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ANHANGUERA EDUCACIONAL
DIREITO – 1º SEMESTRE/ NOTURNO
Atividades Práticas Supervisionadas.
Ética e Filosofia Jurídica – Prof. Clovis Gualberto
Dayane Nunes – 8873428928
Everton Leal – 2919604462
Jéssica Risson – 8832392562
Maria Edilene Lima Machado – 9099496575
Paulo Cesar Duganieri – 8805339048
Rosemeire Cassa Delfino – 9801488633
GUARULHOS – 2014
ANHANGUERA EDUCACIONAL
DIREITO – 1º SEMESTRE/ NOTURNO
Pareceres Jurídicos acerca:
“Aborto de anencéfalo” e “Teoria Tridimensional do Direito”
Trabalho apresentado à Disciplina de Filosofia e Ética Jurídica do curso de Direito, 1º semestre noturno da Universidade Anhanguera Educacional ministrada pelo professor Clóvis Gualberto.
GUARULHOS – 2014
Síntese do capítulo 2.1 – “A vida”
No atual momento em que vivemos somos bombardeados pelo consumismo desenfreado, “anestesiados” pela mídia e pela preocupação em Ter ao invés de Ser, alienados quanto aos problemas sociais e treinados a não pensar, ou sequer a refletir sobre a própria existência. Quando se trata de tomar consciência sobre tudo aquilo que nos cerca, a Filosofia tem papel fundamental, pois esta é o campo para a discussão, para o conflito e sobretudo para a reflexão. Ao atribuirmos valor superior às coisas em relação à vida, estamos anulando a nós mesmos, da mesma forma que nossa identidade passa a ser dependente de marcas e produtos. 
Segundo o Direito e a Filosofia de comum acordo, o maior bem que possuímos é a Vida, por isso faz-se necessário colocarmos a em debate, de modo que pensemos quanto ao seu valor e temas recorrentes a ela, tais como: Qual o valor da sua vida? Estou fazendo bom uso dela? Há a consciência de que cada minuto que vivemos, é um minuto que deixa-se de viver, por conta do envelhecimento? Ao filosofar sobre a vida, nos encantaremos com seu caráter breve e precioso, voltaremos a sermos crianças, cujo olhar volta-se para a natureza com admiração e espanto com o desejo de conhecer, olhando através das aparências e percebendo quem sabe talvez, um mundo novo.
Ir contra a manipulação da sociedade capitalista e dos meios de comunicações atuais, é superar a preguiça de pensar, é libertar-se do controle e imposição de modos de agir, vestir e comprar ao qual estamos acostumados. Desta forma temos como desafio principal superar as injustiças, corrupções, banalidades, desigualdades sociais e enfim superar a própria ignorância; aspecto este que só será possível não a partir de filosofias enganadoras e vãs, mas sim do uso articulado de nossa inteligência.
A vida é um ciclo ininterrupto que se inicia na fecundação e deve perdurar, sem interferência, até seu fim, que é a morte, por isso toda e qualquer intervenção à ela, caracteriza-se como crime à vida e deve sofrer punição, exemplos: homicídio, indução ao suicídio, infanticídio, aborto e etc., assim como a omissão de socorro a alguém que corre o risco de morte, pois todo ser humano possui o dever de zelar pela vida.
A tudo aquilo que produzimos ou fazemos é a vida o motivo, visto que sem ela não haveria necessidade ou sentido para existir o trabalho, as relações, a sociedade, inclusive o Direito, cujo surgimento foi possível somente para aqueles que desfrutam da vida e precisam dele para que subsista a justiça e a pacificação social, assim sendo apenas o Ser Vivo é detentor de direitos e deveres, pois é a Vida detentora de valor absoluto à existência humana e de direitos fundamentais no que se refere ao âmbito jurídico.
Tudo cessa com a morte, as paixões, os apetites, as dores, as angústias e os sofrimentos. Por isso, a proteção e a memória aos restos mortais têm o objetivo de satisfazer às necessidades e expectativas jurídicas de quem continua vivo; protege-se a imagem do falecido em razão dos sentimentos de sua família e entes queridos.
Consecutivamente discutem-se questões como por exemplo, qualificação da vida, aborto, eutanásia, experimentos com células tronco, implementação integral da pena de morte, etc. Primeiramente há de refletir sobre o significado da Vida ao invés de manifestar-se por impulso/simpatia a favor ou contra de algo que aos olhos destreinados parecem insolúveis, é neste cenário que a Filosofia há de nos auxiliar, provocando a meditação de temas recorrentes à existência de qualquer pessoa lúcida.
O que significa a Vida? 
O espaço de tempo entre a fecundação e a morte, sendo a vida de valor inqualificável e bem absoluto. 
Como vimos anteriormente, as comunicações de massa invadem nossa vida de tal maneira que somos embalados por mensagens consumistas e de opiniões ideológicas formadas por MARKETING agressivo, gerando um consumo maquiado da realidade. Para a garantia de vendas, é criado um cenário de fantasia, prazeres, sensações e curtições em que a dor e o sofrimento não estão presentes, desta forma há de se pensar que o egoísmo e a falta de valor à vida são compreensíveis a quem deixa-se alienar por esses “bombardeios tecnológicos”; pois quem quererá sacrificar-se e viver em desconforto para criar uma criança muitas vezes indesejada e/ou deficiente?
E é neste sentido que nossa legislação protege e assegura ao nascituro o direito à vida, pois o valor absoluto desta, incomparável a qualquer outro, não pode ser sacrificado em função alheia. Assim que um óvulo é fecundado e tem origem à vida (toda informação e características sobre o indivíduo que irá nascer já está definida, pois todos os seus aspectos estão escritos na primeira célula e nenhuma informação entra num óvulo após à sua fecundação), assim um ser completo e integral surgirá ao término dos 9 meses e a ninguém confere-lhe o direito de matá-lo. Apenas em casos de estupro, fetos anencéfalos ou risco de morte à vida materna, o aborto é tolerado, mas teoricamente isso já foi extinguido do ordenamento quando o Brasil firmou o pacto de São José da Costa Rica e reconheceu que a origem da vida é a concepção. 
Enfim, o ser humano seja nascituro ou não deve ser respeitado e tratado como pessoa desde sua concepção e por isso a partir deste momento há de lhe conferir o direito primário que é a vida, desta forma reconhecê-la é: Afirmar que ao sacrificá-la, abreviá-la ou impedi-la é portanto violação do Direito e até mesmo da Moral. 
Síntese da ADPF 54.2012 – “Aborto de feto anencéfalo”
A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) é um instrumento instituído no parágrafo 1º do artigo 102 da nossa Constituição que será avaliada pelo Supremo Tribunal Federal na forma da lei. Seu objetivo é garantir e defender danos a princípios fundamentais que venham a ser causados por parte do Poder Público, reparando-os. 
A ADPF em questão (54/8), cujo início deu-se em 17 de junho de 2004, requerida pela CNTS (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde), questiona os artigos 124, 125, 126 do Código Penal que criminalizam o aborto e objetivam a liberação deste ato para casos de embriões anencefálicos. A fundamentação para este o requerimento, baseia-se no fato de que a anencefalia trata-se de um estado de má formação do feto, impossibilitando assim a vida extrauterina, desta maneira não há razão para penalizar a mãe no caso da interrupção da gravidez, cujo procedimento médico deverá ser entendido e amparado pelos princípios constitucionais que regem a dignidade da pessoa humana, entre eles: do direito à saúde, à liberdade e ao estar livre de tortura.
Após 8 anos de espera o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu por 8 a 2 votos que o aborto de anencéfalos não é crime, assim despenalizando a mãe que o comete. O principal argumento foi acerca da expectativa de vida do bebê, pois os anencéfalos morrem logo após o parto. 
O relator Marco Aurélio Mello dispôs: “O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura”, assim depreendemos que se não houver sequer expectativa de vida extrauterina, não há a possibilidade de enquadrá-lo em crime de aborto, pois se não há a expectativa de vida também não haverá o motivo de discutiro fato de tê-la tirado
Em linhas gerais, o STF ao sancionar a legalidade do aborto em relação aos fetos anencéfalos objetivou a preservação da gestante, partindo do pressuposto de que não somente física como também psicologicamente as mulheres sofrem um alto impacto a partir de tal vivência.
Argumentos contra a ADPF: 
Em contrariedade a decisão do STF, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) postulou a revogação da medida cautelar deferida, pois para ela, mesmo sendo o anencéfalo impossibilitado de viver fora do útero, ainda é um ser vivo dotado de dignidade humana, consequentemente habilitado de proteção jurídica como afirma a Constituição Federal. E ainda, argumentou que a descriminalização ou legalização do aborto seria algo de competência somente do Congresso Nacional, pois de tal autarquia é a responsabilidade de legislar a respeito deste ato ilícito.
De acordo com tais premissas, podemos inferir que como qualquer outro ser humano o feto anencéfalo possui o direito à vida, ainda que dentro do útero da mãe ou até que lhe esgotem as suas possibilidades, desde modo a CNBB considera o sofrimento da família e da gestante, mas não compactua com a ideia de que a vida, enquanto princípio possa estar sujeita às concepções subjetivas ou condicionada à vontade de seus genitores, em virtude de tratar-se de preceito constitucional da dignidade humana. 
O Procurador Geral da República Cláudio Fonteles concorda com a CNBB e apresenta que de acordo com o Código Penal apenas os casos de aborto em que são extintas suas penas são os de cunho terapêutico e sentimental, apesar da gravidez do anencéfalo causar sofrimento emocional, o presente artigo é especifico apenas aos casos de estupro, assim sendo a interrupção da gestação anencefálica não enquadra-se em nenhuma das proposições.
Anencefalia:
	Anencefalia é definida como sendo um defeito no fechamento do tubo neural, cujo resultado se dá na má formação fetal, isto é, ausência de maior parte do cérebro, crânio e couro cabeludo. As crianças anencéfalas nascem sem os hemisférios cerebrais e o telencéfalo (parte do cérebro responsável pelo pensamento e coordenação), impondo-lhe uma vida curta ou nascimento com morte. Em relação ao primeiro caso, apenas ações vitais, tais como reflexo, respiração, batimentos cardíacos e resposta ao som ou toque poderão ocorrer, tratando-se de um estado vegetativo. Embora, alguns estudos indiquem ser a falta de vitaminas e ácido fólico as causas da anencefalia, há entre outros fatores durante a gravidez que podem contribuir para o surgimento dela, assim ainda não existe certeza para sua causa, cura ou tratamento padrão, somente tratamento de suporte.
O aborto de fetos anencéfalos:
O nosso Código Penal de 1940 criminaliza o aborto com exceção aos casos de aborto terapêutico (quando a gravidez implica em risco de morte para a mãe) e o aborto sentimental (resultado de estupro). O curioso é a ampla aceitação de aborto em casos de estupro, no qual não se visa à preservação do bem jurídico da vida, mas sim a honra, a dignidade da mãe e sua saúde psicológica. Utilizam-se as mesmas justificativas para a abreviação da gestação em caso de feto anencéfalo, porém sem aceitação, ora porque concorda-se com a condição psicológica materna em casos de estupro e discorda-se que a mulher precisa carregar durante nove meses em seu ventre e algumas horas ou dias fora do útero um ser desejado, mas inconsciente e destinado à morte? Além de que um bebê resultado de estupro é potencialmente capaz de gozar uma vida saudável como qualquer outro ser humano, enquanto o anencéfalo não. 
Desta maneira, entendemos que o aborto de anencéfalo só não foi despenalizado na redação deste Código por tratar-se de algo que na época não se tinha o conhecimento médico e tecnológico que possuímos atualmente, habilitado em comprovar a absoluta incerteza de vida ainda dentro do útero.
Votação do STF acerca da despenalização do aborto de feto anencéfalo:
	Por maioria de votos 8 a 2, o STF julgou procedente o requerimento na ADPF 54, ajuizada na Corte pela CNTS afim de declarar a inconstitucionalidade da interpretação, segundo a qual o impedimento do nascimento do feto anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II do Código Penal, sendo derrotados os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, os quais entenderam a ADPF insustentável.
Argumentos de cada um dos ministros acerca de sua escolha:
Marco Aurélio (relator) – A favor:
	Para Marco Aurélio, os direitos básicos da mulher não devem ser sacrificados por conta da proteção à vida do anencéfalo, o qual não possui oportunidade de sobrevivência, seria inadmissível que algumas horas de vida se sobressaíssem em relação às garantias da dignidade da pessoa humana, tais como:  à liberdade no campo sexual, à autonomia, à privacidade, à saúde, à integridade física, psicológica e moral da mãe, todas previstas na Constituição. 
“A incolumidade física do feto anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas ou dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos direitos básicos da mulher”. Marco Aurélio.
Rosa Weber – A favor:
	Para a ministra, não está em jogo o direito à vida do feto, visto este não possuir critérios básicos para considerar-se como tal, pois segundo o Conselho Federal de Medicina jamais se terá condições de desenvolver uma vida com capacidades psíquicas, físicas e afetivas, pois estes são aspectos dependentes da atividade cerebral em que no caso do anencéfalo está prejudicada. Portanto, o que deve-se garantir é o direito da mãe em escolher se quer ou não prosseguir com sua gestação, na qual o bebê nascerá morto ou morrerá num curto espaço de tempo após o parto, incapaz de desenvolver qualquer atividade cerebral própria aos seres humanos. Assim, ela discorre:
“Todos os caminhos, a meu juízo, conduzem à preservação da autonomia da gestante para escolher sobre a interrupção da gestação de fetos anencéfalos”. Rosa Weber.
Joaquim Barbosa - A favor:
	O ministro não fez a leitura de seu voto, mas antecipou sua decisão, também favorável à interrupção da gravidez de feto sem cérebro. “Gostaria de pedir a juntada desse meu voto para aderir ao brilhantíssimo voto do eminente relator”
Luiz Fux – A favor:
	Iniciou seu discurso contando um caso recebido por meio de uma carta de um casal do Rio de Janeiro, a qual narrava “a dor” de serem coagidos à preservarem a gravidez anencefálica, no relato a mulher dissera que ao invés de “sonhos” tinha “pesadelos” ao assistir o funeral de seu filho durante os noves meses, tendo como símbolo o pequeno caixão comprado. O ministro ainda refletiu se era justo relegar à gestante de um feto anencéfalo aos bancos do júri para que responda penalmente sobre o aborto, esta já não teria sofrido o bastante? “Por que punir essa mulher que já padece de uma tragédia humana?”. Segundo ele o importante é oferecer apoio à mãe e não punir por punir, apenas para que se cumpra a Lei, como se o Código Penal fosse o remédio para todos os males. 
“Todo apoio necessário em uma situação tão lastimável e não punir com uma repressão penal destituída de qualquer fundamento razoável. Esta hipótese seria, no meu modo de ver, o punir pelo punir, como se o direito penal fosse a panaceia de todos os problemas sociais.” Luiz Fux
Cármen Lúcia – A favor:
	A ministra enfatizou que o STF não estava decidindo permitir o aborto, mas sim possibilitando à sociedade a garantia dos direitos a que lhe conferem, cabendo à família a decisão de interromper ou não a gestação do anencéfalo, visto esse não ter expectativa de vida. 
“Estamos discutindo o direito à vida, à liberdade e à responsabilidade”, ressaltou Cármen Lúcia. “Estamos deliberando sobre a possibilidade jurídica de uma pessoa ou de um médico ajudar uma mulher que esteja grávida de um feto anencéfalo, a fim de ter a liberdade de fazer a escolha sobre qual é o melhor caminho a ser seguido, quer continuando ou não com essa gravidez”, explicou.
Em detrimento à pluralidade e ao respeitoabsoluto às opiniões contrárias, essa situação reflete o momento democrático brasileiro ao qual estamos vivendo, assim não se pode ignorar a fragilidade da mãe em função de medo ou vergonha, cuja experiência está subordinada.
Ricardo Lewandowski – Contra:
	O ministro Ricardo Lewandowski foi o primeiro a pronunciar-se contra à decisão da descriminalização do aborto em casos de fetos anencéfalos, para ele tal decisão seria um retrocesso, visto que na Idade Média, “crianças fracas” eram sacrificadas, assim como possibilitaria a interrupção de gestações de inúmeros embriões com outras patologias, cuja vida extrauterina não teriam perspectivas. Também, relata que a abreviação da vida do feto anencéfalo é inconstitucional, pois o artigo 2º do Código Civil, põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção.
Carlos Ayres Britto – A favor:
	Para o ministro, a gravidez se destina à vida e não à morte. E é de responsabilidade da mulher a decisão de interrompê-la ou não, pois por antecipação é de seu conhecimento que o produto de sua gestação irá precipitar-se no mais terrível dos colapsos. Assim sendo, para Ayres não devemos punir a mãe que desejar por fazê-lo, visto tal situação já ser muito dolorosa.	
“Levar às últimas consequências esse martírio contra a vontade da mulher corresponde a tortura, a tratamento cruel. Ninguém pode impor a outrem que se assume enquanto mártir. O martírio é voluntário”, Ayres Britto.
Gilmar Mendes – A favor:
	O ministro foi o sétimo a votar a favor da ADPF 54. Segundo ele, o aborto de feto anencéfalo está compreendido como causa excludente de ilicitude, outrora prevista no Código Penal, por comprovação de que a gestação anencefálica é prejudicial à saúde da mulher. Porém, o ministro ressaltou ser necessário às autoridades competentes a regulamentação adequada deste aborto, no que se refere às normas de organização, procedimento e reconhecimento de anencefalia, objetivando o diagnóstico seguro dessa espécie.
Celso de Mello – A favor:
	O ministrou julgou procedente a ADPF 54, porém deu ênfase no cuidado em relação ao diagnóstico, o qual deverá comprovar a situação por profissional médico legalmente habilitado. Também citou depoimentos de médicos especialistas, relatando que existe um elevado índice de mortalidade das mulheres com gravidez anencefálica, assim como transtornos psiquiátricos. 
“Julgo integralmente procedente a ação, para confirmar o pleno direito da mulher gestante de interromper a gravidez de feto comprovadamente portador de anencefalia, dando interpretação conforme a Constituição Federal aos artigos  124, 126, cabeça, e 128, incisos I e II, todos do Código Penal, para que, sem redução de texto, seja declarada a inconstitucionalidade, com eficácia erga omnes (para todos) e efeito vinculante, de qualquer outra interpretação que obste a realização voluntária de antecipação terapêutica de parto de  feto anencefálico”.
Cezar Peluso – Contra:	
Para Cezar Peluso, o anencéfalo é portador de vida e por conseguinte do direito à ela. 
“O anencéfalo morre, e ele só pode morrer porque está vivo”, assinalou. Para que o aborto seja considerado crime, basta a eliminação da vida, sendo assim “reduzir o feto anencéfalo a lixo (em seu ver) em nada difere do racismo, sexismo, etc., pois todos esses casos caracterizam-se a absurda defesa e absolvição da superioridade de alguns sobre outros”
José Antonio Dias Toffoli – Impedido:
	Anteriormente ao início do julgamento, enquanto era advogado da União, o ministro declarou-se favorável a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos.
Conclusão e discussões acerca do caso:
	Nos dias 11 e 12 de abril de 2012, foi julgada e aprovada por oito votos a dois, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, nº 54, proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). 
Até então, a despenalização do aborto era assegurada apenas em casos de gravidez como resultado de estupro ou em que a gestação oferece risco de morte à mãe. Agora a partir da decisão do STF, a gestante brasileira poderá interromper sua gravidez, quando o feto possuir uma formação biológica que o torne incapaz de sobreviver fora do útero (anencefalia), antes esta tinha que entrar na justiça pedindo a liberação legal do procedimento. 
Os argumentos alegados são diversos, tanto para os favoráveis quanto para os que contrariam a Arguição, porém ao que podemos perceber o STF, ao julgar a ADPF 54 procedente, mesmo contrariando o “direito à vida”, optou pelo caminho mais sensato, pois decidiu de forma laica (contrariando a posição da Igreja) e da maioria dos religiosos e assim evitando a colocação da vida da mãe em risco, o que aliviará os impactos pós-parto em que certamente seriam maiores após o nascimento, por conta da impotência que tanto os pais, quanto à família e a medicina possuem diante dos fatos.
Bibliografia:
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Institui o Código Penal. Diário Oficial [da] República do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (Med. Liminar) 54-8. Disponível em: 
http://www.tjrj.jus.br/institucional/dir_gerais/dgcon/pdf/artigos/direi_const/arguicao_de_descumprimento_de_preceito_fundamental.pdf
NALINI, José Renato. Filosofia e Ética Jurídica. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
Liberar aborto de feto sem cérebro é descartar ser humano, diz CNBB. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1075532-liberar-aborto-de-feto-sem- cerebro-e-descartar-ser-humano-diz-cnbb.shtml
Conselho Federal de Medicina vai definir critérios de anencefalia. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1075568-conselho-federal-de-medicina- vai-definir-criterios-de-anencefalia.shtml
Governo diz que vai garantir cumprimento da decisão do STF. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1075365-stf-decide-que-nao-e-crime-o- aborto-de-fetos-anencefalos.shtml
Descriminalização do Aborto nos casos de anencefalia: A preservação da dignidade da gestante. Disponível em:
http://www.webartigos.com/artigos/descriminalizacao-do-aborto-nos-casos-de-anencefalia-a-preservacao-da-dignidade-da-gestante/115264/
Gestantes de anencéfalos têm o direito de interromper gravidez. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=204878
Teoria Tridimensional do Direito
Miguel Reale é o principal precursor da Teoria Tridimensional do Direito no novo Código Civil Brasileiro, para que alcancemos a Teoria dentro do Código Civil é preciso saber do que ela propriamente dita aborda. Assim sendo, faz se necessário saber um pouco do Culturalismo Jurídico Brasileiro.
O Culturalismo apareceu no Brasil pela primeira vez na escola de Recife com os pensamentos de Tobias Barreto, o qual foi influenciado por obras de autores alemães. O Culturalismo era inicialmente um movimento que pretendia estudar o homem, sobretudo nas áreas da moral e do Direito, também sendo uma teoria que estuda a formação e o processo de refinamento de uma determinada sociedade.
 Mais tarde este movimento foi aperfeiçoado por outros alunos da escola de Recife, dentre eles Silvio Romero, alcançando um significado próprio e original no Brasil. O Culturalismo jurídico de Tobias como se pode ver em suas obras representou uma superação jusnaturalista de sua época e também do positivismo jurídico. Pode-se afirmar que o culturalismo jurídico assumiu uma extensão crítica, pelo fato de romper com a compreensão normativista do Direito, que se põe junto ao jusnaturalismo. 
Silvio Romero ao buscar conhecimento para com o Direito, nos apresenta seu culturalismo jurídico ao dizer e confirmar em umas de suas obras: “Neste conceito entra tudo aquilo que não é para o homem uma dádiva direta e imediata da natureza, senão resultado do trabalho espiritual da produção consciente e do esforço voluntário.”. 
O movimento da escola de Recife foi tão intensoque chegou à escola de Direito de São Paulo, no início de século XX, alguns estudiosos foram adeptos a este movimento, entre eles, Pedro Lessa, José Mendes, Oswald de Andrade e principalmente o Miguel Reale que foi o mediador da maior expressão do Culturalismo Jurídico da Faculdade de Direito de São Paulo.
A teoria tridimensional de Direito do Reale, é inserida no âmbito do Culturalismo Jurídico, contudo é forçoso reconhecer que o culturalismo jurídico de Miguel tornou-se a forma acabada de uma teoria inovadora do Direito e da justiça, em vários aspectos, diferente do Culturalismo Jurídico da Escola de Recife e alcançou significados próprios e originais no País.
De fato o culturalismo jurídico de Miguel Reale assumiu proporções de uma verdadeira teoria de justiça e do direito, com utilização de fundamentos axiológicos próprios e fundamentos epistemológicos e é esse o alcance teórico e prático da Teoria Tridimensional do Direito. Sendo assim pode-se dizer que a principal manifestação Culturalista de Miguel foi a Teoria Tridimensional do Direito e isto inovou em vários aspectos em relação à teoria do Culturalismo Jurídico da Escola de Recife.
A Teoria Tridimensional do Direito é constituída por três elementos, o primeiro elemento é o aspecto normativo, ou seja, o aspecto de ordenamento do Direito, o segundo é o aspecto fático, ou seja, o seu nicho social e histórico e o ultimo é o aspecto axiológico, ou seja, os valores buscados pela sociedade, como a Justiça, o conjunto destes três aspectos formam a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
O Direito, amplamente difundido, é apreciado como uma integração normativa de fatos, levando em consideração os valores. Para que haja tal integração, bem como interpretação, o aplicador do direito pode levar em consideração a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.  A teoria criada por Reale refletiu no Código Civil Brasileiro, principalmente no artigo 421 do Código Civil Brasileiro que mostra em sua essência uma influência culturalista e tridimensional.
O artigo 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Para ter ciência que a influência da Teoria Tridimensional do Direito influenciou o novo Código Civil Brasileiro, se faz necessário ter o conhecimento de que não existia no Código Civil disposição semelhante ou igual ao que hoje se encontra no mesmo e esta disposição juntamente com o instituto de função social da propriedade e juntos eles têm uma extrema importância para com a sociedade, uma vez que inserir esse instituto no Código Civil, Reale introduziu o mais relevante instrumento de intervenção jurídica do nosso ordenamento jurídico, do qual o Estado-Juiz avalia os malefícios liberalismo e do neoliberalismo, priorizando a proteção e integridade dos mais fracos.
É um dispositivo que auxilia o aplicador do Direito em coibir e minimizar abusos, integrando o instituto do contrato e as partes que integram os contratantes, aos valores de um bem comum e da finalidade da lei social.
A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale nasceu de um pensamento Kantiano de uma obra do grande filósofo Kant, que foi a obra “Kritik der Sttem” que observou a “A produção, em um ser racional da capacidade de escolher os próprios fins em geral e, consequentemente, de ser livre, deve-se à cultura”.
Referências:
GONZALEZ, Everaldo Tadeu Quilici. A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale e o novo Código Civil Brasileiro. Disponível em: http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/145.pdf.
NALINI, José Renato. Filosofia e Ética Jurídica. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
http://rosangelaltzhotmailcom.jusbrasil.com.br/artigos/111840162/teoria-tridimensional-do-direito-e-sua-dinamica
http://www.infoescola.com/filosofia/teoria-tridimensional-do-direito/

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