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Constitucionalização do Direito Civil 
Conforme Lôbo expõe em seu texto, a constitucionalização das leis 
infraconstitucionais se determina sobre o enfoque de todo ordenamento 
jurídico, partindo como premissa primordial o aspecto correlacionado a 
repersonalização, e a prioridade da dignidade da pessoa humana sobre o 
aspecto patrimonialista, que por hora, este era utilizado nos julgados 
anteriores, no que tange o antigo Código Civil de 1916.1 
Atribuindo a este prisma o professor Gustavo Tepedino, expõe a norma 
constitucional apontada como reunificadora para com o sistema, "temperando, 
com seus princípios e normas hierarquicamente superiores, as pressões 
setoriais manifestadas nas diversas leis infraconstitucionais".2 
Sobre o pressuposto civilista, com a repercussão dos princípios 
constitucionais atribuídos através da Constituição Federal de 1988, em dada 
matéria privada com enfoque evolutivo e pessoal, tais caracterizações 
atribuíram uma nova forma principiológica e humanitária para tais precedentes 
e com uma base social, estabelecendo uma harmonia e predisposição sobre os 
novos fundamentos constitucionais. Como atribui Lôbo sobre as obrigações, 
tem-se o “sentido de repor a pessoa humana como centro do direito civil, 
ficando o patrimônio a seu serviço” 3. 
Abordando a repersonalização do Direito Civil, segundo as diretrizes do 
Professor Paulo Lôbo 4 , está estritamente ligada ao fenômeno de 
constitucionalização dos códigos civilistas, os quais por muito tempo estiveram 
apartados da influência dos princípios constitucionais, distanciamento este que 
pode ser explicado através da análise do momento político e ideológico 
vigente. 
Nesta concepção, são os princípios fundamentais de direito contratual: a 
autonomia privada, a boa-fé objetiva e o equilíbrio contratual. O que se espera 
é a correta aplicação da lei, mantendo a dignidade da pessoa humana e o 
contrato vinculado a sua função social, para que não seja abusivo e desleal. 
Atribuindo tais conceitos, e pré-análises, visando este entendimento, 
com enfoque as novas atribuições personificadas, são caracterizados através 
do julgado em que tange tais determinações. 
 
1
 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p13-23. 
2
 TEPEDINO, Gustavo José Mendes. O velho Projeto de um revelho Código Civil, in Temas 
de Direito Civil, Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p.438. 
3
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 17. 
4
 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Obrigações. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 18. 
 
 
Atualmente é esta perspectiva vista acima, que se tem buscado nos 
julgados. Por exemplo, sobre o julgado estabelecido pelo Tribunal de Justiça de 
São Paulo, no ano de 2013 5, na lide se discute uma ação que compreende um 
contrato particular de compra e venda de uma motocicleta. No contrato é 
caracterizado mediante inadimplemento do financiamento a termo, implicaria 
imediata resolução contratual, sendo possível a vendedora requerer a 
reintegração da posse do bem. 
No mundo fático, se determinou o atraso de pagamento mediante a 
parcela 35 do financiamento, acarretando, a critério o inadimplemento 
contratual, a vendedora mediante a cláusula resolutiva exposta no contrato, 
interpôs a demanda pedindo a reintegração da posse, objetivando o bem. 
Na contestação o réu negou o inadimplemento efetivo, e alegou o 
pagamento, mais em atraso da parcela citada dias antes do ajuizamento da 
ação, pela autora. O julgado em decisão monocrática foi improcedente, e o 
recurso foi determinado desprovido, pelo tribunal em questão. 
Neste prisma, atribuindo a letra fria da lei, sobre a análise do Artigo 397 
do Código Civil, em que “o inadimplemento da obrigação positiva e liquida, no 
seu termo constitui pelo direito em mora o devedor’, por determinação culposa”. 
Mas por caracterização doutrinária, conceituando Pablo Stoze, figura no 
inadimplemento relativo “prestação ainda possível de ser realizada” 6, e sendo 
realizado nos parâmetros equitativos desconfigura o inadimplemento por parte 
do devedor. 
Atribuindo as novas modalidades contratuais, advindas das 
determinações constitucionais implícitas e explicitas, sobre o direito privado, é 
necessário manter uma relação equilibrada, e se houver cláusula expressa no 
contrato e esta seja abusiva, as novas premissas constitucionais apaziguam e 
adéqua a relação contratual. 
Findando tais conceitos, a jurisprudência mediante ao acórdão do 
Tribunal de Justiça, refletiu o artigo 421 do Código Civil, já com as 
determinações personificadas, manteve a relação privada contratual, 
cumprindo a função social do contrato, preveniu o enriquecimento ilícito, por 
 
5
 nº 0004086-76.2010.8.26.0062/ TJSP. Relator (a): Gilberto Leme; Comarca: Bariri; Órgão 
julgador: 27ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 26/11/2013; Data de registro: 
05/12/2013. Disponível em: 
<http://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=7220279&cdForo=0&vlCaptcha=eqpcv> 
6
 GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de direito civil: Obrigações. 12. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. p. 311. 
 
 
 
ambas as partes, e respeitou a constitucionalização do Direito Civil conforme 
visto. 
 
 
Por: Camila Barbosa Alves 
 Dominique de Oliveira

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