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Universidade Federal de Itajubá Instituto de Física & Química Curso de Mestrado em Física Aplicada Disciplina de Técnicas Observacionais em Astrofísica Prof. Gabriel Hickel Oficina 1 – Medida do Coeficiente de Extinção da Atmosfera 1) Objetivos Fixar os conceitos de transferência radiativa através da atmosfera terrestre com o cálculo do coeficiente de extinção, a partir de medidas do Sol em várias massas de ar. Aprender a construir um fotômetro simples e efetuar medidas diferenciais com o mesmo. Dispor de dados experimentais e utilizá-los para determinar valores de grandezas derivadas. 2) Introdução Como vimos no início deste curso, a atmosfera terrestre é um meio que interage com a radiação eletromagnética que a atravessa. Esta interação é seletiva, barrando a maior parte da radiação, sendo a atmosfera terrestre translúcida em apenas duas “janelas”: óptica-infravermelho próximo (~0,3 a 2 µm) e rádio (~1cm a 10m). Mesmo nestas “janelas”, a radiação (luz) advinda de qualquer astro passa através das camadas atmosféricas, sofrendo absorção e espalhamento. A própria atmosfera contribui com alguma emissão, já que tem uma temperatura diferente de zero absoluto. O efeito total (espalhamento + absorção) é conhecido como extinção atmosférica. Na região do óptico, o efeito que domina a extinção é o espalhamento Rayleigh. 3) Material Utilizado e Construção do Fotômetro • Um amplificador operacional 741; • Um LED (Violeta, Azul, Verde, Amarelo, Vermelho, Infravermelho); • Um potenciômetro de giro linear de 4,7MΩ; • Duas pilhas de 9V; • Dois contatos plásticos para as pilhas de 9V; • Um substrato para a montagem do circuito; • Soldador e solda; • Fios de contato; • Um cano cilíndrico preto com razão altura/diâmetro ≈ 2 • Um voltímetro (fornecido pelo professor) O pino 1 do 741 (ver figura abaixo) fica livre. O pino 2 deve ser ligado a um contato lateral do potenciômetro e ao contato mais curto do LED (o que vem da parte onde a base do LED é reta). O pino 3 deve ser ligado ao ponto “B”. A este ponto também será ligado o outro contato do LED, um pólo positivo de uma pilha e o negativo de outra. Este ponto “B” é a saída negativa do fotômetro, a ser ligada no multímetro externo. O pino 4 deve ser ligado ao pólo negativo da pilha que está ligada ao ponto “B” pelo pólo positivo. O pino 5 fica livre. O pino 6 deve ser ligado ao ponto “A”. A este ponto também será ligado o contato central do potenciômetro. Este ponto “A” é a saída positiva do fotômetro, a ser ligada no multímetro externo. O pino 7 deve ser ligado ao pólo positivo da segunda pilha. Por fim, o pino 8 fica livre. Como a montagem do circuito será feita, fica a critério de cada um. Os contatos podem ser feitos com fios soldados ou com placa específica. Os pontos “A” e “B” podem ser entradas para as pontas de prova do multímetro ou saídas com pinos específicos que já encaixem nos multímetros (mais recomendável). O multímetro medirá voltagem DC. O potenciômetro serve para ajustar a sensibilidade do fotômetro. Ele deve ser ajustado para se obter o maior valor possível de voltagem na primeira medida, quando o Sol está mais alto. O potenciômetro é peça chave e sem ele, o fotômetro não funciona. Outro detalhe é que o LED deve estar no fundo do cano cilíndrico preto, para evitar contaminação lateral de luz. O fundo onde o LED estará também não pode vazar luz para dentro do cano. Por fim, as pilhas não podem estar continuamente ligadas ao contato plástico, pois irão descarregar. Desta forma, a construção deve ser tal que o contato plástico seja facilmente conectado/desconectado das pilhas. 4) Procedimentos de medida Utilizaremos o Sol como fonte de luz externa à atmosfera. O Sol é uma fonte bastante intensa e atende à proposta de utilizar um fotômetro de baixo ganho como o que construímos. Antes de iniciar as medidas, procure ajustar a sensibilidade com o auxílio do potenciômetro. O procedimento é muito simples: inicie as medidas por volta das 15h. Faça as medidas a cada 15 minutos. Não deixe o fotômetro exposto ao Sol no intervalo entre as medidas, pois os funcionamentos do 741 e do LED dependem da temperatura ambiente. Para fazer cada medida, ligue o voltímetro e insira os contatos de saída do fotômetro. O canudo que limita o campo de visada do LED deve estar bem firme. Aponte para o céu, (veja figura ao lado), à direita ou à esquerda do Sol (mantenha a mesma altura em relação ao horizonte). Anote o valor da voltagem que o multímetro fornece. Esta será a medida do céu. Após isto, aponte diretamente para o Sol (faça uma varredura, sempre de olho no valor que o multímetro fornece, procurando o máximo valor). Anote o valor da voltagem que o multímetro fornece. Esta será a medida do Sol+céu. As duas medidas devem ser feitas com diferença menor que 1 minuto e no horário determinado. Não vacilem. Se o Sol estiver coberto por nuvens, NÃO EFETUEM A MEDIDA, pois dará errado. As medidas devem ser feitas até o Sol tocar a linha do horizonte. Isto fornecerá uma medida do coeficiente de extinção com qualidade, pois teremos um intervalo de massa de ar grande. Após estas medidas, vamos efetuar os cálculos de extinção atmosférica propriamente ditos. A intensidade específica medida de uma fonte (no nosso caso, o Sol) ao atravessar um meio que absorve e espalha a radiação (no nosso caso, a atmosfera terrestre), é dada por: ( ) ( )νννννννν ττττννννττττνννννννννννν ττττ −− −+⋅= eSeII 10, , com Lc ⋅= ννννννννττττ onde SolII ,0, νννννννν = é a intensidade específica do Sol, fora da atmosfera, na freqüência específica do LED, e o termo da função fonte Sνννν é justamente a contribuição do céu. A profundidade óptica ττττνννν depende do coeficiente cνννν e do comprimento L de atmosfera ao longo da linha de visada. Note que ao fazermos a subtração da medida céu+Sol da medida céu, isto equivale a: ( ) ( )ννννττττνννννννννννν ττττ −−= eSI céucéu 1,, e ( ) ( )νννννννν ττττννννττττνννννννννννν ττττ −−+ −+⋅= eSeII céuSolSolcéu 1,,, ( ) ( ) ννννττττνννννννννννννννννννν ττττττττ −+ ⋅=− eIII SolcéuSolcéu ,,, . Como o nosso fotômetro é diretamente proporcional à intensidade de luz, nós teremos: νννννννν ττττ νννννννν ττττ νννν −−−−−−−− ⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅====⇒⇒⇒⇒⋅⋅⋅⋅∝∝∝∝ eIkVeIV SolSol ,, , com k sendo uma constante de proporcionalidade. Se tirarmos o logaritmo de ambos os lados da equação acima, teremos: (((( )))) (((( )))) (((( )))) LbAeLcIkV Sol ⋅⋅⋅⋅−−−−====⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅−−−−⋅⋅⋅⋅==== νννννννννννννννννννν logloglog , . O comprimento L de atmosfera pode ser calculado através de uma aproximação plano-paralela: note que se considerarmos que a atmosfera tem uma altura h na direção do zênite, ao olharmos para uma direção qualquer, sob um ângulo z em relação ao zênite (distância zenital em graus), o comprimento L de atmosfera é relacionado por: ( ) ( )zhz hL sec cos ⋅== e assim: (((( )))) (((( ))))zBAV seclog ⋅⋅⋅⋅−−−−==== νννννννν , onde ( )SolIkA ,log νννννννννννν ⋅= é o coeficiente linear, que depende da intensidade específica do Sol fora da atmosfera e da constante de acoplamento com o detector (kνννν); e ( )ehcB log⋅⋅= νννννννν é o coeficiente de proporcionalidade, também chamado de coeficiente de extinção. É justamente Bνννν que queremos medir. Ele é uma medida direta da profundidade óptica da atmosfera. Para estimaros valores de Aνννν e Bνννν , nós precisamos utilizar os valores medidos de voltagem (V), com o fotômetro, bem como dos valores da secante da distância zenital z do Sol (os valores serão fornecidos pelo professor), conforme o horário das medidas. O ajuste da reta logarítmica pode ser efetuado com o Origin (ou o seu genérico gratuito, SciDavis) ou outro programa de ajuste gráfico qualquer. Os valores dos coeficientes de ajuste Aνννν e Bνννν , seus respectivos erros e unidades, devem ser indicados, abaixo: Aνννν = ( ± ) ; Bνννν = ( ± ) Imprima o gráfico com os pontos e ajuste e o anexe a este guia. 5) Concluindo Como já comentado acima, o valor de Bνννν é uma medida da profundidade óptica da atmosfera na freqüência específica que o LED pode medir. Embora ainda não tenhamos tocado no assunto, a luz do Sol ao passar pela atmosfera sofre absorção e espalhamento. Em uma situação normal, que não tenhamos partículas grandes suspensas na atmosfera, é o espalhamento que domina o processo de retirar fótons do feixe da linha de visada. Para descobrirmos a dependência deste espalhamento com o comprimento de onda, teremos que juntar todas as medidas de Bνννν feitas para os diferentes LEDs. LED λλλλ típico (nm) Violeta 410 ± 35 Azul 450 ± 35 Verde 545 ± 35 Amarelo 590 ± 35 Vermelho 665 ± 35 Infravermelho 850 ± 50 Se todas as medidas deram certo, vocês devem evidenciar o comportamento do espalhamento de Rayleigh: n B λλλλ ββββ νννν ==== , onde ββββ é uma constante, λλλλ é o comprimento de onda e n é o índice de dependência espectral. No espalhamento da atmosfera n ≈ 4. Procedam como antes para um ajuste linear. Desta vez, teremos: (((( )))) (((( )))) (((( ))))λλλλββββνννν logloglog ⋅⋅⋅⋅−−−−==== nB ou seja, o coeficiente B da reta ajustada é na verdade o índice de dependência espectral n. Anotem abaixo o valor estimado por vocês para n: n = ( ± )
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