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Ponto 4 - Civil

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Ponto 4 – 
Direito Civil: Pessoa Jurídica. Desconsideração da personalidade jurídica. Disposições Gerais. Associações. Fundações. Domicílio. Registros Públicos. Direito de vizinhança e direito ambiental.
CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA: “Pessoas Jurídicas são organizações constituídas para a realização de variados fins, e por obedecerem a certos requisitos, são reconhecidas pela ordem jurídica como tendo aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações” (COUTO. Direito Civil – Lições, 5. ed., p. 21).
NATUREZA JURÍDICA: Várias teorias procuram explicar o fenômeno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem. Podem ser reunidas em dois grupos: 
Teorias negativistas: Em geral não admitiam a existência da personalidade da pessoa jurídica, considerando-a como uma massa de bens objeto de propriedade comum. O direito positivo se afasta desta corrente, 
Teorias afirmativas, realistas ou organicistas: 
	b.1) Teorias da ficção legal: desenvolvida por Savigny, a pessoa jurídica constitui uma criação artificial da lei. A crítica que se lhes faz é a de que as pessoas jurídicas não são criadas pelo Estado, mas confirmadas por ele.
	b.2) Teorias da realidade: dividem-se em: 
			2.1) Teoria da realidade objetiva – pessoa jurídica é tão pessoa quanto as pessoas naturais, do ponto de vista objetivo, a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais. A pessoa jurídica não é abstrata, mas formada de corpus (conjunto de bens) e animus (vontade do instituidor). A crítica que se lhe faz é a de que os grupos sociais não têm vida própria, personalidade (no sentido de valor), que é característica do ser humano. 
			2.2) Teoria da realidade técnica – (Ihering e CAIO MÁRIO): mais aceita hoje em dia. A personificação dos grupos sociais é realidade reconhecida pelo legislador, que lhe atribui forma técnica. A pessoa jurídica tem existência real, não obstante sua personalidade seja conferida pelo Direito. Esta é a teoria adotada no ordenamento pátrio.
CARACTERÍSTICAS
1. PERSONALIDADE PRÓPRIA, que não se confunde com a de seus criadores.
2. PATRIMÔNIO PRÓPRIO e independente;
3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PRÓPRIA
4. OBJETIVOS COMUNS DE SEUS MEMBROS
5. PUBLICIDADE DE SUA CONSTITUIÇÃO
Requisitos para a constituição da PJ: São três: 
vontade humana criadora (não pode surgir de imposição do Estado; há intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros);
observância das condições legais e 
licitude dos seus objetivos (a autonomia da vontade é limitada pela lei).
INICIO DA PERSONALIDADE
O início da personalidade, nas pessoas jurídicas privadas, ocorrem com a inscrição de seus atos constitutivos no registro próprio. 
A vontade humana materializa-se no ato de constituição, que se denomina estatuto, em se tratando de associações (sem fins lucrativos); contrato social, em se tratando de sociedades simples ou empresárias (anteriormente denominadas civis e comerciais); e escritura pública ou testamento, em se tratando de fundações (NCC, art. 62).
REGISTRO: O ato constitutivo deve ser levado a registro para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado (NCC, art. 45). 
Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou aprovação do Poder Executivo (NCC, art. 45), como as seguradoras, as instituições financeiras, as administradoras de consórcio etc. Os partidos políticos, além do registro civil, devem registrar-se no TSE (obs.: com o registro civil, já adquirem personalidade). Os sindicatos, por sua vez, para adquirirem personalidade, além do registro civil, devem registrar-se no Ministério do Trabalho (Súmula nº 677/STF).
PESSOA FORMAL (ENTES DESPERSONALIZADOS): é a organização não dotada de personalidade, mas em relação à qual o ordenamento reconhece a capacidade de ser parte processual. Ex: massa falida (síndico), herança jacente/vacante (curador), espólio (inventariante), sociedade sem personalidade jurídica (a quem couber a administração dos bens) e condomínio (síndico ou administrador).
CLASSIFICAÇÃO quanto à função:
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: podem ser: de direito público externo (Estados estrangeiros, bem como todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, inclusive organismos internacionais); de direito público interno (administração direta – União, Estados, Distrito Federal, Municípios e administração indireta – autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei). 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: são as corporações (associações, sociedades simples e empresárias, partidos políticos, organizações religiosas e sindicatos) e as fundações particulares (NCC, art. 44; CLT, arts. 511 e 512; CF, art. 8º). As empresas públicas e as sociedades de economia mista, a despeito de fazerem parte da administração indireta, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado (DL 200/67), sujeitando-se ao regime próprio das empresas privadas (CF, art. 173, § 1º).
CORPORAÇÃO x FUNDAÇÃO
CORPORAÇÃO: conjunto ou reunião de pessoas, visando a realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios. 
 Associações: não têm fins lucrativos (mais tecnicamente correto dizer que tem fins não econômicos), mas religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos
Sociedades: têm fim econômico e visam o lucro, que deve ser distribuído entre os sócios. 
 
B) FUNDAÇÃO reunião de bens, visando objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor. Nas corporações também existe patrimônio, mas é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim. Nas fundações o patrimônio é elemento essencial.
ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO:
	Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
	I - as associações;
	II - as sociedades;
	III - as fundações.
	IV - as organizações religiosas;
	V - os partidos políticos; 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) 
Para COUTO, os partidos políticos e as entidades religiosas, são especializações das associações. 
	CAPACIDADE DA PESSOA JURÍDICA
A pessoa tutela direitos e pratica negócios jurídicos. A pessoa jurídica não tem o mesmo sistema de manifestação de vontade que a pessoa natural. Ela tem um órgão próprio de manifestação de vontade, o qual é chamado impropriamente de REPRESENTAÇÃO.
Não se trata de representação, pois não se fala em nome alheio. Quem “representa” a PJ está falando como se fosse a PJ. O representante é a própria PJ.
A capacidade se liga à personalidade. Representantes só podem praticar os atos que digam respeito ao seu objeto social (art. 47). Ex: hospital – só se praticam atos relacionados, direta ou indiretamente, à sua atividade. Ex: compra de carro – só se for para transporte de pacientes ou funcionários, por exemplo.
Para Couto, “Por sua vez, a extensão dos poderes contidos na personalidade - a capacidade de fato da pessoa jurídica – está limitada à órbita de sua atividade própria, definida no estatuto. Em regra, é proibido atuar fora dos campos de seus fins específicos e, em o fazendo, a atuação e irregular (ultra vires), não se podendo opor ao interessado a distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa do sócio ou do indivíduo obrigado; o benefício de ordem apenas é oponível havendo pessoa jurídica regularmente constituída, e atuação voltada à consecução de seus fins” (COUTO. Direito Civil – Lições, 5. ed., p. 22).
Nos termos do Código Civil, “Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo”.
PESSSOAS JURÍDICAS E DIREITOS DA PERSONALIDADE
As pessoas jurídicas também teriam direitos de personalidade, no que diz respeito ao nome e à imagem,que acabam por atingir os valores societários. A CF não faz distinção entre pessoa natural e pessoa jurídica ao dispor sobre o direito à honra e à imagem, não podendo haver restrição na sua interpretação. A abrangência indistinta também ocorre no inciso V do art. 5º do texto constitucional (indenização por dano moral e à imagem). Assim, apesar de uma concepção originalmente antropocêntrica dos direitos da personalidade, são eles aplicáveis à PJ quanto aos atributos que lhe são reconhecidos (nome e outros sinais distintivos, segredo, criações intelectuais e outros). Tal entendimento já estava consagrado na jurisprudência, por Súmula do STJ (nº 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”) e agora o NCC põe fim à polêmica, com o art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
A corrente doutrinária divergente (Gustavo Tepedino, Cláudia Lima Marques) restringe a titularidade dos direitos da personalidade ao ser humano, por três motivos: (1) a origem de sua positivação está na Constituição Alemã, que dispõe expressamente que “a dignidade da pessoa humana é inviolável”; (2) a lesão a nome de PJ configura um dano patrimonial, não moral, pois ela só tem honra objetiva (externa ao sujeito – consiste no respeito, consideração, apreço) e o prejuízo é unicamente material; (3) estender os direitos da personalidade a ecossistema, animais e PJ significa desmerecê-los, desvalorizá-los; (4) o CC apenas estendeu os direitos de personalidade às pessoas jurídicas (“no que couber”). Tal corrente defende que, apesar de serem a pessoa natural e a PJ sujeitos de direito, seus fundamentos são diversos. Ademais, essa extensão não se adapta à trajetória e à função dos direitos da personalidade no ordenamento.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
 
A principal consequência da personificação das sociedades é o reconhecimento da sociedade como sujeito de direitos. Daí decorre um dos elementos fundamentais do direito societário: a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas. Todavia, a personalidade jurídica não constitui um direito absoluto, sendo contida pela teoria da fraude contra credores e pela teoria do abuso de direito.
A teoria está positivada: CDC, Lei Ambiental, na Lei de Concorrência e CC/02 (artigo 50). A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é disciplinada de maneira diversa em cada um desses diplomas, com requisitos distintos dependendo da natureza jurídica da responsabilização.
Origem: direito anglo-saxão. No Brasil, estudo de Rubens Requião. 
Objetivo: impedir a prática ilícita ou abusiva dos que se valem da pessoa jurídica para acobertar sua própria responsabilidade. A teoria não questiona o princípio da autonomia patrimonial, que continua válido. Trata-se de aperfeiçoamento da pessoa jurídica (função social da empresa)
Fundamento: função social da empresa, eticidade e sociabilidade, já que as pessoas jurídicas exercem um papel social, em contraposição ao sentimento individualista e egoístico do CC de 16, onde as sociedades objetivavam apenas a satisfação egoísticas de seus membros. 
	
Pressuposto da desconsideração: a existência de uma entidade personalizada. 
	- caso haja uma entidade despersonalizada (sociedade em comum ou em conta de participação) não há que se falar em personalidade como meio para fraudes. Pressupõe uma sociedade constituída (existência) de forma válida, e perfeita. 
	- Teoria Maior e Teoria Menor
Teoria maior: admite a desconsideração da PJ somente quando haver desvio de finalidade ou comprovação de confusão patrimonial, não bastando o mero prejuízo ou insolvência. 
		- Depende de requerimento (pois o CC trata de relação entre particulares em suposta igualdade) 
		- Ex: CC/2002.
Teoria Menor: desconsidera-se a PJ quando haver, tão somente, ocorrência de simples prejuízo ao credor (ou insolvência). Para os defensores desta teoria, há que se distinguir entre os credores negociais (bancos, p. ex.), e os credores não negociais (trabalhadores e consumidores, p. ex.). Estes últimos, não podem arcar com os riscos inerentes ao empreendimento. 
		- Pode agir de ofício (pois o CDC protege relações de desiguais)
		- Ex.: CDC, Ambiental, Lei Antitruste. 
O CC/02 (teoria maior) estabelece dois pressupostos para aplicação da teoria:
Desvio da finalidade (desvio os objetivos sociais da empresa) – aspecto subjetivo
Confusão patrimonial (há confusão patrimonial entre os bens da sociedade e os dos sócios) – aspecto objetivo 
	- GUILHERME CALMON: a teoria em tela independe de fundamento legal. O que é indispensável é o ABUSO da personalidade jurídica (cláusula aberta). 
		- Desvio de finalidades e confusão patrimonial são apenas presunções do abuso de personalidade.
		
- Abuso da personalidade jurídica e a teoria maior da desconsideração
	Concepção subjetivista da teoria maior: tradicionalmente, o abuso da personalidade jurídica que admite sua desconsideração só se caracterizava quando houvesse a prova efetiva da fraude, ou seja, da atuação dolosa, maliciosa dos sócios em detrimento dos credores da sociedade. Afere a intenção (elemento subjetivo). 
	Concepção objetivista da teoria maior (Fábio Konder Comparato, autor da redação): surgiu em razão da dificuldade da prova da fraude. Para essa concepção, o abuso pode ser comprovado através da análise de dados objetivos, como o desvio de finalidade e a confusão patrimonial. O Código Civil de 2002 adota essa concepção, sendo desnecessário comprovar o dolo específico do sócio ou administrador que cometera o ato abusivo. Afere aspectos funcionais (elemento objetivo - DISFUNÇÃO). 
		- embora dispensado o elemento subjetivo, é imperioso a demonstração de ABUSO. 
2.1.3 Questões interessantes 
STJ: a aplicação da teoria dispensa a propositura de ação autônoma. Contra: CALMON, para quem é necessário a existência de um processo incidental autônomo;
Enunciado 146 do CJF: 146 – “Art. 50: Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). (Este Enunciado não prejudica o Enunciado n. 7). Enunciado nº 07: “Art. 50: só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houvera prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido.”
Para o STJ, é desnecessária a citação do sócio para compor o pólo passivo da relação processual, na qual o autor pede a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa, sendo suficiente a sua intimação (oportunidade em que poderá apresentar defesa), sobretudo quando o processo encontra-se na fase de cumprimento de sentença (Informativo 501): 
“INFORMATIVO 501 DO STJ: Quarta Turma. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INTIMAÇÃO DO SÓCIO. A Turma, por maioria, entendeu pela desnecessidade da citação do sócio para compor o polo passivo da relação processual, na qual o autor/recorrido pediu a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa, haja vista o uso abusivo da sua personalidade e a ausência de bens para serem penhorados. In casu, o recorrido entabulou contrato particular de compromisso de compra e venda de imóvel com a construtora recorrente, porém, apesar de cumprir a sua parte no contrato, não recebeu a contraprestação. No entendimento da douta maioria, é suficiente a intimação do sócio da empresa, ocasião em que será oportunizada a sua defesa, ainda mais quando o processo encontra-se na fase de cumprimento de sentença, onde o recorrente fará jus à ampla defesa e ao contraditório, pois, poderá impugnar o pedido ou oferecer exceção de pré-executividade. REsp 1.096.604-DF, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/8/2012”.
A aplicação da teoria da desconsideração do art. 50 CC dispensa a demonstração de insolvência da pessoa jurídica?
1º Corrente: SIM (enunciado 281 CJF: “281 – Art. 50. A aplicaçãoda teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica”); (ou seja, dispensa a demonstração de insolvência).
2ª Corrente (STJ): NÃO (REsp 1.141.447-SP / informativo 462): “DESCONSIDERAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. REQUISITOS. A Turma negou provimento ao recurso especial e reiterou o entendimento de que, para a desconsideração da pessoa jurídica nos termos do art. 50 do CC/2002, são necessários o requisito objetivo – insuficiência patrimonial da devedora – e o requisito subjetivo – desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Precedentes citados: REsp 970.635-SP, DJe 1º/12/2009; REsp 1.200.850-SP, DJe 22/11/2010, e REsp 693.235-MT, DJe 30/11/2009. REsp 1.141.447-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 8/2/2011”.
Desconsideração inversa é o afastamento do princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio. É utilizada principalmente no Direito de Família.
Informativo nº 0440
Período: 21 a 25 de junho de 2010.
Terceira Turma
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA.
Discute-se, no REsp, se a regra contida no art. 50 do CC/2002 autoriza a chamada desconsideração da personalidade jurídica inversa. Destacou a Min. Relatora, em princípio, que, a par de divergências doutrinárias, este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de ser possível a desconstituição da personalidade jurídica dentro do processo de execução ou falimentar, independentemente de ação própria. Por outro lado, expõe que, da análise do art. 50 do CC/2002, depreende-se que o ordenamento jurídico pátrio adotou a chamada teoria maior da desconsideração, segundo a qual se exige, além da prova de insolvência, a demonstração ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração) ou de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). Também explica que a interpretação literal do referido artigo, de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos sócios em razão de dívidas da sociedade e não o inverso, não deve prevalecer. Anota, após essas considerações, que a desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração dapersonalidade propriamente dita, atingir, então, o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações de seus sócios ou administradores. Assim, observa que o citado dispositivo, sob a ótica de uma interpretação teleológica, legitima a inferência de ser possível a teoria da desconsideração da personalidade jurídica em sua modalidade inversa, que encontra justificativa nos princípios éticos e jurídicos intrínsecos à própria disregard doctrine, que vedam o abuso de direito e a fraude contra credores. Dessa forma, a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em comento é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios. Ressalta que, diante da desconsideração da personalidade jurídica inversa, com os efeitos sobre o patrimônio do ente societário, os sócios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus direitos mediante a interposição dos recursos tidos por cabíveis, sem ofensa ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. No entanto, a Min. Relatora assinala que o juiz só poderá decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos relacionados à fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/2002. No caso dos autos, tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente. Nesse contexto, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 279.273-SP, DJ 29/3/2004; REsp 970.635-SP, DJe 1°/12/2009, e REsp 693.235-MT, DJe 30/11/2009. REsp 948.117-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/6/2010.
Desconsideração indireta: é permitido o levantamento episódico do véu protetivo da empresa controlada para responsabilizar a empresa-controladora (dou coligada) por atos praticados com aquele de modo abusivo ou fradulento. 
As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica (Enunciado 284 da CJF: “pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica”).
Desconsideração X Despersonificação: A desconsideração é tópica (INEFICÁCIA ESPISÓDICA DA PERSONALIDADE – Fábio Ulhoa), em respeito ao princípio da função social e continuidade da empresa, enquanto a despersonificação é permanente e gera a extinção (ex: falência).
A desconsideração da pessoa jurídica é matéria sob reserva de jurisdição ou a administração pública pode desconsiderar de ofício? Em regra, a desconsideração é matéria jurisdicional, salvo em situações excepcionalíssimas admitida pela doutrina (Gustavo Teppedino) e pela jurisprudência (STJ, RMS n 15.166/BA) em caso grave de fraude e observado o contraditório, de modo a possibilitar a aplicação de sanção administrativa em processo licitatória à nova sociedade constituída.
A desconsideração da personalidade jurídica é medida cabível em sede de execução, ainda que não tenha sido discutida no processo de conhecimento (STJ, Resp 920602/DF)
A desconsideração da personalidade não atinge indiscriminadamente todos os sócios, mas apenas aquele que se beneficiou do ato abusivo (Enunciado n. 07 das JDC)
“A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor” (Enunciado nº 285 CJF).
O STJ entende ser possível estender os efeitos da falência de uma empresa a outra, por decisão incidentalmente proferida, sem a oitiva da interessada, na hipótese em que não há vínculo societário direto entre as empresas, mas em que há suspeitas de realização de operações societárias para desvio de patrimônio da falida nos anos anteriores à quebra, inclusive com a constituição de sociedades empresárias conjuntas para esse fim. É possível coibir esse modo de atuação mediante o emprego da técnica da desconsideração da personalidade jurídica, ainda que para isso lhe deva dar nova roupagem. (REsp 1.259.020-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/8/2011).
Não há prazo (decadencial, se existisse) para o exercício do direito potestativo à desconsideração da personalidade jurídica e inexiste a exigência de ação própria para a desconsideração da personalidade jurídica. (REsp 1.180.191-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/4/2011).
Enunciado 282 CJF: “O simples encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica”. 
- DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA x RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ADMINISTRADOR 
Responsabilidade Tributária (art. 135 do CTN):
Apenas direção e gerência (sócio não) – CC: sócio e gerente. 
Não é desconsideração, mas responsabilidade pessoal e exclusiva (desaparecimento do contribuinte originário) – CC: primeiro a responsabilidade é da pessoa jurídica; subsidiariamente, alcança os sócios/administradores, segundo CALMON;
Se não se enquadrar no art. 135 do CTN, pode solicitar o art. 50 do CC, que alcança o sócio. 
	- DESCONSIDERAÇÃO NO CDC
 	GUILHERME COUTO comenta sobre a teoria menor adotada no CDC: 	
	“A norma citada ainda trouxe o polêmico § 5º, que estabelece: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. A aplicação literal de tal parágrafo conduz à própria inutilidade do caput, pois seu teor determina que toda e qualquer hipótese de óbice à reparação do consumidor possibilita a abstração do chamado véu societário, com a desconsideração da personalidade. A exegese gramatical implica absurdo, e o preceito só está em vigorem vista de equívoco, já que o veto aposto ao § 1º do art, 28 era destinado a incidir exatamente sobre o § 5º. As razões do veto o comprovam. A utilidade do § 5º é concebível para evitar interpretação obtusa de seu caput, restritiva e apta a afastar a incidência da regra a partir do fechamento de suas expressões. Mas não pode acabar com a distinção patrimonial entre sócios e pessoa jurídica, uma das molas do desenvolvimento do capitalismo”. (COUTO. Direito Civil – Lições, 5. ed., p. 26)
Para Guilherme Couto, “esses preceitos todos [relativos à desconsideração da personalidade] se aplicam, também, e com igual lógica, ao caso da empresa individual de responsabilidade limitada (cf. Enunciado nº 469, da V Jornada de Direito Civil” (COUTO. Direito Civil – Lições, 5. ed., p. 27). Enunciado: “A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado”.
	ASSOCIAÇÕES
Espécie de corporação (pessoa jurídica de direito privado). 
Nascem pelo processo normal. As pessoas que se associam não são necessariamente naturais. O normal é a união de pessoas naturais com objetivo comum, o qual não é econômico. Ou seja, não pode haver FIM LUCRATIVO.
Agora, o fato de não haver fim lucrativo não significa que a associação deva ter fim altruístico. Exemplo disso são os clubes. Outra coisa: apesar de ela não ter finalidade lucrativa, ela pode praticar atos de natureza econômica. Ex: venda de parte do clube a um shopping center – ato de natureza econômica. O que não é possível é reverter o produto da atividade aos próprios sócios (distribuição dos lucros).
	Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
	Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
	
	O artigo 55 prevê que os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode prever categorias de associados com vantagens especiais. Interpretação: o estatuto deve garantir iguais direitos básicos aos associados. Ex: todos têm direito, a ser igualmente exercido, de usar a piscina do clube. Mas pode haver sócio com alguma vantagem que não interfira nos direitos básicos. Ex: sócio remido.
	
	VEDAÇÃO DE NOVO ASSOCIADO
	O estatuto pode vedar ou estabelecer requisitos para o ingresso de novo associado. Afinal, o ingresso depende unicamente da vontade dele (liberdade de associação). A ressalva é que esses requisitos de ingresso devem guardar relação com a atividade da associação.
	Não é possível que se estabeleçam requisitos discriminatórios, a não ser que isso seja justificável. O requisito que diferencia deve ter relação com a atividade. Ex: Bloco Ilê Ayê – só aceita afrodescendentes – querem resgatar a cultura afro.
	EXCLUSÃO DE ASSOCIADO (art. 57)
	Há nova redação do NCC dada pela Lei nº 11.127/05. Antes, o artigo 57 determinava que era necessária justa causa ou deliberação em Assembleia Geral por maioria absoluta, sendo cabível o recurso. O dispositivo não tratava da AMPLA DEFESA, que é uma garantia constitucional assegurada não apenas nos processos judiciais, mas também nos processos administrativos, inclusive naqueles não instaurados pelo Poder Público (ex: síndico quer multar – deve haver ampla defesa para o morador, sob pena de anulação) – eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
	Com a alteração, prevê-se que a exclusão é admissível com justa causa, devendo haver procedimento com ampla defesa e cuja decisão seja passível de recurso. O juiz definirá a justa causa no caso concreto (eticidade do NCC).
	
ASSEMBLÉIA: órgão máximo de deliberação. 
	
	EXTINÇÃO DA ASSOCIAÇÃO
	Em primeiro lugar, pode ocorrer em função do implemento do tempo (associação com prazo determinado). É também possível que ocorra por deliberação dos associados, cuja forma deve ser prevista no estatuto, ou judicialmente.
	PATRIMÔNIO: em princípio, a associação não precisa ter patrimônio. Mas ela pode ter patrimônio. Em caso de extinção da associação, o artigo 61 estabelece, quanto ao patrimônio, que devem ser pagas, em primeiro lugar, as dívidas. A seguir, do patrimônio restante, pode haver uma outra subtração: permite-se que o estatuto autorize os associados a reaverem aquilo com que contribuíram para o patrimônio da associação. Detalhe: podem reaver aquilo que contribuíram para a formação, e não para a manutenção (ex: mensalidade) da associação. Por fim, do patrimônio restante, há quem sustente que poderia haver distribuição entre os associados se a associação não tiver finalidade altruística. Há quem discorde dessa visão, tendo em vista que, nesse caso, haveria distribuição indireta de lucros. Só se sustenta a visão combatida porque o dispositivo fala em “deliberação dos sócios”.
	Parece melhor entender que deve haver destinação a outra entidade de fim semelhante prevista no estatuto ou decidida pelos sócios.
	
	FUNDAÇÕES
	Espécie de pessoa jurídica de direito privado (espécie autônoma). 
Conceito: pessoa jurídica de direito privado, consistente na reunião de bens, visando objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor.
Para Guilherme Couto, “as fundações formam categoria especial de pessoas jurídicas. Cuida-se de um patrimônio, destacado para finalidade lícita através de atos de vontade, que adquire personalidade após o registro legal. Nas palavras de Ruggiero, trata-se de um “patrimônio que se erigiu em entidade autônoma e destinada a um fim”” (COUTO, Direito Civil..., p. 23).
Distinguem-se das corporações (reunião de pessoas). Nestas também existem patrimônio, mas é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim. Nas fundações o patrimônio é elemento essencial. 
Diz-se que a fundação é um patrimônio personificado.
Compõem-se de dois elementos: 
o patrimônio e 
o fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo). 
	Objetivos: 
religiosos, 
morais,
culturais ou 
de assistência.
- É proibida a criação de fundação para atuar livremente na exploração de atividade econômica. Inexistem sócios, donos ou associados. 
 - FORMAÇÃO. QUATRO FASES:
a) Ato de dotação ou de instituição: reserva de bens livres, com indicação dos fins a que se destinam. Faz-se por escritura pública ou por testamento.
b) Elaboração dos estatutos: A elaboração pode ser direta ou própria (pelo próprio instituidor) ou fiduciária (por pessoa de sua confiança, por ele designada). 
c) Aprovação dos estatutos: os estatutos são encaminhados ao Ministério Público para aprovação. 
d) Registro: indispensável, fazendo-se no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Só com ele começa a fundação a ter existência legal.
	- FISCALIZAÇÃO
do Ministério Público, pois como inexistem sócios ou donos, e finalidade legal poderia ser facilmente burlada. 
	EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO
	A – TERMO / CONDIÇÃO: como não existem associados, não há deliberação. É causa automática.
	B – REQUERIMENTO JUDICIAL: se houver causa justificável para isso. Alguém requer a extinção da fundação porque ela se desvia de sua finalidade altruística. Não há ninguém com poder suficiente para extingui-la.
	Da mesma forma, a alienação de patrimônio da fundação exige autorização judicial. Só é possível realizar meros atos administrativos (que impliquem até pequenas alienações).
	PATRIMÔNIO REMANESCENTE (art. 69)
	A destinação do patrimônio segue a seguinte ordem:
	1 – Em primeiro lugar, atende-se à vontade do instituidor (no ato de instituição) – pode inclusive o patrimônio voltar para ele;
	2 – Em segundo lugar, verifica-se o que dispõe o Estatuto, caso não haja manifestação do instituidor;
	3 – Caso não se observe 1 ou 2, o patrimônio deve ser destinado a fundação de finalidade igual ou semelhante.
	4 – Torna-se bem vago
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
		
	São Fundações criadas pelo Poder Público (direito administrativo). Pode ter o regime de direito privado ou público (autarquias fundacionais). Não se submetem ao controlepelo Ministério Público, na forma do art. 66 do CC, mas sim ao controle de legalidade dos atos administrativos (COUTO, DI PIETRO e CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO). 
		- No entanto, o STF, em ADIN, afirmou que cabe ao MPF a atribuição de “veladura” das fundações federais (termo impreciso). 
	**** DOMICÍLIO **** 
	Conceito: é o local em que a pessoa natural estabelece a sua residência como ânimo definitivo. 
	Domicílio é ideia jurídica. Para a atribuição desse conceito, o legislador se valeu do elemento material (residência) e do elemento anímico (ânimo definitivo).
	A residência constitui um dos elementos do conceito de domicílio. Trata-se de conceito que já pressupõe a estabilidade. Caso contrário, qualquer estadia em hotel seria residência. A diferença, no domicílio, é que a residência se caracteriza pelo ânimo definitivo, ou seja, o ânimo de permanência.
	DOMICÍLIO – ELEMENTO MATERIAL (RESIDÊNCIA) + ELEMENTO ANÍMICO (ÂNIMO DEFINITIVO)
	PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS (art. 71)
	É possível a pluralidade, desde que se identifique mais de um lugar em que a pessoa resida de forma definitiva. Ex: juiz trabalha no interior, tem domicílio lá durante a semana, e mora em São Paulo no fim de semana. Recebe correspondências nos dois, tem ânimo definitivo.
	
FALTA DE DOMICÍLIO (art. 73)
É a situação do cigano, nômade, artista de circo. Falta-lhes o critério normal de fixação de domicílio, qual seja, a residência habitual. A lei prevê que o domicílio dessas pessoas será o local em que elas se encontrarem.
	MUDANÇA DE DOMICÍLIO (74)
É possível. Pode ser verificado pela mudança de endereço nas correspondências, por exemplo. Informação às autoridades (conta de água, Detran etc).
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
DOMICÍLIO PROFISSIONAL (ART. 72)
Para ações e direitos relacionados a fins profissionais, é considerado domicílio o local em que a pessoa exerce sua profissão.
DOMICÍLIO NECESSÁRIO (ART. 76)
É o domicílio que a pessoa tem em razão de motivos pessoais ou profissionais. Ex: incapaz. Seu domicílio é o do seu representante legal. Juiz - deve residir na comarca. Servidor Público também. Marítimo tem domicílio no local em que estiver matriculado o navio. O militar do exército, onde serviu; o militar da Marinha ou da Aeronáutica, na sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado. O preso, onde cumpre pena.
DOMICÍLIO DO MILITAR DO EXÉRCITO – ONDE SERVIU
DOMICÍLIO DO MILITAR DA MARINHA OU DA AERONÁUTICA – SEDE DO COMANDO A QUE SE ENCONTRAR IMEDIATAMENTE SUBORDINADO
	DOMICÍLIO DO MARÍTIMO – LOCAL EM QUE ESTIVER MATRICULADO O NAVIO
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
DOMICÍLIO ESPECIAL OU DE ELEIÇÃO (ART. 78)
	É um domicílio contratual. É eleito pelos contratantes para fins contratuais (ex: escolha do foro em que serão dirimidas as dúvidas do contrato).
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
	
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA (ART. 75)
O NCC se adequou ao CPC. O domicílio da pessoa jurídica o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
	
	PJ com diversos estabelecimentos em diversas localidades (ex: agências de bancos) – pelo 75, §1º, qualquer desses estabelecimentos pode ser considerado domicílio para o ato nele praticado. Ex: contrato feito em determinada agência – ação será em seu domicílio. Mas se quiser a dissolução da sociedade do banco, o domicílio seria o da sede estatutária (ou administrativa, se diferentes).
	EFEITOS DO DOMICÍLIO
as prestações devem ser cumpridas no domicílio do devedor;
competência territorial: a regra é o domicílio do réu;
o edital de casamento é publicado no domicílio dos noivos. 
	
REGISTROS PÚBLICOS (1245 a 1247 do CC e Lei nº 6.015/73)
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL E SEU REGULAMENTO LEGAL
Compete privativamente a União legislar sobre Registros Públicos (art. 22, XXV), sendo gratuito para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito (art. 55o, LXXVI).
Dispõe o art. 236 da CF que “os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Publico”. Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. Já o art. 32 do ADCT dispõe que: “o disposto no art. 236 não se aplica aos serviços notariais e de registro que já tenham sido oficializados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de seus servidores”. 
Só a União pode legislar sobre a competência, forma e o regime dos registros públicos. Isto é, só a ela cabe reger essa função pública. Entretanto, e essa função exercida por órgão estaduais. Assim, é competente o Estado federado para as normas administrativas referentes aos registros públicos.
DELEGAÇÃO E FÉ PÚBLICA. Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro (Art. 3º da Lei n.º 8.935/94).
Assim, a Administração Pública, com a delegação:
passa a atuar fora de seus quadros, certo que o registrador e o notário não são servidores da administração direta, mas ocupem cargos públicos, conforme definiu o Pleno do STF;
legitima os delegados para prática de atos que regulam interesses privados ou da própria administração, dando-lhes eficácia.
A delegação do serviço de registro e notarial é um ato administrativo complexo, irrevogável desde o ato perfeito e acabado da outorga, só podendo ser cassada nas hipóteses legais, obedecido o devido processo legal. É ainda permanente e estável desde o início, não submetida ao estágio probatório de três anos pelo qual passa o servidor público da administração direta e indireta, não estando sujeito à aposentadoria compulsória ao atingir 70 anos de idade, segundo decidiu o STF, asseverando que a aposentadoria compulsória só se aplica aos servidores de cargos efetivos (art. 40, § 1º, II, da CF - EC 20/98). O delegado não é nomeado, mas recebe outorga de delegação. O término da delegação acontece por extinção ou perda. A delegação se extingue por fatos próprios da vontade do registrador (aposentadoria facultativa e renúncia) e por fatos estranhos a ela (morte, invalidez, perda por sentença judicial). A Lei n.º 8.934/94 não contemplou a hipótese de aposentadoria compulsória.
Registro é a inscrição ou transcrição do documento, em que se instrumenta o ato, em livros públicos, mantidos pelos ofícios de registros ou pelos departamentos e repartições públicas.
Averbação é o ato pelo qual se anota, em assento ou documentoanterior, fato, que altere, modifique ou amplie o conteúdo do mesmo assento ou documento.
Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73):
Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei.
§ 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes:
I - o registro civil de pessoas naturais;
II - o registro civil de pessoas jurídicas;
III - o registro de títulos e documentos;
IV - o registro de imóveis.
§ 2º Os demais registros reger-se-ão por leis próprias.
 
REGISTRO DE IMÓVEIS:
É uma aquisição derivada. Refere-se a um vínculo jurídico entre o ex-dono e o dono atual. As qualidades e os vícios se transmitem ao adquirente.
No sistema francês, o registro de propriedade se adquire com o consenso (contrato), independentemente de qualquer formalidade. O registro não é, naquele sistema, constitutivo do direito de propriedade, mas meramente publicitário. No sistema alemão, há uma série de etapas até a aquisição da propriedade.
No sistema romano, adotado pelo Brasil, a aquisição se dá por uma operação bifásica: título + registro. O título torna a pessoa credora. Já o registro converte o direito obrigacional em real. O registro é CONSTITUTIVO (art. 1227 do NCC). 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Só a lei pode prever exceções nas quais se admite a propriedade sem registro. É o caso da aquisição causa mortis, do usucapião e do casamento, por exemplo. A regra do registro vale para aquisições derivadas e intervivos.
O registro é previsto, por exemplo, de formas diferentes no sistema alemão e no sistema brasileiro. Na Alemanha, o registro é abstrato, desvincula-se do título que lhe deu origem. No sistema brasileiro, o registro é, além de constitutivo, CAUSAL. Ou seja, ele não se desliga do título que lhe deu origem: segue a sua sorte jurídica (os vícios do título contaminam o registro).
O sistema brasileiro é, portanto, misto (entre os sistemas francês e alemão). O Brasil não adotou o sistema lusitano, pois em Portugal o registro é meramente publicitário.
REGISTRO – CONSTITUTIVO E CAUSAL
BRASIL – SISTEMA MISTO (MISTURA SISTEMAS FRANCÊS E ALEMÃO)
PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS
Além de constitutivo e causal, e aquisição derivada decorrente de ato intervivos, pode-se dizer que o registro segue estes princípios:
A- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
 O registro confere publicidade às transações imobiliárias, valendo contra terceiros. Qualquer pessoa poderá requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido (LRP, art. 17). Todos têm direito de ter acesso às informações registradas.
B– PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO
Só se adquire direito real sobre imóvel com o registro. Exceções: aquisição originária, causa mortis e nas situações previstas em lei (casamento – transferências de bens na comunhão).
C– PRINCÍPIO DA FORÇA PROBANTE, DA PRESUNÇÃO OU DA VERACIDADE CADASTRAL (1245 e 254 da Lei nº 6.015/73)
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Consagra a causalidade do registro. É titular do direito real aquele que consta como tal no registro imobiliário. Mas a presunção é relativa, pois o registro é causal - depende de título. Se não houver título, não há registro.
D- PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Está previsto no art. 237 da Lei 6.015. Só pode transmitir direito real quem constar como seu titular no registro de imóvel.
Art. 237 - Ainda que o imóvel esteja matriculado, não se fará registro que dependa da apresentação de título anterior, a fim de que se preserve a continuidade do registro.
Em situações causa mortis ou aquisição originária, por exemplo, o registro não é necessário para ser dono. Porém, para ser transferido a terceiros, é necessário haver o registro, de forma a que possa ser respeitado o princípio da continuidade. Caso contrário, não constará o nome do adquirente (originário ou causa mortis) no registro.
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA – DESNECESSÁRIO O REGISTRO, SALVO PARA FINS DE CONTINUIDADE (POSTERIOR TRANSMISSÃO A TERCEIROS)
A – B – C – D.
Supondo que o negócio A-B não existiu, em virtude de falsificação da assinatura de A, podemos dizer que não há título que dê causa ao registro de B. Logo, A pode reaver sua propriedade que está com D. Houve evicção. A poderia propor uma ação de declaração de inexistência de relação jurídica cumulada com reintegração de posse.
Isso ocorre porque o registro é causal, e gera presunção relativa. Coube prova em contrário, pois não havia título a legitimar a propriedade, o registro de B.
Obviamente, caberia direito de regresso de D contra C ou B. E mais: enquanto foi possuidor de boa-fé, caberiam indenização por benfeitorias e também os frutos. 
D só poderia ficar com a propriedade se, somado o tempo de B, C e D, fossem cumpridos os requisitos de usucapião. Aí seria uma nova causa de aquisição de propriedade. Haveria aquisição originária, a qual poderia romper a cadeia de continuidade. (Mesmo assim, após a usucapião, seria necessário o registro, para fins de marcar a continuidade).
E– PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
	Art. 176 da Lei 6.015. O registro deve dizer qual é o imóvel. O imóvel deve ser perfeitamente descrito, individualizado e inconfundível. 
	Os requisitos estão no artigo. É um princípio muito importante. Se o imóvel for mal descrito, poderá haver fraude.
	Registros imprecisos – os registros anteriores a 73 não atendem ao princípio da especialidade. Quando eles derem origem a novos imóveis, devem ser especializados, em obediência à Lei nº 6.015/73.
	A grilagem se baseia muito na desobediência ao princípio da especialidade.
	Ação de retificação de registro imobiliário (212 a 214 da Lei nº 6.015/73) – mudou-se o processo em 2004. Antes, a retificação era judicial. Agora, a retificação é feita pela via administrativa, perante o próprio oficial do registro. Ele verifica se os confrontantes concordam com o pedido para averbar e retificar o registro. Se houver impugnação do confrontante, o oficial encaminha o caso ao juiz.
	Portanto, o juiz só recebe as retificações impugnadas, as quais serão analisadas numa esfera atípica. Sempre que o juiz verificar que a retificação esconde questão maior (reivindicação, usucapião), ele indeferirá a retificação e remeterá os autos para a via ordinária.
	
	F– PRINCÍPIO DA PRIORIDADE
	Está previsto nos artigos 1246 do NCC e 182 e 205 da Lei nº 6.015/73.
	O princípio da prioridade diz que, se houver concurso entre direitos / títulos contraditórios no registro de imóveis, prevalecerá aquele que foi protocolado primeiro (e não o que obtiver primeiramente a escritura).
	Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
	Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de ordem que lhes competir em razão da sequência rigorosa de sua apresentação.
Os direitos reais se graduam a partir do seu aparecimento no registro de imóvel.
PRENOTAÇÃO: instrumento que garante a prioridade. Corresponde à preferência obtida com o protocolo. O oficial prenota o registro prioritário.
	A prenotação tem prazo de validade de 30 dias. Nesse período, ou o oficial registra ou devolve. Após 30 dias, a prenotação perde automaticamente a eficácia (205).
Art. 205 - Cessarãoautomaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais.
G– PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Está previsto no artigo 198 e nos seguintes da Lei nº 6.015/73. Estipula que o oficial, ao receber o registro, deve fazer um exame para verificar se o título pode ou não estar no registro, ou seja, se não há violação a princípios ou a norma cogente.
Essa verificação é chamada de QUALIFICAÇÃO. Primeiro se verifica a existência de violação a princípios (inscrição, presunção, continuidade, especialidade, prioridade), depois a existência de violação a norma cogente (de ordem pública – ex: CND / capacidade do alienante). O vício será aferido extrinsecamente – análise exterior do título (não se investigam fatos).
Qualificação positiva: título perfeito. Qualificação negativa: devolução de título em função de algum problema. Pode haver devolução, inclusive, de título judicial.
Nota devolutiva: é o documento que explica as razões da devolução. O interessado, se não se conformar com a exigência, pede que o oficial suscite uma dúvida – o oficial será obrigado a suscitá-la ao Juiz Corregedor Permanente, que julgará essa dúvida por meio de processo administrativo. Caso entenda a dúvida improcedente, o título poderá ser registrado. 
É bom ressaltar que a sentença desse juiz tem força apenas administrativa, ou seja, não faz coisa julgada material. Só que ela vincula o oficial, o qual deverá adotar seu entendimento em casos futuros.
Caso julgada procedente a dúvida, pode haver recurso.
	H- PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: 
	É o que exige o registro na circunscrição imobiliária da situação do imóvel. A escritura pode ser lavrada no Cartório de Notas de qualquer localidade, mas o registro só pode ser efetuado no Registro de Imóveis da situação do imóvel, o que, sem dúvida, facilita a pesquisa em torno dos imóveis (LRP, art. 169).
	I-PRINCÍPIO DA INSTÂNCIA:
Não permite que o oficial proceda a registros de ofício, mas somente a requerimento do interessado, ainda que verbal (LRP, art. 13). Até mesmo a instauração de procedimento de dúvida será feita a requerimento do interessado (art. 13 e 198, LRP).
J- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE:
O oficial e seus prepostos são responsáveis pelos danos decorrentes dos registros realizados equivocadamente. Trata-se de responsabilidade objetiva.
DÚVIDA. A Dúvida é pedido de natureza administrativa, formulada pelo oficial, a requerimento do apresentante de título imobiliário, para que o juiz decida sobre a legitimidade de exigência feita como condição de registro pretendido. 
Tão logo o título seja protocolizado, faz-se a prenotação, devendo o oficial examiná-lo. Se estiver em ordem, será registrado. Havendo exigência a ser satisfeita, indicá-la-á por escrito, tendo o interessado 30 dias para a regularização. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimi-la (LRP, art. 198). Neste caso, o prazo de 30 dias permanecerá suspenso, até a solução ser dada pelo juiz. 
Suscitada a dúvida pelo oficial (suscitante), a pedido do interessado, cujo procedimento é de jurisdição voluntária (em que o juiz administra interesses privados), será o apresentante do título (suscitado) cientificado dos seus termos, para impugná-la. O MP será ouvido, e a dúvida julgada, por sentença. Se procedente, poderão interpor recurso de apelação o interessado, o MP e o terceiro prejudicado. Se improcedente, não poderá o oficial apelar, por falta de legítimo interesse, tendo a suscitado apenas por dever de ofício. Todavia, poderão fazê-lo o representante do MP e o terceiro prejudicado. O recurso será endereçado ao Tribunal de Justiça. Mantida a sentença de improcedência, o interessado apresentará de novo os documentos, para que se proceda o registro (LRP, art. 203). 
Quando é o próprio interessado que peticiona diretamente ao juiz, requerendo a instauração do procedimento de dúvida (passando, então, a suscitante, e o oficial a suscitado), o expediente denomina-se dúvida inversa, não prevista na LRP, mas em geral admitida pelos juízes, por uma questão de economia processual.
PRINCÍPIOS IMPORTANTES DO REGISTRO: INSCRIÇÃO, PRESUNÇÃO, CONTINUIDADE, ESPECIALIDADE, CAUSALIDADE, LEGALIDADE, PRIORIDADE
	CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS: CONSTITUTIVO, CAUSAL E CONTINUIDADE
REGISTROS: PRENOME, SOBRENOME E MUDANÇA DE NOME
Nome é a designação pela qual a pessoa identifica-se no seio da família e da sociedade. Limongi França considera que a natureza jurídica do nome é de um direito de personalidade.
São elementos do nome: 1 – prenome, 2- sobrenome/apelido familiar e, em alguns casos, 3- agnome, sinal que distingue pessoas de uma mesma família (Júnior, Filho, Neto). Axiônimo é a designação que se dá a forma cortês de tratamento ou à expressão de tratamento. Ex. Excelência, senhor, doutor.
PRENOME. O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponham o filho ao ridículo (LRP, art. 55, § único). Configurada a hipótese, o oficial de registro pode recusar-se a efetuar o registro.
SOBRENOME. Sobrenome é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação ou estirpe. É imutável (LRP, art. 56). Adquire-se com o nascimento (art. 55). Portanto, não é escolhido. Mesmo que a criança seja registrada somente com o prenome, o sobrenome faz parte, por lei, de seu nome completo, podendo o escrivão lançá-lo de ofício.
FILHOS FORA DO CASAMENTO. O registro dos filhos havidos fora do matrimônio é regido pelos arts. 59 e 60 da LRP: não será lançado o nome do pai sem que este expressamente autorize. 
Hoje, a Lei n.º 8.560/92 obriga os escrivães do Registro Civil a remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai, que será convocado para reconhecer voluntariamente o filho. Não o fazendo, os dados serão encaminhados ao MP, que poderá promover a ação de investigação de paternidade. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito pelos modos previstos no art. 1.609 do CC, que admite inclusive que se faça por escrito particular, a ser arquivado em cartório, e também por qualquer espécie de testamento.
ALTERAÇÃO DO NOME. Acerca da alteração do nome, foram feitas alterações no art. 57 da LRP:
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.100, de 2009).
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família. (Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009)
Segundo o art. 58 da LRP e seu parágrafo único, o “prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios” e a “substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o MP”.
Igualmente é possível a mudança do prenome que exponha o portador ao ridículo, se o oficial não o houver impugnado. A pretensão depende de distribuição, perante o juiz, de procedimento de retificação de nome (LRP, art.109). A jurisprudência admite a retificação não só do prenome como também de outras partes esdrúxulas do nome. A jurisprudência ampliou as possibilidades de alteração do prenome, autorizando a tradução de nomes estrangeiros, para facilitar o aculturamento dos alienígenas que vêm fixar-se no Brasil. Também pode haver mudança do prenomeem caso de adoção (art. 47, §§ 5º e 6º do ECA).
Art. 56 de LRP: O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. Decorrido o prazo decadencial de 1 ano após a maioridade, essas alterações ainda poderão ser feitas, não mais administrativamente, mediante apresentação do pedido em cartório, mas, por exceção e motivadamente, em ação de retificação do nome. A homonímia tem sido uma justificativa utilizada e aceita para a referida alteração do nome, pois é causadora de confusões e prejuízos. No §7º do art. 57, de proteção às vítimas e testemunhas ameaçadas, permitiu-se a averbação da sentença concessiva da alteração do nome, deferida como medida de proteção, sem menção ao nome alterado.
RETIFICAÇÃO. É possível ainda se obter a retificação do prenome em caso de erro. Houve inovação legislativa em 2009 sobre o tema, que modificou o art. 110 da LRP. Os erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção poderão ser corrigidos de ofício pelo oficial de registro no próprio cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de selos e taxas, após manifestação conclusiva do Ministério Público. Procedimento: requerimento > MP > se o MP entender que o pedido exige maior indagação, requererá ao juiz a distribuição dos autos a um dos cartórios da circunscrição, caso em que se processará a retificação, com assistência de advogado, observado o rito sumaríssimo > Deferido o pedido, o oficial averbará a retificação à margem do registro, mencionando o número do protocolo e a data da sentença e seu trânsito em julgado, quando for o caso.
DIREITO DE VIZINHANÇA
“Os direitos de vizinhança são limitações que as propriedades contíguas reciprocamente se impõe, restringindo a ação dos respectivos usuários para que o exercício das faculdades dominiais respeito o direito de moradores da proximidade. O fundamento legal de tais limitações se origina da função social da propriedade (Constituição, art. 5º, XXIII) e espalha-se em leis ordinárias, em especial na disciplina dos arts. 1277 e seguintes do CC. Já o fundamento lógico está na necessidade de compatibilizar, dentro do possível, os direitos dos proprietários e usuários com iguais direitos de outros proprietários e usuários, quando se afetam reciprocamente” (COUTO, Direito Civil, p. 286-287). “Outra faceta importante dos direitos de vizinhança é a natureza propter rem das obrigações aí geradas. Ou seja, a cessação e a indenização podem ser exigidas não apenas de quem causa o dano, mas também, normalmente, do titular do direito real (COUTO, p. 287)
Abaixo, os artigos do CC sobre o tema: 
CAPÍTULO V
Dos Direitos de Vizinhança
 Seção I
Do Uso Anormal da Propriedade
Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.
Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual.
 Seção II
Das Árvores Limítrofes
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular.
 Seção III
Da Passagem Forçada
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.
§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
 Seção IV
Da Passagem de Cabos e Tubulações
Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança.
 Seção V
Das Águas
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamentode águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
§ 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a canalizá-las.
§ 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.
Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.
Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação.
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto.
 Seção VI
Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.
 Seção VII
Do Direito de Construir
Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho.
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho.
Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade do valor da parede e do chão correspondentes.
Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo risco a que expõe a construção anterior.
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto.
Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.
Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho.
Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões de cozinha.
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.
Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.
Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias.
Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos prejuízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.
Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel.
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento.
DIREITO AMBIENTAL
Dispõe o art. 1228 do Código Civil que “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. O parágrafo1o, todavia, traz condicionamentos, dentre os quais, relativos ao meio ambiente. Confira: “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”.
Além disso, nos termos do art. 4º da Lei nº 9.605/98, “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”. A Lei nº 9.605/98 adota a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica. (GARCIA, Leonardo de Medeiros, Direito do Consumidor, JusPodivm, p. 195).

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