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Resumo - HEG - Cyro Rezende (cap6 - cap9)

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- CAP.6: O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA – 
 “A adoção dessa forma fabril de produção marca a ascensão do sistema 
econômico capitalista" (p.138) = A produção fabril permite o aumento de 
volume e produtividade. 
Durante esse período expandiu-se as condições que sintetizam o 
funcionamento de uma fábrica: a concentração dos fatores de produção nas 
mãos de um grupo e a força de trabalho como forma única de sobrevivência 
para outro grupo. 
 “Ele [capitalismo] não opera sua extração de excedente econômico nem 
se apropriando do produtor – como na escravidão -, nem do trabalho do 
produtor – como na economia dominial -. Tampouco apropria-se dos 
resultados do trabalho do produtor – como na economia senhorial. O 
capitalismo extrai excedente dentro do próprio processo de produção, de um 
produtor livre, através da diferença de valor que esse produtor recebe pela 
venda de mercadoria força de trabalho, em relação às mercadorias que essa 
força de trabalho produz. 
 “Essa forma de extração do excedente econômico, denominado mais-
valia, faz com que não exista relação alguma entre o valor que o produtor 
recebe e o valor que ele cria. Na verdade, o valor que o produtor recebe pela 
venda de sua força de trabalho – denominado salário -, corresponde ao 
necessário para garantir apenas sua própria reprodução” (p.139). 
É importante destacar que a definição acima é, evidentemente, de ordem 
marxista. Ao meu ver, a teoria marxista é consideravelmente aplicável ao 
momento em que foi formulada e às circunstâncias do processo econômico 
vigente. É evidente que o momento econômico atual apresenta grandes 
discrepâncias entre as características socioeconômicas do período histórico 
em que a teoria [marxista] fora formulada. Em outras palavras, é 
completamente anacrônico atribuir validade às teorias e explicações 
marxistas aos nossos dias. Julgo de suma importância manter sempre em 
mente que as explicações e teorias apresentadas cabem justamente no 
momento estudado. 
 Nesse sistema, o valor da produção (produtividade) pode ser aumentado 
através da inserção de novas técnicas e/ou tecnologias no processo produtivo. 
 “Por outro lado, o capitalismo não realiza o pleno emprego. Ao 
contrário, ele leva à formação do que se denomina exército de reserva de mão 
de obra, que é constituído por trabalhadores mantidos desempregados, ou 
mesmo por produtores ainda não completamente destituídos dos meios de 
produção, localizados principalmente nas éreas rurais. Sua constituição 
obedece a um duplo propósito: permitir a rotatividade da mão de obra, 
barateando os salários e dificultando a formação do proletariado em um bloco 
coeso, e também garantir uma reserva estratégia para a futura expansão do 
sistema, ou para ser reforço em épocas de retração da demanda” (p.140). 
- A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA – 
 Chamada também de Primeira Revolução Industrial, foi restrita à 
Inglaterra. 
 A verdadeira essência dessa Revolução foi a alteração da força motriz: 
antes desse momento, qualquer movimento era feito a partir de processos 
humanos ou animais, vento ou água... Entre 1769 e 1782 os processos 
mecânicos passam a ser resultado da introdução do vapor como gerador do 
movimento (James Watt). 
 A partir daí a tecnologia, industrialização, crescimento demográfico, 
crescimento econômico, etc. dão um enorme salto: meios de transporte mais 
rápidos e eficientes – como as locomotivas a vapor. Isso vai impactar o setor 
mineiro (especialmente os setores de carvão e ferro). 
 “Seu efeito mais permanente e radial, no entanto, foi o de possibilitar 
ao homem estabelecer a duração dos ciclos produtivos, sem maiores 
considerações para com as forças da natureza, que agora podiam ser 
contínuos, melhor se adequando às flutuações da demanda” (p.141). 
 Outra consequência foi o emprego de grandes empregados que podiam 
ser facilmente treinados para realizarem operações repetitivas. Passa-se da 
habilidade individual da manufatura para o processo fabril da 
maquinofatura. 
 “Em termos de produção, a Revolução Industrial Inglesa caracterizou-
se por um tripé: a indústria têxtil1, a siderurgia2 e a mineração de carvão3” 
(p.141). 
1 I
N
D
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ST
R
IA
 T
ÊX
TI
L •O segmento que 
liderou o mercado 
têxtil foi a produção 
de algodão, apesar 
da ainda ativa 
indústria de lã. Em 
1830 as exportações 
de algodão 
chegaram a 
representar 50,3% 
de todas as 
exportações inglesas.
2 I
N
D
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ST
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IA
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G
IC
A •A principal razão 
para o aumento das 
produções 
siderúrgicas foi, sem 
dúvida, a expansão 
das ferrovias. Em 
1850, a construção 
de 6 milhas de 
ferrovias 
movimentou a 
produção de cerca 
de 2 milhões de 
toneladas de ferro 
no mesmo ano.
3 I
N
D
Ú
ST
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 D
O
 C
A
R
V
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O •Teve um aumento 
significativamente 
grande nesse 
período por ser o 
combustível básico 
para a máquina a 
vapor. A mineração 
de carvão aumentou 
de 16 milhões de 
toneladas para 50 
milhões de toneladas 
em 20 anos.
- O ÊXODO RURAL INGLÊS – 
 “A cidade transformou-se no centro produto e consumidor de toda a 
economia, relegando o campo a uma posição economicamente secundária. A 
própria cidade de Manchester teve sua população de 17 mil habitantes em 
1760, decuplicada para 180 mil em 1830. Por volta de 1850, várias cidades 
industrias inglesas possuíam cerca de 300 mil habitantes – Bradorf, 
Liverpool, Leeds, Sheffield, Birmingham, Bristol –, e Londres concentrava 
4 milhões de habitantes em 1880. Uma vez desencadeado, esse processo de 
urbanização que a fábrica provoca torna-se irreversível; a Inglaterra vê sua 
produção rural, que representava 52% em 1851 baixar para 31% em 1881, e para 
apenas 22% em 1911” (p.143). 
- AS CONDIÇÕES DO TRABALHADOR – 
 “’Natureza humana esmigalhada, defraudada, oprimida e esmagada, 
lançada em fragmentos sangrentos por toda face da sociedade. A cada dia de 
minha vida agradeço aos Céus não ser um pobre com família na Inglaterra’’. 
 Visto tais condições, é evidente que o trabalhador (proletariado) tenha 
se revoltado. Essas manifestações de insatisfação trouxeram frutos: jornadas 
de trabalho reduzidas para 12 horas para o trabalho infantil; trabalho 
infantil e feminino proibidos nas minas de carvão; em 1842 é fixada como 10 
horas a jornada máxima diária para mulheres e crianças. Em 1847 essas 
horas máximas passam a ser instituídas em todas as fábricas. 
- A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – 
 “[...] o novo conjunto de inovações técnicas que surge a partir da 
segunda metade do XIX estende-se a vários países da Europa [...], aos Estados 
Unidos e aos Japão. [...]. 
 “Esse novo conjunto de inovações [...] trouxe profundas alterações ao 
sistema econômico capitalista, mudando sua organização e estrutura, e levou-
o da “infância” à “adolescência”. 
 Se comparado com a 1ªR.I., vemos que durante a 2ºR.I. o 
desenvolvimento das linhas de transporte férreas continua ativa e impetuosa 
(a Inglaterra já possuía, em 1913, 23.000Km de linhas férreas; Alemanha, 
França, Rússia e EUA já possuíam, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, 
respectivamente 62.000, 48.000, 67.000 e 540.000 Km de ferrovias), mas, a 
antiga matriz energética (o vapor d’água) é substituído pela eletricidade 
(representada pela lâmpada incandescente de Thomas Edison de 1879) e pelo 
petróleo, que tornou possível o motor a combustão. O ferro, antes um produto 
industrializado, passa a ser matéria-prima para a produção do aço, fabricado 
pela primeira vez em 1856 por Henry Bessemer com a passagem de ar através 
do ferro em estado de fusão; em 1864 a sucata de ferro e aço pôde ser 
reaproveitada graças ao processo Martin, que transforma ferro em aço em um 
forno de revérbero. Houve ainda a criação do processoThomas em 1878 que 
retém o ferro do minério de ferro. Ajudou no desenvolvimento das diversas 
técnicas das diversas áreas fabris a crescente independência da indústria 
química. Foi nesse período também que as fábricas conhecem o sistema de 
linhas de montagem com o fordismo e o taylorismo. 
 Entretanto, é de determinante e imprescindível importância lembrar 
que a adoção desses sistemas - e as próprias pesquisas – representaram custos 
e não significavam retornos de investimentos a curto prazo. 
 Essa problemática levou o aparecimento dos cartéis e dos trustes, que 
dizimaram as pequenas e médias empresas, graças a impossibilidade de 
concorrência. A esse novo tipo de empresa capitalista deu-se o nome de 
holding, caracterizadas pela prática do monopólio. 
 “A livre concorrência entre as empresas, pela conquista do mercado 
consumidor, faz naturalmente com que o ‘capital maior engula o capital 
menor’, concentrando-o. Esse capital concentrado, por sua vez, pelo domínio 
que ele exerce sobre o mercado, dada a ausência de concorrência, faz com que 
ele possa maximizar seus lucros, estabelecendo nesse sentido os preços e 
controlando a oferta. Esse capital monopolista manifesta-se pela constituição 
de dois tipos de empresas, os trustes e os cartéis. Os primeiros são acumulações 
verticais de capitais, que controlam a oferta de determinado produto, desde 
as fontes de matérias-primas, passando pelos processos de fabricação, até sua 
comercialização. Os segundos, são acumulações horizontais de capitais, que 
controlando apenas parte do setor produtivo, levam as diferentes empresas 
especializadas em suas diversas etapas, a associarem-se a fim de impedir a 
concorrência e controlar os mercados” (p.148). 
- CAP.7: O NOVO COLONIALISMO – 
 “Na virada do século não existe região alguma no globo, que não esteja 
submetida, em maior ou menor grau, a uma relação de trocas desiguais com 
os países industrializados” (p.163). 
- O CAPITAL MONOPOLISTA – 
 As experiências de livre mercado tiverem êxito histórico somente no 
início do capitalismo, pois na virada do século essa experiência já não era 
mais possível graças ao desequilíbrio do mercado em relação à produtividade 
das empresas. Além disso, os diversos processos monopólicos impediam o 
crescimento (e mesmo o surgimento) de pequenas empresas. 
 “Dessa forma, o capital naturalmente concentrou-se, segundo a clássica 
forma do ‘capital maior engole o capital menor’. Foi auxiliado pela 
conjuntura negativa, que produziu uma constante queda nos preços dos 
produtos industrializados, e terminou por levar à extinção as formas menos 
sólidas ou com uma baixa produtividade” (p.164). 
 “[...] os processos produtivos caros e de longo retorno acabaram por 
fazer da concentração de capitais, a forma necessária para a continuidade do 
processo capitalista de produção” (p.165). 
 Graças às práticas monopolistas a oferta pode ser controlada por grupos 
pequenos, concentrando os lucros ao mesmo tempo que as novas tecnologias 
geram maior produtividade, reduzindo a necessidade da mão de obra humana 
em um período de acentuado crescimento demográfico. 
 “O capitalismo esgotara sua capacidade de manter o desenvolvimento 
econômico baseado unicamente nos mercados internos nacionais” (p.166). 
 Políticas protecionistas e dumping agravaram a situação econômica 
pois a conjuntura era de demanda retraída. Tudo isso fez com que houvesse o 
aumento do desemprego a fim de se evitar a redução dos lucros. 
INOVAÇÃO 
TÉCNICA
REDUÇÃO 
DA 
DEMANDA 
DE MÃO 
DE OBRA
REDUÇÃO 
DA 
DEMANDA 
DE 
MERCADO
INCAPACI-
DADE DE 
DESENVOL-
VIMENTO 
ECONÔMICO 
(LUCRO)
RETRAÇÃO 
DO 
MERCADO 
INTERNO
1 ESQUEMA DA PROBLEMÁTICA INTERNA 
MERCADOS 
EXTERNOS EM 
PROCESSO DE 
INDUSTRIALI-
ZAÇÃO
CONCOR-
RÊNCIA 
EXTERNA
IMPLEMENTA-
ÇÃO DE 
POLÍTICAS 
PROTECIONIS-
TAS E DUMPING
INCAPACIDADE 
DE 
DESENVOLVI-
MENTO 
ECONÔMICO 
(LUCRO)
DESEMPREGO 
E REDUÇÃO 
DE HORAS DE 
TRABALHO
2 ESQUEMA DA PROBLEMÁTICA EXTERNA 
- O IMPERIALISMO – 
 A solução para toda a conjuntura negativa foi a transformação de áreas 
antes inexploradas em áreas exploráveis, importadoras e fornecedoras de 
matéria-prima. 
 Isso explica a voracidade com que as áreas periféricas foram tomadas 
pelos países industrializados. 
 Nesse momento histórico há um globo dualista: de um lado, países 
industrializados-centrais; do outro, países produtores-periféricos. Quase que 
a totalidade dos países do primeiro grupo eram europeus. As exceções eram os 
EUA e os impérios otomano e chinês. Os dois últimos sofreram fortes pressões 
para que cedessem territórios e concessões econômicas aos demais países do 
globo. 
 Ao criar relações com o exterior, os países capitalistas 
internacionalizaram a economia, com os investimentos de capitais 
direcionados às novas áreas periféricas nas indústrias extrativas, 
comunicações e transportes das matérias-primas. 
 A fim de garantir a estabilidade da taxa de câmbio (importante mais 
do que nunca), os países adotaram o padrão-ouro. Até mesmo os EUA – 
grandes exploradores da prata – o adotaram em 1900. 
 “Como os investimentos de capitais foram direcionados para as 
matérias-primas e produtos primários desejados pelos países 
industrializados, o imperialismo implicou também numa especialização 
produtiva em nível mundial. Isso deu aos países periféricos uma falsa noção 
de progresso, uma vez que eles não eram capazes de manter seu 
desenvolvimento econômico, sem maciças importações de capital que se 
dirigiam prioritariamente para baratear e racionalizar o escoamento de seus 
produtos primários (ferrovias, portos, eletricidade). E isso só se agravava sua 
situação de dependência. 
 “Entre 1900 e 1914, os produtos primários correspondiam a 2 3⁄ de 
todas as mercadorias em circulação no comércio mundial. Fica evidente o 
grau de dependência das regiões periféricas sob o imperialismo” (p.171). 
“O país mais favorecido nessa fase do imperialismo foram os EUA, uma vez 
que além de nação industrializada eram grandes produtores de matérias-
primas. Sua participação nas exportações mundiais se elevou de 11,7% para 
14,8% entre 1896 e 1913, enquanto a Inglaterra apresentou uma queda de 16,3% 
para 13,1% no mesmo período” (p.172). 
ÍNDIA E CHINA
80% das 
exportações 
de CHÁ
BRASIL
60% das 
exportações 
de CAFÉ
CUBA E 
INDONÉSIA
65% das 
exportações 
de AÇÚCAR
EGITO E ÍNDIA
ALGODÃO
AUSTRÁLIA E 
ARGENTINA
LÃ
CHILE, PERU E 
MÉXICO
MINÉRIO DE 
COBRE
BOLÍVIA E 
MALÁSIA
ESTANHO
BORNÉU E 
INDONÉSIA
PETRÓLEO
- AS FORMA DE IMPERIALISMO – 
 1. IMPERIALISMO INFORMAL: dominação das áreas periféricas 
sem a dominação política, ou seja, se trata de uma relação entre países 
independentes, mas com dependência econômica, uma vez que esses países 
periféricos produzem e exportam matérias-primas de interesse aos países 
industrializados. 
 O melhor exemplo para essa forma de imperialismo é, sem dúvida, a 
América Latina que exportava para a Europa três grupos de produtos 
primários: os de clima temperado, os de clima tropical e os de minerais. 
 O Brasil se enquadra no segundo grupo, sendo exportador em nível 
mundial de café. 
 É imprescindível ressaltar que todas essas experiências de 
imperialismo (em qualquer forma em que ela se apresente) o investimento de 
capitais estrangeiros levou à constituição de grandes centros de produção, 
urbanização localizada, implantação de ferrovias e a possibilidade das 
inovações técnicas. Em contrapartida, os altos investimentos de capital 
estrangeiros não deixam espaço para o desenvolvimento (nem seque para o 
surgimento) de companhias nacionais, sejam estatais ou privadas, ou seja, a 
desnacionalização dos setores mais importantes da economia. 
 “O rumor que corria porvolta de 1910, de que os gringos possuíam mais 
do México do que os próprios mexicanos, estava longe de ser um exagero” 
(p.176). 
 2. IMPERIALISMO FORMAL: dominação das áreas periféricas com 
a dominação política, ou seja, se trata de uma relação de país central-capital 
versus país periférico-colônia, com dependências política e econômica, e uma 
ocupação altamente rentável. 
 Como o interesse dos países industrializados era puramente econômico 
e exploratório, não é de se admirar que as condições básicas aos nativos dessas 
regiões (como educação, saneamento e saúde) fora completamente ignorada 
pelas potências dominadoras. Tudo isso, como fim, as maximizações dos 
lucros. 
 Essa forma de imperialismo é dividida, ainda, em mais quatro tipos. 
 2.1. Colônias de enraizamento: “Serviram basicamente para receber os 
excedentes populacionais dos países da área central, [...]”; “[...] não deixam de 
conservar um caráter colonial, pela falta de autonomia política, pelos 
investimentos externos centrados na infra-estrutura [...]” (p.177). 
 Os exemplos-padrão: Nova Zelândia e Austrália. 
 2.2 Colônias de enquadramento: é a colonização caracterizada pelas 
imposições administrativas, jurídicas e de segurança da capital para com a 
área ocupada. O melhor exemplo é o da Índia Britânica, “onde menos de 5 
mil funcionários ingleses eram responsáveis pelo controle de 300 milhões de 
indianos, pela guarda de suas fronteiras, pela administração de seu território 
e pela supervisão de sua economia” (p.178). O processo econômico era baseado 
na superexploração dos nativos e na espoliação dos recursos naturais. 
 2.3 Protetorados: forma de dominação onde os colonizadores mantêm e 
preservam a estrutura política vigente, exercendo uma dominação indireta 
baseada na cooptação das elites locais, que tinham suas propriedades 
intocadas, ao passo que as demais áreas foram cedidas aos dominadores, em 
que a população era empregada. 
 2.4 Áreas de influência: regiões independentes como potencial 
fornecedora de receita através de concessões econômicas e territórios anexos. 
 “O que o capitalismo fez, sob a prática capitalista, foi solucionar de 
imediato os dois problemas principais que atingiam suas áreas centrais: o 
excesso de capitais e o excedente populacional. O alargamento do mercado 
consumidor de produtos industrializados se daria como decorrência, tanto da 
presença imperialista nas áreas periféricas, como do melhor nível de 
remuneração salarial nas áreas centrais” (p.182). 
- OS DOIS MOMENTOS DO CAPITALISMO – 
 1º: capitalismo no início do séc. XIX: Inglaterra como centro urbano, 
tecnológico e comercial. O excedente produtivo deveria ser absorvido. Coube 
aos países ainda pouco desenvolvidos essa tarefa (como o Brasil). 
 2º: capitalismo do final do séc. XIX e início do XX: capital ocioso. 
Mais uma vez, coube aos países menos desenvolvidos a tarefa de suprir a 
necessidade por demanda de polos de investimento das grandes capitas. 
 Surge nesse momento as sociedades de massa, que nada mais são do que 
as típicas sociedades do início do séc. XX que vão aos poucos, descobrindo e 
familiarizando-se com a modernidade: assalariamento, consumo, lazer, o 
início da oportunidade de ganhar dinheiro, o cinema e o cigarro. 
 “Estendera-se a todas as partes do mundo, e constituíra em sua área 
central um pujante mercado consumidor alimentado por uma população 
assalariada em crescimento, enquanto sujeitava sua área periférica a uma 
relação de trocas desiguais, que só contribuía para sua auto-reprodução” 
(p.186). 
- CAP.8: O TESTE DO CAPITALISMO – 
 “No período que se estende de 1914 a meados da década de 1950, o 
sistema econômico capitalista passou por uma série de eventos conjunturais 
que, somados, refletem uma crise de crescimento [...]” (p.187). 
 
 
- A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - 
 Apesar de usada como desculpa durante anos para o início da Primeira 
Guerra Mundial, a morte do arquiduque do Império Austro-Húngaro não foi 
a principal e único motivo para o estopim da guerra. Esta foi gerada da 
instabilidade política e muito mais da instabilidade econômica, já que as 
potências divergiam quanto à divisão dos territórios periféricos da economia-
mundo, os quais acabaram envolvendo-se e participando de uma forma ou 
outra para o desenvolvimento do conflito. 
 Em uma economia de guerra, os países procuram, majoritariamente, a 
eficiência plena em um sistema autossuficiente voltado à produção de 
produtos bélicos, com o Estado no controle da produção. Na Alemanha, por 
exemplo, “Já em 1914 é criado o Kriegs-Rohstoff-Abteilung (Departamento 
de matérias-primas para a guerra), que efetua uma política de 
direcionamento das matérias-primas para a indústria de armamentos, 
organiza a exploração nos territórios ocupados, incentiva a descoberta de 
novos métodos produtivos e, principalmente, desenvolve a utilização de 
substitutivos para as matérias-primas mais raras, apoiando a enorme 
indústria química alemã”. 
 Mas toda essa necessidade de trabalho adicional é rapidamente 
impedida por um problema bem simples: quantos indivíduos vão trabalhar 
no setor produtivo e quantos estarão nas linhas de batalha? É um trade-off 
bastante delicado, se analisado com os respectivos jargões econômicos; há 
custos de oportunidade incalculáveis entre garantir o sucesso na produção e 
garantir o sucesso na guerra. 
 De maneira ainda mais direta, analisando economicamente a situação: 
o esforço econômico da guerra impeliu o aumento dos impostos aliado ao 
aumento da emissão e circulação de moeda em praticamente todas as 
potências mais envolvidas na guerra. Nesse jogo econômico tudo era válido: 
da formação de carteis à formação de alianças entre as nações no setor 
aduaneiro. 
- OS EFEITOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - 
 É natural que se comece citando o Tratado de Versalhes como principal 
consequência da primeira grande guerra e esquecendo-se, portanto, de 
consequências muito mais latentes e menos explícitas, como: 
I. A Europa perde sua posição como centro político-econômico no cenário 
mundial para os EUA que se vê agora como credor da soma de mais de 
4 bilhões de dólares de todas as – antigas – potências europeias. Em 
outras palavras, toda a Europa se via em uma situação econômica 
desfavorável, mesmo os países neutros, como Holanda, Suíça e Suécia. 
“A tarefa primordial da Europa em 1918, era a da sua reconstrução 
econômica” (p. 193). 
II. O Japão foi um grande beneficiário da guerra: apoderou-se de 
territórios alemães, conquistou mercados como China, Indochina 
Francesa, Rússia e até mesmo espaços na costa oeste americana em 
1917, além de Chile e Peru. 
III. Graças à desordem da marinha mercante, diversos países (como o 
Brasil) se viram na necessidade de industrializar-se como alternativa 
às importações que não mais tinham acesso. Outra consequência foi 
que justamente esses mesmo países podiam agora servir de exportadores 
de produtos primários para uma Europa destruída e fragilizada pela 
guerra; ou seja: esses mesmo países investiram, eles mesmos, em suas 
próprias marinhas mercantes. 
IV. O auxílio das colônias às suas respectivas capitais (a Índia, por 
exemplo, levou mais de um milhão de homens como soldados das forças 
britânicas) fomentou um espírito libertário por parte de suas elites, o 
que levou diversos países à luta pela liberdade e independência 
política. 
V. A Rússia perdera mais de 1 milhão de mortes de militares e 2 milhões 
de civis. 
VI. “[...] havia uma convicção geral [...] de que as Potências Centrais – 
particularmente a Alemanha –, pagariam pelos colossais danos que a 
guerra causara [...]. Nesse sentido, parecia perfeitamente natural, a 
tomada definitiva das colônias alemãs, e a apropriação de suas patentes 
industriais,além da divisão dos territórios do Império Otomano que se 
desagregara, entre os países vencedores, como uma forma de ‘justa 
recompensa’” (p.194). 
Nesse cenário, mais do que nunca, a presença do Estado regulador se fez 
necessária. Uma das soluções encontradas foi (agora sim) o Tratado de 
Versalhes, que impôs à Alemanha a cessão de navios, equipamentos, 
recursos naturais e propriedades no exterior, além da estratosférica dívida 
de 132 bilhões de marcos em reparações. 
 Toda essa negativa conjuntura negativa mundial levou à obscura 
década que vai de 1920 a 1930, marcada por óbice atrás de óbice. 
- A DÉCADA DE 20 - 
 “[..] os Estados Unidos, atravessando um período de notável 
prosperidade, devido mais aos créditos acumulados no período da guerra 
junto aos países aliados, que a um alargamento real de seu mercado 
consumidor interno, tentaram manter sua produção industrial nos mesmo 
níveis do período bélico, se não mesmo aumentá-la, mesmo que para tal, 
tivessem que financiar seus consumos interno e externo, com os capitais 
que acumularam em nível de se tornarem ociosos. 
 “[...]. Quando os Estados Unidos viram-se impossibilitados de 
continuar a sustentar seus níveis de consumo interno, por uma absoluta 
escassez de capitais que se haviam transformado em estoque ou em 
investimentos externos, a economia-mundo mergulhou em sua crise mais 
grave, para a qual a solução ultrapassava os mecanismos “clássicos” de 
controle” (p.197). 
Apesar de se parecer como a década de recuperação do mundo depois 
de uma guerra mundial e uma epidemia, os anos de 1920 a 1930 foram, na 
verdade, os prenúncios de uma das piores depressões econômicas que o 
mundo já presenciou. 
- A EUROPA E OS ANOS 20 - 
 A preocupação principal da Europa no início da década de 20 era 
reestabelecer o padrão-ouro uma vez que títulos e depósitos bancários eram 
baseados nesse padrão. 
 Além disso, a grande dívida da Alemanha forçava o cenário econômico 
mundial a adotar alguma garantia de que o país seria capaz de pagar a dívida. 
Durante muito tempo, a Alemanha emitiu moeda sem lastro provocando sua 
desvalorização a níveis calamitosos. 
 
 
 
 1918 1920 1921 1922 1923 
Marcos/US$1,00 8 marcos 40 marcos 184 marcos 7.350 marcos 14.000.000.000.000 marcos 
 
 
 
“O marco é abandonado por não valer mais nada, o que diminui mais 
ainda seu valor e obriga o governo a emitir mais, formando-se um círculo 
vicioso de efeitos catastróficos” (p.199). 
Em 1924 é criado o Plano Dawes: reescalona a dívida, faz as grandes 
indústrias comprometerem-se com partes da dívida, cria uma nova moeda 
(Deutschmark) lastreada ao padrão-ouro. Só aí que a economia alemã retorna 
ao crescimento. 
2 ANOS 1 ANO 1 ANO 1 ANO 
32 MARCOS 144 MARCOS 
7.166 
MARCOS 
13.999.999.992.650 
MARCOS 
Isso não quer dizer, porém, que a economia da Europa como um todo 
está nos caminhos da restituição da felicidade; ao invés disso, os números 
disponíveis nos mostram um claro retrocesso em comparação com as demais 
partes do globo (Canadá, Estados Unidos e Japão representavam 300%, em 
média, de suas participações nas exportações-mundo, ao passo que o maior 
exportador da Europa não apresentava um volume de 50%). 
- OS ESTADOS UNIDOS DURANTE A DÉCADA DE 1920 - 
 No início da década de 1920 (1920 a 1922), os EUA passaram por um 
período de reconversão pós-guerra, um momento um tanto quanto delicado 
para todos os países do globo. 
 Após esse período, os Estados Unidos passaram por um período de 
liberalismo que trouxe a concentração de capital, fato que auxiliou a 
prosperidade, longe, entretanto, de ser uma prosperidade partilhada 
equitativamente. 
 Outro problema válido a ser pontuado é a formação de estoques que 
levou à contração das taxas de lucro. “[...]. Já no verão de 1929, percebendo 
que no setor configurava-se uma crise de superprodução, a indústria 
automobilística cortou suas compras de matérias-primas (borracha, aço, 
vidro, etc.). Isso iniciou uma reação em cadeia, uma vez que a indústria de 
base era dominada pela de consumo de bens, respondendo o setor 
automobilístico pelo consumo de 15% da produção total de aço norte-
americano” (p.204). 
 Concomitantemente, o cenário conjuntural da Europa continuava em 
um lento reajuste. 
- A CRISE DE 1929 - 
 “As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade 
norte-americana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa, que 
de 1923 a 1926 fez as transações na Bolsa de Nova York subirem de 236 para 
451 milhões de títulos, enquanto o preço médio de 25 títulos representativos 
subiu 54%” (p.207). 
 A crise de 1929 que partiu dos EUA teve seu fundamento em: 
I. No excesso de mercadorias paradas (formação de estoque) 
II. Na especulação das ações, o que levou ao efeito manada 
III. A utilização dos débitos como créditos por parte dos EUA 
- A GRANDE DEPRESSÃO - 
 A grande depressão de 29, como dito, foi causada por alguns fatores. 
Explicando-os e destrinchando-os ponto a ponto: 
I. No excesso de mercadorias paradas (formação de estoque): a formação 
de estoque leva ao aumento do desemprego. Isso leva à retração da 
demanda de mercado, diminuindo os lucros (como aconteceu na época 
da Revolução Industrial). Uma das causas da formação de estoques foi 
a reestruturação dos mercados europeus, que, anteriormente, 
consumiam os produtos estadunidenses. 
II. Na especulação das ações, o que levou ao efeito manada: o aumento dos 
investimentos em ações sem que elas efetivamente tivessem se 
valorizado (especulação) levou, em certa hora, a retirada em massa dos 
investidores – o chamado “efeito manada”. 
III. A utilização dos débitos como créditos por parte dos EUA: a redução 
das dívidas externas em função da utilização dos créditos que os EUA 
tinham no mercado internacional fez com que os Estados Unidos não 
acumulassem capital internamente, reduzindo a taxa de crescimento. 
- REAÇÃO À GRANDE DEPRESSÃO: O NEOLIBERALISMO - 
 “O termo neoliberalismo foi usado para designar a prática econômica 
que privilegia o intervencionismo estatal, para corrigir distorções impossíveis 
de serem superadas pelos mecanismos de mercado” (p.211). 
 O principal programa de reestruturação do mercado norte-americano 
como resposta à Depressão de 29 foi o plano econômico New Deal. O plano 
fundamentou-se, basicamente, no aumento das dívidas públicas como 
incentivo do mercado: construção e aprimoramento da infraestrutura, como 
rodovias, escolas, hospitais, etc., o que gerou empregos e estimulou a roda da 
economia.

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