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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Paulo Sérgio Zageski GERENCIAMENTO E CONTROLE DE PROPULSÃO AERONÁUTICA CURITIBA 2009 Paulo Sérgio Zageski GERENCIAMENTO E CONTROLE DE PROPULSÃO AERONÁUTICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Manutenção de Aeronaves. Orientador: José Marcos Pinto CURITIBA 2009 TERMO DE APROVAÇÃO Paulo Sérgio Zageski GERENCIAMENTO E CONTROLE DE PROPULSÃO AERONÁUTICA Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Tecnólogo em Manutenção de Aeronaves do Curso Superior de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 02 de março de 2009. ____________________________________________ Curso Superior de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. José Marcos Pinto UTP – Faculdade de Ciências Aeronáuticas Prof. UTP – Departamento Prof. UTP – Departamento RESUMO Análise do estado da arte dos controladores de motores a reação empregados em propulsão aeronáutica, com ênfase em Engenharia de Controle do sistema FADEC. Apresenta dados de Engenharia da Confiabilidade sob uma ótica relacionada aos modos, taxas e tempo médio entre falhas. Enfoca princípios de funcionamento e concepção de projetos relacionados aos requisitos exigidos pela moderna indústria aeronáutica. Contempla ainda aspectos do sistema de combustível, interfaces, sistema de propulsão reversa, unidade hidromecânica e sensores. Palavras chaves: FADEC; controles; aeronaves; propulsão; confiabilidade. LISTAS DE FIGURAS FIGURA 1 – MOTOR DE LORIN – 1996 ...................................................................10 FIGURA 2 – PROPULSÃO A JATO – 1996 ...............................................................11 FIGURA 3 – TRAÇÃO A HÉLICE – 1996..................................................................13 FIGURA 4 – ESTÁGIOS DE UM MOTOR A REAÇÃO – 1996 ...............................14 FIGURA 5 – COMPONENTES DO CONTROLADOR – 2009 .................................15 FIGURA 6 – CONTROLADOR – 2009.......................................................................15 FIGURA 7 – GRÁFICO DE RESPOSTA – 1988 ........................................................22 FIGURA 8 – PARÂMETROS DE RESPOSTA TRANSITÓRIA – 1988 ...................24 FIGURA 9 – MALHA DE CONTROLE – 1988..........................................................32 FIGURA 10 – ÁLGEBRA DE DIAGRAMA DE BLOCO – 1988..............................33 FIGURA 11 – FILOSOFIA DO LAÇO DE CONTROLE – 2001 ...............................34 FIGURA 12 – MODELAMENTO – 2008....................................................................38 FIGURA 13 – MOTOR A REAÇÃO – 2009 ...............................................................54 FIGURA 14 – ALOCAÇÃO DOS PARÂMETROS – 2009........................................57 FIGURA 15 – FADEC – 2009 ......................................................................................58 FIGURA 16 – MOTOR GE GEnx – 2008 ....................................................................59 FIGURA 17 – CONTROLE DE PROPULSÃO TÍPICO – 2008 .................................60 FIGURA 18 – TOPOLOGIA DE CONTROLE – 2008................................................62 FIGURA 19 – LOCALIZAÇÃO DA EEC – 2009 .......................................................63 FIGURA 20 – MECANISMO DA MANETE – 2009 ..................................................65 FIGURA 21 – CONTROLE TÍPICO – 2009................................................................70 FIGURA 22 – ASPECTO DO FADEC – 2007 ............................................................71 FIGURA 23 – DIAGRAMA DE BLOCOS – 2007 ......................................................72 FIGURA 24 – ASPECTO DO ALTERNADOR – 2009 ..............................................80 FIGURA 25 – VARIÁVEIS DE ENTRADA MOTOR – 2009....................................81 FIGURA 26 – PLANOS DE INTERFACES – 2007 ....................................................82 FIGURA 27 – ASPECTO DA HMU – 2009 ................................................................86 FIGURA 28 – DIAGRAMA DA HMU – 2007 ............................................................87 FIGURA 29 – SENSORES DE MANETE – 2007 .......................................................93 FIGURA 30 – ACIONAMENTO DAS MANETES – 2007 ........................................93 FIGURA 31 – TRANSDUTOR TIPO RESOLVER – 2008.........................................94 FIGURA 32 – CIRCUITO DE REVERSÃO – 2007..................................................101 FIGURA 33 – ASPECTO DO DISPLAY – 2009.......................................................106 FIGURA 34 – DISPLAY DE BITE – 2009 ................................................................107 FIGURA 35 – FADEC COM DOIS CANAIS – 1998................................................112 FIGURA 36 – FADEC COM HMU DE BACKUP – 1998........................................112 LISTAS DE QUADROS QUADRO 1 – PARÂMETROS CRÍTICOS – 1998...................................................113 QUADRO 2 – TAXAS DE FALHAS – 1998.............................................................117 LISTA DE SIGLAS AAC – Active Air Clearance ACC – Active Clearance Control ADC – Analog to Digital Converter ADDB – Aircraft Digital Data Bus AFS – Automatic Flight System ARINC – Aeronautical Radio, Inc. BITE – Built In Test Equipment CDP – Compressor Discharge Pressure CL – Coefficient of Lift CM – Control Module CPR – Compressor Pressure Ratio CU – Computation Unit CVG – Compressor Variable Geometry DAC – Digital to Analog Converter ECS – Environmental Control System ECU – Electronic Control Unit EEC – Electronic Engine Control EFCS – Electric Flight Control System EGT – Exhaust Gas Temperature EHSV – Electro-Hydraulic Servo Valve EPR – Engine Pressure Ratio ERU – Engine Relay Unit FADEC – Full Authority Digital Engine Control FFG – Fuel Flow Governor FGV – Fan Geometry Variable FMGC – Flight Management and Guidance Computer FMV – Fuel Metering Valve GA – Go-around Thrust GRD – Ground HCU – Hydraulic Control Unit HMU – Hydro-Mechanical Unit HP – Horse Power HPC – High Pressure Compressor HPSOV – High Pressure Fuel Shut off Valve HPT – High Pressure Fuel Shut off Turbine HPTACC – High Pressure Turbine Active Clearance Control IGV – Inlet Guide Vanes LPC – Low Pressure Compressor LPT – Low Pressure Turbine LPTACC – Low Pressure Turbine Active Clearance Control MCL – Maximum Climb Thrust MCT – Maximum Continuous Thrust NASA – National Aeronautics and Space Administration PLA – Power Lever Angle PWR – Power RAM – Random Access Memory REMM – Reliability Enhancement Methodology and Modelling ROM – Read Only Memory TAT – Total Air Temperature TLA – Throttle Lever Angle TRA – Throttle Resolver Angle TO – Takeoff Thrust UI – Unit Input UO – Unit Output VBV – Variable Bleed Valve VSV– Variable Stator Vane WFM – Main Engine Flow WFR – Augmenter Fuel Flow WOW – Weight On Wheels Bleed SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................10 2 PROPULSÃO AERONÁUTICA ............................................................................11 2.1 PRINCÍPIOS DA PROPULSÃO A JATO .............................................................13 3 CONTROLADORES ...............................................................................................15 3.1 CONTROLE ON–OFF............................................................................................16 3.2 CONTROLE PROPORCIONAL ............................................................................17 3.3 CONTROLE INTEGRAL.......................................................................................18 3.4 CONTROLE PROPORCIONAL – INTEGRAL....................................................19 3.5 CONTROLE PROPORCIONAL – DERIVATIVO ...............................................19 3.6 CONTROLE PROPORCIONAL – INTEGRAL – DERIVATIVO .......................20 3.7 ANÁLISE DO SISTEMA DE CONTROLE .........................................................21 3.8 RESPOSTA TRANSITÓRIA DE SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM.............21 3.9 RESPOSTA DE REGIME PERMANENTE ..........................................................25 4 ENGENHARIA DE CONTROLE ..........................................................................26 4.1 REQUISITOS DO SISTEMA DE CONTROLE ....................................................27 4.2 PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE ..........................................................29 4.3 ESTABILIDADE E RESPOSTA............................................................................31 4.4 REQUISITOS DE PROJETO ................................................................................36 4.5 FERRAMENTAS DO PROJETO...........................................................................37 4.6 FUNÇÕES DO CONTROLE BÁSICO DO MOTOR............................................41 4.6.1 Controle de Velocidade do Core e Fan ...............................................................42 4.6.2 Controle de Aceleração e Desaceleração .............................................................44 4.6.3 Controle de Variable Stator Vane ........................................................................48 4.6.4 Velocidade e CDP mínimo e limites máximos ....................................................51 4.7 CONTROLE COM APLICAÇÃO COMERCIAL .................................................54 4.8 CONTROLE DE GERENCIAMENTO DE POTÊNCIA.......................................55 5 CONTROLE DO MOTOR – FADEC ....................................................................58 5.1 HISTÓRICO............................................................................................................59 5.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ...................................................................60 5.2.1 Sistema de Controle de Combustível de Motor....................................................63 5.2.2 Sistema de Controle Eletrônico do Motor ............................................................66 5.2.3 Controle Supervisório Eletrônico do Motor.........................................................68 5.3 FULL AUTHORITY DIGITAL ENGINE CONTROL (FADEC) .............................69 5.3.1 EEC – Controle Eletrônico do Motor – Electronic Engine Control ....................74 5.3.2 Unidade de Relés do Motor – ERU......................................................................79 5.3.3 Alternador de Imã Permanente.............................................................................80 5.3.4 Interfaces EEC – Sinais de Entrada......................................................................81 5.3.5 Interfaces EEC – Sinais de Saída .........................................................................84 5.3.6 Unidade Hidromecânica .......................................................................................86 5.3.7 Sensores ................................................................................................................91 5.3.8 Sistema de Controle de Fluxo de Ar do Compressor ...........................................96 5.3.9 Sistema de Controle de Turbine Active Clearance ..............................................97 5.3.10 Sistema de Controle de Partida do Motor ..........................................................98 5.3.11 Controle de Propulsão Reversa ..........................................................................99 5.3.12 Operação...........................................................................................................103 5.3.13 Gerenciamento de Falhas .................................................................................106 6 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE .....................................................................109 6.1 ASPECTOS DA CONFIABILIDADE .................................................................109 6.2 CONFIABILIDADE DO SISTEMA FADEC ......................................................110 6.2.1 Descrição dos Ensaios ........................................................................................112 6.2.2 Descrição Funcional de Configuração de Duplo-Canal .....................................114 6.2.3 Descrição Funcional do Sistema de Canal Misto...............................................115 6.3 PRESSUPOSTOS GERAIS E INTENSIDADES DE FALHA ...........................116 6.4 CONTROLES DO MOTOR – REQUISITOS E AMBIENTE........................................ 118 7 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 119 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121 10 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento de projetos de aeronaves com alta tecnologia agregada exige que modernos sistemas eletrônicos embarcados sejam disponibilizados para equipá-las. Desta forma, a inserção de programas associados a computadores de alta performance deve apresentar alta flexibilidade e confiabilidade, com modos de falhas que possam sofrer tratamento de suas causas e que não impliquem em graves falhas. A utilização de um computador que gerencie todas as fases do motor aeronáutico, diminuindo a carga de trabalho dos tripulantes, é uma solução adotada em grande parte da indústria aeronáutica moderna. Esta solução permite otimizar a vida útil do motor, operando em uma faixa otimizada de propulsão e consumo, em condições ambientais desfavoráveis e, sobretudo, uma completa coleta de dados que permite, em cada ponto do motor, calcular sua performance, além de prover informações importantes para a tripulação em uma tomada de decisão. A aplicação da filosofia de redundância nos canais de controle permite infundir uma alta confiabilidade ao sistema de gerenciamento. A análise de um sistema de gerenciamento de propulsão com ênfase nos modernos controles apoiados nas unidades de controle tipo FADEC é o objeto deste estudo. Além das citações dos parágrafos anteriores, apresentam-se os temas transversais relacionados a esta solução de engenharia, concatenando as aplicações dos recursos da engenharia eletrônica com os modernos recursos de programação e periferia de comunicação com as redes próprias aplicadas à aviação comercial, as quais apresentam padrões e formatos aceitos através da associação de fabricantes. 11 2 PROPULSÃO AERONÁUTICA O desenvolvimento do motor de turbina a gás para aeronaves foi tãorápido que é difícil compreender que antes da década de 1950 poucas pessoas tinham ouvido falar deste método de propulsão de aeronaves. A possibilidade de utilizar um motor de reação a jato tinha interessado aos projetistas aeronaves há tempo, mas, inicialmente, a baixa velocidade das primeiras aeronaves e as dificuldades de obter um perfil aerodinâmico para alta velocidade eram as grandes dificuldades. O engenheiro francês René Lorin, patenteou um motor de propulsão a jato em 1913, demonstrado na figura 1. Este era um tipo athodyd (dutos aerotermodinâmicos convergentes e divergentes) e nesse período foi impossível a fabricação ou utilização, pois ainda não tinham sido desenvolvidos materiais térmicos adequados e resistentes às altas temperaturas. FIGURA 1 – MOTOR DE LORIN - 1996 FONTE: ROLLS ROYCE, p.1 Em segunda análise, a propulsão a jato teria sido extremamente ineficiente em aeronaves de baixas velocidades naquela época. 12 No entanto, hoje o moderno jato ram é muito semelhante ao da concepção de Lorin. Em 1930 foi concedida a Frank Whittle a primeira patente para a utilização de uma turbina a gás para produzir um jato propulsivo, no entanto seu motor já havia concluído o primeiro voo em 1919. O motor Whittle formava a base dos modernos motores de turbina a gás e a partir dele, foi desenvolvido pela Rolls-Royce Welland os motores Derwent, Nene e Dart. Os motores turbo-jato Derwent e Nene tiveram escala mundial para as aplicações militares, o motor Dart turbo-hélice ficou famoso mundialmente como a planta de propulsão para as aeronaves Vickers Viscount. O motor a jato, ilustrado na figura 2, embora seja uma combinação diferente do arranjo de uma hélice acoplada a um motor convencional, aplica-se os mesmos princípios básicos para efeito de propulsão. FIGURA 2 – PROPULSÃO A JATO – 1996 FONTE: ROLLS ROYCE, p.2 13 Como mostrado na figura 3, a tração das aeronaves é exclusivamente pela força do deslocamento de uma grande massa de ar para trás. FIGURA 3 – TRAÇÃO A HÉLICE – 1996 FONTE: ROLLS ROYCE, p.2 Embora hoje a propulsão a jato seja popularmente ligada com motores de turbina a gás, existem outros tipos de motores a jato propulsores, como o ram jet, o pulso jato, o foguete, o turbo / ram jato, e os turbofoguetes. 2.1 PRINCÍPIOS DA PROPULSÃO A JATO A propulsão a jato é uma aplicação prática da terceira lei de movimento de Isaac Newton, a qual afirma que para cada força atuando sobre um corpo há uma reação oposta de igual intensidade. Para aviões de propulsão a jato, o corpo é o ar atmosférico, sendo causada a aceleraração na medida em que passa através do motor. A força necessária para dar esta aceleração tem um efeito igual na direção oposta agindo sobre um equipamento produzindo a aceleração. Um motor a jato produz impulso de forma semelhante à combinação de motor e hélice. 14 Os motores de propulsão a jato das aeronaves forçam uma grande massa de ar para trás, sob a forma de um grande fluxo de ar, comparativamente a baixa velocidade de um sistema que utiliza uma hélice. A figura 4 ilustra um motor a reação em corte, demonstrando seus principais componentes. FIGURA 4 – ESTÁGIOS DE UM MOTOR A REAÇÃO – 1996 FONTE: ROLLS ROYCE, p.12 15 3 CONTROLADORES A finalidade de um controlador é comparar a saída efetiva da planta com o comando de entrada e propiciar um sinal de controle que reduz o erro a zero ou ao mais próximo de zero possível. Como indicado na figura 5, os componentes de um sistema de controle incluem o controlador e o atuador. FIGURA 5 – COMPONENTES DO CONTROLADOR – 2009 CONTROLADOR ATUADOR FONTE: AUTOR Como indicado na figura 6, um controlador geralmente consiste em um ponto de soma, onde os sinais de entrada e saída são comparados; um dispositivo de controle, que determina a ação de controle; e os necessários amplificadores de potência e dispositivos de hardware associados para realizar a ação de controle na planta. O atuador é usado na automação para converter a ação de controle em movimento físico do manipulador. O controlador e o atuador podem ser operados por meios pneumáticos, hidráulicos, mecânicos ou eletrônicos, ou combinações destes. FIGURA 6 – CONTROLADOR – 2009 FONTE: AUTOR CONTROLADOR ATUADOR SOMADORENTRADA SAÍDA REALIMENTAÇÃO 16 Existem quatro ações de controle básicas que são usadas isoladamente ou em combinação, para propiciar seis tipos comuns de controlador: controle liga-desliga, controle proporcional, controle derivado e controle integral. Os seis tipos de controlador são: 1. liga-desliga; 2. proporcional; 3. integral; 4. proporcional-integral (P-I); 5. proporcional-derivativo (P-D); 6. proporcional-integral-derivativo (P-I-D). Cada um desses controladores é mais adequado a certas aplicações. 3.1 CONTROLE LIGA-DESLIGA No controlador liga-desliga, o elemento de controle fornece apenas dois níveis de controle: plenamente ligado ou plenamente desligado. Um exemplo de uma implementação comum desse tipo de controlador é o termostato doméstico. Se o erro que estiver presente no controlador for e(t) e o sinal de controle que é produzido pelo controlador for m(t), então o controlador liga-desliga é representado por: m(t) = M1 para e(t) > O = M2 para e(t) < O 17 Na maioria dos controladores liga-desliga ou M1 ou M2 é zero. O uso prático de um controlador liga-desliga requer que o erro deva mover-se em certa faixa antes que a comutação efetivamente ocorra. Isto evita que o controlador oscile a uma frequência demasiado alta. Essa faixa é denominada intervalo diferencial. 3.2 CONTROLE PROPORCIONAL Em casos em que é requerida uma ação de controle mais suave, pode ser usado um controlador proporcional. O controle proporcional propicia um sinal de controle que é proporcional ao erro. Essencialmente, ele atua como um amplificador com um ganho Kp. Sua ação é representada pela equação 1: m(t) = Kpe(t) ...(1) Usando-se a notação do operador diferencial X(s) e Y(s) a função de transferência seria a equação 2: ...(2) M(s) E(s) = Kp 18 3.3 CONTROLE INTEGRAL Num controlador empregando uma ação de controle integral, o sinal de controle é mudado a uma taxa proporcional ao sinal de erro. Isto é, se o sinal de erro é grande, o sinal de controle aumenta rapidamente; se é pequeno, o sinal de controle aumenta lentamente. Isto pode ser representado pela equação 3: m(t) = Ki ∫ e(t) dt ...(3) Em que Ki é o ganho do integrador. A função de transferência correspondente da equação 4 é: ...(4) M(s) E(s) =Ki /s Usando l/s como o operador para integração. Se o erro tivessede ir a zero, a saída do controlador permaneceria constante. Essa característica permite que controladores integrais sejam usados quando há algum tipo de carga constante no sistema. Mesmo que não houvesse qualquer erro, o controlador ainda manteria um sinal de saída para neutralizar a carga. 19 3.4 CONTROLE PROPORCIONAL – INTEGRAL Às vezes é necessário combinar proporcional é incapaz de neutralizar uma ca controlador integral pode propiciar erro zero, Um modo de superar isto é com o controlador P m(t) = Kpe(t) + ∫ e KP Ti em que Ti ajusta o ganho do integrador e Kp aj o ganho proporcional. A função de transferência é dada pela e = (1 + Kp M(s)E(s) T 3.5 CONTROLE PROPORCIONAL – DERIV A ação de controle derivativo fornece de mudança do sinal de erro. Já que este não erro esteja mudando, raramente é usado sozin pela equação 7: m(t) = Kpe(t) + KpTd ações de controle. Um controlador rga sobre o sistema sem um erro. Um mas geralmente fornece resposta lenta. -I. Este é representado pela equação 5: (t) dt ...(5) usta tanto o ganho do integrador quanto quação 6: ) ...(6) 1 is ATIVO um sinal de controle proporcional à taxa geraria qualquer saída, a menos que o ho. O controlador P-D é representado ...(7) de(t) dt 20 e a função de transferência é dada pela equação 8: = ( ) ...(8) M(s) E(s) Kp 1 + Tds O efeito da ação de controle derivado é prever mudanças no erro e propiciar uma resposta mais rápida às perturbações. 3.6 CONTROLE PROPORCIONAL – INTEGRAL – DERIVATIVO Três das ações de controle podem ser combinadas para formar o controlador P-I-D, que pode ser representado pela equação 9: m(t) = Kpe(t) + ∫ e(t) dt + KpTd ...(9) KP Ti de(t) dt e a função de transferência é dada pela equação 10: = ( ) ...(10) Kp M(s) E(s) 1 + 1 + Td s Tis 21 O controle P-I-D é o tipo de controle mais genérico e provavelmente mais comumente usado. Fornecer resposta rápida, bom controle de estabilidade do sistema e baixo erro de regime permanente. Como indicado anteriormente, os cálculos associados com qualquer dos controladores acima são realizados tipicamente por microcomputadores num controlador. 3.7 ANÁLISE DO SISTEMA DE CONTROLE A análise de um sistema de controle pode ser dividida em duas partes: resposta transitória e resposta em regime permanente. A resposta transitória de um sistema é o comportamento do sistema durante a transição de algum estado inicial até o estado final. A resposta em regime permanente é o comportamento do sistema na medida em que o tempo se aproxima do infinito. 3.8 RESPOSTA TRANSITÓRIA DE SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM Sistemas lineares de segunda ordem são frequentemente usados na análise de sistemas de controle, mesmo quando se sabe que o sistema de interesse pode ser de uma ordem mais elevada. Sistemas de segunda ordem podem frequentemente aproximar-se de sistemas físicos complexos com razoável fidelidade. Retomemos a função de transferência para o sistema de segunda ordem dada pela equação 11: ...(11) = Y(s) X(s) Ks Ms2 +Kds + Ks 22 A frequência natural do sistema é representada pela equação 12: ...(12) ωn = √ KsM A relação de amortecimento do sistema de segunda ordem pode ser definida pela equação 13: ...(13) Kd /2M ωn z = Se a relação de amortecimento for igual a zero, então o sistema oscilará continuamente, se z < 1, porém maior que zero, então o sistema estará subamortecido. Se z = 1, então o sistema estará criticamente amortecido, e se z > 1, o sistema estará superamortecido. A figura 7 ilustra a resposta transitória de um sistema de segunda ordem com diferentes relações de amortecimento para uma entrada de um degrau unitário. FIGURA 7 – GRÁFICO DE RESPOSTA - 1988 FONTE: GROOVER, p.77 23 Há outros parâmetros de interesse na resposta transitória de um sistema. São eles: Tempo de atraso, td – É o tempo que o sistema leva para alcançar metade do valor final pela primeira vez. Tempo de subida, tr – É o tempo que o sistema leva para ir de 10 a 90 por cento, 5 a 95 por cento ou de 0 a 100 por cento do valor final. Tempo de pico, tp – É o tempo que o sistema leva para alcançar a ultrapassagem máxima pela primeira vez. Ultrapassagem máxima, Mp – É o valor de pico máximo, medido a partir do valor de estado permanente. Tempo de estabelecimento, ts – É o tempo requerido para que o sistema fique dentro de uma faixa ao redor do valor final. Esta se situa geralmente dentro de 2 a 5 por cento. A figura 8 ilustra esses parâmetros dos sistemas. Em alguns casos, certos parâmetros não são relevantes. No caso de um sistema amortecido criticamente, não existe qualquer ultrapassagem e, por conseguinte, Mp e tp não se aplicam. Em controladores, às vezes é crítico que o sistema não tenha permissão de ultrapassagem, enquanto em outras aplicações pode ser necessário, em benefício da velocidade, permitir ultrapassagem. O equilíbrio desses parâmetros ao projetar o sistema é da responsabilidade do engenheiro de controle. Incluída no âmbito da resposta transitória está à questão de se o sistema será estável para todas as entradas. A estabilidade do sistema é interpretada como significando que a saída do sistema não será dirigida para um valor de infinito em resposta à entrada não infinita. A estabilidade é assegurada se os transientes tenderem gradualmente para zero à medida que aumenta o tempo. A instabilidade do sistema ocorre quando a resposta transitória aumenta com o tempo. 24 FIGURA 8 – PARÂMETROS DE RESPOSTA TRANSITÓRIA – 1988 FONTE: GROOVER, p.78 A estabilidade de qualquer sistema linear pode ser determinada se a equação característica do sistema for conhecida e se for possível fatorar a equação. No caso dos sistemas subamortecidos, criticamente amortecidos e superamortecidos, as respostas transitórias diminuem gradualmente com o tempo quando a saída assume algum valor de estado permanente. Esses sistemas são todos estáveis. A característica comum que os torna estáveis é o fato de suas equações características terem raízes que são números reais negativos ou números complexos com partes reais negativas. Este é o requisito para a estabilidade. Se as raízes forem números reais negativosou números complexos com partes reais negativas, a resposta transitória sempre se aproximará de zero com o tempo. No caso não amortecido, a resposta continua a oscilar, porque o sistema não possui qualquer amortecimento. As raízes da equação característica são números imaginários sem componentes reais. Esse caso é considerado como marginalmente estável. Representa a linha divisória entre estabilidade e instabilidade do sistema. 25 3.9 RESPOSTA DE REGIME PERMANENTE A análise de regime permanente de um sistema de controle preocupa-se em determinar a resposta do sistema após a resposta transitória ter desaparecido. Pressupõe-se que o sistema de interesse seja estável. Na análise de regime permanente, o projetista do sistema deseja saber se o sistema alcançará o valor final desejado à medida que cresce o tempo de uma operação. Uma abordagem do problema seria solucionar a equação diferencial do sistema que está submetido a uma entrada adequada. Dependendo do grau de dificuldade da equação diferencial, essa demonstração pode ser uma abordagem difícil. Um método mais direto é fazer uso do teorema de valor final da teoria de controle, que usa a transformada de Laplace da saída do sistema. O teorema do valor final afirma que o valor final da função é dado por: lim f(t) = lim sF(s) t → ∞ s → 0 Em que F(s) é a transformada de Laplace da função f(t). Está implícito no teorema de valor final que o limite de f(t) existe à medida que o tempo se aproxima do infinito. 26 4 ENGENHARIA DE CONTROLE A Engenharia de Controle cerca uma parte das atividades focadas no desenvolvimento de estratégias dos controles e o projeto de componentes, os quais controlam o desempenho e segurança de um motor aeronáutico. Os produtos específicos da Engenharia de Controle são; O projeto do sistema de controle e o projeto dos componentes que integram o sistema. O projeto do sistema de controle inclui definições da lógica e o modo de controle (estratégia de controle), definição da composição do sistema mecanizado (quantidade e tipos de controles, sensores, atuadores, bombas e demais), projeto dinâmico para a estabilidade e resposta ao transiente, e definição dos sub-componentes para os componentes, componentes para o motor e interface da aeronave para o motor. A engenharia de controle está envolvida com o projeto de produtos militares, comerciais, marítimos e industriais. Possui duas funções básicas: projeto do sistema de controle e projeto dos componentes do sistema. Os projetistas de sistemas de controle são responsáveis em projetar sistemas de combustíveis, hidráulicos e pneumáticos baseados em especificações requeridas para um motor. Os projetistas também integram todos os controles e interfaces com o projeto. 27 A evolução tecnológica da engenharia de controle durante as duas décadas passadas foi de um controle hidromecânico completo ou controle hidromecânico com simples função analógica de ajuste elétrico para um controle hidromecânico com extensivo ajuste elétrico analógico, ou mesmo, um controle hidromecânico com ajuste elétrico digital, para o controle full authority (plena autoridade), com ou sem auxílio hidromecânico. A estratégia de controle empregada é sempre influenciada pela necessidade da evolução tecnológica, da aplicação e considerações especiais associadas com aplicação monomotora. 4.1 REQUISITOS DO SISTEMA DE CONTROLE Os requisitos básicos de um sistema de controle de um motor a jato são os seguintes: – Regular a estabilidade e potência de transiente sobre uma faixa de potência disponível; – Maximizar a eficiência do ciclo do motor; – Prover resposta necessária do transiente de empuxo durante as mudanças de potências; – Prover operação estável sobre todas as condições operacionais; – Manter os limites seguros de operação. 28 Parâmetros nesta categoria incluem número de Mach (velocidade relativa à da propagação do som), temperatura e pressão ambiente, (WOW) weight on wheels bleed, comando/limite de empuxo e qualquer função específica de entrada. O sistema de controle possui três exigências básicas: regulagem de potência, eficiência e manutenção dos limites seguros de operação. A estratégia de controle para cada aplicação precisa ter em conta todas as características especificas para cada categoria. Estas três categorias estão inter- relacionadas desde um projeto que necessita prever um empuxo completamente regulado, onde também previne excesso de velocidade, pressão, temperatura e stall1 do motor. A complexidade de um sistema de controle está relacionada diretamente com as especificações fornecidas pelo fabricante, necessidades impostas pelo ciclo, segurança e requisitos especiais ou funções como; reset (reinicio)da margem de stall adicional, redução de SFC – turbine clearance control e demais. Geralmente o controle do motor necessita prover características de empuxo constante e proporcional à rotação da manete de potência do motor. Esta característica da manete de potência com relação ao empuxo necessita ser essencialmente linear, precisa e com repetitibilidade. Uma relação linear da manete de potência é necessária para aprimorar uma sintonia fina de empuxo. O sistema de controle do motor precisa ser ajustado e mantido em um nível preciso de empuxo para prevenir assimetria em aplicação multimotora. Os melhores meios de controle de empuxo(T) para motores turbo fans (turbo ventilador) são para a velocidade programada do fan (ventilador), como uma função do ângulo (θ) da manete de potência. 1 Perda de eficiência de uma superfície aerodinâmica normalmente associada à mudança do ângulo de ataque. 29 4.2 PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE Os sistemas de controle do motor são projetados para regular a potência e eficiência através da manipulação das variáveis disponíveis em função dos parâmetros medidos. As variáveis manipuladas são variadas para programar ou ajustar as variáveis controláveis. O projeto do sistema de controle não pode determinar o ajuste das variáveis manipuladas. Elas são definidas pelo ciclo do projeto. Variáveis controladas e parâmetros monitorados são selecionados pelo projeto do sistema de controle por reunirem os requisitos do sistema. As variáveis controláveis são selecionadas para prover precisão no controle de potencia de saída do motor, transições do motor e limites operacionais do motor. Fatores que afetam a escolha de variáveis controladas são: – Influência em acurado ajuste de empuxo; – Os parâmetros necessitam ser medidos para a programação do sistema de controle necessário em termos de variáveis de controle; – Necessidade de componente de motor único para maximizar a eficiência e assegurar uma operação livre de stall. Motores modernos necessitam de compressor estator e/ou controle de sangria variável. Motores militares necessitam de controle de fan IGV para distorcer atenuações; – Requisitos de aplicação e instalação – Algumas aeronaves necessitam da manutenção da pressão de sangria em alguns níveis mínimos aceitáveis, e muitas aeronaves supersônicas necessitam da manutenção dos limites de fluxos de ar dos motores. – Requisitos para proteger o motor de sobre velocidade, sobre temperatura, stall e blowout. 30 As variáveis controladas são de uso comum na atualidade em motores turbofan, incluindo velocidade do fan (N1, NF), core speed (N2, NC), temperatura da blade da turbina de alta pressão (T4B), EGT, pressão da descarga docompressor (PS3), augmenter fuel flow (WFR), número de Mach da descarga do fan (M25, ∆ P/P) e geometria variável do compressor e do fan (IGV, VSV e VBV). As variáveis manipuladas são parâmetros modulados diretamente pelo sistema de controle para manter o controle das variáveis controladas, citadas anteriormente. São as seguintes: – Main fuel flow (WFM) – Fluxo de combustível principal; – Augmenter fuel flow (WFR); – Exhaust nozzles area (A8); – Compressor variable stator vanes (VSV); – Fan variable inlet guide vanes (IGV); – Variable bleed valves (VBV); – Reversão de empuxo. Parâmetros medidos são selecionados para suportar o modo de controle do motor, proporcionando acurada programação sobre todas as condições de voo e mantendo limites de proteções. Diversos são os parâmetros medidos em motores de aeronaves civis e militares: Pressão e temperatura de entrada (T2, P2), pressão ambiente (Po), número de Mach da aeronave (M), temperatura de entrada do compressor (T25), pressão de sangria, pressão de descarga do compressor, velocidade de fan e core posição da válvula medidora de combustível e área de bicos de exaustão. 31 4.3 ESTABILIDADE E RESPOSTA Um motor precisa partir, acelerar, desacelerar e manipular uma variedade de entradas, ambas externas e internas, enquanto provem operação estável e plana. Igualmente, enquanto opera em modo fixo, o motor está em um modo muito dinâmico. Todos os vários controles, loops, operam independentes, ajustando as variáveis controladas, interagindo entre os motores. Análises dinâmicas e simulações são procedimentos de projetos aplicados em todos os sistemas de controle dos motores em desenvolvimento. Estabilidade e resposta a transição são passos muitos importantes para projetar, desenvolver, avaliar e otimizar um sistema de controle do motor. Este tipo de medida de análise de modelo linear simples de componentes serve para completar os detalhes do sistema de controle e dos modelos matemáticos do motor. Estes tipos de capacidade de análises é invalida no estágio de desenvolvimento de um novo motor e para verificar os efeitos de uma mudança na malha de controle ou em um motor antigo. Utilizando análises dinâmicas para projetar o sistema de controle ou investigar a estabilidade ou resposta, reduzem-se custos e tempo sobre o motor atual ou em um componente. São dois os tipos de malhas de controles, malha aberta e malha fechada. Uma malha fechada é quando a saída é continuamente monitorada em um intervalo de tempo. A saída da variável controlada é comparada com um valor programado de uma variável de controle e através de uma realimentação, faz uma soma. 32 A diferença é o erro. A saída é continuamente corrigida para reduzir o erro. Exemplos de controle em malha fechada são: velocidades de Fan e Core - VSV, VBV, posição da IGV e ∆ P/P (número de Mach da descarga do fan). Um controle de malha aberta é muito simples. O parâmetro de saída é ajustado baseando-se em um cálculo pré-programado. Não há uma amostragem da saída. Este tipo de controle é utilizado para a turbine clearance control e bore cooling control. Na sua maioria, as malhas de controle são do tipo fechadas, pois permitem maior precisão do ajuste da transiente da variável controlada. As malhas de controle são definidas e apresentadas por diagramas de blocos. Na figura 9, a seguir, é apresentado uma malha simplificada de controle. FIGURA 9 – MALHA DE CONTROLE – 1988 FONTE: GROOVER, p.71 (Adaptado) O diagrama de blocos é formado por vários elementos como os somadores, integradores, diferenciadores, ganhos, multiplicadores e seletores de máxima e mínima. 33 A figura 10, a seguir, ilustra a álgebra dos diagramas de blocos, representada por: (a) blocos em série; (b) blocos em paralelo; (c) eliminação de um laço de realimentação; (d) deslocamento de um ponto de soma; (e) deslocamento de um ponto de derivação. FIGURA 10 – ÁLGEBRA DE DIAGRAMA DE BLOCO – 1988 FONTE: GROOVER, p.66 (Adaptado) 34 Um integrador e um diferenciador são basicamente funções de transferência sendo descritas em álgebra Laplaciana. A transformada de Laplace é um método de transformação de equações diferenciais, a qual descreve a resposta do sistema de controle para vária entradas, como passos, rampas, senóides e demais. Uma transformação reversa pode ser usada para mostrar as saídas do sistema como uma função do tempo. O projeto de controle e análise de funções de transferências é uma importante ferramenta para entender a resposta de uma complexa função de controle. Ilustrado a seguir um algoritmo de controle conforme figura 11. FIGURA 11 – FILOSOFIA DO LAÇO DE CONTROLE – 2001 FONTE: AIRBUS, p.2 (Adaptado) 35 Um exemplo de simples função de transferência são os diferenciadores e integradores. Os diferenciadores são utilizados para calcular a razão da válvula medidora de combustível, onde é usado para manter a malha estabilizada. Um exemplo de integrador, em um sistema de controle, é um atuador. O sinal de entrada é uma razão da mudança de volume de fluído, onde o atuador integra-se a um deslocamento. Uma função de transferência é uma expressão matemática representando um estado e uma ação de transição de um sistema físico. 36 4.4 REQUISITOS DE PROJETO O primeiro requisito é o projeto da estabilidade o qual inclui a diminuição da variação do empuxo atenuando as oscilações dos sinais de entradas de sensores, incrementando o software e hardware do programa, estabelecendo o fluxo dinâmico do motor e o correto posicionamento de válvulas ou atuadores que continuamente ocorrem em sinais de realimentação. A malha de controle e os demais sistemas precisam estar aptas para reagir a estas variações sem causar instabilidades na operação. Se um controle reage muito rápido, podem ocorrer instabilidades. A estabilidade de uma malha de controle depende de uma relação ganho-fase-frequência de uma função de transferência em malha aberta. Um gráfico pode ser utilizado para visualizar esta relação. Este gráfico é um simples razão da amplitude do ganho e fase de uma função de transferência para vários sinais senoidais de entrada. A estabilidade relativa de uma malha de controle é expressa em termos de margem de ganho e margem de fase. A margem de ganho é definida como um ganho negativo da função de transferência de uma malha aberta em um ângulo de fase de - 180 graus. Margem de fase é definida como a diferença entre -180 graus e a fase em um ganho de zero dB (decibel). Geralmente, o critério de projeto para estabilidade é otimizado para responder em uma margem de fase entre 40 e 60 graus e a margem de ganho é entre 6 a 10 dB. 37 Ganhos ou ângulos de fase excessivos podem tornar uma malha instável. Não linearidade pode introduzir efeitos de ganhos e de fases e não podem ser considerados para uma análise linear. Outro importante passo no projeto é avaliar as respostas do sistema de controle em relação à falhas. O sistema precisa ser projetado com relação à seleção do controle ou de forma que falhas em componentes não resultem em falha catastrófica do motor. O sistema de controle é projetado para reagir a estas falhas e prover uma suave transição para o modo de operação em modo de falha. 4.5 FERRAMENTAS DO PROJETO Os métodos usados para o projeto básico com relação à estabilidade e resposta são análises de controles lineares e não-lineares. A análise linear é primeiramenteutilizada para investigar a estabilidade. Muitos componentes em um sistema de controle, incluindo o próprio motor, podem ter suas análises simplificadas através de modelos lineares. Utilizando estes modelos e equivalentes funções de transferências das malhas abertas e fechadas, uma análise linear pode ser realizada. As análises lineares de cada malha são usadas para a sintonia das constantes da malha e das compensações dinâmicas. Um modelo matemático do conjunto do sistema de controle é desenvolvido a partir de uma completa descrição de hardware e software. 38 Estes modelos matemáticos do sistema de controle incluem os algoritmos e equações que definem a malha de controle, sensores, atuadores e válvulas. Os motores a jato têm um número de controles onde estão as malhas fechadas de controle através do motor. São exemplos: A velocidade, temperatura da turbina e controle de fluxo de ar do duto. O modelo matemático de um motor é construindo descrevendo os processos mecânicos e termodinâmicos da sua operação. Neles estão incluídos os princípios de compressibilidade do fluxo de fluídos, combustão, regime de trabalho e balanceamento das energias. O modelo pode utilizar equações básicas de dinâmica e de termodinâmica, ou mesmo dados de tabelas, usando dados empíricos ou a combinação de ambos. O resultado final é um modelo de motor com acurada predição de respostas dinâmicas para sinais de entradas como fluxo de combustível e geometrias variáveis. A figura 12, a seguir, ilustra um típico modelamento de motor a reação. FIGURA 12 – MODELAMENTO – 2008 FONTE: AVIATION MAINTENANCE, p.28 (Adaptado) 39 As funções de transferências do motor descrevem as respostas dos parâmetros controlados para uma pequena variação no fluxo de combustível. Com a utilização de modelos lineares para motores, as funções de transferência são obtidas pela perturbação do modelo termodinâmico, derivando assim um torque parcial desbalanceado. Um torque zero desbalanceado é mantido em um estado de operação, o torque desbalanceado positivo é obtido pela aceleração do motor e pela desaceleração negativa. Estas funções de transferência determinam uma representação linear para pequenas variações. A partir destas análises um modelo linear para o modelo é construído. O sistema de controle e os modelos não lineares de motores podem ser utilizados para simular transições, acelerações, desacelerações, reação à falha, modos de transferência e outras funções operacionais. Estes tipos de modelos são inviáveis para motores no início de fase, no desenvolvimento do sistema de controle e para análise de problemas de campo. Inicialmente estes modelos são aplicados para avaliação da lógica de controle e para otimizar programas, resposta de transição e lógica. Depois, em um programa de desenvolvimento de um motor o modelamento pode ter muitas outras aplicações. Testes de resposta em vários cenários de falhas em um motor podem ser muito difíceis e caros. Em muitos casos, como a verificação da proteção em sobrevelocidade do fan ou sobretemperatura da turbina, o risco ou despesa é também enorme para teste em um motor. 40 O modelamento simula estas situações facilmente. O modelamento de transição do motor é também utilizado para avaliar o processamento do sinal, detecção de falhas, indicação de falhas e modelo de ação corretiva. Outra importante aplicação do modelamento é avaliar a relação do sistema motor/controle em resposta aos regimes de transição, comparando-os aos requisitos de especificação. Quando um motor está em produção, se são evidenciados problemas de campo ou modificações no equipamento para prover um modelo de transição, um alto custo efetivo é o caminho para estas mudanças. Havendo o modelamento do motor e de seu sistema de controle, é fácil simular os projetos e as modificações, ainda no campo virtual, sem riscos. Naturalmente que estabilidade, análise de respostas às transições é uma parte importante de qualquer projeto de um sistema de controle dos motores. 41 4.6 FUNÇÕES DO CONTROLE BÁSICO DO MOTOR Certamente que as funções de controle são básicas para todos os atuais sistemas de controles dos motores de aplicação comercial e militar. Isto inclui: programação para velocidades de fan ou core, programação de combustível para aceleração e desaceleração, programação para o VSV, fluxos máximos e mínimos de combustíveis, velocidade do core e ajustes das pressões de descarga do compressor. Cada programa de motor militar ou comercial tem seu próprio requisito de sistema de controle, por exemplo, motores militares podem necessitar de um projeto para controle do aumento de fluxo de combustível, bicos de exaustão variáveis ou guias de palhetas de entrada variáveis. Os motores comerciais requerem gerenciamento de potência, válvulas variáveis de sangria, clearance control da turbina e empuxo reverso. 42 4.6.1 Controle de Velocidade do Core e Fan A função primária de um sistema de controle de motor é prover um controle de empuxo linear e acurado a partir de um simples sinal de aceleração. O empuxo de um motor a jato é facilmente controlado pela regulagem do fluxo de ar. Estudos anteriores para turbo jatos examinaram vários métodos de controle de empuxo, como velocidade do rotor, temperaturas de entrada e saída da turbina e pressão de descarga do compressor. Cada variável foi estudada pela sensibilidade das eficiências dos componentes; turbina, compressor, habilitando-os para oferecer limites seguros de operação, conseqüências da mecanização e estudos de programação. Concluíram que o controle de velocidade do rotor era o melhor método para controlar o ajuste de empuxo. Também a de que a melhor variável para ajustar a velocidade do rotor era o fluxo de combustível. Os compressores podem ser descritos por um mapa de razão de pressão versus o fluxo correto do ar. Na linha de operação, o compressor é um ponto local para manter o estado de operação. O compressor bombeia até os bicos da turbina. A pressão é uma função quadrada. Eventualmente a linha de operação e stall intersecionam algumas rotações do rotor. 43 Esta característica é requisito necessário para a correta limitação de velocidade. Se o controle somente regula a velocidade física, um compressor entra em stall, como pode ocorrer em dias frios quando uma baixa temperatura do ar de entrada resulta em alta correção de velocidade. As utilizações de parâmetros corretos como as variáveis controladas permitem a normalização do desempenho do compressor Para a correta programação da velocidade como uma função da manete de potência, o piloto tem controle direto do correto fluxo de ar ou empuxo. Um ângulo da manete de potência versus a velocidade do core pode ser desenvolvida quando se prove um empuxo constante para qualquer ângulo. Para manter uma velocidade constante e correta em um dado ângulo da manete de potência, é incrementada velocidade física para decrementar a temperatura de entrada do compressor. Este tipo de programação é otimizada para dar uma demanda de empuxo constante - curva do ângulo de potência. A altitude incrementa (lower Po) os valores absolutos de empuxo na marcha lenta e máximo empuxo, porém a linearidade do empuxo é mantida. 44 4.6.2 Controle de Aceleração e Desaceleração Uma função muito importante do sistema de controle é a programação de combustível para a operação de partida, aceleração edesaceleração do motor. O programa de aceleração do combustível é projetado para fornecer o fluxo de combustível necessário para uma partida uniforme e rápida aceleração do rotor. Ele também mantém adequada margem no compressor para evitar stall e proteção de sobretemperatura dos componentes da turbina. A programação de desaceleração é projetada para permitir uma rápida redução de velocidade do núcleo, enquanto protege de possíveis problemas com chamas dos bicos de queima. Quando um motor está em um regime estável, existe um equilíbrio energético em que os controles de medição de combustível, mantêm uma constante velocidade do rotor, o fluxo de combustível precisa ser incrementado para produzir um torque desbalanceado. É este torque desbalanceado que provoca a aceleração do rotor. Com relação ao mapa do compressor, a razão de pressão do compressor é uma função de fluxo de ar e velocidade corrigida. Em um dado ponto estável, o fluxo de combustível requerido é o conhecido do ciclo. Assim um mapa de velocidade de correção do rotor é necessário e o fluxo de combustível pode ser usado para determinar a razão de pressão do compressor – CPR (Compressor Pressure Ratio). 45 Os estudos têm mostrado que esta relação de aceleração do núcleo pode ser controlada com maior precisão pela programação do fluxo de combustível sobre a pressão de descarga do compressor (WF/PS3) como uma função corrigida da velocidade do núcleo. Isso permite ao projeto o melhor controle sobre as condições de limites de stall. A margem de limites de stall é definida como a margem entre o ponto de operação e a linha de stall. A margem é dita zero na linha de stall. O projeto da programação das acelerações de desacelerações requer definições da razão WF/PS3 (combustível-ar), que produz rápida aceleração mantendo suficiente margem de stall e proteção de sobretemperatura. Projetar uma nova programação de aceleração é um processo reverso, sendo, realizadas análises dinâmicas de funcionamento em um modelo matemático de motor com margens de stall, em uma entrada para definir as linhas de programação de aceleração inicial. Uma vez que o núcleo é definido, extensivos testes do motor são realizados para definir a linha de estado estável de stall. Esta pode também ser definida como uma linha (banda) de correta relação entre pontos de stall WF/PS3 de várias velocidades corrigidas do núcleo. No projeto pode-se trabalhar com estes dados para refinar a programação de aceleração. A linha limite de stall é definida como a mínima margem de stall permitida. A partir daqui tolerâncias de órbitas são adicionadas e parâmetros são subtraídos, onde se podem consumir margens de stall (WF/PS3). 46 Itens nesta categoria são; VSV - variable stator vanes abertos, distorção de entrada do compressor, deterioração, extração de HP (Horse Power), variação dos componentes do compressor e área de bicos da turbina (A4), de motor para motor. A seguir a tolerância de programação de combustível para aceleração é subtraída. Neste ponto, o nível do ciclo de transiente é usado para otimizar a programação de simulação de transição em vários voos ou condições operacionais. Isso permite também a verificação da interação e efeitos do controle dinâmico de malha. Otimizações adicionais podem ser necessárias para assegurar complacência com requisitos exigidos para a transição de empuxo pelas autoridades aeronáuticas. Isto pode implicar em mudanças nas programações de velocidade de marcha, ajustes de aceleração, tolerância e outros controles dinâmicos. O programa de partida é uma típica extensão de baixa velocidade de um regime de aceleração. O projeto desta programação é similar a uma programação de aceleração. Alguns requisitos são considerações exclusivas para otimizar este programa; razão de combustível e ar para apagamento dos queimadores em várias condições de altitudes e temperaturas, stall por apagamento causado por excesso de combustível, partida monitorada verso partida por fluxo de vento relativo, requisitos e torque em condições com e sem fogo e requisitos de tempo de partida em ar ou em solo. 47 Outras considerações são: as velocidades para introduzir o fluxo de combustível e a sensibilidade de alta rotação do compressor para baixa velocidade de stall. Normalmente extensivos testes são realizados em um motor para definir a linha de baixa velocidade de stall e otimizar o início da programação de combustível. Se o motor possuir sangria de ar durante uma aceleração, a energia disponível para a aceleração é perdida, também a margem de stall é incrementada. Para amortizar a perda do tempo de aceleração e ajustar o incremento de margem de stall, o programa de aceleração de combustível é normalmente enriquecido com base nas condições de sangria. A quantidade para o enriquecimento é normalmente uma função da percentagem de fluxo extraído do núcleo. A primeira limitação para o projeto de um programa de desaceleração é o blowout do queimador principal. Outras importantes considerações do projeto são os tempos de desaceleração e possíveis variações de velocidades. Dois diferentes recursos podem ser usados para os projetos: a abordagem mais simples é uma constante razão entre WF/PS3 e outra utiliza uma fração do fluxo de combustível da aceleração, normalmente entre 0,4 e 0,6. 48 4.6.3 Controle de Variable Stator Vane O objetivo primário do projeto do compressor é a de reunir uma alta velocidade em decolagem ou cruzeiro. Infelizmente um projeto de compressor com alta eficiência em altas velocidades, é também muito ineficiente e propenso a stall em baixas velocidades. Se corrigido em regime para baixas velocidades os estágios frontais bombeiam um maior volume de ar que a seção mais a retaguarda podem manipular. Este aumento da pressão nos estágios dianteiros dirige-os ao stall. A linha de stall do compressor é efetivamente realizada, a partir de uma família de regiões de stall, individuais para cada estágio. O fenômeno de stall de um compressor é o mesmo experimentado em uma asa. Como a pressão sobe em um estágio, o ângulo de ataque efetivo deve incrementar maior trabalho sobre o fluído. Como o limite do ângulo de ataque é atingido, o fluxo começa a se separar a partir do bordo de fuga, sobre a superfície, fenômeno conhecido como descolamento da camada limite. Isto provoca uma queda no coeficiente de sustentação (CL) deste modo, na razão de pressão do estágio. Uma vez que ocorra uma completa separação do fluxo, este estrangula o caminho do fluxo, parando o fluxo no compressor. Seguindo uma correta linha de velocidade do mapa do compressor, também é evidente que o aumento de pressão irá resultar em stall. Existem três soluções convencionais para lidar com este estágio de desajustamento. 49 Os compressores possuem sangria, rotores duplos e variable guides ou stator vanes (VSV). Se uma válvula de sangria é colocada nos estágios frontais do compressor, é possível abrir em baixas velocidades e descarregar o excesso do fluxo de ar, extravasando-o. Para compressores de alta razão de pressão, geralmente não há uma melhor localização para uma simples sangria, portanto múltiplas sangrias são necessárias. A desvantagem é a menor eficiência, porque a energia é usada para bombear o ar até o ponto de sangria, onde é despejado através da válvula. Se o compressor é divido em duas metades, cada metade acionada por uma turbina separada, o problema no estágio correspondente pode ser algumas vezes melhorado. Em baixas velocidades, os estágios frontais funcionam em baixa rotação,bombeando um menor fluxo. Normalmente uma sangria intercompressores é ainda necessária para corresponder à alta altitude e aos mapas de fluxo de transientes. Uma vez que o problema principal é causado pelos estágios frontais do compressor, outra solução é limitar a capacidade de bombeamento em baixa rotação nestes estágios. Por meio de fechamento das IGV para cada estágio, pelo ângulo de ataque, e pelo fluxo de ar bombeado, tem-se, portanto a redução da razão de pressão no estágio. O uso de VSV permite ao projeto a alta velocidade-alta razão de pressão do compressor, para operar como uma máquina de baixa razão de pressão em baixa velocidade. 50 Para otimizar a posição da VSV, testes são feitos para definir o ponto de stall de cada estágio em várias velocidades do núcleo. Este processo é aplicado para cada estágio sucessivo, voltando ao ponto onde o problema com bombeamento de baixa velocidade, até não existir mais. Com estes dados, a programação pode ser desenvolvida definindo o ângulo do estator em comparação a velocidade do núcleo de cada estágio. Estes programas são desenvolvidos para manter uma margem desejada de stall e maximizar a eficiência do compressor. As definições destes programas também requerem fatores em efeitos de deterioração do motor, variação de motor para motor e tolerâncias de controle. Uma vez que estes fatores são otimizados, as vanes estatoras podem ser mecanicamente integradas e conectadas por um único ponto de atuação, em cada posição, nos estágios corretamente. Os estágios frontais terão uma maior posição de abertura em comparação aos estágios traseiros. Desta forma o ângulo de deslocamento das vane estatoras diminui, à medida que se direciona aos estágios das estações mais afastadas do compressor. Normalmente o ângulo solicitado nestes programas é somente no primeiro estágio variável. Observar também que uma falha segura pode ser projetada no programa se um sensor de T25 falha, para uma completa situação de temperatura baixa. O modo de falha normal para o sensor de T25 é indicar temperatura baixa entre -65°F e -80°F. A falha segura permite um desempenho adequado do compressor durante as condições de um dia padrão onde as VSV estariam de outra maneira também muito abertas. 51 4.6.4 Velocidade e CDP mínimo e limites máximos Os sistemas de controle são também projetados para assegurar ambos os limites máximos e mínimos de parâmetros importantes, limitando os valores máximos da velocidade do motor e da pressão de descarga do compressor (CDP ou PS3) sendo essencial para prevenirem falhas catastróficas. Mantendo um valor mínimo para estes parâmetros é o que usualmente requer para permitir ao motor atender as solicitações externas. O sistema é projetado de forma que estes limites são inclusos em uma hierarquia onde há a seleção da malha de controle. A seleção de uma malha de controle é acompanhada por uma série de seletores de máximos e mínimos. A mecanização de acionamento atual pode ser hidromecânica ou eletrônica. A finalidade de limitação da velocidade máxima do núcleo é a proteção da máquina em si. A utilização deste limitador não é necessária a menos que a velocidade normal de programação esteja com disfunção. Tipicamente a programação de aceleração é projetada para limitar a razão WF/PS3 na velocidade alta do núcleo. A programação ajuste um valor abaixo do requerido para a operação, reduzindo desta forma a velocidade do motor. Se o sistema opera normalmente, a velocidade pode ser reduzida antes da ocorrência de uma sobre velocidade. Como uma outra linha de proteção, o efeito da sobrevelocidade aciona mecanismos que são projetados em uma unidade hidromecânica de controle, para cortar o fluxo de combustível em caso da condição de sobrevelocidade. 52 Capacidade é também projetada no sistema para reciclar e prover uma fase de partida para o motor após o acionamento do mecanismo de sobrevelocidade. Na atualidade, sofisticados controles eletrônicos podem ser aplicados no controle das limitações de velocidade máxima do núcleo e do fan. A incorporação de controles eletrônicos flexíveis, também permite uma complexa função para controle dos limites onde são aplicadas várias entradas de sinais de controle. São exemplos: A limitação da velocidade mínima do núcleo, a marcha lenta (idle) necessita a união de várias condições operacionais, o tempo de aceleração requerido, marcha mínima de empuxo, controle do stall em bruscas atitudes de aceleração, extração de potência e sangrias. Em aplicações comercias poderão ser necessários requisitos de programa separados, em solo e em voo, através da regulamentação da autoridade aeronáutica. A velocidade mínima de núcleo é usualmente programada como uma função da temperatura de ar de entrada do compressor (T25). O sistema de controle ambiental da aeronave opera com ar de sangria do motor. Para este sistema operar corretamente, a pressão de ar sangrado precisa estar acima do nível mínimo. Normalmente no solo e em baixas altitudes, a programação da velocidade pode prover adequadas pressões de sangria. Operando em alta altitude e baixa velocidade, pode haver baixa pressão sangrada de fornecimento. Esta situação pode ser resolvida, adicionando esta função para o sensor de PS3, visando manter um valor mínimo. Caso a pressão de PS3 comece a cair para abaixo do valor mínimo, o controle do motor sobrepõe-se e começa a modular para incrementar a velocidade, mantendo PS3 em um valor mínimo. 53 Devido à elevada pressão de ram, quando uma aeronave opera no canto inferior direito de seu envelope de voo, PS3 pode ser muito alto. Se os limites projetados são excedidos a integridade estrutural da seção traseira está em perigo. Para a proteção do motor, um limitador de máxima CDP deve ser incorporado no controle. Isto é normalmente realizado com a inclusão de um falso PS3, na programação de aceleração, ao invés, de adicionar outra função complexa. Em muitos motores modernos, os níveis de PS3 são limitados eletronicamente através de um sensoramento de pressão e também do ajuste de fluxo de combustível. Outros dois controles já mencionados são: os limites máximos e mínimos de fluxo de combustível. O limite de fluxo máximo de combustível é um valor fixo, ajustado pela máxima capacidade segura da bomba de combustível. O limite de fluxo mínimo de combustível não permite um fluxo abaixo do prescrito e pode sobrepor-se aos programas de aceleração e desaceleração. Os valores são ajustados para assegurar o fluxo de combustível correto durante o solo e partida. 54 4.7 CONTROLE COM APLICAÇÃO COMERCIAL Alguns controles com aplicação comercial possuem funções e estratégias que são únicas para motores da aviação comercial. Isto inclui: controle de gerenciamento de potência, seleção de marchas de empuxo, velocidades de marchas moduladas, VSV, turbine clearance control, core rotor active clearance control e programa de empuxo reverso. Com exceção do último, os outros são utilizados para permitir o modo econômico de operação da aeronave. A figura 13, a seguir, ilustra um típico motor a reação utilizado em aeronaves comerciais. FIGURA 13 – MOTOR A REAÇÃO – 2009 FONTE: disponível em http://www.epower-propulsion.com/epower/gallery/ABP- CFMI%20CFM56-5%20cutaway.jpg 55 4.8 CONTROLE DE GERENCIAMENTO DE POTÊNCIA A performance das aeronaves comerciais é geralmente especificada pelo fabricante de sua estrutura, informando seus limites, como: empuxo de decolagem (TO), empuxo (GA), empuxo de climbmáximo (MCL) e empuxo contínuo máximo (MCT). Alguns critérios para a concepção de sistemas de controle comercial são determinantes para o requerido destas estruturas, por exemplo: • Empuxo de decolagem; • Empuxo de decolagem que podem ocorrer com aproximadamente o mesmo ângulo de manete em alguma condição de voo (decolagem); • Empuxo de manete máxima não pode exceder o parâmetro de decolagem, em nenhum momento; • MCL e MCT – parâmetros são usualmente requeridos por ser um ângulo da manete de condição de voo. O parâmetro da taxa de empuxo é baseado em uma permitida e máxima temperatura dos gases de exaustão (EGT), nível onde é permitido para um motor operar por poucos minutos. Motores termodinâmicos são concebidos para operar em um constante valor de EGT, o empuxo varia inversamente com a temperatura ambiente. 56 Tipicamente o máximo valor de EGT para operação em um motor é especificado para altitude ao nível do mar e temperatura ambiente, isto é conhecido como condições da atmosfera padrão. Os modernos controles de gerenciamento de potência são baseados em projetos com arquitetura em eletrônica digital, sendo possível a comunicação direta com o sistema de comunicação da aeronave, comunicação com os computadores de controle. O controle de gerenciamento digital recebe informações sobre o número de Mach da aeronave, pressões totais, temperatura de ar total e pressão estática via barra de dados. O sistema de controle de gerenciamento mantém uma unidade hidromecânica para controle da velocidade do núcleo, como; governadores de velocidade do núcleo, programas de transição do fluxo de combustível, programa de geometria variável do core e em alguns casos a válvulas de controle de clearance turbine control. 57 A seguir são ilustrados através da figura 14, os parâmetros para controle do motor, como demonstrados anteriormente. FIGURA 14 – ALOCAÇÃO DOS PARÂMETROS – 2009 FONTE: disponível em: http://www.msm.cam.ac.uk/phase- trans/2003/Superalloys/coatings/images/jet_engine.jpg 58 5 CONTROLE DO MOTOR - FADEC FADEC é o acrônimo para Full Authority Digital Engine Control, Controle Digital do Motor com Autoridade Total. É um sistema que consiste em um computador digital, designado por EEC (Electronic Engine Control), Controle Eletrônico do Motor ou ECU (Electronic Control Unit) (Unidade de Controle Eletrônico) e está relacionado com o emprego de componentes para controlar todos os aspectos de operação de um motor aeronáutico. O sistema FADEC é produzido para ambos os motores, a pistão e a reação, sendo as diferenças primárias os aspectos da concepção dos métodos de controle para cada motor. O seu aspecto construtivo é ilustrado pela figura 15 a seguir. FIGURA 15 – FADEC – 2009 FONTE: disponível em http://www.hispano-suiza.ca/images/products_eec.jpg 59 5.1 HISTÓRICO Os controles eletrônicos dos motores foram primeiramente introduzidos no Concorde, equipado com motor a reação Rolls-Royce Olympus 593, em 1960. Posteriormente, em 1970 a NASA (National Aeronautics and Space Administration) e a Pratt & Whitney desenvolveram de forma comum o primeiro FADEC experimental, o qual foi testado em uma aeronave F-111, montado com um motor TF-30 da Pratt &Whitney modificado. Os motores Pratt & Whitney modelos F100 e PW2000 foram a primeira versão militar e comercial respectivamente a serem equipados com FADEC. Em 1980, o motor PW4000 da Pratt & Whitney foi o primeiro a ser equipado com o duplo FADEC. A figura 16, a seguir, ilustra um motor GE GEnx, equipado com FADEC, onde se pode ver na sua linha horizontal a unidade de controle. FIGURA 16 – MOTOR GE GEnx – 2008 FONTE: AVIATION MAINTENANCE, p.27 (Adaptado) 60 5.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Em um sistema de FADEC, o sistema da manete de aceleração envia sinais eletrônicos para o FADEC. O sistema FADEC, através da interpretação de sinais pelo seu sistema digital, calcula e envia com controle de precisão o valor do fluxo de combustível para ser consumido pelo motor, o qual desenvolve a propulsão necessária para a aeronave. A figura 17 ilustra de forma simbólica uma topologia de controle com sistema de gerenciamento eletrônico de propulsão. FIGURA 17 – CONTROLE DE PROPULSÃO TÍPICO – 2008 PLA (COCKPIT) ECU (ENGINE) HMU ENGINE EMPUXO FEEDBACK FONTE: AUTOR 61 Adicionalmente além da função de controlar e medir o combustível, o sistema também exerce o gerenciamento e monitoramento de outras funções como o VSV (Variable Stator Vanes) e de VBV (Variable Bleed Valves), partida do motor, controle de re-partida, controle de Blade Tip Clearance da turbina, reversão de empuxo, monitoramento de condições do motor e demais funções. Os sinais para controle e funcionamento do FADEC vêm de vários sensores instalados no motor. Separadamente do monitoramento dos principais parâmetros, são monitorados para controle de segurança da propulsão: a velocidade de rotação do eixo da turbina, pressões e temperaturas em vários pontos entre as trajetórias dos gases. O FADEC também monitora vários dados analógicos, digitais e discretos provenientes dos vários subsistemas do motor e relacionados com os sistemas da aeronave, provendo uma completa redundância e tolerância a falhas no controle do motor. Totalmente integrado com outros sistemas da aeronave como o EFCS (Electric Flight Control System) e AFS (Automatic Flight System), conectado a estas unidades via ADDB (Aircraft Digital Data Bus), é também totalmente compatível com o sistema fly-by-wire. 62 A figura 18, a seguir, ilustra a topologia de controle e as interfaces com o sistema de propulsão. FIGURA 18 – TOPOLOGIA DE CONTROLE – 2008 FONTE: AUTOR 63 A figura 19 ilustra o aspecto de instalação e localização da EEC. FIGURA 19 – LOCALIZAÇÃO DA EEC – 2009 FONTE: http://www.boeing.com/commercial/aeromagazine/aero_02/textonly/sy01txt.html (Adaptado) 5.2.1 Sistema de Controle de Combustível de Motor Em uma aeronave equipada com motor a reação, o piloto não controla diretamente o motor. O sistema utilizado para intervir no regime do motor é denominado sistema de controle de combustível. O sistema de controle de combustível gerencia a velocidade do motor atuando sobre o controle do fluxo de combustível. O controle de combustível é o coração do sistema de combustível do motor a reação. 64 É um complexo dispositivo que possui parametrização do fluxo de combustível para a câmara de combustão e automaticamente fornece o fluxo imposto de combustível necessário para a operação do motor. O controle de combustível combina as entradas dos sinais da manete de aceleração, pressão e temperatura de entrada do compressor, pressão de descarga do compressor e velocidade do motor para calcular o fluxo de combustível necessário para operação do motor. As variações no fluxo de combustível são limitadas para assegurar rapidamente o restabelecimento da condição de saída de um stall e movimentos livres, aceleração e desaceleração do motor. Dependendo do tipo de motor a reação e do seu desempenho esperado, o sistema de controle de combustível pode variar os limites de forma complexa, desde um arranjo de simples válvulas
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