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Relação de Causualidade

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Direito Penal I
Resultado e Relação de Causalidade
Prof. Alexandre Leopoldo.
Ementa:Resultado. Natural. Jurídico. Nexo de causalidade. Concausas. Absolutamente e Relativamente Independentes. Supervenientes, Concomitantes e Pré Existentes.
Resultado
	A distinção entre ação, como simples manifestação da vontade, e resultado como conseqüência externa derivada dessa manifestação, tem grande importância dogmático-penal.
	Nos crimes materiais, a ação, ao se realizar, sempre modifica alguma coisa, produzindo um resultado que não a integra, embora faça parte do tipo legal. Para Cerezo Mir, ao contrário da corrente majoritária, o resultado produzido pela atividade finalista, como produto da vontade, pertence a ação. O resultado, numa concepção naturalista, é representado por uma sensível modificação no mundo exterior. Segundo esse entendimento, admitem-se crimes sem resultado. No entanto, admitindo-se o resultado concebido como evento, num conceito jurídico, identificando-se como ofensa (dano ou perigo) a um bem jurídico pela norma penal, forçoso é concluir que não há crime sem resultado. Um setor da doutrina, nessa hipótese, sustenta que a ofensa ao bem jurídico não constitui resultado da ação, mas a valoração jurídica desse.
O resultado de que trata o artigo 13 caput do Código Penal.
Há crimes que possuem resultado naturalístico, ou seja, aqueles que causam uma modificação no mundo exterior.
Outros, contudo são incapazes de produzir tal resultado porque nada modificam externamente que seja passível de percepção pelos nossos sentidos. Embora nem todos os crimes produzam um resultado naturalístico, todos, entretanto, produzem resultado jurídico, que pode ser conceituado como a lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado pela lei penal.
 
Quando o caput do artigo 13 inicia sua redação dizendo o “resultado, de que depende a existência do crime”, quer se referir ao resultado naturalístico ou ao resultado jurídico.
 
Sheila Bierrenbach: “A relação de causalidade refere-se, exclusivamente, aos delitos de resultado, cuja superveniência coincide com a consumação. Trata-se de nexo de causa e efeito que há de existir entre a conduta do agente e o evento descrito no tipo.
Em sentido Contrário:
Luis Flávio Gomes: 
“Não existe crime sem resultado.”
O resultado exigido pelo artigo 13 somente pode ser o jurídico. Este sim presente em todos os crimes. Que se entende por resultado jurídico? É a ofensa ao bem jurídico, que se expressa numa lesão ou perigo concreto de lesão. Esse resultado jurídico possui natureza normativa (É um juízo de valor que o juiz deve fazer em cada caso para verificar se o bem jurídico protegido pela norma entrou no raio de ação dos riscos criados pela conduta).
Rogério Greco:
Defendia a tese de que o resultado constante no artigo 13 do Código Penal, dizia respeito tão somente ao resultado conhecido como naturalístico, ou seja, aquele que nos permite visualizar, através dos nossos sentidos, uma modificação no mundo exterior, característica dos chamados crimes materiais.
	Porém analisando com mais cuidado a Parte especial do Código Penal, e principalmente as disposições relativas a posição de garantidor, constante do §2° do artigo 13 do diploma penal, Rogério Greco modificou seu entendimento.
Rogério Greco passou a adotar a linha seguida por Luis Flávio Gomes, que não limita o resultado, previsto na redação do artigo 13 do Código Penal, somente aqueles considerados como naturalísticos. Essa limitação impediria o reconhecimento, em diversas infrações penais, de responsabilidade penal do agente garantidor.
 
Conclui assim que o resultado mencionado pelo artigo 13 do Código Penal devera ser entendido como jurídico, e não o meramente naturalístico. Na verdade qualquer resultado, seja ele naturalístico (compreendido no sentido proposto pelos crimes materiais, ou seja, como o de modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos, a exemplo do que ocorre com os crimes de homicídio e dano), ou o jurídico( significando a lesão ou perigo de lesão a bem jurídico protegido) poderá figurar no raciocínio relativo a relação de causalidade, o que não impedirá, por exemplo, que um agente garantidor seja responsabilizado por uma infração penal de perigo.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Teoria da equivalência das condições ou da conditio sine qua non
Dentro da parcela da atividade humana que o Direito Penal valora negativamente, como conduta indesejada, somente uma parcela menor- os crimes de resultado- apresenta relevância a questão da causalidade (Cezar Roberto Bittencourt). Nesses delitos, deve-se indagar a respeito da existência de um nexo de causalidade entre a ação do agente e o resultado produzido.
Artigo 13 Código Penal.
A primeira parte do dispositivo está afirmando que a relação de causalidade limita-se aos crimes de resultado (materiais). A segunda parte consagra a adoção da Teoria da equivalência das condições , também conhecida como teoria da conditio sine qua non, para determinar a relação de causalidade.
Foram precursores dessa teoria John Stuart Mill e Von Buri, para os quais não há nenhuma base cientifica para distinguir causa e condição. É uma teoria que não distingue como prevalente ou preponderante nenhum dos diversos antecedentes de um determinado resultado.
Todo fator- seja ou não a atividade humana- que contribui de alguma forma, para a ocorrência do evento é causa desse evento. Causa, para essa teoria, é a soma de todas as condições, consideradas no seu conjunto, produtoras de um resultado.
Para que se possa verificar se determinado antecedente é causa do resultado, deve-se fazer o chamado juízo hipotético de eliminação, que consiste no seguinte:
Mas a Teoria da Equivalência dos antecedentes das condições tem a desvantagem de levar ad infinitum a pesquisa do que seja causa: todos os agentes das condições anteriores responderiam pelo crime! Na verdade, se remontarmos todo o processo causal vamos descobrir que uma série de antecedentes bastante remotos foram condições indispensáveis na ocorrência do evento; então, também é causa. Se remontarmos ainda mais, teríamos de considerar causa a fabricação da arma e até os pais dos criminosos, que o geraram seriam causadores. Mas essa conclusão, evidentemente, se tornaria inconciliável com os propósitos do Direito Penal.
Em vista disso, se procurou limitar o alcance desta teoria, utilzando-se outros institutos de estudo dogmático penal, como por exemplo a localização do dolo e da culpa no tipo penal, as consausas absolutamente independentes, além da superveniência de causas relativamente independentes.
Limitação do alcance da teoria da conditio sine qua non	
A relação de causalidade entre a conduta humana e o resultado é uma relação valorada que deve ser aferida conjuntamente com o vinculo subjetivo do agente. Causalidade Relevante para o Direito Penal é aquela que pode ser prevista, isto é, aquela previsível, que pode ser mentalmente antecipada pelo agente. Em outros termos, a cadeia causal, aparentemente infinita sob a ótica puramente naturalística , será sempre limitada pelo dolo e pela culpa.
Localização do dolo e da culpa no tipo penal.
Toda conduta que não for orientada pelo dolo ou pela culpa estará na seara do acidental, do fortuito ou da força maior, onde não poderá configurar crime.
Com a consagração da teoria finalista da ação, situando o dolo ou, quando for o caso, a culpa, no tipo penal, já se estabelece um primeiro limite a teoria da equivalência das condições. Ora, segundo essa orientação, pode ser que alguém dê causa a um resultado, mas sem agir com dolo e culpa. E fora do dolo e da culpa estamos na orbita do acidental, portanto fora dos limites do direito penal. Com efeito uma pessoa pode ter dado causa a determinado resultado, e não ser possível imputar-se-lhe a responsabilidade por esse fato, por não ter agido nem dolosa , nem culposamente, isto é,não ter agido tipicamente. Essa atividade permanece fora da esfera do Direito Penal, sendo impossível imputá-la a alguém pela falta de dolo ou de culpa, constituindo a primeira
limitação a teoria da conditio sine qua non.
Concausas Absolutamente independente.
O nexo causal pode ser interrompido pela superveniência de causa absolutamente independente ou pela superveniência de causa relativamente indepdendente, hipóteses em que o resultado não será imputado, em principio, ao agente, haja vista que, num e outro caso, estabelece-se, a partir da causa superveniente, um novo curso causal, desde que tenha, por si só, produzido o resultado. Assim, por exemplo (Exemplo de Causa absolutamente independente), se A atira contra B, que, em seguida, morre em razão de um atropelamento por C, que invade a sua casa, em razão dessa segunda causa exclusivamente, não se poderá imputar a A o resultado ( morte de B), devendo, em consequência, responder tão só por tentativa de homicídio, em razão do quanto dispõe o caput do artigo 13. É que, nesse caso, a causa superveniente se incumbiu sozinha do resultado, e, não tendo ligação alguma com a ação ou omissão, esta passa a ser, no tocante ao resultado, uma não causa. Demais disso, em tal hipótese, o resultado se daria se A( exemplo de causa relativamente independente) após sofrer um golpe de faca, viesse a morrer no caminho para o hospital, em razão, unicamente de uma colisão da ambulância com outro veiculo. Tais resultados não podem ser imputados ao agente pela simples razão de que não foi ele de fato, quem causou a morte de A, isto é seu comportamento não foi o comportamento determinante da morte. Não quer isso significar, porem que a ação seja impunível, mas simplesmente que o resultado final ( morte) não será atribuível ao seu autor, devendo este responder por crime tentado.
O fundamental é verificar, sempre, se a nova causa interrompeu ou não o curso causal, vale dizer, se ela produziu, por si só, isto é exclusivamente o resultado, pois se houve de fato, interrupção do nexo causal, o resultado não poderá ser imputado ao agente, pela lógica razão de que, com a nova causa, estabeleceram se dois cursos causais distintos e autônomos. Caso contrário, se as cauasas anterior e posterior concorrem- isto é, causam – para o resultado, imputar-se a este a quem para ele concorreu, mesmo porque, como se disse , o Código não distingue entre causa e concausa.
 
Espécies de Concausas:
Absolutamente Independentes	 Pré- Existentes
 Concomitantes
Relativamente Independentes	 Supervenientes
Quando falamos em causas absolutamente independentes preexistentes, concomitantes e supervenientes, estamos querendo dizer que essas causas preexistem,, ocorreram numa relação de simultaneidade ou surgiram posteriormente a conduta do agente. Assim a conduta do agente é o marco, o ponto de partida para saber se uma causa é preexistente, concomitante ou superveniente. A partir dela que iniciamos a analise das causas.	
HC 94773 / SP - SÃO PAULO 
HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE
Julgamento:  02/09/2008           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação 
DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008
EMENT VOL-02338-03 PP-00628
Parte(s) 
PACTE.(S): CLÁUDIO ARTHUR MOUTINHO MAURÍCIO
IMPTE.(S): RODRIGO MOURA COELHO DA PALMA E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INÉPCIA DA DENÚNCIA. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DE CONDUTA. CRIME SOCIETÁRIO. ART. 41, CPP. DENEGAÇÃO. 1. Duas são as teses apresentadas na inicial do habeas corpus: a) inépcia da denúncia por falta de individualização da conduta do paciente; b) falta de justa causa. Registro, no entanto, que a argumentação desenvolvida pelos impetrantes culmina por cuidar das duas questões de modo englobado. 2. Há justa causa para a deflagração e prosseguimento da ação penal contra o paciente, não se tratando de denúncia inepta, seja formal ou materialmente. 3. A denúncia apresenta um conjunto de fatos conhecidos e provados que, tendo relação com a efetiva supressão do valor do crédito tributário, autoriza, por indução, concluir-se pela existência de relação de causalidade material entre tal redução e a conduta dos denunciados, entre eles o paciente. 4. Não há violação ao devido processo legal ou à ampla defesa, porquanto é clara a narrativa quanto à existência de supressão do tributo no período assinalado através do modus operandi consistente na falta de escrituração das operações econômicas representadas pelas notas fiscais no Livro de Registro de Saídas. Tal imputação - relacionada à efetiva supressão de tributo pela sociedade empresária, sob responsabilidade dos denunciados - deve ser objeto de reação pela defesa do paciente, logicamente representada pelos fatos efetivamente descritos na denúncia. 5. A jurisprudência desta Corte tem considerado que, em sede de crime societário, não se exige a individualização pormenorizada de condutas, mesmo porque normalmente a comunhão de desígnios e vontades quanto à divisão de tarefas e atos executórios para a prática do crime somente é conhecida pelos próprios sócios, e não por terceiros, como exatamente ocorre no caso em tela. 6. A conduta do paciente foi suficientemente individualizada, ao menos para o fim de se concluir no sentido do juízo positivo de admissibilidade da imputação feita na denúncia. 7. Habeas corpus denegado

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