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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/320826805 Manual de avaliação de riscos na agropecuária – um guia metodológico Book · January 2017 CITATIONS 0 READS 116 2 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Special Issue on "The Political Economy of Land Reform" for IJLTEFS, as main invited guest editor. View project Determinantes da eficiência técnica e econômica da citricultura em propriedades rurais do estado de São Paulo View project Márcio Buainain University of Campinas 99 PUBLICATIONS 298 CITATIONS SEE PROFILE Rodrigo Lanna Franco da Silveira University of Campinas 84 PUBLICATIONS 89 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Rodrigo Lanna Franco da Silveira on 03 November 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. Antônio Márcio Buainain Rodrigo Lanna F. da Silveira MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA UM GUIA METODOLÓGICOUM GUIA METODOLÓGICO Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental - IE/Unicamp A Escola Nacional de Seguros A Escola Nacional de Seguros foi fundada em 1971, com a missão de desenvolver o mercado de seguros através da geração e difusão de conhecimento e da capacitação de profissionais. A princípio com um ensino voltado para a parte técnica, a Escola elaborou o curso para formação e habilitação de corretores de seguros – o mais requisitado entre os oferecidos pela instituição –, além de outros programas educacionais, como palestras, workshops, seminários e apoio à pesquisa. Com a crescente demanda por qualificação de nível superior, em 2005, a Escola foi autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) a ministrar, no Rio de Janeiro, a gradua- ção em Administração de Empresas com Linha de Formação em Seguros e Previdência, a primeira do Brasil com tais características. Desde 2009, o curso também é oferecido em São Paulo. Em menos de uma década, a graduação em Administração de Empresas se tornou referência nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com base nos resultados do Índice Geral de Cursos (IGC), medido pelo Inep/MEC. Por sua excelência na área de administração, seguros e previdência, a Escola Nacional de Seguros fundou, em 2014, o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), que atua nas áreas de Pesquisa, Bolsas de Estudos, Publicações e Seminários. O CPES é membro do Research Network do IIS – International Insurance Society. O IIS tem a missão de modelar o futuro da indústria global de seguros através do diálogo aberto sobre os desafios, avanços e interações de mercados de seguro dos países associados. A Escola Nacional de Seguros tem sede no Rio de Janeiro, conta com outras 12 unida- des, está presente em mais de 80 cidades de todo o país, através de parcerias. Atende a mais de 50 mil alunos e participantes por ano, por meio de aulas e eventos presenciais e também a distância. Consegue, assim, manter e expandir o elevado padrão de qualidade que é sua marca, bem como ratificar sua condição de maior e melhor escola de seguros do Brasil. ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS www.funenseg.org.br 9 788570 526212 ISBN 857052621-2 M AN UAL DE AVALIAÇÃO DE RISCO S N A AGRO PECUÁRIA Antônio M árcio Buainain // Rodrigo Lanna F. da Silveira Rua Senador Dantas, 74 - Térreo, 2ª Sobreloja, 3°, 4° e 14° andares Centro - Rio de Janeiro - CEP: 20031-205 Central de atendimento: 0800 025 3322 www.funenseg.org.br Antônio Márcio Buainain Rodrigo Lanna F. da Silveira MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA UM GUIA METODOLÓGICOUM GUIA METODOLÓGICO Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental - IE/Unicamp A Escola Nacional de Seguros A Escola Nacional de Seguros foi fundada em 1971, com a missão de desenvolver o mercado de seguros através da geração e difusão de conhecimento e da capacitação de profissionais. A princípio com um ensino voltado para a parte técnica, a Escola elaborou o curso para formação e habilitação de corretores de seguros – o mais requisitado entre os oferecidos pela instituição –, além de outros programas educacionais, como palestras, workshops, seminários e apoio à pesquisa. Com a crescente demanda por qualificação de nível superior, em 2005, a Escola foi autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) a ministrar, no Rio de Janeiro, a gradua- ção em Administração de Empresas com Linha de Formação em Seguros e Previdência, a primeira do Brasil com tais características. Desde 2009, o curso também é oferecido em São Paulo. Em menos de uma década, a graduação em Administração de Empresas se tornou referência nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com base nos resultados do Índice Geral de Cursos (IGC), medido pelo Inep/MEC. Por sua excelência na área de administração, seguros e previdência, a Escola Nacional de Seguros fundou, em 2014, o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), que atua nas áreas de Pesquisa, Bolsas de Estudos, Publicações e Seminários. O CPES é membro do Research Network do IIS – International Insurance Society. O IIS tem a missão de modelar o futuro da indústria global de seguros através do diálogo aberto sobre os desafios, avanços e interações de mercados de seguro dos países associados. A Escola Nacional de Seguros tem sede no Rio de Janeiro, conta com outras 12 unida- des, está presente em mais de 80 cidades de todo o país, através de parcerias. Atende a mais de 50 mil alunos e participantes por ano, por meio de aulas e eventos presenciais e também a distância. Consegue, assim, manter e expandir o elevado padrão de qualidade que é sua marca, bem como ratificar sua condição de maior e melhor escola de seguros do Brasil. ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS www.funenseg.org.br 9 788570 526212 ISBN 857052621-2 M AN UAL DE AVALIAÇÃO DE RISCO S N A AGRO PECUÁRIA Antônio M árcio Buainain // Rodrigo Lanna F. da Silveira Rua Senador Dantas, 74 - Térreo, 2ª Sobreloja, 3°, 4° e 14° andares Centro - Rio de Janeiro - CEP: 20031-205 Central de atendimento: 0800 025 3322 www.funenseg.org.br 3 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA UM GUIA MEtODOLóGICO 4 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA MISTO Papel produzido a partir de fontes responsáveis FSC© C075527 5 © Funenseg. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros, sem autorização por escrito da Fundação Escola Nacional de Seguros – Funenseg. 1ª edição: Março, 2017 Fundação Escola Nacional de Seguros – Funenseg Rua Senador Dantas, 74 – térreo, 2º, 3º, 4º e 14º andares CEP 20031-205 – Rio de Janeiro/RJ – Brasil tels.: (21) 3380-1000 Internet: www.funenseg.org.br E-mail: faleconosco@funenseg.org.br Coordenação editorial Centro de Pesquisa e Economia do Seguro / Grupo Banco Mundial Edição | Claudio R. Contador Produção gráfica | Christiane Sonoki Projeto gráfico, capa e diagramação | JLS Comunicação Revisão | Claudio R. Contador Virginia thomé – CRB-7/3242 Responsável pela elaboração da ficha catalográfica B93m Buainain, Antônio Márcio Manual de avaliação de riscos na agropecuária : um guia metodológico / Antônio Márcio Buainain e Rodrigo Lanna Franco da Silveira. – Rio de Janeiro : ENS-CPES, 2017. 133 p. ; 21 cm O presente livro foi resultado de parceria do Grupo Banco Mundial com CPES-ENS, para produção do trabalho. Os autores são professores do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisadores do Núcleo de Economia Agrícola e do Meio Ambiente – NEA, do IE/Unicamp. ISBN nº 978-85-7052-621-2. 1. Seguro agrícola – Gestão de risco – Brasil. 2. Agronegócio – Gestãode risco – Brasil. 3. Agropecuária – Gestão de risco – Brasil. 4. Agricultura – Gestão de risco – Brasil. I. Silveira, Rodrigo Lanna Franco da. II. título. 0017-1824 CDU 631.55:368(81) – Diego Arias Carballo, Pablo Valdivia e Wanessa Matos, do Banco Mundial, pelo apoio técnico, e ao Banco Mundial, pelo apoio financeiro aos estudos sobre risco na agricultura brasileira; – Pedro Abel Vieira, da Embrapa, e Pedro Loyola, da FAEP, pelos comentários a versões preliminares e pela cessão de materiais utilizados no Guia; – Paulo Meneses, do MAPA, pelo apoio ao projeto MAPA/ EMBRAPA/Banco Mundial, para o qual o Guia foi preparado; – todos os participantes do curso organizado pelo MAPA/ EMBRAPA/Banco Mundial, que tiveram paciência em nos acompanhar durante 20 horas, comentaram o material pre- liminar e deram sugestões para o aprimoramento. AGRADECIMENTOS 8 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA 9 A agricultura tem sido caracterizada como uma ilha cercada e coberta de riscos. Em que pese todo o progresso tecnológico, as atividades agrícolas mantêm forte dependência da natureza e os resultados estão sujeitos a variações climáticas, brotes de pragas, enfermidades e ocorrência de outros fenômenos naturais, desde terremotos até ciclones. Esta mesma dependência introduz certa rigidez em seu processo produtivo, que tem efeitos sobre a dinâmica e riscos econômicos e financeiros. É mais difícil, senão impossível, ajustar o nível de produção às flutuações da demanda durante o período da safra; tampouco é viável acelerar, por meio de um terceiro turno, o processo produtivo para aproveitar uma boa fase do mercado. também não é possível deixar as plantas ociosas, ou demitir árvores, como se faz com as máquinas e os funcionários em uma indús- tria em períodos de baixa do mercado. Ao contrário de diminuir, os riscos que envolvem a agricultura têm au- mentado. De um lado, a agricultura é hoje uma atividade intensiva em capital, inserida em cadeias de valor complexas, envolvendo uma exten- sa rede de fabricantes e prestadores de serviços, um grande número de pessoas e um percentual do PIB muitas vezes superior ao valor agregado gerado no setor primário estrito senso. Uma frustração de safra devido a evento climático adverso tem efeitos sistêmicos que, em geral, vão mui- to além do produtor rural e de sua comunidade imediata. Em especial porque os eventos têm uma natureza catastrófica, atingem simultanea- mente vários produtores na mesma localidade, potencializando o impac- to negativo. De outro lado, observa-se, no período recente, uma maior instabilidade do clima e dos fenômenos naturais, com ocorrência mais frequente de fenômenos extremos, com maior potencial para causar da- nos econômicos e sociais. Finalmente, os mercados agropecuários têm APRESENTAÇÃO 10 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA apresentado maiores flutuações de preços em decorrência da própria ins- tabilidade da economia global, existindo também impactos decorrentes de um quadro de financeirização que influencia a dinâmica de formação de preços agropecuários. Neste contexto, os mecanismos de gestão de risco vêm ganhando grande importância nos países desenvolvidos, em muitos casos substituindo a utilização de instrumentos tradicionais como o crédito subvencionado e as reservas de mercado, de resto proibidas para os membros da OMC. Soma-se ao quadro acima exposto o fato dos diferentes tipos de riscos inerentes às atividades agropecuárias - associados à produção, preços, crédito, operações, ambiente institucional, entre outros - possuir, em ge- ral, conexões, o que reforça ou atenua seus efeitos. Assim, diante de um quadro caracterizado pela intersecção de diferentes fontes de riscos, com a presença de múltiplos agentes, coloca-se como fundamental uma abordagem integrada e holística. Identificar quais os riscos de certa área, quantificar o potencial de perda, avaliar os instrumentos de gerencia- mento, selecionar a alternativa de gestão e realizar o monitoramento da operação são etapas necessárias para chegar a soluções que garantam o maior retorno da intervenção, levando-se em conta o grau de vulnera- bilidade dos stakeholders, o potencial de transmissão do risco ao longo da cadeia produtiva e a disponibilidade dos recursos para a execução de tais ações. A partir de tais etapas e análises, possibilita-se a priorização de ações e a orientação de estratégias de gestão. A publicação deste manual é fruto de uma colaboração entre o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Se- guros, Núcleo de Economia Agrícola e Meio Ambiente (NEA), vinculado ao Instituto de Economia da Unicamp, e o Grupo Banco Mundial. Prepa- rado originalmente no contexto de projeto conjunto do Banco Mundial, Embrapa e Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento para difundir e aprimorar os mecanismos de gestão integrado de risco na agropecuária no Brasil, o manual introduz ferramentas e enfoques para a análise dos principais tipos de risco a que a atividade agropecuária (primária) está exposta, e informações sobre os instrumentos de gestão de risco disponíveis e em uso no Brasil. Utilizando uma visão holística sobre os riscos na agropecuária, propõe uma abordagem integrada para 11 as decisões relacionadas ao risco, que inclui medidas para prevenir o evento adverso, mitigar o impacto potencial de tal evento e/ou enfren- tar os efeitos negativos decorrentes da ocorrência de fatores adversos, associados à natureza ou ao funcionamento da economia. trata-se de um guia introdutório, que apresenta informações históricas básicas para contextualizar a agricultura brasileira e mundial de hoje, e os instrumen- tos analíticos necessários para identificação, mensuração e gestão de tais riscos em diferentes cenários. O público-alvo deste manual inclui produtores rurais, técnicos, pesquisa- dores, servidores públicos, estudantes e empresários ligados ao agrone- gócio, entre outros agentes que tenham interesse ou atuem em ativida- des associadas à atividade agropecuária. Prezados Colegas, É indiscutível o relevante papel do agronegócio para a sociedade brasilei- ra. O setor movimenta mais de 70 bilhões de dólares em exportações, o que representa cerca de 46% do total das exportações do País e, assim, contribui sobremaneira para o superávit da balança comercial brasileira. Os números da participação do setor são tão expressivos que cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e 33% dos empregos têm origem no setor de agronegócio. Essa importância vai além, haja vista a demanda crescente de alimentos no mundo. Um exemplo prático é que no ano de 2050 a população mun- dial totalizará 9,5 bilhões de habitantes, ou seja, aproximadamente 35% maior quando comparada aos dias de hoje. Paralelamente, a produção agropecuária deverá se elevar em 80%, abrindo caminhos para que o Brasil se torne o maior produtor e exportador de alimentos do mundo. Atualmente, o País é o segundo maior exportador de alimentos, porém, as projeções já o colocam em primeiro lugar para o próximo decênio. Em meio ao dinamismo inerente à produção agropecuária é impossível desconsiderar a competividade e os desafios cada vez mais complexos, os quais exigem competência e profissionalismo para o aporte devido de melhorias nos sistemas produtivos. Além disso, promover a integração das cadeias de valor, a inclusão de pequenos e médios produtores, e o estabelecimento de políticas públicas eficientes são ações preponderan- tes e que necessitam de ferramentas adequadas para o retorno desejado. O Brasil perde em média anualmente mais de R$ 11 bilhões devido aos riscos extremos, o que corresponde a 1% do PIB Agrícola. As ameaças PREFÁCIO 14 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NAAGROPECUÁRIA são em parte bem conhecidas e permitem identificar as oportunidades e as ações necessárias para mitigá-las, respondê-las ou transferi-las. A gestão dos riscos agropecuários se apresenta como ferramenta urgente e sua adoção possibilita o aumento da eficiência das políticas e dos programas públicos e, simultaneamente, o planejamento e a integração das mais diversas ações voltadas, prioritariamente, para a estabilidade da renda do produtor. É certo que muito já existe quando nos propomos a identificar os esforços para a redução dos riscos nas atividades agropecuárias, mas também é certo que muito há que ser feito ainda. Este Manual é uma dessas coisas que servem como a base para criar um conhecimento no setor público e privado sobre o que são os diferentes riscos que enfrenta o setor, como avalia-los e quais são as diferentes estratégias e ferramentas disponíveis para geri-los e reduzir perdas. Sem este conhecimento básico sobre a gestão integrada de riscos agropecuários por parte dos principais atores do setor pode transformar os avanços até o momento alcançados pelo agronegócio em prejuízos incalculáveis para a sustentabilidade do setor e, consequentemente, do País. Martin Raiser, Diretor do Banco Mundial no Brasil 15 Não obstante a importância do agronegócio para a economia brasileira na criação de empregos qualificados – em cada 3 pessoas empregadas uma está no agronegócio –, na geração de divisas com exportações, nos efeitos diretos e indiretos em outros setores e na arrecadação de impostos, e na tranquilidade que propicia na oferta de alimentos, permanece uma grande lacuna a ser preenchida pelo seguro privado na gestão de risco e na mitigação de danos. O agronegócio se tornou um dos pilares da atividade econômica no Brasil moderno e globalizado. É o nosso soft power, do qual devemos nos orgulhar e usar como exemplo para outros países. Este Manual tem um papel importante na descrição e avaliação dos riscos a que o agronegócio está sujeito – não apenas no Brasil, pois os problemas se repetem em outros países e regiões – e como o seguro pode ser inserido e acoplado em medidas preventivas e de mitigação de danos. O CPES – Centro de Pesquisa e Economia do Seguro, da Escola Nacional de Seguros, tem o prazer e sente-se prestigiado em oferecer aos analistas e estudiosos do mercado de seguros e das instituições, publicas e priva- das, um texto que tem condições de se tornar um clássico. Prof. Claudio R. Contador, Ph.D. Centro de Pesquisa e Economia do Seguro PREFÁCIO 16 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA 17 1. Contexto no qual se inseRe a agRoPeCuÁRia ............ 21 Posição da agropecuária na economia nacional ........................ 21 Especificidades da agricultura e o risco ................................... 23 O contexto atual ................................................................... 24 2. ConCeitos De RisCos aPliCaDos à agRoPeCuÁRia ....... 27 Como definir o risco? ............................................................. 28 As classificações dos riscos .................................................... 29 Exercícios ............................................................................ 40 3. anÁlise integRaDa Dos RisCos: visão global ............. 41 Avaliação do risco ................................................................. 43 Análise das soluções ............................................................. 43 Operacionalização, implantação e monitoramento..................... 43 Realizando um inventário das informações sobre riscos agropecuários ....................................................................... 44 4. iDentifiCação Dos RisCos .............................................. 47 tendência, restrição e risco: exemplos para análise ................... 48 Categorização e mensuração dos fatores de risco ...................... 49 Exercícios ............................................................................ 54 5. gestão integRaDa Dos RisCos: anÁlise Das soluções .................................................... 55 Identificação do risco e estratégia de gerenciamento ................. 56 Classificação das estratégias de gerenciamento do risco ............ 58 Aplicação da metodologia de análise integrada de riscos: O caso do Paraguai ............................................................... 63 Exercícios ............................................................................ 66 SUMÁRIO 6. RisCo De PRoDução: MensuRação e MeCanisMos De gestão .................................................. 67 Mudança climática e risco de produção ................................... 67 Como quantificar o risco de produção? .................................... 68 Quais os instrumentos para gerenciar o risco de produção? ........ 71 Exercício .............................................................................. 78 7. RisCo De PReço: MensuRação e MeCanisMos De gestão .................................................. 79 Como quantificar o risco de preço? ......................................... 80 Quais os instrumentos para gerenciar o risco de preço? ............. 85 Mercado a termo: definição e exemplo de operação .................. 86 Mercado futuro: definição e exemplo de operação ..................... 88 Mercado de opções: definição e exemplo de operação ............... 90 Mercado de swap: definição ................................................... 91 Mudanças na gestão de riscos nas cooperativas de produtores em Honduras ....................................................................... 92 Exercícios ............................................................................ 94 8. RisCo De CRéDito e De liquiDez ..................................... 95 Classificações do risco de crédito ............................................ 96 Um foco no risco de liquidez .................................................. 99 Crédito agrícola no Brasil: um breve cenário............................. 99 Exercícios ............................................................................ 103 9. RisCo oPeRaCional e MeCanisMos De gestão ............. 105 Quais os instrumentos para gerenciar o risco operacional? ......... 107 10. RisCo De aMbiente instituCional / De negóCios ........ 109 11. aPResentação DiDÁtiCa De MeCanisMos De gestão De RisCo utilizaDos no bRasil e eM outRos Países ... 111 Colômbia: desenvolvimento de capacidade de sistemas sanitários e fitossanitários (SSF) como estratégia para a redução do risco sanitário na pecuária ..................................... 111 México: Fundo para Contingência Climática destinado aos pequenos agricultores (CADENA) ............................................ 113 Mongólia: Programa de Seguro Baseado em Índice de Criação de Gado (IBLIP) .................................................................... 117 México: Suporte para Contratação Futura (com contratos a termo) e hedging de preços ................................................. 119 12. RefeRÊnCias .................................................................... 127 13. gabaRitos Dos exeRCíCios ............................................. 131 ínDiCe De gRÁfiCos gráfico 1. Evolução do PIB do agronegócio no Brasil entre 1995 e 2015 .... 21 gráfico 2. Evolução das exportações do agronegócio no Brasil entre 1997 e 2015 ............................................................... 22 gráfico 3. Produção mundial (milhões de sacas 60 kg) e preços do café na Bolsa de Nova Iorque (1901 a 2012) .................................. 50 gráfico 4. Evolução do rendimento por hectare do milho (safra inverno) no Mato Grosso entre 1991 e 2016 ........................................ 70 gráfico 5. Evoluçãoda volatilidade dos mercados de café e milho entre jul/05 e mai/16. .................................................................... 82 ínDiCe De figuRas figura 1. Método proposto pelo Banco Mundial para gestão integrada do risco nas atividades agropecuárias ....................................... 42 figura 2. Etapas no processo de identificação dos riscos .......................... 47 figura 3. Análise da severidade das perdas financeiras por tipo de commodity e evento. .............................................................. 52 figura 4. Método holístico para análise da gestão do risco nas atividades agropecuárias ........................................................................ 56 figura 5. Diferentes níveis de risco e estratégias de gerenciamento............ 57 figura 6. Estratégias de gestão de risco conforme a severidade do impacto da ocorrência do evento ............................................. 58 figura 7. Riscos, instrumentos, estratégias e stakeholders ....................... 59 figura 8. Projeções do clima por região no ano 2100. ............................. 68 figura 9. Formas de financiamento de um negócio .................................. 97 ínDiCe De quaDRos quadro 1. tipologia dos riscos agropecuários no Brasil. ........................... 30 quadro 2. tipos de riscos presentes na atividade agropecuária a partir dos agentes envolvidos. ........................................................ 32 quadro 3. Principais categorias de riscos enfrentados pelas cadeias de suprimento da agricultura ................................................. 35 quadro 4: Dados e informações para análise de risco .............................. 45 quadro 5. Exemplo de método para avaliação do grau de severidade de um evento de risco. .............................................................. 51 quadro 6. Exemplo de análise dos fatores de risco conforme probabilidade do evento e nível da perda financeira ...................................... 51 quadro 7. Exemplos de ranking de prioridades em relação aos tipos de evento. ................................................................... 53 quadro 8. Ferramentas de gestão de risco, conforme nível institucional e grupos de estratégia. .......................................................... 62 quadro 9. Frequência e impacto dos riscos - Paraguai ............................. 64 quadro 10. Estratégia de gestão de risco - Paraguai .................................. 65 quadro 11. Características dos programas brasileiros de seguro de produção . 74 quadro 12. Componentes de Subsídio, Programa AxC, ASERCA ................. 123 quadro 13. Benefícios e desafios do programa mexicano de suporte de preços ................................................................. 125 ínDiCe De tabelas tabela 1. Perda de produção e monetária nos eventos de quebra de produtividade no estado do Mato Grosso entre 1991 e 2016 .... 70 tabela 2. Variação acumulada real de índices de preço relativos às commodities agrícolas entre as décadas de 1960 e 2010. ....... 80 22 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA 21 A atividade agropecuária é um setor estratégico para a economia e a sociedade brasileira. Em 2015, tal atividade foi responsável por aproxi- madamente 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 39% das ex- portações, e pela ocupação de 16 milhões de pessoas. Está na base do chamado agronegócio, o qual, no mesmo ano, gerou aproximadamente 21% do PIB (Gráfico 1), respondeu por 46% das exportações brasileiras (Gráfico 2) e empregou aproximadamente 40% da população econômica ativa do país. CONTExTO NO qUAl SE INSERE A AGROPECUÁRIA1 POSIÇÃO DA AGROPECUÁRIA NA ECONOMIA NACIONAl fonte: CEPEA/ESALQ/USP (2016) gráfico 1. evolução do Pib do agronegócio no brasil entre 1995 e 2015 22 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA tais dados revelam o papel e a contribuição da agropecuária para a eco- nomia nacional, regional ou local. Esses indicadores permitem prever o que está em jogo e as perdas potenciais associadas a eventos adversos que comprometem o desempenho do setor. Para se ter uma ideia das possíveis perdas geradas, um estudo da FAO (2015) mostrou, a partir de 78 avaliações das necessidades pós-catástrofe em 48 países em desenvolvimento, que 25% dos danos advindos de desastres naturais ocorridos entre 2003 e 2013 recaíram sobre a agropecuária, levando a US$70 bilhões de prejuízo nessas atividades. Estima-se que 44% destas perdas foram causadas por seca e 39% por enchentes. No Bra- sil, uma análise do Banco Mundial et al. (2015) evidenciou uma perda anual próxima a R$11 bilhões (1% do PIB Agrícola) devido a eventos extremos. fonte: MAPA (2016) também é relevante entender os fatores macroeconômicos que afetam o desempenho da agricultura, dentre os quais se destacam: a trajetória e conjuntura da economia nacional e mundial; a política econômica, em gráfico 2. evolução das exportações do agronegócio no brasil entre 1997 e 2015 23 particular a política cambial e fiscal; o contexto político e institucional; a situação fiscal e os indicadores sociais, especialmente os do meio rural. Deve-se ter claro que o desempenho econômico e social da agricultura é determinado pela combinação do conjunto de fatores indicados e do conjunto de riscos que têm impacto significativo sobre os resultados do setor. Eventos climáticos, por exemplo, podem determinar perdas rele- vantes na produção, nas exportações e na ocupação (direta e indireta), além de maior volatilidade na produção e renda dos produtores, elevação de preços para os consumidores e insegurança alimentar. ESPECIFICIDADES DA AGRICUlTURA E O RISCO Dependência da natureza. A atividade agrícola é fortemente marcada por uma especificidade que a diferencia da produção industrial e do setor de serviços: a forte dependência da natureza, seja da terra – cuja oferta é relativamente rígida – seja do clima e dos processos biológicos, os quais, por serem extremamente dinâmicos, em conjunto desempenham um papel ativo na organização, processo de produção e resultados da agricultura. Em particular, essas características implicam: (i) uma maior rigidez do processo produtivo, tendo como consequência menor flexibi- lidade para ajustar-se aos ciclos da economia e às mudanças nas con- junturas dos mercados relevantes; (ii) sazonalidade da produção, a qual ainda hoje, em muitos ramos, é inteiramente determinada pela natureza; (iii) a dependência de processos biológicos que são responsáveis diretos pelas operações mais importantes do processo produtivo. Riscos. Esta dependência se reflete nos riscos que cercam a atividade da agricultura, que tendem a ser maiores do que o do conjunto das demais atividades. A produção fica exposta às chuvas e à falta delas, ao frio e ao calor, ao ataque de pragas; tem maior dificuldade para responder rapidamente às conjunturas favoráveis do mercado, ou para se ajustar às negativas; incorre em custos adicionais para lidar com a sazonalidade da produção, levando, em muitas ocasiões, a um descasamento entre os fluxos de despesas e receitas. Por isto, a agricultura é uma ilha em um mar de riscos. 1. CONtExtO NO QUAL SE INSERE A AGROPECUÁRIA 24 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA O CONTExTO ATUAl atividade intensiva em capital. No passado, a agricultura era uma ati- vidade intensiva em terra e trabalho, fatores que eram abundantes e baratos. Os maiores riscos eram associados ao clima e às flutuações dos mercados, cujos impactos econômicos eram suavizados pela baixa imo- bilização de capital, pelo baixo custo de produção e pelas relações inter- setoriais relativamente débeis. A agricultura moderna e contemporânea se caracteriza pelo uso intensivo do capital, em todasas suas modalida- des: o capital fixo, capital fundiário – resultado da transformação da terra por investimentos e aplicação de tecnologia –, capital ambiental, capital humano, capital circulante e capital financeiro. A utilização intensiva de capital implica, por si só, em riscos mais elevados, uma vez que o custo de eventos adversos é maior. Relações intersetoriais complexas e efeitos em cadeia. A atividade agropecuária caracteriza-se, também, pela intensificação das relações a jusante e a montante, como parte de uma cadeia produtiva bem mais ampla, que envolve indústrias e serviços e mobiliza um número mui- to maior de pessoas do que as diretamente empregadas na produção DaDos e leituRas CoMPleMentaRes Informações a respeito da importância da agricultura para o País podem ser acessadas a partir de diversas fontes, entre as quais: • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): www.mapa.gov.br • Ipeadata: www.ipeadata.gov.br • Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB): www.conab.gov.br • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br • Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário: www.mda.gov.br • Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Esalq/USP): cepea.esalq.usp.br/pib 25 De forma a aprofundar as análises a respeito do contexto atual da agricul- tura, suas relações intersetoriais e sua nova dinâmica, acesse os seguintes estudos: ZYLBERSZtAJN, D. Coordenação e Governança de Sistemas Agroin- dustriais. In: Antônio Márcio Buainain; Eliseu Alves; José Maria da Silveira; Zander Navarro. (Org.). o mundo rural no brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrícola e agrário. 1ª ed. Brasí- lia, 2014. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publica- coes/-/publicacao/994073/o-mundo-rural-no-brasil-do-seculo-21-a- formacao-de-um-novo-padrao-agrario-e-agricola SAES, M. S. M.; SILVEIRA, R. L. F. Novas formas de organização das cadeias agrícolas brasileiras: tendências recentes. In: Antônio M. Buainain; Eliseu Alves; José M. da Silveira; Zander Navarro (Org.). o mundo rural no brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrícola e agrário.. 1ª ed. Brasília: Embrapa, 2014. JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS, C. Rapid agricultural supply Chain Risk assessment: a conceptual framework. World Bank, 2008. Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/INtCOMRISMAN/ Resources/RapidAgriculturalSupplyChainRiskAssessmentConceptual- Framework.pdf primária. Isto significa que eventos adversos, em geral, propagam-se para os demais setores da economia, potencializando e multiplicando os impactos que incidem diretamente sobre a agricultura. Ainda que este manual tenha como foco o risco na atividade primária, é preciso levar em conta as implicações de eventos adversos na agricultura sobre as cadeias produtivas, tanto em termos organizacionais, de governança, custos, efi- ciência como de competividade em geral. uma nova ordem global e institucional. A agricultura está inserida em uma nova ordem global, que condiciona sua dinâmica, desempenho e interfere nos riscos em geral. Destacam-se, em particular, alguns fatores: (i) o ambiente criado pelo multilateralismo e o peso crescente das regras fixadas em acordos internacionais e na legislação nacional; 1. CONtExtO NO QUAL SE INSERE A AGROPECUÁRIA 26 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA (ii) controles e regras regulando os principais aspectos que envol- vem toda a cadeia do agronegócio, desde o ambiente, segurança alimentar, saúde, relações de trabalho, comércio e propriedade intelectual; (iii) mudanças climáticas globais, com aumento de eventos extremos; (iv) pressões sociais com suficiente força para impor regras, atitudes, legitimar ou refutar opções tecnológicas e etc.; (v) valorização do consumidor como stakeholder central da cadeia de valor do agronegócio. Este novo ambiente interfere diretamente nos riscos agropecuários, em particular nos riscos institucionais, tecnológicos e de produção. 27 CONCEITOS DE RISCOS APlICADOS à AGROPECUÁRIA2 o agricultor busca o lucro. A atividade agropecuária, à semelhança de outros processos produtivos, orienta-se pelo objetivo geral de gerar lucro, o que pode ser alcançado mediante várias estratégias que envolvem dife- rentes combinações de atividades produtivas, horizontes temporais, tec- nologia etc.. Ainda que seja uma simplificação, pode-se de fato considerar que, na esfera produtiva, os agricultores buscam o máximo rendimento dos fatores de produção ao menor custo associado, e na esfera comer- cial buscam a obtenção do maior preço de venda do produto. O objetivo consiste, portanto, em maximizar receita e minimizar custo, perseguindo, assim, o máximo lucro. Este objetivo, socialmente determinado e condicio- nado pelos fatores institucionais arrolados, não exclui outros objetivos que os produtores possam ter, como, por exemplo, a segurança alimentar da família, e que também interferem em suas decisões e opções. a gestão de risco é intrínseca à atividade agropecuária. Dados os re- cursos disponíveis e as variáveis do contexto, os resultados da atividade agropecuária estão relacionados à qualidade das diversas decisões dos agricultores, antes, durante e após o processo produtivo, e que se referem às três questões básicas da economia: O que produzir? Como produzir? Para quem produzir? tais decisões, que dizem respeito à definição de qual produto produzir, à tecnologia a ser empregada, à forma de financiamento e à estratégia de comercialização, entre outros fatores, são envolvidas, influenciadas e modificadas por diversos tipos de riscos. Ou seja, ao tomar estas decisões, os agricultores levam em conta os riscos e fazem, portanto, uma gestão integrada do risco. Por isto, é possível afirmar que a gestão do risco é inseparável da gestão da produção agropecuária, não importando o tipo e/ou tamanho do produtor. 28 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA COMO DEFINIR O RISCO? o conceito de risco. Em termos intuitivos, o risco é em geral entendido como a possibilidade de o resultado final ser diferente daquele esperado devido à interveniência de fatores aleatórios e imprevistos. De forma geral, e com maior rigor, o risco da atividade agropecuária pode ser definido como uma medida de dispersão dos possíveis resultados que o agricultor pode obter em relação a um resultado esperado. trata-se de uma incerteza possível de ser mensurada. Além do caráter de perigo, que tradicionalmente é associado a este conceito, confere-se também a oportunidade que a sua exposição pode levar na busca de inovações e de maiores retornos. As ações dos agentes envolvidos nas cadeias Qual a diferença entre incerteza e risco? A maior parte das decisões eco- nômicas relevantes envolve o futuro, e o futuro remete, necessariamente, à incerteza. trabalhar com o futuro exige algum tipo de previsão, que pode ser simples, complexa ou mesmo impossível. A incerteza está associada, ainda, à imperfeição das informações, seja porque são mesmo insuficientes, seja porque a capacidade de analisá-las é limitada. Portanto, todas as decisões que envolvem o futuro se dão em um contexto de incerteza. E a incerteza remete, necessariamente, ao risco. Em muitas situações é possível estimar, com certa objetividade, a probabi- lidade de ocorrência dos eventos futuros incertos. Nestes casos, a incerteza se transforma em risco, que pode ser definido como a incerteza mensu- rável. Do ponto de vista macroeconômico, a distinção é mais sútil e foi qualificada por Keynes, para quem o risco se refere a uma situação na qual a probabilidade de eventos futuros pode ser mensurada com base em probabilidades objetivas, enquanto a incerteza se refere a uma situação cuja previsão está associada a estimativassubjetivas. “O jogo de roleta não é sujeito, neste sentido, a incerteza ..., e a expectativa de vida é apenas levemente incerta. Mesmo a previsão do tempo é apenas moderadamente incerta. O sentido em que estou usando o termo (incerteza) é o de que a perspectiva de uma guerra europeia é incerta assim como o preço do cobre e a taxa de juros daqui a vinte anos... Sobre esses assuntos não há base científica para estabelecer nenhum cálculo de probabilidade, qualquer que seja. Nós simplesmente não sabemos.” fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza Incerteza e rIsco 29 agroindustriais dependem, em primeiro lugar, de como esses atores per- cebem os riscos. A partir da percepção, as medidas devem ser pautadas com vistas à otimização da relação retorno-risco, sendo fundamental, neste processo, uma gestão que trate de maneira adequada os elemen- tos propulsores de risco, analisando-os de uma perspectiva dual (retorno -risco) e integrada (DAMODARAN, 2009). AS ClASSIFICAÇõES DOS RISCOS Os riscos relativos à agropecuária podem ser classificados de duas formas. A primeira leva em conta as origens dos fatores de risco, enquanto a segunda considera a natureza do risco (IBGC, 2007). Sob a análise das origens do risco, os fatores geradores de risco são separados em externos e internos ao processo produtivo, e em relação à natureza, os riscos são classificados em três grandes grupos: risco de produção, risco de mercado e risco do ambiente de negócios (ver Quadro 1). Riscos externos. No grupo dos riscos externos, consideram-se os eventos econômicos, políticos, sociais, setoriais e climáticos, que impactam o qua- dro competitivo, institucional/legal, organizacional e tecnológico no qual o agente se encontra. Exemplos disso são um possível aumento da alíquota de imposto sobre defensivos agrícolas, uma variação da taxa de câmbio da economia, a descoberta de uma nova variedade de semente, as condi- ções de seca de uma região produtora, etc.. A característica básica desses elementos está associada ao fato de o agricultor não ter capacidade de alterá-los e, sim, somente de administrá-los. O agricultor não pode evitar a seca, mas pode optar por uma tecnologia adequada para situações que são tradicionalmente qualificadas como “seca”, reduzindo ou até mesmo anulando os efeitos da estiagem sobre a produção. trata-se de um aspecto da gestão do risco. Riscos internos. Os riscos internos ao processo produtivo, também conhe- cidos como riscos do negócio, advêm de práticas que ocorrem dentro da unidade produtiva – tais como ações relativas à comercialização, finan- ciamento, escolha da tecnologia de produção, gestão de custos, gerencia- mento do processo produtivo e da qualidade dos produtos, dentre outros elementos. 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA 30 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA quadro 1. tipologia dos riscos agropecuários no brasil grupos de riscos Riscos (Distribuição temática) eventos (exemplos no brasil) Risco de produção Climáticos e incêndios Secas, geadas, excesso e chuva, ventos fortes. Sanidade animal Aftosa, BSE (vaca louca), Newcastle, etc. Sanidade vegetal Pragas e doenças (lagarta Helicoverpa) Gestão da produção e de recursos naturais Mudança nas outorgas de água, na assistência técnica, na fiscalização, na disponibilidade de mão de obra Risco de Mercado Comercialização (preço de insumos e produtos) e crédito Variação dos preços dos produtos e insumos, taxas de câmbio, taxas de juros, mudanças nos termos dos créditos. Comércio exterior Fechamento de mercados de exportação e mudanças de acesso à importação de insumos. Ambiente de Negócios Logística e infraestrutura Greves nos portos, fechamentos nas rodovias/ferrovias/hidrovias, mudanças nos incentivos à armazenagem Marco regulatório, políticas, instituições e grupos de interesse Mudanças em leis/regulamentações (ambientais, trabalhista, insumos, terra), mudanças em instituições públicas e apoio (MAPA, MDA, MME, ANA), modificações na interpretação de normativas. fonte: Banco Mundial, MAPA e EMBRAPA (2015) natureza do risco: risco de produção, risco de mercado e risco do am- biente de negócios. Os dois primeiros tipos resultam no chamado risco financeiro da atividade. Por um lado, o risco de produção está associado à possibilidade do volume produzido planejado não se efetivar devido à ocorrência de um evento climático, de incidência de doença ou praga ou 31 ainda de falhas operacionais. Por outro lado, o risco de mercado (também chamado de risco de preço) deve-se basicamente ao grau de variabilida- de dos preços dos insumos, dos produtos agrícolas, da taxa de câmbio, da taxa de juros, etc.. Esse tipo de risco possui destaque na agricultura devido a dois fatores, que restringem o tempo e elevam o custo para a comercialização do bem: (i) perecebilidade de boa parte dos produtos; (ii) os custos associados ao armazenamento necessário para desconcentrar no tempo a oferta agrícola. Observa-se ainda que o risco de preço também está associado à própria organização do negócio, em particular às fontes e modalidades de financiamento utilizadas. A utilização de capital de tercei- ros na estrutura de capital do negócio, mediante captação de empréstimos bancários, introduz o risco relativo à alavancagem financeira na atividade, sendo este associado às oscilações não desejáveis das taxas de juros e de câmbio (no caso de captação externa) e à possibilidade da não renova- ção dos empréstimos (HARDAKER Et AL., 2004). O risco do ambiente institucional, por sua vez, tem base na possibilidade de alterações não previstas em leis/regulamentações em certa região ou ainda em mudanças do marco regulatório que rege a economia nacional e o comércio mundial. Riscos adicionais: risco operacional e de crédito. Outros tipos de risco também podem ser observados na atividade agropecuária. Um deles é o risco operacional do negócio, que está associado à possibilidade de ocorrência de falhas humanas ou de sistemas em processos relativos à gestão e/ou operação da atividade. Destaca-se que tal risco está presente tanto em aspectos da gestão do negócio – na administração do capital de giro do negócio, no planejamento e controle das operações, no gerencia- mento dos custos da atividade, na logística, entre outros pontos –, como também no processo produtivo em si quando da adoção, por exemplo, de uma nova tecnologia. Existe ainda o risco de crédito, que está associado a duas principais possibilidades. A primeira se refere à possiblidade de que a contraparte (indústria, trading ou fornecedor) não honre o contrato esta- belecido com o produtor rural. A segunda emerge da possibilidade de que o agricultor não obtenha crédito suficiente para executar sua atividade. tais eventos podem ser causados por uma conjugação de fatores internos e externos ao negócio, alguns controláveis pelos agricultores e outros não. Classificação alternativa. O Quadro 2 apresenta os riscos com uma tipo- logia diferente, que também é útil para compreender os riscos presentes 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA 32 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA na atividade agropecuária. Nesta análise, classificam-se os tipos de risco conforme a sua origem e como incidem sobre os diferentes agentes e níveis de agregação: produtor individual (micro), comunidade específica (meso) e região/país (macro). Observa-se que a ocorrência de alguns eventos tem maior abrangência e, portanto, maior impacto potencial. Um bom exemplo é o de mudanças na política macroeconômica, que incidem diretamente sobre a taxa de juros e a disponibilidade, custo e acesso ao crédito. Outros riscos, como aqueles associados a eventos climáticos extremos, podem ocorrer tanto emuma área bastante especí- fica, atingindo apenas alguns produtores individuais, como alcançar toda uma comunidade ou região. quadro 2. tipos de riscos presentes na atividade agropecuária a partir dos agentes envolvidos tipo de risco Micro (indivíduo) Meso (Comunidade) Macro (Região/país) Mercado/ Preço Mudança no preço da terra, novas demandas da indústria de alimentos Mudanças nos preços dos insumos e do produto final (choques), novos mercados, etc. Produção Granizo, geada, doenças não- contagiosas, riscos pessoais (doença, morte) Poluição, chuvas, deslizamento de terras Inundação, seca, pestes, doenças contagiosas, tecnologia financeiro Mudanças na renda advinda de outros ativos Mudanças nas taxas de juros/ acesso ao crédito institucional/ legal Mudanças na política local e nas regulações locais Mudanças políticas/ regulações/lei ambiental fonte: OECD (2009) 33 Risco na Cadeia Produtiva do agronegócio. Como já indicado, os riscos da agropecuária têm potencial para se propagar por toda a cadeia do agronegócio, tanto para os segmentos a montante como a jusante. Uma quebra de safra por razões climáticas afetará, imediatamente, a capaci- dade de os agricultores honrarem os compromissos financeiros assumi- dos durante o processo, tendo como lastro a expectativa da colheita; a redução da renda em decorrência de evento catastrófico poderá afetar, também, a venda de máquinas e insumos agropecuários, em especial se as linhas de crédito forem também comprometidas pela eventual ina- dimplência. A agroindústria e os traders também poderão ser atingidos, tanto pela redução da oferta como pela elevação dos preços. Em alguns casos, o impacto pode ser ainda mais grave na ausência de fontes alter- nativas de suprimento. E, claro que a conta chegará ao consumidor e à sociedade em geral. Os riscos ao longo da cadeia são relativamente complexos e, em muitos segmentos, demandam mecanismos de coordenação específicos e se refletem na própria forma de organização dominante. Algumas agroin- dústrias utilizam matérias-primas cujo processo de produção precisa se adequar a procedimentos técnicos estritos e rigorosos para assegurar a qualidade/especificidade desejada. A utilização de matéria-prima fora do padrão pode implicar custos elevados e para reduzir este risco as empresas processadoras lançam mão de vários mecanismos, desde contratos de produção com provisão de assistência técnica e liberdade para monitorar o processo produtivo, valorização da reputação até a montagem de laboratórios especializados para identificar a presença de atributos indesejáveis na matéria-prima. Em outros casos, o nível de especificidade da matéria-prima envolvida, o custo de monitoramento e o custo da ocorrência de eventos indesejáveis são tão elevados que inviabilizam a operação da cadeia com base em transações nos mer- cados e em contratos, obrigando a verticalização de parte relevante do processo produtivo. transmissão de riscos nas cadeias do agronegócio. Os riscos são trans- mitidos e captados por vários canais, sendo os mais importantes o pró- prio mercado nos quais os preços das mercadorias flutuam e são trans- mitidos entre os agentes; a perda de qualidade do produto devido a problemas logísticos, mas também por fatores climáticos, tecnológicos e 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA operacionais; acesso ao mercado restringido pela ocorrência de proble- mas sanitários; quebra de produção devido a eventos climáticos adver- sos e restrições institucionais, em particular pressões sociais associadas a temas ambientais, indígenas e sociais. O Quadro 3 sintetiza como os vários riscos já mencionados incidem sobre a cadeia de suprimento da agricultura. 35 quadro 3. Principais categorias de riscos enfrentados pelas cadeias de suprimento da agricultura tipo de risco eventos Risco associado ao clima Déficit periódico e/ou excesso de chuvas ou temperatura, tempes- tade de granizo, ventos fortes Desastre natural (incluindo eventos climáticos extremos) Grandes inundações e secas, ciclones, tufões, terremotos, ativi- dade vulcânica. Risco biológico e do meio ambiente Pestes e doenças nas atividades agrícolas e pecuária; contami- nação associada ao problema sanitário; contaminação humana; contaminação e degradação dos recursos naturais e do meio am- biente; contaminação e degradação da produção e do processo produtivo. Riscos relacionados ao mercado Mudanças na oferta e/ou demanda que impacta os preços domés- ticos e/ou internacionais dos insumos e/ou dos produtos, mudan- ças na demanda de mercado (quantidade e qualidade), mudanças nos requisitos associados à segurança alimentar; mudanças na demanda de mercado relativas ao tempo de distribuição do pro- duto; mudanças de reputação e confiança relativas à cadeia de suprimento. Risco da logística e da infraestrutura Mudanças nos custos de transporte, comunicação e de energia; degradação do transporte, comunicação e infraestrutura de ener- gia; destruição física, conflitos, disputas trabalhistas que afetam transportes, comunicação, infraestrutura de energia e serviços. Risco de gestão e operacional Decisões ineficientes relativas à alocação dos ativos e uso de in- sumos; controle de qualidade deficiente; erros de planejamento e de previsão; avaria nos equipamentos da fazenda ou da empresa; uso de sementes obsoletas; falta de preparação para mudança de produto, processo e mercado; incapacidade de adaptação às mudanças nos fluxos financeiros e de trabalho. Riscos institucionais e de política pública Mudança e/ou incerteza acerca das políticas monetárias, fiscais, financeiras (crédito, poupança e seguro), regulatórias e legais, co- merciais, de terras, etc. Fraca capacidade institucional para im- plantar regras regulatórias. Risco político Instabilidade sócio-política do país ou em países vizinhos, in- terrupção de comércio em razão de disputas com outros países, confisco de ativos especialmente em relação a investidores es- trangeiros fonte: adaptado de JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS (2008). 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA 36 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA Durante milênios, o balanço da relação homem/Natureza era claramente positivo: o uso limitado de recursos naturais abundantes assegurou a reprodução e a evolução do homem com impactos pouco relevantes sobre o meio ambiente, de alcance local e sem repercussões sistêmicas. O uso intensivo dos recursos naturais propiciados pelo vertiginoso progresso tec- nológico, ao lado da inegável melhoria das condições de vida da sociedade, produziu também resultados negativos que hoje se manifestam, por exem- plo, nas mudanças climáticas globais e na perda da biodiversidade. Os ris- cos ambientais crescentes ameaçam a sustentabilidade e turvam o horizonte para a humanidade. Mas o que vem a ser o risco ambiental? Quais as suas causas? E suas consequências? O meio ambiente sempre foi e continua sendo o provedor de um amplo conjunto de serviços – os chamados serviços ambientais –, essenciais e insubstituíveis para a sociedade, porque incluem a amenidade climática, a produção de alimentos e matérias-primas de origem agropecuária, a água doce e pura, entre outros. Em última análise, o risco ambiental representa os potenciais efeitos da dinâmica ambiental, afetada ou não pela ação an- trópica, sobre as condições necessárias para a sustentação da vida e sobre a dinâmica socioeconômica. Sempre convivemos com certo risco ambiental, mas o dado novo é a exacerbação deste risco devido à ação do homem sobre o meio ambiente, o que de certa forma o descola da dinâmica dos eventos que no passado eram fundamentalmente determinados por fatores naturais.Neste contexto, a provisão de muitos dos serviços ambientais necessários para equilibrar as forças da Natureza tem sido comprometida, elevando os riscos e os custos sociais e econômicos envolvidos. A expressão mais clara do risco ambiental aparece nos chamados “desas- tres naturais”, cuja ocorrência, escala e gravidade têm aumentado no perí- odo mais recente. Ainda que continuemos denominando tais eventos como “desastres naturais”, já não é possível atribui-los apenas à fúria dos deuses ou à dinâmica natural do meio ambiente. tampouco é possível considerá-los como fenômenos exógenos, aleatórios e independentes, pois no período re- cente refletem fundamentalmente os desequilíbrios provocados pela ação humana sobre a Natureza, especialmente na escala local e regional. A sobreutilização dos recursos naturais tem elevado o risco ambiental na agricultura, por exemplo, aumentando a probabilidade de faltar água para irrigação, reduzindo a fertilidade do solo em função de processos erosivos associados ao manejo inadequado do solo, multiplicando a ocorrência de o risco ambiental no século xxi 37 pragas e doenças decorrente da maior homogeneidade das lavouras e da redução da biodiversidade, entre outros eventos. A mesma dinâmica tem ocorrido na área urbana, onde o risco ambiental decorrente da ação humana tem resultado em elevadas perdas humanas e econômicas. O risco ambiental no século xxI tem se manifestado também em maior incerteza na tomada de decisão, na ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos e abrangentes, cujos resultados em alguns casos têm sido catastróficos para a sociedade, e nos potenciais efeitos globais e regionais das mudanças climáticas. Não significa que todos os desastres naturais te- nham sua origem na ação humana, mas o aumento da escala humana no uso dos recursos naturais e na transformação do meio ambiente tem ampli- ficado os seus efeitos sociais e econômicos. Neste sentido, a efetivação do risco ambiental tem sido catastrófica para a sociedade, como já verificado em algumas regiões brasileiras. A natureza e o alcance do risco ambiental também mudam, da escala micro para a macro, e da dimensão local para a meso e global. A ocorrência de eventos adversos associados ao que estamos denominando, lato senso, de risco climático, por exemplo, causa danos que vão bem além da escala micro e, na maioria dos casos, o seguro cobre apenas o dano financeiro, não raramente o menor deles. O problema é que para este novo risco ambiental ainda não existe seguro capaz de proteger a sociedade, uma vez que não pode ser tratado privadamente, porque seus efeitos afetam toda a coletivida- de. A falta de chuva ou de água, por exemplo, em uma região afeta toda a população e todas as atividades econômicas. O custo social e econômico tem sido crescente. O risco ambiental tem sido tratado como uma externalidade negativa, que não é internalizado nos processos decisórios. A sociedade não tem adotado medidas adequadas para enfrentar essa nova realidade. Não há ações ou planejamento para a prevenção, mas apenas a remediação diante da ocorrência dos eventos. Contudo, mesmo o seguro, o instrumento de gestão de risco mais utilizado, pode apenas minimizar as perdas econômicas privadas, mas não cobrem as perdas econômicas ou não econômicas que afetam a coletividade. Se falta água para uso doméstico, é possível até buscar reparação pecuniária junto à empresa responsável, mas esta reparação não resolverá o problema central do desconforto e queda de bem-estar provado pela falta de água. Este ce- nário amplifica a urgência do tratamento mais adequado do risco ambiental pela sociedade, na tentativa de minimizar as perdas proporcionadas por esta nova realidade. O seguro ambiental corresponde à obrigação de reparação ou indenização aos agentes afetados por parte do agente causador, a fim de possibilitar as 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA 38 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA correções causadas pelos danos ambientais. Essa definição está amparada no princípio do poluidor-pagador, uma vez que o causador do dano ambien- tal seria responsável pela reparação ou indenização dos agentes afetados. No entanto, o risco ambiental do século xxI e sua eventual efetivação não estão necessariamente vinculados à ação de um único agente ou pequeno grupo de agentes, como preconiza o princípio do poluidor-pagador, porque a origem do dano ambiental é coletiva. Deste modo, como responsabilizar toda uma sociedade pelos danos ambientais causados por suas ações? O modelo vigente de seguro ambiental está amparado apenas nas ações dos agentes individualizáveis, a fim de evitar ou restringir comportamentos ou práticas negligentes que possam elevar o risco ambiental. Observa-se que apenas aquilo que é inadequado do ponto de vista institucional é consi- derado no seguro ambiental. Neste sentido, as emissões de gases de efeito estufa decorrente do uso dos veículos automotores não são consideradas ações inadequadas. Apesar disso, as emissões estão na base das mudanças climáticas locais, tais como o efeito estufa local, aumento da concentração de poluentes, problemas respiratórios, entre outros. E têm impactos sobre o custo dos seguros, arcados privadamente, e sobre os riscos agropecuários. Neste contexto, apenas o aprimoramento das modalidades de seguro am- biental não é suficiente para o enfrentamento dos novos desafios, porque as fontes de risco ambiental são coletivas, não têm reconhecimento institucio- nal e não são de fácil identificação. Desse modo, ao lado do aprimoramento do seguro ambiental, que melhor amenizaria o risco privado, já conhecido, é preciso cobrir o risco coletivo, que proporciona os prejuízos coletivos de maior magnitude e que não são cobertos pelas apólices privadas. Como se- gurar este risco cujo agente causador é a própria coletividade? Quem pagaria pelo sinistro ambiental resultante das mudanças climáticas, por exemplo? Neste contexto, a indústria de seguro tem um papel relevante a desempe- nhar para a redução de risco e pode incluir, em muitas apólices privadas, condicionantes e incentivos para controlar e mitigar o risco ambiental. tal como vem fazendo com a segurança no trânsito, bonificando os motoristas que dirigem com cuidado e incentivando a boa manutenção dos veículos. Mas é preciso ter claro que este risco nunca será coberto de forma adequada pelo seguro, e que por isto mesmo é preciso reforçar as ações de prevenção, mitigação não financeira e conscientização da sociedade em relação aos riscos envolvidos no novo risco ambiental. Fonte: a partir de Buainain, A.M. e Ruiz, J. G. (2016). o risco ambiental no século xxi. Cadernos de seguro, No 189, Julho/Agosto de 2016, Ano xxxVI, Escola Nacio- nal de Seguros. ISSN 0101-5818. 39 leituRas CoMPleMentaRes Análises adicionais sobre o conceito de risco e os aspectos relativos a tal temática na agricultura podem ser consultadas em: BANCO MUNDIAL, MAPA e EMBRAPA. Revisão Rápida e integrada da gestão de Riscos agropecuários no brasil. Caminhos para uma visão integrada. Brasília, 2015. BUAINAIN, A. M.; PEDROSA, M. t. M.; VIEIRA JUNIOR, P. A.; SIL- VEIRA, R. L. F.; NAVARRO, Z. Quais os riscos mais relevantes nas atividades agropecuárias? In: Antônio Márcio Buainain; Eliseu Alves; José Maria da Silveira; Zander Navarro (Org.). o mundo rural no brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrí- cola. 1ª ed. Brasília: Embrapa, 2014. Disponível em: https://www. embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/994073/o-mundo -rural-no-brasil-do-seculo-21-a-formacao-de-um-novo-padrao-agra- rio-e-agricola BUANAIN, A. M.; Vieira, P. A.; Cury, W. J. M. gestão do risco e se- guro na agricultura brasileira. RJ. Funenseg, 2011. DAMODARAN, A. gestão estratégica do risco: uma referência para atomada de riscos empresariais. SP. Bookman, 2009. JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS, C. Rapid agricultural supply Chain Risk assessment: a conceptual framework. World Bank, 2008. Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/INt- COMRISMAN/Resources/RapidAgriculturalSupplyChainRiskAssess- mentConceptualFramework.pdf OECD. Managing risk in agriculture: a holistic approach. OECD, 2009. 2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA 40 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA ExERCíCIOS 1) Conforme o Instituto de Economia Agrícola, “A febre aftosa é uma doença de grande importância na pecuária de corte, por ser de dis- seminação rápida e impor a necessidade de eliminação dos animais contaminados com perda total da produção. Os principais prejuízos são econômicos e atingem tanto os pequenos quanto os grandes pe- cuaristas”. Classifique este risco a partir dos conceitos apresentados nesta seção, avaliando as razões das perdas econômicas. 2) A partir do parágrafo a seguir, classifique o risco destas atividades. “Projeções de geadas têm preocupado os produtores de café, cana e milho nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. tais perspectivas têm causado oscilações nos preços internacionais destas commodities, especialmente nas duas primeiras, visto que o país é responsável por boa parcela das exportações mundiais”. 3) Identifique e classifique os riscos já efetivados a partir do cenário apresentado. “Suinocultores têm enfrentado problemas nos custos de produção devido à elevação dos preços do milho e da soja, e redução das exportações e do consumo interno. Embargo imposto pela Ucrâ- nia foi responsável pela queda das vendas externas. Por outro lado, o consumo interno vem caindo devido à diminuição do poder aquisitivo dos consumidores”. 41 Como analisado nas seções anteriores, o risco é um fator inerente à ati- vidade agropecuária. O desenho de ações com vistas à gestão de riscos tem por objetivo garantir a continuidade da atividade produtiva, reduzir as perdas econômicas dos agentes envolvidos, garantir maior estabilida- de da renda agrícola e uma maior resiliência do setor para enfrentar as diferentes ameaças. Mas, em última análise, não se pode perder de vista que os riscos não ameaçam apenas os agricultores, mas sim a sociedade como um todo, de forma direta e indireta. é necessário ter uma visão clara dos riscos, um diagnóstico. Não se deve, porém, propor soluções para os problemas associados às amea- ças que pairam sobre o setor sem realizar pelo menos uma análise preliminar dos riscos agropecuários. Na maioria das vezes, esses riscos estão inter-relacionados, ora reforçando impactos negativos ora atenu- ando alguns efeitos indesejáveis advindos de um dos grupos. Como exemplo, o movimento dos mercados – influenciado fortemente por fa- tores que incidem no grupo do risco de produção – interage com ações do governo que estão arroladas no grupo de risco do ambiente de negó- cios, e ambos influenciam as estratégias e decisões dos produtores, as quais, por sua vez, se refletem no ciclo sucessivo. A interseção dos ris- cos reforça, assim, a necessidade de uma abordagem integrada, ainda que, configurado o diagnóstico e mensurados os riscos, os produtores e governos possam tratá-los separadamente, com instrumentos próprios para cada situação. etapas analíticas da gestão integrada do risco. Neste contexto, é ne- cessário cumprir algumas etapas – Figura 1, nas quais se identificam os principais riscos, se quantifica o potencial de perda e se avalia a capacidade de gerenciamento. A partir daí, seleciona-se a alternativa ANÁlISE INTEGRADA DOS RISCOS: vISÃO GlObAl3 42 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA fonte: Banco Mundial (2016) Vale observar que as ações sequenciais acima propostas possuem carac- terísticas distintas que variam segundo a região em estudo, os agentes envolvidos, a cadeia produtiva e as condições gerais da economia. Além disso, tal processo é dinâmico, sendo as estratégias redefinidas a partir da alteração do ambiente em que os stakeholders estão inseridos ou até mesmo diante de uma resposta apresentada por uma determinada ação de gestão (Banco Mundial, 2016). de gestão e realiza-se o monitoramento da operação. A racionalidade desse processo está em chegar até as soluções que representam o maior retorno para as intervenções diante de um quadro de recursos escassos. figura 1. Método proposto pelo banco Mundial para gestão integrada do risco nas atividades agropecuárias 43 AvAlIAÇÃO DO RISCO A avaliação do risco se constitui na primeira etapa da análise de gestão integrada. Este primeiro passo engloba a identificação, a mensuração, a avaliação do potencial de impacto dos fatores de risco e a consequente priorização do risco a ser gerenciado. Esta não é uma tarefa trivial, espe- cialmente quando se constata que os fatores de risco não são facilmente identificados. Como já se comentou, os riscos e seus fatores são muitas vezes interdependentes, possuem influências simultâneas em diversas áreas do negócio e, além disso, impactam de forma heterogênea os dife- rentes agentes do sistema agroindustrial. ANÁlISE DAS SOlUÇõES O segundo passo da análise integrada dos riscos envolve o conhecimen- to das técnicas de gestão e a análise da adequação de tais ferramentas ao problema em questão. O processo de escolha das ações ou de uma combinação de ações para gestão do risco deve levar em conta não só o potencial das perdas envolvidas, mas também o custo-benefício da medida, a sua abrangência e as restrições à sua execução. Por um lado, pode ser possível e desejável realizar ações ex ante à ocorrência do evento de risco, tanto para eliminar como para prevenir e mitigar o risco. Por outro lado, estratégias ex post ao evento, classificadas como medi- das de enfrentamento, também podem ser efetivadas. Os três grupos de soluções são observados em diferentes âmbitos – propriedade rural/ comunidade, mercado e governo. OPERACIONAlIzAÇÃO, IMPlANTAÇÃO E MONITORAMENTO A operacionalização e implantação das ações de gestão ao risco requer análise das condições específicas da região em análise. É preciso levar em conta os riscos existentes, as instituições atuantes, o grau de vulne- rabilidade dos stakeholders, a capacidade desses agentes para gerenciar 3. ANÁLISE INtEGRADA DOS RISCOS: VISÃO GLOBAL 44 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA e implantar os mecanismos de gestão e a disponibilidade de recursos, entre outros fatores. Para tanto, recomenda-se a elaboração de um plano de ação, delineando-se: i) Cada uma das atividades a serem desenvolvidas, apontando os respectivos objetivos;ii) Os responsáveis pelas ações, distinguindo os papéis dos se- tores privado e público;iii) O período de execução;iv) Os recursos necessários, entre outros aspectos (Banco Mundial, 2016). O monitoramento, por sua vez, envolve a análise do progresso do plano de ação, considerando planos de contingência. Nesta última etapa, os resultados efetivos são avaliados vis-à-vis a projeção realizada, possibili- tando ajustes na formulação e execução da estratégia de gestão do risco. REAlIzANDO UM INvENTÁRIO DAS INFORMAÇõES SObRE RISCOS AGROPECUÁRIOS Dados e informações são críticos para o gerenciamento dos riscos. No entanto, os atores devem procurar dados e informações de boa qualida- de para melhorar o conhecimento dos elementos expostos nas análises dos riscos, na tomada de decisões e no desenvolvimento – por exemplo – de estratégias e atividades de gestão de risco. No caso dos produtores agropecuários ou de suas associações ou cooperativas de produtores, eles procuram dados e ponderam informações agrometeorológicas e de mercado para planejar a data de semeadura e os sistemas de produção que garantam os melhores resultados possíveis.Semelhantemente, as instituições financeiras e os governos requerem dados para o desenvol- vimento de produtos financeiros e programas de incentivos para os dife- rentes grupos-alvo do setor agropecuário. Levando em conta a importância dos dados e das informações agro- climáticas para um melhor conhecimento dos riscos, é aconselhável 45 estabelecer acordos de cooperação para compartilhar e disseminar as informações com grupos de produtores, instituições acadêmicas e de pesquisa, empresas privadas, assim como com entidades governamen- tais. Algumas informações-chaves seguem no quadro abaixo: quadro 4: Dados e informações para análise de risco tipo de informação Descrição Meteorológica • Base de dados climáticas diárias • Base de dados climáticas diárias consistidas e preenchidas • Base de dados de estações meteorológicas (lat. / lon., ID, tipo, porcentagem de dados faltantes, data de início, altitude, tempo de transmissão) Agronômica • Cultivares • Período de semeadura • Área semeada, área colhida, produção • Rendimento • Estudos de modelos biofísicos Geral • Mapas com as divisões regionais do país • Mapas topográficos • Mapas de cobertura vegetal • Mapas dos solos Regulatórios • Leis ou portarias fonte: Banco Mundial (2016) 3. ANÁLISE INtEGRADA DOS RISCOS: VISÃO GLOBAL 46 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA leituRas CoMPleMentaRes O passo a passo da análise integrada dos riscos relativos às atividades agropecuárias pode ser examinado em dois estudos do Banco Mundial referentes aos estados da Bahia e da Paraíba. BANCO MUNDIAL. bahia state agriculture sector Risk analysis. Washington, 2015. Disponível em: http://documents.worldbank. org/curated/en/400771467998231000/pdf/100992-WP-P- 150895-PUBLIC-Box393257B.pdf BANCO MUNDIAL. Paraiba state agriculture sector Risk analysis. Washington, 2015. Disponível em: http://documents.worldbank.org/ curated/en/159751468186536984/pdf/100993-PORtUGUESE -WP-P150895-PUBLIC-Box393257B.pdf 47 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS4 figura 2. etapas no processo de identificação dos riscos A primeira etapa no processo de análise integrada dos riscos agropecu- ários consiste na avaliação dos fatores que podem gerar perdas para os agentes participantes dos sistemas agroindustriais. Neste sentido, quatro etapas devem ser cumpridas: identificação do risco, sua mensuração, avaliação do potencial de impacto e o estabelecimento do risco a ser priorizado com vistas ao gerenciamento (Figura 2). Neste processo, é necessário, em um primeiro momento, distinguir ten- dência, restrição e risco. Risco está relacionado a um evento incerto, cuja ocorrência pode ser associada a uma probabilidade e que, quando ocorre, gera perdas tangíveis. Restrição, por sua vez, é uma condição existente que resulta em um desempenho subótimo do processo produtivo. tendência consiste em um padrão de longo prazo que pode ser previsível, e que, portanto, não pode ser considerado como in- certo. 48 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA TENDêNCIA, RESTRIÇÃO E RISCO: ExEMPlOS PARA ANÁlISE A partir dos trechos abaixo, identificam-se exemplos do que é uma ten- dência, restrição ou risco. trecho 1: “Comprovados os cenários atuais preconizados pelos modelos do IPCC, considerando um aumento de 1ºC, 3ºC e 5,8ºC na temperatura média anual do globo, o cultivo do café arábica nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná será drasticamente reduzido nos pró- ximos 100 anos, se mantidas as condições genéticas e fisiológicas das atuais variedades” (Assad et al., 2004, p. 1063). trecho 2: “A mesorregião sul cearense possui peculiaridades climáticas e pedológicas que condicionam diferentes ambientes para o cultivo do feijoeiro (...) No norte/nordeste dessa mesorregião, predominam os solos típicos do ambiente Semiárido, com severas restrições ao uso agrícola, associados ao clima com deficiência hídrica, onde se concentram as áre- as com potencial Baixo e Muito Baixo” (Araújo Filho et al., 2013, p. 1). trecho 3: “... o que distingue os países desenvolvidos daqueles em de- senvolvimento é que estes últimos não têm a capacidade que seria neces- sária para conservar os progressos obtidos em matéria de disponibilidade alimentar por habitante quando têm de enfrentar situações de guerra ou quando ocorrem catástrofes econômicas mais profundas. Como a propor- ção da renda total consagrada à alimentação nos referidos países é im- portante, as eventuais reduções da renda traduzem-se na diminuição da demanda de produtos alimentícios. Além disso, as penúrias alimentares e as altas de preços se traduzem em baixas significativas da renda, o que constitui um círculo vicioso” (Chonchol, 2005, p. 36). O primeiro trecho aponta previsões dos possíveis impactos na cafeicultu- ra brasileira da tendência de aumento da temperatura. O segundo trecho mostra que os fatores de clima e solo impõem forte restrição para o cultivo de feijão no sul do Ceará e o terceiro aponta para o risco de exis- tência de catástrofes nos países em desenvolvimento e o seu impacto na segurança alimentar. 49 CATEGORIzAÇÃO E MENSURAÇÃO DOS FATORES DE RISCO Observada a existência de risco, o passo seguinte consiste na categori- zação dos fatores de risco entre os diferentes grupos: risco de produção, de preço, operacional, de crédito e do ambiente de negócios. Na sequência, é necessário mensurar o risco, tendo como base dois critérios: frequência do evento e a severidade do impacto. Esta mensu- ração é específica para cada tipo de risco. Por exemplo, para o risco de produção de um cultivo qualquer, deve-se examinar as séries relativas à área plantada e ao rendimento, os dados históricos de ocorrência de pragas e de doenças e a ocorrência de certos eventos meteorológicos no local de estudo. Para mensuração do risco de preço, é comum a utili- zação de séries de cotação do produto em questão e da taxa de câmbio R$/US$. Além de informações obtidas a partir de fontes secundárias, da- dos primários, levantados mediante entrevistas com agentes pertencen- tes à cadeia produtiva, podem ter papel essencial no dimensionamento da probabilidade do evento de risco e o seu respectivo impacto. a partir do conhecimento dos riscos e das suas fontes, é necessário identificar as ocorrências dos eventos adversos ao longo do tempo e examinar os impactos socioeconômicos produzidos. O Gráfico 3 apresenta a evolução da produção mundial de café e os seus respectivos preços internacionais. Esses dados permitem avaliar a frequência de geadas e secas e a variação nas cotações decorrente dos impactos dos eventos climáticos sobre a produção. Naturalmente que a relação entre geada/seca e variação de preço internacional não é imediata, e que muitos outros fatores intervêm no sentido tanto de suavizar como de acentuar o movimento dos preços. De qualquer forma, assumindo que as variações de preços observadas nos anos de ocorrência de geada/ seca sejam associadas a estes fenômenos climáticos, é possível analisar a severidade de tais eventos. 4. IDENtIFICAÇÃO DOS RISCOS 50 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA fonte: OIC e Bolsa de Nova Iorque O grau de severidade do evento é estimado por: grau de severidade = frequência do evento × Perda financeira Naturalmente que a variável “perda financeira” pode ser substituída por outra variável, segundo o interesse da análise. Em alguns países e situa- ções, utiliza-se até mesmo o número de mortes pela fome ou de famílias deslocadas pelo evento climático. Essa análise pode e deve ser realizada com base em métodos relativa- mente simples, utilizando indicadores objetivos. O método classifica a chance de existência de determinado evento com base em sua probabili- dade de ocorrência e à qual se
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