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Ponto 3 - Civil

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CIVIL - PONTO 3 - Pessoa Natural. Personalidade e Capacidade. Direitos da Personalidade. Tutela. Curatela. Ausência. Direitos reais: Usucapião. Acessão. Direitos Reais sobre coisas alheias. 
PESSOA NATURAL E PERSONALIDADE
	- PESSOA É O SER HUMANO OU ENTIDADE COM PERSONALIDADE, é o sujeito da relação jurídica. 
	- Personalidade: aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Para o ordenamento jurídico, quem tem tal aptidão genérica tem personalidade, é pessoa, vale dizer, é sujeito de direitos. Todos os seres humanos são dotados de personalidade (art. 1º do CC). Também vários entes e organizações são pessoas, as chamadas pessoas jurídicas. 
	Quem tem personalidade tem capacidade de direito, mas nem sempre quem tem capacidade de direito tem personalidade (entes despersonalizados). Ex: massa falida, espólio, condomínio. Portanto, pode existir uma capacidade estrita de direitos a certos entes, sem que exista personalidade. 
	- Animais: há convenções internacionais que atribuem alguns direitos a animais. O reconhecimento de certos direitos a tais seres (vida e tratamento digno), não significa aptidão genérica para direitos (muito menos deveres), e é compatível com a distinção entre personalidade e capacidade estrita de direito. 
	- Nascituro: a “fecundação artificial” não indica a existência da figura do nascituro enquanto não implantado o embrião no ventre materno, isto é, enquanto “in vitro” ou crioconservado. Apenas é possível falar em nascituro quando já exista gravidez. O embrião não implantado não é pessoa, mas recebe proteção e tratamento próprio do campo das pessoas, sem que, no entanto, se lhe garanta posição equivalente ao nascituro, ao qual se ressalvam todos os direitos. Nascituro é o ser que está para nascer, já concebido e no ventre materno. Embora não se possa falar em nascituro ou em pessoa, é certo que há forte preocupação legislativa em torno da proteção ao embrião humano. Art. 5º Lei 11105/05, admite “para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento”, desde que preenchidas certas condições. Mas qualquer utilização ou manipulação de embriões humanos fora do estritamente admitido é capitulada como crime (art. 24 e ss Lei 11105/05). 
	- INÍCIO DA PERSONALIDADE: 
Há três teorias sobre o tema: 
Teoria Natalista: art 2º CC – para as pessoas naturais, a personalidade se inicia a partir do nascimento com vida. O nascituro tem resguardados seus direitos, porém não tem personalidade. Não pode ser considerado pessoa. O nascituro tem apenas expectativa de direitos. 
Teoria da Personalidade Condicional: A personalidade começa com o nascimento com vida, mas o nascituro titulariza direitos submetidos à condição suspensiva.
Teoria Concepcionista – a personalidade jurídica se inicia com a concepção, muito embora alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com o nascimento. O nascituro é pessoa desde o momento em que é concebido, o nascituro possui direitos. Argumenta-se, também, que o Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso direito por força do decreto 678/92, segue essa visão concepcionista. 
Para COUTO, evitando maior divagação, deve-se prestigiar o texto da lei; a personalidade se inicia com o nascimento, mas a ressalva aos direitos do nascituro é ampla, é genérica, de modo que as mais diversas situações são garantidas: pode o nascituro demandar o reconhecimento de sua filiação, pleitear alimentos, ser usufrutuário de bens, daí que pode ser parte processual, representado pela gestante. Lei 11804/08 disciplina os alimentos gravídicos (em favor do nascituro). A opção do CC ao estabelecer o início da personalidade com o nascimento com vida, tem o mérito de deixar assente que, falecendo o nascituro, isto é, não nascendo com vida, não pode ele transmitir direitos, pois não os adquiriu efetivamente. (nascimento com vida aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno). 
Enunciado 1 CJF: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. 
Obs: Info 547 STJ – Resp 1.415.727 – 4ª Turma decidiu que a beneficiária legal de seguro DPVAT que teve sua gestação interrompida em razão de acidente de transito tem direito ao recebimento da indenização pela morte do feto. O Min Luís Felipe Salomão afirmou que o ordenamento como um todo alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro. Ver Dizer o Direito – Trata-se de mais um passo rumo à plena adoção da teoria Concepcionista pelos Tribunais Brasileiros. 
 PERSONALIDADE E CAPACIDADE DE FATO 
	CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO: é a aptidão – em estado potencial – de ser titular de direitos patrimoniais e contrair obrigações, tendo por termo inicial o nascimento e perdurando até a morte. Prevista no art. 1º do CC, atribui-se capacidade de direito também à PJ. O conceito de capacidade de direito se confunde com o de personalidade. 
A personalidade jurídica é uma aptidão genérica. Toda pessoa tem personalidade, e por consequência toda pessoa tem capacidade de direito, seja um adulto, seja uma criança. Capacidade neste sentido se relacionaria com a personalidade como faces da mesma moeda. 
	CAPACIDADE DE EXERCÍCIO OU DE FATO: é a aptidão para exercer PESSOALMENTE os direitos, de agir juridicamente, por atos próprios ou mediante representante voluntário, praticando atos da vida civil. Diferentemente da capacidade de direito, nem todas as pessoas a possuem. É o caso dos incapazes, cujos atos jurídicos são praticados por meio de representantes ou assistentes. A capacidade de fato é medida de proteção ao incapaz, que, destituído da plenitude de discernimento, necessita de auxílio para a prática dos atos da vida civil (representação ou assistência). A capacidade de fato é a extensão prática dos poderes contidos na personalidade. A lei trabalha com 3 níveis de extensão: as pessoas plenamente capazes, as relativamente incapazes e as absolutamente incapazes. 
A primeira é estática, a segunda, dinâmica. Reunidas as duas, fala-se em CAPACIDADE CIVIL PLENA. 
	Ressalte-se que ambas diferenciam-se da LEGITIMAÇÃO ou LEGITIMIDADE. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. Assim é que o cego não pode fazer testamento particular, o juiz não pode adquirir bem levado a leilão por decisão de Tribunal ou juízo no qual se estenda a sua autoridade, o tutor não pode adquirir bens do tutelado, irmãos não podem se casar, ainda que dotados de capacidade civil plena. Portanto, a capacidade é a aptidão para a prática em geral dos atos jurídicos, enquanto a legitimidade civil é específica de determinado ato, é a qualidade subjetiva que permite ao sujeito a prática especifica de tal ou qual ato jurídico. Ausência de legitimação – ocorre quando, mesmo presente a capacidade civil plena, o legislador proíbe a pessoa de figurar no polo ativo ou passivo de certo negócio jurídico.
	INCAPACIDADE
A ausência da capacidade de fato (e não a capacidade de direito, que é genérica) gera a incapacidade civil. Esta incapacidade civil é desdobrável em: 
Incapacidade civil absoluta (artigo 3º) b) Incapacidade civil relativa (artigo 4º) 
	INCAPACIDADE ABSOLUTA 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
INCISO I: os atos da vida civil desses menores, para que sejam validos, serão praticados por outra pessoa, o chamado representante legal, no lugar do incapaz. A regra é que os pais são os representantes dos filhos menores. Se o menor praticar diretamente o ato, ele é afirmado nulo, como formade proteger o incapaz. 
Enunciado 138 CJF: “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inciso I, do art, 3º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a ele concernentes, desde que demonstrem discernimento suficiente para tanto”. Ex. Adoção (art. 45, §2º, do ECA) e guarda dos filhos.
Existem atos compatíveis com a idade que se presumem autorizados pelos pais, ou nos quais a representação é implícita, como o ato de uma criança de 11 anos, ao comprar sorvete com o dinheiro que o pai lhe deu (para explicar a validade de tais atos, parte da doutrina os refere como atos jurídicos em sentido estrito e não como negócios jurídicos. Não haveria liberdade de escolha de efeitos jurídicos, por parte do incapaz). 
INCISO II: O elemento central é a ausência de discernimento, a desorganização mental. Abrange todos os casos de insanidade mental (doença ou deficiência mental, congênita ou adquirida, de caráter duradouro ou permanente). Não se admite os intervalos de lucidez, pois admitir tal alegação geraria forte insegurança nas relações jurídicas. A velhice por si só não é causa de interdição. O absolutamente incapaz em virtude de deficiência mental deve ser colocado em regime de proteção, e a lei prevê a figura da interdição, para conferir-lhe um protetor, o curador. 
Mesmo não interditado, se o absolutamente incapaz celebra negocio jurídico diretamente, o ato é nulo. É que o Código estabelece que são absolutamente incapazes os doentes e deficientes mentais (art. 3º, II), e não apenas aqueles que já estejam interditados. Não é a interdição que gera a incapacidade, mas a incapacidade que gera a interdição. Logo, deve ser verificado se, ao tempo da pratica do ato, o individuo era absolutamente incapaz ou não. Se ele está interditado, a presunção relativa é de que existe a incapacidade. Se não está interditado, deve ser provada a incapacidade, ao tempo do ato, e provada, a nulidade será pronunciada, mesmo sem a interdição (COUTO). Maria Helena Diniz entende que a interdição gera presunção absoluta de incapacidade. Mas isso levaria a absurdos, pois a causa da interdição pode estar superada.
Hipótese controversa: celebração de negocio jurídico entre pessoa de boa-fé e o absolutamente incapaz não interditado, sem que percebida a incapacidade, que não era notória. Decisões antigas do STF e STJ no sentido de que a boa-fé não é apta a afastar a nulidade do negocio jurídico. A proteção do incapaz prevalece. 
INCISO III: É uma inovação do CC. Ex. pessoas em coma, pessoas que tomam determinados medicamentos; embriagados ou drogados, embora não sejam ébrios habituais ou viciados em tóxicos. Pode haver interdição em causa transitória (art. 1767, II, CC Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;)? O oposto de causa transitória é causa definitiva. A causa transitória pode ser temporária (2 dias) ou duradoura (2 anos). Assim, é possível interdição com causa transitória, desde que seja duradoura.
O ausente não é mais considerado absolutamente incapaz.
	INCAPACIDADE RELATIVA 
	Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
	I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos.
	Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
	O relativamente incapaz pratica diretamente os atos da vida civil, isto é, sua vontade própria há de ser manifestada e, em apoio, a do assistente. A falta de assistência gera a anulabilidade do ato. 
INCISO I: a invalidade refere-se apenas a certos atos e não a todos os atos do menor. Certos atos são realizados sem assistência: o menor relativamente incapaz (menor púbere) pode testar, ser mandatário, ser testemunha, votar etc. E não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pelo outro, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (art. 180 do CC). Isso equivaleria a alegar a própria torpeza. 
INCISO II: para tais pessoas será designado um curador, graduado conforme o comprometimento mental do agente. Se aniquilar a capacidade, não apenas reduzir, a incapacidade é absoluta. 
INCISO III: 
INCISO IV: pródigo é aquele que, objetivamente, dilapida o seu patrimônio. A prodigalidade se caracteriza apenas e tão só com o procedimento desordenado de dissipação. Não há necessidade de ser provada a causa psicológica que leva à aniquilação dos bens. O prodigo pode ser pessoa sã, mas que dilapida em razão do jogo, do amor, da radicalização filosófica etc. Em todos os casos, cabe a interdição. O único pressuposto é objetivo: a aniquilação dos bens. A restrição da validade de seus atos à anuência de um assistente refere-se apenas àqueles que importem disposição patrimonial e que extrapolem a mera administração de seus bens. Proteção que encontra fundamento na “teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo” desenvolvida por Luiz Edison Fachin. 
ÍNDIOS: Estatuto do Índio (Lei 6001/73). O art. 8º prescreve a nulidade dos atos jurídicos praticados pelos índios não integrados e qualquer pessoa estranha à comunidade, sem a interveniência da FUNAI. Há a ressalva, do parágrafo único, do art. 8º (quando o índio revelar consciência e conhecimento do praticado e que não lhe seja prejudicial). Pablo Stolze Gagliano: A disciplina normativa dos silvícolas está, agora, na legislação especial. A Lei 6.001/73 considera-o, em princípio, “agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação”. Ressalta a lei, todavia, a hipótese do índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, poderá ser considerado plenamente capaz para os atos da vida civil (...). Cumpre ainda fixar que a lei determina que “os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados à inscrição do nascimento”. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios.(...) Por isso, não é razoável afirmar-se a premissa de sua absoluta incapacidade, como quer a legislação especial. Apenas em hipóteses excepcionais, devidamente comprovadas, deve ser reconhecida sua completa falta de discernimento, para efeito de obter a invalidade dos atos por si praticados. Assim, acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria é considerar o índio, se inserido na sociedade, como plenamente capaz”.... Para o autor, situação do índio seria “situação verificável judicialmente”, inclusive com dilação probatória de tal condição.
Obs: art. 231 da CF: os índios, suas comunidades e organizações são partes legitimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o MP em todos os atos do processo. 
	INTERDIÇÃO 
Menores de idade – pais ou tutores (na falta dos pais) representam ou assistem
Nos demais casos – curadores (pode até ser o pai dele, mas vai ser chamado de curador)
	Menor de idade que é doente mental – até os 16 anos, é absolutamente incapaz (menor de idade); a partir dos 16 anos, seria relativamente incapaz, mas pode ser requerida a declaração de incapacidade absoluta (nomeação de curador). 
	A sentença de interdição dirá qual o grau de capacidade (absoluta ou relativa), podendo até admitir a prática de atos tais compatíveis com a interdição, art. 1772 CC (Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art. 1767 – os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; os excepcionais sem completo desenvolvimento mental – o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão circunscrever-se as restrições constantes do art. 1782). 
- STJ (2013): A sentença de interdição tem natureza constitutiva, pois não se limita a declarar uma incapacidadepreexistente, mas também a constituir uma nova situação jurídica de sujeição do interdito à curatela, com efeitos ex nunc. Seria constitutiva porque cria um novo estado jurídico, o estado jurídico de incapaz. Inaplicabilidade do disposto no art. 682, II do CC ao mandato concedido para a defesa judicial na própria ação de interdição (Cessa o mandato - II – pela morte ou interdição de uma das partes). 
A posição pela natureza declaratória da sentença de interdição prevalece entre os autores de direito civil. 
No entanto, o prazo prescricional fica suspenso a partir da “causa” da incapacidade, ainda que a sentença seja posterior. 
	EMANCIPAÇÃO
	É a obtenção da plena capacidade civil, antes dos 18 anos de idade, em virtude de causas legalmente enunciadas. É errado dizer que a emancipação implica prévio alcance da maioridade civil, a emancipação não equivale para outras áreas jurídicas, à superação da menoridade (ex. permanece inimputável penalmente e não pode ser investido em cargo publico federal). A emancipação confere a plena capacidade civil, que possibilita a pratica direta, sem assistência ou representação, dos mais variados atos da vida privada, e até os ligados a atividades publicas, para os quais não exista norma especial. 
	Prevista no artigo 5º do CC, é mecanismo que possibilita que o menor relativamente incapaz torne-se plenamente capaz. É, pois, uma antecipação da capacidade de fato (e não da maioridade!). Pode ser de 3 espécies: 
VOLUNTÁRIA, por ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, concedia por escritura publica irrevogável – sempre em benefício do menor. Nesse caso, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos. 
JUDICIAL, concedida pelo juiz, ao menor sob tutela, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos.
LEGAL, em decorrência de situação inconciliável com a inaptidão para atos da vida civil, como: 1) casamento (a separação, a viuvez ou mesmo a anulação do casamento, para o cônjuge de boa-fé, não geram retorno à incapacidade), inclusive daquele que não tem 16 anos (para evitar imposição de crime (?) ou em caso de gravidez); 2) exercício de cargo ou emprego público efetivo; 3) colação de grau em curso de ensino superior; 4) estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16 anos que gerem economia própria.
A emancipação voluntária e a judicial exigem que o menor já tenha 16 anos, e devem ser registradas, produzindo efeitos a partir daí; a legal independe de registro, operando seus efeitos desde a efetiva ocorrência da causa que a enseja. 
Enunciado 397 CJF - Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita a desconstituição por vício de vontade.
	TÉRMINO DA PERSONALIDADE (MORTE REAL E PRESUMIDA)
	Em relação à pessoa natural, o término da personalidade ocorre com a morte (art. 6º). A morte não é um conceito jurídico, e sim realidade cientifica. À luz da ciência atual, a Lei 9434/97 no art. 3º exige, para a caracterização do falecimento, diagnóstico de morte encefálica. Morte real, que ocorre com a paralisação da atividade encefálica. 
		A morte presumida (art. 7º) está prevista em dois incisos: 
situação de risco geradora de probabilidade de morte. Os requisitos são cumulativos (art. 88 da Lei 6015/73). Ex. Acidentes de avião, plataformas de petróleo, mergulhadores, em que o corpo jamais aparece. Ex. Bateau Mouche, tsunami; O caso não é de ausência, e sim de lavratura de assento de óbito. Se por absurdo, o dito morto reaparecer, serão nulos os atos civis que consideraram seu falecimento. 
desaparecimento em campanha ou feito prisioneiro, não sendo encontrados até dois anos após o término da guerra. 
Art. 7º.pu. É dever do juiz verificar se foram esgotadas as buscas e averiguações, fixando a data provável do óbito. 
	Desaparecidos em atividades políticas: a Lei 9.140/95 determina que reconhece como mortas as pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícia. 
- Consequências jurídicas da morte: 
	(a) cessação da personalidade e dos direitos das personalidade; 
	(b) abertura da sucessão (art. 1784), importando na transmissão imediata, automática, do patrimônio do falecido aos seus sucessores; 
	(c) extinguir o poder familiar (art. 1635, I); 
	(d) pôr fim aos contratos personalíssimos, como a prestação de serviços e o mandato (art. 607); 
	 (e) findar o casamento ou a união estável, inclusive quanto ao regime de bens.
COMORIÊNCIA (art. 8º): significa morte simultânea. Presunção legal, prevista no art. 8º do CC – de caráter relativo, pressupondo que, falecendo dois ou mais indivíduos na mesma ocasião, e não se podendo verificar qual deles morreu primeiro, deve ser considerado que ambos expiraram ao mesmo tempo. 
Art. 8º. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
Refere-se ao mesmo momento ou ao mesmo lugar? Representa o momento e não o local. Assim, a comoriência pode ocorrer através de desastres diversos. Ex. desastre no Japão e chuvas no interior de Minas no mesmo momento, pode ensejar a presunção simultânea das mortes. Em caso de serem parentes, não sucedem um ao outro, abrindo-se cadeias sucessórias distintas. 
	DIREITOS DA PERSONALIDADE 
	Uma das principais inovações do NCC é a existência de um capítulo próprio dos direitos da personalidade. Retrata a mudança axiológica da codificação, de um código agrário e conservador (que só abarcava os direitos subjetivos reais e obrigacionais) para outro que se preocupa substancialmente com o indivíduo, em sintonia com CF/88. Sua localização, no NCC, mostra, ainda, que o ser humano é o protagonista do novo sistema. É o fenômeno da despatrimonialização ou repersonalização do direito privado.
CONCEITO: são aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais, com o fim de proteger a essência e a existência do ser humano. A ideia que norteia sua disciplina é a de uma esfera extrapatrimonial do indivíduo, tutelada pela ordem jurídica com respaldo em uma série de valores não redutíveis pecuniariamente, como a vida, a integridade física, a intimidade, a honra etc.
Síntese: direitos relacionados aos atributos e prerrogativas considerados essenciais ao pleno desenvolvimento da pessoa humana, em todas as suas dimensões (física, psíquica e intelectual), capazes de individualizar o sujeito e lhe garantir vida digna, mediante uma segura e avançada tutela jurídica.
	Enunciado 274 CJF – Art. 11. “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação”. Fundamento: art. 1º, III (fundamento na dignidade da pessoa humana) – cláusula geral de proteção dos direitos da personalidade. Quando há violação a direito da personalidade, há violação à dignidade da pessoa humana.
Direitos da personalidade vs Liberdade publicas. 
relações públicas (individuo diante do Estado): liberdades públicas. Alguns dos direitos da personalidade podem ser enfocados sob o aspecto do relacionamento do individuo com o Estado, no contexto das “liberdades publicas”. As liberdades publicas traduzem espécies de direitos essenciais, examinados sob o angulo do direito público, isto é, do individuo perante o Estado. 
relações privadas (entre particulares): direitos da personalidade. Quando apreciados sob o prisma das relações privadas, tais liberdades são exemplos de direitos da personalidade. 
Sobre seus fundamentosjurídicos, há duas correntes: 
positivista (ou tipificadora), que identifica como direitos da personalidade somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força jurídica, não aceitando, assim, a existência de direitos inatos à condição humana. A norma jurídica seria seu único fundamento, pois ética, religião, história, política, ideologia não passam de aspectos de uma mesma realidade. 
corrente jusnaturalista relaciona os direitos da personalidade às faculdades exercitadas naturalmente pelo homem, pois são atributos inerentes à condição humana. 
Titularidade: por excelência, é do ser humano, mas alcança também os nascituros, que, embora sem personalidade, têm direitos ressalvados desde a concepção. As pessoas jurídicas também o são, no que diz respeito ao nome e à imagem, que acabam por atingir os valores societários. A CF não faz distinção entre pessoa natural e pessoa jurídica ao dispor sobre o direito à honra e à imagem, não podendo haver restrição na sua interpretação. A abrangência indistinta também ocorre no inciso V do art. 5º do texto constitucional (indenização por dano moral e à imagem). Assim, apesar de uma concepção originalmente antropocêntrica dos direitos da personalidade, são eles aplicáveis à PJ quanto aos atributos que lhe são reconhecidos (nome e outros sinais distintivos, segredo, criações intelectuais e outros). Tal entendimento já estava consagrado na jurisprudência, por força da Súmula do STJ (nº 18: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”) e agora o NCC põe fim à polêmica, com o art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
A corrente doutrinária divergente (Gustavo Tepedino, Cláudia Lima Marques) restringe a titularidade dos direitos da personalidade ao ser humano, por três motivos: (1) a origem de sua positivação está na Constituição Alemã, que dispõe expressamente que “a dignidade da pessoa humana é inviolável”; (2) a lesão a nome de PJ configura um dano patrimonial, não moral, pois ela só tem honra objetiva (externa ao sujeito – consiste no respeito, consideração, apreço) e o prejuízo é unicamente material; (3) estender os direitos da personalidade a ecossistema, animais e PJ significa desmerecê-los, desvalorizá-los. Tal corrente defende que, apesar de serem a pessoa natural e a PJ sujeitos de direito, seus fundamentos são diversos. Ademais, essa extensão não se adapta à trajetória e à função dos direitos da personalidade no ordenamento.
Direitos da personalidade (Couto): irrenunciáveis, imprescritíveis, inalienáveis, impenhoráveis e intransmissíveis. O art. 11 do CC diz que não podem sofrer limitação voluntária (trata-se de má redação). Deve-se entender possível a limitação voluntária desde que não seja permanente nem geral (Enunciado 4 do CJF “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.”), contratos dos mais diversos limitam temporariamente e de modo tolerável a intimidade e a imagem dos contratados na televisão (ex. Big Brother). A limitação não pode ser permanente, nem geral e deve existir o respeito aos direitos essenciais dos contratados, não pode violar a dignidade do titular. 
- Características:
Caráter absoluto: são oponíveis erga omnes. A pretensão é que será dirigida a certa(s) pessoa(s). Não quer dizer que são ilimitáveis. Nesse aspecto, eles são relativos, incidindo a razoabilidade, em caso de colisão.
Generalidade (caráter necessário dos dir. da personalidade): são outorgados a todas as pessoas.
Extrapatrimonialidade: ausência de conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos (dano moral)
Indisponibilidade: decorre de seu caráter essencial. Abrange tanto a INTRANSMISSIBILIDADE (não se admite a cessão do direito de um sujeito para outro) como a IRRENUNCIABILIDADE (ninguém pode dispor de sua vida, sua intimidade, sua imagem). No entanto esta indisponibilidade é relativa, já que o artigo 11 admite restrição voluntaria, desde que atendidas os requisitos.
Impenhorabilidade: A ausência de conteúdo econômico impede a penhora. Estes não podem ser penhorados, mas o crédito deles decorrentes sim. Da mesma forma, deve-se admitir a penhora dos créditos da cessão de uso do direito à imagem.
Vitaliciedade: os direito da personalidade se extinguem com a morte. O art. 12, parágrafo único, do NCC prevê o dano reflexo aos direitos da personalidade dos membros da família, em caso de lesão ao que seriam os direitos da personalidade da pessoa morta. A verdade é que não se trata de sucessão, em exceção ao princípio da indisponibilidade, mas de proteção aos direitos da personalidade dos parentes, que são lesados indiretamente. Os herdeiros, considerados como lesados indiretos, devem propor a ação em nome próprio. Direito reconhecido às pessoas vivas de ter salvaguardada a personalidade dos seus parentes falecidos, sob pena de afronta à sua própria personalidade. Lesados atuam em nome próprio, defendendo um interesse próprio, agem, pois, por legitimidade ordinária, autônoma e não em substituição processual. Os legitimados para requerer o dano são, subsidiariamente: cônjuges e descendentes; ascendentes; colaterais até o 4º grau. 
Imprescritibilidade: não existe prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não-uso.
Espécies:
A doutrina em geral adota a chamada classificação tripartida dos direitos da personalidade: 1º) integridade física (direito à vida, à saúde, ao próprio corpo, aos alimentos) 2º) integridade intelectual (liberdade de pensamento, direitos morais do autor) 3º) integridade moral (proteção à honra, ao recato, a identidade pessoal). 
Os direitos personalíssimos não são enumeráveis, não há uma lista exaustiva, porém, entre os mais importantes, destacam-se:
Vida: o mais precioso direito do ser humano. Trata-se de direito à vida e não sobre a vida, de modo que seu titular não pode cercear esse direito.
Integridade física: sobre esse direito, têm o CC as seguintes disposições:
Princípio do consentimento informado (art. 15): o paciente tem direito de saber qual é o tratamento ou a cirurgia recomendada pelo médico e quais são suas consequências, para que a opção seja feita com consciência. A responsabilidade do médico, assim, não é só quanto à técnica, mas também quanto à informação. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica. 
Limites à disposição do corpo: só pode haver a diminuição permanente da integridade física se houver exigência médica, que pode ser por motivo de saúde física ou psíquica, o que abrange as cirurgias plásticas e as lipoaspirações. Nesse sentido, confira-se o Enunciado nº 6 do CJF. “A expressão ‘exigência médica’, contida no art. 13, refere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico do disponente”
Enunciado 276 CJF – Art.13. “O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”.
Após a morte, pode haver disposição do corpo para objetivos altruísticos ou científicos, gratuitamente, no todo ou em parte (ex. de disposição parcial: doação para banco de esperma). Havendo suspeita de morte violenta em decorrência de crime, a lei obriga à realização de necropsia. 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Pu. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
Integridade psíquica: incluem-se nessa classificação o direito à liberdade, inclusive de pensamento, à intimidade, à privacidade, ao segredo eo direito referente à criação intelectual. O direito à liberdade é tratado no art. 5º da CF, sendo objeto de estudo do direito constitucional, motivo por que deixará de ser abordado neste resumo.
Direito às criações intelectuais: é manifestação direta da liberdade de pensamento. Também é abordado na CF – art. 5º, XXVII e XXIX (aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilegio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País). 
Regula-se, ainda, pela Lei 9.610/98 (direitos autorais) e Lei 9.279/96 (propriedade intelectual). Nos direitos autorais, há duas classes de interesse: os morais e os patrimoniais. Os primeiros é que configuram efetivos direitos da personalidade e que, por isso, não se transmitem a nenhum título.
Direito à privacidade: art. 5º, X/CF (são invioláveis a intimidade, vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação).
 Relaciona-se à vida particular da pessoa natural. O direito à intimidade é uma de suas manifestações. Este difere daquele porque está ligado à não intrusão, ao direito de estar só; é um ambiente da vida privada mais profundo que a privacidade (nesta se insere a família). É como se esta fosse um círculo grande que abrangesse o círculo, menor e concêntrico, da intimidade. O elemento fundamental do direito à intimidade é a exigibilidade de respeito ao isolamento de cada ser humano, que não pretende abrir certos aspectos de sua vida a terceiros. É o direito de estar só. O direito à privacidade é tratado no art. 21 do CC, que garante ao lesionado a adoção, pelo juiz, de providências necessárias para impedir ou estancar a violação à vida privada. Tal inviolabilidade é garantida somente às pessoas naturais. 
Enunciado 405 CJF: As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu armazenamento, registro ou uso, salvo com autorização do titular.
O Direito ao esquecimento: Enunciado 531 CJF: A tutela da dignidade humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. 
Trechos abaixo extraídos do “Dizer o Direito”:
Em que consiste o direito ao esquecimento?
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
No Brasil, o direito ao esquecimento possui assento constitucional e legal, considerando que é uma consequência do direito à vida privada (privacidade),intimidade e honra, assegurados pela CF/88 (art. 5º, X) e pelo CC/02 (art. 21). Alguns autores também afirmam que o direito ao esquecimento é uma decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
A discussão quanto ao direito ao esquecimento envolve um conflito aparente entre a liberdade de expressão/informação e atributos individuais da pessoa humana, como a intimidade, privacidade e honra.
A discussão quanto ao direito ao esquecimento surgiu, de fato, para o caso de ex-condenados que, após determinado período, desejavam que esses antecedentes criminais não mais fossem expostos, o que lhes causava inúmeros prejuízos. No entanto, esse debate foi se ampliando e, atualmente, envolve outros aspectos da vida da pessoa que ela almeja que sejam esquecidos. Exemplo histórico: “caso Lebach” - Decidiu-se que a proteção constitucional da personalidade não admite que a imprensa explore, por tempo ilimitado, a pessoa do criminoso e sua vida privada. (...) Isso porque não haveria mais um interesse atual naquela informação (o crime já estava solucionado e julgado há anos). (...) O direito ao esquecimento, também é chamado de “direito de ser deixado em paz” ou o “direito de estar só”. Nos EUA, é conhecido como the right to be let alone. 
Pode-se imaginar, ainda, que o indivíduo deseje simplesmente ser esquecido, deixado em paz. Nesse sentido, podemos imaginar o exemplo de uma pessoa que era famosa (um artista, esportista, político etc.) que, em determinado momento de sua vida, decide voltar a ser um anônimo e não mais ser incomodado com reportagens, entrevistas ou qualquer outra forma de exposição pública. 
A 4ª Turma do STJ, em dois julgados recentes, afirmou que o sistema jurídico brasileiro protege o direito ao esquecimento (REsp 1.335.153-RJ e REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 28/5/2013).
Como conciliar, então, o direito ao esquecimento com o direito à informação?
Deve-se analisar se existe um interesse público atual na divulgação daquela informação. Se ainda persistir, não há que se falar em direito ao esquecimento, sendo lícita a publicidade daquela notícia. É o caso, por exemplo, de “crimes genuinamente históricos, quando a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável” (Min. Luís Felipe Salomão). Por outro lado, se não houver interesse público atual, a pessoa poderá exercer seu direito ao esquecimento, devendo ser impedidas notícias sobre o fato que já ficou no passado.
Direito ao esquecimento x direito à memória O reconhecimento do “direito ao esquecimento” passa por outro interessante desafio: como conciliá-lo com o chamado “direito à memória e à verdade histórica”?
Quando um país faz a transição de um regime ditatorial para um Estado democrático, ele deverá passar por um processo de mudança e adaptação, chamado pela doutrina de “Justiça de Transição”. A Justiça de Transição significa uma série de medidas que devem ser tomadas para que essa ruptura com o modelo anterior e inauguração de uma nova fase sejam feitas sem traumas, revanchismos, mas também sem negar a existência do passado. Podemos citar como providências decorrentes da Justiça de Transição: a) a reforma das instituições existentes no modelo anterior; b) a responsabilização criminal das pessoas que cometeram crimes; c) a reparação das vítimas e perseguidos políticos; e d) a busca pela verdade histórica e a defesa do direito à memória. Em se tratando de Brasil, podemos conceituar o direito à memória e à verdade histórica como sendo o direito que possuem os lesados e toda a sociedade brasileira de esclarecer os fatos e as circunstâncias que geraram graves violações de direitos humanos durante o período de ditatura militar, tais como os casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres etc. O direito à memória também encontra fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana e no compromisso do Estado constitucional brasileiro de assegurar o respeito aos direitos humanos (art. 4º, II, da CF/88). O direito à memória foi regulamentado pela Lei n.° 12.528/2011, que criou a Comissão Nacional da Verdade, destinada a apurar as circunstâncias em que ocorreram violações a direitos humanos durante o período de ditadura militar.
O direito ao esquecimento impede que seja exercido o direito à memória? NÃO. O direito ao esquecimento não tem o condão de impedir a concretização do direito à memória. Isso porque as violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura militar são fatos de extrema relevância histórica e de inegável interesse público. Logo, em uma ponderação de interesses, o direito individual ao esquecimento cede espaço ao direito à memória e à verdade histórica.
Vale lembrar que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 24/11/2010, no Caso “Gomes Lund e outros” (Guerrilha do Araguaia), dentre outras razões, por ter negado acesso aos arquivos estatais que possuíam informações sobre essa guerrilha. Na sentença, a Corte determinou que o Brasil “deve continuar desenvolvendo as iniciativas de busca, sistematizaçãoe publicação de toda a informação sobre a Guerrilha do Araguaia, assim como da informação relativa a violações de direitos humanos ocorridas durante o regime militar”. Desse modo, em outros termos, a própria Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou que o Brasil assegure o direito à memória.
O direito ao esquecimento e os desafios impostos pela internet
A internet praticamente eterniza as notícias e informações. Com poucos cliques é possível ler reportagens sobre fatos ocorridos há muitos anos, inclusive com fotos e vídeos. Esses dados são rapidamente espalhados e ficam armazenados em servidores espalhados ao redor do mundo, muitos em países que não mantêm tratados internacionais de cooperação judiciária.
Diante disso, atualmente, é impossível garantir, na prática, o direito ao esquecimento na internet. Existe até mesmo um ditado que afirma que “uma vez on line, para sempre on line”. Em outros termos, depois que algo foi para a internet, é impossível retirá-lo.
Justamente por isso, o Min. Luís Felipe Salomão menciona que, “em recente palestra proferida na Universidade de Nova York, o alto executivo da Google Eric Schmidt afirmou que a internet precisa de um botão de delete. Informações relativas ao passado distante de uma pessoa podem assombrá-la para sempre, causando entraves, inclusive, em sua vida profissional, como no exemplo dado na ocasião, de um jovem que cometeu um crime em relação ao qual as informações seriam expurgadas de seu registro na fase adulta, mas que o mencionado crime poderia permanecer on-line, impedindo a pessoa de conseguir emprego.” (REsp 1.334.097).
Direito ao segredo: seria um círculo, também concêntrico, intermediário entre a intimidade e a privacidade. Abrange três esferas: segredo das comunicações (correspondência, telefone e comunicação telegráfica); segredo doméstico (reservado aos recônditos do lar e da vida privada; relaciona-se também à inviolabilidade do domicílio); segredo profissional (protege-se a pessoa que revelou algum segredo a terceiro, por circunstância de sua atividade profissional).
Integridade Moral: nela se inserem:
Direito à honra: umbilicalmente associada à natureza humana, manifesta-se sob duas formas: (1) objetiva – reputação, bom nome e fama que a pessoa possui na sociedade – e (2) subjetiva – sentimento pessoal de estima, consciência da própria dignidade. 
Direito à imagem: protege a forma plástica da pessoa natural, mais os seus reflexos, principalmente quando há violação, são sentidos mais no âmbito moral que no físico. É também um direito fundamental (art. 5º, X, CF). O NCC contém previsão (art. 20) de indenização para o caso de exposição ou utilização da imagem de uma pessoa quando houver proibição sua e lhe atingirem a honra ou se destinarem a fins comerciais. Tratando-se de morto ou ausente, podem pedir a devida tutela o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. O desvio de finalidade do uso autorizado também caracteriza violação ao direito à imagem. Como se vê, esse direito admite cessão de uso, porém seus limites devem ser rigidamente fixados pela autorização expressa do seu titular.
Enunciado 279 CJF : Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Ainda que se trate de pessoa pública, o uso não autorizado da sua imagem, com fins exclusivamente econômicos e publicitários, gera danos morais.
Direito ao nome: tutela o sinal exterior mais visível da pessoa natural. Compreende o prenome e o sobrenome (patronímico). Pode, ainda, ser integrado pelo pseudônimo (codinome), que é aquele escolhido pela própria pessoa para o exercício de uma atividade específica. Ainda que não o integre, goza da mesma proteção (desde que usado para atividade lícita), tutelando, assim, um verdadeiro direito à identidade pessoal. Para a teoria majoritária, a natureza jurídica do nome é que é um direito da personalidade. É a teoria adotada pelo CC, art. 16. “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”
	 Em regra, o nome é imutável. Princípio da imutabilidade relativa do nome civil. Excepcionalmente admite-se sua modificação, nas hipóteses expressamente previstas em lei ou reconhecidas como excepcionais por decisão judicial (art. 57 Lei 6015/75) exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros. Vide Info 503 STJ – Dizer o Direito. Exceções: 
art. 56 Lei 6015/73 – O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. Possibilidade de troca imotivada. 
Art. 110 Lei 6015/73 – Os erros que não exijam qualquer indagação para constatação imediata de necessidade de sua correção poderão ser corrigidos de oficio pelo oficial de registro no próprio cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de taxas, após manifestação conclusiva do MP. 
Art. 58 Lei 6015/73 – o prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. 
Art. 57 §8º - o enteado pode adotar o sobrenome do padrasto. 
Art. 57 §7º - pessoas incluídas no programa de proteção a vitimas e testemunhas. “Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja averbação no registro de origem de menção de existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração. 
Por via judicial, com motivo declarado, por sentença, após oitiva do MP. 
Art. 57 Lei 6015/73 – a alteração posterior do nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do MP, será permitida por decisão do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110. 
Exemplos: alterar o nome caso exponha seu portador ao ridículo. Alterar o nome em virtude de cirurgia de transgenitalização, redesignação sexual. 
Em relação à mudança do nome e do sexo no registro civil não há um consenso. Há quem repudie, pois apesar da cirurgia, os órgãos internos são os mesmos, Arnaldo Rizzardo. A posição amplamente dominante é no sentido de se permitir a mudança do nome e do sexo, com fundamento na dignidade da pessoa humana. Julgado do STJ Resp 678933, contemplou a mudança do nome no registro civil, mas ele prevê que a decisão judicial deve ser averbada no registro – segurança jurídica. 
Resp 1008398 Inf 411 – não é admissível que se faça qualquer assertiva de que a mudança decorreu de decisão judicial – contrariou o anterior. Alargou ainda mais a proteção à dignidade humana, mas não se preocupou com a proteção de legítimas expectativas de terceiros.
Inf 415 STJ Resp 737993 – meio termo - nos assentos cartorários deve haver referência de que a mudança resultou de sentença – documento público que deve refletir a realidade, segurança jurídica, mas na certidão não há que se fazer qualquer alusão à decisão judicial. Na prática é a mesma coisa porque ninguém vai buscar nos assentos cartorários, todo mundo se contenta com a certidão.
Casamento. Art. 1565 §1º - Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescerao seu o sobrenome do outro.
STJ – decisão permitindo que o companheiro acresça o sobrenome do outro ao seu. Exigências para o acréscimo do patronímico de seu companheiro: 1) deverá existir prova documental da relação por instrumento público. 2) deverá haver a anuência do companheiro cujo nome será adotado. Resp 1.206.656- GO. 
8) Divórcio – o nome é mantido, salvo se a pessoa que acrescentou o sobrenome de seu cônjuge desejar retirá-lo. 
O NCC tutela o nome na medida em que proíbe o seu uso em propaganda comercial sem autorização (art. 18). Como dito antes, o art. 17, quando proíbe o emprego do nome de modo a expor seu titular ao desprezo público, protege, em verdade, a honra. Aquele outro dispositivo, de certa forma, também objetiva tutelar a honra.
Proteção: pode ser preventiva, fazendo cessar a ameaça (por meio de cautelar ou ordinária com multa cominatória)� ou repressiva (por meio de imposição de sanção civil – indenização – ou ainda penal). O CC prevê tais formas de tutela (art. 12)�. A CF, por sua vez, consagra garantias específicas (remédios) daqueles direitos da personalidade que configurem liberdades públicas. Por fim, o Pacto de São José da Costa Rica determina que os Estados se comprometam a respeitar e garantir os direitos da personalidade.
	
TUTELA 	
	Tutela: é o instituto assistencial substitutivo do poder familiar. Alguém é designado, no lugar dos pais, para gerir a criação e educação dos menores até o advento da plena capacidade.O pátrio poder pode ser extinto de modo excepcional, antes que o menor atinja a capacidade civil plena; a morte dos pais, ou impedimento de ambos para exercê-lo, leva o Código a regular instituto substitutivo, para a proteção dos filhos menores, chamado de tutela.
	Classificação da tutela:
	i) Tutela testamentária;
	ii) Tutela legítima (art. 1731 do CC);
	iii) Tutela dativa.
Tutela testamentária: os próprios pais, de modo prévio e formal, escolheram o tutor. Pais precavidos. Apesar da expressão, nem sempre a sua origem será por testamento. Admite-se que os pais nomeiem tutor através de qualquer ato autêntico, seja uma escritura publica, um escrito particular, nesse caso com autenticação do notário. 
Tutela legítima: na ausência de tutor escolhido, o juiz nomeia parente, em principio seguindo a ordem estabelecida no art. 1731 do CC. Recai sobre parente do menor (ou ascendente ou colateral até o 3º grau). Os ascendentes, primeiro em grau mais próximo (avós), depois mais remotos, preferem aos colaterais, mas a ordem eventualmente fica em segundo plano, pois o ponto nodal é o melhor interesse do menor.
Tutela dativa: não havendo tutor testamentário ou legítimo, o juiz nomeará pessoa idônea.
A tutela é muns publico. Os parentes não têm a liberdade de aceita-la ou não. Apenas podem recusar nos casos de escusa previstos pela lei. Já quem não é parente não é obrigado a ser tutor, a não ser que não existam parentes em condições de fazê-lo. 	
Poderes do tutor: age como se fosse “pai” do menor. Seu feixe de deveres é tão extenso quanto o dos pais, mas seus poderes não são tão amplos, além de se sujeitar a permanente fiscalização judicial e extrajudicial. Há prestação de contas ao juiz, pelo menos a cada biênio. A administração dos bens dos pupilos ocorre sem que sobre eles exista usufruto legal. Certos atos dependem de prévia autorização judicial: vender bens móveis, fazer acordos e pagar dívidas. Mais: venda de imóveis – e só o fará em caso de manifesta vantagem e com antecedente avaliação do bem.
Atos vedados até com autorização judicial: comprar bens do pupilo, dispor pelo menor a titulo gratuito, ai abrangida a fiança e o aval, ou tornar-se cessionário de crédito ou de direito, contra o protegido. Tais atos, se praticados, são nulos. 
	CURATELA 
	Designa situações em que alguém cuida de bens ou interesses de outrem, ou na qual uma pessoa está sob a proteção de outra. No Direito Civil, é impositiva a curatela em relação a maiores incapazes, destinando-se a suprir-lhes a inaptidão para os atos da vida civil. 
	Procedimento: jurisdição voluntária. 
	Não confundir a curatela com algumas hipóteses especiais de curadoria. As curadorias dizem respeito à designação de alguém para representar o interesse de outrem em algumas situações específicas. São pontuais e episódicas. Tem cunho funcional e provisório. Não se destina à regência das pessoas. Hipóteses pontuais: 
Campo processual: em favor do incapaz, quando não tiver representante ou conflito de interesses (art. 9 CPC), réu revel, réu preso, todos exercidos pela Defensoria Pública;
Campo material: curadoria dos bens do ausente; curadoria da herança jacente. 
	O art. 1767 do CC lista o rol dos passíveis de submissão ao instituto da curatela. A visão dominante entende que o rol é taxativo, mas é certo que portadores de séria deficiência física devem ser agregados à lista, que de resto é um pouco aberta, já que inclui todos os que , por causa duradoura, “não puderem exprimir a sua vontade”. A idade muito avançada por si só não implica interdição. 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental; V - os pródigos.
	Legitimados para requerer a curatela: pais ou tutores, o cônjuge, qualquer parente e o MP. Também o companheiro, apesar de não constar da lista. 
	O legitimado passivo é o portador do problema que o faz alvo da proteção legal. Com frequência se diz que o interditando deve ser pessoa maior. Realmente, não há sentido em interditar o absolutamente incapaz, pois ele já está sujeito ao poder parental ou à tutela. Porém, o requerimento pode ser feito quando o portador do problema já tenha 16 anos. 
	O curador será nomeado pelo juiz, na ordem do art. 1775: será o cônjuge ou companheiro, ou, se não existir, o pai ou mãe, ou, em terceiro, o descendente mais apto e, por fim, quem o magistrado determinar. Essa ordem não é absoluta; como sempre, é balanceada pelo melhor interesse do protegido.
	Não há curatela testamentária (é sempre o juiz que indica o curador). 
	Atribuições do curador: (a curatela é uma especialização da tutela). 
é munus público, não pode ser recusado. 
em tudo o quanto não há norma especial, aplica-se a disciplina da tutela. Ex. deve pedir autorização judicial nos mesmos casos necessários ao tutor. Deve Prestar contas. 
algumas curatelas são limitadas, e, por retirarem menos poderes do interditado, conferem atribuições mais restritas ao curador. Ex: curatela do pródigo: apenas o inabilita para atos que ultrapassem a mera administração patrimonial (art. 1782 do CC. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração). 
	A curatela termina quando a interdição é levantada, ou com o falecimento do curatelado.
	 A falta da interdição não retira a proteção que a lei confere ao absolutamente incapaz. Protege-se o incapaz, e não apenas o incapaz interditado. No outro ângulo, é errôneo dizer, embora comum, que o sujeito interditado carrega a presunção absoluta de ser incapaz. A presunção é relativa, pois pode não mais corresponder à realidade.
PROVA ORAL: 1) Um caso frequente na justiça: uma pessoa declara-se incapaz, mas demanda contra a União mesmo sem comprová-la previamente. Como magistrado, como agir? Recebe a inicial, manda emenda-la ou extingue o feito sem julgamento do mérito?  
2) um sujeito alega na inicial ser absolutamente incapaz e, ele mesmo outorga procuração a um advogado que pede, por exemplo, a reforma militar, pois ele fora licenciado sem reforma, mas ele já estava alienado mental. O feito é processado e é feita uma perícia que constata a incapacidadeabsoluta já ao tempo do licenciamento. O juiz remete os autos ao Ministério Público que oficia da seguinte maneira: se o autor é absolutamente incapaz não poderia ter outorgado procuração ao seu causídico. Então, haveria aí uma nulidade ou pelo menos se pediria a suspensão até que se obtenha a curatela e a autorização judicial para o litígio? 
	AUSÊNCIA 
	-ausência é, antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar qualquer notícia nem deixar representante para administrar-lhe os bens. Em tais casos, prevê o art. 22 do CC, que o juiz, a requerimento do interessado ou do MP, declarará a ausência do sumido e nomear-lhe-á curador. 
 	-NCC corrigiu o equívoco que era feito pelo CC/16, não mais considerando o ausente como um incapaz. Trata-se de um instituto que busca tutelar o patrimônio do desaparecido, disciplinando, gradativamente, sua sucessão, sempre com a cautela da possibilidade do retorno. Não há, portanto, incapacidade por ausência, mas sim uma premência em proteger os interesses do ausente, devido à sua incompatibilidade jurídica em conciliar o abandono do domicílio com a conservação de direitos. O ausente tem personalidade, e pode herdar, receber doações, etc. Onde quer que o ausente se encontre, poderá entabular negócios jurídicos que serão válidos. 
 Para o estudo da matéria é necessário destacar 3 momentos: 
 		a)caracterização da ausência;
 		b)sucessão provisória;
 		c)sucessão definitiva.
	caracterização da ausência; - desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens.
 	-quem declara a ausência: ausência deve ser declarada pelo juiz.
 	-quem pode requerer: qualquer interessado ou Ministério Público.
 	-hipóteses de declaração de ausência - DESAPARECIMENTO DE PESSOA DO SEU DOMICÍLIO:
 		a)sem deixar representante ou procurador para administrar seus bens. 
		b)deixOu representante ou procurador quando este não quiser ou não puder exercer o mandato. 
		c)deixOu representante ou procurador com poderes insuficientes. 
 	-declarada a ausência, o juiz nomeará curador, fixando-lhe poderes e obrigações. Este fará o inventário dos bens e os administrará.
 	-não caberá nomeação de curador se não houver bens.
 	atenção: o ausente não é incapaz, e a função do curador é administrar-lhe o patrimônio.
	Sucessão provisória – a ideia de provisoriedade da sucessão é uma cautela que se exige, ainda que se anteveja o provável falecimento real do ausente, uma vez que não se tem, realmente, ainda, certeza de tal fato.
 	-momento de abertura da sucessão provisória:
 		a)se não deixou representante: 1 ano após a arrecadação dos bens do ausente.
		b)se deixou representante: 3 anos.
	-sentença de abertura da sucessão provisória: só produz efeito após 180 dias da sua publicação pela imprensa. Após o trânsito em julgado, possibilitará a abertura do testamento (se houver) e o inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
	-se os herdeiros ou interessados não requerem a abertura do inventário (no prazo de 30 dias do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória): a herança será considerada como jacente. 
 	 	A disposição dos bens imóveis: a alienação (não sendo hipótese de desapropriação) e a hipoteca dependerão de ordem do juiz, quando para evitar a ruína.
 frutos dos bens durante a sucessão provisória: 
 			a)descendente, ascendente ou cônjuge: adquirem a propriedade dos frutos dos bens.
			b)outros sucessores: devem capitalizar metade dos frutos e rendimentos e prestar contas ao juiz competente.
	Havendo o reaparecimento do ausente, desde que demonstrada que a sua ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele sua parte nos frutos e rendimentos.
 		-reaparecimento do ausente: cessação imediata das vantagens dos sucessores quanto aos bens que tenham posse provisória. Os sucessores que estavam na posse provisória, até a efetiva entrega do bem, ficam obrigados a tomar as medidas assecuratórias necessárias.
	Sucessão Definitiva - com a abertura da sucessão definitiva considera-se como ocorrida a morte presumida do ausente. 
 	-momento da abertura da sucessão definitiva:
 		a)10 anos após o trânsito em julgado da sentença que determina a abertura da sucessão provisória.
		b) se o ausente contar com + 80 anos e estiver sumido há + 5 anos.
		c)se durante a POSSE PROVISÓRIA se provar a ÉPOCA EXATA DO FALECIMENTO DO AUSENTE.
	 	-quem pode requerer a abertura da sucessão definitiva: é requerida pelos interessados. 
 	 	-regime jurídico dos bens durante a sucessão definitiva: o sucessores deixam de ser provisórios. Adquirem o domínio dos bens recebidos, e a consequentemente livre disposição deles.
 		Mas a propriedade assim adquirida considera-se resolúvel. 
 	-reaparecimento do ausente após a abertura da sucessão definitiva (art. 39): 
 	a)10 anos seguintes à abertura da definitiva: terá direito de receber:
		i)bens existentes no estado em que acharem;
		ii)os bens subrogados em seu lugar;
		iii)o preço recebido por eles.
	b)após de 10 anos da abertura da definitiva: nada recebe.
	Vacância dos bens - decorrido o prazo legal (10 anos), sem que apareça qualquer interessado na sua sucessão definitiva, o MP promoverá a citação por edital dos possíveis herdeiros. Não aparecendo ninguém, serão os bens declarados vagos ou vacantes.
 	-arrecadação dos bens vagos:
 		- Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições;
 		- União, quando situados em território federal.
DIREITOS REAIS: USUCAPIÃO
		O art. 1.238 reafirma a usucapião como modo de aquisição de propriedade imobiliária. A palavra usucapião designa a aquisição da propriedade, ou de outro direito real, através da posse qualificada, exercida durante o prazo fixado na lei. Essência do significado: captura pelo uso. O usucapião é modo originário de aquisição da propriedade e de outros direitos reais, pela posse prolongada do tempo, observado os requisitos legais. Os direitos pessoais (ex. um crédito) não podem ser objeto de usucapião. Podem ser objeto de usucapião bens móveis, imóveis e outros direitos reais. 
		É possível usucapião de outros direitos reais (não apenas a propriedade), como a servidão, o domínio útil, o usufruto. Referida também como prescrição aquisitiva. O ponto comum entre usucapião e prescrição é o fundamento dos institutos, qual seja, a segurança das relações jurídicas. 
		Não há vínculo entre o antigo e o novo proprietário. O bem incorpora-se ao patrimônio do novo proprietário livre de todos os ônus que o oneravam. Não haverá, assim, o fato gerador do ITBI, a teor do art. 35, do CTN), bem como, se existia eventual ônus real sobre o imóvel (v.g, hipoteca, servidão), não subsistirá perante o prescribente, que receberá o domínio isento de máculas (divergência doutrinária sobre a hipoteca).
		Contudo, deverá o usucapiente arcar com os custos relacionados aos impostos de propriedade rural ou urbana (obrigações propter rem). O art. 945 do CPC condiciona o registro da sentença de usucapião ao cumprimento de obrigações fiscais (“a sentença que julgar procedente a ação será transcrita, mediante mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais”). 
	Propriedade: poder de direito sobre a coisa Posse: poder de fato sobre a coisa. 
		Usucapião: liga posse à propriedade.
Requisitos do usucapião
		A) Requisitos pessoais - O art. 1.244, do CC dispõe que são aplicáveis ao prazo de usucapião as regras que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição. 
		Assim, a prescrição não corre entre cônjuges, companheiros, pais e filhos durante o poder familiar ou contra os absolutamente incapazes. 
		
		No entanto, a prescrição aquisitiva não poderá ser suscitada em qualquer momento processual, mas, apenas, como matéria de defesa na contestação.
1. A prescriçãoextintiva pode ser arguida em qualquer fase do processo, mas a prescrição aquisitiva somente tem pertinência como matéria de defesa se arguida na contestação, momento próprio para tanto, sob pena de preclusão. 
		Após o trânsito em julgado da sentença que reconhecer a procedência da pretensão material dirigida ao possuidor, a interrupção da prescrição retroagirá à data do despacho que ordenou a citação.
		Em um condomínio, se um estranho conclui prazo de posse ad usucapionem, mas há causa impeditiva ou suspensiva ao curso da prescrição em prol de um dos condôminos, a interrupção só atingira aos outros se a obrigação for indivisível (art. 201, do CC).
		COUTO: A incapacidade absoluta (menor de idade) não é incompatível com o animus domini, e a aquisição é originária e não onerosa, de modo que o absolutamente incapaz pode usucapir. 
	
		B)Requisitos reais - os imóveis públicos não estão abrangidos pela usucapião. (Súmula 340, do STF e art. 102, CC, e COUTO). 
Sumula 340 - Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Art. 102 CC – Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Medida Provisória 2220/2001 parte da premissa de que a proibição de usucapião em bens públicos não ocorre em todas as hipóteses. Apenas estaria vedada a aquisição da propriedade. Assim, esse texto admitiu a possibilidade, sobre áreas publicas, de aquisição de concessão especial de uso, com finalidade social. E circunscrita a casos de ocupantes previamente inscritos na repartição competente (art. 3º). 
		
Imóvel não registrado em nome de ninguém: 
		- Administrativistas: o imóvel é bem público (terra devoluta);
		- Civilistas e COUTO: o imóvel é de ninguém (presunção relativa), e o particular pode usucapir. Cabe ao Estado ajuizar ação discriminatória (distinguir terras públicas das privadas). Não se presume que se trate de terra devoluta. Conceito de terras devolutas: art. 5º Lei 9760/46. As terras devolutas formam o patrimônio residual, por excelência, do Poder Público. O STJ já pacificou que cabe ao Estado o ônus de comprovar a assertiva por ele feita no sentido de que o imóvel usucapiendo é bem dominical (Resp 73518/RS e Resp. 674.558, 2009).
		Posição minoritária: distinção entre bens formalmente públicos (não tem finalidade pública – cabível desapropriação) e materialmente público.
		Bens pertencentes a sociedades de economia mista e empresas públicas, em regra, podem ser usucapíveis (art. 98, CC), uma vez que os bens são privados, não gozando de favores fiscais de quaisquer espécies. Com efeito, segundo definição do art. 98 do CC, os bens públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno.
		Nada obstante, o Supremo Tribunal Federal faz distinção entre as paraestatais prestadoras de serviço público e exploradoras de atividade econômica, incluindo os bens afetados à finalidade pública como submetidos ao regime jurídico de direito público. O STJ, por sua vez, posiciona-se: “(...).
II – Bens pertencentes a sociedade de economia mista podem ser adquiridos por usucapião”.
	
		Os imóveis afetados por cláusula de inalienabilidade são passíveis de serem adquiridos por usucapião, aquisição originária, exceto na usucapião ordinária, pois aqui não se forma justo título. O gravame é voluntario e apenas impede a alienação. 
		Nada impede também o usucapião de bem de família, seja o voluntário, seja o legal. 
		As terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas em usufruto são podem ser usucapidas, pois, de acordo, com o art. 231, §2º, da CF, são de domínio da União (art. 20, XI, da CF).
Art. 231 §2º CF – “as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”. 
Art. 20, XI – “São bens da União: inc XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios” 
Módulo mínimo – não pode ocorrer usucapião quando a posse apenas incide sobre área inferior ao modulo mínimo de lote imposto por lei. Em tais casos, a lei não permite a pequena propriedade, menor que o modulo mínimo, de modo que falta a coisa apta a ser usucapida (res habilis – bem usucapível). 
		
Parte comum em condomínio edilício – Não pode ser objeto de usucapião. A coisa não é apta a ser usucapida. Tais partes comuns são inalienáveis e indivisíveis, de modo que o uso exclusivo de uma pessoa não pode autorizar a usucapião sobre a área. 
Outra questão parecida é a possibilidade de um condômino, no condomínio ordinário, usucapir a coisa comum. A regra é que o condômino que se utiliza da coisa comum com exclusividade não pode usucapir, em detrimento dos outros, pois a lei o presume representante dos demais. Excepcionalmente, poderá ocorrer a usucapião, como o afirmou, há décadas o STF, desde que o condômino que possua sozinho mostre que o faz já tendo afastado, de modo cabal e sabido, a qualificação de representante dos demais, exercendo a posse com a exclusão dos outros. Essa linha serve também para balizar a modalidade de usucapião prevista no art. 1240-A do CC, figura excepcional, que se consuma entre condôminos. 
		C)Requisitos formais
A usucapião exige a posse qualificada. Não basta que o possuidor exerça a posse durante muito e muito tempo. Há necessidade de que a posse reúna certos predicados, e reunidos, fala-se em posse ad usucapionem.
O art. 1238 do CC, ao tratar da usucapião extraordinária, refere os 3 requisitos mínimos necessários para qualquer espécie de usucapião, que aliados ao prazo de 15 anos de posse, a propriedade é adquirida pelo possuidor. 
- Posse sem interrupção – aquela contínua, exercida permanentemente. O fato de ter o possuidor locado o imóvel não interrompe o prazo para usucapião, pois continua ele na posse do bem. Não há necessidade, quer para a usucapião extraordinária, quer para a ordinária, que o possuidor seja possuidor direto o tempo todo. 
- Posse sem oposição – é aquela não impugnada legalmente, também referida como mansa e pacifica. Posse que não foi contestada, legalmente, por quem de direito. STJ “a possessória julgada improcedente não interrompe o prazo para a aquisição da propriedade pelo usucapião”. 
- Posse com animus domini – é aquela na qual o possuidor exterioriza claramente a intenção de dono. A posse com animus domini é a posse acrescida de elemento subjetivo, da vontade de agir como age o proprietário. Se adota postura incompatível com o elemento anímico de propriedade – ex. faz pagamento a titulo de aluguel – estará descaracterizado o animus domini. 
O locatário que deixa de pagar aluguel, não pode alegar que tem animus domini após parar de honrar o debito. Sua posse no caso, passa a ocorrer com abuso de confiança, é precária, desvalorizada pela lei. Trata-se de detenção. De igual modo, não pode usucapir quem tem posse violenta ou clandestina (art. 1208 CC – Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade). Ex. parente a quem se emprestou imóvel. Falece o comodante. Comodatário invoca a usucapião. Perderá o litigio exatamente por ter mera posse precária. 
A posse com abuso de confiança apenas muda seu caráter com ato externo que o traduza de modo claro, não pela mera vontade do detentor. 
Não poderá também alcançar o usucapião aqueles qualificados como detentores (ex. caseiro – fâmulo ou servo da posse. Art. 1198 do CC – “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Pu. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor até que prove o contrário.” Ou seja, há a possibilidade de transmudação de detenção em posse. Enunciado 301 CJF: É possível a conversãoda detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. Obs: esse dispositivo não se confunde com a chamada inversão ou interversão da posse, que é a mudança no título da posse preexistente.
“O possuidor precário, tendo o dever de entregar a coisa e reconhecendo como dono o proprietário, jamais poderá usucapir, pois a ninguém é dado fazê-lo contra o próprio título...” (Tratado de usucapião, v. 1, p. 693).
		Na jurisprudência, existe precedente do Superior Tribunal de Justiça a proibir a usucapião de bem furtado (posse clandestina):
“Recurso Especial. Usucapião ordinário de bem móvel. Aquisição originária. Automóvel furtado. - Não se adquire por usucapião ordinário veículo furtado. - Recurso Especial não conhecido” (STJ-3ª Turma, rel. Min. Nancy Andrighi, DJU de 25/03/2002, p. 272).
 
		Contudo, mesmo o possuidor direto, que exerce a posse decorrente de uma relação jurídica (comodatário, ex), pode usucapir o bem, se ocorrer a “interversão da posse”. 
		A transferência a terceiro de veículo gravado como propriedade fiduciária, à revelia do proprietário (credor), constitui ato de clandestinidade e precariedade, incapaz de induzir posse (art. 1208 do CC), sendo por isso mesmo impossível a aquisição do bem por usucapião. É pacífica a jurisprudência do STJ a respeito: I.- A posse de bem por contrato de alienação fiduciária em garantia não pode levar a usucapião, seja pelo adquirente, seja por cessionário deste, porque essa posse remonta ao fiduciante, que é a financiadora, a qual, no ato do financiamento, adquire a propriedade do bem, cuja posse direta passa ao comprador fiduciário, conservando a posse indireta (IHERING) e restando essa posse como resolúvel por todo o tempo, até que o financiamento seja pago.
II.- A posse, nesse caso, é justa enquanto válido o contrato. Ocorrido o inadimplemento, transforma-se em posse injusta, incapaz de gerar direito a usucapião. Recurso Especial não conhecido
		De outro lado, o STJ entendeu que, se um bem imóvel foi hipotecado após a posse ad usucapionem, configura-se a aquisição da propriedade por usucapião: 
			
1. Consumada a prescrição aquisitiva, a titularidade do imóvel é concebida ao possuidor desde o início de sua posse, presentes os efeitos ex tunc da sentença declaratória, não havendo de prevalecer contra ele eventuais ônus constituídos, a partir de então, pelo anterior proprietário.
Nelson Rosenvald escreve que, na usucapião, se existir eventual ônus real sobre o imóvel, em razão de negócio jurídico praticado pelo antigo proprietário (ex. Hipoteca), não subsistirá o gravame perante o usucapiente, que receberá a propriedade sem vícios, já que a usucapião trata-se de forma de aquisição de propriedade originária. Vide RESP 941.464 (STJ), que parece caminhou nesse sentido!
		Há quem sustente ser possível o reconhecimento do usucapião quando o prazo exigido por lei se exauriu no curso do processo. Art. 462 do CPC “ Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo, ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de oficio, ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença.” Nessa linha, enunciado 496 CJF “o prazo na ação de usucapião, pode ser completado no curso do processo, ressalvadas as hipóteses de má-fé processual do autor”.
Couto: Com a devida vênia, mais objetivo é afirmar que o prazo, a natureza e a qualificação da posse decorrida no curso da lide são matérias essenciais à causa de pedir, e, para que o debate se dê com toda a amplitude, outra ação, em regra, se fará necessária (v.g com prazo para contestar, produzir provas, recorrer). Ou seja, apenas respeitada essa ótica é que, excepcionalmente, será possível, na sentença do mesmo processo, considerar o tempo decorrido no trâmite do feito. 
		O que acontece quando o autor da ação não satisfaz o prazo exigido em lei? A pretensão será julgada improcedente (mérito), conduto, não qualifica-se como imutável. 
		
		Dessa forma, o ajuizamento de ação reivindicatória interrompe a posse mansa e pacífica, desde que a sentença seja procedente; a sentença, no caso, tem efeito retroativo à data do ajuizamento da ação.
		Assim, se o retomante ajuíza ação reivindicatória ou possessória antes de o possuidor completar o lapso prescricional, mesmo que a sentença procedente seja proferida após o termo final, seus efeitos já se operam à data do protocolo da petição inicial. 
		De igual sorte, a citação feita ao proprietário na ação de usucapião não se insere dentre as causas interruptivas da usucapião. 
		Salienta-se que o credor de direito real de hipoteca tem interesse em ajuizar ação buscando interromper o prazo da usucapião. 
		Quanto à sua continuidade, a posse adequada ao usucapião extraordinário e ao ordinário dispensa a moradia do prescribente, podendo ele possuir a coisa por intermédio de seus funcionários ou das pessoas a quem outorgou a posse direta.
		A posse será descontínua quando o possuidor abandonar o poder físico sobre a coisa por prazo relevante, sem deixar pessoas ocupando o bem. 
		
Consumação da usucapião – A usucapião consuma-se no momento em que reunidos todos os requisitos qualificadores da posse, mantidos durante todo o prazo legalmente necessário. A posse qualificada associada ao tempo gera a aquisição do domínio, independentemente da propositura de qualquer ação. A sentença é declaratória, pois apenas reconhece a propriedade que já foi adquirida (art. 1241 do CC: “Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel”). Opera efeitos ex tunc, retroage ao inicio da posse qualificada. O dado é importante para não permitir que o anterior proprietário reclame frutos da coisa. 
 
Soma de posses (acessão de posse)
É permitido juntar posse para usucapir, sendo que o possuidor pode acrescentar à sua posse a do antecessor, contando que ambas sejam contínuas e pacíficas (art. 1.243, CC. “O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam continuas, pacificas e, nos casos do art. 1242, com justo titulo e boa-fé”). 
A união de posses se subdivide em sucessio possessionis e accessio possessionis (art. 1.207, CC) que se verificam em decorrência de título universal ou singular de transmissão de posse. Art. 1207. “O sucessor universal continua de direito a posse de seu antecessor; ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
		A diferença básica reside no fato de que, na successio possessionis, o herdeiro continua obrigatoriamente a posse do de cujus, com suas virtudes e vícios (princípio da saisine), já na segunda espécie, accessio possessionis, ao sucessor singular abre-se a possibilidade de unir sua posse à de seu antecessor. Na acessessio possessionis, o possuidor poderá optar em preservar o período da posse anterior com todas as suas características, ou inaugurar uma posse nova, livre dos vícios da relação anterior. 
Espécies de usucapião de imóvel: extraordinária, ordinária e especial. 
Usucapião extraordinário:
Posse ininterrupta, com ânimo de dono e sem oposição pelo prazo de 15 anos. Modalidade qualificada de usucapião extraordinária prevista no pu do art. 1238, para a qual se reduz a 10 anos o prazo, desde que o usucapiente tenha feito no imóvel a sua moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo (posse trabalho ou posse moradia)
Não é preciso que o possuidor tenha justo título e boa-fé.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo

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