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4.1 MECÂNICA DOS FLUIDOS 4. ESCOAMENTO SOBRE UM PERFIL Para o escoamentodo arsobreumcorpoalgumasdestasforçasnão são relevantes.Assim, inicia-seo estudode escoamentoaerodinâmicocom umfluidoideal,o qualé consideradocomoummeio: ------ __ . IZ~~tr??_~Xã?"?l"roj~t?!-~r()~á~!ic(). _ Estaseçãofazumabreve revisãodosprincipaisconceitosdaMecânica dos Fluidos,necessáriaparao desenvolvimentodo texto.O primeiropontoa considerardiz respeitoàs forçasqueagemsobreumfluido.Assim,podemos considerar: o Forçasgravitacionais; o Forçasdevidoà pressão; o Forçasviscosas; o Forçasde inércia; o Forçaselásticas; o Forçasdetensãosuperficial. I ,j o Homogêneo; o Contínuo; o Incompressivel; o Nãoviscoso. Esta concepçãode fluidoideal,ou perfeito,podeser aplicadapara velocidades inferiores à velocidade do som, e sobre uma região não imediatamentejuntoàsuperficiedocorpoemestudo.Comvelocidadesmaiores doque75%davelocidadedosomosefeitosdecompressibilidadedoarpassam a serrelevantes. O efeitoda viscosidadeemgeralé importanteapenasemcamadas dofluidoqueestãoescoandomuitopróximasde umasuperfície,chamada de camada limite.O fluxo fora da camada limiteé o de um fluido ideal. Istonoentantovale apenasenquantoa camadalimitepermaneceraderida ao corpo.Assim, juntoà superfíciede umcorpo, dentroda camadalimite, a viscosidadedo ar passa a ser importantee deve ser considerada. Para formasaerodinâmicaso fluidoperfeitoé umaboaaproximação para estudar o fluxo sobre o corpo. Para formas não aerodinâmicas,o escoamentopotencialgeraresultadosapenasaproximados,havendoumforte efeitodaseparaçãoda camadalimite. Em um pontoqualquersobre a superficie, a velocidadetangencialé: v =2 Vosen O Um conceito importanteligado àequação de Bernoulli éo de ponto de estagnação, no qual v =O, e logo p =H. Na análise do escoamento sobre superfícies, e em especial quando o interesse é nas forças geradas pelo escoamento, é conveniente definir o chamado coeficiente de pressão, Cp, como sendo: Po + r vo2!2 =p, +r V,2 / 2 P, - Po = r ( Vo2 - v/ ) /2 C ==(I-~)I' Y6 Cp == P-Po qo onde p é a pressão em um ponto de uma superficie e Poé a pressão em um ponto afastado, assim como qo, pressão dinâmica neste ponto. Usando a equação de Bernoulli, o coeficiente de pressão pode ser escrito como: Assim, tendo a distribuição de velocidades podemos determinar a distribuição do coeficiente de pressão. FLUXO DE UM FLUIDO IDEAL EM TORNO DE UM CILINDRO Figura 4.3 - Fluxo em torno de um cilindro. Uma vez sabendo a distribuição de velocidades, usando a equação de Bernoulli podemos obtera distribuição de pressões, e usando a expressão de v, p, - Po=qo( 1 - 4 sen 20) , sendo qo a pressão dinâmica do fluxo afastado do cilindro. Neste caso o coeficiente de pressão, Cp, passa a ser: Edison da Rosa dV, =A, v, dt dV2 =A2 V2dt dm, =A, v, di 1', dm2=A2 V2dt 1'2 p.A - (p+dp).A ==dm.dv dt Como dm =A p dx, dp =- P v dv v, 1', A, dV2rn~ ~~H ~:{}.::d'>p P +dp A Figura 4.2 - Equilibrio de forças em dV. A, v, =~ v2 a pressão dinâmica, logo p+q=H 1 sendo H a pressão total. Definindo: p - pressão estática, e q ==-p' y2 2 1 2 1 2 Integrandodp, p==--p'Y +C,ou p+-p.y ==C=H, 2 2 EQUAÇÃO DE BERNOULLI Consideremos um elemento de volume dentro de um tubo de corrente. Considerando o fluido incompressível, o aumento de velocidade do fluido é proveniente de uma diferença de pressão entre as duas faces do elemento de volume. A, V, P, =~ v2 P2 e para um caso incompressível, EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Esta equação expressa a continuidade da massa que passa por um tubo de corrente. Para qualquer intervalo de tempo, a massa de fluido que entra é igual à massa que sai (fluido incompressível). Figura 4.1 - Continuidade do fluxo de massa. Como dm, =dm2, resulta 78 8_L~ _ !,disondaRosa ao Cp =(1-4.sen2S) TIPOS DE FLUXO O fluxo de um fluido pode ser dito como irrotacional ou como rotacional. O fluxo é irrotacional quando a circulação, G, definida abaixo, é zero. Quando a circulação não é zero o fluxo é dito rotacional.A circulação é definida por 1=fv,ds sendo a integral definida sobre um contorno fechado. vt é a velocidade tangencial a este contorno e ds é o elemento de arco do contorno. Em um dado ponto do escoamento a circulação é uma constante, não interessando o percurso da integração para o seu cálculo. Um caso particular, mas de interesse, é quando se tem um percurso circular de integração e a velocidade tangencial é constante em todo este percurso. Assim, r=Jvds=v Jds=v JrdS =v ·,.·271:'j , .. 1j t1· I ou seja, a circulação passa a ser simplesmente o produto da velocidade pelo comprimento da circunferência. Assim, a circulação tem por unidade m2 I s. A partirda circulação, podemos calcular a velocidade tangencial para este caso como: Usando Bernoulli, conhecida a velocidade tem-se a distribuição de pressão. Desta forma, integrando sobre a superficie de um cilindro de largura b, a sustentação é dada por: L =p Vo [' b , que é a equação de sustentação de Kutta-Joukowskí. Da mesma forma, sendo o corpo um perfil aerodinâmico, se o fluxo gerar uma circulação, ocorrerá a formação de uma distribuição de pressão que gera uma sustentação, seguindo a mesma equação de Kutta-Joukowskí. Dada a geometria de um perfil, o valor da circulação que se origina no fluxo depende apenas do ângulo de ataque a que se encontra o perfil. A equação de Kutta-Joukowski levou ao desenvolvimento da teoria de perfis finos, na qual a geometria do perfil se resume à sua linha média, sendo a circulação gerada por uma distribuição de vórtices ao longo da linha média, gerando assim a circulação total. A forma da linha média afeta a posição da singularidade associada ao vórtice e assim afeta também a distribuição das velocidades ao longo do perfil. 4.2 TEORIA DE PERFIS FINOS ALGUNS RESULTADOS 1 _ LlDha méd@ Raio do bordo de at~~ An..9l!lQ_9QJJ9rdo-º_EJ_ftJgU~' Distribuiçãode espessura Ymáx = R ( 1-cos~) Figura 4.5 - Principaiscaracteristicasgeométricasde umperfil. Esta teoria considera que toda a geometria do perfil é definida exclusivamente pela linha média. Sendo y =f(x) a função que define a linha média, todas as características aerodinâmicas dependem desta expressão. A seguir são apresentados alguns exemplos de aplicação desta teoria. EXEMPLO 1 No caso particular da linha média ser um arco de circunferência, com corda unitária, como na Figura 4.6, a altura máxima do perfil, Y máx' será: +Vo= V,=VosenO v,=I12rrp V,=v,+v, Figura 4.4 _ Superposiçãode umfluxosemcirculaçãocom umacirculaçãopura. I sendo a corda unitária, R sen~ - 0,5 1 v =-- t 271:'r Esta solução vale para um fluido ideal, visto que apresenta uma singularidade, com raio muito pequeno. Nos fluidos reais esta singularidade não ocorre devido à viscosidade. O ponto de singularidade é gerado por um vórtice pontual,que gera a circulação. A importânciada circulação na aerodinâmica é que ela é a responsável pela sustentação que um corpo imerso no fluido desenvolve. O exemplo de um cilindro se movendo em um fluido com velocidade v e ao mesmo tempo girando, faz com que surja uma força normalàdireção do movimento. r I l 82 ~_.~. . ~.. ....~ . ~_._ .. ..__ .__ .s91?-º'l.cjaB.º§.a l~tr~(j.u~~ª()!"r()j~.I()fI~r~.~~~.I~~~._..........•• _~ __.• _ ...• . _..__ __ ª.3 y =k (1 - 4 f)(À +t), EXEMPL02 Uma linha média proposta porvon Mises [24],é na forma: sen$:>:;$ e cos$:>:;1-f2 e para ângulos pequenos, Da geometria pode-se obter que 1-cos$ Ymó, = 2· sen$ sendo y a coordenada adimensional, e ta posição ao longo da corda, valendo + 0,5 no bordo de ataque e - 0,5 no bordo de fuga. Sendo x a posição adimensional sobre a corda, com origem no bordo de ataque, como é mais usual, Referência: Streeter. x/c = 1,00 t =·0,05 Ymáx =k (1 - 4 to2) (Â. +to)y ~k * ( 1- 4* t * t ) * ( H t) k =0,10, R 0,20.0,50,0,80 0.0001*(1-4*t*I)*(1000+1) 0.02*(1-4*1*1)*(5+1) 0.1*(1· 4*1*1)*(1+1) 0.2*(1·4*1*1)*(0.5+1) 0.31*(1-4*t*I)*(O.25+1) x/c =0,00 t ~ +0.05 tO=HJ4Â.2+3-2Â.] ,evale oponto de máximo ocorre para: Com I tendendo a infinito,o ponto de máximotende para t =0, ou seja, 50% da corda, Neste caso a linha média tende para um arco de circunferência. As características aerodinâmicas do perfilsão: C1 =2nae ~-ª/~~ -=-=---===-=~-==--===~=-_.. ------ ---------~--.=-==---===-~:=--._-_: X t ae=a +ao ao=- ( 4Â.- 1 ) k /2 Cmac =- n ( 4Â. - 3/2 ) k I 4 x =0,5 - t Figura 4.7- Diferentesformasparaa linhamédia,segundoMises. 0,10 0,15 0,3946 0,5826 0,4000 0,6000 1,301 0,909 I Ymáx~ J Ymáx 0,05 $ exato. 0,199 $ aprox. 0,200 R 2,534 Cmac =- Tt:Y máx Figura 4.6 CXo =- 2 Y máx C I = 2 P a +4 p Y máx C I =2 Tt: sen (cx +13)sec 13 CXo =-13 sendo 13=$!2 ou usando as aproximações para pequenos ângulos, ,\.:>:;4. Y .'t' max i Para Y",,, = 0,10, considerando o centro do arco sobre o eixo OY, ou seja, arco simétrico,a equação deste arco é: y =~1.6CJ26-t~-1.201:para t[-0,5:0,5] Como se pode ver da expressão da linha média, o parâmetro k é diretamente proporcional à ordenada máxima do perfil. Para um dado perfil, conhecendo-se a posição do ponto de máximo, o parâmetro À écalculado e a partirdeste, pelo valor do máximo, o parâmetrokéobtido. 84 Edison da Rosa Intr~~~9~oao C1 =2na+4nh ao=- 2 h a. =O C '=-nhmac ao=- 2,00 e Cmac =- n, y =0,0001(1 - 4F) (1000 +t), ou y =0,0001(1000 +t ..4000 t2 - 4 P) A Tabela 4.1 fornece aoe Cmac'calculados para uma ordenada ~áxima unitária, Y á = 1. Para um valor diferente de Y á' basta multiplicar pelo corresponde~teYmáx'pois k é proporcional ao seu v~(ore assim também o são Uo e Cmáxquanto à k.A tabela detalha a faixa para o parâmetro 'A desde Oaté 2, que é em geral a faixa mais útil. Tabela 4.1 - Valores de ao e Cmac À túXoY,nax/kk P I y=1aocmac 000000 0.288680.211320.192455.196152.598086.12157 0.10000 0.257260.242740.262683.806881.142063.28891 0.20000 0.229610.270390.339012.949740.294971.62171 0.30000 0205510.294500.420112.38033-0.238030.56085 0.40000 0.184650.315350.504911.98054-0.59416-0.15555 0.50000 0.166670.333330.592591.68750-0.84375-0.66268 0.60000 0.151190.348810.682511.46519-1.02563-1.03568 070000 0.137850.362150.774161.29172-1.16254-1.31886 0.80000 0.126330.373670.867201.15314-1.26846-1.53965 0.90000 0.116330.383670.961321.04024-1.35231-1.71571 1.00000 0.107630.392371.056310.94670-1.42004-1.85883 1.10000 0.100000.400001.152000.86806-1.47569-1.97713 1.20000 0.093290.406711.248270.80111-1.52211-2.07633 1.30000 0.087350.412651.345010.74349-1.56133-2.16056 1.40000 0.082070.417931.442140.69341-1.59485-2.23288 150000 0.077350.422651.539600.64952-1.62380-2.29559 160000 0.073110.426891.637340.61075-1.64902-2.35043 1.70000 0.069290.430711.735310.57627-1.67117-2.39877 1.80000 0.065830.434171.833490.54541-1.69077-2.44167 1.90000 0.062690.437311.931840.51764-1.70822-2.47999 200000 0.059820.440182.030340.49253-1.72385-2.51440 EXEMPLO 3 Comparando as duas soluções vistas nos exemplos acima, podemos obter alguns resultados adicionais. A linha média do exemplo 2, no limitepara um arco de circunferência, fornece uma solução para flecha máxima unitária que tende para: coincidindo portanto com a solução do exemplo 1 anterior. Da equação de y, para o caso particular de Y máx=0,10, com 'A = 1000 e k =0,0001, tem-se, i i I I L. ~~_..,_....._..~.~..._._._~.._.~_..... .. .._._. !---------- Como tvaria entre- 0,5 e +0,5, os termosem te P são extremamentepequenos, se comparados com os outros termos, além de se anularem em t =0,5, t =Oe t =- 0,5, podemos escrever como uma boa aproximação, y =0,1 (1 - 4 F) , que é a equação de uma parábola que passa pelos dois extremos do arco de circunferência em análise e pelo seu ponto central, em t =O. Por outro lado, da expressão do coeficiente de momento, verifica-se que o mesmo é igual a zero quando 'A =0,375. O perfilda linha média para este valorestá na figuraabaixo, adequada para asas voadores, dado seu coeficiente de momento ser nulo. Figura 4.8 - Linha médiapara emac =0, com i!.1 =0,375e k =0,20. EXEMPLO 4 Para o caso de uma linha média na forma de uma parábola, simétrica em relação ao ponto de 50% da corda, com altura máxima h, sua equação é: y=4hx(1-x) Para esta linha média a teoria de perfis finos leva aos resultados: EXEMPLO 5 A teoria dos perfis finos pode tambémfornecer uma indicação do efeito relativo da atuação de um flap no bordo de fuga, conforme ilustra a figura abaixo. A solução para este problema fornece: ~CI =o [2(n . e) +2 sen e] ~Cmac=o [ sen ecos ( e - 1 )] ,sendo, cos e = 1 ..2 xf ~/~~i Figura 4.9 - Geometriaconsiderandoumf1apdefletido. 86 Edison da Rosa ao 4.3 GEOMETRIA DE UM PERFIL o 1/8 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8 Perfil Wortmann FX 74-CL5-140 R = 0.0118 Corda d~!:!ida pelaJinha lll~dI~ __ . .. y/c 0.04 0.00 LR Figura 4.13 - Definição da corda pela construção, a partir da linha média. Corda Ângulo do bordo de fuga ~Itura 'lláxima (camber) Linha média ~aicJ.dobordo de ataque Espessura máxima ºJ~~~~~;~~s-s~~~ A definição da corda pode ser de diferentes formas, Figuras 4.11 a 4.13. Figura 4.10 - Geometria de um perfil. A geometria de um perfil fica definida por alguns parâmetros básicos, sendo os principais os listados abaixo, conforme Figura 4.10. o Corda. o Linha média, posição do ponto de máximo. o Espessura, posição do máximo, distribuição ao longo da corda. o Raio do bordo de ataque. o Ângulo do bordo de fuga. x/c 0.080.040.00 -0.02 Figura 4.14 - Detalhe do perfil FX 74-CLS-140, indicando o raio do bordo de ataque. LR Lf-'f.- -º9~~a_m_e_d_id_a_p_e_Ia_fa_c_e_in_fe_r_io._r_ Figura 4.11 _ Definição da corda pela face inferior. ; I;'. :;lj t ! 11 LR \...•.--- Figura 4.12 - Definição da corda pelo arco a partir do bordo de fuga. o cálculo da geometria pode ser feito de duas formas: o Perfil fornecido diretamentepor pontos na superfície superior e inferior. Normalmente considera-se corda unitária,com os postos iniciando no bordo de fuga, seguindo pela superfície superior e retornando pela superfície inferior.O contornoé assim percorridono sentidoanti-horário. o Perfil fornecido pela linha média e pela distribuição de espessuras. Neste caso a meia espessura deve ser somada à linha média, levando em conta a inclinação desta, em especial perto do bordo de ataque, em que a ínclinação é mais acentuada, Figura 4.15. ---, 88 ~~ ~~~ ~~ __ ~ ______ ~E.."dcL~QIl..daRosa çã( 89 Superfíciesuperiordo perfil: x1 = Xo - Yt sen8 Y1 =Yo +Yt cos8 Superfícieinferiordo perfil: x2 = Xo + Yt sen8 Y2 =Yo - Yt cos O y e T (x; Y)1 'i Yt \ Linha média (x; Y)o x o Orela; o Eppler; o Hepperle; o Larrabbe; o Liebeck; o Lissaman; o Selig; o Wortmann; o e outros. 4.5 FAMíLIA DE PERFIS Exemplo,NACA 7212: Outra famíliade perfisclássicos, é a dos perfis desenvolvidosna Alemanha,os G6ttingen,e particularo 398,tãoeficientequantoo ClarkY. As principaisfamíliasdeperfissãoas NACA,comváriasfamíliassendo desenvolvidasa partirdadécadade30.A famíliaNACAdequatrodigitosadotou umadistribuiçãode espessurasbastantesimilarao ClarkY e G6ttingen398, sobrepondoa estaumalinhamédiadefinidapordoispolinômios,ver[1] . As famíliasde perfisiniciaramcom a pesquisasistematizadasobre diferentesgeometrias,inicialmentedeumaformaempíricae progressivamente adotandocritériosmais científicos.Duas famíliasde perfis clássicos são importantesde citar,a sérieClark,incluindoo aindahojeusadoClarkY, mas queinclui: Clark: K; V; W; X; Y; Z.Y; YH; YM15; YM18; YS. Figura 4.15 - Construção do perfil a partir da linha média e da distribuição de espessura. 4.4DESENVOLVIMENTO DOS PERFIS o desenvolvimentodos perfis aerodinâmicosseguiu, em seus primórdiosno iniciodoséculoXX, duaslinhas,umaa teoriade perfisfinos,e a outra,seguiua teoríadesenvolvidapor Jukowski, a partirda soluçãoda sustentaçãode um cilindro com fluxo rotacional.Simultaneamente,um grande esforço experimentalteve inicio, com inúmerostúneis de vento sendo construidos,em especial na Alemanha e Estados Unidos. Estes ensaios levaram ao desenvolvimentode muitos perfis, de uma forma empírica,que ainda hoje são usados, sendo o mais tradicionaldestes o ClarkY. No final da década de 20 a NACA iniciouum intensotrabalhode sistematizaçãona definição da geometria dos perfis, surgindo assim diferentesfamílias de perfis NACA, iniciandocom os perfisda famíliade quatro dígitos, como o NACA 4412. Todo o desenvolvimentoda NACA estavabaseadona definiçãogeométricada distribuiçãode espessurasdo perfil e da sua linha média. Um determinado perfil era obtido pela superposiçãodasespessurassobreumadadalinhamédia. Com o desenvolvimentoda teoria aerodinâmicae dos sistemas computacionais,a partirdadécadade 70,umnovoprocedimentodeprojeto de aerofólios passou a ser utilizado,o chamado métodoinverso. Neste métodoéespecificadaumadistribuiçãodepressãoparacadaumadasduas superficiese a partirdestedado a geometriado perfilé sintetizada.Este procedimentopermitiutoda uma nova gamade tipos de perfis,buscando umaaplicaçãotipica.Este métodoinversoé o utilizadoparageraros perfis demelhordesempenhohoje.comoosdesenvolvidospor: NACA 4 Dígitos xxxx 1I T E'p",omdopeefil,%doe""Posição do cambermáximo,% dacorda Cambermáximo,% da corda -- " ' I 90 Edison da Rosa 1r1.!t:~cJ.t!r30a~Pro!(')!().:'-(')~oE1.~ti.c~ _. . .._.__ _.. _ 9J ---------..--~ ~--_..--------------~._-= ---------------~-------........----------------_..~ -------- c c-~_ NACA6409 Espessura 0.0903, Raio do bordo de ataque 0.0096, Camber 0.0586 -~-----------~--_._--------------------------~.~ -----------C ~_- NACA0009 Espessura 0.0902, Raio do bordo de ataque 0.0046, Camber 0.0000 Géittingen398 Espessura 0.1385, Raio do bordo de ataque 0.0425, Camber 0.0485 C ------------------------------~ NACA0012 Espessura 0.1200, Raio do bordo de ataque 0.0172, Camber 0.0000 NACA23012 Espessura 0.1201, Raio do bordo de ataque 0.0171, Camber 0.0146 Figura 4.16 -Alguns dos perfisclássicos. PERFIS TIPO "REFLEX", CM~O Um perfil éconsiderado "reflex"quando a sua linha média sofre uma inflexão próxima ao bordo de fuga. Esta inversão na curvatura é introduzida para deixar o perfil com um coeficiente de momento o mais próximo de zero possível, ou até levemente positivo. TT E'",""mdo""fiI, % d""d,Posiçãodocambermáximo,% dacorda CI deprojeto,(2( 10)/3dovalor) IX-XXX II T E'",,,",,,,o,eefil,% d"om'Cl deprojeto(10vezeso valor)Posiçãodapressãomínima XXXXX 6X,y-XXX 1I L "p"",m dopeefil,%d""d,~ Cl deprojeto(10vezeso valor)FaixadeCl paramínimoCd Posiçãodapressãomínima NACA Série6 NACA SérieI ---- ~~///~---/ '--...---.---- - CLARKY Espessura 0.1171, Raio do bordo de ataque 0.0128, Camber 0.0343 Exemplo, NACA 65T215 Exemplo, NACA 16-212: Exemplo, NACA 23012: NACA 5 Dígitos PERFIS CLÁSSICOS OS perfis ditos clássicos são os perfis desenvolvidos sem o auxílio de técnicas computacionais modernas, estando incluídos os perfis desenvolvidos empiricamente, bem como todos os perfis das diferentes famílias da NACA. 4.6 EXEMPLOS DE PERFIS J I --- Selig S 1223 Espessura 0.1214, Raio do bordo de ataque 0.0316, Camber 0.0869 Eppler E 423 Espessura 0.1252, Raio do bordo de ataque 0.0265, Camber 0.0992 //~-~-=-~=~~--~-:::~~>{~----------------- "-- /- /~ - ------- ~~--------===-~ Liebeck LA 203 A Espessura 0.1573, Raio do bordo de ataque 0.0333, Camber 0.0548 Wortmann FX 74-CL5-140 I Adln. Espessura 0.1644, Raio do bordo de ataque 0.0075, Camber 0.1086 Wortmann FX 72 MS 150A Espessura 0.1501, Raio do bordo de ataque 0.0159, Camber 0.0834 ~r1!r:<'.<!~2io_~o_~roj~_fl:eror:~_~ti<:o . ._.---.--.---- ..------------.----- . 9_~ PERFIS DE ALTA SUSTENTAÇÃO Os perfis de grande sustentação se caracterizam por uma linhamédia com grande curvatura e o ponto de máximo deslocado para frente,para gerar umpequeno momento. Os principais perfis são: Figura 4.18 - Alguns perfis para desenvolver alta sustentação. --------~---------------------~ ------------- -------- ------------ --------------- c ---- ,/-------- Wortmann FX 05 H 126 Espessura O 1261, Raio do bordo de ataque 0.0199, Camber 0.0440 ------~---~ <- -------- _._--------------------~ - -- --- ------------------------------------------=-- -----,- -- --\...._---- NACA I Munk M18. Espessura 0.1202, Raio do bordo de ataque 0.0435, Camber 0.0411 Hepperle MH-61 Espessura 0.1026, Raio do bordo de ataque 0.0071, Camber 0.0144 Hepperle MH-18 Espessura 0.1113, Raio do bordo de ataque 0.0047, Camber 0.0280 CLARKYS Espessura 0.1170, Raio do bordo de ataque 0.0429, Camber 0.0235 Figura 4.17 - Alguns perfis para asas voadoras. Este tipo de perfil é essencial em asas voadoras para que estas consigam manter uma condição de equilíbrio, com superfícies de controle muitopróximodo centroaerodinâmico do perfiL 92 ~ . .~~~~ .r;ºison~jLRº~ª L ., "F-=~~,..~: ..,Distribuição de espessuramais linhamédia~---------------- +2 (v/v .•,) +, "F~-=~~ (v I V~.) ~.=-=:::::;;:;"': .., Linha media +2 (v/v"J +, E······ -=======- ., Distribuição de espessura +2 (v/v",) +, +2, (v/v",) 2 .21Cp'" 1_ (V/V~,)lCp +I~~ \., J x+, l~trod_u9ãoa()~!oj~t()I\()~()ná~tico.. Figura 4.20- Distribuiçãode velocidadese de pressõesao longode um perfil. CENTRO AERODINÃMICO Para normalizaro cálculodo momento,é definidoo centroaerodinâmico, que, segundo a teoria de perfisfinos é o ponto em tornodo qual o coeficientede momentonão muda com variações do ângulo de ataque.Para perfis idealmente finos,está situado exatamentea 25% da corda, a partirdo bordode ataque.Nos perfisreais a posição épróximado pontode 25% da corda. I I \ .1 ...•• Edison da Rosa Centrodepressão ~~D .6... figura que segue ilustra os efeitos na distribuição de velocidades sobre o perfil, partindo de uma seção simétrica. c v DISTRIBUiÇÃO DE PRESSÕES A teoria de aerofólios, para pequenos ângulos de ataque, ou seja, sem separação da camada limite, prevê que a distribuição de pressão sobre a superfície do perfil é formada por três parcelas, praticamente independentes entre si, sendo a pressão final em um dado ponto a soma dos efeitos das diferentes parcelas. Estas parcelas correspondem a: o Distribuição de espessura, ou seja, perfil simétrico, com ângulo de ataque zero. (' Forma da linha média, ou seja, perfil delgado, com ângulo de ataque :ero. Ei,' ~l'L',',~"~U\,de'2~2c:ues0~Veum perfil sem cambagem e sem espessura. - Coeficientes do perfil. L=Cj·q·S D=Cd·q·S M=CJIl·q·S·c O momento do perfil depende do ponto considerado, se diferente do centro de pressão. O conceito do centro de pressão não possui utilidade no estudo de perfis, pois sua posição é muito variável com mudanças no ângulo de ataque. Um conceito muito mais útil é o do centro aerodinâmico. Figura 4.19 - Forças atuantesno perfil. 4.7 DISTRIBUiÇÃO DE VELOCIDADES E PRESSÃO 94 FORÇAS NO PERFIL As forças que atuam sobre um perfil são caracterizadas pelas componentes da força resultanteda distribuição de pressão, na direção normal ao movimento (vento relativo) e na direção do movimento. A primeira gera a sustentação, L, e a segunda o arraste aerodinâmico, D. A força resultante age no centro de pressão. CP. 96 Edison da Rosa ao L v---~ Figura4.21- Forças atuantessobre o centroaerodinâmicodo perfil. c, c, ~d""r •••ceote Figuras 4.23- Curvas indicandoo efeitodo númerode Reynoldse da variaçãodo ângulode ataque,parao perfil8 1223limpoe com geradoresde vórtices,VG. As caracteristicas aerodinâmicas de um perfil são dadas pelos três coeficientes, C, de sustentação, Cd de arrasto e Cm de momento. Este último é sempre em relação ao centro aerodinâmico e aparece também como Cmac' ou Cmc/4' ou ainda, Cmo 25c' indicando que é em relação o ponto a 25% do bordo de ataque. 10.00 Alfa 81223 Clean 10,00 Alra 81223 VG 4.8CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE UM PERFIL Cd Figura 4.22- Curvas caracteristicasde um perfil. Cur\'apolardo perfil Variação do ângulo de ataque para máxima sustentação e perda total de sustentação, I'.l.a >6°. Coeficiente de sustentação com valor máximo superior a X.xX. Coeficiente de sustentação com uso de flaps maior do que y.YY. Coeficiente de momentosobre o centroaerodinâmico limitadoa M.MM. Coeficiente de arraste mínimo da seção menor do que D.DD. Coeficiente de arraste em condições de vôo de cruzeiro menor que E.EE. Aspecto do bordo de fuga da seção de forma a facilitar a construção e acionamento dos flaps. Perfil pouco suscetível a perder performance devido a irregularidade e depósitos no bordo de ataque. Alguns critérios para a escolha de um perfil estão exemplificados abaixo: A escolha de um determinado tipo de perfil passa por uma série de considerações, todas elas de uma ou de outra forma relacionadas com as curvas características do mesmo. Assim, de uma forma geral podemos dizer que as curvas de C, e Cd de um perfil podem se enquadrar num dos tipos ilustrados na Figura 4.24. Os critérios de seleção buscam adequar o perfil à aplicação pretendida para a aeronave em projeto. Assim, os requisitos especificados para o projeto, comó velocidade mínima de vôo, capacidade de carga desejada, etc., direcionam a escolha do perfil, ou mesmo o desenvolvimento de um novo perfil, específico para a aplicação. 1. 2. 3.4.5.6. , 7. 8. I Ii í 0.0 0.1 em - 0.1 - 0,2 2010 a 0.0 0,0 1.0 1.5 0.5 c, - 0,5 - 10 1-111 _U_LL 1-111 U --L l_ I-I T 1- L_.1 -L L_ TT- DIC H+I- 1--1T 1- 0.03 0.040.02 11111111 LUL-lLU rl-j I I Til--~~~--LUL.JLU rlll II11 0.01 0,0 1.0 0.5 1.5 c, - 0.5 0.00 . ~JL . ~ . _ EQj~º.r:ujªJ3..osa v.v Em uma análise de escoamentoo efeito da viscosidade ocorre principalmentepróximoà superfíciebanhadapelofluido.Comoexatamente na superfícieo fluidotemvelocidadezero, forma-seumfortegradientede velocidadeem umafinacamadade fluidojuntoà superfície.Esta camada, emquea velocidadevariadesdezeroatéa velocidadedofluxo,éa chamada camadalimite,CL. Em geralestaespessuraé muitopequena,da ordemde algunsmilímetrosou centímetros.Aespessuradacamadalimite,0,aumenta conformeo pontoanalisadovaiavançandosobrea superfície,nosentidodo escoamento,Figura 5.1. Dentroda camadalimiteo escoamentopode ser laminar(baixoRe),outurbulento(altoRe).Adistribuiçãodevelocidadesdentro da camadalimite,Figura 5.2, é dada pelas expressõesda Tabela5.1.A espessurada camadalimiteé definidacomoa posição na qual é atingida umafraçãoda velocidadedo fluxo,da ordemem geral de 99%. Deveser observadoque a curva que delimitaa camadalimitenão é uma linhade fluxo. 5. CAMADA LIMITE E SEPARAÇÃO 5.1 VISCOSIDADE E CAMADA LIMITE Figura 5.1 - Variaçãoda espessurada camadalimiteao longoda distância. 3.00 ri2,00 1.00 ,.v+·1""""1 ~-1.00 0.00 0,010 0.020 0.030 0.040 100 3.00 CI 200 Figura 4.24- Possíveis formasda curvade sustentaçãoe da curvapolar. Figura 4.25 - Simulação numéricado fluxo ao redor de um perfil. Curvas de velocidadee de pressão. Perfil simulado Epplig 2575, 25% das coordenadas do Eppler 423 e 75% das coordenadasdo Selig 1223.O fluido é ar a 25°C, velocidade e pressão de 15 m/s e 101350 Pa respectivamente.Simulação de Bruno AlexandreContessi,equipeCéuAzul. Tabela 5.1 - Tipoda camadalimite Tipodacamadalimite Distribuiçãodevelocidades Camadalimitelaminar ~ =1-(1-~) 2 . v (y/)~Camadalimiteturbulenta v00 = J o Flúxonacamadalimite ~_:::.:::.:::.====== ~ Intr()~~(;ãoaa(o)P!~j~tl~!\E'r~n~llti~.? . 100 Edison da Rosa Tabela 5.3 - Espessura da camada limite 1.0 Figura 5.2 - Variaçãoda velocidadedentroda camadalimite. Em umfluxo laminara espessura é menor,alguns milímetros,ou menos até. Para um fluxo turbulento na camada limite,a espessura desta passa a ser sensivelmente maior.A espessura da camada limite pode ser calculada como indicado na Tabela 5.2. A coordenada x é medida a partir do ponto inicial do fluxo sobre a superfície. x Camada limitelaminar Espessura 8, =4,96(vv:r 8,=O,376h~r I) Tipo de camada limite Camada limite turbulenta Camada limite laminar 10 Velocidade relativa v I V.., I -.---, 1 00 ylS 00 Tabela 5.2 - Espessura da camada limite: Figura 5.3 - Comparaçãodas espessurasda camadalimite. Tipo da camada limite Espessura Camada limite laminar bL =4,96· x· (Ret,Y, Camada limite turbulenta br =0,376· x· (Ret,Y, o número de Reynolds usado no cálculo é o chamado número de Reynolds local, ou seja, na posição x em que se deseja a espessura da camada limite. Como as moléculas do fluidodentroda camada limiteestão a diferentes velocidades, ocorre um atritoentre estas e isto leva a um atritodo fluxo sobre o corpo. Considerando uma placa plana submetida a um fluxo paralelo, a força de atritodevida àviscosidade depende do tipode fluxo na camada limite.Assim, no caso de uma camada limiteturbulenta,como o gradiente de velocidades na direção normal à superfície da placa é muito maior do que no caso laminar,a força de atrito desenvolvida é também maior. Uma medida adimensional da força de atrito viscosoé feita pela definição do coeficiente de atrito, Cf, como sendo: Re =v'"·x v ' ou Re = 68 458v",.x (no araoníveldomar) Cf = _F q·Sw o número de Reynolds é essencial em qualquer estudo da camada limite, pois ele é diretamente uma indicação do efeito da viscosidade no fluxo, comparativamente ao efeito da inércia do fluido, sendo definido justamente como a relação entre as forças de inércia e de viscosidade. Em alguns casos as expressões para o cálculo da espessura da camada limite podem ser mais úteis na forma abaixo, sendo v a viscosidade cinemática do fluido e v", a \/olnr-iri::lripriP rpfArf'!ncia.nominal do fluxo. medida afastada do corpo. sendo Swa área totalda placa banhada pelo fluido.A camada limitese mantém laminar para valores de Re até a faixa de 300 000 a 500 000. A partir deste ponto inicia a transição para uma camada limiteturbulenta,aumentando muito o valor de Cr O valor de Re para a transição varia caso a caso, conforme detalhado a seguir. ~ 102 Edison da Rosa L~.,~.t.r,~?L.IYd(jdU Tabela 5.4 - Valores de Cf Camada limitelaminar- CLL Camada limiteturbulenta- CLT Transição (Prandtl-Gebers) Cf Cr =1,328·(Ret,50 Cf =0,455.(1og10 Ret2,58 Cr =0,074·(Ret·20-1700. (Ret·oo i3 Camada limite turbulenta x Camada limite laminar Figura 5.5 - Transição d<lcamadalimite,de Iaminarparaturbulenta. No caso de um perfil aerodinâmico, a transição ocorre tanto na superfície superior como na superfície inferior.Como os fluxos são distintos, o ponto de transição é diferente, sendo antecipada na superfície superior pela maior velocidade que se desenvolve nesta. Este efeito é muito dependente do ângulo de ataque do perfil. Figura 5.4- Coeficientede atritoviscoso. -4 10 4 10 Re lITTT11~TTrnrr-~11I11I1 I I IIIIII1 I 11111111 56789 10 10 10 10 10 Transiçãonasuperficiesuperior V 00 ~ile laminar Camadalimite 5.2 TRANSiÇÃO DA CAMADA LIMITE Quando o número de Reynolds é baixo, o efeito da viscosidade é elevado, e faz comque qualquer perturbação no fluxo seja rapidamente amortecida, levando a um fluxo essencialmente laminar.Com Re crescendo o efeito da viscosidade passa a ser cada vez menor, não amortecendo tanto as perturbações. Se estivermos percorrendo a superfície na direção do fluxo, aumentando Re, ao mesmo tempo a camada limite também aumenta de espessura. Se por outro lado o aumento de Re é devido a um aumento de velocidade, o efeito da viscosidade diminui, e a espessura da camada limite passa a ser menor com Re crescente. Com a redução do efeito da viscosidade qualquer irregularidade que perturbe o fluxo faz com que este passe a ser turbulento. Quanto mais rugosa a superfície mais fácil de ocorrer a transição, diminuindo o Re crítico da Cl para transição. A transição ocorre mais rapidamente também quando o fluxo incidente já apresenta um certo grau de turbulência, provocando assim uma transição com um menorvalor de Re. Para o ensaio em túnelde vento,a turbulênciado fluxo incidentedeve ser minimizada, sendo tornados vários cuidados com o projeto do túnel para reduzi-Ia, em especial a gerada pelas hélices de acionamento do fluxo de ar. Transiçãonasupcrficie inferior Figura 5.6 - Transição da camadalimiteem um perfilaerodinâmico. 5.3 SEPARAÇÃO DA CAMADA LIMITE A separação, ou desprendimento,da camada limite,Cl, é umfenômeno que deve ser evitado sempre que possível, pois leva a conseqüências como perda brusca de sustentação no perfil (estol, ou stall) e aumento da resistência ao avanço, ambas prejudiciais ao desempenho. A separação ocorre quando a Cl não possui energia suficiente para vencer o gradiente de pressão adverso que ocorre após o pontode máximaespessura do perfil,logo máximavelocidade e mínima pressão. Assim, após este ponto a Cl é desacelerada e pode ocorrer das moléculasserem bloqueadas no seu avanço pela pressão existente.A Figura 5.7 mostra no ponto B uma distribuição de velocidades que indica o início da separação da camada limite,e o pontoC com um fluxo reversojunto àsuperfície do perfil.O fluxo na região separada étotalmenteturbulento,com a formação de uma esteira e grande consumo de energia. Na região da separação o fenômeno temuma dinâmica na qualo pontoB, umavez desprendidaa Cl, vai se movendo em direção ao ponto A, aumentando a área de separação. A separação da Cl 104 Edison da Rosa ~n.tr.'lduçãg§oF'rojeto/l._eron~utico ___________ -.1ºº A'>}""'••••loquo""r· 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Re,lO' o ~.ynol"<f"<or" v R'y"ol"'~O<"OC'nl' 1.40 1.60 120 0.80 1.00 0.60 200 C, 1.80 c, A Figura 5.10 mostra o comportamento da sustentação com o aumento ou redução da velocidade, com marcanteefeitode histerese. o B Pontodeseparação A Pontodemáximavelocidade Velocidadescm~_~ Velocidadesem~----.l y Ponto de estagnação v pode ocorrer tantocom uma camada limite laminar como comuma turbulenta. O efeito de separação da Cl ocorre em muitos casos dentro da Cl, formando a chamada bolha de separação, Figura 5.8. Isto é usual com baixos números de Reynolds. Esta bolha de separação encerra no seu interiorum vórtice, que altera a forma da camada limite, aumentando sua espessura e assim muda tanto o arraste do perfil como sua sustentação. Figura 5.7 - Separaçãoda camadalimite. Figura 5.9- Efeitodo númerode Reynolds sobrea sustentação.Perfil Selig 1223.[19] Figura 5.10- Efeitodo númerode Reynolds Sobre a sustentação. Perfil Selig 1223.[19] Bolha descparaç:10dentrodacamadalimite ~ Transiçãonasuperficieinferior ~_----------_-C~ ~ Evoluçãodabolhadeseparaçãocomo ãngulodeataque Figura 5.8 - Formaçãode uma bolhade separaçãoe sua evoluçãocom o aumentode a. A formação de uma bolha de separação ocorre num dado valor do ângulo de ataque, para um dado Re. Para que a bolha desapareça e o perfil volte a desenvolver toda a sustentação, o ângulo de ataque deve ser reduzido a valores menores do que o ângulo no qual a bolha se formou. Isto leva ao desenvolvimento de uma histerese aerodinâmica, com a formação de um laço de perda de sustentação, conforme mostram resultados experimentais do perfi S1223 na Figura 5.9, para vários Re. Com maiores Re, o efeito da histerese vai diminuindoaté que acima de um valor crítico,ela desaparece. Uma maneira de evitar os problemas de formação da bolha de separação é pelo uso de geradores de vórtice,que perturbamo fluxo, provocando prematuramenteuma transição de Cll para Cl T, o que aumenta a energia das moléculas junto à superficie, impedindo, ou ao menos retardando, a separação. 5.4CONTROLE DACAMADA LIMITE Para melhorar o desempenho dos perfis em situações de alta sustentação e portanto alto ângulo de ataque, ou de baixo número de Reynolds, ambas favorecendo a separação da camada limite,é essencial que formas adequadas de reduzir ou evitar esta separação sejam usadas. O desempenho de um sistema de controle da camada limite é algo difícil de se prever,devendo ser sempre baseado em resultados experimentais, em vôo ou em ensaios controlados em túnel de vento. As formas de controle podem ser divididas em dois grandes grupos, mecânicos ou pneumáticos. CONTROLE MECÂNICO Este é o caso mais comum, sendo empregados os chamados geradores de vórtice, que tem por função perturbar o fluxo, precipitando normalmente a transição (Cll para ClT), o que energiza as camadas de ar junto à superficie e impede sua separação. Embora ao precipitar a transição ocorra um aumento na resistência aerodinâmica, este aumento émuito menor do que ocorreria no caso da separação. Várias formas de geradores de vórtice (GV) são usadas. Os geradores de vórtice devem ser muito bem dimensionados para que produzam um resultado positivo.Assim, se o GV for muitoalto, ao invés de induzir a uma transição, ele provoca diretamente uma separação, com resultados piores que o original, sem Gv. lOb Lui-.>vi I vd t \.v:::>d ao GRUPO 2: Elementos especiais na superfície superior do perfil. GRUPO 1: Elementos que se projetam da superfície superior do perfil. ~~ ..?~ Rk para um perfil 1140 640 440 360 100 Rk para placa plana 570 320 220 180 50 Tipo deGV Linha de esferas Rugosidades (lixa) Vareta redonda ou arame Vareta quadrada Elementos triangulares Tabela 5.5 - Valores de Reynolds crítico, [36] ~---- ~if)~~d-dl"~ -===>-~ ~ A~'m'",~ , ,m,", . ~ Figura 5.12- Controleda camadalimitepor aspiração. Dados experimentais mostram que a posição de maior efeito do GV é quando a camada limite tem uma espessura 25% maior que a altura do GV. Como o GV está na CLL, a espessura desta é que deve ser usada. Para dimensionar um GV é necessário primeiro calcular a altura do GV para a velocidade desejada, usando Rk. A posição do GV na superfície superior do perfil é obtida pela espessura da CL. Esta espessura da camada limiteé calculada a partirdo ponto de estagnação, ponto S na Figura 5.12, que para grandes ângulos de ataque pode ser considerado no ponto de tangência do raio do bordo de ataque com a superficie inferior. CONTROLE PNEUMÁTICO É usado o próprioar paraevitara separação. Istopode ser feitoaspirando para dentro da asa a camada limitede baixa energia, propensa a se separar. Pode ser feitotambémuminsuflamentode arcom elevadavelocidade,no sentido do fluxo, acelerando a camada limitee impedindoque as moléculas venham a perdervelocidadee o fluxoseparar.São técnicasemqueo corretoposicionamento dos orifíciose as vazões e velocidadesdevemser muitoestudadase os resultados são dependentes do ângulo de ataque e do Re, Se o Re critico do perfilé baixo, o uso de GV não será muitoefetivoem melhorar a performance do perfil. Pode no entantodeixar esta mais constante, pois o pontode transiçãoCLL para CLT ficafixo,na posição do GV, independente do ângulo de ataque ou da velocidade, Re. Se o perfil trabalha com baixo Re, as irregularidades própriasda construção podem ser benéficas, funcionando em partecom GV, gerando assim uma CLT, melhorando o desempenho do perfil. Varetasobrea superficie ~ ~ CJ= Linha de retângulos ~. Tela na frente do perfil ReduçãodoraionobordodeataquePerfil comressalto r Linha de aletasverticais ê o Linha deesferasna superficie Perfilchanfrado ~ Fio ou arame, na frente do perfil <l Linha de ~iângulos 6<l • Perfil C0!TI rebaixo ~é.:~.::;~:.. -;=.1 ;.;~~. Rugnsidadena superfieie Figura 5.11- Diferentestiposde geradoresde vórtice. GRUPO 4: Modificações na geometria do perfil. GRUPO 3: Elementos à frente do perfil. o GV faz com que o ponto de transição se mova para frente do perfil, em direção ao GV. Aumentando o tamanho do GV o ponto de transição se move mais para frente, até que coincide com a posição do GV. O GV com tamanho suficiente para causar a transição imediatamente após sua posição é dito ter uma "rugosidade" crítica. O tamanho desta "rugosidade" é normalmente definida por um Re crítico, chamado Rk, sendo k a altura do GV. 108 Edison da Rosa Figura 5.13- Desempenhodo perfilDavís 3R paraRe de 39 800a 299200, [19]. Tabela5.6- Efeitodo GV, [19] Tabela5.7- Efeitodegeradoresdevórticemúltiplossobrea sustentação,[19] Airfoil: Davia 3R.Builder:H.Cole - Multiple plain tripa (h/c = 0.15%; w/c= 2.1%)@(x/c = 28.1%;42.4%;54.4%;65.4%;76.3%) Reynolds: 39800 Reynolds: 59600Reynolds: 99800Reynolds: 1.9940oReynolds: 299200 alpha I Cla!pha/Clalpha /Clalpha /Clalpha /cl-3.18 -o .167-3.14-0.026-3.110.105-2.920.052-2.790.073-1. 63 0.187-1.580.262-1.560.382-2.050.170-1. 790.428-0.72 0.314- 0.590.396-0.530.502-1.150.329-0.590.5720.40 0.4460.360.5100.510.610-0.080.5960.430.6851. 31 0.5511.480.6461. 510.7121.190.7361. 450.7922.38 0.6692.370.7462.520.8102.050.8252.420.8933.50 0.7813.460.8543.500.9033.050.9283.651.0154.39 0.8454.590.9514.470.9934.061. 0214. 571.0815.50 0.9265.541. 0425.671.0925.241.1075.521.1396.44 1.0756.451. 0996.661.1456.081.1536.571. 2017.55 1.1477.511.1567.661.1887.191.2117.761. 2628.45 1.1848.561.1808.641.2338.161. 2588.701. 3049.54 1.2179.501. 2229.611. 2789.211. 3049.761. 36010.62 1.26210.621. 27010.531. 31610.131.33910.721. 43211.70 1. 30411.701. 31011.721.35311.101.39111.761. "812.53 1. 31212.571.32312.591.36512.351.42912.811. 45213.56 1.32413.641. 31013.691. 32813.071.42113.001. 42114.55 1. 29514.471.27114.611.27914.101. 37014.191. 34115.53 1. 26815.571.14615.671.16815.091. 32515.311. 25516.50 1.24416.461. 06216.631.16015.981. 20416.131.16917.47 1.17117.531.10617.691.15016.921. 21517.381.18718.45 1.16218.591.14118.681.15218.031.16918.291.17419.66 1.13419.721.15519.431.16919.091.16919.201.15520.52 1.14320.461.13820.491.17920.061.18920.161. 16821.46 1.17621.561.17621.531.19321. 061. 21221.221. 20119.99 1.16520.021.15320.051.17620.411.19220.001.18019.07 1.15018.991.13218.761.16319.461.17718.991.16817.88 1.12417.991.12417.981.16918.391.17418.351.17117.01 1.12717.011.12116.861.15317.431. 20217.161.17916.08 1.15516.051.14116.101.17416.431. 20615.951. 22614.91 1.22515.091. 24214.881.21015.511.18815.161. 34014.01 1.28414.131.28813.921. 36714.641. 35314.111. 38513.11 1.28313.071.33412.971.35213.471. 41612.851. 42911.95 1.27512.061. 32212.101.34612.711. 42212.671. 43911.02 1.24511.061. 28610.941.31111.451.41110.721.42910.06 1.20410.061.2439.891.26910.461. 3519.741.3539.08 1.1689.031.1939.101.2309.461. 3098.841. 3058.07 1.1218.001.1557.961.1748.371. 2637.921. 2627.09 1.0776.981.1236.881.1247.411.2186.901. 2125.84 0.9396.001.0575.811.0696.311.1585.771.1484.90 0.8384.990.9705.011.0135.371.1084.70 1. 084 3.97 0.7343.970.8783.880.9094.161. 0253.691. 0122.76 0·6472.950.7802.800.8013.310.9472.740.9221.83 0.5491. 930.6761.980.7232.190.8301. 890.8320.91 0.4300.930.5760.840.6181.150.7240.77 0.713 -o .29 0.291-o .330.413-0.260.5010.260.627-0.290.594-1.18 0.176-1.250.302-1.330.390-0.870.499-1.10 0.504 -2.15 -0.000-2.210.144-2.130.277-1. 940.184-2.300.333-3.29 -0.223-3.23-0.039-3.240.095-2.980.044-2.280.162 Tabulatedfile TabulatedfileTabulatedfileTabulatedfileTabulatedfileCL00751.DAT & CL00753.DAT&CL00755.DAT &CL00871.DAT&CL00873.DAT& 30.0020.00 a10.00000·1000 ·040 Go 803 Re 75 000Re 150000 C1máx CdminC1máxCdmin Sem GV 1,250,0351,530,027 Com GV 1,520,0301,520,030 0.40 080 C1 1.60 0.00 Em certoscasos a literaturarecomendausar umacombinaçãode váriosGV emseqüência,de formaa manterao longode todaa superfície do perfilcontrolesobrea camadalimite.Esta situaçãoocorreporexemplo com Re muitobaixos,sendo necessárioenergizara CL maisde umavez. O exemplo a seguir ilustra uma aplicação com 5 GV em diferentes posições. É evidentea uniformidadedas curvas de sustentação,mesmo para Re tão baixos como 39 800, com um comportamento bastante confiáveldo perfil. 1.20 Para perfisqueoperamcomRe acimado crítico,a presençade GV ou irregularidadesnobordodeataqueaumentama resistênciaaerodinâmica e baixamo C1máx do perfil.Assim, porexemplo,parao perfilGo 803,testado come semGV,paradoisvaloresde Re, ficaclaroo efeitodistintodoGV para diferentesRe. Estes dispositivos têm a função de aumentar a sustentação máxima do perfil, na maioria das vezes às custas de um aumento na resistência aerodinâmica. Estes dispositivos podem ser estáticos ou acionados mecanicamente,agindo mudandoa geometriado bordo de fuga, o mais comum, do bordo de ataque, ou ainda atuando em conjunto. FLAPS ATUANDO NO BORDO DE FUGA 111 ~~_/------------------~ -------- ----- --------- "Sloted" flap multiplo. Perfil UA 79-SF-187 com flap. Figura 5.14-Alguns exemplosde flaps. l~t,"-o~u~ij()_§()i='-,"oj<=t()"'~!()r1~~ti(;() Edison da Rosa c//~==---~-=-~ 5.5 DISPOSITIVOS DE ALTA SUSTENTAÇÃO 110 "Split"flap. "Plain" flap. --------_.------~ C·~----_.------- , Fowler flap. GURNEYFLAP Um conceito pouco difundido é o do chamado Gurney flap, GF, muito utilizado na aerodinâmica de automóveis de competição. Este tipo de flap é uma pequena superficie montadajunto ao bordo de fuga, na superfície inferior do perfil,perpendicularmente a esta.Aaltura do GF está situada em geral entre 1% e 5% da corda. A aplicação do GF leva a um aumento relevante de C, e também de Cm. Desde que o GF esteja dentro da Cl, não ocorre acréscimo substancial do Cd• O funcionamento do GF está baseado no desenvolvimento de um sistema de dois vórtices estacionários que se formam, um logo antes do GF, na superfície inferior,e outro após o GF. Este sistema de vórtices temcomo efeito líquido defletír o fluxo de ar para baixo, agindo da mesma forma que um flap mecânico. A Figura 5.15 ilustra esta situação. A Figura 5.16 compara os resultados de sustentação para Re 200 000 do perfil S 1223, na condição limpo, com GF de 1% e com Gv. Pode-se ver que o GV não é uma boa alternativa, diminuindo o C, e introduzindo uma histerese que não existia. No caso do GF1, ocorre um aumento constante do C, para todos os valores de a, desde - 2°,com um comportamentode estol igual ao perfil limpo. (/~ -------------------- -- - A""':'.::"~--=.L!.:.-(S "Sloted"flap. L//----~--~-~---=~-~~Gurneyfiapde3% ~ Figura 5.15- Gurneyflapaplicadono perfilWortmannFX 72 MS 150A. 0.050 I T 0.040 I I 0.030 2.50 I.S 1223Clean Re 200 400o S 1223Clean Re 198 500o S 1223GF 1 Re 199400 2.00~ _I I '~IT CI 1.00 l- I - I 0.50~ I I - I 0.00 0.000 00100.020 Cd Figura 5.17- Efeitodo GF sobrea resistênciaaerodinâmica,[19J. Quanto ao coeficiente de momento, alguns resultados indicam que a relaçãoentreo coeficientede momentoe o de sustentação fica próximade 0,22. Interpretandoos dados de outra forma, o aumento do coeficientede momento, pelo uso do GF, é 0,97 do acréscimodo coeficientede sustentação.A Figura 5.17 mostrao efeitodo GF1 sobre a curvapOlardo perfilS1223. É visívelque paraC1 > 1,6não existeaumentona resistênciaaerodinâmicado perfil.DISPOSITIVOS NO BORDO DE ATAQUE Os flaps podem ter seu desempenho melhorado se puderem operar com maiores ângulos de ataque da asa, sem que ocorra separação. Para tal, o uso de slots no bordo de ataqueé bastante eficiente. O slot é um canal formado por uma parteda asa, que contémo bordo de ataque,chamado slat,e o restanteda asa, Figura 5.18. Figura 5.18- Slat aplicadoem umaasa. Os slatsfuncionamatravésdo redirecionandodo ar incidentena superficie inferior da asa, acelerando-o através do canal do slot e direcionando o ar tangencialmenteà superficiesuperiorda asa. Istoacelera o ar prevenindoo estol atéumângulomuitomaior,garantindomaiorcoeficientede sustentaçãoe redução da velocidadenas condições criticas de pouso e decolaaem. 3,00 0,57 Edison da Rosa 2,00 1,40 2,00 0,78 2,00 1,70 2,00 0,015 VG 1 1---' I 20.00 (t 30.00 c, 2.00 Efeito do GF no perfil RIS0 A1-24, C1 = 1,0. h/c, % 0,00 1,00 Cd 0,010 0,014 Efeito do GF no perfil RIS0 A1-24, a =0°. h/c, % 0,00 1,00 C1 0,42 0,70 Efeito do GF no perfil RIS0 A1-24, a =5°. h/c, % 0,00 1,00 C, 1,05 1,30 Efeito do GF no perfilOU 93.w.210. h/c, % 0,00 1,00 Clmáx 1,33 1,58 h/c, % f"CI Tabela 5.8 - Resultados com o uso de Gurney flap Efeito do GF no perfil NACA 4412 com a =0°. 0,50 1,00 1,50 2,00 0,16 0,27 0,36 0,46 Inúmeros resultados experimentais e de simulação indicam que a aplicação de um GF de 1%da corda já apresenta efeitos significativos.A Tabela 5.8 mostra alguns resultados. ·1.00 Figura 5.16- Comparação das curvas de sustentaçãodo perfil S 1223. nas condições de perfillimpo,com GF de 1% e com VG, [19], 112 114 Edison da Rosa Aeronáutico A desvantagem do slat é que o ar acelerado requer energia, o que significa mais arraste. Por isso grande partedas aeronaves utilizaeste sistema de maneira retrátil. o diagrama seguinte ilustrao uso de slats para aumentar o coeficiente de sustentação de uma asa. CL u Ângulo de ataque Perfil liso, sem sla! e flap ~ ~ ({~ Perfil com 51('1te flap 30'15' t. \ Figura 5.19 - Comparaçãodo coeficientede sustentaçãoentredispositivos. Figura 5.21 - Slat fixo e invertidono bordo de ataque do estabilizadorhorizontaldo PiperEMB 711STCorisco2. CL Perfil com slat e fiap 3,5 2,5 1,5 --~, Perfil com fiap Perfil liso. sem slat e flap ~ Co Figura 5.20_ Comparaçãode curvaspolaresde asas com dispositivosaplicados. Pelos dados bibliográficos encontrados, a utilização de slats pode ser de grande vantagem, principalmente para aeronaves AeroDesign, nas quais I' há maior preocupação justamente nas etapas de melhor rendimento destedisDositivo, a decolaqem e pouso. ! i L . 6. ESCOAMENTO SOBRE A ASA 6.1GEOMETRIADA ASA A geometriade umaasa na sua concepção geralé dada por umafunção fe(y,z)que define a posição do centro aerodinâmico de cada seção da asa, mais uma função f,(y) que caracteriza a seção transversal em qualquer posição transversal.Nos casos mais usuais ambas as funções são simétricas,sendo que fe(y)é linear,caracterizandoumaasa trapezoidalretaou enflechada. Figura 6.1- Representaçãogéralde umageometriade asa. PARA UMA ASAGERAL: v+ S =Lc(y)dy 1 y+ cma =S L_c2(y)dy _ S c=~ b PARA UMA ASA TRAPEZOIDAL: b S=-cr(l+À) 2 cm3 =3..1+À+À2 c; 3 1+À PARA UMA ASA RETANGULAR: AR =(y+ -1'r=b2S S 1 y+ Ycma = S L-y, c(y)Dy À=~=c(y+) cr c(O) b 2 =~ AR =Z-'l+À Sr b 1+2À Ycm3 =6' l+À C(y) =Cr À=1 ê =Cm, =Cr AR =b/c 118 Edison da Rosa ao 11 9 s ~) I) ) : o{ds~ <2 -:-~-=-~~-.J "'z __ ~ "'2_ ~ s ~ Forma 11:1 \"ista frontal Elementosadicionais FonllJ navistasuperior 6.2 DESENVOLVIMENTO DA SUSTENTAÇÃO Conforme discutidono Capitulo 4, a sustentaçãode um perfil,e portanto de uma asa, éconseqüência de um fluxo rotacionalque se sobrepõe ao fluxode translação,provenientedo movimentorelativofluido/ perfil.Este efeitoénoentanto diferenteno caso do perfil,fluxo20 e no caso de uma asa, fluxo 3D. Neste ponto umaformaútilde entendera sustentaçãoéconsiderara conservaçãodaquantidade de movimentodo ar que passa pela asa. Devido à circulação o fluxo de ar tem umacomponentevertical,subindojuntoao bordode ataquee descendo, no bordo de fuga. Esta componentevertical,gera o chamado upwash, no bordode ataque, e o downwash no bordode fuga, onde vale 2w. Desta forma o ar ao se aproximar do bordo de ataque é dirigido para cima e ao sair pelo bordo de fuga, édirigido para baixo Este efeito ocorre tanto para o fluxo 20 do perfil,como no fluxo 3D da asa, embora nesta última,outros efeitos vão afetar o upwash e o downwash. Em termos de conservação da quantidade de movimento, o ar édefletido para baixo de um ângulo E, ângulo de downwash, que por sua vez impulsiona o perfil para cima. O volume de ar que édefletido corresponde ao de um cilindro cujo diâmetro é a envergadura da asa. Após a passagem pelo bordo de fuga o ar continua seu movimento, gerando a chamada esteira, de fluxo normalmente turbulento provocado pelos vórtices gerados, em especial nas pontas de asa. Figura 6.2 - Diferentestiposde geometriada pontade asa. L~=--=,j~~~.: .~ ~=}, b Upwash ~-~;:v _~"'?:--~~-,--------_.-L__..__ ";.__ o··· .... ... _-----_._-~----------------------------------. Figura 6.5 - Efeitoda circulação.Ângulosde upwashe dowl1wash. Downw"sh v ') 2w l: Figura 6.3 - Variáveisque definema geometriada plantada asa trapezoidal. ~-~~--- Figura 6.6 - Desenvolvimentoda sustentação. Sendo A a área da seção do cilindro de diâmetro b, a massa de ar defletida, por unidade de tempo, é: Cr ~~ t Ycrna c, ,,,- ~ l. Figura 6.4 - Determinaçãoda cordamédiae do centroaerodinilmico,asa trapezoidal. c(y) =c, À=1 c =Cma =c, AR == b/c 120 ~~"_.~~~"."~_""""~~"._~~_~~._~_~~.~... .~__. "_~díSº!l~ª.BQ§ª ao ( 11:b2 Jm =~ A v",)= P-4- v'" E como a mudança de direção é dada pela componente vertical, 2w =sen E .v~,e para pequenos ângulos, 2w = l'. V~, logo: ( 11:b2 J 11: 2L = P-4- v", 'E'V", =Q·2·b 'E Esta expressão inçlica que para a mesma pressão dinâmica e sustentação, o produto b~.E deve ser constante, ou seja, uma asa com grande envergadura induz um ângulo de downwash muito menor do que uma asa de pequena envergadura. No caso de um perfil, com fluxo 2D, é como se fosse uma asa com envergadura infinita,ou seja, o ângulo de downwash tende a zero. Considerando agora a definição do coeficiente de sustentação da asa e da relação de aspecto, dx Figura 6.7 - Determinaçãoda sustentaçãopela integralda distribuiçãode pressão. A sustentação é dada pela diferença de pressão entre as duas superfícies, como: dL == q .f: (Cpl - Cpu) db.dx e como as superfícies são inclinadas, o ângulo O da superfície em relação à horizontal deve ser considerado, assim: combinando as equações acima, vem L =CL q S; b2 AR==S 2 CLE==-'-- . 1t AR b2 L==CL·q·AR dL == q' f:(C1'1 •cosel - Cpu.coseu)db·dx Quanto ao arrasto, se a análise for de um fluido ideal, terá zero como resultado. 6.3 EFEITOS DO DOWNWASH Esta expressão torna claro o fato de ocorrer um downwash zero com relação de aspecto infinita.. No estudo de estabilidade uma função importante é a derivada do ângulo de downwash em relação ao ângulo de ataque, que se pode escrever como: dE _ 2 dCL _ 2- --._- ---·a da - 1t·AR da - 1t·AR ' sendo "a"a declividade da curva de Cl. Por outro lado, raciocinando com relação àdistribuição de pressão nas superficies do perfil, a sustentação também pode ser obtida como segue, para um segmento da asa de larguradb: Considérando que a sustentação em umaseção da asa seja conhecida, esta depende do coeficiente de sustentação do perfil, para aquele ângulo de ataque, e da corda. Se considerarmos que não estamos trabalhando na região de estol do perfil, o Cl deste é proporcíonal ao ângulo de ataque efetivo, a -ao' de igual forma portanto para dL: dl =q a ( a - ao) C db Se ao for constante em toda a envergadura, ou seja, asa sem torção aerodinâmica,entãOdl édiretamenteproporcionalàcorda. Considerando agora o efeito do downwash, este altera o ângulo de ataque do perfil, sendo considerado que o fluxo, junto ao perfil, forma um ângulo igual à metade do ângulo de downwash após o bordo de fuga. Este é o chamado ângulo de ataque induZido,ai' c (X. ==- I 2 122 Edison da Rosa Um efeito importante do downwash é o ângulo de ataque induzido, que define o fluxo sobre o perfil. Desta forma as forças geradas pelo perfil e caracterizadas pelos seus coeficientes C1 e Cd,estão orientadas segundo este fluxo local. Ocorre que para a asa e para o avião como um todo, a referência é o fluxo afastado, não o local. Assim, é necessário corrigir os valores de sustentaçãoe de arrastopara esta referência.Sendo L1e 01 os valores segundo o fluxolocal e L e O os valores segundo o fluxoafastado,considerando pequenos ângulos: Assim a sustentação em um trecho da asa passa a ser dada por: dL =q a ( a - a; - ao ) c db O ângulo de ataque induzido depende como que a circulação atua sobre a asa e isto é fortemente influenciado pela geometria da asa. No caso particularde uma asa elíptica o ângulo de downwash é constante ao longo de toda a envergadura, com a; portanto constante. Podemos dizer de uma forma geral que todo o efeito da geometria de uma asa sobre suas caracteristicas aerodinâmicas está relacionado como que o downwash se distribui ao longo da envergadura e portanto o ângulo de ataque induzido. L =L1COS ai - 01 sen ai; O = 01 COS ai +L1sen ai; ou OU L"" L1; O"" 01+ L1 ai; A distribuiçãoda sustentaçãosobre a envergadurada asa é afetadapelo ângulode ataqueinduzido,que modificalocalmenteo valorde CI"Sem este efeito, a sustentaçãoseria diretamenteproporcionalàcorda e portantoa distribuiçãoda sustentaçãoseguiriaexatamentea formada asa. No caso da asa elíptica,como C, é constante,a sustentaçãopassa a ter uma distribuiçãotambémelípticasobre a asa. No caso de uma outrageometria,a distribuiçãoreal é intermediáriaentrea distribuiçãosem downwashe a distribuiçãoelíptica,sendo na práticatomadacomo a média entreas duas, conhecida como aproximaçãode Schrenk. As curvas da Figura 6.8 são para igualsustentaçãoda asa. Voo c=::::::> Voo =::::> LI~ ~êC-~-- t>-º--------C-- 1.00 - Figura 6.9 - Ângulode ataqueinduzidoe resistênciainduzida. 0) Asa com geometria eliptica (2) Asa com geometria retangular ®Aproximação de Schrenk oDistribuição exala c, c 000 0.00 100 020 0.40 0.60 Meia envergadura 0.80 1.00 Das equações acima, vemos que o efeito é muito pequeno na sustentação, pois a; é pequeno, assim como 01. No entanto, para o arrasto existe uma significativa contribuição da sustentação, gerando uma resistência adicional, chamada de resistência induzida, conseqüência da sustentação e do ângulo de ataque induzido. Colocando na forma de coeficientes: CL=CL1 CD=CdO+CD; O coeficiente CD;é o coeficiente de arrasto induzido, que pode ser obtido como: ,.>,.-,.~,.."..••.•..,.•••-_.,~_.""..•.•-._•._.~-"-,,-,------------------_ ••_---.----------------.,---------.----------- ••••••---,----------_ ••- •••------ •••-------- Figura 6.8 - Eteit\)da ~ieometri)sol,re a distril1uiç.c'lode sustentação. CLa = -- i 1!.AR CL2C = - Di 1!.AR L CDi =--ai e como ai =G/ 2, q·S resultaportanto: 100 \'t':~C -, \ \",' : " ...'J G) Asa com !1fIOlT1e1riaeHphca oAsa com geomelrla IrllpBZoidal oA,proldmtIÇ&o dfl Schrenk ({) [);5trit'l\•••içoolOXela t--'--r-~- C'20 (I .tO O60 080 c, c " !"'-l "OOL 124 ______________... .E:.c1.i.~.Q.n_.Qª_l3o§.a Introduçãoao ProjetoAeron~~tic~ ._._. . ._ ..__._.._ ... ._. .:L?§ Este resultado na realidadeéexato apenas no caso de uma asa com geometriaelíptica.Para outrasformaséintroduzidaumacorreção,tantoparaa, como paraCOI: Tabela 6.3 - Efeitoda relaçãode aspecto sendo T e o dados pela Tabela 6.1, segundo Glauert, para asas trapezoidais. Finalmente, o conhecimento do ângulo de downwash é essencial para o projetodo estabilizadorhorizontale umaboa referênciaéo relatório,NACA NR 648. C (Xi =--1.-(1+1) Te -AR C2 CDi =-L-(1+8), 1t:·AR AR 2 4 6 8 10 12 15 20 50 100 Alfa 37.5 26.0 23.0 21.5 21.0 20.5 20.0 19.5 18.5 18.5 CL 1.59339 1.62580 1.68516 1.71799 1.77287 1.79789 1.82471 1.85397 1.90677 1.96476 CM 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 COí 0.40299 0.21097 0.15266 0.12052 0.10407 0.09042 0.07600 0.06067 0.29060 0.01700 e 1.00269 0.99699 0.98681 0.97443 0.96133 0.94830 0.92963 0.90166 0.79653 0.72274 Tabela 6.4 - Efeitodo enflechamento Twíst Alfa CL CM 6 22.0 1.62759 0.00000 4 21.5 1.66195 0.00000 2 21.0 1.69631 0.00000 o 21.0 1.77287 0.00000 - 2 20.5 1.80723 0.00000 - 4 20.0 1.84158 0.00000 - 6 19.0 1.83373 0.00000 Estes valoresforamapresentadosna formade gráficosno capítulo3. Referênciade cálculo:http://aero.stanford.edu/WingCalc.html Tabela 6.5 - Efeitoda conicidade Tabela 6.6 - Efeitoda torção Alfa CL CM 24.0 1.81742 - 2.49703----------~--- 22.5 1.81424 - 1.54579 21.5 1.79525 - 0.72973 21.0 1.77287 0.00000 20.0 1.66873 0.65957 20.0 1.61014 1.29699 20.0 1.51082 1.90829 e 0.99065 0.98278 0.97288 0.69133 0.94882 0.93535 0.92013 e 0.96133 0.97703 0.98970 0.99486 0.97927 0.87288 e 0.89302 0.92193 0.94443 0.96133 0.97307 0.97945 0.97954 COí 0.11773 0.11364 0.10892 0.10407 0.09109 0.08425 0.07417 eDi 0.08512 0.08946 0.09413 0.10407 0.10957 0.11541 0.11632 eDí 0.10407 0.11019 0.11149 0.11292 0.10403 0.05032 CM 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 CL 1.77287 1.83910 1.86186 1.87864 1.78897 1.17472 Alfa 21.0 21.5 21.5 21.5 20.5 14.0 T~r 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 Sweep 30 20 10 o - 10 - 20 - 30 o T; AR 11: 211: 311:11: 211: 311: À = 1,0 0,0200,0480,0780,1030,1700,240 À = 0,8 0,120,0310,0500,0660,1100,159 À = 0,6 0.0040,0160,0250,0290,0510,073 À =_Q,!__ 0,020,010- 0,017 0,050,0110,018 À = 0,2 0,0150,0240,0310,0090,0120,017 6.4 EFEITOS DAGEOMETRIA Tabela 6.1 - Fatores de correção paraasas de geometriatrapezoidal,segundo Glauert,[1] I Tabela 6.2 - Geometriada asa de referência A seguirsão apresentadosdados dos efeitosobtidospor simulação,da relaçãode aspecto,conicidade,enflechamentoe torção,estandocolocadosnas , Tabelas6.3 a 6.6a seguir.O sweepépositivoparatrás,sendo o twistpositivono sentidode washout, diminuindoo ângulo de ataque para as pontasda asa. O coeficientede momentoéem relaçãoo pontode 25% da corda, na raizda asa. I Cada tabelaapresentao efeitode apenas um fatorde cada vez, variandoem relação à asa de referência.Todas as análises foram feitas para um valor de ; referênciade C'm.,= 2,00. A Tabela 6.2 abaixo fornece os dados da asa de I referência.Estes dados consideramumfluidoideal,sem separaçãoda camada limite,unicamenteparailustraroefeitodageometriadaasa. AR Sweep Taper 10 o 1 ASA DE REFERENCIA Twíst Alfa CL eM eOi e O 21 1.77287 0.00000 0.10407 0.96133 aoa= 1+~ rr ·AR ao Figura 6.11- Efeitocombinadoda circulaçãona linhacl4 e nas pontasde asa. A declividade da curva da asa, a, fica menor do que a declividade da curva do perfil, ao: Quanto ao coeficiente de momento, o efeito da geometria é de reposicionar o centro aerodinâmico, no caso de um enflechamento da asa. Este efeito é muito usado para ajustar a posição relativa entre o centro aerodinâmico e o centro de gravidade. O desenvolvimento da sustentação da asa ocorre pela circulação ao longo desta, porém esta circulação não pode parar bruscamente nos extremos da asa. Uma das primeiras teorias usadano estudo de uma asa com envergadura finita foi a chamada teoria da linha de vórtices. Nesta teoria a asa é representada apenas pela sua linha do centro aerodinâmico. Sobre esta linha é estabelecida uma distribuição de vórtices que geram a circulação, proporcionalmente ao valor existente na seção. Nos extremos da asa, esta linha de vórtices dobra subitamente para traz, fazendo com que os vórtices gerados produzam uma velocidade para baixo no interior da asa. Os vórtices laterais (trailingvortex) pode ser explicados tambémpela diferença de pressão entre as duas superfícies, com o ar da superficie inferior, maior pressão, passando para a'superfície superior pelas pontas da asa. Isto provoca também um fluxo transversal nas pontas de asa. 6.6 TEORIA DE SUSTENTAÇÃO DA LINHA DE VÓRTICES Edison da Rosa AR ~4 20001n00000 1.00 300 CL C, 2.00 O fator de eficiência é assim análogo ao fator,) de Glauert, calculados com base em considerações diferentes. O fator de eficiência de Oswald como colocado diz respeito apenas àasa, caracterizando a maiorou menor perda de rendimento em comparação com uma asa elíptica de igual área e relação de aspecto. Neste caso pode ser conveniente usar a notação ew' para evitar confusão quando se estuda também a eficiência do avião completo, conforme detalhado no Capitulo 7. 6.5 CARACTERíSTICAS AERODINÂMICAS DA ASA C 2L CDi =rr. A R •e Figura 6.10- Efeitoda relaçãode aspectosobrea curvado coeficientede sustentação. o fator de eficiência da asa caracteriza o aumento do arrasto induzido pelo desvio da geometria elíptica ideal, sendo também conhecido como fator de eficiência de Oswald. O coeficiente de arraste induzido é então calculado como: 126 O fato de a asa ter uma relação de aspecto finita faz com que as características do perfil não se apliquem diretamente para a asa, conforme já visto no caso da resistência induzida. No caso da sustentação, o ângulo de ataque induzido, variando ponto a ponto, faz com que o C,local varie de seção para seção da asa, levando a uma distribuição de sustentação que não necessariamente acompanha a forma da asa. Um efeito adicional é com relação à curva de sustentação da asa, CL X a. A relação de aspecto finita provoca uma redução na inclinação da curva. 6.7RENDIMENTO DAEMPENAGEM 121:1 CA _3 Voo 0.80 IZI 0.60 lrer 0.40 H=Iref·tgE; Iref=ln-O.7S·cma 0.200.00 Cma 0.40 '1, 0.60 - 0.80 1.00 H+H z= t, sendo c= Cordamédiaaerodinâmica 11I )~------------ I CA I linha~~ _ ~~.----______. __ esteira o rendimento da empenagem é dado em função do afastamento relativodesta e o centro da esteira, ou seja, Figura 6.14- Posição relativana esteirada empenagemhorizontal. I~troduçãoaoProjE'ltoAeronáutico Figura 6.15- Rendimentoaerodinâmicodaempenagem,funçãodeZ. Figura 6.13- Geraçãoda esteiraapós a asa. L u .. I;.<!.isg'U:lé'-~º~ª 11t =~ qCX) ofato de a empenagem estar normalmentesituada após a asa, o fluxo de ar que ela recebe é afetado pela presença da asa. Isto diz respeito tanto à direção do fluxo, como à pressão dinâmica que atua. A direção do fluxo é considerada, no ponto médio da esteira, pelo ângulo e de downwash. No caso da pressão dinâmica sobre a empenagem, esta é menor do que a que atua no caso da asa, pelo efeito de arrasto desta que diminui a velocidade do ar, em particular as moléculas que estão na região central da esteira. Se.3 empenagem estiver dentro deste fluxo, sua eficiência pode ser muito prejudicada e assim é necessário termos uma idéia desta perda de pressão dinâmica, sendo definido o rendimentode cauda ll,como: Figura 6.12- Visualizaçãodos vórticesde pontade asa em um:GeneralDynamicsF-16A MLU FightingFalcon da Força aéreada Bélgicaem vôo de demonstração. 128 130 ,.,,_ ,, Edison da Rosa 7.1 TIPOS DE RESISTÊNCIAS 7. RESISTÊNCIA AERODINÂMICA C'lj =2,656.(Re)-0,50 C'lj =0,910·(tog10Ret2,58 Cdf =0,148·(RetO,20-3400·(Ret'oo Camada limite laminar Camada limite turbulenta Transição (Prandtl-Gebers) Tabela 7.2 - Coeficiente Cdf No caso da resistênciaviscosa, esta pode ser calculada pelocoeficiente de atrito viscoso, Cf e pela área Sw que é banhada pelo fluido. Como normalmentea referênciaé a área projetadada asa, o coeficientede resistência deve ser corrigido para esta nova área de referência. Como a área projetada pode ser considerada a metade da área banhada, o coeficiente de arrasto é o dobro do coeficiente de atrito. Para perfis simétrícos a relação recomendada é 2,035. Para perfis não simétricos, pode chegar a 2,09. Para uma primeira estimativao valor 2,00 é adequado. O coeficiente Cf depende do tipode camada limite. A resistência do perfilé dada diretamentepela curva de Cd, sendo que este coeficiente inclui as perdas de forma e de atrito. Cdf =2 Cf ao f =C A 1t Dlt 1t 7.2CÁLCULO DAS RESISTÊNCIAS AERODINÂMICAS indicada na Tabela 7.1. Para o avião em contato com o solo, surge o atritode rolamento, que atua durante a decolagem ou aterrissagem, decorrente das deformações que o pneu e o solo sofrem. A resistência parasita,dos outros elementos do avião em contatocom o ar, tem sua previsão considerando a área efetivade resistência, definida por: sendo COrr o correspondente coeficiente e A. área associada ao coeficiente. Esta área pode ser a área transversal, pode ser a área projetada, ou ainda, a área banhada pelo fluído. A área resistente total do avião será portanto f =~ f rr A força resistente é apenas então: Dp =f.q Se colocarmos na forma de coeficiente,o coeficientede arrastoparasita será, considerando agora a área de referênciacomo a área projetadada asa, S: .t. c;C + - CD= DO Jr.AR.e GdO +GOl CdO = Cd1 + Cdf Cd1 Cdf COi Goo =1,05~GOl! A,., I S COn = C01 +Cm C01 Cm Correção de 5% a 10% TOTAL Forma Viscoso Interferência Co = CdO +Cop + COi , ASA Perfil Forma Viscoso Induzido PARASITA o Atritoviscoso, decorrente da ação da viscosidade do fluido na camada limite,junto à superfície do corpo banhada pelo fluido; o Arrasto induzido, decorrente do desenvolvimento da sustentação e da ação do ângulo de ataque induzido, função do ângulo de downwash; o Arrasto de forma, ou de pressão, formado pelo desprendimento da camada limite,com a geração de vórtices nestes pontos. Quanto maior o volume de ar dentroda esteiraformada, maioro arrastodesenvolvido. Para o fluido ideal esta parcela é nula; o Efeito de interferência. Quando vários corpos estão próximos, como asa e fuselagem; o Arrasto devidoàonda de choque no caso de velocidades supersônicas. Analisando a resistência aerodinâmica nos vários componentes de um avião, é possível separar em duas grandes fontes de arrasto, a asa e o restante do avião. Para este em geral a resistência aerodinâmica é chamada de resistência parasita. A nomenclatura para os diferentes tipos de coeficientes é Tabela 7.1 - Nomenclatura de coeficientes A resistência que um avião enfrenta ao seu movimento é proveniente de diferentes tipos de mecanismos de interação entre ele e o meio ambiente. No caso da resistência aerodinâmica os diferentes tipos de arrasto podem ser classificados da seguinte forma: Edison da Rosa ACRÉSCIMO 18,6 % 3,6 % 3,0 % 3,6% 6,6 % 10,2 % 5,4 % 1,2 % 4,2 % 4,8% 1,8% 63,0% 11'; çr)I/rj~2(;0':! t'JO4,00000 0.00 0.80 0.20 0.40 1.00 - Cd DETALHE Aberturas da carenagem do motor, para refrigeração Tomada do carburador não carenada Fluxo de refrigeração de acessórios Tubulação e orifícios de saída da descarga Tomada de intercooler Radiador de óleo Flaps de refrigeração do motor sem selos Portas não seladas do trem de pouso Piso antiderrapante na asa Antenas Tubos de armamentos TOTAL 0.60 Um avião com muitos elementos expostos ao ar, comoantenas, tomadas ou saidas de ar, superfícies com folgas, e outras semelhantes, pode ter um acréscimo na resistência aerodinâmica de mais de 50%. Assim, muitas vezes apenas uma limpeza no aspecto externo, uma atenção nos detalhes, pode levar a um arrasto aerodinâmico bastante menor. A Tabela 7.5 indica valores percentuais do aumento do arrasto para alguns itens mais comuns. Sempre que possível usar amplos raios de concordância entre as superfícies, em especial entre a asa e a fuselagem, o que reduz a parcela de interferência, !'::t~()~!í_()_~()!'..::?l:'!'?_~~!9_rl~~~~~ . 1:3.:3. A Figura 7.1a seguir mostra o efeito do alongamento da fuselagem, definido como a relação comprimento I diâmetro, sobre seu coeficiente de resistência aerodinâmica. Neste caso a área de referência considerada é a área da seção transversal da fuselagem. o efeito da interferência entre a fuselagem e a asa, quanto às características aerodinâmicas do conjunto, tem um texto de referência, [13]. Tabela 7.5-Acréscimo na resistência aerodinâmica devido a detalhes, [27] Figura7.1- Efeitodoalongamentodafuselagemsobrea resistênciaaerodinâmica_ CDn A" 0,004a0,010 S, 0,006a0,008 S2 0,03a0,08 Se 0,09a0,20 Se 0,07a0,10 Se 0,08a0,12 Se 0,07a0,12 Se 0,05a0,09 Se 0,04a0,07 Se 0,07a 0,10 Se 0,05a0,07 Se 0,15a0,30 Se 0,20a0,30 Se 0,02a0,03 S, 0,50a0,80 Spr O,15aO,30 Spr 0,30a0,50 Spr Descrição Espessurade10%a20% Espessurade8%a 12% Formaaerodinâmica,semsaliências Pequenomodelocommotornonariz Aviãodetransporte Bombardeiro Acimadaasaemaviãopequeno No bordode ataqueemaviãode grande porte Turbojato,montadanaasa Napontadeasa,parabaixo Centralizadonapontadeasa Suspensoabaixodaasa,paradentro Suspensaabaixodaasa 60%daenvergadura,defletido300 Rodadabequilhae suaestrutura Rodasbemcarenadas Rodaseestruturaexpostas CDo t[s]x[m]v[m/s]L-G[N]z[mm] 000 7.284658.361914.90497.46274.991 001 7.370659.388014.89147.15884.997 0.02 7.464660.525014.88226.95124.995 003 7.563661.72731487296.74194.994 Q :.1 ., 66~E6300951486416.54315024 - - - ::. -:::::- ~I :;::::I ••:: 3 ~75J. 999- Parte Nacele Nacele Tanquedeasa Tanquedeasa Tanquedeasa Bomba Flaps Bequilha Tremdepouso Tremdepouso Asa Empenagem Fuselagem Fuselagem Fuselagem Fuselagem Nacele Tabela 7.4- Efeito da resistência aerodinâmica na decolagem Para um projetoaerodinamicamenteeficiente,este valor é da ordem de 0,005,enquantoque paraum projetocom todos os elementosexpostos (modelos dos anos 1900/1910, ou aviões de caça com muitosmísseis / bombasacoplados externamente)valealgo como 0,02.Deve ser observado que estesvalores estão incluindo o coeficiente de arrasto do perfil da asa. A Tabela 7.3 indica valores orientativosde COrre An'A Tabela 7.4 mostra o efeito que se pode esperar sobre o desempenho na decolagem de um modeloAeroDesign CLASSE 36, quando o coeficientede arrasto do avião é alterado, de 0,00 até 0,05. S, : Área projetada da asa; S2: Área da empenagem; Se : Área da secção transversal; Spr:Área projetada do pneu. Dp = CDp q S, ou, e =Dp =! Dp q.S S Tabela 7.3- Coeficiente de resistência e área de cálculo, [27] 0.06 ___J3§ 0.040.020.00 50.00 60.00 Figura 7.3 • Efeito do atrito e da resistência aerodinâmica no desempenho de decolagem. X[m] . .--.- ..'----- ... --1 Tabela 7.6 •Efeitodo coeficientede atritona decolagem. CDO =0,023 teq tIs] x(m] v(m/s] L-G(N] z(m] 0.00 6.9856 57.1965 14.9876 9.3316 0.005018 0.01 7.1916 58.3970 14.8850 7.0132 0.004995 0.02 7.4936 60.8762 14.8793 6.8846 0.004985 0.03 7.8126 63.4381 14.8799 6.8984 0.004993 0.04 8.1456 66.0190 14.8806 6.9151 0.005006 0.05 8,4948 68.6263 14.8806 6.9155 0.004985 CDO CDO A Figura 7.3 mostra comparativamente os efeitos do atrito e da resistência aerodinâmica.As curvas indicam claramente que a resistência aerodinâmicanão afetatantoo desempenho do avião como o coeficientede atritode rolamentoequivalente.Assim recomenda-seum cuidado especial no atritode rolamento,ficando o cuidado de reduzir a resistência aerodinâmica em segundo nível. De acordo com a teoria de resistência de rolamento,rodas especiais foram desenvolvidas para este projeto. Projetada por elementos finitos, as rodas do Thrust suportam até 35000 g. Elas foram forjadas em alumínio e usinadas pela Dunlop Aviation, que também as testou em um dinamômetrosob 9500 rpm. 70.00 equivalentesobre o desempenho na decolagemparaum modeloCLASSE 36. O critériopara definira decolagem foi a alturaacima do solo z =0,005 m. 1~!r~~':9ão,,()_F'E()j"'~_'~"'?náutico •• f=~ R' Fz Q =/l' Fz .d / 2R ou considerandoa excentricidade, M =fl Fz d/ 2, e a força resistente, f=Q Fz Pela análise da expressão de f,q,podemos ver quais os pontos a seremtrabalhadosparadiminuiro atritodevidoàs rodasdo tremde pouso.Em primeiro lugar, usar rodas com grande raio R. Em segundo lugar, usar um material duro nos pneus, com pequena deformação e logo uma baixa excentricidadeda reação. Por último,umeixocom pouco atrito,e como menor diâmetropossível. A Tabela 7.6 abaixo indica o efeitodo coeficientede atrito e /l·df =-+- eq R 2.R ..,~.~----~~--_. ,.,"''''.........,.~"..'''''._-_.-."....,-_.......-~-_.. Destaformao coeficientede atritode rolamentoequivalenteserá: vt Figura 7.2 - Cálculo do atrito de rolamento e escorregamento. sendo R o raio do pneu. O atrito de escorregamento no eixo pode ser consideradocalculando o momentode atritoe convertendopara a forçajunto ao solo, somando assim este efeito ao atrito de rolamento. Sendo "d" o diâmetrodo eixo,o momentode atritoé : 7.3 RESISTÊNCIA DE ROLAMENTO No caso do avião estar rolando sobre o solo, o atritode rolamentoé uma resistênciaconsiderável.Assim se existe uma resistênciade rolamento do pneucontrao solo, esta resistênciapode ser pensada como decorrentede um avanço da reação do solo sobre o pneu, Figura 7.2, dificultando seu movimentode rotação. Adicionalmente a este atrito de rolamento deve ser consideradotambémo atritode escorregamento,juntoao mancalmontadono eixo.Sendo "e"a excentricidadeda reaçãodo solo sobre o pneu, o coeficiente de atritode rolamentoé definidocomo: 134 ~on da Rosª _nz SeçAoclrcutar • , • , • "(1'(1(1 AR 6.". S I s~ .!. =(1+S)+Jl" AR ·K",e Figura 7.6 - Correçãono fatorde Oswald devidoa outroscorpos. Fuselagem, nacele,ete. / c"" 0.80 C~ 100 (C""+C,,,)/e .!. =~1 +Li l11/ee ew Co = COmín +K" CL2 +COi c =C . +K"· C 2 +~(1+8) D Dmm L rc.A R C2C -C + LD - Dmín rc·AR·e 1 e= ()' ou,Jl'. AR .K" + 1+S Figura 7.5 - Curva polardo avião. c. !~tr:<>?.'!9~"..il.°_~!~j~t~~e!.<:>r.l~u_ti~,?__ sendo que o fator de eficiência do avião passa a ser: e generalizando: Para uma correção quanto àpresença de outros corpos além da asa, como a fuselagem, naceles, etc, tem-se a parcela 111/e, que pode ser obtida da Figura 7.6, sendo S a área da asa e Srr a área de referência do corpo. As superfícies aerodinâmicas, devido à construção, apresentam sempre algum tipo de imperfeição, como erros de forma, rugas idades na superfície, etc. Estas imperfeições podem comprometer tanto a sustentação 7.5 SENSIBILIDADE A ERROS DE CONSTRUÇÃO Edison da Rosa sendo, para asas elípticas: e para asas não elípticas: CD =CdO +CD; , sendo "e."o fator de eficiência de Oswald da asa, que considera o rendimento aerodinâmico da geometria da asa quanto ao arrasto induzido. Esta últimaexpressão é também escrita como: 2 CDi = CL rc·AR·ew Quanto ao comportamentodo avião como um todo, tambémtemos um arrasto parasita e um arrasto induzido, gerado pela asa. Um estudo mais detalhado do arrasto parasita revela que este também depende do ângulo de ataque. em especial as parcelas da fuselagem e empenagem. Assim, o coeficiente de resistência aerodinâmica do avião como um todo tem uma parcela constante,que é um
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