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Culpabilidade e Sanção Penal Semestre 2018.2 Docente: Msc. Fernanda P F Dantas Contextualização Objetivos da aula (O que você tem que saber ao final desta aula?) Introdução à Teoria das Penas Sanção penal é a consequência natural imposta pelo Estado quando alguém pratica um crime ou uma contravenção penal. O Estado utiliza o seu jus puniendi – trata-se de um poder/dever. A sanção penal divide-se em: Penas (tem como pressuposto a culpabilidade); Destinam-se aos imputáveis e semi-imputáveis. Medidas de Segurança (tem como pressuposto a periculosidade). Destinam-se aos inimputáveis e aos semi-imputáveis dotados de periculosidade, pois necessitam de especial tratamento curativo. Introdução à teoria das penas Pena: É a consequência natural imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal – fato típico, ilícito e culpável. Restringem-se determinados bens jurídicos (liberdade, patrimônio, vida*, demais direitos – de sair do estado, frequentar certos lugares, etc.). - A aplicação da pena deve observar a princípios expressos ou implícitos do ordenamento jurídico – por ex. A dignidade da pessoa humana; Introdução à teoria das penas Penas vedadas pela CF/88 (artigo 5°, XLVII): De morte, salvo no caso de guerra declarada; Caráter perpétuo; Trabalhos forçados; Banimento (cidadão perde o direito à nacionalidade do país); Cruéis. Introdução à teoria das penas -Histórico – Rogério Greco Origem das penas: 1° pena registrada na humanidade. Jardim do Éden. Caráter aflitivo das penas: O corpo do agente é que pagava pelo mal por ele praticado. Histórico: O sistema de penas já foi extremamente cruel. Michel Foucalt narra – em Vigiar e Punir - a execução ocorrida em 1757: “Damiens fora condenado a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris, aonde deveria ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; em seguida, na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas. Finalmente foi esquartejado (...)” Introdução à teoria das penas Histórico: Após inúmeras revoluções e evoluções da sociedade, a dignidade advém como fundamento basilar das penas Massacre 6 milhões de judeus- segunda guerra mundial (fonte material do Direito que ensejou a Declaração Universal dos Direitos do Homem Introdução à teoria das penas Questiona-se: O fracasso do poder punitivo do Estado Aumento dos índices de criminalidade Movimentos de ‘Lei e Ordem’, objetivando endurecer as penas (castrar estupradores, por ex.), adotar penas de morte, etc. Seria um retrocesso, à luz do histórico das penas? Introdução à teoria das penas Princípios aplicáveis às penas P.Da reserva legal ou da estrita legalidade Só a lei pode cominar pena. P. Da anterioridade: A lei quecomina a pena deve ser anterior ao fato que se pretende punir Responsabilidade pessoal, personalidade, ouintranscendência A pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado p. Dainderrogabilidadeou inevitabilidade A pena não pode deixarde ser aplicada e cumprida p. Da intervenção mínima A pena só élegítima quando não há outra alternativa para tutelar o bem jurídico. p. Da humanização das penas A pena deve respeitar os direitos fundamentais do condenado enquanto ser humano. p. Da proporcionalidade A resposta deve ser justa e suficiente para cumprir a função da pena. É uma barreira ao legislador, juiz,etc, p. Da individualização da pena “retribuir o mal concreto do crime como mal concreto da pena, na concreta personalidade do criminoso”. A pena varia de acordocom o perfil e com os efeitos pendentes sobre o sentenciado. Cada infrator é único e distinto dos demais infratores. Teoria das Penas A pena se justifica pela sua NECESSIDADE. Pena: Um mal necessário. Impunidade Gera a prática de novos crimes. Mas quais são as duas finalidades da pena? Duas principais finalidades: De retribuir o mal praticado Qual teoria respectiva? De prevenir a prática de novos crimes Qual a teoria? Finalidades das Penas Teoria da Pena Teoria Absoluta Teoria Relativa Origem: Estado absolutista É apenas uma retribuição pelo crime cometido; Volta-separa o passado (ato ilícito) e não para o futuro (estimando alcançar fins específicos) Preocupa-se com a função social da pena – caráter pedagógico Volta-se para o futuro e não mais para o fato criminoso Estima evitar a prática de novoscrimes Teoria preventiva ou utilitarista Teoria Absoluta Teoria Absoluta Kant: Justifica a pena (retribuição) pela ordem ética e moral “Quem não cumpre as disposições legais não é digno de cidadania” Hegel: “A pena é a negação da negação do Direito” A pena se justifica na necessidade de se reestabelecer a vigência da vontade geral. Divisão da Teoria Relativa Teoria da Prevenção As divisões se diferenciam em razão dos destinatários das prevenção: Prevenção geral Negativa: Coação psicológica. Positiva: Reafirmação do Direito Penal Prevenção Especial Negativa: Evitar a reincidência. Positiva: Reeducação do delinquente. Introdução à teoria das penas Dentro da teoria relativa (prevenção), existem as seguintes classificações: Teoria Adotada pelo CP: Teoria mista ou unificadora e dupla finalidade: retribuição (teoria absoluta) e prevenção (teoria relativa). Art. 59- O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias econseqüênciasdo crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime TEORIA DAS PENAS A pena hoje tem alcançado a sua finalidade? Retribui o mal praticado? Reafirma a vigência e aplicabilidade do DP? Funciona como coação psicológica para evitar o crime? Promove a ressocialização do condenado? Evita a reincidência ou promove-a (Crime organizado, etc.) Espécies de pena De acordo com o artigo 32 do Código Penal, as penas podem ser: Privativas de liberdade – a.1 Reclusão a.2 Detenção a.3 Prisão simples (Lei das contravenções penais) b) Restritivas de direitos c) Multa. Crime Contravençãopenal Infração penal que a lei comina pena de reclusão ou detenção Infração penal que a lei comina pena de prisãosimples Penas restritivasde direitos (Lei 9.714/98: Prestação pecuniária Perda de bens e valores Prestação de serviçosà comunidade ou à entidades públicas Interdição temporária de direitos Limitação de fim de semana. Multa – valor - Varia de 10 a 360 dias-multa - Dia-multa= 1/30 até 5 x o valor do salário mínimo; - Pode ser triplicada em face da capacidade econômica do réu. Penas Privativas de Liberdade Reclusão e detenção O tipo de PPL é prevista no preceito secundário de cada tipo penal, por ex: artigo 121 do CP: Reclusão Detenção Regime fechado, semiabertoou aberto Regra: regime aberto ou semiaberto, salvo necessidade detransferência para o regime fechado. Aplicando-seas duas penas cumulativamente, a de reclusão é executada primeiro. Admite prisão preventiva (noscasos do art. 312 do CPP) Coma pena de detenção, a PP só pode ser aplicada quando se apurar que o indiciado é vadio ou havendo duvida sobre sua identidade, não fornecer elementos para esclarecê-la, ou se o crime for de violência doméstica. Questões em sala Aula interativa Slides complementares Para casa Introdução à teoria das penas Dentro da teoria relativa (prevenção), existem as seguintes classificações: Prevenção Geral Prevenção Especial Destinada à sociedadePG negativa:Estima criar nos potenciais criminosos umcontraestímulopara a prática do crime. PG positiva: Demonstra a vigência da lei penal, a firmeza do ordenamento jurídico. Demonstra a inviolabilidade do Direito- o Direito funciona. Destinada ao criminoso PE negativa:Buscaintimidar o condenado para evitar a reincidência. PE positiva:Preocupa-se com a ressocialização do condenado – retorno ao convívio social. “ A pena só é legítima quando é capaz de promover a ressocialização do criminoso”. Teoria das Janelas quebradas Universidade de Stanford, EUA, Philip Zimbardo, 1969 – Estudo de psicologia social Experimento: Abandonou dois carros idênticos em bairros distintos (um pobre, de periferia e outro rico e tranquilo). No bairro pobre: o carro foi destruído rapidamente pelos vândalos. No bairro rico: o carro ficou intacto. Conclusão inicial: a pobreza é fator relacionado com a criminalidade. Experimento 2: quebrou a janela dos dois carros. A partir disso, o veículo passou a ser destruído da mesma forma do experimento 1. A janela quebrada transmitia o sentimento de desinteresse e a sensação de impunidade também foi vista como um fator determinante da impunidade. Teoria das Janelas quebradas Se são cometidos pequenos delitos (lesões corporais leves, furtos, etc) sem a imposição de sanções pelo Estado, abre-se espaço, naquele local, para o cometimento de crimes mais graves. A Teoria das janelas quebradas foi acolhida inicialmente em NY. Em 1994, o prefeito Rudolf Giuliani, então prefeito de NY, implantou a política “tolerância zero” objetivando vedar qualquer violação da lei, independente do seu grau. Tolerância zero para o delito e não para o criminoso. O desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam trabalhar. Provérbios 21:25
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