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Aprendizado Organizacional - Livro Texto – Unidade II
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assumir as rédeas de sua aprendizagem, que nada mais é 65 WICK, Calhoun W. O desafio do aprendizado. São Paulo: Nobel, 1997. 5 10 55 APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 ?-?sem-?mod do que possuir a noção de que uma tarefa compreende simultaneamente a execução e a aprendizagem. Desta forma, sinalizam os estudiosos que as organizações devem adotar o aprendizado como uma atividade permanente. Entretanto, a organização deve ainda considerar que as pessoas aprendem de diversas formas e em todos os momentos de suas vidas, seja dentro ou fora do ambiente de trabalho. Evidentemente que aderir a uma visão dessa natureza requer, por parte da organização, uma atenção contínua aos colaboradores em suas diversas práticas gerenciais, mas, fundamentalmente, exige uma estratégia de preparação contínua do sistema de liderança, atingindo o âmbito da maestria pessoal; quer dizer, �o aprendizado começa quando cada um dos gerentes se compromete com a autodescoberta e o crescimento.66 O papel do gerente como líder da equipe de trabalho vai além do exercício do mando e começa a fazer parte de uma rotina de aprendizado permanente na organização. Buscando traçar algumas características desses líderes, os autores apontam que �os líderes que aprendem não se preocupam apenas com o próprio aprendizado, mas estão sempre estimulando e incentivando o aprendizado dos outros.67 Nas organizações que aprendem, os líderes transformam-se em mentores, treinadores de mentes e talentos, professores e projetistas que orientam a trajetória corporativa em busca da excelência nos resultados. Esse papel, como sinaliza Peter Senge,68 demanda do líder a aquisição de novas habilidades capazes para: 1) conceber uma visão comum; 2) trazer à tona e questionar os modelos mentais predominantes; 3) estimular o raciocínio sistêmico. 66 Idem, 1997, p. 28. 67 Idem, 1997, p. 160. 68 SENGE, Peter. The leader’s new work: building learning organizations. Sloan Management Review, 1999, p. 9. 5 10 15 20 25 30 56 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 Ao fazerem um estudo nas práticas gerenciais de grandes corporações, Wick e León (1997) estabelecem algumas características comuns dos líderes, que aparecem nas organizações definidas pelos autores como “de aprendizado”. Tais características corroboram com as habilidades indicadas por Senge. Para abordar a primeira característica, os autores alertam para a questão da defasagem de desempenho corporativo para criar uma visão, implicando comparar o desempenho atual com o desempenho desejado para a organização. Outra característica dos líderes de grande impacto é a indicação do caminho a ser percorrido a partir do próprio exemplo. Os colaboradores esperam que seus líderes sejam capazes de aplicar o discurso do projeto corporativo, o que significa dizer que os líderes que admitem suas próprias falhas acabam inspirando em seus seguidores maior respeito, lealdade e confiança. A demonstração por parte do líder de que é capaz não somente de gerenciar a equipe, mas também de fazer e acontecer, gera na equipe de trabalho o sentimento de colaboração e solidariedade, a partir de outra importante característica, que é a criação progressiva de um ambiente de apoio na organização. Neste ambiente, a diversidade é um princípio de convivência compartilhada, o que acaba produzindo o senso de segurança entre as partes envolvidas, demonstrando maior aceitação aos riscos, o que deixa as pessoas mais confortáveis diante das incertezas. Como quarta característica identificada pelos autores para os líderes das organizações que aprendem, surge a questão democrática do estímulo à participação, a partir do papel de líder não tirano. Para tanto, o líder deve saber como animar e motivar sua equipe, criar condições permissivas para que as pessoas mudem, bem como saber como distribuir as responsabilidades com justiça, distribuir os benefícios dos bons resultados, mas também dividir a culpa de um resultado deficitário. Finalmente, 5 10 15 20 25 30 57 APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 ?-?sem-?mod apontam os autores que o líder da organização que aprende deve saber ouvir aquilo que não tem vontade de ouvir. O gerente, na organização que aprende, assume o papel do líder que é responsável por desenvolver novos líderes, sem perder de vista seus recursos pessoais e corporativos, o que Wick e León (1997, p. 147) denominam de “caixa de ferramentas do aprendizado”, priorizando cinco ferramentas que podem ser usadas durante todo o plano de aprendizado: 1. Visualização: ajuda o líder a transformar em realidade a visão construída. 2. Escada do aprendizado: ajuda o líder a determinar a posição atual da organização comparada com o aumento da capacidade desejada e corrigir os desvios de programação. 3. Estrela do aprendizado: esta ferramenta ajuda o líder a identificar quatro elementos importantes do aprendizado pensamento, ação, autossistema e contato com as pessoas. 4. Aprendizado através dos erros: a ferramenta ajuda o líder a conduzir as quatro reações possíveis quando alguém tenta fazer uma coisa nova e comete um erro — admitir o erro e aprender com ele; admitir o erro e procurar um culpado; esconder o erro; negar que houve erro. 5. Benchmarking: ajuda o líder a conduzir o processo corporativo aprendendo com o que existe de melhor. 6 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: ABORDAGENS TEÓRICAS E RACIOCÍNIO SISTÊMICO O aprendizado organizacional compreende um processo vivo de mecanismos gerenciais que promovem o desenvolvimento 5 10 15 20 25 58 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 sistêmico da cadeia de valores existentes na organização e, por ser intangível, tornam-se desafiantes sua mensuração e sua atribuição de indicadores que estabeleçam os melhores meios de se aprender em grupo, considerando que somente o indivíduo aprende. Porém, quando se parte do raciocínio lógico-matemático, parece que definir aprendizagem vai além da abstração e da sua intangibilidade, assumindo forma concreta, tal o método aplicado. Aprender, como define Huber (1991),69 implica a aquisição de dados que se transformam em informação, interpretação dos dados coletados, distribuição das articulações e associações formais feitas com os dados fragmentados e o armazenamento das informações tratadas, como conhecimento especializado e experimentado. A aprendizagem, neste contexto, implica preparar o indivíduo em duas dimensões: Preparação do indivíduo Formal (dados e informações) Vivencial (experiência ao longo da vida) Reforçando o que escrevemos anteriormente, na preparação formal, aprende-se pela lógica racional, que é simbolizada pela certificação, pelos diplomas escolares, pelos cursos e treinamentos e por todas as qualificações documentais que representam o preparo intelectual. Na preparação vivencial, a pessoa aprende com as experiências adquiridas ao longo da vida, seja nas relações interpessoais, seja nas relações grupais. Quando o aprendizado formal e o vivencial se integram, formam a estrutura de competências que um profissional aplica sistemicamente em um determinado contexto corporativo. No caso das organizações, as pessoas trabalham em equipes e empregam suas competências continuamente, formando uma rede de conhecimento que articula corporativamente as 69 HUBER, G. P. Organizational learning: the