Nessa perspectiva, de acordo com Newton e Valter Fernandes, podemos citar as neuroses obsessivas, caracterizadas pela constante de obsessões, fobias e tiques Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 50 obsessivos, cujas formas de projeção alinham-se á cleptomania, à piromania, ao impulso ao suicídio e ao homicídio. O termo psicose surgiu para enfatizar as afecções mentais mais graves. As psicoses são conjuntos de doenças caracterizadas por distúrbios emocionais do indivíduo e sua relação com a realidade social, com o convívio em sociedade. Citamos, dentre outras, a paranóica, a maníacodepressiva e a carcerária. Segundo Genival França, "as psicoses paranóicas são transtornos mentais marcados por concepções delirantes permitindo manifestações de autofilia e egocentrismo, conservando-se claros pensamento, vontade e ações". Os paranóicos fantasiam, e nos seus delírios relacionam o seu bem-estar ou a dor com as pessoas que lhes rodeiam, atribuindo a estas a causa de seu estado. Temos por exemplo, a paranóia do ciúme, a de perseguição, a erótica. Seriam paranóicos os assassinos de Abraham Lincon, Gandhi, John Lennon e o que atentou contra a vida do Papa João Paulo II. A psicose maníaco-depressiva, hoje estudada como transtorno bipolar do comportamento, é marcada por crises de excitação psicomotora e estado depressivo. A fase maníaca é caracterizada por hiperatividade motora e psíquica, com agitação e exaltação da afetividade e do humor. O maníaco não permanece quieto, é eufórico. A melancólica ou depressiva caracteriza-se pela inibição ou diminuição das funções psíquicas e motoras. O indivíduo apresenta um quadro Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 50 marcado pela tristeza, pessimismo, sentimento de culpa. As tentativas de suicídio são frequentes nesta fase melancólica. A psicose carcerária é decorrente da privação da liberdade do indivíduo submetido a estabelecimentos carcerários que não dispõem, em sua grande maioria, de condições adequadas de espaço, iluminação e alimentação. A pessoa acometida deste mal manifesta a "síndrome crepuscular de Ganser", apresentando sintomas com as seguintes características: estranhas alterações da conduta motora e verbal do indivíduo que, quando interrogado, encerra-se em impenetrável mutismo ou passa a exibir para respostas, como se estivera acometido de um estado deficitário orgânico, não raro acompanhado de sintomas depressivos ou catatônicos. A personalidade psicopática é caracterizada por uma distorção do caráter do indivíduo. Os indivíduos acometidos por tal personalidade geralmente apresentam o seguinte quadro característico: são inteligentes, amorais, inconstantes, insinceros; faltam-lhes vergonha e remorso; são egocêntricos, inclinados à condutas mórbidas. Citamos como tipos, dentre outros: os explosivos ou epileptóides, os perversos ou amorais, os fanáticos e os mitomaníacos. Os explosivos ou epileptóides são indivíduos que manifestam em seu comportamento a habitualidade de um estado colérico, raivoso, agressivo, tanto verbalmente como fisicamente. Os perversos ou amorais são maldosos, cruéis, destrutivos. Tais característicasrevelam-se precocemente em crianças, nas tendências à Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 50 preguiça, inércia, indocilidade, impulsividade, indiferença, propensos à criminalidade infanto-juvenil. Na fase adulta, o indivíduo possui grau elevado de inteligência, podendo ser observadas mentiras, calúnias, delações, furtos, roubos. Encontram-se no rol dos amorais os incendiários, os vândalos, os "vampiros" e os envenenadores. Os fanáticos tendem a um ânimo constante de euforismo, extrema exaltação daquilo que desejam. Lutam por seus ideais de forma impulsiva, sem limites, sem controle. São capazes de praticar qualquer ato delinquente na busca incessante por seus objetivos. Os mitomaníacos, por sua vez, são acometidos de um desequilíbrio da inteligência no tocante à realidade. São propensos à mentira, à simulação, à fantasia. Conseguem distorcer, de forma quase convincente, a realidade dos fatos, podendo chegar a extremos de delírios e devaneios. O estudo da sexualidade anômala ou transtornos da sexualidade interessa à medicina legal, são distúrbios caracterizados por degeneração psíquica ou por fatores orgânicos glandulares. Citamos como exemplo o sadismo, o masoquismo, a pedofilia, o vampirismo e a necrofilia. O sadismo, também chamado algolagnia ativa, é transtorno sexual em que o indivíduo inflige sofrimentos físicos à parceira para obter o prazer sexual. Já o masoquismo é algolagnia passiva, isto é, o indivíduo só consegue sentir prazer sexual ao sofrer, ao ser humilhado. A pedofilia é parafilia caracterizada pela atração por parceiros sexuais crianças ou adolescentes. O vampirismo é a aberração venérea na qual a Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 50 gratificação é alcançada com o degenerado sugando obsessivamente o sangue de seu parceiro sexual. A necrofilia, por sua vez, trata-se de transtorno caracterizado por prática de relações sexuais com cadáver. Seguindo, e conforme já podemos perceber, a criminologia tem como finalidade transmitir para a sociedade e os poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo todo o contexto do fato criminoso e não apenas o crime em si. Busca-se compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no homem delinquente. A investigação criminológica, enquanto atividade científica, reduz ao máximo a intuição e o subjetivismo, submetendo o problema criminal a uma análise rigorosa, com técnicas empíricas. Dessa forma, verifica-se que a criminologia tem como finalidade uma análise completa, abordando todos os aspectos de um fato criminoso e não apenas o crime em si. Vale ressaltar que a criminologia estuda o crime como fato biopsicossocial e o criminoso em sua integralidade, vida e histórico social, biológico, psicológico, psiquiátrico do indivíduo, e não ficando adstrito ao terreno científico. Vitorino Prata, que reconhecendo a condição de ciência da Criminologia, salienta: ³(PERUD� R� KRPHP� VHMD� R� PHVPR� HP� TXDOTXHU Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 50 parte do mundo, os crimes têm características diferentes em cada continente, devido à cultura, à história própria de cada um. Há, pois, uma criminologia iugoslava, criminologia brasileira, chinesa, enfim, uma criminologia própria de cada raça ou cada nacionalidadH´� Política Criminal Quanto à Política Criminal compreende dois momentos: 9 o primeiro é a montagem de estratégias de prevenção da criminalidade; 9 o segundo, quando a prevenção não alcançou os seus objetivos, é o da repressão racionalmente programada de forma a obter os resultados por ela colimados, que é, através dos métodos aplicados, evitar a reincidência delituosa. Segundo J. Anton Oneca, a Política Criminal é "a crítica das instituições vigentes e preparo de sua reforma, consoantes os ideais jurídicos que se vão formando à medida que o ambiente histórico-cultural sofre modificações". Já, Jimenez de Asúa afirma que a Política Criminal não é uma ciência autônoma, e sim método de trabalho e arte. Ela é uma parte do Direito Penal, como o corolário da dogmática-crítica. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 50 Assim, variando do conceito de ciência, para uns, a apenas uma técnica ou um método de observação e análise crítica do Direito Penal, para outros, parece que política criminal é uma maneira de raciocinar e estudar o Direito Penal, fazendo-o de modo crítico, voltado ao direito posto, expondo seus defeitos, sugerindo reformas e aperfeiçoamentos, bem como com vistas à criação de novos institutos jurídicos que possam satisfazer as finalidades primordiais de controle social desse ramo do ordenamento. A política criminal se dá tanto antes da criação da norma penal como também por ocasião de sua aplicação. Ensina Heleno Fragoso que o nome de política criminal foi dado a importante movimento doutrinário, GHYLGR�D�)UDQ]�YRQ�/LV]W��TXH�WHYH�LQIOXrQFLD�FRPR�³WHQGrQFLD�WpFQLFD��HP� face da luta de escolas penais, que havia no princípio do século XX na Itália e na Alemanha. Essa corrente doutrinária apresentava soluções legislativas que acolhiam as exigências de mais eficiente repressão à FULPLQDOLGDGH�� PDQWHQGR� DV� OLQKDV� EiVLFDV� GR� 'LUHLWR� 3HQDO� FOiVVLFR´�� (� continua o autor, afirmando que o termo passou a ser utilizado pela ONU SDUD�GHQRPLQDU�R�³FULWpULR�RULHQWDGRU�GD legislação, bem como os projetos e programas tendentes a mais ampla prevenção do crime e controle da FULPLQDOLGDGH´�� E para fecharmos esta parte, Sérgio Salomão Shecaira estabelece a diferença entre política criminal e criminologia, dia o autor: que a primeira é ³DTXHOD�LPSOLFD�DV�HVWUDWpJLDV�D�DGRWDUHP-se dentro do Estado no que concerne à criminalidade e a seu controle; já a criminologia Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 50 converte-se, em face da política criminal, em uma ciência de referências, na base material, no substrato teórico dessa estratégia. A política criminal, pois, não pode ser considerada uma ciência igual à criminologia e ao direito penal. É uma disciplina que não tem um método próprio e que está disseminada pelos diversos poderes da União, bem como pelas diferentes esferas de atuação do SUySULR�(VWDGR´. Vejamos uma questão sobre o assunto: (2013 ± MPE-SC ± Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A política criminal do Direito Penal Funcional sustenta, como PRGHUQL]DomR�IXQFLRQDO� QR� FRPEDWH� j� ³FULPLQDOLGDGH� PRGHUQD´�� XPD� mudança semântico-GRJPiWLFD�� WDO� FRPR�� ³SHULJR´� HP� YH]� GH� GDQR�� ³ULVFR´�HP�YH]�GH RIHQVD�HIHWLYD�D�XP�EHP�MXUtGLFR��³DEVWUDWR´�HP vez de FRQFUHWR��³WLSR�DEHUWR´�HP�YH]�GH�IHFKDGR��H�³EHP�MXUtGLFR�FROHWLYR´�HP� vez de individual. Gabarito: C. Teorias penais e teorias criminológicas contemporâneas Pessoal, iniciando esta parte, vamos abordar as principais teorias sociológicas da criminalidade. Uma coisa que você devem saber para a Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 50 prova de vocês é que as teorias criminológicas, em geral, têm como objeto quatro elementos: a lei, o criminoso, o alvo e o lugar. A forma como são classificadas diz respeito aos diversos níveis de explicação, que variam do individual ao contextual. As teorias criminológicas que adotam o nível individual de análise partem do pressuposto de que o crime se deve aos fatores internos aos indivíduos que os motivam. A maioria das teorias criminólogicas mais importantes são explicações relativamente precisas que procuram propor dedutivamente hipóteses claras e consistentes entre si e que possam ser submetidas a propósitos de refutação e superá-los com êxito. A Escola de Chicago se tornou de fundamental importância para o estudo da criminalidade urbana. As teorias estabelecidas por seus seguidores ± sociólogos durante aquele período influenciaram estudos urbanos sobre o crime, mais tarde seriam conduzidos nos Estados Unidos e Inglaterra. Sua atuação foi marcada pelo pragmatismo, e, dentre outras inovações que preconizou, destacam-se o método da observação participante e o conceito de ecologia humana. Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago) ± 1920/1940: Segundo esta teoria, a ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a conformidade com as Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 50 leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência. Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade. A teoria ecológica explica o efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, invocando o debilitamento do controle social desses núcleos. Com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o paradigma até então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, e girou para as influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem ter fenômeno criminal. Ganhou-se qualidade metodológica. Com os estudos da escola de Chicago criou-se também o ambiente cultural para as teorias que se sucederam e que são a feição da moderna criminologia. A Teoria da Associação Diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele exclusividade dessas. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que estava centrado no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão dentro da perspectiva social. O homem aprende a conduta desviada e a associa como referência. Há, em verdade, inúmeras teorias englobadas dentro da terminologia, talhada por Edwin Sutherland, representante mais conhecido dessas teorias e a quem de atribui o nome teoria da associação Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 50 diferencial propriamente dita. Partindo dos preceitos de Chicago, Sutherland notabilizou-se por buscar uma explicação para a criminalidade de colarinho branco. Segundo ele, os conceitos de desorganização social, falta de controle social informal e distribuição ecológica não seriam capazes de explicar a criminalidade dos poderosos, uma vez que estes residiam nas melhores regiões da cidade e não tinham qualquer desadaptação social ou cultural. A transição de modelos econômicos, conclusivamente, poderia indicar uma situação tal que não permitisse ao homem de negócio compreender os limites do ético e do ilícito. De qualquer forma, esse negociante não poderia ser entendido com inadaptado socialmente tampouco como ecologicamente desfavorecido como pretendiam os sociólogos de Chicago. A Teoria da Anomia é uma das mais tradicionais explicações de cunho sociológico acerca da criminalidade é a teoria da Anomia, de Merton (1938). Segundo essa abordagem, a motivação para a delinquência decorreria da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso econômico ou status social. É uma situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e valores. Então as normas são definidas de forma ambígua ou são implementadas de maneira causal e arbitrária. Por exemplo, uma calamidade como a guerra subverte o padrão habitual da vida social e cria uma situação em que torna obscuro as normas que têm aplicação, ou se um sistema é organizado de tal maneira que promove o isolamento e a Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 50 autonomia do indivíduo a ponto das pessoas se identificarem muito mais com seus próprios interesses do que com os do grupo ou da comunidade como um todo. A teoria da anomia não interpreta o crime como uma anomalia. Existem dois autores que falam sobre anomia: Émile Durkheim e Robert Merton. A teoria da anomia insere-se dentro das teorias designadas como funcionalistas. O pensamento funcionalista considera a sociedade como um todo orgânico, que tem uma articulação interna. Sua finalidade é a reprodução através do funcionamento perfeito dos seus vários componentes. Isto pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem os mesmos objetivos, ou seja, que aceitem as regras sociais vigentes e se comportem de forma adequada às mesas. Para Durkheim, a palavra "função" é empregada de duas maneiras diferentes. Designa ora um sistema de movimentos vitais, abstração feita de suas consequências, ora a relação de correspondência que existe entre estes movimentos e alguma necessidades do organismo. Tais acertivas oriundas da análise orgânica do ser humano foram transpostas para as ciências sociais. A "maquina social" deve encontrar meios de autopreservação; toda vez que não encontrar, no entanto, estar-se-á diante de uma disfunção. Em face dessa disfunção, a sociedade deve reagir para que a falha desse sistema seja corrigida e para que se possa voltar ao normal funcionamento da sociedade como um todo. c Agente PenitenciárioFederal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 50 O interessante dessa perspectiva é que o combate à disfunção far- se-á não pelo estudo de suas causas, mas sim pelo exame de suas consequências exteriores. A Teoria da Subcultura Delinquente desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967), esta teoria defende a existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas subculturas, na verdade, valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis, a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo. É uma cultura associada a sistemas sociais e categorias de pessoas. As teorias subculturais sustentam três ideias fundamentais: o caráter pluralista e atomizado da ordem social, a cobertura normativa da conduta desviada e a semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e irregular. A premissa dessas teorias subculturais é, antes de tudo, contrária à imagem monolítica da ordem social que era oferecida pela criminologia tradicional. A Teoria do labelling aproach ou etiquetamento, essa teoria considera que as questões centrais da teoria e da prática criminológicas não se relacionam ao crime e ao delinquente, mas, particularmente, ao sistema de controle adotado pelo Estado no campo preventivo, no campo normativo e na seleção dos meios de reação à criminalidade. No lugar de 9 Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 50 se indagar os motivos pelos quais as pessoas se tornam criminosas, deve- se buscar explicações sobre os motivos pelos quais determinadas pessoas são estigmatizadas como delinquentes, qual a fonte da legitimidade e as consequências da punição imposta a essas pessoas. São os critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle que importam, e não dar primazia aos motivos da delinquência. A tese central dessa corrente pode ser definida, em termos muitos gerais, pela afirmação de que cada um de nós se torna aquilo que os outros veem em nós e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função reprodutora: a pessoa rotulada como delinquente assume, finalmente, o papel que lhe é consignado, comportando-se de acordo com o mesmo. Todo o aparato do sistema penal está preparado para essa rotulação e para o reforço desses papéis. Teoria crítica ou radical, a criminologia radical recusa o estatuto profissional e político da criminologia tradicional, considerada como um operador tecnocrático a serviço do funcionamento mais eficaz da ordem vigente. O criminólogo radical se recusa a assumir esse papel de tecnocrata, desde logo porque considera o problema criminal insolúvel numa sociedade capitalista; depois, e sobretudo, porque a aceitação das tarefas tradicionais é absoluto incompatível com as metas da criminologia radical. Como poderiam os criminólogos propor-se a auxiliar a defesa da sociedade contra o crime, se o seu último propósito é defender o homem contra esse tipo de sociedade. 7 Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 50 Antes de passarmos para as teorias penais, vamos a uma questão para aprendermos mais sobre o tema: (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens, com base na Criminologia. O surgimento das teorias sociológicas em criminologia marca o fim da pesquisa etiológica, própria da escola ou do modelo positivista. Comentários: A Criminologia é a pesquisa da etiologia do delito. Logo não marca o fim. Só para reforçar, a etiologia é a ciência das causas, ou melhor o estudo! Gabarito: E. Entrando, agora, nas teorias penais criminológicas, vamos começar falando sobre a Escola Clássica. A Escola Clássica nasceu entre o final do século XVIII e a metade do século XIX como reação ao totalitarismo do Estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e libertário do Iluminismo. Vivia-VH� R� ³VpFXOR� GDV� OX]HV´� Seus fundamentos tiveram origem nos estudos de Beccaria e foram lapidados e desenvolvidos, principalmente, pelos italianos Francesco 8 Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 50 Carrara, Carmignani, e Rossi. Outros famosos representantes da Escola Clássica foram Mittermaier e Birkmeyer, na Alemanha, Ortolan e Tissot, na França, e F. Pacheco e J. Montes, na Espanha. Todos eles tinham em comum a utilização do método racionalista e lógico e eram, em regra, jusnaturalistas, ou seja, aceitavam que normas absolutas e naturais prevalecessem sobre as normas do direito posto. Basicamente, suas notas fundamentais eram: 9 entendiam o crime como um conceito meramente jurídico, tendo como sustentáculo o direito natural. Para Francesco &DUUDUD�� FULPH� p� ³D� LQIUDomR� GD� OHL� GR� (VWDGR� SURPXOJDGD� para proteger a segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo, moralmente LPSXWiYHO�H�SROLWLFDPHQWH�GDQRVR´� 9 predominava a concepção do livre-arbítrio, isto é, o homem age segundo a sua própria vontade, tem a liberdade de escolha independentemente de motivos alheios (autodeterminação). Logo, por ser possuidor da faculdade de agir, o homem é moralmente responsável pelos seus atos; e 9 por ser responsável, àquele que infringiu a norma penal deve a Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 50 ser imposta uma pena, como forma de retribuição pelo crime cometido. Se, ao contrário, o agente não estava em suas perfeitas condições psíquicas, não pode ser punido. A Escola Clássica havia conseguido enfrentar com êxito as barbáries do Absolutismo, e o respeito do indivíduo como ser humano já despontava nos países civilizados. Entretanto, os ambientes político e filosófico, em meados do século XIX, revelavam grande preocupação com a luta eficiente contra a crescente criminalidade. Manifestava-se a necessidade de defesa da sociedade e os estudos biológicos e sociológicos assumiam relevante importância, principalmente com as doutrinas evolucionistas de Darwin e Lamarck e sociológicas de Comte e Spencer. Nasce, então, a Escola Positiva, também denominada Positivismo Criminológico, despontando os estXGRV� GRV� ³WUrV� PRVTXHWHLURV´� Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Rafael Garofalo. Chamou-se positiva pelo método, e não por aceitar a filosofia do positivismo de Augusto Comte. Cesare Lombroso, médico, representou a fase antropológica da Escola Positiva, a ele se imputa o ensinamentode que o homem não é livre em sua vontade. Ao contrário, sua conduta é determinada por forças inatas. Com ele se iniciou, de forma científica, a aplicação do método experimental no estudo da criminalidade. Também ofereceu à comunidade jurídica a teoria do criminoso nato, predeterminado à prática de infrações penais por características antropológicas, nele presentes de ==c978a== Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 50 modo atávico. Em seguida, acrescentou ao atavismo, como causas do crime, também a loucura moral e a epilepsia larvada e, finalmente, por influência de Ferri, alia às causas antropológicas também os fatores físicos e sociais. Enrico Ferri empunha a bandeira da fase sociológica no Positivismo Criminológico, destacando-se VXDV� REUDV� ³6RFLRORJLD� FULPLQDO´��������H�³3ULQFtSLRV�GH�GLUHLWR�FULPLQDO´�������� Já Rafael Garofalo é a "fortaleza" da fase jurídica da Escola Positiva. Empregou e LPRUWDOL]RX� D� H[SUHVVmR� ³&ULPLQRORJLD´�� WtWXOR� GH� sua principal obra, publicada em 1885, conferindo aspectos estritamente jurídicos ao movimento. Atribui-se a ele o conceito de delito natural, FRPSUHHQGLGR�FRPR�³DomR�SUHMXGLFLDO�H�TXH�IHUH�DR�PHVPR�WHPSR�DOJXQV� desses sentimentos que se convencionou chamar o senso moral de uma DJUHJDomR� KXPDQD´� Influenciado pela teoria da seleção natural, sustentava que os criminosos não assimiláveis deveriam ser eliminados pela deportação ou pela morte. Na Escola Positiva, destacou-se o método experimental, no qual o crime e o criminoso deveriam ser estudados individualmente, inclusive com o auxílio de outras ciências. Ganhou relevo o determinismo, negando-se o livre-arbítrio, haja vista que a responsabilidade penal fundamentava-se na responsabilidade social, no papel que cada ser Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 50 humano desempenhava na coletividade. Quanto ao Correcionalismo Penal, também chamado de Escola Correcionalista, surgiu na Alemanha, em 1839, com a publicação da obra ³&RPHQWDWLR�QD�SRHQD�PDOXP�HVVH�GHEHDW´��GH�.DUO�'DYLG�$XJXVW Röeder, professor da Universidade de Heidelberg. Esse posicionamento surgiu de forma inovadora e revolucionária em relação às tendências da época, submetendo a uma detalhada análise as teorias fundamentais sobre o delito e a pena. Para Röeder, a pena tem a finalidade de corrigir a injusta e perversa vontade do criminoso e, dessa forma, não pode ser fixa e determinada, como na visão da Escola Clássica. Ao contrário, a sanção penal deve ser indeterminada e passível de cessação de sua execução quando se tornar prescindível. Este foi o grande mérito do jurista: ter lançado no Direito Penal a semente da sentença indeterminada. Com efeito, o fim da pena jamais seria a repressão ou a punição, afastando destarte as teorias absolutistas. Também não seria a prevenção geral, mas apenas a prevenção especial. Destaca-se a FpOHEUH� IUDVH� GH� &RQFpSFLRQ� $UHQDO�� ³QmR� Ki� FULPLQRVRV� LQFRUULJtYHLV��H�VLP�LQFRUULJLGRV´��%XVFD-se, assim, a emenda de todos os delinquentes. Curioso anotar que o penalista alemão não ganhou partido em seu país. Contudo, sua teoria disseminou-se pela Europa, principalmente na Espanha, com importantes cultores, destacando-se Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 50 Pedro Dorado Montero, Concepción Arenal, Alfredo Calderón, Giner de los Rios, Romero y Girón e Rafael Salillas. Já o Tecnicismo Jurídico iniciou-se na Itália. Arturo Rocco delimitou o método de estudo do Direito Penal como o positivo, restrito às leis vigentes, dele abstraindo o conteúdo causal-explicativo inerente à antropologia, sociologia e filosofia. O mérito do movimento, atualmente dominante na Itália e abraçado pela maioria das nações, foi excluir do Direito Penal toda carga de investigação filosófica, limitando-o aos ditames legais. Com efeito, o jurista deve valer-se da exegese para concentrar-se no estudo do direito positivo. As preocupações causais explicativas pertencem a outros campos, filosóficos, sociológicos e antropológicos, que se valem do método experimental. Por sua vez, o Direito Penal tem conteúdo dogmático, razão pela qual seu intérprete deve utilizar apenas o método técnico-jurídico, cujo objeto é o estudo da norma jurídica em vigor. Em sua origem, o tecnicismo jurídico, liderado por Arturo Rocco, Vicenzo Manzini, Massari e Delitala, entre outros, todos eles inspirados nos estudos de dogmática jurídico-penal elaborados por Karl Binding, negava a abordagem do livre- arbítrio, bem como a existência do direito natural, sustentando ser a sanção penal mero meio de defesa do Estado contra a periculosidade do agente. Assim, Aníbal Bruno concluiu que o tecnicismo juríGLFR� ³p� XPD� forma de classicismo, grandemente influenciada pela doutrina alemã, VREUHWXGR�GHSRLV�GH�%LQGLQJ´��(QWUHWDQWR, em uma segunda etapa, mais Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 50 moderna, capitaneada por Maggiore, Giuseppe Bettiol, Petrocelli e Giulio Battaglini, o tecnicismo jurídico acabou acolhendo a existência do direito natural, admitindo o livre-arbítrio como fundamento do direito punitivo, voltando a pena a assumir sua índole retributiva. No estudo do Direito Penal, há três ordens de pesquisa e investigação. A primeira delas é a exegese, na opinião de Rocco utilizada sempre de forma restrita e limitada ao aspecto gramatical, ao passo que se deveriam buscar o alcance e a vontade da lei. A segunda é a dogmática, que, responsável pela exposição dos princípios fundamentais do direito positivo, oferece critérios para a integração e criação do Direito pela sistematização dos princípios. Constitui-se na conjunção sistemática das normas jurídicas postas em relações recíprocas, abstraindo conceitos até o mais geral, retornando, em seguida, ao particular. Por último, a terceira ordem de pesquisa e investigação apontada é a crítica, que estuda o Direito como ele deveria ser, buscando a sua construção e apresentando propostas de reforma. Atua em dois âmbitos, quais sejam, direito penal positivo vigente e política criminal, com os contornos da filosofia do Direito. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 50 Para Arturo Rocco, o tecnicismo jurídico seria o equilíbrio resultante do embate entre a lenta evolução da Escola Clássica e a violenta reação da Escola Positiva. O tecnicismo jurídico representou um movimento de restauração metodológica sobre o estudo do Direito Penal. Dessa forma, não constituiu uma nova Escola Penal, haja vista que não se preocupoucom as questões inerentes à etiologia do delito, à natureza da criminalidade e ao fundamento da responsabilidade penal, nem com o conceito acerca da pessoa do delinquente. Para fecharmos esta parte, vou falar um pouco sobre a Defesa Social! A verdadeira ideia de defesa social surgiu no início do século XX, em decorrência dos pensamentos da Escola Positiva do Direito Penal. Ou melhor, não é possível conceber uma teoria da defesa social sem considerar a revolta positivista. Entretanto, a defesa social não se confunde com a doutrina positivista e, como teoria autônoma, não se inclui nos ensinamentos do Positivismo. Em verdade, surge como uma reação anticlássica, reforçada pelas ideias delineadas pelos representantes do Positivismo: Lombroso, Ferri e Garofalo. Era uma doutrina preocupada unicamente com a proteção da sociedade contra o FULPH�� 1HVVH� VHQWLGR�� RV� SRVLWLYLVWDV� IDODP� HP� ³PRYLPHQWR� GD defesa VRFLDO´� Essa função de defesa social deveria ser garantida da forma mais eficaz e integral possível, repudiando a imposição de penas insuficientes, rotineiramente abrandadas pela indulgência dos tribunais. O combate à periculosidade tornara-se a principal finalidade do Direito Penal. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 50 Pessoal, para reforçar mais um pouco, vou abordar, agora, um tópico ligado, também, a criminologia contemporânea, e que pode ser abordado na prova de vocês. Lembrando que na criminologia contemporânea temos o salto qualitativo consubstanciado na passagem de um paradigma baseado na investigação das causas da criminalidade a um paradigma baseado na investigação das condições da criminalização, que se ocupa hoje em dia, fundamentalmente, da análise dos sistemas penais vigentes (natureza, estrutura e funções). Outra coisa, a criminologia contemporânea desenvolvida na base deste paradigma, especialmente a criminologia crítica, tende a transformar-se, assim, de uma teoria da criminalidade em uma teoria crítica e sociológica do sistema penal, conforme estudamos acima. Naquela ideia, ou seja, sobre o tópico a mencionar, é preciso destacar o Bullying! Essa palavra tem sido utilizada para descrever o comportamento agressivo nas instituições de ensino. São agressões físicas, assédios, ofensas, etc. É preciso ressaltar que esse tipo de "criminalidade" não se limita a menores em estabelecimento de ensino. Pode surgir no trabalho, ambiente familiar, etc. Assim, o bullying pode ser praticado de muitas formas. A violência pode ser física, como chutes, socos, empurrões, etc. Os desdobramento dessa prática criminosa variam conforme o caso e a vítima. Algumas pessoas apresentam sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, náuseas, cansaço, tonturas, e tensão muscular que se manifestam de maneira isolada ou múltipla. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 50 Não esqueçam que existe, também, o cyberbulling, que é o bullying praticado na internet. Esta forma de violência apresenta uma peculiaridade que a torna difícil de combater, o anonimato! Pois os bullies se valem de apelidos, nomes de personalidades ou de outras pessoas. Meus amigos (as), hoje, ficaremos por aqui. Como a próxima aula é continuidade dessa, inicio falando sobre mecanismos institucionais de criminalização, ok? Vamos, agora, fazer algumas questões para reforçar o aprendizado. Grande abraço e bons estudos! Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 50 Questões propostas 1) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Contemporaneamente, a criminologia é conceituada como A) uma ciência empírica e social que estuda o criminoso, a pena e o controle social. B) uma ciência empírica e multidisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. C) uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. D) uma ciência jurídica e interdisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. E) uma ciência jurídica e multidisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a pena e a vítima. 2) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Os métodos científicos utilizados pela criminologia são A) métodos experimental e dedutível, como ciência jurídica que são. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 50 B) métodos psicológico e sociológico, como ciências empírica e exata que são. C) métodos físico e individual, como ciências social e dedutível que são. D) métodos físico e biológico, como ciência jurídica que são. E) métodos biológico e sociológico, como ciências empírica e experimental que são. 3) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) O estudo da vitimologia atual, baseada numa tendência política criminal eficiente, privilegia A) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eficiente do poder público. B) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua recuperação. C) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação. D) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributiva da pena. E) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima. 4) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 50 A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. 5) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto afirmar que a Criminologia A) é uma ciência do dever-ser. B) não é uma ciência interdisciplinar. C) não é uma ciência multidisciplinar. D) é uma ciência normativa. E) é uma ciência empírica. 6) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto afirmar que a Criminologia contemporânea tem por objetos A) o delito, o delinquente, a vítima e o controle social. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3)ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 50 B) a tipificação do delito e a cominação da pena. C) apenas o delito, o delinquente e o controle social. D) apenas o delito e o delinquente. E) apenas a vítima e o controle social. 7) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) Entende(m)-se por prevenção primária A) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. B) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. C) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social. D) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia. E) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento. 8) (FCC - 2012 - DPE-PR - Defensor Público) Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade (ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso, funcionalistas ou da integração) ou Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 50 Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas Teorias Consensuais: A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial. B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento. C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente. D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago. E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia. 9) (FCC - 2013 - AL-PB ± Procurador) A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na literatura criminológica, como A) teoria da anomia. B) escola de Chicago. C) teoria da associação diferencial. D) criminologia crítica. E) labelling approach. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 50 10) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile Durkheim no século XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patologia a noção da normalidade do desvio como fenômeno social, podendo ser situada no contexto da guinada sociológica da criminologia, em que se origina uma concepção alternativa às teorias de orientação biológica e caracterológica do delinquente. 11) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método empírico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quantitativo, embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do conteúdo antropológico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade axiológica da ciência. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 50 Questões comentadas 1) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Contemporaneamente, a criminologia é conceituada como A) uma ciência empírica e social que estuda o criminoso, a pena e o controle social. B) uma ciência empírica e multidisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. C) uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. D) uma ciência jurídica e interdisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. E) uma ciência jurídica e multidisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a pena e a vítima. Comentários: Para a Criminologia Científica Moderna, a Criminologia é ciência empírica e interdisciplinar, com informação válida e segura, relacionada ao fenômeno delitivo, entendido sob o prisma individual e de problema social, como também formas de preveni-lo. Portanto, o crime é fenômeno humano, cultural e complexo. Gabarito: C. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 50 2) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Os métodos científicos utilizados pela criminologia são A) métodos experimental e dedutível, como ciência jurídica que são. B) métodos psicológico e sociológico, como ciências empírica e exata que são. C) métodos físico e individual, como ciências social e dedutível que são. D) métodos físico e biológico, como ciência jurídica que são. E) métodos biológico e sociológico, como ciências empírica e experimental que são. Comentários: A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causadas da criminalidade. Gabarito: E. 3) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) O estudo da vitimologia atual, baseada numa tendência política criminal eficiente, privilegia A) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eficiente do poder público. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 50 B) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua recuperação. C) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação. D) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributiva da pena. E) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima. Comentários: A vitimologia está a serviço do restabelecimento da paz social, pois tanto a vítima como a sociedade, em virtude da reparação do dano social provocado, sentem realizadas suas expectativas de reparação, bem como de uma eficaz ressocialização. Gabarito: E. 4) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações.C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 50 D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. Comentários: Vou falara mais sobre isso na próxima aula. Vejamos as três: Prevenção primária: 9 Voltada para as origens do delito, visando neutralizá-lo antes que ocorra; 9 Opera a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos; 9 Reclama prestações sociais e intervenção comunitária; 9 Limitações práticas: falta de vontade política e de conscientização da sociedade. Prevenção secundária: 9 Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública; 9 Atua na exteriorização do conflito; 9 Opera a curto e médio prazo; 9 Dirige-se a setores específicos da sociedade. Prevenção terciária: 9 Destinatário: população carcerária; 9 Caráter punitivo; Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 50 9 Objetivo: evitar a reincidência; 9 Intervenção tardia, parcial e insuficiente. Gabarito: B. 5) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto afirmar que a Criminologia A) é uma ciência do dever-ser. B) não é uma ciência interdisciplinar. C) não é uma ciência multidisciplinar. D) é uma ciência normativa. E) é uma ciência empírica. Comentários: É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo. Gabarito: E. 6) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto afirmar que a Criminologia contemporânea tem por objetos A) o delito, o delinquente, a vítima e o controle social. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 50 B) a tipificação do delito e a cominação da pena. C) apenas o delito, o delinquente e o controle social. D) apenas o delito e o delinquente. E) apenas a vítima e o controle social. Comentários: É uma ciência empírica e interdisciplinar, tem por objetos: o delito, o delinquente, a vítima e o controle social. Gabarito: A. 7) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) Entende(m)-se por prevenção primária A) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. B) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. C) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social. D) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia. E) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento. Comentários: Vejamos, novamente, as três: Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 50 Prevenção primária: 9 Voltada para as origens do delito, visando neutralizá-lo antes que ocorra; 9 Opera a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos; 9 Reclama prestações sociais e intervenção comunitária; 9 Limitações práticas: falta de vontade política e de conscientização da sociedade. Prevenção secundária: 9 Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública; 9 Atua na exteriorização do conflito; 9 Opera a curto e médio prazo; 9 Dirige-se a setores específicos da sociedade. Prevenção terciária: 9 Destinatário: população carcerária; 9 Caráter punitivo; 9 Objetivo: evitar a reincidência; 9 Intervenção tardia, parcial e insuficiente. Gabarito: D. 8) (FCC - 2012 - DPE-PR - Defensor Público) Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade (ou Teorias Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 50 Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso, funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas Teorias Consensuais: A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial. B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento. C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente. D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago. E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia. Comentários: Gabarito: A. São teorias do consenso: Escola de Chigaco; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Subcultural Delinquente. São teorias do conflito: Teorias do Labelling; Teoria Crítica. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 50 9) (FCC - 2013 - AL-PB ± Procurador) A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na literatura criminológica, como A) teoria da anomia. B) escola de Chicago. C) teoria da associação diferencial. D) criminologia crítica. E) labelling approach. Comentários: A Escola de Chicago se tornou de fundamental importância para o estudo da criminalidade urbana. As teorias estabelecidas por seus seguidores ± sociólogos durante aquele período influenciaram estudos urbanos sobre o crime, mais tarde seriam conduzidos nos Estados Unidos e Inglaterra. Gabarito: B. 10) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile Durkheim no século XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 50 como patologia a noção da normalidade do desvio como fenômeno social, podendo ser situada no contexto da guinada sociológicada criminologia, em que se origina uma concepção alternativa às teorias de orientação biológica e caracterológica do delinquente. Comentários: A Teoria da Anomia é uma das mais tradicionais explicações de cunho sociológico acerca da criminalidade é a teoria da Anomia, de Merton (1938). Segundo essa abordagem, a motivação para a delinquência decorreria da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso econômico ou status social. É uma situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e valores. Então as normas são definidas de forma ambígua ou são implementadas de maneira causal e arbitrária. Por exemplo, uma calamidade como a guerra subverte o padrão habitual da vida social e cria uma situação em que torna obscuro as normas que têm aplicação, ou se um sistema é organizado de tal maneira que promove o isolamento e a autonomia do indivíduo a ponto das pessoas se identificarem muito mais com seus próprios interesses do que com os do grupo ou da comunidade como um todo. A teoria da anomia não interpreta o crime como uma anomalia. Existem dois autores que falam sobre anomia: Émile Durkheim e Robert Merton. A teoria da anomia insere-se dentro das teorias designadas como funcionalistas. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 50 O pensamento funcionalista considera a sociedade como um todo orgânico, que tem uma articulação interna. Sua finalidade é a reprodução através do funcionamento perfeito dos seus vários componentes. Isto pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem os mesmos objetivos, ou seja, que aceitem as regras sociais vigentes e se comportem de forma adequada às mesas. Para Durkheim, a palavra "função" é empregada de duas maneiras diferentes. Designa ora um sistema de movimentos vitais, abstração feita de suas consequências, ora a relação de correspondência que existe entre estes movimentos e alguma necessidades do organismo. Gabarito: C. 11) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método empírico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quantitativo, embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do conteúdo antropológico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade axiológica da ciência. Comentários: Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 50 Vamos lembrar os principais pontos sobre o positivismo criminológico: Contesta a escola clássica; Determinismo - para cada fato a razões que determinaram todos os fenômenos do universo, abrangendo a natureza, a sociedade e a historia são subordinadas a lei e as causas necessárias; Responsabilidade social - resultado do simples fato de viver o homem em sociedade. A responsabilidade social deriva do determinismo; Crime como fenômeno natural e social, produto dos fatores físicos, sociais e biológicos; Pena como meio de defesa. (medida de segurança). Visando a recuperação ou a neutralização pelos seus crimes. Lombroso e Ferri, juntamente com Rafael Garofalo, autor de Criminologia, são considerados os fundadores da Escola Positivista. Gabarito: C. Agente Penitenciário Federal ʹ cargo 9 (área 3) ʹ DEPEN Parte Específica - Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 05 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 50 Gabarito 1-C 2-E 3-E 4-B 5-E 6-E 7-D 8-A 9-B 10-C 11-C
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