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Aprendizado Organizacional - Livro Texto – Unidade II
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Finalmente, a quinta disciplina trata do raciocínio sistêmico, considerando que somente é possível entender um sistema observando-o como um todo, não apenas uma de suas partes. O negócio e outros trabalhos são sistemas que devem ser analisados em conjunto, sinaliza Senge. Raciocínio sistêmico é uma estrutura conceitual, uma integração de conhecimentos e instrumentos com o objetivo de tornar mais claro esse conjunto e mostrar modificações para melhorá-lo. A quinta disciplina integra as demais, mostrando que o todo pode ser maior que a soma de todas as partes isoladas. As cinco disciplinas se articulam entre si potencializando o pensamento lógico-matemático, a criatividade, o relacionamento interpessoal e a prática da pessoa. Considerando a dinamicidade do processo de aprendizagem, Mumford apresenta o ciclo de aprendizagem (figura 1 abaixo), começando com a atividade experiencial e concreta que a pessoa desenvolve no contexto organizacional, estimulada pelo problema que foi identificado como obstáculo, exigindo solução inovadora. Testar em novas situaçãoes Observar Refletir Experiência concreta Conceptualizar A experiência concreta da pessoa é que sinaliza a capacidade de apreensão dos novos conhecimentos da realidade em que a pessoa está inserida. Mesmo que uma teoria defenda um argumento que defina com precisão um determinado fenômeno, somente quando o indivíduo vivencia concretamente o ambiente a sua volta e estrutura a relação situacional do conhecimento é que a aprendizagem cria significado em sua vida e começa 5 10 15 20 25 48 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 a fazer parte de um conjunto de valores, crenças, modos de fazeres e métodos. Quanto mais a pessoa observa a realidade ao seu redor, maior é a capacidade para refletir sobre si própria, como também sobre o meio em que vive. Ciente dos limites individuais ou grupais, o gerente começa a observar o problema, procurando extrair o máximo de informação que lhe permita refletir sobre a viabilidade da solução em si, para que defina em seguida um significado e conceitue as causas do problema. O resultado será testado em simulações que possam qualificar o processo em si e possibilitem um novo olhar sobre o processo corporativo. Trabalhando com o ciclo de aprendizagem, Mumford60 estabelece relação com os estilos de aprendizagem, abordando cada uma das vertentes que compõem os quatro estilos de aprendizagem: • ativistas: aprendem melhor com tarefas relativamente curtas e imediatistas. Podem ser atividades gerenciais no trabalho ou em cursos, como jogos de empresas e tarefas competitivas feitas por equipe de trabalho. Têm maior dificuldade para aprender quando se trata de palestras ou leitura; • reflexivos: aprendem melhor a partir de atividades em que possam ficar recuados, ouvindo e observando. Gostam de colher de informação a aprendizagem e que seja destinado tempo suficiente para refletir a respeito. Possuem dificuldade para aprender quando precisam lidar com as atividades de forma reativa sem tempo para pensar; • teóricos: aprendem melhor quando podem reavaliar suas relações e posicionamentos quanto ao sistema ao qual estão vinculados, os conceitos, modelos ou teorias. São mais interessados por absorver ideias estratégicas e de visão do futuro. A dificuldade de aprendizagem é maior 60 Mumford, 2001, p. 18. 5 10 15 20 25 30 49 APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 ?-?sem-?mod quando precisam lidar com atividades que possuem características mais elaboradas e conceituadas; • pragmáticos: aprendem melhor quando existe uma ligação clara entre a visão do sujeito e o problema ou a oportunidade no trabalho. Sentem-se melhor em confrontos com a técnica e com processos que podem ser aplicados em suas circunstâncias imediatas. Têm dificuldade para aprender quando os acontecimentos são mais distantes de suas realidades imediatas. Cada estilo de aprendizagem apresentado pelo autor é uma característica que fica mais ou menos evidente, variando de pessoa para pessoa, portanto, não se trata de sair definindo quem é mais, um ou outro estilo de aprendizagem, e sim posicionar traços de personalidade que ficam mais marcantes na experiência vivencial em uma equipe de trabalho, em qualquer que seja a organização. David Kolb,61 em seus estudos, partindo da compreensão de que todo conhecimento é resultado da relação entre teoria e experiência, constrói o modelo denominado de “aprendizagem experiencial”. Para explicar como funciona o modelo proposto por Kolb, vale citar a contribuição ao estudo feita por Belnoski e Dziedzic,62 ao descreverem que o autor desenvolveu quatro etapas que considera básicas para o aprendizado, que também caracterizam perfis de diferentes alunos: a) sentir: é a maneira como o aluno percebe uma nova informação; inclui um bom relacionamento entre o professor e o aluno e enfatiza os seus valores pessoais — é a denominada experiência concreta; b) observar: é a forma como o aluno processa a informação, o momento em que ele separa a experiência e observa o evento novo, a partir de diversos pontos de vista — é chamada de observação reflexiva; 61 KOLB, David. Experiential learning. Hemel Hempstead: Prentice Hall, 1993. 62 BELNOSKI, Alexsandra Marilac; DZIEDZIC, Maurício. O ciclo de aprendizagem na prática de sala de aula. Athena (revista científica de educação), v. 8, n. 8, jan./jun. 2007,p. 47. 5 10 15 20 25 30 50 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 c) pensar: é a organização das informações por meio de conceitos, teorias e princípios transmitidos pelo professor — também denominada de conceitualização abstrata; d) fazer: é nesta fase que o aluno efetua os testes para a obtenção de respostas, trabalhando com o real para receber resultados práticos — chamada experimentação ativa. A figura 2 mostra o sistema conforme apresentado no modelo do autor, em um espiral dialético que combina cada estágio do processo, procurando deixar claro que o processo é dinâmico, como deve ser no caso humano. Aplicação Testar o novo conceito ou conjunto de conhecimentos através da prática e experimentação Reflexão Fazer a ligação entre a nova experiência e os conhecimentos, valores e crenças existentes Experiência Vivenciar um fenômeno novo Generalização Interpretar a nova experiência e estabelecer a relevância da mesma Figura 2: Modelo de Kolb. Fonte: www.mastermindbr.com (acesso em 18/ 08/ 2008). Na experiência concreta, a pessoa confronta o que sente com a realidade, possibilitando que as contradições sejam minimizadas e o distanciamento diminua entre o que se idealiza como realidade e o que se vive concretamente, propiciando maior domínio do fato observado. A relação entre o professor e o aluno será sempre de facilitação na apreensão das novas informações, de forma 5 10 15 51 APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 ?-?sem-?mod que o aluno se sinta confortável diante do novo. No estágio da observação, o aluno reflete sobre a nova experiência e procura assimilar a nova informação sem maiores resistências, considerando que o professor acolheu a dialética da relação entre o conhecimento existente e o novo potencial conhecimento. As novas informações abstraídas a partir da observação reflexiva conduzem à elaboração crítica e racional do pensar, que promove