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Ponto 2 - Civil

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PONTO 2
DIREITO CIVIL
Fontes do Direito. Direito Objetivo e Subjetivo. Elementos do Direito Positivo. Integração e Interpretação da Norma Jurídica: Direito das Obrigações: Solidariedade ativa e solidariedade passiva. Extinção das obrigações com e sem pagamento.
FONTES DO DIREITO
A) Fontes Materiais: Que determinam a formulação da norma jurídica (histórica, filosófica, sociológica); Ex.: o Corpus Iuris Civilis.
B) Fontes Formais Principais (primárias): Determinam os modos de formação e revelação das normas jurídicas. Dividem-se em dois grandes grupos: Estatais (lei e jurisprudência) e Não-Estatais (costume e doutrina).
Pacífico: são fontes formais primárias de direito a lei e os costumes.
Polêmica: Caio Mário, em entendimento conservador, afirma que, cientificamente, a jurisprudência não é fonte formal do direito porque, nos sistemas de direito escrito, a repetição dos julgamentos dos tribunais tem por fundamento a regra legal, e não a decisão judicial em si mesma. Por outro lado, denomina-a fonte informativa, intelectual ou prática do direito.
	A teoria moderna das fontes do direito identifica seu elemento essencial na vontade e, por isso, criou a concepção de que as fontes seriam os atos jurídicos (em conceito que não se confunde o da conhecida distinção entre atos jurídicos e negócios), que se subdividem nas seguintes espécies:
a)ato-regra, como a lei e o direito estatutário ou corporativo (normas que regulam a vida em uma instituição como os condomínios e empresas);
b)ato subjetivo, que é uma declaração de vontade, unilateral ou bilateral, com a finalidade de produzir efeitos jurídicos, dentro de lindes restritos, ou seja, não extensíveis a quem não participe da declaração volitiva;
c)ato-condição, aquele que resulta de uma declaração de vontade apta a colocar o indivíduo em uma situação, como a nomeação de servidor público e o casamento; e
d) o ato jurisdicional.
C) Fontes Formais Secundárias: Analogia, costumes, princípios gerais do Direito (Art. 4º LINDB) + equidade;
D) Fontes Controversas: Doutrina, convenções sociais, etc.
	Atualmente, é pacífico que doutrina não é fonte do direito, pois o doutrinador não possui legitimidade estatal pra criar, modificar ou extinguir direitos.
	Quanto às convenções sociais, ainda há controvérsia acerca da possibilidade de estas serem fonte do direito, visto que elas não são criadas pelo Estado.
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
Não há dicotomia entre direito subjetivo e direito objetivo. Para que a SUBJETIVIDADE possa se manifestar, é preciso que a pretensão esteja OBJETIVAMENTE prevista e garantida. Essa objetividade está relacionada à positividade, ou seja, o direito objetivo deve estar previsto em normas jurídicas.
	Direito Objetivo
	Direito Subjetivo
	Ius est norma agendi. É o direito como comando do poder público. É o conjunto de normas de comportamento (norma agendi) expresso no ordenamento.
	Ius est facultas agendi. É o direito como a faculdade de ação individual contida na norma.
Direito Subjetivo. Teorias.
1) Teoria da Vontade de Windscheid – poder da vontade humana garantido pelo ordenamento. A vontade é o elemento essencial. A maior crítica feita a essa teoria, afirma que a ausência de vontade não revela ausência de direito.
2) Teoria do Interesse do Ihering - “o direito subjetivo é um interesse juridicamente protegido”. Os interesses concretos, e não a vontade abstrata, constitui o conteúdo do direito subjetivo. Existe interesse, mesmo sem vontade. Crítica: há interesses defendidos pela Lei que não garantem o exercício de direito subjetivo (ex: indústria nacional com interesse na fiscalização alfandegária).
3) Teoria Mista de Jellinek – Dir. subjetivo como poder da vontade, ao mesmo tempo em que se revela como interesse protegido pelo ordenamento jurídico. Crítica reúne as deficiências das duas teorias anteriores.
4) Teoria Negativistas do Direito Subjetivo (Kelsen e Leon Duguit) – negam a existência do direito subjetivo – não há poder de comando de um indivíduo sobre o outro. Só a norma posta pode determinar o comportamento dos indivíduos. Direito subjetivo é o contraponto da obrigação determinada na norma.
	Direito Subjetivo
	Direito Potestativo
	É direito a uma prestação. É suscetível de violação.
O direito subjetivo é o direito-poder ou direito-prerrogativa. É a permissão para FAZER ou NÃO FAZER alguma coisa ou para exigir o cumprimento da norma violada ou a reparação do mal sofrido, por meio dos órgãos competentes do Poder Público.
	- conferem a seu titular a prerrogativa de invadir a órbita jurídica de outra pessoa, independentemente de sua vontade.
-a satisfação dos direitos potestativos independe da conduta do devedor. Representam um estado de sujeição do devedor em relação ao credor.
	- objeto: prestação de dar, fazer, não fazer.
	-é um direito-poder. [latim: poder potestas]
	-assegurados pelas AÇÕES CONDENATÓRIAS
	- assegurados pelas AÇÕES CONSTITUTIVAS.
	-são perpétuos. Os direitos subjetivos são perpétuos, mas, uma vez violados, surge a pretensão, esta sim deve ser limitada no tempo.
	-muitos são limitados no tempo, e esse limite á a decadência.
	A PRESCRIÇÃO atinge a pretensão
PRETENSÃO: poder jurídico coercitivo reconhecido ao credor de subordinar o interesse do devedor ao seu, e que nasce da violação de um direito à prestação.
PRESCRIÇÃO limite no tempo da pretensão, que surge com a violação do direito a uma prestação.
	A DECADÊNCIA atinge o direito
DECADÊNCIA limite no tempo de um direito potestativo.
O direito potestativo pode dar ensejo a prazo decadencial (art. 1.560, CC) ou não (art. 1.320,CC)
“Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação.
[...]
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.”
Direitos subjetivos. Classificação:
A) Absolutos ou Relativos: Absoluto é aquele direito subjetivo que não admite exceção, enquanto que o relativo admite. (e.g. direito a não ser torturado seria absoluto para alguns)
B) Reais e Pessoais: Reais são os direitos sobre a coisa (propriedade, posse, dentre outros) e pessoais são relacionados à personalidade (direito ao nome, à imagem, à honra, dentre outros).
C) Principais ou Acessórios: Por exemplo, direito subjetivo principal é a entrega da coisa e o direito acessório são os juros correspondentes, o dano moral, dentre outros. O acessório segue o principal e, portanto, se o principal não mais existir, o acessório não será mais exigível, em regra.
D) Transmissíveis e Intransmissíveis: A propriedade é um exemplo de direito subjetivo transmissível e os direitos trabalhistas são exemplos de direitos intransmissíveis.
E) Públicos e Privados: Direitos subjetivos públicos são, por exemplo, os direitos políticos e possuem, em regra, alto grau de efetivação judicial. Exemplo: Mandado de Segurança, ações eleitorais, dentre outros. Por Direitos subjetivos privados, tem-se a defesa da propriedade, dentre outros.
ELEMENTOS DO DIREITO POSITIVO
Conceito de Direito Positivo. Hans Kelsen, no capítulo 1 de sua Teoria Pura do Direito, ao caracterizar o direito positivo escreve:
“[1] Devem ser prescrições impostas por seres humanos, que por meio de atos de vontade explícitos, quer mediante costumens e não, portanto, através de regras atribuídas a autoridades sobre-humanas, como Deus ou a Natureza.
[2] Devem ser prescrições estabelecidas para os seres humanos, isto é, destinadas a eles. Para esboçar preliminarmente essa destinação, diríamos que ela abrange, enquanto as estabelece, uma determinada conduta – dispondo, habitualmente, de força coercitiva organizada.
[3] O sistema de regras que se tem aceito deveser efetivo, quer dizer, seguido ou cumprido de modo geral.”
	Direito Positivo
	Direito Natural
	O direito é positivo na medida em que sua formação, alteração e revogação decorre de ações humanas. O direito positivo é conjunto de normas que pautam a vida social de determinada coletividade em determinada época. Não importa seja escrito ou não escrito, de elaboração sistemática ou de formação jurisprudencial.
É dinâmico, mutável.
	São normas de direito que precedem a atividade intelectiva humana, eis que seria deduzível da natureza das coisas ou de uma prévia ordem de valores.
É estático.
Hart caracteriza como elementos do direito positivo a definição das regras primárias e regras secundárias. São regras primárias todas aquelas que exigem das pessoas determinadas condutas, ou seja, exigem que se faça ou se abstenham de fazer certas ações, quer queiram ou não. As regras secundárias são regras sobre regras, ou seja, regras que se referem às outras regras.
A Justiça é um elemento do direito positivo? → Jeremy Betham e Jellinek seriam adeptos da Teoria do Mínimo Ético, segundo a qual o Direito necessariamente garante um padrão mínimo de moralidade ou, ao menos, garante as condições sociais para que a Moral possa ser seguida. Não é a teoria defendida por Kelsen, que entendia haver autonomia disciplinar e conceitual entre a Moral e o Direito.
INTEGRAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
1) INTERPRETAÇÃO
Toda norma precisa ser interpretada para que revele sua significação e a regra que é seu sentido. A finalidade da interpretação: (a)revelar o sentido da norma; (b)fixar seu alcance. Sua necessidade é justificada, pois:
	i)o legislador não se expressa de forma suficientemente clara;
	ii)é preciso aproximar a norma abstrata ao caso concreto;
	iii)é necessário sistematizar o ordenamento para lhe garantir coerência.
in claris cessat interpretatio → muitos doutrinadores repetem tal brocardo para evitar uma interpretação mais aprofundada de algum dispositivo normativo. A regra que veda o processo interpretativo quando a norma seja clara tem origem específica no campo do direito das sucessões, notadamente no que diz respeito às disposições de última vontade.
Formas de interpretação:
	a)INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA:
(voluntas legislatoris)
Interpretação de acordo com a vontade do legislador, em função do entendimento daquele que criou a norma.
	b)INTERPRETAÇÃO OBJETIVA:
(voluntas legis),
Interpretação baseada no ordenamento, abstraindo a vontade do legislador no momento da elaboração da norma.
	c)Livre pesquisa do direito:
corrente que defende que o juiz tem papel criador na aplicação da norma, que deve ser interpretada em função das concepções jurídicas morais e de cada época.
Argumentos a favor da interpretação objetiva:
 - A lei desprende-se do seu autor e adquire uma existência objetiva.
 - O sentido incorporado na lei pode ser mais rico que o vislumbrado por seus criadores.
 - A realidade social a ser regrada modifica-se com o tempo
 - O juiz não é servo do legislador, mas da lei 
 - A vontade do legislador é uma ficção. Quem aplica a norma, em contato com a realidade, tem maiores subsídios para interpretar a norma.
 - CONFIANÇA: os destinatários da norma deve confiar na palavra como tal
 - INTEGRAÇÃO: a lei e o seu conteúdo não constituem algo estático, mas dinâmico, porque integra um todo que se modifica com o tempo (viabiliza a coerência sistêmica) 
Classificações. Quanto ao RESULTADO ou ALCANCE
	1)Interpretação Declarativa:
Proclama que o texto legal corresponde ao pensamento do legislador.
Algumas vezes o pensamento do legislador diz menos ou mais do que pretendia dizer.
	2) Interpretação Extensiva ou Ampliativa:
O intérprete conclui que o alcance ou espírito da lei é mais amplo do que indica seu texto, abrangendo implicitamente outras situações.
	3) Interpretação Restritiva:
O intérprete conclui que o alcance ou espírito da lei é menos amplo do que indica seu texto, sendo necessária uma limitação do campo de aplicação da lei.
	Interpretação Estrita
	Interpretação Restritiva
	Texto legal deve ser interpretado unicamente para os casos que expressamente menciona, sem se estender a mais casos dos que contempla nem se restringir a menos que os assinalados pelo legislador.
	O intérprete conclui que o alcance ou espírito da lei é menos amplo do que indica seu texto, sendo necessária uma limitação do campo de aplicação da lei (contrapõe-se à interpretação extensiva)
Classificação quanto à Origem: Interpretação pode ser Autêntica, Jurisprudencial e Doutrinária.
Classificação quanto aos Meios ou Critérios: Literal, Lógica (utilizando dedução ou indução), Sistemática, Histórica e Teleológica.
Interpretação Literal ou Gramatical. É a análise do sentido imediato (mais comum) ou do sentido mediato (acepções possíveis) de cada um dos termos do dispositivo legal. Serve de ponto de partida para toda interpretação e determina os limites da atividade interpretativa.
Interpretação Lógica. É a utilização de raciocínios lógicos (dedutivos e indutivos) para a análise metódica da norma em toda a sua extensão, desvendando seu sentido e alcance.
Interpretação Sistemática. É a análise da norma a partir do ordenamento jurídico de que é parte, relacionando-a com todas as outras com o mesmo objeto, direta ou indiretamente. Esse método tem dupla função. (1) Auxilia a compreensão de proposições jurídicas incompletas (e.g. o conceito de possuidor é interpretado à luz do conceito de detentor); e (2) concilia dispositivos aparentemente contraditórios, por meio da seleção dos significados que mais favoreçam essa compatibilização.
Interpretação Histórica. É a análise da norma com base nos seus antecedentes históricos, nas circunstâncias que lhe antecederam, inclusive o processo legislativo de sua formação. O critério histórico serve a uma exegese subjetiva (a vontade do legislador histórico) ou objetiva (a evolução histórica do significado das palavras usadas na lei). Quando a interpretação é histórico-subjetiva, faz-se a distinção entre a intenção global dos legisladores e as suas idéias normativas concretas. Interpretação histórico-subjetiva tem relevância nos casos de silêncio eloquente - omissão, na lei revogadora, de regra existente na lei revogada.
Critério finalístico ou TELEOLÓGICO. Parâmetro de interpretação da norma é a sua finalidade declarada, adaptando-a à novas exigências sociais. O critério se presta a uma exegese teleológico-subjetiva (a intenção do legislador) ou a uma exegese teleológico-objetiva (consideração com o domínio da norma e a conformação aos princípios).
DOMÍNIO DA NORMA: é o segmento da realidade social na sua estrutura fundamental, que o programa da norma escolheu ou criou parcialmente como seu âmbito de regulação. Diz-se que a norma deve ser interpretada de modo a que se considere materialmente adequada à realidade social.
DA INTERPRETAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO JUDICIAL DO DIREITO [Karl Engish] - a heurística (descoberta do direito) pode ser secundum legem, praeter legem (interpretação das lacunas – já é hipótese de desenvolvimento judicial do direito) ou contra legem (corrigir o direito que foi criado excepcionalmente errado).
Heurística: Conjunto de regras e métodos que conduzem à descoberta, à invenção e à resolução de problemas.
Conceito jurídico normativo (também chamado de conceito jurídico indeterminados, discricionários): conceito que demanda uma valoração que o aplicador da norma é forçado a utilizar. Legislador outorga ao magistrado o poder para executar essa valoração.
-ex.: bons costumes, boa-fé.
Cláusula geral – conceito que resume, sintetiza, vários outros conceitos que, propositadamente, não são elencados pelo legislador. Nem sempre haverá uma valoração por parte do judiciário.
-ex.: relações abusivas no direito do consumidor (não existe rol exaustivo).
Conflito de Normas
Antinomias de 1º Grau. = antinomias aparentes. Se resolvem pelo critério da especialidade, posterioridadee superioridade. Havendo duas leis que se diferenciam por um desses critérios, faz-se uma (mais especial, mais recente ou de grau superior) prevalecer sobre a outra.
Antinomia de 2o Grau. Ocorre quando há, no conflito de normas, necessidade de análise simultânea por 2 critérios diferentes (ex: norma geral posterior x norma especial anterior). Para alguns, nesses casos, deve-se utilizar a Regra de Ouro da Interpretação (art. 5 LINDB), conferindo solução de acordo com os fins sociais e a exigência do bem comum.
2) INTEGRAÇÃO
Colmatação de Lacunas. Para a Colmatação, temos o art. 4º da LINDB (regra de Ouro da Integração) estabelecendo que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. “Alguns gostam de salientar a não existência de lacunas no ordenamento, com a tese da completude da ordem legal, sempre que a lei preveja o modo de suprir a omissão; a lacuna ocorre na lei, e não no direito” (Couto, p. 7). Pode haver integração se, cumulativamente, se verificarem os seguintes requisitos:
a) a questão não foi resolvida pelo legislador [não houve silêncio eloquente];
b) a questão não foi relegada ao chamado espaço livre de direito;
c) a ausência de norma decorre de uma exigência da teleologia imanente, e não da política.
Classificações das Lacunas.
Lacuna patente. É a lacuna de fácil percepção. São integradas principalmente, por analogia legal (ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio), procedimento que implica uma extensão à regra da lei para além das possibilidades semânticas dos termos nela empregues, de tal modo que já não se possa considerá-las uma interpretação extensiva.
Lacuna oculta. Integra-se por redução teleológica (Karl Lahrenz), procedimento que implica uma restrição à regra da lei para além das possibilidades semânticas dos termos nela empregues, de tal modo que já não se possa considerá-las uma interpretação restritiva (com o que se contraria frontalmente o brocardo ubi lex non distinguit, nec nos distinguere debemus); pensando de outro modo reconhece-se aplicável uma regra de exceção que, no entanto, não foi prevista pelo legislador.
Impossibilidade de integração. Nas hipóteses de absoluta reserva de lei formal, utilização de integração é restringida. Há essa reserva com relação à previsão de tipos penais e penas criminais e para criação de tributos (art. 5º, XXXIX, e art. 150, I, ambos da Lei Maior).
Ordem de utilização. Diz Guilherme Couto (Direito Civil – Lições. 5ª ed. p. 7) que parte da doutrina ensina que os meios de integração devem ser utilizados preferencialmente na ordem em que listados no art. 4º da LINDB. “Entretanto, não prevalece mais essa ordem rígida – que existiu na literalidade da antiga LICC e existe no art. 108 do CTN –, pois incompatível com a essência material das regras que informam o processo de integração. Aliás, anote-se que o CDC, no art. 7º, não segue a ordem citada”. (…)
LINDB, Art. 4º “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
Analogia Legal.É a aplicação de norma semelhante ao caso no qual a lei é omissa. Ex.: aplica-se a regra da redução de disposição testamentária (art. 1968 do CC) para reduzir doação inoficiosa.
Analogia Jurídica. A essência de um conjunto normativo é aplicada ao caso controvertido.
Costumes. São práticas sociais uniformes, constantes, públicos e caracterizados pela consciência de sua necessidade. “O costume é o direito de fato, o verdadeiramente aplicado”. O juiz pode exigir a prova do costume, di-lo o art. 337 do CPC, e ele será provado por todos os meios em direito admitidos. Os arts. 113, 429 596 e 724 do CC e o art. 7º do CDC aludem aos usos prolongados no tempo.
Princípios gerais do Direito. São as linhas mestras de um ordenamento, vetores que permitem a interpretação do todo e orientam a produção legiferante. Ex.: “não se deve causar prejuízo a outrem”, “a ninguém é lícito alegar a própria torpeza”, “ninguém transmite mais direitos que tem”.
O neoconstitucionalismo trouxe a concepção dos princípios como normatização e positivação de valores (ex.: princípio da isonomia, moralidade, dignidade da pessoa humana, etc)
Equidade. O art. 127 do CPC prevê que seu uso depende de previsão legal, o que existe no caso da jurisdição voluntária e na redução de multa moratória excessiva ou de indenização, quando houver desproporção entre a gravidade da culpa e o dano provocado. A equidade busca adaptar a previsão normativa à Justiça à luz do caso concreto.
Interpretativismo vs. Construtivismo. O interpretativismo nega legitimidade a qualquer atividade criativa dos juízes (não podem impor seus valores à sociedade). Em sentido oposto, o não–interpretativismo ou construtivismo defende tal atividade criadora, já que os intérpretes não se limitam a revelar o sentido da norma, mas, ao contrário, ajudam a construí-la, podendo recorrer a elementos externos ao texto (realidade social/valores morais). A mutação por construção constitucional originou-se nos Estados Unidos, através do termo construction. A construção designa um meio eficiente pelo qual as constituições sofrem mudanças substanciais, no sentido, alcance e conteúdo dos seus preceptivos, sem a necessidade de recurso formal à revisão ou emenda constitucionais. Encontra seu fundamento no fato de que o direito é experiência. Os construtivistas pretendem leitura contemporânea do texto constitucional, subsumindo-o à realidade, que exigiria a intervenção do judiciário, na consecução da justiça social.
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: SOLIDARIEDADE ATIVA E PASSIVA
Dever jurídico. Conceito mais amplo. É a necessidade de todo indivíduo de obedecer as ordens ou os comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer em uma sanção (Orlando Gomes).
Sujeição jurídica: relaciona-se a direitos potestativos. Sujeito passivo nada tem que fazer para satisfazer o interesse do sujeito ativo. Há apenas uma subordinação inafastável à vontade desse;
Ônus: necessidade de observância de determinado comportamento para a obtenção ou conservação de uma vantagem para o próprio sujeito.
Obrigação: é um dever jurídico especial (não atinge a generalidade das pessoas), e consiste em vínculo especial entre pessoas determinadas ou determináveis, de modo que uma delas tem o poder de exigir da outra (direito subjetivo) uma prestação de dar, fazer ou não fazer. Diz Washington de Barros: é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.
Responsabilidade: É o dever jurídico sucessivo que surge com a violação de um dever jurídico obrigacional originário (dever de adimplir a obrigação);
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO
Obrigações fracionárias: Nas obrigações fracionárias, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do crédito (concursu partes fiunt). É a regra geral.
As obrigações fracionárias ou parciais pressupõem a divisibilidade da prestação. Podem ser, do ponto de vista ideal, decompostas em tantas obrigações quantos os credores ou devedores, pois, encaradas sob a ótica ativa, não formam um crédito coletivo, e, sob o prisma passivo, coligam-se tantas obrigações distintas quanto os devedores, dividindo-se o cumprimento da prestação entre eles. As dívidas de dinheiro, por exemplo, são, em princípio, fracionárias.
Regras básicas:
a) cada credor não pode exigir mais do que a parte que lhe corresponde e cada devedor não está obrigado senão à fração que lhe cumpre pagar;
b) para os efeitos da prescrição, pagamento de juros moratórios ou nulidade da obrigação e cumprimento de cláusula penal, as obrigações são consideradas autônomas, não influindo a conduta de um dos sujeitos, em princípio, sobre o direitoou dever dos outros.
Obrigações in solidum. Concorrem vários devedores, mas os liames que os unem ao credor são totalmente distintos, embora decorram de um único fato (ex: suponhamos um caso de incêndio de uma propriedade segurada, causada por culpa de terceiro. Tanto a seguradora como o autor do incêndio devem à vítima indenização pelo prejuízo, porém não existe uma origem comum na obrigação.
Obrigações conjuntas. Também chamadas de unitárias ou de mão comum. Nesse caso, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos credores exigi-la individualmente.
Obrigações disjuntivas. Nesta modalidade de obrigação, existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida. Desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outros estarão consequentemente exonerados, cabendo, portanto, ao credor a escolha do demandado. Diferem das obrigações solidárias por lhes faltar a relação interna que é própria do mecanismo da solidariedade, justificando, nesta última, o direito regressivo do devedor que paga.
Obrigações solidárias: Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva). Nada impede que se fale também em solidariedade mista, ainda que não haja previsão legal específica.
Solidariedade ≠ Obrigação Indivisível. A solidariedade é criada pelo direito para facilitar o recebimento pelo credor, é um artifício jurídico. Consiste em uma qualidade do vínculo obrigacional e é indiferente à natureza do bem. A indivisibilidade diz respeito à prestação. Há distinção no regime jurídico de cada uma. Confira-se a transcrição de alguns artigos do CC:
“Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.”
“Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.”
“Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota.”
“Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.”
“Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.”
	Obrigação Solidária
	Obrigação Indivisível
	Causa da solidariedade é o título.
Origem é de ordem técnica (vontade das partes ou previsão legal)
	Decorre da natureza do bem ou da obrigação.
Indivisibilidade pode se fundar no fato de objeto ser insuscetível de fracionamento.
	Cada devedor paga por inteiro porque deve integralmente.
	Cada devedor paga por inteiro porque há impossibilidade jurídica de repartição.
	Solidariedade é uma relação subjetiva que visa facilitar satisfação do crédito
	Indivisibilidade da prestação é objetiva
	Cessa com morte dos devedores.
	Subsiste enquanto prestação suportar.
	Subsiste ainda que obrigação se converta em perdas e danos. O equivalente é exigível de cada um. Devedor culpado responde sozinho pelas perdas e danos.
	Termina quando obrigação se converte em perdas e danos.
Do devedor culpado pode ser exigida por inteiro a multa estabelecida em cláusula penal.
Solidariedade é uma qualidade do vínculo obrigacional, que pode se verificar no aspecto ativo ou passivo e que cria incindibilidade do vínculo obrigacional entre uma multiplicidade de sujeitos em um ou nos dois pólos da relação obrigacional. É criada por lei ou convencionada pelas partes, não podendo ser presumida.
Principais postulados:
Do ponto de vista externo (entre os pólos), há solidariedade. Cada um dos sujeitos do pólo é visto como representante do todo, de modo que um único credor solidário pode cobrar todo o crédito e de um único devedor solidário pode ser exigida toda a dívida.
Do ponto de vista interno, há obrigações fracionárias. Cabe a cada um dos sujeitos o pagamento da sua cota, sendo exigível dos co-credores de mesma qualidade, em ação de regresso, a cobrança por aquele que pagou a dívida inteira. Todavia, pode ser que um dos devedores solidários (ex.: fiador) não deva nada aos co-credores do ponto de vista interno.
observe-se que existe unidade objetiva da obrigação (o objeto é único), embora concorram mais de um credor ou devedor, cada um deles com direito ou obrigado a toda a dívida. É isto o que defende a teoria unitária (majoritária), possibilitando que qualquer um que receba ou pague, extinga a obrigação. Também há a teoria plural (minoritária), que defende a existência de vários vínculos;
a solidariedade não se presume (art. 265 do CC). Nasce em virtude de convenção das partes ou imposição legal.
Regimes distintos para a mesma obrigação solidária. CC “Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.” Deve-se lembrar, ainda, que o fiador pode responder sem benefício de ordem com o devedor principal, sendo distintas as suas situações. Ademais, a “solidariedade admite outras disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 do Código Civil” (Enunciado 347 da 4ª Jornada de Direito Civil).
Solidariedade passiva vs. Chamamento ao Processo. São compatíveis?
Posição 1: Há incompatibilidade. O instituto de direito processual contraria a finalidade do instituto de direito material, que é facilitar a cobrança do crédito.
Posição 2 (Nelson Nery Jr): Não há incompatibilidade. “Chamamento ao processo é a ação condenatória exercida pelo devedor solidário que, acionado sozinho para responder pela totalidade da dívida, pretender acertar, na ação secundária de chamamento, a responsabilidade do devedor principal ou dos demais co-devedores solidários, estes na proporção de suas quotas (...) Em suma, não se pode misturar a ação principal com a secundária de chamamento ao processo. Com isso resguarda-se o instituto da solidariedade, propiciando que o credor cobre de apenas um dos co-devedores solidários (o que ele, credor, escolheu para pagar) a totalidade da dívida, como fora de sua vontade ao mover ação contra apenas um deles, mas facilita-se a situação daquele que pagar, que pode reaver dos demais co-devedores suas cotas de responsabilidade conforme fixado na sentença.” (Código de Processo Civil Comentado,9ª edição).
Solidariedade passiva vs. Responsabilidade subsidiária. A responsabilidade subsidiária é uma forma especial de solidariedade, com benefício ou preferência de excussão de bens de um dos obrigados. Uma das pessoas tem o débito originário e a outra tem apenas a responsabilidade por esse débito. Por isso, existe uma preferência, dada pela lei, na ordem de excussão. Vale lembrar que a expressão “subsidiária” se refere a tudo que vem “em reforço de...”. Não existe, a priori, uma obrigação subsidiária, mas apenas uma responsabilidade subsidiária.
SOLIDARIEDADE ATIVA
Conceito. Traduz um concurso de credores na mesma obrigação, cada um com direito a exigir a dívida por inteiro (art. 267 do CC). Tem como principal objetivo facilitar a movimentação e exigência do crédito, pois um credor não precisa provar que o outro concorda com a cobrança.
Previsão legal. O art. 2º da Lei 8.245 prevê a solidariedade ativa na locação urbana. “Sendo dois ou mais os locadores, não previsto o contrário, existe solidariedade, e assim um delespode cobrar, e receber, todo o aluguel do inquilino” (Couto. Lições). Há previsão na 12 da Lei 209/48.
Efeito principal. Vencida a dívida, poderá o devedor oferecer o pagamento a qualquer um dos credores, desonerando-se da prestação (art. 269 do CC). Todavia, se um dos credores antecipar-se, acionando o devedor, surge o fenômeno da prevenção judicial (art. 268 do CC); ou seja, o devedor só se exonerará pagando ao autor da ação.
Perdão de dívida por um dos credores. Se um deles perdoa por inteiro a dívida, o credor remitente responderá perante os demais credores pela parte que lhes caiba (art. 272). Contudo, se a remissão for motivo suficiente para o credor remitente cair em insolvência, não podendo ressarci-los, poderão ajuizar a ação revocatória ou pauliana (art. 158 do CC).
Conversão em perdas e danos. Ao contrário do que ocorre na obrigação indivisível, continua a existir o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar o equivalente por inteiro a qualquer credor. Solidariedade subsiste para todos os efeitos, na conversão em perdas e danos (art. 271 do CC). 
Falecimento de credor solidário. O óbito não altera em nada a forma de exercício do direito dos demais credores solidários. A posição de credor do falecido se transmite a seus herdeiros, cessando a solidariedade em relação aos sucessores, uma vez que cada qual somente poderá exigir a quota do crédito relacionada com o seu quinhão de herança – a chamada refração do crédito (art. 270 do CC). Mas a prestação poderá ser reclamada por inteiro nos seguintes casos (Washington de Barros Monteiro): a) se o credor falecido só deixou um herdeiro; b) se todos os herdeiros agem conjuntamente e c) se indivisível a prestação.
Prescrição e Solidariedade Ativa. As causas suspensivas – de caráter personalíssimo – não se comunicam aos co-credores, exceto se o objeto da obrigação for indivisível (art. 201, CC). As causas interruptivas em prol de um dos credores aproveitam aos demais (art. 204, §4°, CC).
Citação Válida. Se for contra devedor fracionário não se estende aos demais;. Se for a favor de credor solidário se estende aos demais; a interrupção contra devedor solidário também se estende aos demais devedores.
Regra Processual Inédita criada no NCC. Art. 273: “A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. Exceção, aqui, significa defesa.
“Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.”
Extensão da coisa julgada secundum eventum litis. Primeira parte do art. 274: a derrota do credor que tenha ajuizado a ação não vincula os outros credores, que podem propor outras ações.
Limitação da coisa julgada ultra partes. O NCC inovou ao estabelecer que o julgamento não se estende para beneficiar credor contra quem o devedor detenha exceção pessoal. A defesa comum é aquela que diz respeito a todos os credores (e.g. prescrição), enquanto que a exceção pessoal é a que diz respeito a credor singular (e.g. compensação).
Conta corrente. É corriqueira a solidariedade ativa convencionada nesse contrato bancário. Todavia, o co-correntista não se torna devedor solidário em dívidas pagas com cheque vinculado àquela conta corrente. “Tratando-se de conta conjunta, tão-só o emitente da cártula pode ser responsabilizado pelo débito, uma vez que a conta corrente estabelece solidariedade ativa entre seus titulares apenas perante o banco, mas não diante de terceiros.”
SOLIDARIEDADE PASSIVA
Conceito. É a qualidade do vínculo obrigacional que, diante de uma pluralidade de devedores, deixa cada um deles, isoladamente, obrigado ao pagamento de toda a dívida. A pluralidade de devedores encontra-se internamente vinculada, de forma que aquele que pagou integralmente a dívida terá ação regressiva contra os demais (art. 283).
Previsão Legal. A solidariedade não se presume; surge pela convenção expressa entre as partes ou da lei. A solidariedade passiva é legalmente prevista nos dispositivos seguintes:
- Arts. 932 (responsabilidade por ato de 3º – ex.: o empregador e o empregado, por ato deste)
- Art. 942 (resp. civil pelo ato ilícito – ex.: assalto a joalheria, todos respondem civilmente)
- Art. 7º do CDC: “tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação de danos previstos nas normas de consumo”.
- Estatuto do Idoso – traz hipótese de solidariedade legal entre filhos na obrigação de prestar alimentos aos pais enquadrados nas regras do estatuto. Ex.: 3 filhos – pode cobrar alimentos de um só deles, ficando este com direito de regresso em relação aos demais, observado o binômio necessidade/possibilidade.
- Art. 2°, §2°, CLT (responsabilidade solidária dentro do grupo empresarial por dívidas trabalhistas) → Obs.: “Não se presume solidariedade passiva (art. 265 do CC) pelo simples fato de duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico” (Enunciado n. 22 da I Jornada de Direito Comercial / CJF).
Efeito principal. Art. 275: “O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”.
Divisão desigual entre os codevedores. Art. 285 - “Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar”. Se o avalista em título de crédito paga tudo, pode se ressarcir junto ao avalizado.
Litisconsórcio facultativo. Pelo parágrafo único, o ajuizamento de ação em face de um devedor não implica concentração da obrigação. Não há supressio ou perdão tácito dos demais.
Pagamento parcial. Se o credor aceitar o pagamento parcial de um dos devedores, os demais só estarão obrigados a pagar ao credor o saldo remanescente.
Perdão da dívida a um dos devedores. Se o credor perdoar a dívida em relação a um dos devedores solidários, os demais permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatida a quantia relevada (art. 277). Hipótese é de remissão ou pagamento de parte da dívida.
Inadimplemento. Diferentemente do que ocorre com a obrigação indivisível, todos os devedores solidários sempre respondem pelo débito inteiro, mesmo não havendo descumprimento por parte de um ou de alguns. Dessa forma, a solidariedade quanto ao valor da dívida permanece em todos os casos. Porém, quanto às perdas e danos somente será responsável o devedor que agiu com culpa estrita (imprudência, negligência, imperícia) ou dolo (intenção de descumprimento).
Vencimento Antecipado. Nítida autonomia das obrigações dos devedores solidários é evidenciada no parágrafo único do art. 333 do CC, ao afastar-se o vencimento antecipado do débito dos co-devedores solventes na hipótese de insolvência de um deles.
NCC, “Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.”
Falecimento do devedor solidário. Após a partilha, os herdeiros respondem até as forças da herança. Ajuizada ação de cobrança antes da partilha, os herdeiros reunidos em condomínio obrigatório serão considerados um devedor solidário (art. 276), podendo haver cobrança da integralidade do débito. Se a ação de cobrança for posterior à conclusão da sucessão hereditária, estará cessada a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus e cada herdeiroresponderá pela quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se obrigação for indivisível. (Art. 276)
Efeitos da insolvência de um dos devedores.
(i) O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua cota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores (ar. 283).
(ii) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Todavia, no caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia o insolvente (art. 284).
Renúncia à solidariedade pelo credor. “Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia” (Enunciado n. 349 CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil). Além disso, “[a] renúncia à solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo” (Enunciado n. 351 CJF/STJ)
Exoneração da solidariedade vs. Remissão a um devedor. Semelhança: os demais devedores co-obrigados só poderão ser demandados pelo crédito diminuído da quantia que cabia ao devedor exonerado/ perdoado.
Diferença: “A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual codevedor insolvente, nos termos do art. 284” (Enunciado n. 350 CJF/STJ, aprovado na IV Jornada de Direito Civil). No caso da remissão, a cota-parte do insolvente que seria de se atribuir ao remisso é simplesmente abatida do total a ser pago ao credor, que arca com as consequências de seu ato liberatório. Diferentemente, no caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Defesa do devedor. O devedor que for demandado poderá opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e, bem assim, as defesas que forem comuns a todos os devedores. Não lhe aproveitam, contudo, as defesas pessoais de outro devedor.
Conversão em perdas e danos. Se na solidariedade ativa, esta persiste para todos os efeitos (art. 271), na solidariedade passiva, os devedores continuam obrigados
Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa de um dos devedores, todos permanecem solidariamente obrigados ao pagamento do valor pelo equivalente. Entretanto, pelas perdas e danos só responderá o culpado (art. 279). Na solidariedade ativa a situação é diferente, mantendo-se a solidariedade também pelas perdas e danos (todos os credores fazem jus à reparação, mas só ao culpado é imputado o dever de reparar).
Interveniente Garantidor Solidário. É figura atípica de garantia prestada por terceiro em contratos bancários em que, além da garantia fidejussória, pode ser apontado bem preferencial para responder pela dívida do devedor (garantia hipotecária). Em regra, convenciona-se a solidariedade passiva. Outorga conjugal seria desnecessária, pois STJ já entendeu que a figura do interveniente é distinta da fiança e do aval (REsp 6.268-MG, DJ 20/5/1991, e REsp 3.238-MG, DJ 19/11/1990. REsp 538.832-RS).
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES COM E SEM PAGAMENTO
Aqui se vai tratar do tema acima. Outros pontos tratam de relações obrigacionais. Confira-se:
	Civil – Ponto 08
	Civil – Ponto 09
	Civil – Ponto 10
	Obrigação. Conceito. Elementos Constitutivos. Modalidades. Transmissão das Obrigações.
	Obrigações. Adimplemento. Extinção das Obrigações. Modalidades. Direitos Reais. Princípios. Espécies. Disposições Gerais. Direito Autoral e Propriedade Intelectual.
	Obrigações. Inadimplemento. Conceito. Espécies. Efeitos Jurídicos. Cláusula Penal e Arras. Posse.
(1) EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES COM PAGAMENTO DIRETO
Conceito. Acepção comum de pagamento se relaciona apenas com entrega de numerário.
Acepção técnica na doutrina tradicional: pagamento é a execução voluntária da prestação devida ao credor, no tempo, no lugar e na forma previstos no título constitutivo da obrigação.
Natureza jurídica do pagamento: tema é polêmico. Segundo Couto, em regra é ato jurídico em sentido estrito (efeitos de antemão previstos, ato vinculado a anterior comando). Poderá ser negócio jurídico nos casos de pagamento realizado por terceiro, na dação em pagamento ou quando um NJ for a prestação a ser entregue (ex: pagar a promessa de compra e venda é fazer uma escritura definitiva).
Apesar de ser o fim normal da obrigação, o pagamento é apenas um dos modos de extinção da mesma, que também pode ocorrer pela execução forçada, pela impossibilidade da prestação ou pelos demais modos de extinção regulados no Código, como a novação, a compensação, a confusão e a remissão.
	Visão tradicional da obrigação
	A Obrigação enquanto um processo
	A obrigação é vista de forma estática, cabendo ao devedor pagar e ao credor dar a quitação. Com o pagamento, a obrigação se extinguiria.
	A obrigação é vista como “um conjunto de atividades necessárias à satisfação do interesse do credor” (Clóvis do Couto e Silva). Envolve os deveres anexos (e.g. lealdade e confiança), de modo que o pagamento extingue apenas o dever principal. É possível descumprir a obrigação pagando (violação positiva do contrato).
Extinção da obrigação se dá pelo pagamento se presentes os seus requisitos essenciais de validade: a) a existência de um vínculo obrigacional; b) a intenção de solvê-lo; c) o cumprimento da obrigação; d) a pessoa que efetua o pagamento; e) a pessoa que recebe.
Elementos subjetivos do pagamento
solvens (o pagador) e o accipiens (o recebedor)
Solvens. É o sujeito ativo do pagamento, aquele que paga. O débito pode ser pago pelo devedor. Salvo nas obrigações personalíssimas, também pode haver pagamento por terceiro interessado, ainda que o credor se oponha (por meio de ação consignação em pagamento). No caso do terceiro-não interessado, é preciso que o devedor tampouco se oponha (art. 304).
O devedor só poderá ser obrigado a ressarcir o terceiro na data do vencimento ou depois. Todavia, não haverá direito de ressarcimento, se o devedor tinha meios para ilidir a ação (e.g. o instrumento de quitação, a prescrição da pretensão creditória ou nulidade do título) e o terceiro pagou sem o conhecimento ou com a oposição do devedor (art. 306 do CC).
Terceiro Interessado. É o que tem interesse patrimonial afetável pela extinção da obrigação. É o caso do fiador, do avalista e do adquirente de imóvel hipotecado. Com o pagamento, este se sub-roga na posição do credor. Há sub-rogação automática (efeito ope legis) nos direitos do credor, com a transferência de todas as ações, exceções e garantias que detinha o credor primitivo.
Terceiro não interessado. É aquele com mero interesse moral ou econômico. Poderá ajuizar ação de regresso contra devedor, mas sem se valer das garantias originais.
	Pagamento feito no próprio nome
	Pagamento feito em nome e conta do devedor
	O terceiro não interessado tem direito de reembolso do que pagar, se pagar em seu próprio nome, mas não se sub-roga nos direitos do credor.
	Se este terceiro fizer o pagamento em nome e em conta do devedor, sem oposição deste, não terá direito a nada, pois é como se fizesse uma doação, um ato de liberalidade.
Accipiens. É o sujeito passivo do pagamento, aquele que é pago. O pagamento deve ser feito ao credor, salvo se o devedor tiver sido notificado da penhora de seu crédito, pois nesse caso o pagamento não valeria contra os exequentes e devedor poderia ser compelido a pagar corretamente, sendo-lhe ressalvado o regresso contra o credor (art. 312 do CC). O pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar não vale, a não ser que o devedor prove que o valor pago reverteu em benefício do incapaz (art. 310 do CC). Antunes Varelaensina que, se o solvens desconhecia incapacidade, pagamento é válido.
O pagamento pode ser validamente feito a terceiros sem poderes em algumas hipóteses:
(i) ao portador da quitação, salvo se as circunstâncias demonstrarem que este não está autorizado pelo credor (art. 311 do CC)
(ii) credor putativo → desde que haja boa-fé e erro seja escusável (art. 309 do CC)
(iii) se o pagamento reverter em proveito do credor (art. 308 do CC)
(iv) se houver posterior ratificação pelo credor
Elementos objetivos do pagamentos
do objeto e da prova do pagamento
Objeto do pagamento é a prestação.
Princípio da Identidade Física da Prestação: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. → Dação é uma faculdade.
Princípio da Indivisibilidade. Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Princípio do Nominalismo. Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
→ Considera-se “como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato de emissão ou cunhagem. De acordo com o referido princípio, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou no título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos, quando contraída a obrigação”. Entretanto, ao lado das dívidas de dinheiro, a doutrina, influenciada pela instabilidade de nossa economia, elaborou o conceito das chamadas dívidas de valor. Estas não teriam por objeto o dinheiro em si, mas o próprio valor econômico (aquisitivo) expresso pela moeda.
→ Moeda corrente do país. Pagamento se faz obrigatoriamente por ela (art. 315 do CC e art. 1º da Lei 10.192). Até o início do século XX, o sistema brasileiro admitia a total liberdade de escolha da moeda de pagamento. Hoje, a adoção de moeda estrangeira é excepcional. Ex.: contratos internacionais.
Princípio do Aumento Progressivo. Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Teoria da Imprevisão. Art. 317 do CC. “Quando por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”. “A interpretação da expressão ‘motivos imprevisíveis’ constante do art. 317 do novo Código Civil, deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis como também causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis” (Enunciado 17 CJF).
Prova do Pagamento. Pode se dar pelo recibo de quitação, documento que prova a exoneração do devedor e pode constar de instrumento particular. Quem paga tem o direito de obter a prova de que está pagando, podendo reter o pagamento ou consigná-lo, porque com essa prova é que irá demonstrar que está desvinculado da relação jurídica obrigacional; é o direito ao instrumento da quitação. Guilherme Couto anota que “em tese, e tirante as ressalvas dos arts. 401 do CPC e 227 do CC [negócios jurídicos de valor superior a 10 salários mínimos], a prova testemunhal pode ser eficaz, dependendo do caso” (Lições, p. 100).
A quitação deve conter: o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por esse pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor ou de seu representante e deverá ser dada por escrito público ou particular.
Mesmo sem todos os requisitos formais, a quitação fará prova, se do instrumento constar informações suficientes para identificar o ato de pagamento. É o caso da autenticação mecânica em pagamentos bancários. Enunciado 18 do CJF: “a ‘quitação regular’, referida no art. 319 do novo Código Civil, engloba a quitação dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de ‘comunicação à distância’, assim entendida aquela que permite ajustar negócios jurídicos e praticar atos jurídicos sem a presença corpórea simultânea das partes ou de seus representantes”. 
Presunção relativa de pagamento. Nas prestações de trato sucessivo, o pagamento da última prestação cria presunção relativa do pagamento das anteriores. Presunção elidível por prova em contrário (art. 322 do CC). A quitação do capital sem reserva dos juros cria presunção do pagamento destes (art. 323).
	Pagamento presumido
	Remissão de dívida
	CC, Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em 60 (sessenta) dias, a falta do pagamento.
	CC, Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
	A posse de título de crédito gera presunção de pagamento.
Aqui, há extinção com pagamento.
	A entrega de outros documentos (e.g. confissão de dívida) implica perdão.
Aqui, há extinção sem pagamento.
O prazo decadencial de sessenta dias previsto no art. 324, p.u., incide quando o credor entrega o título voluntariamente ao devedor. Se o credor for desapossado, prazo não se aplica.
CC, Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.
Lugar do Pagamento
Dívida quérable ou quesível. É paga no domicílio do devedor. Ônus de provar que buscou receber é do credor. É a regra geral, afastável pelo instrumento negocial, pela natureza da obrigação ou pela lei.
Dívida portável ou portable. É aquela paga no local de cumprimento for o domicílio do credor ou, eventualmente, de terceiro. Ônus de provar que tentou fazer o pagamento é do devedor. Guilherme Couto anota jurisprudência no sentido de que dívidas condominiais pagas por boleto bancário são dívidas portáveis, não podendo o condômino alegar que não pagou por não receber o boleto.
CC, Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
→ Artigo consagra os princípios da função social do contrato e da operatividade / efetividade.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
→ Positivação da surrectio/supressio com relação ao tema. Credor perde faculdade de receber em seu domicílio, pois (a) há omissão reiterada do titular do direito; (b) essa omissão desperta na outra parte a legítima expectativa de que este direito não mais será utilizado; e (c) há desproporção entre o prejuízo que o devedor terá e o benefício do credor.
Tempo do pagamento
Couto. Lições. p. 104/105: “A obrigação deve ser cumprida na data prevista. Mas às vezes a convenção ou o contrato, ao criarem a obrigação, são omissos em relação à data de cumprimento da obligatio. Em tais casos, determina o art. 331 do Código que o cumprimento pode ser exigido de imediato; a regra deve ser combinada com o art. 134 do Código, de modo que, se o cumprimento da obrigação demandar tempo, o credor deve concedê-lo ao devedor, fixando prazo razoável.”
	“(...) A ideia legal é que os prazos, em princípio, existem em benefício do devedor da prestação (art. 133 do CC), de modo que [o devedor] pode adiantar a prestação.O prazo existe em seu benefício.
	Quando as circunstâncias ou o contrato denotam que o prazo existe em favor de ambos os contratantes, não se autoriza a renúncia unilateral a ele, com o adiantamento da entrega. Mas até em tais casos há exceção, pois a Lei nº 8.078 estabelece ser direito do consumidor, nas relações de concessão de crédito, adiantar as prestações e abater proporcionalmente os juros e acréscimos (art. 52, §2º)”.
Cobrança de dívida antes do vencimento. É possível, em favor do credor (art. 333 do CC).
	Vencimento Antecipado da Dívida
	Exceção de Inseguridade
	Inadimplemento Antecipado
	Ocorre nos casos do art. 333:
(i) falência do devedor, ou de concurso de credores;
(ii) se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor e
(iii) ainda quando se tornarem insuficientes as garantias do débito e o devedor se negar a reforçá-las
Obs.: para o co-devedor solidário que não esteja nessas condições, o vencimento não é antecipado.
	CC, Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
	É construção aceita na jurisprudência. Circunstâncias mostram que há certeza de que, no vencimento, adimplemento não ocorrerá, o que viabiliza a resolução (quebra antecipada de contrato).
Ex.: construtora deve entregar prédio, mas a 3 meses da data não há nada construído.
Abuso do direito de exigir o pagamento. A lei proíbe que o credor pressione o devedor para cobrança por meios vexatórios (42 CDC c/c 71 CDC – crime). A simples notificação, a entidades de crédito, de que o devedor está inadimplente, não é, por si só, abusiva. Para o art. 22 do CDC, corte de serviço essencial não é utilizável como meio de coerção para obrigar ao pagamento, mas a jurisprudência pondera o prejuízo que a inadimplência acarretaria para a coletividade e aceita o corte de luz/água/etc. precedido de aviso, com base no art 6º, §3º, II Lei 8987/97.
	(2) PAGAMENTOS ESPECIAIS
Há modalidades de pagamento especial ou indireto da obrigação que não extinguem as obrigações. É o caso do pagamento com sub-rogação. Outros casos de pagamento indireto são: consignação em pagamento; imputação do pagamento e a dação em pagamento.
2.1. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. Se o credor recusa injustamente a prestação, há mora do credor. Apesar disso, o legislador possibilitou que, por depósito judicial da coisa devida, se desse a liberação do devedor. A ação pressupõe que já se passou o vencimento. Nada impede que o devedor em mora venha a purgá-la ajuizando a consignação.
A consignação é cabível para obrigações de entrega ou nas de fazer que deságuem na entrega de um bem (e.g. empreitada). No caso de obrigação com prestações vincendas, o art. 892 do CPC autoriza o devedor a prosseguir com os depósitos subsequentes, ficando o devedor liberado com relação aos depósitos que efetuar regularmente.
A consignação é uma faculdade do devedor, e não um ônus. Excepcionalmente, pode ser um ônus, caso da Lei 8.245, segundo Sylvio Capanema de Souza. O art. 67, III, da Lei define que o consignante deve efetuar os depósitos dos alugueres seguintes nas datas de vencimento até a sentença de 1ª instância, sob pena de extinção da ação.
Por iniciativa do credor. A consignação pode ser requerida, a partir do vencimento, pelo credor quando houver litígio entre dois alegados credores que se pretendem mutuamente excluir (art. 345). O art. 344 indica que o devedor que sabe que o crédito está em disputa litigiosa deve consignar ou assumir o risco do pagamento.
Por iniciativa do devedor. CC, Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
Consignação extrajudicial. É viável, no caso de dívida de prestação em dinheiro. A consignação, nesse caso, será feita perante estabelecimento bancário. O credor deverá ser notificado e seu silêncio caracterizará aceitação. Sendo enviada recusa escrita ao estabelecimento bancário, o solvens poderá ajuizar a consignatória judicial dentro de 30 dias, de modo a elidir mora.
Legitimidade ativa. Podem consignar o devedor e o terceiro interessado (art. 304 do CC). Pagamento deve ser feito ao credor, sob pena de invalidade, salvo se ratificado por este ou se o depósito reverter em seu proveito (art. 308 do CC).
Levantamento da coisa pelo devedor. Até a aceitação pelo credor ou a impugnação do depósito, o devedor pode livremente levantar o que depositou. Após isso, só se tiver anuência do credor, que perderá a preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada, com liberação dos fiadores e co-devedores que não tenham anuído (art. 340). Sobrevindo sentença de procedência, o devedor já não poderá levantar a coisa, ainda que o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores (art. 339).
Procedência depende de pagamento integral. Art. 899, §1°, do CPC: “Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida”.
Dívida ilíquida. O entendimento predominante é o de que é desnecessário tal requisito, pois “há débitos ilíquidos cujo montante ainda não está definido pela recusa do credor a um simples acertamento, cuja iliquidez não depende de outra ação específica para sua liquidação, como de uma prestação de contas etc.; nessas hipóteses, a mora do credor se configura até mesmo por essa recusa, cabendo, pois, a consignatória de débito com montante estimado pelo devedor, desde que se prontifique ele, expressamente, a completar esse quantum logo que seja determinado”, destacando-se que “não se embute, nessas ações, em tais hipóteses, uma liquidação por artigos ou por arbitramento. Admite-se um simples acertamento para se determinar o montante de um débito facilmente apurável, como, p. ex., aluguéis com acréscimo de uma correção com pertinência e formas discutíveis ou de uma prestação de um compromisso de compra e venda com valor que se afirma mais elevado pela demora no pagamento e incidência de cláusula contratual majorativa” (Odyr José Pinto Porto e Waldemar Mariz de Oliveira Jr). 
Consignação e revisão de cláusulas contratuais. STJ passou a admitir a possibilidade de revisão do contrato dentro da própria ação de consignação.
Despesas processuais. Ficam à conta do sucumbente.
2.2. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Conceito. É a escolha em relação a qual dos débitos vencidos e líquidos se dará a quitação, quando o devedor tem mais de uma dívida da mesma natureza para com o mesmo credor, e não satisfaz todas. As limitações à imputação do pagamento podem ser relevadas por mútuo consentimento das partes. Pode haver estipulação prévia contratual sobre a forma de imputar o pagamento. Não havendo, a escolha cabe ao devedor, desde que se trate de débito líquido e já vencido. Vale recordar que, sem anuência do credor, não se pode imputar umpagamento parcial.
Imputação legal. Na improvável hipótese de o devedor não imputar e de a quitação do credor ser omissa, será estabelecida a seguinte ordem preferencial (arts. 354 e 355 do CC):
prioridade para os juros vencidos, em detrimento do capital (lembre-se que se presumem pagos os juros quando se dá quitação referente ao capital, sem reservas - art. 232, CC);
prioridade para as líquidas e vencidas anteriormente, em detrimento das mais recentes;
prioridade para as mais onerosas, em detrimento das menos vultosas, se vencidas e líquidas ao mesmo tempo.
Art. 353. “Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”. → Prepondera que outros vícios de vontade não permitem reclamação. Interpretação deve ser estrita.
2.3. DAÇÃO EM PAGAMENTO (DATIO IN SOLUTUM)
É a entrega, em pagamento de dívida vencida, de coisa diversa da pactuada e diferente de dinheiro, substituindo a prestação devida. Depende de aceitação do credor (art. 313 do CC), pressupõe o ânimo de solver e acarreta a extinção da obrigação. Com a determinação do preço da coisa dada, aplicam-se as regras da compra e venda (art. 357 do CC), em caso de impasse. Quem oferece coisa em dação, responde por vícios redibitórios, por exemplo.
Evicção. Napoleão deve R$ 20.000,00 a Érika. Contrato prevê cláusula penal. Neder é fiador. Érika aceita em dação um carro de que vem a ser posteriormente despojada, pois judicialmente reconhecido que o carro entregue era propriedade de outrem. Verificada a evicção, aplica-se a regra do art. 359: restabelece-se a obrigação de pagar desde a orgiem, com seus acréscimos (mas Érika não pode optar por buscar o valor do carro, caso superior). O fiador, por sua vez, está liberado, nos termos do art. 838, III, do CC. [Exemplo de Couto. Lições. p. 118].
CC, Art. 358. “Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.”
Entrega de título de crédito. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald ensinam que o Código Civil regula a dação em pagamento, que é pro soluto (extingue a obrigação no momento da tradição do título). O credor cessionário assume o risco da solvência, mas o devedor cedente responde pela inexistência ou falsidade do crédito (arts. 296 e 358 do CC). Ao lado dessa modalidade, a autonomia privada poderia conceber a dação em função do cumprimento, que é pro solvendo (por ser solvida → na eventualidade de não pagamento do título, credor pode se valer da execução cambiária ou processar devedor da obrigação). Neste caso, a extinção é condicionada ao êxito na cobrança do crédito transferido ao credor. É o que ocorre com a duplicata para cujo pagamento se entrega um cheque.
ATENÇÃO: no Lições de Direito Civil, de Guilherme Couto, consta, à p. 118: “a entrega de título ao credor, [por dação em pagamento] (...), salvo ajuste em contrário, ocorre em promessa de pagamento (pro solvendo).”
Entrega de dinheiro. Nesse caso, o que há é ressarcimento por perdas e danos.
Na Dação em Pagamento, credor julgou conveniente e aceitou receber prestação que não estava prevista inicialmente para extinguir a obrigação existente. Fenômeno não se confunde com...
	Obrigação Facultativa
	Obrigação Facultativa
	Novação Objetiva
	Há uma prestação principal, que é exigível pelo credor e uma facultativa, que pode ser oferecida em substituição à principal, a critério do devedor.
	Duas prestações foram previstas, devendo haver a concentração do débito em uma delas, cujo cumprimento extingue a obrigação. Se outra coisa não se estipulou, escolha cabe ao devedor (art. 252 CC)
	É a substituição de uma obrigação por outra, e não apenas a entrega de uma coisa por outra.
2.4. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
	Introdução. Sub-rogação é a substituição de uma pessoa ou de um objeto por outro. A Sub-rogação real transfere um vínculo restritivo da propriedade para outro imóvel por meio de procedimento de jurisdição voluntária (Art. 1.112, II, do CPC).
	A sub-rogação pessoal é modo de pagamento indireto com substituição do credor por terceiro que entregou a prestação ao credor originário, o que acarretou (i) efeito liberatório - pela extinção do crédito em relação ao credor original) e (ii) efeito translativo (pela transferência ao novo credor da relação obrigacional, com “todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores” - art. 349).
A sub-rogação, sob o vértice processual, caracteriza-se pela proposição de uma ação regressiva do sub-rogado contra o devedor. Encontra guarida nos institutos da denunciação da lide e do chamamento ao processo.
Casos de sub-rogação legal. Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; [caso do terceiro não interessado – a esse caso se aplicam regras da cessão de crédito]
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
Credor primitivo não é garante, mas responde em caso de nulidade / inexistência da dívida, pois do contrário haveria enriquecimento ilícito. Pagamento com sub-rogação não é admitido em obrigações personalíssimas (e.g. alimentos). Se distingue da novação e cessão de crédito, conforme se verá abaixo.
	Cessão de crédito
	Pagamento com sub-rogação
	Novação subjetiva ativa
	Forma de transmissão das obrigações.
	Forma de pagamento INDIRETO pela substituição do credor, mantendo-se os demais elementos obrigacionais.
	Forma de pagamento INDIRETO onde há o surgimento de uma nova obrigação.
	Decorre de um contrato sujeito aos requisitos de validade dos negócios jurídicos em geral.
	Os direitos do sub-rogado derivam do próprio pagamento.
	Decorre de um contrato sujeito aos requisitos de validade dos negócios jurídicos em geral.
	Não há pagamento.
	Há o pagamento sem extinção da obrigação.
	Não há pagamento. Há extinção da obrigação inicial.
	Há necessidade de notificação do devedor para que o mesmo saiba a quem pagar.
	Não há necessidade de notificação do devedor, a não ser na hipótese do art. 347, I, do CC.
	Nasce a partir de uma tripla convergência de vontades: do devedor, do credor original e do novo.
	Caráter gratuito ou oneroso.
	Caráter somente gratuito, limitado ao valor reembolsado. Não é especulativo.
	Caráter gratuito.
	O cedente assegura ao cessionário a EXISTÊNCIA do crédito, mas em se tratando de cessões gratuitas, o cedente só terá responsabilidade pela existência do crédito se tiver agido de má-fé.
Não estará o cedente, em regra, responsável pela solvência do devedor.
	Não estará o cedente responsável pela solvência do devedor, salvo se obteve por má-fé a substituição.
	Ainsolvência do novo devedor não confere ao credor o direito de regresso do antigo, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
 
	(3) EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SEM PAGAMENTO
	Ocorre extinção sem pagamento nas hipóteses seguintes: novação; compensação; confusão; remissão; transação e compromisso (arbitragem).
Ressalte-se que a transação e o compromisso não são mais elencados no CC/2002 como formas de extinção das obrigações, tendo o CC destacado sua natureza jurídica como formas contratuais. São objeto do Ponto 13. 
3.1. NOVAÇÃO.
É o negócio jurídico fundado no animus novandi, pelo qual uma obrigação válida é extinta, em virtude da constituição de novo vínculo, que substitui o primitivo. Simples modificações setoriais de um contrato não traduzem novação. Assim, quando a instituição financeira apenas concede o parcelamento da dívida, aumenta o prazo para pagamento, ou recalcula a taxa de juros aplicada, não necessariamente estará realizando uma novação.
Ânimo de novar. Nunca se presume a novação. O ânimo de novar verifica-se na declaração das partes, ou resulta de modo inequívoco de obrigações incompatíveis.
Obrigação nula não é ratificável (art. 169 do CC) e, portanto, não é sanável por novação (art. 367 do CC). Couto entende que a anulável pode ser objeto de novação. Obrigações atingidas por prescrição podem ser objeto de novação para Couto, pois não foram extintas. A obrigação natural, por sua vez, só pode ser novada para se transmudar em outra obrigação natural, despida de exigibilidade, ressalvada a tutela do terceiro de boa-fé a quem venha a ser cedido o crédito.
Jogo e Aposta. Art. 814, §1º – Não obrigam ao pagamento os contratos que encubram ou envolvam reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo, mas a nulidade resultante não pode ser oposta a terceiro.
Efeitos da novação:
- O principal efeito é o liberatório: a extinção da primitiva obrigação;
- Extingue os acessórios e as garantias da dívida, a não ser que haja aquiescência do terceiro fiador ou proprietário dos bens dados em garantia (Súmula 214 do STJ: “o fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu); Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso como devedor principal (art. 366)
- Se a obrigação é solidária, a novação concluída entre o credor e um dos devedores exonera os demais, subsistindo as preferências e garantias do crédito novado somente sobre os bens do devedor que contrai a nova;
- Se a solidariedade for ativa, extingue-se a dívida perante os demais credores, devendo estes se entender com o credor operante;
- Se ela for indivisível, pela impossibilidade da prestação parcial, a novação acaba beneficiando os demais devedores;
- No caso de novação objetiva, o perecimento do objeto não dá ao credor o direito de perseguir o da antiga;
- A anulabilidade oponível à antiga obrigação não cabe após a novação (na verdade, um dos principais préstimos da novação é justamente confirmar obrigações anuláveis).
	Expromissão
	Delegação
	Novação Objetiva
	Nova obrigação traz outro no lugar do devedor originário.
É novação subjetiva.
Não depende de anuência do devedor.
	Devedor indica seu substituto, seguindo-se aquiescência do credor.
	Novo vínculo obrigacional traz prestação com objeto distinto.
Art. 363 do CC. “Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição”.
→ A “ação regressiva” referida no dispositivo é a própria ação da antiga dívida, já que inocorrendo boa-fé do primeiro obrigado, subsiste a dívida original. 
Adpromissão. Se não resultar clara a intenção do expromitente em substituir o devedor e do credor em fazer novação, ocorrerá adpromissão, isto é, acréscimo de nova responsabilidade, aderente à primitiva, atento à regra de que a novação não se presume.
Delegação é similar à assunção de dívida, mas assunção de dívida não implica extinção do vínculo obrigacional primitivo. Art. 299 do CC. “É facultado ao terceiro assumir a obrigação do devedor, com consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava”.
Novação objetiva. Ocorre quando o devedor contrai com o credor NOVA DÍVIDA, para extinguir e substituir a primeira (art. 360, I). Deve ser diferenciada da dação em pagamento, que não extingue o vínculo obrigacional para criar um novo, de modo que a evicção da coisa dada torna possível perseguir a prestação primitivamente pactuada. Na novação objetiva, ao contrário, a evicção não revive a obrigação primitiva, que se extinguiu.
Contratos Bancários. Súmula 286 do STJ: “A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores”.
Outras modalidades de novação. Há a novação subjetiva mista ou complexa (com alteração de credor e devedor) e a novação mista (com alteração de prestação e de pessoa que ocupa um dos polos da relação obrigacional).
3.2. COMPENSAÇÃO
Conceito. É a extinção recíproca de obrigações até a concorrência de seus respectivos valores, entre pessoas que são simultaneamente devedoras uma da outra.
O local de vencimento não influi sobre a compensação – mas se forem em locais diferentes, devem-se deduzir as despesas necessárias à operação. Havendo pluralidade de débitos, aplicam-se as regras de imputação de pagamento.
Há duas importantes instituições mercantis fundadas no princípio da compensação: a conta corrente e as câmaras de compensação.
Compensação legal. Decorre de lei e ocorre mesmo que uma das partes não deseje a extinção das dívidas. Para Couto, é tranquilo em doutrina que o fenômeno se opera ex lege, filiando-se ao sistema francês. No sistema alemão, há direito potestativo a compensar, que deve ser voluntariamente exercido pelas partes.
3 requisitos da compensação legal:
1. Credores recíprocos (Couto salienta que art. 371 do CC não excepciona a regra, pois permite que o fiador compense sua dívida com a de seu credor ao afiançado, o que apenas significa usar a faculdade de levantar as defesas que o afiançado tem contra o credor)
2. Prestações fungíveis e de igual qualidade (art. 370 do CC). Como exemplo, a jurisprudência já manifestou-se no sentido da impossibilidade de compensar o saldo em conta corrente bancária com créditos da instituição financeira (STJ, Resp 192.195, Min. Ari Pargendler, 13.05.02).
3. Exigibilidade, vencimento e liquidez de ambos os créditos: Não comporta compensação a obrigação natural, seja em confronto com outra idêntica, seja com uma civil. Destaque-se que não obstam a compensação os prazos de favor, eis que se trata de mera liberalidade. Quanto à dívida prescrita, é possível admitir-se compensação desde que antes do escoamento do prazo prescricional os débitos tenham coexistido, mesmo porque no regime do Código Civil, a compensação opera-se ipso iure. Se as obrigações tiverem por objeto prestação de coisas incertas, somente serão compensáveis se a escolha competir aos dois devedores.
A compensação legal retroage à data em que a situação de fato se configurou, ainda que só alegada ou pretendida depois, pois tem eficácia ex tunc. O efeito retroativo repercute nos acessórios da obrigação, pois os juros, a multa convencional e as garantias cessam a partir do momento da coexistência das dívidas.
 
Compensação convencional. Tem origem no poder de livre disposição das partes sobre seus créditos e pode ocorrer mesmo não estando presentes os requisitos necessários para a configuração da compensação legal.
Compensação judicial. Caracteriza-se por se dar em decisão constitutiva, onde o juiz, embora originariamente ausente a liquidez, acerta que o crédito é pronta e facilmente liquidável. Para Couto, “a expressão é equívoca. Toda vez que a lei autoriza a compensação, ela é legal. (…) Daí que grandes mestres do Brasil e de Portugal negam a existência, nos respectivos

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