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Ponto 7 - Civil

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PONTO 7
Direito Civil: Atos Jurídicos Lícitos e Ilícitos. Prescrição. Decadência. Prova.
ATUALIZADO POR LUIZA CARVALHO DANTAS, em Dezembro/2014
FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS (G. COUTO)
	Fatos jurídicos: são os acontecimentos, naturais ou não, geradores de repercussões no mundo do direito. São alheios à intervenção humana, mas provocam consequências jurídicas.
	Em sentido amplo, dentre os fatos inclui-se o ato jurídico.
	Ato jurídico (em sentido amplo): é o ato humano lícito que cria, modifica, conserva ou extingue direitos.
	Ato jurídico (em sentido estrito) x Negócio jurídico: a linha central é perceber que, dentre os atos jurídicos, em sentido amplo, há aqueles em relação aos quais a manifestação de vontade tem papel mais destacado – nelas o interessado pode escolher, validamente, efeitos jurídicos que busca produzir. No ato jurídico em sentido estrito, os efeitos estão todos previstos na lei. Ato jurídico em sentido estrito é o ato humano lícito que produz efeitos determinados pela norma legal. Reconhecimento de um filho (perfilhação) é ato humano que cria direitos, mas não há liberdade de escolha para os efeitos que irá produzir, pois a lei já os prevê. 
A diferença, portanto, consiste no fato de que, no negócio jurídico, as declarações de vontade são destinadas à produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente, ao passo que, nos atos jurídicos stricto sensu, a manifestação de vontade é obediente à lei e geradora de efeitos que nascem da própria lei.
	Negócio jurídico: é o ato jurídico no qual a manifestação de vontade tem papel mais destacado, pois o interessado pode escolher, validamente, efeitos jurídicos que busca produzir.
	
	O negócio jurídico é o ato livre e lícito da vontade humana, criando, modificando, conservando ou extinguindo direitos. Nele existe campo para a atuação da autonomia da vontade; a parte ou as partes terão possibilidade de escolher, no todo ou em aspectos relevantes, efeitos jurídicos que serão produzidos pelo negócio.
	Caio Mário: os negócios jurídicos são declarações de vontade destinados à produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente; os “atos jurídicos” em sentido estrito são manifestações de vontade, obedientes à lei, porém geradores de efeitos que nascem da própria lei.
	Ato jurídico em sentido estrito: é o ato humano lícito, que produz efeitos jurídicos, mas efeitos determinados pela norma legal, não escolhidos pelo manifestante ou manifestantes. Ex: reconhecimento voluntário de um filho – ato humano que cria direitos, mas o manifestante não tem qualquer liberrdade de escolha quanto aos efeitos; adoção etc.
	
	FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO AMPLO
	FATOS NATURAIS (FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO)
	FATOS HUMANOS (ATOS JURÍDICOS EM SENTIDO AMPLO)
	FATOS ORDINÁRIOS. Ex: nascimento, morte, decurso do tempo
	ATOS JURÍDICOS LÍCITOS: atos jurídicos em sentido estrito e os negócios jurídicos.
	FATOS EXTRAORDINÁRIOS. Ex: catástrofes
	ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS
	CC16: só falava em ato jurídico.
	-> Flávio Augusto Monteiro de Barros: Tanto o ato jurídico quanto o negócio jurídico caracterizam-se como sendo um comportamento humano voluntário apto a adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. Distinguem-se, porém sutilmente. Com efeito, no negócio jurídico o efeito jurídico dele emanado é previamente querido pelo agente, ao passo que no ato jurídico o efeito jurídico emana diretamente da norma, independentemente do querer do agente.
Segundo Flávio Tartuce: a) fato jurídico é uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tem relevância jurídica. Lato sensu – natural, que é o stricto sensu, que se subdivide em ordinário ou extraordinário, ou humano (fato jurígeno). FÓRMULA: Fato jurídico = Fato + Direito; b) ato jurídico é um fato jurídico, com elemento volitivo e conteúdo lícito. Há divergência doutrinária acerca da necessidade de o ato jurídico ser lícito (Tartuce, Orosimbo Nonato, Pablo Stolze, Guilherme Couto) ou a possibilidade de o ato ilícito ser, também, ato jurídico (Pontos de Miranda, José Carlos Moreira Alves). FÓRMULA: Ato jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude; c) negócio jurídico é ato jurídico em que há uma composição de interesses das partes com uma finalidade específica. FÓRMULA: Negócio jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude + Composição de interesses das partes com finalidade específica.
ATOS-FATOS JURÍDICOS
Fala-se ainda em atos-fatos jurídicos ou ato real.
	ATOS-FATOS JURÍDICOS – agente age pensando em uma finalidade, age sabendo os efeitos, porém o resultado pode ser completamente diferente do resultado preteNDido.
	- o fato é voluntário, mas a consequência passa da vontade desta, é muito além do efeito que tinha em vista.
	-é considerado um fato intermediário, nem humano nem natural, sendo assim é chamado de atos – fatos humanos. ex.: descoberta de tesouro.
	É chamado de ato porque é um fato humano. É chamado de ato-fato porque a vontade não é relevante, mas produz consequências jurídicas.
 	- O NCC não determinou qual doutrina adota, apenas determinou que aos atos jurídicos estrito senso aplicam-se as normas referentes aos negócios jurídicos. [art. 185, NCC]
	
	Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.
ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS
A responsabilidade civil deriva da transgressão de uma norma jurídica preexistente, impondo ao causador do dano o dever jurídico de indenizar. A depender da natureza jurídica da norma preexistente violada, a responsabilidade civil poderá ser contratual ou extracontratual (também chamada de aquiliana, diante da Lex Aquila de Damno do Direito Romano).
Responsabilidade civil extracontratual - art. 186, CC (Regra Matriz) - Define o ato ilícito. Esse artigo consagra o P. do Neminem Laedere, que estabelece que a ninguém é dado causar prejuízo a outrem. O referido artigo dispõe que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
O sistema da responsabilidade civil extracontratual no Brasil não se esgota nesse artigo. Também a fundamentam os arts. 187 e 927. O art. 187 define o abuso de direito. Dispõe o art. 187 que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Ato ilícito - O conceito de ilícito precisa ser pensado por um novo referencial. Durante muito tempo se disse que o ato ilícito seria o comportamento contrário ao direito que lesaria alguém e geraria o dever de indenizar. Parte de uma premissa de que todo ato ilícito produz efeitos indenizantes; que gera reparação de danos. Essa ideia não é necessariamente correta. Ilícito é um ato antijurídico, contrário ao direito; mas ele não nasce contrário ao direito, pois se assim fosse, ele seria um ato inválido; o ato ilícito traz consigo uma potencialidade de efeitos contrários ao direito. 
Segundo Tartuce, o ato ilícito é a conduta humana que fere direitos subjetivos privados, estando em desacordo com a ordem jurídica e causando danos a outrem.
O Ato ilícito não é um conceito exclusivo do direito civil; ele pode ser de diferentes campos; de diferentes espécies: civil; processual (civil, penal); penal. Ilícito civil é aquele que tem consigo a potencialidade de efeitos contrários ao direito civil. Mas note: esses efeitos potenciais não são necessariamente potenciais indenizantes. Eles podem produzir efeitos potenciais: a) Indenizantes - Se dá toda vez que o ilícito gera um dano indenizável; sempre que causar um prejuízo a 3˚; b) Caducificantes - Se dá toda vez que o ilícito gera uma perda de um direito. Não se fala em indenização (ex: art. 1638); c) Invalidantes - Se dá toda vez que o ilícito gera a nulidade ou a anulabilidade de um ato (ex: art. 166); d) Autorizantes- Se dá toda vez que o ilícito traz como consequência autorizar alguém a fazer alguma coisa (ex: art. 557).
Para o CC, existem dois modelos de ilícito civil: a) Subjetivo - art. 186, CC - É aquele clássico ilícito civil; é o ato ilícito no conceito culposo lato sensu, isto é, abrangendo dolo e culpa; é um conceito subjetivista; b) Objetivo (ou funcional) - Art. 187, CC - Abuso de direito. Traz um conceito que se liberta das amarras da culpa; não traz a culpa como elemento necessário; não exige o elemento anímico para sua conformação. A caracterização do ato ilícito não se da pela culpa; ele se da pelo excesso, pela irregularidade no exercício de um direito; o exercício do direito se deu excedendo: função econômica; função social; boa fé; bons costumes.
Abuso de direito - A Teoria do Abuso de Direito (ou Teoria dos Atos Emulativos) nasce na França e na Bélgica. No Brasil só foi consagrada expressamente no CC/02. Ao definir abuso de direito o legislador utilizou um critério objetivo. Não utilizou o critério subjetivo (baseado na culpa). Amplia-se a noção de ato ilícito para considerar como precursor da responsabilidade civil também aquele ato praticado em exercício irregular de direitos, ou seja, o ato é originariamente lícito, mas foi exercido fora dos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé objetiva ou pelos bons costumes. Logo, para se provar o abuso de direito não é necessário demonstrar a intenção. Quando o abuso de direito (ilícito objetivo) trouxer consequências indenizatórias (que é uma das possibilidades de efeitos potenciais do ilícito), implicará em responsabilidade objetiva. Nesse sentido o Enunciado 37 do CJF que dispõe que” a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”. Guilherme Couto diz que não se exige ânimo específico nem culpa.
Também merece relevo o Enunciado 413, que diz que “os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, destinadas ao controle da moralidade social de determinada época; e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva”. Possui relação com o postulado da socialidade, adotado pela atual codificação. Também com a eticidade, pois é consagrada a função de controle da boa-fé objetiva.
Enunciado 414: o abuso de direito tem fundamento constitucional nos princípios da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança, aplicando-se a todos os ramos do direito.
Segundo Rubens Limongi França, abuso de direito é um “ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem a devida irregularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito”. Trata-se de “ato lícito pelo conteúdo, ilícito pelas consequências, tendo natureza jurídica mista – entre o ato jurídico e o ato ilícito – situando-se no mundo dos fatos em sentido amplo”. Em outras palavras, a ilicitude do abuso de direito está presente em sua execução. Assim, a diferença para o ato ilícito é que este é ilícito no todo quanto ao conteúdo e quanto às consequências.
Ex: Súmula 130 do STJ - “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. A chamada clausula de não-indenizar é nula, pois viola a confiança que o cliente tem no estabelecimento. É um abuso de direito.
Ex: Súmula 301 do STJ – “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção "juris tantum" de paternidade”.
Exemplos de abuso de direito como ato ilícito
(i) A publicidade abusiva e o ato emulativo civil - segundo o § 2º, art. 37 do CDC “É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.” No abuso do direito, o juiz é quem diz o que é ilícito, tem cláusula geral que deve ser preenchida pela jurisprudência;
(ii) As práticas previstas no CDC e o conceito do art. 187 CC - segundo a doutrina, constituem abuso de direito as seguintes condutas previstas no CDC: Venda casada, ou seja, condicionamento da venda de um produto/serviço à aquisição de outro; Negação de venda ou recusa ao atendimento às demandas dos consumidores; Envio de produto ao consumidor sem solicitação; Ausência de orçamento prévio; Repasse de informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; Colocação de produto no mercado fora das especificações da ABNT ou CONMETRO; Ausência de fixação de prazo pelos fornecedores para cumprimento da obrigação assumida;
(iii) A lide temerária como exemplo de abuso de direito - Venosa defende que no direito processual o abuso de direito caracteriza-se pela lide temerária, trazendo o CPC, nos arts. 14 a 16, descrição pormenorizada da falta processual. São exemplos citados pela doutrina: o requerimento de arresto formulado pelo credor de bens que sabe não pertencer ao devedor; o requerimento de busca e apreensão sem necessidade;
(iv) Abuso do direito de propriedade. A função socioambiental da propriedade - o direito de propriedade é aquele que atribui ao seu titular as prerrogativas de usar, gozar, buscar ou reaver a coisa, sendo oponível contra todos. O conceito de propriedade evoluiu muito ao longo do tempo, pois segundo o STF “não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria CF. O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade.” � Assim, existem diversas limitações da propriedade em prol do interesse da coletividade. Existem, pois, restrições ligadas à segurança e defesa nacional, economia, higiene e saúde pública, interesse urbanístico, cultura nacional, patrimônio cultural e urbanístico, meio ambiente etc. Por tudo isso, e pela concepção relativizada do direito de propriedade, constitui abuso de direito a situação em que o proprietário se excede no exercício de qualquer um dos direitos decorrentes do domínio, de forma a causar prejuízo a outrem como ocorre, por exemplo, no caso de danos ambientais. Neste sentido, dispõe o art. 1228, § 2º CC: São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.Deve-se ressaltar que também poderá ser configurado ato emulativo se o proprietário tiver vantagens com o prejuízo alheio;
(v) Spam e o abuso de direito - o spamming consiste no envio de mensagens eletrônicas, não solicitadas, normalmente de natureza comercial, em grande quantidade e de maneira repetida, a pessoas com as quais o remetente não teve contato anterior. Flávio Tartuce entende tratar-se de abuso de direito, pois contraria o fim social e econômico da internet, além de ser atentatória à boa fé objetiva, pois uma pessoa que nunca solicitou a mensagem a recebe, o que contraria a probidade e lealdade. Além disso, pode-se dizer que o spammer viola garantias fundamentais, eis que utiliza-se de informação privativa e até certo ponto íntima de uso exclusivo do internauta: o seu endereço eletrônico.
Guilherme Couto exemplifica, ainda: a) com os recursos protelatórios no processo, havendo abuso do direito de recorrer; b) cobrança excessiva pelo licenciamento de remédios, havendo abuso do titular do direito da patente; c) servidor que pratica ato para interesse próprio.
 
Novas modalidades de abuso do direito
a) venire contra factum proprium - é umavedação decorrente do Princípio da Confiança. Trata-se de um tipo de ato abusivo de direito. Referida vedação assegura a manutenção da situação de confiança legitimamente criada nas relações jurídicas contratuais, onde não se admite a adoção de condutas contraditórias. Trata-se de uma regra de coerência, por meio do qual se veda que se aja em determinado momento de uma certa maneira e, ulteriormente, adote-se um comportamento que frustra, vai contra aquela conduta tomada em primeiro lugar. Portanto, o venire contra factum proprium no potest significa a proibição de ir contra fatos próprios já praticados.
b) supressio e surrectio - as expressões surrectio e supressio são classificações dadas em Portugal às expressões verwirkung e erwirkung, originárias da Alemanha. A supressio refere-se ao fenômeno da supressão de determinadas relações jurídicas pelo decurso do tempo. A surrectio, por sua vez, consagra o fenômeno inverso, ou seja, o surgimento de uma prática de usos e costumes locais. Assim, tanto a supressio como a surrectio consagram formas de perda e aquisição de direito pelo decurso do tempo. Por outro lado, essas aquisições e restrições, em nosso ordenamento jurídico, somente são admitidas mediante expressa disposição de lei, como se vê no art. 1.238 que trata da aquisição de propriedade pela usucapião extraordinária, bem como pelos arts. 205 e 206 que tratam de prescrição extintiva, uma vez que a prescrição consiste na aquisição ou extinção de direitos, pelo decurso do tempo.
Encontra-se exemplo de surrectio e supressio, assim, como bem acertadamente expõe Maria Helena Diniz, no art. 330, ao dispor que se o devedor efetuar, reiteradamente o pagamento da prestação em lugar diverso do estipulado no negócio jurídico, há presunção “juris tantum” de que o credor a ele renunciou, baseado no princípio da boa-fé objetiva e nessas formas de aquisição e perda de direito pelo decurso do tempo. 
É admitido, outrossim, a aquisição ou perda de direitos - surrectio ou supressio, respectivamente - pelo transcurso do tempo, em nosso ordenamento jurídico, desde de que a ele se relacionam uma situação de confiança, investida numa relação jurídica. Portanto, o transcurso de tempo, como forma de aquisição ou perda de um direito, afora das previsões legais, somente é possível mediante a conjugação do venire contra factum proprium no potest, que funciona como nexo de ligação.
c) tu quoque - é esta expressão que, de fato, revela os deveres anexos de uma relação contratual, decorrentes da boa-fé. Essa locução é designativa de uma situação gerada de um abuso de direito, que se verifica quando uma das partes viola a norma jurídica e, após tenta aproveitar-se dessa conduta em benefício próprio, que conforme o brocardo “turpitudinem suam allegans non auditur” - o sujeito não pode valer-se da própria torpeza -, que é vedada pelo direito.
Assim, quem viola as suas obrigações contratuais não pode se valer da sua própria falta para se favorecer diante da outra parte. Assim, conforme o Enunciado 24 do CJF, a violação dos deveres anexos decorrentes da cláusula geral da boa-fé objetiva, constitui-se espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
Consequentemente, chega-se à conclusão de que tanto o tu quoque como o venire contra factum proprium no potest são autênticos representantes dos deveres anexos implícitos nos contratos, que devem ser observados à integralização pela boa-fé objetiva. Logo, da sua não observância que configura uma usurpação dissimulada de uma conduta juridicamente válida, como visto, acarreta numa responsabilização objetiva desse inadimplemento contratual.
	TU QUOQUE
	VENIRE
	 A contradição não reside em duas condutas, mas na adoção indevida de uma primeira conduta violadora de norma que se mostra incompatível com o comportamento posterior.
	A contradição se dá entre duas condutas, no entanto, ambos os comportamentos, isoladamente considerados, NÃO apresentam qualquer irregularidade.
c) duty to mitigate the loss (dever de mitigar as próprias perdas) - credor deve evitar o surendividamento. Ex: Súmula 309 do STJ: O credor de alimentos somente pode obter a prisão civil do devedor de alimentos pela dívida dos últimos três meses vencidos.
d) substancial performance (inadimplemento mínimo ou adimplemento substancial) - o credor não poderá exercer o direito potestativo de resolução do contrato em situações que caracterizam o cumprimento substancial do contrato pelo devedor.
STJ - A Turma reiterou, entre outras questões, que, diante do substancial adimplemento do contrato, qual seja, foram pagas 30 das 36 prestações da avença, mostra-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do contrato e a boa-fé objetiva. Ressaltou-se que a teoria do substancial adimplemento visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos aludidos princípios. Assim, tendo ocorrido um adimplemento parcial da dívida muito próximo do resultado final, daí a expressão “adimplemento substancial”, limita-se o direito do credor, pois a resolução direta do contrato mostrar-se-ia um exagero, uma demasia. Dessa forma, fica preservado o direito de crédito, limitando-se apenas a forma como pode ser exigido pelo credor, que não pode escolher diretamente o modo mais gravoso para o devedor, que é a resolução do contrato. Dessarte, diante do substancial adimplemento da avença, o credor poderá valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, mas não a extinção do contrato.�
Violação positiva do contrato - descumprimento dos direitos anexos (informação, riscos, prestar garantia). É a lesão dos deveres laterais de proteção, cooperação e informação. Apesar de se alcançar o cumprimento do dever de prestação, sobejaram frustrados o exercício da boa-fé e a salvaguarda da confiança alheia. No campo da violação positiva é possível ainda incluir o inadimplemento antecipado ou a quebra antecipada de contrato que se dá quando o devedor exteriorizar objetivamente sua vontade de descumprir a obrigação antes do vencimento do contrato. Esse ato de descumprimento antecipa os efeitos resolutórios e indenizatórios.
O inadimplemento antecipado configura-se nas hipóteses, excepcionais, nas quais o devedor possa ser considerado inadimplente antes de chegado o prazo final para que ele cumpra a prestação. Não há preceito expresso sobre o assunto, modo genérico, no Código Civil. Existem normas que tangenciam o instituto, como o preceito do artigo 234 do Código Civil (“Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos”). No inadimplemento antecipado, considera-se ocorrer o descumprimento antes de esgotado o prazo existente para o devedor cumprir a obrigação, de modo a autorizar que o credor busque os seus direitos de imediato, especialmente a resolução do ajuste, com perdas e danos.
	RESOLUÇÃO ANTECIPADA
	VENCIMENTO ANTECIPADO DO DÉBITO
	Surge da demonstração da vontade de não cumprir o contrato, ainda que solvente.
	É restrito a situações que induzam o devedor à insolvência.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Vislumbra-se, na prescrição e decadência, fenômenos jurídicos tendentes a conferir equilíbrio e segurança às relações jurídicas e às relações sociais como um todo, trazendo consigo o caráter inescondível da estabilização das relações jurídicas em respeito aos princípios e garantias constitucionais.
	-Agnelo Amorim Filho, para distinguir decadência de prescrição, relacionou esses dois institutos à diferenciação entre direitos subjetivos e direitos potestativos, bem como à classificação tripartite das ações[ação condenatória, constitutiva e declaratória].
	DIREITO SUBJETIVO X DIREITO POTESTATIVO
	DIREITOS SUBJETIVOS
- estão relacionados a um direito a uma prestação e são suscetíveis de violação.
-objeto: prestação de dar, fazer, não fazer.
-assegurados pelas AÇÕES CONDENATÓRIAS
-são perpétuos. os direitos subjetivos são perpétuos, mas, uma vez violados, surge a pretensão, esta sim deve ser limitada no tempo.
-causa de insegurança: pretensão. [por isso que a limitação incide sobre pretensão e não sobre o direito]
- o direito a uma prestação não se esgota pelo seu não uso. Porém, a violação desse direito sofre limitação. O que causa insegurança não é o direito em si, mas a pretensão. A pretensão é que não pode ser perpétua. O termo final da pretensão é a prescrição.
a PRESCRIÇÃO atinge a pretensão
PRETENSÃO: poder jurídico coercitivo reconhecido ao credor de subordinar o interesse do devedor ao seu, e que nasce da violação de um direito à prestação. Findo o prazo prescricional o credor continua com direito de ação, mas perde o poder jurídico de subordinar o interesse do devedor ao dele.
PRESCRIÇÃO limite no tempo da pretensão, que surge com a violação do direito a uma prestação.
	DIREITOS POTESTATIVOS
- conferem a seu titular a prerrogativa de invadir a órbita jurídica de outra pessoa, independentemente de sua vontade. 
-a satisfação dos direitos potestativos independe da conduta do devedor. Representam um estado de sujeição do devedor em relação ao credor.
- assegurados pelas AÇÕES CONSTITUTIVAS.
-nomenclatura: é um direito-poder. [latim: poder  potestas]
-muitos são limitados no tempo, e esse limite á a decadência.
-causa de insegurança: o próprio direito. 
a DECADÊNCIA atinge o direito
DECADÊNCIA limite no tempo de um direito potestativo.
São insuscetíveis de violação. Os direitos potestativos são direitos sem pretensão, pois são insuscetíveis de violação, já que a eles não se opõe em dever de quem quer que seja, mas uma sujeição de alguém.
	Guilherme Couto: A prescrição põe fim à exigibilidade do direito.
	Nosso Código Civil reservou o termo “prescrição” apenas para a extintiva (ou liberatória), adotando, para a prescrição aquisitiva da propriedade, o termo “usucapião”. Baseando-se na corrente dualista, separou-as como institutos autônomos, localizando a prescrição extintiva na parte geral e a aquisitiva na parte especial (direito das coisas). Se aplicam ao instituto da usucapião as regras gerais da prescrição extintiva, como, por exemplo, as hipóteses de suspensão e interrupção do prazo prescricional (vide STJ, AC. 4ª T., Resp. 149.186/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 4.11.03). (DUALIDADE CONCEITUAL)
	A causa eficiente da prescrição é a inércia do titular da ação, e seu fator operante é o tempo. Só pode ter por objeto a ação, e não o direito, ainda que este também sofra seus efeitos (a prescrição, extinguindo a ação, o torna inoperante).
	Definição: “prescrição é a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso”. É o encobrimento (ou extinção, na letra do art. 189 do CC) da eficácia de determinada pretensão (perda do poder de efetivar o direito a uma prestação1), por não ter sido exercitada no prazo legal (DIDIER, p. 301). 
	Há três teorias básicas sobre a prescrição: i) aquela que diz que ela atinge o próprio direito material (de origem imanentista, segundo a qual o direito de ação seria imanente ao direito material); ii) aquela que diz que o que é atingido é o direito de ação e, por via reflexa, o direito material, que ficaria sem proteção (Câmara Leal); e iii) aquela adotada pelo novo Código Civil que afirma que a prescrição atinge a pretensão¸ que é a faculdade de exigir de outrem uma determinada prestação, extinguindo-a (fruto dos estudos pandectistas alemães e suas teorias abstratas). Segundo o CC/2002, a prescrição não atinge o direito de ação, mas apenas a pretensão (instituto de direito material), confirmando o caráter de direito autônomo, abstrato, público e subjetivo daquele (art. 5º, XXXV, CF).
Atenção: O fenômeno prescritivo incide sobre a pretensão, e não sobre o direito de ação. A pretensão é anterior ao direito de ação. O direito de ação concebido como direito de pedir ao Estado um provimento jurisdicional é imprescritível.
	Mesmo a última das teorias diz que, na verdade, a prescrição não fulminaria a pretensão, mas abriria ensejo a que o interessado pudesse alegar a sua extinção como matéria de defesa, já que era defeso ao juiz conhecer de ofício a prescrição, salvo se beneficiasse absolutamente incapaz. Porém, com a publicação da lei n.º 11.280/2006, que introduziu o § 5º, no art. 219 do CPC (“§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.”) e revogou o art. 194 do CC, mesmo essa tese caiu por terra, pois, agora, a prescrição extingue a pretensão mesmo, uma vez que é dever do juiz pronunciá-la, salvo se tiver havido expressa ou tácita renúncia�. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald entendem que a prescrição, por referir-se a direitos subjetivos patrimoniais, não deveria poder ser conhecida de ofício pelo juiz, considerando atécnica a alteração promovida pela Lei 11.280/06.
Em sentido idêntico, comenta Rodrigo Reis Mazzei ser necessária a intimação do réu (devedor), para que se manifeste quanto à renúncia à prescrição, pois, sendo a autonomia privada um valor associado à liberdade constitucional, pode-se até afirmar que a inovação é inconstitucional, caso este direito de renúncia à prescrição não seja assegurado.
	Esse entendimento vem sendo adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, vide REsp 1.005.209/RJ, Rel. Min. Castro Meira, 2.ª Turma, j. 08.04.2008, DJ 22.04.2008, p. 1.
	Ainda sobre pretensão, há autores que alertam para o fato de que existem modalidades dela sem que haja violação de direito, como na hipótese dos direitos reais, em que o titular do domínio detém a pretensão de abstenção das demais pessoas em relação aos poderes que ele exerce sobre a coisa, pretensão esta que, se violada, faz nascer outras (reparatória e possessória/petitória). No entanto, como tais espécies de pretensão não decorrem de violação de direito, seriam imprescritíveis.
	A prescrição pode ser alegada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC), ou seja, é possível suscitá-la pela primeira vez em grau de recurso. Não obstante isso, o réu deve suscitá-la na primeira oportunidade, sob pena de arcar com as despesas supervenientes (art. 22, CPC). Por evidente não pode ser alegada pela primeira vez em sede de Resp e Rex, pois que implica inovação da lide, sem prequestionamento. 
Cuidado, o STJ reconhece que não se opera preclusão pro judicato para o Tribunal de segunda instância, podendo reconhecer a prescrição de ofício, mesmo que o juiz não tenha se manifestado: “Não procede a alegação de contrariedade ao art. 535 do CPC, pois, em razão do efeito translativo, o Tribunal de origem, ao julgar os embargos declaratórios, podia sim reexaminar a matéria de ordem pública já decidida, relativa à prescrição, e modificar o resultado do julgamento anteriormente proferido para passar a considerar não consumada tanto a prescrição que antecede a propositura da execução fiscal quanto a prescrição intercorrente, mormente porque, em sede de execução fiscal, qualquer uma das duas modalidades de prescrição, se consumada, pode ser pronunciada de ofício (arts. 219, § 5º, do CPC, e 40, § 4º, da Lei 6.830/80). Por se tratar de matéria de ordem pública apreciável de ofício, não ocorre a preclusão pro judicato. (EDcl no AgRg no REsp 1358343/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 13/05/2013)
Em contrapartida, como dito antes, em grau de RE e RESP, mesmo se tratando de matéria de ordem pública, em razão da ausência do prequestionamento, entendem que para os Tribunais Superiores não é possível o reexame destamatéria: “Nos termos da jurisprudência consolidada e reiterada do STJ, mesmo as chamadas matérias de ordem pública, apreciáveis de ofício pelas instâncias ordinárias, devem ser prequestionadas, de modo a viabilizar o acesso às instâncias extraordinárias" (AgRg no REsp 966.229/RS, Ministro OG FERNANDES. Julgado em 07/05/2013)
No julgamento do AgRg nos EREsp 999.342/SP, rel. Min. Castro Meira, sua Corte Especial entendeu não ser possível examinar questões de ordem pública, caso não haja o indispensável prequestionamento. Afirmou-se que, ainda que tenha o recurso sido admitido por outro fundamento, não será possível examinar uma questão de ordem pública ou um fato superveniente, se não houver prequestionamento a seu respeito. Mais recentemente, sua 2a Turma, seguindo aquele precedente da Corte Especial, confirmou que “mesmo as matérias de ordem pública precisam ser prequestionadas”. (EDcl nos EDcl no AgRg no AREsp 32.420/PB, rel. Min. Humberto Martins, j. 21/6/2012, DJe 28/6/2012).
A prescrição ataca a pretensão sem que impeça o direito em si. Tanto que se pagar dívida prescrita, inexigível, não pode repetir. Isaac. A prescrição ataca também a exceção. 
 
	PRAZOS PRESCRICIONAIS
	1 ano
	2 anos
	3 anos
	4 nos
	5 anos
	hospedeiros/fornecedor pela hospedagem /alimentos.
	prestações alimentares.
	aluguéis de prédios rústicos.
	pretensão em relação à tutela
	cobrança de dívidas líquidas constantes de documentos público ou particular.
	segurado x segurador.
	
	prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias
	
	honorários para os profissionais liberais
	tabeliães, auxiliares de justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos pelos emolumentos custas e honorários.
	
	juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias pagáveis em períodos não maiores que 1 ano,.com ou sem capitalização.
	
	despesas judiciais do vencedor em relação ao vencido
	contra peritos pela avaliação de bens na formação de capital de s/a.
	
	enriquecimento sem causa.
	
	
	credores não pagos contra os sócios ou acionistas ou liquidantes no caso de liquidação da sociedade.
	
	reparação civil.
	
	
	
	
	restituição de lucros ou dividendos recebidos de má-fé.
	
	
	
	
	por violação de lei ou estatuto: fundadores, administradores, fiscais, sócios, liquidantes
	
	
	
	
	pagamento de título de crédito(ressalvado disposição legal em especial)
	
	
	
	
	seguro de responsabilidade civil obrigatório
	
	
B. Fundamento da prescrição 
	Remontando ao direito romano, ali encontraremos três fundamentos para a prescrição: a) necessidade de fixar as relações jurídicas incertas; b) castigo à negligência; c) o interesse público.
	Prevalece, na doutrina atual, o entendimento de que o fundamento da prescrição consiste no interesse social pela estabilidade das relações jurídicas.
	As normas sobre prescrição são de ordem pública ou privada? Há, como vimos, um interesse público na harmonia social. Assim, a instituição de prazo prescricional obedece à utilidade pública; a norma que o estatui, portanto, é de ordem pública. Frise-se a recente alteração do entendimento do STJ : Recentemente, contudo, o STJ alterou seu entendimento. No julgamento do AgRg nos EREsp 999.342/SP, rel. Min. Castro Meira, sua Corte Especial entendeu não ser possível examinar questões de ordem pública, caso não haja o indispensável prequestionamento. Afirmou-se que, ainda que tenha o recurso sido admitido por outro fundamento, não será possível examinar uma questão de ordem pública ou um fato superveniente, se não houver prequestionamento a seu respeito. Mais recentemente, sua 2a Turma, seguindo aquele precedente da Corte Especial, confirmou que “mesmo as matérias de ordem pública precisam ser prequesitonadas”. (EDcl nos EDcl no AgRg no AREsp 32.420/PB, rel. Min. Humberto Martins, j. 21/6/2012, DJe 28/6/2012).
	Não obstante, como as relações jurídicas por ela reguladas são de ordem privada, este fato lhe empresta, também, um caráter privado, dando-se uma natureza mista. Daí os fenômenos, virtualmente antagônicos, que apresenta contemporaneamente: como norma pública, tem sempre efeito retroativo, ficando a prescrição em curso sujeita às alterações da nova lei; mas, como norma privada, pode ser renunciada a prescrição pelo prescribente, uma vez consumada.
C. Requisitos para que se verifique prescrição: a) existência de uma pretensão exercitável; b) inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício; c) continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo; d) ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional.
	a) Existência de pretensão exercitável – para que se verifique um primeiro dos requisitos da prescrição, é preciso que haja uma pretensão exercitável. Fenômeno objetivo ou subjetivo – Discute-se, na doutrina, se a prescrição é um fenômeno puramente objetivo, decorrendo o seu início do fato da violação, independentemente da ciência ou do conhecimento do titular, ou se é um fenômeno subjetivo, ficando o início da prescrição dependendo da condição de que seu titular tenha conhecimento da violação.
	A respeito da contagem do prazo prescricional, é o teor do Enunciado n. 14 CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, realizada em setembro de 2002: “Art. 189: 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer” (corrente majoritária).
Para o autor (Câmara Leal), não parece racional admitir-se que a prescrição comece a correr sem que o titular do direito violado tenha ciência da violação. Se a prescrição é um castigo à negligência do titular, não se compreende a prescrição sem a negligência, e esta certamente não se dá quando a inércia do titular decorre da ignorância da violação. Este é o seu raciocínio para as ações pessoais. Acrescenta, outrossim, que a doutrina da contagem do prazo da prescrição da data da ciência da violação deve ser limitada às prescrições de curto prazo, porque, nas de prazo longo, a própria ignorância da violação, pelo titular, denota negligência, indicando o abandono em que deixou a coisa, objeto da violação, a ponto de ter sido violada e ele o ignorar por longo tempo. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald sustentam que a fluência do prazo prescricional se inicia com o surgimento da pretensão correspondente. Ou seja, tem início a contagem prazal com a exigibilidade do direito subjetivo subjacente (neste sentido o enunciado 14 da Jornada de Direito Civil: “1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer”). É o princípio da actio nata, segundo o qual somente a partir do efetivo conhecimento do ato que viola um direito subjetivo, originando a pretensão, é que se inicia a contagem do prazo prescricional. A regra é aplicável, inclusive, aos prazos decadenciais. O princípio também é aplicado à decadência. 
Consoante os referidos autores o art. 189, CC, agasalha o princípio da actio nata, não obstante a ausência de referência explícita à necessidade de efetivo conhecimento do interessado acerca da violação ao direito. A jurisprudência consagrou a tese da actio nata que diz que, efetivamente, o início da fluência do prazo prescricional deve decorrer não da violação em si a um direito subjetivo, mas, sim, do conhecimento da violação ou lesão ao direito subjetivo pelo seu respectivo titular (FARIAS, p. 726). Exemplos de aplicação da teoria da actio nata: súmula nº 278 do STJ e art. 27 do CDC.
STJ “A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o prazo prescricional da ação para indenizar dano irreversível causado por erro médicocomeça a fluir a partir do momento em que a vítima tomou ciência inequívoca de sua invalidez, bem como da extensão de sua incapacidade. Aplicação do princípio da actio nata”. (AgRg no Ag 1098461 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2008/0198749-0 - MIN. RAUL ARAÚJO FILHO – 4ª T – DJ 02/08/2010)
STJ “O curso do prazo prescricional do direito de reclamar inicia-se somente quando o titular do direito subjetivo violado passa a conhecer o fato e a extensão de suas consequências, conforme o princípio da actio nata. Precedentes.” (REsp 1296574/AL, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 14/08/2013)
A Corte também vem aplicando a teoria da actio nata em outros ramos do direito, em especial em matéria tributária, como é o caso do redirecionamento da execução fiscal, porém, em alguns casos, conferindo-lhe oposta interpretação, no sentido de que o prazo prescricional se inicia com a efetiva lesão ao direito, independentemente do conhecimento de seu titular. A propósito “A citação do sócio-gerente foi realizada após o transcurso de prazo superior a cinco anos, contados da citação da empresa. Não houve prescrição, contudo, porque se trata de responsabilidade subsidiária, de modo que o redirecionamento só se tornou possível a partir do momento em que o juízo de origem se convenceu da inexistência de patrimônio da pessoa jurídica. Aplicação do princípio da actio nata.” (AgRg no REsp 802669 / SC. DJe 04/02/2010 – 1ª T – Rel. Min. Hamilton Carvalhido)
Mudança de entendimento: “Por outro lado, quanto à possibilidade de redirecionamento do feito executivo para os sócios-gerentes, especialmente em casos de dissolução irregular da pessoa jurídica, situação que pode surgir no curso do processo executivo, é pacífica a orientação no STJ no sentido de que a citação da empresa interrompe a prescrição em relação aos seus sócios-gerentes para fins de redirecionamento da execução, devendo, no entanto, ser efetuada a citação desses responsáveis no prazo de cinco anos a contar daquela data, em observância ao disposto no artigo 174 do CTN. Não há como acolher a tese esposada pela exequente no sentido de que, no caso de pedido de redirecionamento do feito para os sócios, o marco inicial se dá quando esta toma conhecimento dos elementos que possibilitem o prosseguimento do feito para os co-responsáveis, a Teoria da Actio Nata, sob pena de o débito tornar-se imprescritível. (TRF3. AI 00080097220134030000. Consuelo Yoshida. Data do Julgamento: 08/08/2013).
	b) Inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício:
	c) Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo: 
d) Ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional: 
As causas impeditivas são aquelas que, como o próprio nome diz, impedem que o prazo se inicie. Atuam concomitantemente ao nascimento da pretensão (ex.: violação de direito subjetivo de uma pessoa interditada por ser absolutamente incapaz). Na interrupção, o prazo só correrá depois de cessada a causa interruptiva.
Já as causas suspensivas são aquelas que fazem parar o fluxo do prazo prescricional já iniciado, em razão de determinado fato jurídico (ex.: o prazo prescricional da pretensão de cobrança de José em face de Maria, que vinha correndo desde o inadimplemento, suspende-se com o advento do casamento dos dois). Na suspensão, o prazo anterior ao evento suspensivo, tão logo este desapareça, volta a correr pelo saldo.
	CAUSAS SUSPENSIVAS E IMPEDITIVAS�
	CAUSAS INTERRUPTIVAS
	Suspensivas – paralisam temporariamente o curso da prescrição quando já se iniciou a fluência dos prazos. O prazo volta a correr de onde parou. 
Impeditivas – obstam o começo da fluência prazal.
	Implicam na inutilização do prazo prescricional em curso e, quando reiniciada a sua fluência, ele é integralmente reiniciado (salvo a existência de previsão específica em lei como, por exemplo, o art. 9º do Decreto nº 20910/32).
	Todas possuem natureza extrajudicial.
	Em regra, possuem natureza judicial (exceções: protesto cambial e confissão de dívida).
	Envolvem situações entre pessoas.
	Relacionada a atos de credor ou do devedor.
	Previstas taxativamente nos arts. 197, 198 e 199 do CC.
	Previstas taxativamente no art. 202 do CC.
	Hipóteses que possuem observações importantes:
1) Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar – é irrelevante nesse caso ser o menor absoluta ou relativamente incapaz, pois para suspender/impedir a fluência da prescrição basta que esteja submetido ao poder familiar.
2) Contra os incapazes de que trata o art. 3º - apenas os ABSOLUTAMENTE incapazes; contra os relativamente o prazo flui normalmente.
3) Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios – não haverá paralisação do prazo contra aqueles que estão a passeio ou prestando serviços à iniciativa privada.
4) Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra – não se aplica em tempo de paz.
	Hipóteses que possuem observações importantes:
1) Por DESPACHO DO JUIZ, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual – modificação dos arts. 219 e 617 do CPC que afirmavam decorrer a interrupção da prescrição da citação válida. A interrupção decorrente do despacho do juiz retroage à data da propositura da ação (Súm. 106/STJ). Nos JEC’s, onde não há despacho liminar, a interrupção se realiza, diretamente, com a simples propositura da demanda, motivo pelo qual é irrelevante se o processo será extinto com ou sem resolução do mérito.
2) Por protesto, nas condições do inciso antecedente – trata-se aqui da ação cautelar do protesto. Aplicam-se as regras do despacho judicial.
3) Por protesto cambial – protesto realizado extrajudicialmente. Superada Súm. 153/STF.
4) Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor – por exemplo, a confissão de dívida.
	Outras hipóteses:
Ausentes declarados judicialmente – aqui o termo inicial será o desaparecimento.
Ação civil ex delito enquanto não transitada em julgado a decisão penal (art. 200 do CC).
Súmula 229 do STJ – harmonização com a boa-fé objetiva. 
	ATENÇÃO! A interrupção única a que se refere o caput do art. 202 do CC somente atinge as causas extrajudiciais (protesto cambial e confissão de dívida), não sendo possível incidir sobre as hipóteses judiciais interruptivas (FARIAS, p. 732). Assim sendo, feito o protesto cambial e ajuizada ação de execução, com o despacho citatório, a prescrição será novamente interrompida.
Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição - arts. 197 a 204 do CC/2002. São previstas de forma taxativa em lei.�
STJ: Info 500: Se um fato constitui, ao mesmo tempo, um ilícito civil e penal, poderá ser proposta uma ação civil de reparação de danos e uma ação penal, que tramitarão em instâncias diferentes e relativamente independentes. O prazo prescricional para a ação de reparação de danos é de 3 anos. O art. 200 do CC afirma que não correrá o prazo de prescrição para essa ação cível antes que a decisão sobre o fato na esfera penal transite em julgado. No entanto, o prazo prescricional da ação cível somente ficará suspenso, nos termos do art. 200, do CC, se existir processo penal em curso ou, pelo menos, a tramitação de um inquérito policial apurando o fato sob a ótica criminal. Se não existir ação penal nem inquérito policial sobre o fato, o prazo da ação cível está correndo normalmente. 
Importante salientar que, por força de inovação do art. 202, CC, a prescrição só pode ser interrompida uma única vez. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald entendem que, não obstante o silêncio da lei, tal limitação só se aplica às causas extrajudiciais, não sendo possível incidir sobre as hipóteses judiciais (tb Arruda Alvim).
Não esquecer que, em relação às causas interruptivas judiciais, o prazo refere-se a cada tipo de pretensão,ou seja, a pretensão executória tem autonomia, contando com o mesmo prazo da pretensão cognitiva (Súmula 150, STF).
O art. 203, CC, assegura que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado (Ex: herdeiro do credor, credor do credor). Princípio da operabilidade - cabe ao juiz, dentro das regras de equidade e razoabilidade, apontar quem seria o interessado referido no dispositivo. O modelo atual é aberto (numerus apertus), e não mais fechado (numerus clausus).
Os efeitos da prescrição são pessoais, logo, regra geral, a interrupção por um credor não aproveita aos demais, assim como contra um devedor/seu herdeiro não prejudica os demais (art. 204, caput, CC). Exceções: 
Interrupção por um credor solidário/ contra um devedor solidário  aproveita/ prejudica os demais (art. 204, §1º).
Interrupção contra herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores  salvo quando se tratar de direitos/ obrigações indivisíveis (art. 204, §2º, CC).
Interrupção contra o devedor principal  prejudica o fiador (art. 204, §3º, CC)
Do mesmo modo, a suspensão da prescrição por um dos credores solidários não aproveita aos demais, salvo quando a obrigação for indivisível (art. 201, CC).
D. Prescrição da exceção - O novo Código Civil afirma que a exceção prescreve no mesmo prazo em que prescreve a ação. No entanto, há de se fazer uma distinção indispensável para a interpretação da disposição, a fim de não se esvaziar o conteúdo do direito à ampla defesa. É que há exceções próprias – aquelas em que a parte apenas se defende, sem atacar a parte autora (ex.: pagamento em ação de cobrança) –, que somente não manejáveis pela via de defesa (contestação e exceção em sentido estrito), e há as denominadas exceções impróprias – aquelas em que a parte, além de se defender, ataca a parte autora (ex.: pedido de pagamento em dobro no caso da cobrança do que já fora pago) – que poderiam, inclusive, ser veiculadas através de uma ação própria ou de uma reconvenção. As exceções impróprias são também chamadas de exceções substanciais, verdadeiros contradireitos (Ex: Ação petitória contra aquele que adquiriu a propriedade sem ainda ter dado entrada em ação de usucapião, sendo que este alega a prescrição aquisitiva em sede de exceção substancial).
Como as exceções próprias não se fundam numa pretensão, porque não houve violação de um direito subjetivo (constituem faculdades processuais colocadas à disposição da parte a quem aproveita), seriam imprescritíveis, e poderiam ser alegadas em qualquer tempo. 
Já no tocante às exceções impróprias, como decorrem da violação de um direito subjetivo e, assim, consubstanciam uma pretensão, prescrevem no mesmo prazo da ação que seria possível ajuizar para exigir a prestação correspondente. Assim, se sou réu numa demanda de cobrança e pretendo opor compensação de uma dívida já prescrita, o juiz poderá reconhecer a prescrição da exceção de compensação. Enunciado 415 da V Jornada de Direito Civil do CJF: “O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas (independentes/autônomas) são imprescritíveis.”
E. Prazos Prescricionais
- Todos os prazos prescricionais estão organizados nos arts. 205 e 206 do CC/2002, sendo todos os demais prazos encontrados no Estatuto Codificado de natureza decadencial: a) Art. 205  cláusula geral  10 anos (tanto para ações reais quanto pessoais, ao contrário do CC/16, que fazia distinção entre ambas); b) Art. 206  prazos específicos. �
É o que a doutrina afirma ser a “condição de prescribente”, ou seja, em razão da natureza legal ou de ordem pública dos prazos prescricionais, não se admite a sua alteração e nem mesmo que sejam criadas pelas partes novas hipóteses de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição (Maria Helena Diniz, Código Civil Anotado, 2012, Saraiva, 16ª edição, p. 243).
Obs: Tais prazos não podem ser alterados por vontade das partes (art. 192, CC).
Obs: A ação do particular contra a Administração Pública prescreve em 5 anos (Decreto nº 20.910/32), no caso das Fazendas federal, estadual e municipal, sendo que o Decreto-lei 4.597/42 elasteceu a regra para alcançar as autarquias (mas não as pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração Indireta, sendo demonstração disso a Súmula 39 do STJ). 
Frise-se que o STJ, e o STF pacificaram a questão referente ao prazo prescricional de 5 anos, e não de três, conforme previsto no CC02 (sentença cível TRF 5), por se tratar de prazo especial. O prazo prescricional referente à pretensão de reparação civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de reparação civil (STJ, AgRg no REsp 1256676/SC).
No caso de prestações de trato sucessivo, a prescrição fulmina apenas a pretensão anterior ao quinquênio anterior à propositura da ação (SUM 85 do STJ: “nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação”).
F. Prescrição intercorrente - O CC/2002 admite implicitamente no art. 202, parágrafo único, ao estabelecer que “a prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último do processo para a interromper”. Assim, quando a interrupção é judicial ela só volta a correr após o último ato do processo e se for extrajudicial, a partir do próprio ato interruptivo.
A prescrição intercorrente se verificará pela inércia continuada e ininterrupta do autor do processo já iniciado, durante tempo suficiente para ocorrência da própria perda da pretensão. Reconhecida pelo STJ nos seguintes julgados: Resp. 474.771/SP, j. 4.2.03 e EResp. 237.079/SP, DJU 30.09.02.
G. Imprescritibilidade - Em razão do mesmo fundamento social, não se admitem em matéria civil, em regra, direito subjetivos imprescritíveis. Porém, há exceções, como os direitos de personalidade que por dizerem respeito ao núcleo da proteção da dignidade da pessoa humana são absolutos e, assim, imprescritíveis.
Alguns autores defendem a prescrição da pretensão reparatória decorrente da violação de tais direitos (ex.: dano moral por ofensa à imagem), mas a moderna doutrina do direito civil constitucionalizado defende que toda ofensa a um direito de personalidade é sempre atual, o que renovaria a todo momento o termo inicial do prazo de prescrição da pretensão reparatória, o que tornaria tal pretensão imprescritível. 
Em matéria de direito administrativo, tem-se que pretensões de reparação de danos causados ao Erário são imprescritíveis (art. 37, § 5º, CF/88).
II – Decadência (Arts. 207 a 211, CC..)� - Definição: “Decadência é a extinção do direito potestativo pela inércia de seu titular, quando sua eficácia foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado, e este se esgotou sem que esse exercício se tivesse verificado”. Também chamada de caducidade, é a perda do direito potestativo em razão do seu não exercício no prazo legal ou contratualmente estabelecido (DIDIER, p. 571).
Diferentemente da prescrição, é a decadência um FENÔMENO OBJETIVO, em que o elemento subjetivo não tem qualquer influência. O seu prazo corre contra todos, não prevalecendo contra ela as isenções criadas pela lei a favor de certas pessoas, relativamente à prescrição, salvo com o advento do novo Código Civil, que mandou estender à decadência as regras relativas aos incapazes estabelecidas nos arts. 195 e 198, inciso I, determinando a responsabilidade dos administradores de coisas alheias que derem causa a prejuízo em decorrência de não alegação de decadência oportunamente ou que deixarem direitos caducarem, além da não fluência do prazo de decadência contra absolutamenteincapazes.
A decadência (legal) não pode ser renunciada pelas partes, nem depois de consumada, diferentemente da prescrição, que pode ser renunciada depois de consumada. 	A ação ajuizada, para obstar a decadência, não pode ser proposta perante juiz absolutamente incompetente.
Aquele que tem sido apontado como quem melhor distingue prescrição e decadência é Agnelo Amorim Filho, o qual propõe um critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as ações imprescritíveis.
No direito brasileiro, a distinção se torna especialmente complexa devido ao fato de haver o Código Civil englobado, indiscriminadamente, sob uma mesma denominação e subordinados a um mesmo capítulo, os prazos de decadência e prescrição. Por vezes, ainda, o Código faz uso de terminologia totalmente inadequada, como, v.g., quando se refere à “prescrição do direito” (arts. 166, 167 e 174, I).
Doutrina e jurisprudência, embora divergindo quanto a alguns casos, classificam de decadência os prazos previstos no artigo 178, §§ 1o, 2o, 3o e 4o, ns. I e II; § 5o, ns. I, II, III e IV; § 6o, ns. I, III, IV, V, XI, XII e XIII; § 7o, ns. I, VI e VII; § 8o; § 9o, ns. I, ‘a’ e ‘b’, II, III, IV, V e VI; e § 10, n. VIII (CC/16).
Critérios que têm sido apresentados para distinguir a prescrição da decadência - O critério mais divulgado é aquele segundo o qual a prescrição extingue a ação, e a decadência o direito. O critério é falho e configura uma verdadeira petição de princípio, porquanto o que se deseja saber é, precisamente, quando o prazo atinge a ação ou o direito. O que se procura é a causa e não o efeito.
Elogia o autor o critério sugerido por Câmara Leal, a que já fizemos referência (o critério que identifica os prazos de decadência como aqueles em que ação e direito nascem juntos, originam-se do mesmo fato). Aponta, entretanto, duas falhas no mesmo: a) é um critério empírico, carecedor de base científica (o próprio câmara Leal fala em discriminação “prática” dos prazos de decadência das ações); b) o critério não oferece elementos para se identificarem as denominadas ações imprescritíveis.
Agnelo Amorim Filho utiliza, como critério para distinção das hipóteses de prescrição e decadência, a classificação dos direitos desenvolvida por Chiovenda. É sobre isto que a seguir cuidaremos. Convém ressaltar que seguiremos, por razões didáticas, o raciocínio do autor, que antes de apresentar a distinção entre prescrição e decadência, faz apanhado sobre os direitos a uma prestação, sobre os direitos potestativos, e sobre a classificação das ações em condenatórias, constitutivas e declaratórias.
A moderna classificação dos direitos e os direitos potestativos - Segundo Chiovenda, os direitos subjetivos se dividem em duas grandes categorias: a) os direitos a uma prestação, de que constituem exemplos todos aqueles que compõem as duas numerosas categorias dos direitos reais e pessoais. Nessa classe, há sempre um sujeito passivo obrigado a uma prestação, seja positiva (dar ou fazer), como nos direitos de crédito, seja negativa (abster-se), como nos direitos de propriedade; b) os direitos potestativos, os quais compreendem aqueles poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas.
Exemplos de direitos potestativos: o poder que têm o mandante e o doador de revogarem o mandato e a doação; o poder que tem o cônjuge de promover a separação; o poder que tem o condômino de desfazer a comunhão; o poder que têm os interessados de promover a invalidação dos atos jurídicos nulos ou anuláveis; o poder que tem o sócio de promover a dissolução da sociedade; o poder que tem o contratante de promover a rescisão do contrato por inadimplemento ou por vícios redibitórios; o poder da parte de promover a rescisão da sentença etc.
Da exposição feita acima se verifica que uma das principais características dos direitos potestativos é o estado de sujeição que o seu exercício cria para outra(s) pessoa(s), independentemente da vontade desta última, ou mesmo contra sua vontade. A tal característica dos direitos potestativos se acrescentem as seguintes: a) são insuscetíveis de violação; b) a eles não corresponde uma prestação.
Há quem alegue que os direitos potestativos nada mais são que faculdades jurídicas. É certo que, em alguns casos, a distinção é muito sutil, mas a questão fica bem facilitada se se levar em conta, como fator distintivo, a sujeição, pois esta só existe nos direitos potestativos.
Formas de exercício dos direitos potestativos - São três: a) mediante simples declaração de vontade do seu titular (em princípio); b) mediante simples declaração de vontade do seu titular, desde que aquele que sofrer a sujeição concorde com tal forma de exercício. Se não concordar, o titular do direito potestativo pode recorrer à via judicial, que funciona, destarte, subsidiariamente;
c) necessariamente, por meio de ação. São os casos em que a propositura da ação é obrigatória, eis que a alteração de determinadas situações jurídicas tem reflexos acentuados na ordem pública. Tais procedimentos judiciais são cunhados por Calamandrei de ações necessárias. Tal se dá, de maneira geral, nos casos que envolvem o estado civil das pessoas. 
Cumpre observar que o réu da ação, conquanto não fique obrigado a uma prestação, sofre uma sujeição.
Moderna classificação das ações - De acordo com esta concepção, Chiovenda classificou as ações em condenatórias, constitutivas e declaratórias. No que tange às ações condenatórias, cumpre ressaltar que elas se destinam a impor ao réu uma prestação. Por conseqüência, os direitos potestativos jamais podem dar lugar a uma sentença de condenação, haja vista que não correspondem a uma prestação, mas a uma sujeição do réu.
Cotejando as espécies de ação mencionadas e as espécies de direito também já aludidas, oferece o autor as seguintes conclusões: a) as ações condenatórias constituem a forma de exercício dos direitos a uma prestação, é dizer, dos direitos suscetíveis de violação; b) as ações constitutivas prestam-se para o exercício dos direitos potestativos (direitos insuscetíveis de violação); c) as ações declaratórias tem por objeto conseguir uma certeza jurídica (o autor não colima a realização de um direito).
A partir das informações acima, podemos deduzir que as ações constitutivas têm as seguintes características: a) não pressupõem a existência de lesão a um direito; b) não se exige uma prestação do réu, mas apenas se pleiteia a formação, modificação ou extinção de um estado jurídico; c) não têm por objetivo a satisfação de uma pretensão (se se entender como tal o poder de exigir de outrem uma prestação, pois os direitos potestativos são, por definição, “direitos sem pretensão”); d) as sentenças proferidas não são suscetíveis de execução.
III – Prescrição. Fundamentos e efeitos da prescrição - Deste modo, fixada a noção de que a violação do direito e o início do prazo prescricional são fatos correlatos, que se correspondem como causa e efeito, e articulando-se tal noção com aquela classificação dos direitos formulada por Chiovenda, concluir-se-á que só os direitos da primeira categoria (direitos a uma prestação) conduzem à prescrição, pois somente eles são suscetíveis de lesão. Atingiremos, por consequência, uma segunda conclusão: só as ações condenatórias podem prescrever, pois elas são as únicas por meio das quais se protegem os direitos suscetíveis de lesão.
É esta, pois, a primeira regra a ser lembrada: todas as ações condenatórias (e somente elas) estão sujeitas a prescrição. Analisando o Código Civil, faz o autor as seguintes observações: a) todos os prazos, dentre aqueles fixados pelo artigo 178 (CC/16), que a doutrina qualifica como de prescrição são referentes a ações condenatórias; b) o artigo 177 (CC/16) do Código Civil, que fixa os prazos gerais de prescrição, refere-se apenas a ações reais e pessoais. As ações condenatórias(ou ações “de prestação”) são as únicas que comportam subdivisão em ações reais e pessoais; (o novo CC/02 não distingue os prazos de prescrição para ações reais e pessoais); c) por decorrência do que foi dito em ‘b’, pode se concluir que o artigo 177 (CC/16) se aplica, exclusivamente às ações condenatórias.
IV - Fundamentos e efeitos da decadência - Não é demais observar, já aqui, que há direitos potestativos que se exercitam (facultativa ou mesmo obrigatoriamente) por meio de ação, mas, apesar disso, não estão subordinados a prazo. Tal se dá porque inexiste um dispositivo estabelecendo um prazo geral para os direitos potestativos sejam exercitados, sob pena de extinção. Não há, para os direitos potestativos, um artigo do tipo do 205, que fixa prazos gerais para os chamados direitos a prestação. Assim, os direitos potestativos (e, consequentemente, as ações constitutivas) somente se sujeitam a prazo se houver norma específica para a situação. O prazo geral fixado pelo artigo 205 – frise-se – somente se aplica aos direitos a prestação, ou seja, a ações condenatórias. Assim, para aqueles direitos potestativos cujo exercício a lei não fixou um prazo especial, fica prevalecendo o princípio geral da inesgotabilidade ou da perpetuidade, já que não há um prazo geral, mas tão-somente prazos especiais.
Nos direitos potestativos subordinados a prazo, o que causa intranquilidade social não é, propriamente, a existência da ação, mas a existência do direito. É por tal motivo que a decadência implica extinção do próprio direito.
Só na classe dos potestativos é possível cogitar-se da extinção de um direito em virtude do seu não-exercício. Daí se infere que os potestativos são os únicos direitos que podem estar subordinados a prazos de decadência.	 A conclusão imediata é que as únicas ações cuja não propositura implica a decadência do direito que lhes corresponde são as ações constitutivas. Saliente-se, contudo, que tal regra apenas se aplica às ações constitutivas que tiverem prazo especificamente previsto em lei, porquanto, como visto, não existe um artigo prevendo regra geral para os prazos de decadência (há, tão-somente, prazos especificamente previstos para determinadas situações).
Alcançamos, destarte, a segunda regra para distinção dos prazos de decadência e prescrição: os únicos direitos para os quais podem ser fixados prazos de decadência são os potestativos. Conseqüentemente, as únicas ações ligadas ao instituto da decadência são as constitutivas que têm prazo especial de exercício fixado em lei. Portanto, se a ação é condenatória, o prazo é de prescrição; se a ação é constitutiva, o prazo é de decadência.
V - Casos especiais de ações constitutivas encontrados no art. 178 do CC/16 - Há determinadas situações do artigo 178 que trazem duas possibilidades, a exemplo da situação prevista no § 2o, onde o comprador, diante de vício redibitório, pode pleitear o abatimento do preço (ação condenatória) ou a rescisão do contrato (ação constitutiva). Como, em tais casos, aplicar o critério proposto no tópico anterior se presentes no dispositivo as duas espécies de ações, condenatória e constitutiva? De acordo com o autor, em tais casos especiais do artigo 178 deve-se examinar que interesse há de prevalecer. Assim, porque os prazos decadenciais têm interesse público muito mais relevante que os prescricionais, entende que a contagem deve considerar o prazo de decadência. A matéria é atualmente tratada nos arts. 441 a 446 do CC/2002. Atenção, pois a nova redação dos dispositivos parece ter deixado claro que os prazos para abatimento ou redibição são de decadência (art. vide art. 445 e 446, CC).
VI – Ações declaratórias - 	O único efeito das ações declaratórias é a certeza jurídica. As sentenças declaratórias não impõem prestações, nem sujeições, nem alteram, por qualquer forma, o mundo jurídico. Já vimos que todo prazo prescricional está ligado à lesão de um direito. Já vimos, igualmente, que todo prazo decadencial está ligado ao exercício de um direito.
Ora, as ações declaratórias não são meio de proteção de direitos lesados, nem são, tampouco, meio de exercício de qualquer direito (criação, modificação ou extinção de um estado jurídico). Se não têm o efeito de realizar uma prestação, nem tampouco o de criar um estado de sujeição, como ligar estas ações aos institutos da prescrição e decadência? E quais seriam as consequências do decurso do prazo sem propositura da ação? A relação inexistente passaria a existir? E a existente deixaria de existir? O documento falso passaria a ser autêntico? E o autêntico passaria a falso? Mesmo admitindo-se, para argumentar, a possibilidade de consequências tão absurdas, a ação não seria, nestes casos, declaratória, e sim constitutiva.
E se se levar em conta que a prescrição e a decadência têm uma finalidade comum, que é a paz social, ainda ficará mais evidenciada a desnecessidade de fixar prazo extintivo para as ações declaratórias, pois, não produzindo elas (e as respectivas sentenças) qualquer modificação no mundo jurídico (mas apenas a proclamação da certeza jurídica), o seu exercício, ou falta de exercício, não afetam, direta ou indiretamente, a paz social.
Somente se pode concluir, portanto, que as ações declaratórias não são sujeitas quer a prazos decadenciais, quer a prazos prescricionais. Devem ser classificadas como ações imprescritíveis.
VII – Ações aparentemente declaratórias - Há algumas ações que, conquanto geralmente classificadas como declaratórias, são, em verdade, constitutivas. É o caso das chamadas “ações de nulidade”. A respeito das mesmas, cumpre atentar para o equívoco daqueles que denominam determinado feito como “ação declaratória de nulidade de...”. Ora, as ações declaratórias, a teor do próprio Código de Processo Civil, prestam-se para declarar a existência ou inexistência de relação jurídica e a autenticidade ou a falsidade de um documento. Não se prestam, portanto, para declarar nulidade.
De acordo com Pontes de Miranda, as ações de nulidade, da mesma forma que as ações de anulação, são constitutivas negativas. O efeito da sentença é o de ocasionar uma modificação: transforma um ato jurídico nulo em ato juridicamente inexistente (o ato sai do mundo jurídico). Não ocorreu aí, apenas, a proclamação de uma certeza jurídica, e por isso a ação é constitutiva e não simplesmente declaratória.
VIII – O problema da imprescritibilidade das ações - O autor salienta que a doutrina carece de um critério seguro, com base científica, para identificar, a priori, as ações imprescritíveis. Ressalta, ademais, a impropriedade da expressão “ações imprescritíveis”. Observa que as referidas ações, além de não se sujeitarem aos prazos de prescrição, também não se sujeitam aos decadenciais, razão por que sugere a expressão “ações perpétuas”. Sendo a imprescritibilidade um conceito negativo, pode ser definido por exclusão. São perpétuas (imprescritíveis) todas as ações que não estão sujeitas à decadência ou à prescrição. Portanto, são perpétuas: a) todas as ações meramente declaratórias; b) algumas ações constitutivas (aquelas que não têm prazo especial de exercício estabelecido em lei).
Dentre as ações condenatórias não há qualquer que seja perpétua, porquanto são todas atingidas, ou por um prazo especial estabelecido em lei (no artigo 206 do Código Civil ou em outro dispositivo legal), ou pelo prazo geral do artigo 205 do Código Civil (reitere-se, somente se aplica às ações condenatórias, pois somente estas comportam a divisão em ações reais e pessoais – o artigo não faz mais essa distinção). Já temos elementos, assim, para fixar a terceira regra – terceira e última: são perpétuas (ou imprescritíveis) todas as ações declaratórias, e também aquelas ações constitutivas para as quais a lei não fixa prazo especial de exercício.
IX – Conclusões. TESE ADOTADA PELO NOVO CÓDIGO CIVIL - Primeira regra - estão sujeitas a prescrição todas as ações condenatórias (e somente elas).
Segunda regra - estão sujeitas a decadência(indiretamente, isto é, em virtude da decadência do direito a que correspondem): as constitutivas que têm prazo especial de exercício fixado em lei.
Terceira regra - são perpétuas (ou imprescritíveis) todas as ações declaratórias, e também aquelas ações constitutivas para as quais a lei não fixa prazo especial de exercício.
Várias inferências imediatas podem ser extraídas daquelas três proposições. Assim: a) não há ações condenatórias perpétuas (imprescritíveis)�, nem sujeitas à decadência; b) não há ações constitutivas sujeitas à prescrição; c) não há ações declaratórias sujeitas à prescrição ou a decadência.
	PRESCRIÇÃO
	DECADÊNCIA
	
	Fulmina a pretensão de ver reparado um direito subjetivo patrimonial. O direito permanece hígido. Isaac.
	Atinge o direito potestativo em si, podendo alcançar relações não patrimoniais.
	
	Pressupõe o não exercício do direito de defesa.
	Pressupõe prazo para o exercício do próprio direito material.
	
	Admite interrupção, suspensão e renúncia. 
	A decadência legal, salvo disposição legal, não admite.
	
	Deriva apenas da lei.
	A decadência convencional pode derivar da vontade das partes.
	
	Somente se inicia com a violação ao direito.
	Se inicia juntamente com o direito.
	
	Deve ser conhecida de ofício.
	A decadência legal deve ser conhecida de ofício, a convencional não.
	
	Atinge as ações condenatórias.
	Atinge as ações constitutivas (positivas ou negativas) se houver prazo fixado na lei.
	
	Após a consumação, pode ser renunciada, desde que não prejudique a terceiros.
	A decadência legal não admite renúncia, nem após a sua consumação.
	
	PRECLUSÃO E PEREMPÇÃO - São institutos de direito processual que não se confundem com prescrição e decadência, institutos de direito material. Vejamos:
Preclusão diz respeito à perda de uma faculdade processual, podendo ser temporal, lógica ou consumativa.
Perempção concerne à perda do direito de propor uma ação em virtude de ter a parte dado causa por 3 vezes à extinção do processo sem julgamento do mérito, tendo em vista a mesma demanda.
	
O mencionado artigo supre lacuna do antigo CC. Busca evitar que o direito com pretensão prescrita possa ser utilizado à titulo de exceção, como defesa. Estando a pretensão já prescrita, não pode o réu opor exceções de direito material. Advirta-se, contudo, que o dispositivo só se aplica às exceções dependentes (dita exceções impróprias). Vale dizer, só prescrevem aquelas exceções que decorrem de uma pretensão ou de um direito, a exemplo da exceção de compensação. Frise-se que as exceções independentes, por sua vez, são imprescritíveis, uma vez que constituem o conteúdo do próprio direito de excepcionar. Assim, a exceção de prescrição é exemplo de exceção independente.�
Não se admite renúncia prévia da prescrição ou renúncia de prescrição em curso. Caso contrário, seria de se admitir pretensões que fossem imprescritíveis por vontade das partes, o que não se coaduna com o instituto, de direito público.�
A renúncia, contudo, pode ocorrer em caso de prescrição já consumada, caso não prejudique terceiros. Pode ser expressa ou tácita, essa caracterizada, por exemplo, quando há reconhecimento da dívida depois de decorrido o prazo prescricional. Terceiros podem se opor à renúncia de prescrição já consumada, como no caso dos credores de um devedor insolvente. Como a dívida prescrita resultou num acréscimo indireto ao seu patrimônio, permitir que ele renuncie à prescrição seria admitir ato de disposição patrimonial por aquele que já está ou pode ser conduzido à insolvência. Caberia então ação pauliana (revocatória – fraude contra credores) para anular o ato de renúncia. Da natureza pública do instituto da prescrição também decorre esse dispositivo. O prazo prescricional em curso é inalterável por vontade das partes.�
Vale destacar, nesse ponto, ser possível a alteração de prazo prescricional em curso (redução ou ampliação) por lei superveniente, inexistindo direito adquirido. Admite-se, pois a retroatividade de lei prescricional. 
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, e não somente na contestação (art. 303, III CPC), nas instâncias ordinárias. A não alegação da prescrição na contestação tem como única consequência serem indevidos ônus de sucumbência em favor do réu, se a alegação foi feita somente em grau de apelação. (art. 22 CPC).�
Não pode ser alegado em fase de liquidação de sentença, a não ser que seja superveniente à sentença, nem em instância extraordinária, em sede de recurso especial ou extraordinário, por violar a exigência de prequestionamento. Em rescisória, somente se for prescrição de direito não patrimonial, o que configuraria hipótese de violação à lei.
A prescrição pode ser alegada em fase de execução? A prescrição de obrigação constante de título executivo judicial somente pode ser alegada, na fase de execução, se posterior à sentença. Se se tratar, todavia, de título executivo extrajudicial, é ampla a defesa.
Enunciado n.º 295 da IV Jornada de Direito Civil do CJF – Art. 191. A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado.
Art. 195 - Trata-se de regra de proteção aos incapazes e às pessoas jurídicas, notadamente no que tange à reparação de danos (atualmente art. 186). Não abrange os absolutamente incapazes, pois contra eles não corre a prescrição (art. 198, I).�
O prazo prescricional não se inicia novamente com a morte do autor da herança, dispondo o sucessor apenas o prazo restante�. O dispositivo se aplica em relação tanto a prazos a favor como contra o sucessor. Denomina-se acessio temporis e opera tanto a favor do sucessor causa mortis (herdeiro) como a inter vivos, sendo que, no segundo caso, é facultado ao sucessor somar os prazos de prescrição.
IX – Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição (arts. 197 a 199) - As mesmas causas podem impedir ou suspender a prescrição, dependendo do momento de sua ocorrência. Impedem se o prazo não começou a fluir. Suspendem se já havia começado a fluir. Aplica-a também aos casos de união estável, em razão da proteção constitucional conferia ao instituto e de sua equiparação a casamento.
Enunciado 296 do CJF - Art. 197. Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável. 
 
Art. 200 - Diz respeito à relação entre ilícito civil e penal. Tem em vista o fato da sentença criminal condenatória ser titulo executivo judicial (art. 935 CC. 584, II CPC, 63 CPP). A prescrição é benefício pessoal, beneficiando somente aqueles taxativamente mencionados, mesmo quando há solidariedade, exceto em casos de direito indivisível. Ex: Se somente um credor é absolutamente incapaz, a prescrição somente não corre contra ele. Conceito de obrigação indivisível – art. 258 CC. Vale ressaltar que a interrupção beneficia a todos credores solidários e prejudica todos os devedores solidários (art. 204, §1°).
X - Das Causas que Interrompem a Prescrição - A interrupção da prescrição depende de comportamento ativo do credor, traduzido em ato de exercício ou proteção do direito. Ao contrário do ocorre na suspensão, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr por inteiro. Além das previstas nesta seção, outras causas de interrupção são previstas em leis especiais.
A interrupção ocorre somente uma vez, o que visa a impedir que sempre seja possível a interrupção, ad eternum. Frise-se que em se tratando de causa interruptiva judicial, a paralisação única a que alude o artigo diz respeito a cada tipo de pretensão. Assim, interrompida a prescrição no processo de conhecimento, uma única vez, não obsta que se venha a interromper, também, a prescrição executiva, pelo despacho no processo de execução. Aliás, a Súmula 150 do STF já confirmava a autonomia do prazo prescricional da pretensão executória, embora seja o mesmo

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