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26/09/2014 1 Universidade Federal do Piauí Centro de Ciências da Saúde Departamento de Bioquímica e Farmacologia Disciplina:Bioquímica Prof. Ms. Paulo Alex Bezerra Sales Estrutura Proteica PROTEÍNAS Macromoléculas (polímeros) mais abundantes em um organismo e participam de todos os processos biológicos formadas por monômeros (aminoácidos) Diversas funções Catalisadores, hormônios, antibióticos, anticorpos São os principais constituintes de músculos, penas, cabelos, unhas, chifres, invólucros virais, clara de ovo, sedas, teias de aranha e muitos outros materiais biológicos 26/09/2014 2 ESTRUTURA ATÔMICA Modelo a toxina diftérica Estrutura atômica - Cores diferentes para cada tipo de aminoácido -Não há grande variedade nos aminoácidos que constituem uma proteína 20 aminoácidos -Diferentes proteínas são constituídas de diferentes combinações dos 20 aminoácidos. -Toxina diftérica: polímero de 535 aminoácidos Mas como estão ligados os aminoácidos? Este fragmento é um peptídeo constituído de apenas 5 aminoácidos 26/09/2014 3 L i g a ç ã o p e p t í d i c a PEPTÍDEO Arginina - Prolina - Alanina - Tirosina - Serina Representação plana desse fragmento Para estudar a estrutura da ligação entre os aminoácidos vamos visualizar os átomos que compõem cada aminoácido Observe que há uma regularidade na estrutura ao lado Os átomos de nitrogênio são sempre intercalados por dois de carbono, formando um "esqueleto" “Como estão ligados os aminácidos?“ 26/09/2014 4 Como a ligação peptídica se dá entre dois aminoácidos, vamos isolar apenas dois deles e analisá-los detalhadamente (tirosina – serina) Quebrar ligação entre os dois aminoácidos Todos aminoácidos possuem uma estrutura idêntica A ligação peptídica é estabelecida por uma reação entre o grupo carboxílico de um aminoácido e o grupo amino de outro. A ligação peptídica pode ser feita sinteticamente ou nos ribossomos das células. Primeiramente, vamos ligar os aminoácidos ao tRNA 26/09/2014 5 Assim, além da regularidade de dois átomos de carbono entre um de nitrogênio, também se observa que ao átomo de nitrogênio liga-se um átomo de hidrogênio e ao átomo de carbono ligado diretamente ao nitrogênio há um átomo de oxigênio ligado Este átomo de hidrogênio e de oxigênio são bastante importantes para a estruturação de uma proteína, como será visto posteriormente no capítulo Estrutura secundária. E S T R U T U R A P R I M Á R I A: Sequência linear dos aminoácidos ESTRUTURA SECUNDÁRIA: dada pelo arranjo espacial dos aminoácidos próximos entre si na sequência primária da proteína. Arranjos alfa-hélices e folhas beta e estruturas não regular EST R U T U R A TERCIÁRIA: resulta das interações entre diferentes regiões de estrutura regular definida ou não regular. Descreve a conformação espacial da proteína inteira E S T R U T U R A QUATERNÁRIA: Algumas proteínas podem ter 2 ou mais cadeias polipeptidicas. E s t r u t u r a p r i m á r i a 1 GLY ALA ASP ASP VAL VAL ASP SER SER LYS 10 11 SER PHE VAL MET GLU ASN PHE SER SER TYR 20 21 HIS GLY THR LYS PRO GLY TYR VAL ASP SER 30 31 ILE GLN LYS GLY ILE GLN LYS PRO LYS SER 40 41 GLY THR GLN GLY ASN TYR ASP ASP ASP TRP 50 51 LYS GLY PHE TYR SER THR ASP ASN LYS TYR 60 61 ASP ALA ALA GLY TYR SER VAL ASP ASN GLU 70 71 ASN PRO LEU SER GLY LYS ALA GLY GLY VAL 80 81 VAL LYS VAL THR TYR PRO GLY LEU THR LYS 90 91 VAL LEU ALA LEU LYS VAL ASP ASN ALA GLU 100 101 THR ILE LYS LYS GLU LEU GLY LEU SER LEU 110 111 THR GLU PRO LEU MET GLU GLN VAL GLY THR 120 121 GLU GLU PHE ILE LYS ARG PHE GLY ASP GLY 130 131 ALA SER ARG VAL VAL LEU SER LEU PRO PHE 140 141 ALA GLU GLY SER SER SER VAL GLU TYR ILE 150 151 ASN ASN TRP GLU GLN ALA LYS ALA LEU SER 160 161 VAL GLU LEU GLU ILE ASN PHE GLU THR ARG 170 171 GLY LYS ARG GLY GLN ASP ALA MET TYR GLU 180 181 TYR MET ALA GLN ALA CYS ALA GLY ASN ARG 190 191 VAL ARG ARG SER VAL GLY SER SER LEU SER 200 201 CYS ILE ASN LEU ASP TRP ASP VAL ILE ARG 210 211 ASP LYS THR LYS THR LYS ILE GLU SER LEU 220 221 LYS GLU HIS GLY PRO ILE LYS ASN LYS MET 230 231 SER GLU SER PRO ASN LYS THR VAL SER GLU 240 241 GLU LYS ALA LYS GLN TYR LEU GLU GLU PHE 250 251 HIS GLN THR ALA LEU GLU HIS PRO GLU LEU 260 261 SER GLU LEU LYS THR VAL THR GLY THR ASN 270 271 PRO VAL PHE ALA GLY ALA ASN TYR ALA ALA 280 281 TRP ALA VAL ASN VAL ALA GLN VAL ILE ASP 290 291 SER GLU THR ALA ASP ASN LEU GLU LYS THR 300 301 THR ALA ALA LEU SER ILE LEU PRO GLY ILE 310 311 GLY SER VAL MET GLY ILE ALA ASP GLY ALA 320 321 VAL HIS HIS ASN THR GLU GLU ILE VAL ALA 330 331 GLN SER ILE ALA LEU SER SER LEU MET VAL 340 341 ALA GLN ALA ILE PRO LEU VAL GLY GLU LEU 350 351 VAL ASP ILE GLY PHE ALA ALA TYR ASN PHE 360 361 VAL GLU SER ILE ILE ASN LEU PHE GLN VAL 370 371 VAL HIS ASN SER TYR ASN ARG PRO ALA TYR 380 381 SER PRO GLY HIS LYS THR GLN PRO PHE LEU 390 391 HIS ASP GLY TYR ALA VAL SER TRP ASN THR 400 401 VAL GLU ASP SER ILE ILE ARG THR GLY PHE 410 411 GLN GLY GLU SER GLY HIS ASP ILE LYS ILE 420 421 THR ALA GLU ASN THR PRO LEU PRO ILE ALA 430 431 GLY VAL LEU LEU PRO THR ILE PRO GLY LYS 440 441 LEU ASP VAL ASN LYS SER LYS THR HIS ILE 450 451 SER VAL ASN GLY ARG LYS ILE ARG MET ARG 460 461 CYS ARG ALA ILE ASP GLY ASP VAL THR PHE 470 471 CYS ARG PRO LYS SER PRO VAL TYR VAL GLY 480 481 ASN GLY VAL HIS ALA ASN LEU HIS VAL ALA 490 491 PHE HIS ARG SER SER SER GLU LYS ILE HIS 500 501 SER ASN GLU ILE SER SER ASP SER ILE GLY 510 511 VAL LEU GLY TYR GLN LYS THR VAL ASP HIS 520 521 THR LYS VAL ASN SER LYS LEU SER LEU PHE 530 531 PHE GLU ILE LYS 535 O aminoácido que "inicia" a proteína tem seu grupo NH3 + livre, porque está ligado ao segundo aminoácido pelo seu grupo carboxila. Do segundo aminoácido em diante, todos têm tanto seus grupos amino quanto seus grupos carboxila participando de ligações peptídicas 26/09/2014 6 E s t r u t u r a s e c u n d á r i a Esqueleto de aminoácidos Retirarmos as cadeias laterais dos aminoácidos Estruturas secundárias Estruturas coloridas de cor roxa parecem espirais, bastante regulares Alfa-hélices As estruturas coloridas de laranja são fitas paralelas, regularmente organizadas Folhas beta pregueadas Segmentos protéicos em branco possuem estrutura Não regular 26/09/2014 7 A l f a - h é l i c e A formação e a manutenção da alfa-hélice é obtida por pontes de hidrogênio entre os átomos das ligações peptídicas Vamos "retirar" as cadeias laterais para facilitar a visualização Pontes de hidrogênio se estabelecem entre o átomo de hidrogênio do esqueleto de um aminoácido e o átomo de oxigênio de outro aminoácido A regularidade da alfa-hélice faz com que sua estrutura seja como a de um tubo As cadeias laterais dos aminoácidos ficam expostas para o lado de fora do tubo evitando impedimento estérico (impede que uma determinada conformação seja permitida com o esqueleto de aminoácidos) 26/09/2014 8 Observe que as prolinas encontradas em alfa-hélices, na verdade localizam-se no fim destas estruturas e jamais no meio 26/09/2014 9 PRO em alfa-hélice Observe que a prolina apresentada localiza-se no fim da hélice Devido ao fato da prolina ter uma cadeia lateral cíclicaenvolvendo o grupo amino há uma restrição dos movimentos possíveis da ligação peptídica envolvendo este aminoácido A ligação peptídica da prolina envolve uma amida secundária não há um átomo de hidrogênio disponível para que se forme ponte de hidrogênio com os aminoácidos adjacentes na hélice, que estabilizaria a alfa-hélice E s t r u t u r a s e c u n d á r i a Ao lado temos um domínio (Thr386 a Ser535) da toxina diftérica estruturado exclusivamente em folhas-beta (representadas pelas fitas em laranja). Vamos estudar inicialmente um segmento menor deste domínio segmento isolado (Thr386-Glu423) Observe como as cadeias polipeptídicas são paralelas. 26/09/2014 10 Estrutura atômica do segmento Protéico Retirada dos trechos de estrutura não-regular Esqueleto (cinza) Isolar segmento (Tyr394-Trp398) C-alfa (verde) do segmento Esqueleto : cadeias laterais (em laranja) estão de ambos os lados do esqueleto C-alfa estão coloridos de verde Cadeias laterais dos aminoácidos se alternam, uma para cada lado do esqueleto (em cinza). Tal distribuição de cadeias laterais ocorre porque os ângulos de torção apresentam regularidade, fazendo com que o esqueleto fique "ondulado" ou "pregueado", daí o nome folha-beta pregueada. 26/09/2014 11 Nesse tipo de representação, a direção da seta indica o sentido do N para o C-terminal, ou seja, do primeiro ao último aminoácido Observe que no segmento ao lado as setas são opostas Esse tipo de folha-beta é chamado de anti-paralela Em proteínas também são encontradas folhas-beta paralelas. No entanto, esse segundo tipo é bem menos frequente e provavelmente por ser menos estável que o primeiro 26/09/2014 12 Domínio (Thr386 a Ser535) Observe a quantidade de pontes de hidrogênio que mantêm a coesão do esqueleto proteico Toda a estrutura é anti-paralela Estrutura formada não é perfeitamente paralela, mas levemente torcida. Essa torção é devida às interações entre os resíduos de aminoácidos Folhas-beta são comumente encontradas com essa estrutura (formando uma "bola" com fitas anti-paralelas) que é bastante estável (estrutura energeticamente mais favorável) Padrões estruturais Motivos: Agrupamento de dois ou mais elementos de estruturas secundárias 26/09/2014 13 Padrões estruturais Domínio: Parte de uma cadeia polipeptídica estruturalmente independente E s t r u t u r a s e c u n d á r i a: n ã o - r e g u l a r Cerca de metade de uma proteína globular é composta por estrutura secundária (alfa-hélices e folhas beta pregueadas). A outra metade é composta de estrutura não-regular. Não apresenta um padrão repetitivo (EM BRANCO) Note que quase todos os segmentos encontram-se entre trechos de estrutura regular. (VERDE) E s t r u t u r a s e c u n d á r i a: n ã o - r e g u l a r Nas proteínas, é comum ocorrer, nas regiões de estrutura não-regular, trechos conhecidos como voltas, que causam mudança de sentido da cadeia polipeptídica. Estas voltas são mantidas por pontes de hidrogênio e são, portanto, estruturas estáveis 26/09/2014 14 Entre regiões em folhas beta pregueadas também há um tipo de volta responsável pelo anti-paralelismo das folhas Estas voltas são chamadas de dobras beta E s t r u t u r a t e r c i á r i a A estrutura terciária é formada pela disposição espacial das estruturas secundárias e das estruturas não regulares, constituindo a proteína toda. Importância da cadeia lateral dos aminoácidos na estrutura tridimensional das proteínas 26/09/2014 15 Classificação quanto a estrutura proteica M a n u t e n ç ã o d a Es t r u t u r a t e r c i á r i a A estrutura terciária da difteria é uma estrutura bastante compacta Que forças mantêm tal compactação? São ligações ou interações entre as cadeias laterais dos aminoácidos: 1 - ponte salina 2 - ponte de hidrogênio 3 - interação hidrofóbica 4 - ponte dissulfeto 1 - Ponte salina Apesar dos dois aminoácidos estarem localizados tão distantes um do outro na estrutura primária da proteína (separados por 37 aminoácidos) eles estão em contato 26/09/2014 16 1 - Ponte salina Você pode verificar que os aminoácidos estão de fato mantendo o contato entre os segmentos do esqueleto de aminoácidos que formam uma alça. Grupo amino (NH3 + , carregado positivamente) da cadeia lateral da ARG173. Grupo carboxílico (COO- , carregado negativamente) da cadeia lateral do ASP211. Para haver estabelecimento de uma ponte salina ou interação iônica, é necessário que os dois aminoácidos em contato tenham grupos carregados É importante lembrar que apesar de todos os aminoácidos terem dois grupos carregados, o grupo amino (positivo) e o grupo carboxílico (negativo), esses grupos estão envolvidos na ligação peptídica e não podem, portanto, estabelecer interação iônica Assim, os grupos que conferem carga líquida a um aminoácido são as cadeias laterais Ponte de hidrogênio Tirosina 60 (TYR60) Glutamina 184 (GLN184) Novamente, os aminoácidos estão distantes na estrutura primária, mas estão em contato devido à estrutura tridimensional que a proteína adquire 26/09/2014 17 Ponte de hidrogênio Se dá entre um átomo de oxigênio ou nitrogênio e um átomo de hidrogênio ligado a um átomo de oxigênio ou nitrogênio A ponte de hidrogênio em estudo é formada entre um átomo de hidrogênio ligado a um átomo de oxigênio da tyrosina 60 e um átomo de oxigênio da glutamina 184. Ponte de hidrogênio Neste caso, a ponte de hidrogênio se estabelece entre o hidrogênio da hidroxila (O-H) da tirosina e o oxigênio da carbonila da glutamina. INTERAÇÕES HIDROFÓBICAS Tipo de interação muito importante para a manutenção da estrutura de uma proteína são as interações hidrofóbicas Este tipo de interação é o mesmo que faz o óleo agregar-se quando jogado na água 26/09/2014 18 INTERAÇÕES HIDROFÓBICAS Aminoácidos hidrofílicos: ciano Aminoácidos hidrofóbicos: Encontram-se no interior da proteína Isso ocorre porque os aminoácidos externos são hidrofílicos (hydros=água, phyllia=gostar) e fazem contato com a água Os aminoácidos hidrofóbicos (phobia=medo) agregam-se, evitando o contato com a água PONTE DISSULFETO A ponte dissulfeto é uma ligação covalente entre dois átomos de enxofre (das cadeias lateraisl de duas cisteínas) E s t r u t u r a q u a t e r n á r i a Como você observou pela estrutura primária da toxina diftérica, essa proteína é constituída de apenas uma cadeia polipeptídica (monomérica). No entanto, algumas proteínas são constituídas por mais de uma cadeia. A concanavalina A é um tipo de proteína que não pertence ao sistema imunológico e que se liga especificamente a certos resíduos de carboidratos. Esta proteína é constituída de duas cadeias polipeptídicas independentes, ou seja, separadas. 26/09/2014 19 Cadeia A da concanavalina A Observe que a concanavalina A possui praticamente apenas estrutura secundária organizada em folhas beta pregueadas. Cadeia B A cadeia B é idêntica à cadeia A. Isso não ocorreem todas as proteínas, muitas vezes as sub- unidades que as compõem são ligeiramente diferentes entre si, como no caso da hemoglobina que possui 4 sub-unidades. A estrutura formada pelas duas sub-unidades (dímero) é chamada de estrutura quaternária. Cadeia B 26/09/2014 20 Forças que mantêm a estrutura quaternária Que tipo de forças mantêm tal estrutura? Hidrofobicidade dos aminoácidos da cadeia A. Nesta representação, a cor azul representa maior hidrofobicidade e a cor vermelha, menor (mais polar) Forças que mantêm a estrutura quaternária Observe que a superfície de contato entre as duas sub- unidades é bastante hidrofóbico Hidrofobicidade na superfície de contato entre as cadeias B e A Desnaturação de Proteínas Perda da estrutura tridimensional, com consequente perda de função • Reversível ou irreverssível; • Não altera a estrutura primária • Não causa perda no valor nutritivo das proteínas 26/09/2014 21 O enovelamento proteico é influenciado pela sequência de aminoácidos e pelo meio em que se encontra Algumas proteínas se dobram de forma Assistida (Chaperonas) Hsp 70 Ligam-se em regiões não dobradas do peptídeo que é rico em resíduos hidrofílicos, evitando uma agregação inapropriada Bloqueiam o dobramento de certas proteínas que devem permanecer não dobradas até que sejam deslocadas até a membrana Evitam a desnaturação pelo calor Chaperoninas Complexos elaborados de proteínas necessários para o dobramento de algumas proteínas celulares que não se dobram espontaneamente Contextualizando 1- Ondulação permanente é engenharia bioquímica 2- Qual a relação da vitamina C com o Colagéno? 3- Morte por dobramentos errado: As doenças priônicas
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