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Manual de Avaliação de Riscos na Agropecuária

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Manual de avaliação de riscos na agropecuária – um guia metodológico
Book · January 2017
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116
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Special Issue on "The Political Economy of Land Reform" for IJLTEFS, as main invited guest editor. View project
Determinantes da eficiência técnica e econômica da citricultura em propriedades rurais do estado de São Paulo View project
Márcio Buainain
University of Campinas
99 PUBLICATIONS   298 CITATIONS   
SEE PROFILE
Rodrigo Lanna Franco da Silveira
University of Campinas
84 PUBLICATIONS   89 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Rodrigo Lanna Franco da Silveira on 03 November 2017.
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Antônio Márcio Buainain
Rodrigo Lanna F. da Silveira 
MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA
UM GUIA METODOLÓGICOUM GUIA METODOLÓGICO
Núcleo de Economia
Agrícola e Ambiental - IE/Unicamp
A Escola Nacional de Seguros
A Escola Nacional de Seguros foi fundada em 1971, com a missão de desenvolver o 
mercado de seguros através da geração e difusão de conhecimento e da capacitação de 
profissionais.
A princípio com um ensino voltado para a parte técnica, a Escola elaborou o curso para 
formação e habilitação de corretores de seguros – o mais requisitado entre os oferecidos 
pela instituição –, além de outros programas educacionais, como palestras, workshops, 
seminários e apoio à pesquisa. 
Com a crescente demanda por qualificação de nível superior, em 2005, a Escola foi 
autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) a ministrar, no Rio de Janeiro, a gradua-
ção em Administração de Empresas com Linha de Formação em Seguros e Previdência, 
a primeira do Brasil com tais características. Desde 2009, o curso também é oferecido 
em São Paulo. Em menos de uma década, a graduação em Administração de Empresas 
se tornou referência nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com base nos resultados 
do Índice Geral de Cursos (IGC), medido pelo Inep/MEC. 
Por sua excelência na área de administração, seguros e previdência, a Escola Nacional 
de Seguros fundou, em 2014, o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), que 
atua nas áreas de Pesquisa, Bolsas de Estudos, Publicações e Seminários. O CPES é 
membro do Research Network do IIS – International Insurance Society. O IIS tem a 
missão de modelar o futuro da indústria global de seguros através do diálogo aberto 
sobre os desafios, avanços e interações de mercados de seguro dos países associados. 
A Escola Nacional de Seguros tem sede no Rio de Janeiro, conta com outras 12 unida-
des, está presente em mais de 80 cidades de todo o país, através de parcerias. Atende a 
mais de 50 mil alunos e participantes por ano, por meio de aulas e eventos presenciais e 
também a distância. Consegue, assim, manter e expandir o elevado padrão de qualidade 
que é sua marca, bem como ratificar sua condição de maior e melhor escola de seguros 
do Brasil.
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS
www.funenseg.org.br 
9 788570 526212
ISBN
 
857052621-2
M
AN
UAL DE AVALIAÇÃO
 DE RISCO
S N
A AGRO
PECUÁRIA
Antônio M
árcio Buainain // Rodrigo Lanna F. da Silveira 
Rua Senador Dantas, 74 - Térreo, 2ª Sobreloja, 3°, 4° e 14° andares
Centro - Rio de Janeiro - CEP: 20031-205
Central de atendimento: 0800 025 3322
www.funenseg.org.br
Antônio Márcio Buainain
Rodrigo Lanna F. da Silveira 
MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA
UM GUIA METODOLÓGICOUM GUIA METODOLÓGICO
Núcleo de Economia
Agrícola e Ambiental - IE/Unicamp
A Escola Nacional de Seguros
A Escola Nacional de Seguros foi fundada em 1971, com a missão de desenvolver o 
mercado de seguros através da geração e difusão de conhecimento e da capacitação de 
profissionais.
A princípio com um ensino voltado para a parte técnica, a Escola elaborou o curso para 
formação e habilitação de corretores de seguros – o mais requisitado entre os oferecidos 
pela instituição –, além de outros programas educacionais, como palestras, workshops, 
seminários e apoio à pesquisa. 
Com a crescente demanda por qualificação de nível superior, em 2005, a Escola foi 
autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) a ministrar, no Rio de Janeiro, a gradua-
ção em Administração de Empresas com Linha de Formação em Seguros e Previdência, 
a primeira do Brasil com tais características. Desde 2009, o curso também é oferecido 
em São Paulo. Em menos de uma década, a graduação em Administração de Empresas 
se tornou referência nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com base nos resultados 
do Índice Geral de Cursos (IGC), medido pelo Inep/MEC. 
Por sua excelência na área de administração, seguros e previdência, a Escola Nacional 
de Seguros fundou, em 2014, o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), que 
atua nas áreas de Pesquisa, Bolsas de Estudos, Publicações e Seminários. O CPES é 
membro do Research Network do IIS – International Insurance Society. O IIS tem a 
missão de modelar o futuro da indústria global de seguros através do diálogo aberto 
sobre os desafios, avanços e interações de mercados de seguro dos países associados. 
A Escola Nacional de Seguros tem sede no Rio de Janeiro, conta com outras 12 unida-
des, está presente em mais de 80 cidades de todo o país, através de parcerias. Atende a 
mais de 50 mil alunos e participantes por ano, por meio de aulas e eventos presenciais e 
também a distância. Consegue, assim, manter e expandir o elevado padrão de qualidade 
que é sua marca, bem como ratificar sua condição de maior e melhor escola de seguros 
do Brasil.
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS
www.funenseg.org.br 
9 788570 526212
ISBN
 
857052621-2
M
AN
UAL DE AVALIAÇÃO
 DE RISCO
S N
A AGRO
PECUÁRIA
Antônio M
árcio Buainain // Rodrigo Lanna F. da Silveira 
Rua Senador Dantas, 74 - Térreo, 2ª Sobreloja, 3°, 4° e 14° andares
Centro - Rio de Janeiro - CEP: 20031-205
Central de atendimento: 0800 025 3322
www.funenseg.org.br
 3
MANUAL DE AVALIAÇÃO DE
RISCOS NA AGROPECUÁRIA
UM GUIA MEtODOLóGICO
4 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
MISTO
Papel produzido a partir
de fontes responsáveis
FSC© C075527
 5
© Funenseg. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam 
quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação 
ou quaisquer outros, sem autorização por escrito da Fundação Escola Nacional de 
Seguros – Funenseg.
 
1ª edição: Março, 2017
Fundação Escola Nacional de Seguros – Funenseg
Rua Senador Dantas, 74 – térreo, 2º, 3º, 4º e 14º andares
CEP 20031-205 – Rio de Janeiro/RJ – Brasil
tels.: (21) 3380-1000
Internet: www.funenseg.org.br
E-mail: faleconosco@funenseg.org.br
 
Coordenação editorial
Centro de Pesquisa e Economia do Seguro / Grupo Banco Mundial
Edição | Claudio R. Contador
Produção gráfica | Christiane Sonoki
Projeto gráfico, capa e diagramação | JLS Comunicação
Revisão | Claudio R. Contador
Virginia thomé – CRB-7/3242
Responsável pela elaboração da ficha catalográfica 
B93m Buainain, Antônio Márcio
 Manual de avaliação de riscos na agropecuária : um guia metodológico 
/ Antônio Márcio Buainain e Rodrigo Lanna Franco da Silveira. – Rio de 
Janeiro : ENS-CPES, 2017.
 133 p. ; 21 cm
 
 O presente livro foi resultado de parceria do Grupo Banco Mundial 
com CPES-ENS, para produção do trabalho.
 Os autores são professores do Instituto de Economia da Unicamp e 
pesquisadores do Núcleo de Economia Agrícola e do Meio Ambiente – 
NEA, do IE/Unicamp.
 ISBN nº 978-85-7052-621-2.
 
 1. Seguro agrícola – Gestão de risco – Brasil. 2. Agronegócio – Gestãode risco – Brasil. 3. Agropecuária – Gestão de risco – Brasil. 4. Agricultura 
– Gestão de risco – Brasil. I. Silveira, Rodrigo Lanna Franco da. II. título. 
 
0017-1824 CDU 631.55:368(81)
– Diego Arias Carballo, Pablo Valdivia e Wanessa Matos, do 
Banco Mundial, pelo apoio técnico, e ao Banco Mundial, 
pelo apoio financeiro aos estudos sobre risco na agricultura 
brasileira;
– Pedro Abel Vieira, da Embrapa, e Pedro Loyola, da FAEP, 
pelos comentários a versões preliminares e pela cessão de 
materiais utilizados no Guia;
– Paulo Meneses, do MAPA, pelo apoio ao projeto MAPA/
EMBRAPA/Banco Mundial, para o qual o Guia foi preparado;
– todos os participantes do curso organizado pelo MAPA/
EMBRAPA/Banco Mundial, que tiveram paciência em nos 
acompanhar durante 20 horas, comentaram o material pre-
liminar e deram sugestões para o aprimoramento.
AGRADECIMENTOS
8 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
 9
A agricultura tem sido caracterizada como uma ilha cercada e coberta de 
riscos. Em que pese todo o progresso tecnológico, as atividades agrícolas 
mantêm forte dependência da natureza e os resultados estão sujeitos a 
variações climáticas, brotes de pragas, enfermidades e ocorrência de 
outros fenômenos naturais, desde terremotos até ciclones. Esta mesma 
dependência introduz certa rigidez em seu processo produtivo, que tem 
efeitos sobre a dinâmica e riscos econômicos e financeiros. É mais difícil, 
senão impossível, ajustar o nível de produção às flutuações da demanda 
durante o período da safra; tampouco é viável acelerar, por meio de um 
terceiro turno, o processo produtivo para aproveitar uma boa fase do 
mercado. também não é possível deixar as plantas ociosas, ou demitir 
árvores, como se faz com as máquinas e os funcionários em uma indús-
tria em períodos de baixa do mercado. 
Ao contrário de diminuir, os riscos que envolvem a agricultura têm au-
mentado. De um lado, a agricultura é hoje uma atividade intensiva em 
capital, inserida em cadeias de valor complexas, envolvendo uma exten-
sa rede de fabricantes e prestadores de serviços, um grande número de 
pessoas e um percentual do PIB muitas vezes superior ao valor agregado 
gerado no setor primário estrito senso. Uma frustração de safra devido a 
evento climático adverso tem efeitos sistêmicos que, em geral, vão mui-
to além do produtor rural e de sua comunidade imediata. Em especial 
porque os eventos têm uma natureza catastrófica, atingem simultanea-
mente vários produtores na mesma localidade, potencializando o impac-
to negativo. De outro lado, observa-se, no período recente, uma maior 
instabilidade do clima e dos fenômenos naturais, com ocorrência mais 
frequente de fenômenos extremos, com maior potencial para causar da-
nos econômicos e sociais. Finalmente, os mercados agropecuários têm 
APRESENTAÇÃO
10 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
apresentado maiores flutuações de preços em decorrência da própria ins-
tabilidade da economia global, existindo também impactos decorrentes 
de um quadro de financeirização que influencia a dinâmica de formação 
de preços agropecuários. Neste contexto, os mecanismos de gestão de 
risco vêm ganhando grande importância nos países desenvolvidos, em 
muitos casos substituindo a utilização de instrumentos tradicionais como 
o crédito subvencionado e as reservas de mercado, de resto proibidas 
para os membros da OMC.
Soma-se ao quadro acima exposto o fato dos diferentes tipos de riscos 
inerentes às atividades agropecuárias - associados à produção, preços, 
crédito, operações, ambiente institucional, entre outros - possuir, em ge-
ral, conexões, o que reforça ou atenua seus efeitos. Assim, diante de 
um quadro caracterizado pela intersecção de diferentes fontes de riscos, 
com a presença de múltiplos agentes, coloca-se como fundamental uma 
abordagem integrada e holística. Identificar quais os riscos de certa área, 
quantificar o potencial de perda, avaliar os instrumentos de gerencia-
mento, selecionar a alternativa de gestão e realizar o monitoramento da 
operação são etapas necessárias para chegar a soluções que garantam 
o maior retorno da intervenção, levando-se em conta o grau de vulnera-
bilidade dos stakeholders, o potencial de transmissão do risco ao longo 
da cadeia produtiva e a disponibilidade dos recursos para a execução de 
tais ações. A partir de tais etapas e análises, possibilita-se a priorização 
de ações e a orientação de estratégias de gestão. 
A publicação deste manual é fruto de uma colaboração entre o Centro 
de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Se-
guros, Núcleo de Economia Agrícola e Meio Ambiente (NEA), vinculado 
ao Instituto de Economia da Unicamp, e o Grupo Banco Mundial. Prepa-
rado originalmente no contexto de projeto conjunto do Banco Mundial, 
Embrapa e Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento para 
difundir e aprimorar os mecanismos de gestão integrado de risco na 
agropecuária no Brasil, o manual introduz ferramentas e enfoques para 
a análise dos principais tipos de risco a que a atividade agropecuária 
(primária) está exposta, e informações sobre os instrumentos de gestão 
de risco disponíveis e em uso no Brasil. Utilizando uma visão holística 
sobre os riscos na agropecuária, propõe uma abordagem integrada para 
 11
as decisões relacionadas ao risco, que inclui medidas para prevenir o 
evento adverso, mitigar o impacto potencial de tal evento e/ou enfren-
tar os efeitos negativos decorrentes da ocorrência de fatores adversos, 
associados à natureza ou ao funcionamento da economia. trata-se de 
um guia introdutório, que apresenta informações históricas básicas para 
contextualizar a agricultura brasileira e mundial de hoje, e os instrumen-
tos analíticos necessários para identificação, mensuração e gestão de 
tais riscos em diferentes cenários.
O público-alvo deste manual inclui produtores rurais, técnicos, pesquisa-
dores, servidores públicos, estudantes e empresários ligados ao agrone-
gócio, entre outros agentes que tenham interesse ou atuem em ativida-
des associadas à atividade agropecuária.
 
Prezados Colegas,
É indiscutível o relevante papel do agronegócio para a sociedade brasilei-
ra. O setor movimenta mais de 70 bilhões de dólares em exportações, o 
que representa cerca de 46% do total das exportações do País e, assim, 
contribui sobremaneira para o superávit da balança comercial brasileira. 
Os números da participação do setor são tão expressivos que cerca de 
23% do Produto Interno Bruto (PIB) e 33% dos empregos têm origem 
no setor de agronegócio.
Essa importância vai além, haja vista a demanda crescente de alimentos 
no mundo. Um exemplo prático é que no ano de 2050 a população mun-
dial totalizará 9,5 bilhões de habitantes, ou seja, aproximadamente 35% 
maior quando comparada aos dias de hoje. Paralelamente, a produção 
agropecuária deverá se elevar em 80%, abrindo caminhos para que o 
Brasil se torne o maior produtor e exportador de alimentos do mundo. 
Atualmente, o País é o segundo maior exportador de alimentos, porém, 
as projeções já o colocam em primeiro lugar para o próximo decênio.
Em meio ao dinamismo inerente à produção agropecuária é impossível 
desconsiderar a competividade e os desafios cada vez mais complexos, 
os quais exigem competência e profissionalismo para o aporte devido de 
melhorias nos sistemas produtivos. Além disso, promover a integração 
das cadeias de valor, a inclusão de pequenos e médios produtores, e o 
estabelecimento de políticas públicas eficientes são ações preponderan-
tes e que necessitam de ferramentas adequadas para o retorno desejado.
O Brasil perde em média anualmente mais de R$ 11 bilhões devido aos 
riscos extremos, o que corresponde a 1% do PIB Agrícola. As ameaças 
PREFÁCIO
14 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NAAGROPECUÁRIA
são em parte bem conhecidas e permitem identificar as oportunidades 
e as ações necessárias para mitigá-las, respondê-las ou transferi-las. A 
gestão dos riscos agropecuários se apresenta como ferramenta urgente 
e sua adoção possibilita o aumento da eficiência das políticas e dos 
programas públicos e, simultaneamente, o planejamento e a integração 
das mais diversas ações voltadas, prioritariamente, para a estabilidade 
da renda do produtor.
É certo que muito já existe quando nos propomos a identificar os esforços 
para a redução dos riscos nas atividades agropecuárias, mas também é 
certo que muito há que ser feito ainda. Este Manual é uma dessas coisas 
que servem como a base para criar um conhecimento no setor público e 
privado sobre o que são os diferentes riscos que enfrenta o setor, como 
avalia-los e quais são as diferentes estratégias e ferramentas disponíveis 
para geri-los e reduzir perdas. Sem este conhecimento básico sobre a 
gestão integrada de riscos agropecuários por parte dos principais atores 
do setor pode transformar os avanços até o momento alcançados pelo 
agronegócio em prejuízos incalculáveis para a sustentabilidade do setor 
e, consequentemente, do País.
Martin Raiser,
Diretor do Banco Mundial no Brasil
 15
Não obstante a importância do agronegócio para a economia brasileira 
na criação de empregos qualificados – em cada 3 pessoas empregadas 
uma está no agronegócio –, na geração de divisas com exportações, nos 
efeitos diretos e indiretos em outros setores e na arrecadação de impostos, 
e na tranquilidade que propicia na oferta de alimentos, permanece uma 
grande lacuna a ser preenchida pelo seguro privado na gestão de risco e na 
mitigação de danos. O agronegócio se tornou um dos pilares da atividade 
econômica no Brasil moderno e globalizado. É o nosso soft power, do qual 
devemos nos orgulhar e usar como exemplo para outros países. 
Este Manual tem um papel importante na descrição e avaliação dos riscos 
a que o agronegócio está sujeito – não apenas no Brasil, pois os problemas 
se repetem em outros países e regiões – e como o seguro pode ser inserido 
e acoplado em medidas preventivas e de mitigação de danos.
O CPES – Centro de Pesquisa e Economia do Seguro, da Escola Nacional 
de Seguros, tem o prazer e sente-se prestigiado em oferecer aos analistas 
e estudiosos do mercado de seguros e das instituições, publicas e priva-
das, um texto que tem condições de se tornar um clássico. 
Prof. Claudio R. Contador, Ph.D.
Centro de Pesquisa e Economia do Seguro
PREFÁCIO
16 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
 17
1. Contexto no qual se inseRe a agRoPeCuÁRia ............ 21
 Posição da agropecuária na economia nacional ........................ 21
 Especificidades da agricultura e o risco ................................... 23
 O contexto atual ................................................................... 24
2. ConCeitos De RisCos aPliCaDos à agRoPeCuÁRia ....... 27
 Como definir o risco? ............................................................. 28
 As classificações dos riscos .................................................... 29
 Exercícios ............................................................................ 40
3. anÁlise integRaDa Dos RisCos: visão global ............. 41
 Avaliação do risco ................................................................. 43
 Análise das soluções ............................................................. 43
 Operacionalização, implantação e monitoramento..................... 43
 Realizando um inventário das informações sobre riscos
 agropecuários ....................................................................... 44
4. iDentifiCação Dos RisCos .............................................. 47
 tendência, restrição e risco: exemplos para análise ................... 48
 Categorização e mensuração dos fatores de risco ...................... 49
 Exercícios ............................................................................ 54
5. gestão integRaDa Dos RisCos:
 anÁlise Das soluções .................................................... 55
 Identificação do risco e estratégia de gerenciamento ................. 56
 Classificação das estratégias de gerenciamento do risco ............ 58
 Aplicação da metodologia de análise integrada de riscos:
 O caso do Paraguai ............................................................... 63 
Exercícios ............................................................................ 66
SUMÁRIO
6. RisCo De PRoDução: MensuRação e
 MeCanisMos De gestão .................................................. 67
 Mudança climática e risco de produção ................................... 67
 Como quantificar o risco de produção? .................................... 68
 Quais os instrumentos para gerenciar o risco de produção? ........ 71
 Exercício .............................................................................. 78
7. RisCo De PReço: MensuRação e
 MeCanisMos De gestão .................................................. 79
 Como quantificar o risco de preço? ......................................... 80
 Quais os instrumentos para gerenciar o risco de preço? ............. 85
 Mercado a termo: definição e exemplo de operação .................. 86
 Mercado futuro: definição e exemplo de operação ..................... 88
 Mercado de opções: definição e exemplo de operação ............... 90
 Mercado de swap: definição ................................................... 91
 Mudanças na gestão de riscos nas cooperativas de produtores
 em Honduras ....................................................................... 92
 Exercícios ............................................................................ 94
8. RisCo De CRéDito e De liquiDez ..................................... 95
 Classificações do risco de crédito ............................................ 96
 Um foco no risco de liquidez .................................................. 99
 Crédito agrícola no Brasil: um breve cenário............................. 99
 Exercícios ............................................................................ 103
9. RisCo oPeRaCional e MeCanisMos De gestão ............. 105
 Quais os instrumentos para gerenciar o risco operacional? ......... 107
10. RisCo De aMbiente instituCional / De negóCios ........ 109
11. aPResentação DiDÁtiCa De MeCanisMos De gestão
 De RisCo utilizaDos no bRasil e eM outRos Países ... 111
 Colômbia: desenvolvimento de capacidade de sistemas
 sanitários e fitossanitários (SSF) como estratégia para a
 redução do risco sanitário na pecuária ..................................... 111
 México: Fundo para Contingência Climática destinado aos 
 pequenos agricultores (CADENA) ............................................ 113
 Mongólia: Programa de Seguro Baseado em Índice de Criação
 de Gado (IBLIP) .................................................................... 117
 México: Suporte para Contratação Futura (com contratos
 a termo) e hedging de preços ................................................. 119
12. RefeRÊnCias .................................................................... 127
13. gabaRitos Dos exeRCíCios ............................................. 131
ínDiCe De gRÁfiCos
gráfico 1. Evolução do PIB do agronegócio no Brasil entre 1995 e 2015 .... 21
gráfico 2. Evolução das exportações do agronegócio no Brasil
 entre 1997 e 2015 ............................................................... 22
gráfico 3. Produção mundial (milhões de sacas 60 kg) e preços do café
 na Bolsa de Nova Iorque (1901 a 2012) .................................. 50
gráfico 4. Evolução do rendimento por hectare do milho (safra inverno)
 no Mato Grosso entre 1991 e 2016 ........................................ 70
gráfico 5. Evoluçãoda volatilidade dos mercados de café e milho entre
 jul/05 e mai/16. .................................................................... 82
ínDiCe De figuRas
figura 1. Método proposto pelo Banco Mundial para gestão integrada 
 do risco nas atividades agropecuárias ....................................... 42
figura 2. Etapas no processo de identificação dos riscos .......................... 47
figura 3. Análise da severidade das perdas financeiras por tipo de 
 commodity e evento. .............................................................. 52
figura 4. Método holístico para análise da gestão do risco nas atividades
 agropecuárias ........................................................................ 56
figura 5. Diferentes níveis de risco e estratégias de gerenciamento............ 57
figura 6. Estratégias de gestão de risco conforme a severidade do
 impacto da ocorrência do evento ............................................. 58
figura 7. Riscos, instrumentos, estratégias e stakeholders ....................... 59
figura 8. Projeções do clima por região no ano 2100. ............................. 68
figura 9. Formas de financiamento de um negócio .................................. 97
ínDiCe De quaDRos
quadro 1. tipologia dos riscos agropecuários no Brasil. ........................... 30
quadro 2. tipos de riscos presentes na atividade agropecuária a partir
 dos agentes envolvidos. ........................................................ 32
quadro 3. Principais categorias de riscos enfrentados pelas cadeias
 de suprimento da agricultura ................................................. 35
quadro 4: Dados e informações para análise de risco .............................. 45
quadro 5. Exemplo de método para avaliação do grau de severidade de
 um evento de risco. .............................................................. 51
quadro 6. Exemplo de análise dos fatores de risco conforme probabilidade
 do evento e nível da perda financeira ...................................... 51
quadro 7. Exemplos de ranking de prioridades em relação aos
 tipos de evento. ................................................................... 53
quadro 8. Ferramentas de gestão de risco, conforme nível institucional
 e grupos de estratégia. .......................................................... 62
quadro 9. Frequência e impacto dos riscos - Paraguai ............................. 64
quadro 10. Estratégia de gestão de risco - Paraguai .................................. 65
quadro 11. Características dos programas brasileiros de seguro de produção . 74
quadro 12. Componentes de Subsídio, Programa AxC, ASERCA ................. 123
quadro 13. Benefícios e desafios do programa mexicano de
 suporte de preços ................................................................. 125
ínDiCe De tabelas
tabela 1. Perda de produção e monetária nos eventos de quebra de
 produtividade no estado do Mato Grosso entre 1991 e 2016 .... 70
tabela 2. Variação acumulada real de índices de preço relativos às
 commodities agrícolas entre as décadas de 1960 e 2010. ....... 80
22 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
 21
A atividade agropecuária é um setor estratégico para a economia e a 
sociedade brasileira. Em 2015, tal atividade foi responsável por aproxi-
madamente 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 39% das ex-
portações, e pela ocupação de 16 milhões de pessoas. Está na base do 
chamado agronegócio, o qual, no mesmo ano, gerou aproximadamente 
21% do PIB (Gráfico 1), respondeu por 46% das exportações brasileiras 
(Gráfico 2) e empregou aproximadamente 40% da população econômica 
ativa do país. 
CONTExTO NO qUAl SE
INSERE A AGROPECUÁRIA1
POSIÇÃO DA AGROPECUÁRIA NA ECONOMIA NACIONAl
fonte: CEPEA/ESALQ/USP (2016)
gráfico 1. evolução do Pib do agronegócio no brasil entre 1995 e 2015
22 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
tais dados revelam o papel e a contribuição da agropecuária para a eco-
nomia nacional, regional ou local. Esses indicadores permitem prever o 
que está em jogo e as perdas potenciais associadas a eventos adversos 
que comprometem o desempenho do setor. Para se ter uma ideia das 
possíveis perdas geradas, um estudo da FAO (2015) mostrou, a partir 
de 78 avaliações das necessidades pós-catástrofe em 48 países em 
desenvolvimento, que 25% dos danos advindos de desastres naturais 
ocorridos entre 2003 e 2013 recaíram sobre a agropecuária, levando 
a US$70 bilhões de prejuízo nessas atividades. Estima-se que 44% 
destas perdas foram causadas por seca e 39% por enchentes. No Bra-
sil, uma análise do Banco Mundial et al. (2015) evidenciou uma perda 
anual próxima a R$11 bilhões (1% do PIB Agrícola) devido a eventos 
extremos.
fonte: MAPA (2016)
também é relevante entender os fatores macroeconômicos que afetam 
o desempenho da agricultura, dentre os quais se destacam: a trajetória 
e conjuntura da economia nacional e mundial; a política econômica, em 
gráfico 2. evolução das exportações do agronegócio
no brasil entre 1997 e 2015
 23
particular a política cambial e fiscal; o contexto político e institucional; a 
situação fiscal e os indicadores sociais, especialmente os do meio rural. 
Deve-se ter claro que o desempenho econômico e social da agricultura 
é determinado pela combinação do conjunto de fatores indicados e do 
conjunto de riscos que têm impacto significativo sobre os resultados do 
setor. Eventos climáticos, por exemplo, podem determinar perdas rele-
vantes na produção, nas exportações e na ocupação (direta e indireta), 
além de maior volatilidade na produção e renda dos produtores, elevação 
de preços para os consumidores e insegurança alimentar.
ESPECIFICIDADES DA AGRICUlTURA E O RISCO
Dependência da natureza. A atividade agrícola é fortemente marcada 
por uma especificidade que a diferencia da produção industrial e do setor 
de serviços: a forte dependência da natureza, seja da terra – cuja oferta 
é relativamente rígida – seja do clima e dos processos biológicos, os 
quais, por serem extremamente dinâmicos, em conjunto desempenham 
um papel ativo na organização, processo de produção e resultados da 
agricultura. Em particular, essas características implicam: (i) uma maior 
rigidez do processo produtivo, tendo como consequência menor flexibi-
lidade para ajustar-se aos ciclos da economia e às mudanças nas con-
junturas dos mercados relevantes; (ii) sazonalidade da produção, a qual 
ainda hoje, em muitos ramos, é inteiramente determinada pela natureza; 
(iii) a dependência de processos biológicos que são responsáveis diretos 
pelas operações mais importantes do processo produtivo. 
Riscos. Esta dependência se reflete nos riscos que cercam a atividade da 
agricultura, que tendem a ser maiores do que o do conjunto das demais 
atividades. A produção fica exposta às chuvas e à falta delas, ao frio e 
ao calor, ao ataque de pragas; tem maior dificuldade para responder 
rapidamente às conjunturas favoráveis do mercado, ou para se ajustar 
às negativas; incorre em custos adicionais para lidar com a sazonalidade 
da produção, levando, em muitas ocasiões, a um descasamento entre os 
fluxos de despesas e receitas. Por isto, a agricultura é uma ilha em um 
mar de riscos. 
1. CONtExtO NO QUAL SE INSERE A AGROPECUÁRIA
24 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
O CONTExTO ATUAl
atividade intensiva em capital. No passado, a agricultura era uma ati-
vidade intensiva em terra e trabalho, fatores que eram abundantes e 
baratos. Os maiores riscos eram associados ao clima e às flutuações dos 
mercados, cujos impactos econômicos eram suavizados pela baixa imo-
bilização de capital, pelo baixo custo de produção e pelas relações inter-
setoriais relativamente débeis. A agricultura moderna e contemporânea 
se caracteriza pelo uso intensivo do capital, em todasas suas modalida-
des: o capital fixo, capital fundiário – resultado da transformação da terra 
por investimentos e aplicação de tecnologia –, capital ambiental, capital 
humano, capital circulante e capital financeiro. A utilização intensiva de 
capital implica, por si só, em riscos mais elevados, uma vez que o custo 
de eventos adversos é maior. 
Relações intersetoriais complexas e efeitos em cadeia. A atividade 
agropecuária caracteriza-se, também, pela intensificação das relações 
a jusante e a montante, como parte de uma cadeia produtiva bem mais 
ampla, que envolve indústrias e serviços e mobiliza um número mui-
to maior de pessoas do que as diretamente empregadas na produção 
DaDos e leituRas CoMPleMentaRes
Informações a respeito da importância da agricultura para o País podem 
ser acessadas a partir de diversas fontes, entre as quais:
•	Ministério	da	Agricultura,	Pecuária	e	Abastecimento	(MAPA):
 www.mapa.gov.br 
•	Ipeadata:	www.ipeadata.gov.br
•	Companhia	Nacional	de	Abastecimento	(CONAB):	www.conab.gov.br	
•	Instituto	Brasileiro	de	Geografia	e	Estatística	(IBGE):	www.ibge.gov.br
•	Secretaria	Especial	de	Agricultura	Familiar	e	Desenvolvimento	Agrário:	
www.mda.gov.br
•	Centro	 de	 Estudos	 Avançados	 em	 Economia	 Aplicada	 (Esalq/USP):	
cepea.esalq.usp.br/pib
 25
De forma a aprofundar as análises a respeito do contexto atual da agricul-
tura, suas relações intersetoriais e sua nova dinâmica, acesse os seguintes 
estudos:
ZYLBERSZtAJN, D. Coordenação e Governança de Sistemas Agroin-
dustriais. In: Antônio Márcio Buainain; Eliseu Alves; José Maria da 
Silveira; Zander Navarro. (Org.). o mundo rural no brasil do século 
21: a formação de um novo padrão agrícola e agrário. 1ª ed. Brasí-
lia, 2014. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publica-
coes/-/publicacao/994073/o-mundo-rural-no-brasil-do-seculo-21-a-
formacao-de-um-novo-padrao-agrario-e-agricola
SAES, M. S. M.; SILVEIRA, R. L. F. Novas formas de organização 
das cadeias agrícolas brasileiras: tendências recentes. In: Antônio M. 
Buainain; Eliseu Alves; José M. da Silveira; Zander Navarro (Org.). o 
mundo rural no brasil do século 21: a formação de um novo padrão 
agrícola e agrário.. 1ª ed. Brasília: Embrapa, 2014.
JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS, C. Rapid agricultural supply 
Chain Risk assessment: a conceptual framework. World Bank, 2008. 
Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/INtCOMRISMAN/
Resources/RapidAgriculturalSupplyChainRiskAssessmentConceptual-
Framework.pdf
primária. Isto significa que eventos adversos, em geral, propagam-se 
para os demais setores da economia, potencializando e multiplicando os 
impactos que incidem diretamente sobre a agricultura. Ainda que este 
manual tenha como foco o risco na atividade primária, é preciso levar em 
conta as implicações de eventos adversos na agricultura sobre as cadeias 
produtivas, tanto em termos organizacionais, de governança, custos, efi-
ciência como de competividade em geral.
uma nova ordem global e institucional. A agricultura está inserida em 
uma nova ordem global, que condiciona sua dinâmica, desempenho e 
interfere nos riscos em geral. Destacam-se, em particular, alguns fatores:
(i) o ambiente criado pelo multilateralismo e o peso crescente das 
regras fixadas em acordos internacionais e na legislação nacional;
1. CONtExtO NO QUAL SE INSERE A AGROPECUÁRIA 
26 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
(ii) controles e regras regulando os principais aspectos que envol-
vem toda a cadeia do agronegócio, desde o ambiente, segurança 
alimentar, saúde, relações de trabalho, comércio e propriedade 
intelectual;
(iii) mudanças climáticas globais, com aumento de eventos extremos;
(iv) pressões sociais com suficiente força para impor regras, atitudes, 
legitimar ou refutar opções tecnológicas e etc.;
(v) valorização do consumidor como stakeholder central da cadeia de 
valor do agronegócio. Este novo ambiente interfere diretamente 
nos riscos agropecuários, em particular nos riscos institucionais, 
tecnológicos e de produção. 
 27
CONCEITOS DE RISCOS 
APlICADOS à AGROPECUÁRIA2
o agricultor busca o lucro. A atividade agropecuária, à semelhança de 
outros processos produtivos, orienta-se pelo objetivo geral de gerar lucro, 
o que pode ser alcançado mediante várias estratégias que envolvem dife-
rentes combinações de atividades produtivas, horizontes temporais, tec-
nologia etc.. Ainda que seja uma simplificação, pode-se de fato considerar 
que, na esfera produtiva, os agricultores buscam o máximo rendimento 
dos fatores de produção ao menor custo associado, e na esfera comer-
cial buscam a obtenção do maior preço de venda do produto. O objetivo 
consiste, portanto, em maximizar receita e minimizar custo, perseguindo, 
assim, o máximo lucro. Este objetivo, socialmente determinado e condicio-
nado pelos fatores institucionais arrolados, não exclui outros objetivos que 
os produtores possam ter, como, por exemplo, a segurança alimentar da 
família, e que também interferem em suas decisões e opções.
a gestão de risco é intrínseca à atividade agropecuária. Dados os re-
cursos disponíveis e as variáveis do contexto, os resultados da atividade 
agropecuária estão relacionados à qualidade das diversas decisões dos 
agricultores, antes, durante e após o processo produtivo, e que se referem 
às três questões básicas da economia: O que produzir? Como produzir? 
Para quem produzir? tais decisões, que dizem respeito à definição de qual 
produto produzir, à tecnologia a ser empregada, à forma de financiamento 
e à estratégia de comercialização, entre outros fatores, são envolvidas, 
influenciadas e modificadas por diversos tipos de riscos. Ou seja, ao tomar 
estas decisões, os agricultores levam em conta os riscos e fazem, portanto, 
uma gestão integrada do risco. Por isto, é possível afirmar que a gestão do 
risco é inseparável da gestão da produção agropecuária, não importando o 
tipo e/ou tamanho do produtor. 
28 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
COMO DEFINIR O RISCO?
o conceito de risco. Em termos intuitivos, o risco é em geral entendido 
como a possibilidade de o resultado final ser diferente daquele esperado 
devido à interveniência de fatores aleatórios e imprevistos. De forma 
geral, e com maior rigor, o risco da atividade agropecuária pode ser 
definido como uma medida de dispersão dos possíveis resultados que 
o agricultor pode obter em relação a um resultado esperado. trata-se 
de uma incerteza possível de ser mensurada. Além do caráter de perigo, 
que tradicionalmente é associado a este conceito, confere-se também 
a oportunidade que a sua exposição pode levar na busca de inovações 
e de maiores retornos. As ações dos agentes envolvidos nas cadeias 
Qual a diferença entre incerteza e risco? A maior parte das decisões eco-
nômicas relevantes envolve o futuro, e o futuro remete, necessariamente, à 
incerteza. trabalhar com o futuro exige algum tipo de previsão, que pode ser 
simples, complexa ou mesmo impossível. A incerteza está associada, ainda, 
à imperfeição das informações, seja porque são mesmo insuficientes, seja 
porque a capacidade de analisá-las é limitada. Portanto, todas as decisões 
que envolvem o futuro se dão em um contexto de incerteza. E a incerteza 
remete, necessariamente, ao risco. 
Em muitas situações é possível estimar, com certa objetividade, a probabi-
lidade de ocorrência dos eventos futuros incertos. Nestes casos, a incerteza 
se transforma em risco, que pode ser definido como a incerteza mensu-
rável. Do ponto de vista macroeconômico, a distinção é mais sútil e foi 
qualificada por Keynes, para quem o risco se refere a uma situação na 
qual a probabilidade de eventos futuros pode ser mensurada com base em 
probabilidades objetivas, enquanto a incerteza se refere a uma situação 
cuja previsão está associada a estimativassubjetivas. “O jogo de roleta 
não é sujeito, neste sentido, a incerteza ..., e a expectativa de vida é apenas 
levemente incerta. Mesmo a previsão do tempo é apenas moderadamente 
incerta. O sentido em que estou usando o termo (incerteza) é o de que a 
perspectiva de uma guerra europeia é incerta assim como o preço do cobre 
e a taxa de juros daqui a vinte anos... Sobre esses assuntos não há base 
científica para estabelecer nenhum cálculo de probabilidade, qualquer que 
seja. Nós simplesmente não sabemos.”
fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza
Incerteza e rIsco
 29
agroindustriais dependem, em primeiro lugar, de como esses atores per-
cebem os riscos. A partir da percepção, as medidas devem ser pautadas 
com vistas à otimização da relação retorno-risco, sendo fundamental, 
neste processo, uma gestão que trate de maneira adequada os elemen-
tos propulsores de risco, analisando-os de uma perspectiva dual (retorno
-risco) e integrada (DAMODARAN, 2009). 
AS ClASSIFICAÇõES DOS RISCOS
Os riscos relativos à agropecuária podem ser classificados de duas formas. 
A primeira leva em conta as origens dos fatores de risco, enquanto a 
segunda considera a natureza do risco (IBGC, 2007). Sob a análise das 
origens do risco, os fatores geradores de risco são separados em externos 
e internos ao processo produtivo, e em relação à natureza, os riscos são 
classificados em três grandes grupos: risco de produção, risco de mercado 
e risco do ambiente de negócios (ver Quadro 1).
Riscos externos. No grupo dos riscos externos, consideram-se os eventos 
econômicos, políticos, sociais, setoriais e climáticos, que impactam o qua-
dro competitivo, institucional/legal, organizacional e tecnológico no qual o 
agente se encontra. Exemplos disso são um possível aumento da alíquota 
de imposto sobre defensivos agrícolas, uma variação da taxa de câmbio 
da economia, a descoberta de uma nova variedade de semente, as condi-
ções de seca de uma região produtora, etc.. A característica básica desses 
elementos está associada ao fato de o agricultor não ter capacidade de 
alterá-los e, sim, somente de administrá-los. O agricultor não pode evitar 
a seca, mas pode optar por uma tecnologia adequada para situações que 
são tradicionalmente qualificadas como “seca”, reduzindo ou até mesmo 
anulando os efeitos da estiagem sobre a produção. trata-se de um aspecto 
da gestão do risco.
Riscos internos. Os riscos internos ao processo produtivo, também conhe-
cidos como riscos do negócio, advêm de práticas que ocorrem dentro da 
unidade produtiva – tais como ações relativas à comercialização, finan-
ciamento, escolha da tecnologia de produção, gestão de custos, gerencia-
mento do processo produtivo e da qualidade dos produtos, dentre outros 
elementos. 
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
30 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
quadro 1. tipologia dos riscos agropecuários no brasil
grupos de 
riscos
Riscos
(Distribuição 
temática)
eventos
(exemplos no brasil)
Risco de 
produção
Climáticos e 
incêndios
Secas, geadas, excesso e chuva, ventos 
fortes.
Sanidade animal Aftosa, BSE (vaca louca), Newcastle, etc.
Sanidade vegetal Pragas e doenças (lagarta Helicoverpa)
Gestão da produção 
e de recursos 
naturais
Mudança nas outorgas de água, na 
assistência técnica, na fiscalização, na 
disponibilidade de mão de obra
Risco de 
Mercado
Comercialização 
(preço de insumos e 
produtos) e crédito
Variação dos preços dos produtos 
e insumos, taxas de câmbio, taxas 
de juros, mudanças nos termos dos 
créditos.
Comércio exterior Fechamento de mercados de 
exportação e mudanças de acesso à 
importação de insumos.
Ambiente 
de 
Negócios
Logística e 
infraestrutura
Greves nos portos, fechamentos nas 
rodovias/ferrovias/hidrovias, mudanças 
nos incentivos à armazenagem
Marco regulatório, 
políticas, 
instituições e grupos 
de interesse
Mudanças em leis/regulamentações 
(ambientais, trabalhista, insumos, 
terra), mudanças em instituições 
públicas e apoio (MAPA, MDA, MME, 
ANA), modificações na interpretação de 
normativas.
fonte: Banco Mundial, MAPA e EMBRAPA (2015)
natureza do risco: risco de produção, risco de mercado e risco do am-
biente de negócios. Os dois primeiros tipos resultam no chamado risco 
financeiro da atividade. Por um lado, o risco de produção está associado 
à possibilidade do volume produzido planejado não se efetivar devido à 
ocorrência de um evento climático, de incidência de doença ou praga ou 
 31
ainda de falhas operacionais. Por outro lado, o risco de mercado (também 
chamado de risco de preço) deve-se basicamente ao grau de variabilida-
de dos preços dos insumos, dos produtos agrícolas, da taxa de câmbio, 
da taxa de juros, etc.. Esse tipo de risco possui destaque na agricultura 
devido a dois fatores, que restringem o tempo e elevam o custo para a 
comercialização do bem: (i) perecebilidade de boa parte dos produtos; (ii) 
os custos associados ao armazenamento necessário para desconcentrar no 
tempo a oferta agrícola. Observa-se ainda que o risco de preço também 
está associado à própria organização do negócio, em particular às fontes e 
modalidades de financiamento utilizadas. A utilização de capital de tercei-
ros na estrutura de capital do negócio, mediante captação de empréstimos 
bancários, introduz o risco relativo à alavancagem financeira na atividade, 
sendo este associado às oscilações não desejáveis das taxas de juros e de 
câmbio (no caso de captação externa) e à possibilidade da não renova-
ção dos empréstimos (HARDAKER Et AL., 2004). O risco do ambiente 
institucional, por sua vez, tem base na possibilidade de alterações não 
previstas em leis/regulamentações em certa região ou ainda em mudanças 
do marco regulatório que rege a economia nacional e o comércio mundial.
Riscos adicionais: risco operacional e de crédito. Outros tipos de risco 
também podem ser observados na atividade agropecuária. Um deles é 
o risco operacional do negócio, que está associado à possibilidade de 
ocorrência de falhas humanas ou de sistemas em processos relativos à 
gestão e/ou operação da atividade. Destaca-se que tal risco está presente 
tanto em aspectos da gestão do negócio – na administração do capital de 
giro do negócio, no planejamento e controle das operações, no gerencia-
mento dos custos da atividade, na logística, entre outros pontos –, como 
também no processo produtivo em si quando da adoção, por exemplo, de 
uma nova tecnologia. Existe ainda o risco de crédito, que está associado a 
duas principais possibilidades. A primeira se refere à possiblidade de que 
a contraparte (indústria, trading ou fornecedor) não honre o contrato esta-
belecido com o produtor rural. A segunda emerge da possibilidade de que 
o agricultor não obtenha crédito suficiente para executar sua atividade. 
tais eventos podem ser causados por uma conjugação de fatores internos 
e externos ao negócio, alguns controláveis pelos agricultores e outros não. 
Classificação alternativa. O Quadro 2 apresenta os riscos com uma tipo-
logia diferente, que também é útil para compreender os riscos presentes 
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
32 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
na atividade agropecuária. Nesta análise, classificam-se os tipos de risco 
conforme a sua origem e como incidem sobre os diferentes agentes e 
níveis de agregação: produtor individual (micro), comunidade específica 
(meso) e região/país (macro). Observa-se que a ocorrência de alguns 
eventos tem maior abrangência e, portanto, maior impacto potencial. 
Um bom exemplo é o de mudanças na política macroeconômica, que 
incidem diretamente sobre a taxa de juros e a disponibilidade, custo 
e acesso ao crédito. Outros riscos, como aqueles associados a eventos 
climáticos extremos, podem ocorrer tanto emuma área bastante especí-
fica, atingindo apenas alguns produtores individuais, como alcançar toda 
uma comunidade ou região.
quadro 2. tipos de riscos presentes na atividade
agropecuária a partir dos agentes envolvidos
tipo de risco
Micro
(indivíduo)
Meso
(Comunidade)
Macro
(Região/país)
Mercado/
Preço
Mudança 
no preço da 
terra, novas 
demandas da 
indústria de 
alimentos
Mudanças nos 
preços dos insumos 
e do produto final 
(choques), novos 
mercados, etc.
Produção
Granizo, geada, 
doenças não-
contagiosas, 
riscos pessoais 
(doença, morte)
Poluição, 
chuvas, 
deslizamento 
de terras
Inundação, seca, 
pestes, doenças 
contagiosas, 
tecnologia
financeiro
Mudanças na 
renda advinda 
de outros ativos
Mudanças nas 
taxas de juros/
acesso ao crédito
institucional/
legal
Mudanças na 
política local e 
nas regulações 
locais
Mudanças políticas/
regulações/lei 
ambiental
fonte: OECD (2009)
 33
Risco na Cadeia Produtiva do agronegócio. Como já indicado, os riscos 
da agropecuária têm potencial para se propagar por toda a cadeia do 
agronegócio, tanto para os segmentos a montante como a jusante. Uma 
quebra de safra por razões climáticas afetará, imediatamente, a capaci-
dade de os agricultores honrarem os compromissos financeiros assumi-
dos durante o processo, tendo como lastro a expectativa da colheita; a 
redução da renda em decorrência de evento catastrófico poderá afetar, 
também, a venda de máquinas e insumos agropecuários, em especial 
se as linhas de crédito forem também comprometidas pela eventual ina-
dimplência. A agroindústria e os traders também poderão ser atingidos, 
tanto pela redução da oferta como pela elevação dos preços. Em alguns 
casos, o impacto pode ser ainda mais grave na ausência de fontes alter-
nativas de suprimento. E, claro que a conta chegará ao consumidor e à 
sociedade em geral. 
Os riscos ao longo da cadeia são relativamente complexos e, em muitos 
segmentos, demandam mecanismos de coordenação específicos e se 
refletem na própria forma de organização dominante. Algumas agroin-
dústrias utilizam matérias-primas cujo processo de produção precisa se 
adequar a procedimentos técnicos estritos e rigorosos para assegurar a 
qualidade/especificidade desejada. A utilização de matéria-prima fora 
do padrão pode implicar custos elevados e para reduzir este risco as 
empresas processadoras lançam mão de vários mecanismos, desde 
contratos de produção com provisão de assistência técnica e liberdade 
para monitorar o processo produtivo, valorização da reputação até a 
montagem de laboratórios especializados para identificar a presença 
de atributos indesejáveis na matéria-prima. Em outros casos, o nível de 
especificidade da matéria-prima envolvida, o custo de monitoramento 
e o custo da ocorrência de eventos indesejáveis são tão elevados que 
inviabilizam a operação da cadeia com base em transações nos mer-
cados e em contratos, obrigando a verticalização de parte relevante do 
processo produtivo. 
transmissão de riscos nas cadeias do agronegócio. Os riscos são trans-
mitidos e captados por vários canais, sendo os mais importantes o pró-
prio mercado nos quais os preços das mercadorias flutuam e são trans-
mitidos entre os agentes; a perda de qualidade do produto devido a 
problemas logísticos, mas também por fatores climáticos, tecnológicos e 
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
operacionais; acesso ao mercado restringido pela ocorrência de proble-
mas sanitários; quebra de produção devido a eventos climáticos adver-
sos e restrições institucionais, em particular pressões sociais associadas 
a temas ambientais, indígenas e sociais. O Quadro 3 sintetiza como os 
vários riscos já mencionados incidem sobre a cadeia de suprimento da 
agricultura.
 35
quadro 3. Principais categorias de riscos enfrentados
pelas cadeias de suprimento da agricultura
tipo de risco eventos
Risco associado 
ao clima
Déficit periódico e/ou excesso de chuvas ou temperatura, tempes-
tade de granizo, ventos fortes
Desastre natural 
(incluindo eventos 
climáticos 
extremos)
Grandes inundações e secas, ciclones, tufões, terremotos, ativi-
dade vulcânica.
Risco biológico e 
do meio ambiente
Pestes e doenças nas atividades agrícolas e pecuária; contami-
nação associada ao problema sanitário; contaminação humana; 
contaminação e degradação dos recursos naturais e do meio am-
biente; contaminação e degradação da produção e do processo 
produtivo. 
Riscos 
relacionados ao 
mercado
Mudanças na oferta e/ou demanda que impacta os preços domés-
ticos e/ou internacionais dos insumos e/ou dos produtos, mudan-
ças na demanda de mercado (quantidade e qualidade), mudanças 
nos requisitos associados à segurança alimentar; mudanças na 
demanda de mercado relativas ao tempo de distribuição do pro-
duto; mudanças de reputação e confiança relativas à cadeia de 
suprimento.
Risco da logística 
e da infraestrutura
Mudanças nos custos de transporte, comunicação e de energia; 
degradação do transporte, comunicação e infraestrutura de ener-
gia; destruição física, conflitos, disputas trabalhistas que afetam 
transportes, comunicação, infraestrutura de energia e serviços.
Risco de gestão e 
operacional
Decisões ineficientes relativas à alocação dos ativos e uso de in-
sumos; controle de qualidade deficiente; erros de planejamento e 
de previsão; avaria nos equipamentos da fazenda ou da empresa; 
uso de sementes obsoletas; falta de preparação para mudança 
de produto, processo e mercado; incapacidade de adaptação às 
mudanças nos fluxos financeiros e de trabalho.
Riscos 
institucionais e de 
política pública
Mudança e/ou incerteza acerca das políticas monetárias, fiscais, 
financeiras (crédito, poupança e seguro), regulatórias e legais, co-
merciais, de terras, etc. Fraca capacidade institucional para im-
plantar regras regulatórias. 
Risco político
Instabilidade sócio-política do país ou em países vizinhos, in-
terrupção de comércio em razão de disputas com outros países, 
confisco de ativos especialmente em relação a investidores es-
trangeiros
fonte: adaptado de JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS (2008). 
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
36 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
Durante milênios, o balanço da relação homem/Natureza era claramente positivo: o uso limitado de recursos naturais abundantes assegurou a 
reprodução e a evolução do homem com impactos pouco relevantes sobre 
o meio ambiente, de alcance local e sem repercussões sistêmicas. O uso 
intensivo dos recursos naturais propiciados pelo vertiginoso progresso tec-
nológico, ao lado da inegável melhoria das condições de vida da sociedade, 
produziu também resultados negativos que hoje se manifestam, por exem-
plo, nas mudanças climáticas globais e na perda da biodiversidade. Os ris-
cos ambientais crescentes ameaçam a sustentabilidade e turvam o horizonte 
para a humanidade. Mas o que vem a ser o risco ambiental? Quais as suas 
causas? E suas consequências?
O meio ambiente sempre foi e continua sendo o provedor de um amplo 
conjunto de serviços – os chamados serviços ambientais –, essenciais e 
insubstituíveis para a sociedade, porque incluem a amenidade climática, a 
produção de alimentos e matérias-primas de origem agropecuária, a água 
doce e pura, entre outros. Em última análise, o risco ambiental representa 
os potenciais efeitos da dinâmica ambiental, afetada ou não pela ação an-
trópica, sobre as condições necessárias para a sustentação da vida e sobre 
a dinâmica socioeconômica. Sempre convivemos com certo risco ambiental, 
mas o dado novo é a exacerbação deste risco devido à ação do homem sobre 
o meio ambiente, o que de certa forma o descola da dinâmica dos eventos 
que no passado eram fundamentalmente determinados por fatores naturais.Neste contexto, a provisão de muitos dos serviços ambientais necessários 
para equilibrar as forças da Natureza tem sido comprometida, elevando os 
riscos e os custos sociais e econômicos envolvidos.
A expressão mais clara do risco ambiental aparece nos chamados “desas-
tres naturais”, cuja ocorrência, escala e gravidade têm aumentado no perí-
odo mais recente. Ainda que continuemos denominando tais eventos como 
“desastres naturais”, já não é possível atribui-los apenas à fúria dos deuses 
ou à dinâmica natural do meio ambiente. tampouco é possível considerá-los 
como fenômenos exógenos, aleatórios e independentes, pois no período re-
cente refletem fundamentalmente os desequilíbrios provocados pela ação 
humana sobre a Natureza, especialmente na escala local e regional. 
A sobreutilização dos recursos naturais tem elevado o risco ambiental na 
agricultura, por exemplo, aumentando a probabilidade de faltar água para 
irrigação, reduzindo a fertilidade do solo em função de processos erosivos 
associados ao manejo inadequado do solo, multiplicando a ocorrência de 
o risco ambiental no século xxi
 37
pragas e doenças decorrente da maior homogeneidade das lavouras e da 
redução da biodiversidade, entre outros eventos. A mesma dinâmica tem 
ocorrido na área urbana, onde o risco ambiental decorrente da ação humana 
tem resultado em elevadas perdas humanas e econômicas.
O risco ambiental no século xxI tem se manifestado também em maior 
incerteza na tomada de decisão, na ocorrência cada vez mais frequente de 
eventos extremos e abrangentes, cujos resultados em alguns casos têm sido 
catastróficos para a sociedade, e nos potenciais efeitos globais e regionais 
das mudanças climáticas. Não significa que todos os desastres naturais te-
nham sua origem na ação humana, mas o aumento da escala humana no 
uso dos recursos naturais e na transformação do meio ambiente tem ampli-
ficado os seus efeitos sociais e econômicos. Neste sentido, a efetivação do 
risco ambiental tem sido catastrófica para a sociedade, como já verificado 
em algumas regiões brasileiras.
A natureza e o alcance do risco ambiental também mudam, da escala 
micro para a macro, e da dimensão local para a meso e global. A ocorrência 
de eventos adversos associados ao que estamos denominando, lato senso, 
de risco climático, por exemplo, causa danos que vão bem além da escala 
micro e, na maioria dos casos, o seguro cobre apenas o dano financeiro, não 
raramente o menor deles. O problema é que para este novo risco ambiental 
ainda não existe seguro capaz de proteger a sociedade, uma vez que não 
pode ser tratado privadamente, porque seus efeitos afetam toda a coletivida-
de. A falta de chuva ou de água, por exemplo, em uma região afeta toda a 
população e todas as atividades econômicas. 
O custo social e econômico tem sido crescente. O risco ambiental tem 
sido tratado como uma externalidade negativa, que não é internalizado nos 
processos decisórios. A sociedade não tem adotado medidas adequadas 
para enfrentar essa nova realidade. Não há ações ou planejamento para 
a prevenção, mas apenas a remediação diante da ocorrência dos eventos. 
Contudo, mesmo o seguro, o instrumento de gestão de risco mais utilizado, 
pode apenas minimizar as perdas econômicas privadas, mas não cobrem as 
perdas econômicas ou não econômicas que afetam a coletividade. Se falta 
água para uso doméstico, é possível até buscar reparação pecuniária junto à 
empresa responsável, mas esta reparação não resolverá o problema central 
do desconforto e queda de bem-estar provado pela falta de água. Este ce-
nário amplifica a urgência do tratamento mais adequado do risco ambiental 
pela sociedade, na tentativa de minimizar as perdas proporcionadas por esta 
nova realidade.
O seguro ambiental corresponde à obrigação de reparação ou indenização 
aos agentes afetados por parte do agente causador, a fim de possibilitar as 
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
38 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
correções causadas pelos danos ambientais. Essa definição está amparada 
no princípio do poluidor-pagador, uma vez que o causador do dano ambien-
tal seria responsável pela reparação ou indenização dos agentes afetados. 
No entanto, o risco ambiental do século xxI e sua eventual efetivação não 
estão necessariamente vinculados à ação de um único agente ou pequeno 
grupo de agentes, como preconiza o princípio do poluidor-pagador, porque 
a origem do dano ambiental é coletiva. Deste modo, como responsabilizar 
toda uma sociedade pelos danos ambientais causados por suas ações?
O modelo vigente de seguro ambiental está amparado apenas nas ações 
dos agentes individualizáveis, a fim de evitar ou restringir comportamentos 
ou práticas negligentes que possam elevar o risco ambiental. Observa-se 
que apenas aquilo que é inadequado do ponto de vista institucional é consi-
derado no seguro ambiental. Neste sentido, as emissões de gases de efeito 
estufa decorrente do uso dos veículos automotores não são consideradas 
ações inadequadas. Apesar disso, as emissões estão na base das mudanças 
climáticas locais, tais como o efeito estufa local, aumento da concentração 
de poluentes, problemas respiratórios, entre outros. E têm impactos sobre o 
custo dos seguros, arcados privadamente, e sobre os riscos agropecuários. 
Neste contexto, apenas o aprimoramento das modalidades de seguro am-
biental não é suficiente para o enfrentamento dos novos desafios, porque as 
fontes de risco ambiental são coletivas, não têm reconhecimento institucio-
nal e não são de fácil identificação. Desse modo, ao lado do aprimoramento 
do seguro ambiental, que melhor amenizaria o risco privado, já conhecido, 
é preciso cobrir o risco coletivo, que proporciona os prejuízos coletivos de 
maior magnitude e que não são cobertos pelas apólices privadas. Como se-
gurar este risco cujo agente causador é a própria coletividade? Quem pagaria 
pelo sinistro ambiental resultante das mudanças climáticas, por exemplo? 
Neste contexto, a indústria de seguro tem um papel relevante a desempe-
nhar para a redução de risco e pode incluir, em muitas apólices privadas, 
condicionantes e incentivos para controlar e mitigar o risco ambiental. tal 
como vem fazendo com a segurança no trânsito, bonificando os motoristas 
que dirigem com cuidado e incentivando a boa manutenção dos veículos. 
Mas é preciso ter claro que este risco nunca será coberto de forma adequada 
pelo seguro, e que por isto mesmo é preciso reforçar as ações de prevenção, 
mitigação não financeira e conscientização da sociedade em relação aos 
riscos envolvidos no novo risco ambiental.
Fonte: a partir de Buainain, A.M. e Ruiz, J. G. (2016). o risco ambiental no século 
xxi. Cadernos de seguro, No 189, Julho/Agosto de 2016, Ano xxxVI, Escola Nacio-
nal de Seguros. ISSN 0101-5818. 
 39
leituRas CoMPleMentaRes
Análises adicionais sobre o conceito de risco e os aspectos relativos a tal 
temática na agricultura podem ser consultadas em:
BANCO MUNDIAL, MAPA e EMBRAPA. Revisão Rápida e integrada 
da gestão de Riscos agropecuários no brasil. Caminhos para uma 
visão integrada. Brasília, 2015.
BUAINAIN, A. M.; PEDROSA, M. t. M.; VIEIRA JUNIOR, P. A.; SIL-
VEIRA, R. L. F.; NAVARRO, Z. Quais os riscos mais relevantes nas 
atividades agropecuárias? In: Antônio Márcio Buainain; Eliseu Alves; 
José Maria da Silveira; Zander Navarro (Org.). o mundo rural no 
brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrí-
cola. 1ª ed. Brasília: Embrapa, 2014. Disponível em: https://www.
embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/994073/o-mundo
-rural-no-brasil-do-seculo-21-a-formacao-de-um-novo-padrao-agra-
rio-e-agricola
BUANAIN, A. M.; Vieira, P. A.; Cury, W. J. M. gestão do risco e se-
guro na agricultura brasileira. RJ. Funenseg, 2011.
DAMODARAN, A. gestão estratégica do risco: uma referência para 
atomada de riscos empresariais. SP. Bookman, 2009.
JAFFEE, S.; SIEGEL, P.; ANDREWS, C. Rapid agricultural supply 
Chain Risk assessment: a conceptual framework. World Bank, 
2008. Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/INt-
COMRISMAN/Resources/RapidAgriculturalSupplyChainRiskAssess-
mentConceptualFramework.pdf
OECD. Managing risk in agriculture: a holistic approach. OECD, 
2009.
2. CONCEItOS DE RISCOS APLICADOS à AGROPECUÁRIA
40 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
ExERCíCIOS
1) Conforme o Instituto de Economia Agrícola, “A febre aftosa é uma 
doença de grande importância na pecuária de corte, por ser de dis-
seminação rápida e impor a necessidade de eliminação dos animais 
contaminados com perda total da produção. Os principais prejuízos 
são econômicos e atingem tanto os pequenos quanto os grandes pe-
cuaristas”. Classifique este risco a partir dos conceitos apresentados 
nesta seção, avaliando as razões das perdas econômicas.
2) A partir do parágrafo a seguir, classifique o risco destas atividades.
 “Projeções de geadas têm preocupado os produtores de café, cana 
e milho nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. tais perspectivas têm 
causado oscilações nos preços internacionais destas commodities, 
especialmente nas duas primeiras, visto que o país é responsável por 
boa parcela das exportações mundiais”. 
3) Identifique e classifique os riscos já efetivados a partir do cenário 
apresentado. “Suinocultores têm enfrentado problemas nos custos de 
produção devido à elevação dos preços do milho e da soja, e redução 
das exportações e do consumo interno. Embargo imposto pela Ucrâ-
nia foi responsável pela queda das vendas externas. Por outro lado, o 
consumo interno vem caindo devido à diminuição do poder aquisitivo 
dos consumidores”.
 41
Como analisado nas seções anteriores, o risco é um fator inerente à ati-
vidade agropecuária. O desenho de ações com vistas à gestão de riscos 
tem por objetivo garantir a continuidade da atividade produtiva, reduzir 
as perdas econômicas dos agentes envolvidos, garantir maior estabilida-
de da renda agrícola e uma maior resiliência do setor para enfrentar as 
diferentes ameaças. Mas, em última análise, não se pode perder de vista 
que os riscos não ameaçam apenas os agricultores, mas sim a sociedade 
como um todo, de forma direta e indireta. 
é necessário ter uma visão clara dos riscos, um diagnóstico. Não se 
deve, porém, propor soluções para os problemas associados às amea-
ças que pairam sobre o setor sem realizar pelo menos uma análise 
preliminar dos riscos agropecuários. Na maioria das vezes, esses riscos 
estão inter-relacionados, ora reforçando impactos negativos ora atenu-
ando alguns efeitos indesejáveis advindos de um dos grupos. Como 
exemplo, o movimento dos mercados – influenciado fortemente por fa-
tores que incidem no grupo do risco de produção – interage com ações 
do governo que estão arroladas no grupo de risco do ambiente de negó-
cios, e ambos influenciam as estratégias e decisões dos produtores, as 
quais, por sua vez, se refletem no ciclo sucessivo. A interseção dos ris-
cos reforça, assim, a necessidade de uma abordagem integrada, ainda 
que, configurado o diagnóstico e mensurados os riscos, os produtores e 
governos possam tratá-los separadamente, com instrumentos próprios 
para cada situação.
etapas analíticas da gestão integrada do risco. Neste contexto, é ne-
cessário cumprir algumas etapas – Figura 1, nas quais se identificam 
os principais riscos, se quantifica o potencial de perda e se avalia a 
capacidade de gerenciamento. A partir daí, seleciona-se a alternativa 
ANÁlISE INTEGRADA DOS 
RISCOS: vISÃO GlObAl3
42 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
fonte: Banco Mundial (2016)
Vale observar que as ações sequenciais acima propostas possuem carac-
terísticas distintas que variam segundo a região em estudo, os agentes 
envolvidos, a cadeia produtiva e as condições gerais da economia. Além 
disso, tal processo é dinâmico, sendo as estratégias redefinidas a partir 
da alteração do ambiente em que os stakeholders estão inseridos ou até 
mesmo diante de uma resposta apresentada por uma determinada ação 
de gestão (Banco Mundial, 2016).
de gestão e realiza-se o monitoramento da operação. A racionalidade 
desse processo está em chegar até as soluções que representam o 
maior retorno para as intervenções diante de um quadro de recursos 
escassos.
figura 1. Método proposto pelo banco Mundial para
gestão integrada do risco nas atividades agropecuárias
 
 43
AvAlIAÇÃO DO RISCO
A avaliação do risco se constitui na primeira etapa da análise de gestão 
integrada. Este primeiro passo engloba a identificação, a mensuração, a 
avaliação do potencial de impacto dos fatores de risco e a consequente 
priorização do risco a ser gerenciado. Esta não é uma tarefa trivial, espe-
cialmente quando se constata que os fatores de risco não são facilmente 
identificados. Como já se comentou, os riscos e seus fatores são muitas 
vezes interdependentes, possuem influências simultâneas em diversas 
áreas do negócio e, além disso, impactam de forma heterogênea os dife-
rentes agentes do sistema agroindustrial.
ANÁlISE DAS SOlUÇõES
O segundo passo da análise integrada dos riscos envolve o conhecimen-
to das técnicas de gestão e a análise da adequação de tais ferramentas 
ao problema em questão. O processo de escolha das ações ou de uma 
combinação de ações para gestão do risco deve levar em conta não só 
o potencial das perdas envolvidas, mas também o custo-benefício da 
medida, a sua abrangência e as restrições à sua execução. Por um lado, 
pode ser possível e desejável realizar ações ex ante à ocorrência do 
evento de risco, tanto para eliminar como para prevenir e mitigar o risco. 
Por outro lado, estratégias ex post ao evento, classificadas como medi-
das de enfrentamento, também podem ser efetivadas. Os três grupos 
de soluções são observados em diferentes âmbitos – propriedade rural/
comunidade, mercado e governo.
OPERACIONAlIzAÇÃO, IMPlANTAÇÃO
E MONITORAMENTO
A operacionalização e implantação das ações de gestão ao risco requer 
análise das condições específicas da região em análise. É preciso levar 
em conta os riscos existentes, as instituições atuantes, o grau de vulne-
rabilidade dos stakeholders, a capacidade desses agentes para gerenciar 
3. ANÁLISE INtEGRADA DOS RISCOS: VISÃO GLOBAL
44 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
e implantar os mecanismos de gestão e a disponibilidade de recursos, 
entre outros fatores. Para tanto, recomenda-se a elaboração de um plano 
de ação, delineando-se: i) Cada uma das atividades a serem desenvolvidas, apontando 
os respectivos objetivos;ii) Os responsáveis pelas ações, distinguindo os papéis dos se-
tores privado e público;iii) O período de execução;iv) Os recursos necessários, entre outros aspectos (Banco 
Mundial, 2016). 
O monitoramento, por sua vez, envolve a análise do progresso do plano 
de ação, considerando planos de contingência. Nesta última etapa, os 
resultados efetivos são avaliados vis-à-vis a projeção realizada, possibili-
tando ajustes na formulação e execução da estratégia de gestão do risco.
REAlIzANDO UM INvENTÁRIO DAS INFORMAÇõES 
SObRE RISCOS AGROPECUÁRIOS
Dados e informações são críticos para o gerenciamento dos riscos. No 
entanto, os atores devem procurar dados e informações de boa qualida-
de para melhorar o conhecimento dos elementos expostos nas análises 
dos riscos, na tomada de decisões e no desenvolvimento – por exemplo 
– de estratégias e atividades de gestão de risco. No caso dos produtores 
agropecuários ou de suas associações ou cooperativas de produtores, 
eles procuram dados e ponderam informações agrometeorológicas e de 
mercado para planejar a data de semeadura e os sistemas de produção 
que garantam os melhores resultados possíveis.Semelhantemente, as 
instituições financeiras e os governos requerem dados para o desenvol-
vimento de produtos financeiros e programas de incentivos para os dife-
rentes grupos-alvo do setor agropecuário. 
Levando em conta a importância dos dados e das informações agro-
climáticas para um melhor conhecimento dos riscos, é aconselhável 
 45
estabelecer acordos de cooperação para compartilhar e disseminar as 
informações com grupos de produtores, instituições acadêmicas e de 
pesquisa, empresas privadas, assim como com entidades governamen-
tais. Algumas informações-chaves seguem no quadro abaixo:
quadro 4: Dados e informações para análise de risco
tipo de 
informação Descrição
Meteorológica
•	 Base de dados climáticas diárias
•	 Base de dados climáticas diárias consistidas e 
preenchidas
•	 Base de dados de estações meteorológicas (lat. / lon., 
ID, tipo, porcentagem de dados faltantes, data de início, 
altitude, tempo de transmissão)
Agronômica
•	 Cultivares
•	 Período de semeadura
•	 Área semeada, área colhida, produção
•	 Rendimento
•	 Estudos de modelos biofísicos
Geral
•	 Mapas com as divisões regionais do país
•	 Mapas topográficos
•	 Mapas de cobertura vegetal
•	 Mapas dos solos
Regulatórios •	 Leis ou portarias
fonte: Banco Mundial (2016)
3. ANÁLISE INtEGRADA DOS RISCOS: VISÃO GLOBAL
46 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
leituRas CoMPleMentaRes
O passo a passo da análise integrada dos riscos relativos às atividades 
agropecuárias pode ser examinado em dois estudos do Banco Mundial 
referentes aos estados da Bahia e da Paraíba. 
BANCO MUNDIAL. bahia state agriculture sector Risk analysis. 
Washington, 2015. Disponível em: http://documents.worldbank.
org/curated/en/400771467998231000/pdf/100992-WP-P-
150895-PUBLIC-Box393257B.pdf
BANCO MUNDIAL. Paraiba state agriculture sector Risk analysis. 
Washington, 2015. Disponível em: http://documents.worldbank.org/
curated/en/159751468186536984/pdf/100993-PORtUGUESE
-WP-P150895-PUBLIC-Box393257B.pdf
 47
IDENTIFICAÇÃO
DOS RISCOS4
figura 2. etapas no processo de identificação dos riscos
A primeira etapa no processo de análise integrada dos riscos agropecu-
ários consiste na avaliação dos fatores que podem gerar perdas para os 
agentes participantes dos sistemas agroindustriais. Neste sentido, quatro 
etapas devem ser cumpridas: identificação do risco, sua mensuração, 
avaliação do potencial de impacto e o estabelecimento do risco a ser 
priorizado com vistas ao gerenciamento (Figura 2).
Neste processo, é necessário, em um primeiro momento, distinguir ten-
dência, restrição e risco. 
	 Risco está relacionado a um evento incerto, cuja ocorrência 
pode ser associada a uma probabilidade e que, quando ocorre, 
gera perdas tangíveis. 
	 Restrição, por sua vez, é uma condição existente que resulta em 
um desempenho subótimo do processo produtivo. 
	 tendência consiste em um padrão de longo prazo que pode ser 
previsível, e que, portanto, não pode ser considerado como in-
certo.
48 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
TENDêNCIA, RESTRIÇÃO E RISCO: 
ExEMPlOS PARA ANÁlISE
A partir dos trechos abaixo, identificam-se exemplos do que é uma ten-
dência, restrição ou risco. 
trecho 1: “Comprovados os cenários atuais preconizados pelos modelos 
do IPCC, considerando um aumento de 1ºC, 3ºC e 5,8ºC na temperatura 
média anual do globo, o cultivo do café arábica nos estados de Goiás, 
Minas Gerais, São Paulo e Paraná será drasticamente reduzido nos pró-
ximos 100 anos, se mantidas as condições genéticas e fisiológicas das 
atuais variedades” (Assad et al., 2004, p. 1063).
trecho 2: “A mesorregião sul cearense possui peculiaridades climáticas 
e pedológicas que condicionam diferentes ambientes para o cultivo do 
feijoeiro (...) No norte/nordeste dessa mesorregião, predominam os solos 
típicos do ambiente Semiárido, com severas restrições ao uso agrícola, 
associados ao clima com deficiência hídrica, onde se concentram as áre-
as com potencial Baixo e Muito Baixo” (Araújo Filho et al., 2013, p. 1).
trecho 3: “... o que distingue os países desenvolvidos daqueles em de-
senvolvimento é que estes últimos não têm a capacidade que seria neces-
sária para conservar os progressos obtidos em matéria de disponibilidade 
alimentar por habitante quando têm de enfrentar situações de guerra ou 
quando ocorrem catástrofes econômicas mais profundas. Como a propor-
ção da renda total consagrada à alimentação nos referidos países é im-
portante, as eventuais reduções da renda traduzem-se na diminuição da 
demanda de produtos alimentícios. Além disso, as penúrias alimentares 
e as altas de preços se traduzem em baixas significativas da renda, o que 
constitui um círculo vicioso” (Chonchol, 2005, p. 36). 
O primeiro trecho aponta previsões dos possíveis impactos na cafeicultu-
ra brasileira da tendência de aumento da temperatura. O segundo trecho 
mostra que os fatores de clima e solo impõem forte restrição para o 
cultivo de feijão no sul do Ceará e o terceiro aponta para o risco de exis-
tência de catástrofes nos países em desenvolvimento e o seu impacto na 
segurança alimentar.
 49
CATEGORIzAÇÃO E MENSURAÇÃO
DOS FATORES DE RISCO
Observada a existência de risco, o passo seguinte consiste na categori-
zação dos fatores de risco entre os diferentes grupos: risco de produção, 
de preço, operacional, de crédito e do ambiente de negócios. 
Na sequência, é necessário mensurar o risco, tendo como base dois 
critérios: frequência do evento e a severidade do impacto. Esta mensu-
ração é específica para cada tipo de risco. Por exemplo, para o risco de 
produção de um cultivo qualquer, deve-se examinar as séries relativas 
à área plantada e ao rendimento, os dados históricos de ocorrência de 
pragas e de doenças e a ocorrência de certos eventos meteorológicos no 
local de estudo. Para mensuração do risco de preço, é comum a utili-
zação de séries de cotação do produto em questão e da taxa de câmbio 
R$/US$. Além de informações obtidas a partir de fontes secundárias, da-
dos primários, levantados mediante entrevistas com agentes pertencen-
tes à cadeia produtiva, podem ter papel essencial no dimensionamento 
da probabilidade do evento de risco e o seu respectivo impacto.
a partir do conhecimento dos riscos e das suas fontes, é necessário 
identificar as ocorrências dos eventos adversos ao longo do tempo e 
examinar os impactos socioeconômicos produzidos. 
O Gráfico 3 apresenta a evolução da produção mundial de café e os 
seus respectivos preços internacionais. Esses dados permitem avaliar a 
frequência de geadas e secas e a variação nas cotações decorrente dos 
impactos dos eventos climáticos sobre a produção. Naturalmente que a 
relação entre geada/seca e variação de preço internacional não é imediata, 
e que muitos outros fatores intervêm no sentido tanto de suavizar como 
de acentuar o movimento dos preços. De qualquer forma, assumindo 
que as variações de preços observadas nos anos de ocorrência de geada/
seca sejam associadas a estes fenômenos climáticos, é possível analisar 
a severidade de tais eventos.
4. IDENtIFICAÇÃO DOS RISCOS
50 MANUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA AGROPECUÁRIA
fonte: OIC e Bolsa de Nova Iorque
O grau de severidade do evento é estimado por: 
grau de severidade = frequência do evento × Perda financeira
Naturalmente que a variável “perda financeira” pode ser substituída por 
outra variável, segundo o interesse da análise. Em alguns países e situa-
ções, utiliza-se até mesmo o número de mortes pela fome ou de famílias 
deslocadas pelo evento climático.
Essa análise pode e deve ser realizada com base em métodos relativa-
mente simples, utilizando indicadores objetivos. O método classifica a 
chance de existência de determinado evento com base em sua probabili-
dade de ocorrência e à qual se

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