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Ponto 15 - Civil - Anexo - Resumo Livro Couto

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Resumo do livro "A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro"
Guilherme Couto de Castro
Capítulo I - Ato ilícito e culpa
Pressupostos da responsabilização: ação ou omissão culposa; nexo de causalidade; dano.
Conceito de culpa: inobservância de uma conduta razoavelmente exigível para o caso concreto, tendo em vista padrões medianos. Existindo ou não previsibilidade, pode haver culpa. Abrange a conduta intencional (dolo) e a não intencional (culpa em sentido estrito = imprudência, imperícia ou negligência). Pode ser classificada em grave, leve e levíssima. 
Imputabilidade do agente e culpa: a incapacidade civil do agente não afasta o dever de indenizar, na forma do art. 928 do CC�.
Nexo de causalidade e dever de diligência: resolve-se pela aplicação da teoria da interrupção do nexo causal - a consequência deve ser resultante direta e imediata da conduta.
Caso fortuito e força maior: para o autor, as expressões são equivalentes. Não obstante, o designativo força maior, usualmente, é relacionado ao fato do príncipe.
O dano e sua extensão: não há responsabilidade civil sem dano. As perdas e danos devem abranger os danos emergentes - o que efetivamente se perdeu - e os lucros cessantes - o que razoavelmente se deixou de ganhar. Há que existir probabilidade objetiva em relação aos lucros cessantes, não se prestando para tanto a mera possibilidade de ganho. 
O dano moral: abalo de sentimento, angústia, mágoa ou sofrimento experimentado por uma pessoa. De forma mais ampla, abarca todo o dano que não seja extrapatrimonial. Pessoa jurídica também pode ser vítima�. O dano estético também é indenizável, ainda que oriundo do mesmo fato.
Pressupostos de existência e valoração do dano moral: dissabores cotidianos não geram direito à indenização. A mágoa/angústia deve ser desdobramento natural de seu fato gerador para configurar a ofensa moral; sensibilidade acima dos padrões não autoriza o pagamento da indenização. O valor da indenização deve observar o caráter dúplice do dano moral: compensatório à vítima e punitivo ao agente. Não deve ser inexpressivo nem se transformar em fonte de enriquecimento. Deve levar em conta a intensidade do dolo, o grau de culpa do responsável e sua situação econômica. O juiz deve arbitrá-lo com prudência e moderação. 
Hipóteses excepcionais. Cláusula de não indenizar. Conclusão do capítulo: presentes os elementos clássicos - conduta culposa, dano e ligação causa e efeito entre um e outro, imperioso será o dever de indenizar. Mesmo na presença de conduta culposa, hipóteses excepcionais afastam o dever de indenizar. Dentre elas, o acordo prévio - cláusula de não indenizar - desde que não quebre o equilíbrio do contrato nem se trate de relação consumerista. Ex.: previsão acordada em convenção de condomínio, dispensando-o do pagamento em caso de dano à propriedade dos moradores por danos causados por porteiro ou manobrista; no transporte genuinamente gratuito, o condutor responde apenas se agir com dolo ou culpa grave�; a imunidade parlamentar material abrange a responsabilidade civil, razão pela qual os deputados e vereadores não respondem por ofensas irrogadas no exercício de seus mandatos.
Capítulo II - Da responsabilidade objetiva no Código Civil
Ocorre independentemente de culpa. A lei põe em relevo o dano, e não o comportamento. O ato pode ser lícito ou ilícito, a conduta culposa ou não; havendo liame jurídico entre conduta e dano, existe obrigação de indenizar.
Coisas lançadas de imóveis: a responsabilidade é objetiva e recai sobre o habitante da casa. Em se tratando de edifício, não identificado o autor do fato, responde o condomínio. A vítima - que sofre as consequências de ato de terceiro - não pode ficar no prejuízo. Identificado posteriormente o autor do dano, os demais condôminos podem acioná-lo regressivamente.
Da responsabilidade por fato de terceiro: nas hipóteses expressamente previstas no Código Civil - responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos; dos patrões pelos dos empregados, etc. - não se trata de presunção de culpa - meio-termo entre a responsabilidade subjetiva e a objetiva - mas de responsabilidade objetiva propriamente dita. Os pais não se eximem da responsabilidade alegando que educaram o filho segundo os padrões normais. A emancipação não afasta a responsabilidade dos pais, se o emancipado continuar a viver sob a autoridade deles.
Responsabilidade decorrente da guarda da coisa: os danos causados pelas coisas animadas - semoventes - acarretam a responsabilidade objetiva do proprietário, excetuadas as excludentes legais, cuja interpretação deve ser restritiva; em relação às coisas inanimadas, fazendo referência ao automóvel, o autor afirma que o proprietário responde solidariamente com o condutor - ressalvado o direito de regresso contra o causador do dano - quando o veículo é emprestado a pessoa habilitada e se envolve em acidente de trânsito, por aplicação da teoria do risco; havendo furto/roubo do veículo, o proprietário não responde pelos danos causados em acidente provocado pelo ladrão, em razão da interrupção do nexo causal; sendo o veículo alienado a terceiros, ainda que não registrada a alienação, o proprietário que figura no registro também não responde.�
Acidentes automobilísticos ligados a perigos profissionais: a locadora responde solidariamente com o locatário em caso de dano causado a terceiros.� O mesmo não se aplica em caso de arrendamento mercantil (leasing), contrato que mais se assemelha à compra e venda que à locação. A autoescola deve indenizar o terceiro em caso de acidente causado por aprendiz de direção.� 
Furtos e roubos em estacionamentos: ainda que o estacionamento seja gratuito, o estabelecimento responde pelos danos causados aos veículos dos clientes.� A cláusula de não indenizar não é oponível ao consumidor�, em razão do interesse captatório de clientes com a disponibilização do estacionamento, gratuito ou remunerado. Se o estacionamento estiver situado em repartições públicas, a responsabilidade do Estado não será, em princípio, objetiva.
Direito de vizinhança: por danos causados no prédio vizinho em decorrência de obras, reformas ou construções, responde o proprietário de forma objetiva. O ato é lícito, mas o prejudicado tem direito à indenização. Eximem-se o vizinho e o construtor demonstrando que o dano decorre da precariedade da edificação atingida, que não sofreria danos, não fosse esse fator. Se a precariedade for concausa dos danos, a questão resolve-se pela redução proporcional da indenização. Incômodos ou perturbações normais à utilização ordinária dos bens não geram direito à indenização, como a abertura de janela, respeitando a distância legal mínima, ainda que prejudique a privacidade do vizinho. Fatores como zoneamento urbano, necessidades coletivas, destinação natural do local e a precedência da utilização podem afastar o dever de indenizar, caracterizando a "tolerabilidade ordinária". As obrigações relacionadas ao direito de vizinhança são propter rem, ou seja, estão ligadas ao titular do direito real sobre o imóvel, ainda que o ato/fato que deu causa à indenização seja anterior à respectiva aquisição, ressalvado o direito de regresso contra o alienante. Havendo culpa do lesado pelo infortúnio, pode haver a mitigação - e até o total afastamento - da responsabilidade do proprietário do prédio vizinho.
Reparação de danos provocados por condutas lícitas: atos praticados no exercício de legítima defesa ou para evitar perigo iminente, apesar de lícitos, geram dever de indenizar, assegurado o direito de regresso contra o causador do perigo. A recomposição do prejuízo deverá ser integral, mas não será devida, em regra, indenização a título de danos morais, que pressupõe a existência de um ato ilícito. Não será viável aplicar uma punição - um dos aspectos da indenização por danos morais - frente a uma conduta lícita, salvo se houver abuso do direito. Na indenização em decorrência de ato lícito, os juros fluirão a partir da citação judicial, e não do evento lesivo, comoocorre na indenização por ato ilícito.�
Conclusão do capítulo: mesmo nas hipóteses de responsabilidade sem culpa, deve ser aferida a ocorrência de falha de comportamento. Se a falha for do agente, sua responsabilidade terá enfoque mais rigoroso, em termos de fixação do dano moral e fluência dos juros moratórios; se a falha for da vítima, a indenização será mitigada proporcionalmente; se a conduta for lícita, não será devida indenização a título de dano moral e os juros de mora fluem a partir da citação.
Capítulo III - Da responsabilidade civil do Estado
A Constituição Federal de 1824 previa a inviolabilidade do Imperador, mas possibilitava a responsabilização dos empregados públicos pelos abusos e omissões cometidos. Na de 1891, havia previsão de imputação da responsabilidade ao servidor faltoso. O Código Civil de 1916, apesar da renitência de alguns congressistas que o aprovaram, inaugurou a responsabilização das pessoas jurídicas de direito público pelos atos de seus agentes�, confirmando o que já dizia a jurisprudência. Na Constituição de 1946, a par da responsabilização das pessoas jurídicas de direito público, surgiu a possibilidade da ação regressiva contra o agente, nos casos de dolo e culpa,� dando início à responsabilização objetiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo, linha mantida pelas Cartas de 1967 e 1969 e ampliada pela CF/88, que abarcou, também, as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.�
Contornos da teoria do risco administrativo: importa a presença do dano, da ação administrativa e do nexo causal entre um e outro. Desnecessidade de culpa ou ato ilícito para gerar o dever de indenizar. Exclusão do dever de reparar nas hipóteses de fortuito, força maior e conduta culposa da vítima; esta, se concorrente, mitiga o ônus de indenizar. A responsabilidade sem culpa do Estado tem como fundamento a ideia de socializar o ônus do injusto, dividindo os custos entre toda a coletividade, representada pelo ente público. Se a vítima não é culpada, não deve arcar sozinha com o ônus decorrente da atuação do Estado, que deve ser repartido entre toda a coletividade. A ideia geral da linha objetiva é a busca da isonomia, fundada na razoável socialização dos riscos. 
O ato do agente, "nessa qualidade": o art. 37, § 6º, da CF/88, não afasta a responsabilidade da pessoa jurídica por ter havido atuação em desvio de função ou fora do horário de expediente. Basta que o evento tenha ocorrido - ou sido possível - graças ao feixe de atribuições do agente. Por essa razão, o Estado de São Paulo foi responsabilizado por ato de policial não fardado que, fora do horário do expediente, usando arma da corporação, interveio em discussão, afirmando ser policial, e acabou matando um menor.� Por outro lado, a responsabilidade da União foi afastada em caso no qual viúva reclamava indenização pelo fato de seu marido ter sido morto em assalto praticado por soldado, que lhe pedira carona, após o expediente, nas proximidades do quartel, pois o dano não era decorrente da atuação do ladrão como agente público.
Danos causados a terceiros: outro pressuposto da responsabilização estatal é que a vítima do dano deve ser terceiro; quando o dano é causado a um contratante, a responsabilidade será definida pelas regras contratuais, e não pelo risco administrativo. O autor relata caso que julgou improcedente: ação movida por viúva e filho de servidor que, no exercício normal de suas atividades, faleceu ao ter contato com material explosivo. Como fundamento da improcedência da pretensão, alega que os direitos do agente, que sofre danos no exercício de suas funções, são os estatutários ou contratuais, que regem diretamente sua relação. Afirma, ainda, que a hipótese de atendimento hospitalar gratuito, que gera dano, não é de aplicação do art. 37, § 6º, da CF/88, pois o paciente não seria terceiro propriamente dito. Diz que o caso se resolve por aferição de culpa - responsabilidade subjetiva - em razão de que a atuação do Poder Público não se deve à assunção de um risco, e sim de uma intervenção solicitada, prestada em caráter gratuito. Afasta, ainda, a incidência do CDC, quando o serviço for genuinamente gratuito.
A posição do causador do dano: o lesado pela ação administrativa pode litigar contra o servidor que causou o dano, ou contra o Estado, ou contra ambos. O autor defende a possibilidade de denunciação da lide pelo Estado ao agente público causador do dano. Diz que a ação regressiva tem causa de pedir própria e, ainda que o Estado negue a culpa do agente na ação principal, pode alegá-la para responsabilizá-lo na seara regressiva, por força do princípio da eventualidade.
O dano proveniente de omissão genérica e a responsabilidade do ente público em virtude de fatos da natureza ou provocados por terceiros: na omissão genérica, a responsabilidade do Estado será subjetiva; na omissão específica - quando há dever individualizado de agir - será objetiva. Exemplo de omissão específica é a morte de detento por colega de cela dentro de delegacia. Há dever específico de o Estado velar pela incolumidade do preso. Por essa razão, a responsabilidade será objetiva, salvo se comprovado que a própria vítima provocou a situação e não houve meio de contorná-la.
Atos jurisdicionais e legislativos: além das hipóteses expressamente previstas na CF/88� e no CPP�, o autor admite o direito à reparação de modo genérico, sempre que erro do Judiciário causar prejuízo a outrem, salvo se acobertado pela coisa julgada, pois nela reside a verdade jurídica. O autor resume a questão nestes termos: (a) é possível indenização por falha oriunda de decisão jurisdicional em si, desde que não haja ofensa à coisa julgada; (b) se a decisão judicial, embora reformada, foi correta no momento em que adotada, inexiste direito à reparação; (c) se a decisão judicial foi errada no momento em que adotada, é possível indenização em virtude de ofensa dela oriunda, independentemente de culpa do Juiz. Esta será relevante (fraude ou dolo) para admitir a ação direta ou regressiva contra o Magistrado. Pelos atos legislativos, em regra, não há dever de indenizar, mas se a lei for inconstitucional e produzir efeitos concretos, individualizados, gerando lesão, o Estado responderá pela ofensa. Mas se a lei, mesmo sendo constitucional, gerar gravame concreto, incompatível com a ordem jurídica, também haverá direito à indenização. O autor cita o exemplo da limitação decorrente de lei que cria reserva ambiental, impedindo inclusive de adentrar na área, esvaziando o conteúdo econômico do imóvel. Nessa situação excepcional, a indenização será devida, porque configurada modalidade de desapropriação indireta. 
As pessoas privadas prestadoras de serviço público: havendo relação de consumo, o dever de indenizar estará, além do § 6º do art. 37 da CF/88, fundado no CDC. Para além das relações de consumo, a prestadora de serviços públicos exime-se apenas quando provar não ser passível a adoção de qualquer providência ou a culpa exclusiva da vítima. Não há solidariedade entre a prestadora de serviços e o Estado, porque a solidariedade não se presume. O contrário implicaria socialização do prejuízo, quando os lucros são privatizados. Não obstante, o Estado pode responder de forma subsidiária, quando insolvente a empresa privada prestadora do serviço público.
Empresas públicas e sociedades de economia mista: quando prestadoras de serviço público, respondem na forma do art. 37, § 6º, da CF/88; atuando na atividade econômica, submetem-se às regras incidentes ao regime privado (CF, art. 173, § 1º)�. 
Conclusão do capítulo. Papel da culpa: se o dano ocorre em virtude de omissão genérica (infortúnios decorrentes de fatos da natureza, atos de terceiro e eventos multitudinários), a responsabilização exige conduta culposa. Quando a ofensa resulta de conduta administrativa, basta aferir o nexo de causalidade entre ação e resultado e haverá responsabilização, independentemente do elemento subjetivo. A aferição do lapso comportamental é relevante paravários efeitos, entre os quais: a) quando o Estado indeniza em razão de ato ilícito, não há que falar em dano moral; b) em caso de ilícito, o grau de culpa dos envolvidos é relevante na fixação do dano moral; c) como a Fazenda Pública representa a coletividade, o dano moral deve ser arbitrado segundo seu caráter compensatório, abstraindo-se o efeito punitivo, pena de ser socializada a punição; d) a negligência da vítima, se causou exclusivamente o evento, afasta a responsabilização; se contribuiu de modo concorrente, mitiga o dever indenizatório, proporcionalmente; e) inexistindo comportamento culposo atribuível ao Estado, os juros de mora incidirão a partir da citação; f) culpado o preposto, o Estado tem contra ele ação regressiva. 
Capítulo IV - Atividades nucleares
A CF/88 destaca a responsabilidade objetiva no caso de danos nucleares.� A responsabilidade é fundada no risco integral, sendo irrelevante a força maior ou o fato de terceiro. No risco integral, não há possibilidade de interrupção do nexo causal. A regra prevista no art. 8º da Lei n. 6.453/77� merece interpretação restritiva. A preponderância da nova causa (guerra, insurreição ou excepcional fato da natureza) há de ser manifesta para provocar a quebra do vínculo causal.
Goiânia e o Césio 137: ocorrido em outubro de 1987, o acidente radioativo foi um dos mais graves do mundo. Aparelho de radioterapia, abandonado em prédio desocupado, foi encontrado e aberto por catadores de material, dando início a uma cadeia de contaminações da qual decorreram mortes e lesões corporais em inúmeras vítimas. Os profissionais responsáveis pela clínica foram condenados pelo TRF1� por crime culposo - 4 homicídios e 16 lesões corporais - com base na teoria da omissão relevante prevista no Código Penal�. 
Esquema da responsabilidade no campo nuclear: as atividades nucleares, ressalvada a exceção no texto constitucional, constituem monopólio da União e devem ser planejadas com antecedência, inclusive através de esquemas de remoção da população, esclarecimentos públicos, treinamento prévio e equipes especializadas. A responsabilidade pelos danos causados é objetiva. Para fins de interpretação, dano nuclear é todo aquele decorrente dos efeitos, diretos ou indiretos, das características químicas particulares dos materiais referidos na CF/88, porquanto a definição contida no art. 1º da Lei n. 6.453/77� não abarca todas as hipóteses cogitadas pela CF/88. embora não abrangidos na definição legal, os danos oriundos do episódio com o Césio 137 foram considerados de natureza nuclear. Não se deve interpretar a Constituição de acordo com a lei ordinária, mas o contrário. Quem explora, desenvolve, pesquisa, transporta, para quaisquer fins, material nuclear é o responsável por excelência. Mas a União também é responsável. Havendo descentralização das atividades, a responsabilidade do Poder Público Federal será subsidiária. A Lei 6.453/77 impõe ao Poder Central fiscalização permanente e minuciosa de todas as unidades. Se desenvolvimento irregular - por falta de fiscalização - de atividades nucleares causar danos, incide a responsabilidade da União.
Limites indenizatórios: a reparação é limitada pelo montante fixado no art. 9º da Lei n. 6.453/77�. Em números atuais, corresponde a sete milhões e quinhentos mil dólares norteamericanos. A justificativa da limitação está relacionada à dificuldade de contratação de seguro e ao risco de descontinuidade das atividades na hipótese de pagamento infinito aos lesados. A cifra destina-se a cobrir todas as perdas provocadas em um acidente, salvo despesas judiciais, o que, em última análise, pode não reparar realmente os prejuízos das vítimas, quando forem muitas. A partir da CF/88, a limitação indenizatória só tem cabimento quando: a) a hipótese for regida diretamente pela Lei n. 6.453/77; b) não houver culpa do operador, transportador ou outro responsável. 
Erro da própria vítima: apenas a culpa exclusiva - não a concorrente - da vítima afasta a responsabilização. Mesmo um alto nível de negligência do lesado não mitiga o dever indenizatório; salvo se o infortunado queria a contaminação, quebrando inteiramente o nexo causal, o encargo legal persiste.
Capítulo V - Responsabilidade civil no CDC
A sociedade atual é a sociedade de consumo. O CDC é a lei mais importante quando se trata do direito das obrigações nos tempos atuais. Desde que entrou em vigor, os progressos, do ponto de vista jurídico, são notáveis.
Campo de aplicação: o campo de incidência direta do CDC é o das relações de consumo. De forma indireta, seus preceitos se irradiam muito além�, servindo de subsídio para todo o direito obrigacional. Tem na responsabilidade civil um de seus destaques, em virtude do sistema objetivo adotado. Apenas em hipóteses estritas a imputação necessitará necessariamente da culpa, a exemplo dos profissionais liberais.� Em regra, mesmo que inexista falha de comportamento, persistem os ônus em razão dos vícios de qualidade e quantidade do bem ou de veiculação de publicidade inadequada. O CDC é balizado pelo princípio da transparência, induzindo o fornecedor, sempre, ao ônus direto, objetivo, da prestação de informações adequadas e claras.
Responsabilidade em relação aos acidentes de consumo: o preceito contido no art. 12 do CDC� faz referência à responsabilidade de ampla categoria de fornecedores, independentemente de culpa, em razão de defeito de produto negociado ou simplesmente ofertado ao mercado. A existência de defeito é a confirmação da culpa, do erro de conduta, daí porque a responsabilidade é objetiva. Mas o produto, mesmo perfeito, se não atender às expectativas legítimas do consumidor ou às exigências de aperfeiçoamento buscadas por lei - em termos de segurança, por exemplo - será considerado viciado. Tudo deve ser ponderado à luz do bem adquirido, seus riscos usuais, a época de sua inserção no mercado e de sua apresentação, aí incluídas todas as informações, propaganda e dados sobre sua utilização. É preciso desvincular a noção da palavra defeito usada pela lei da noção vulgar de produto intrinsecamente viciado. Um dos maiores campos no tocante à aferição do defeito no consumo é o da informação. O ônus de prestar as informações necessárias a evitar o acidente de consumo é sempre do fornecedor. A falta de informações - ou sua mera inadequação - transforma o produto, em si bom, em defeituoso.
Excludentes admissíveis e o papel da culpa: é ônus do fornecedor provar a inexistência do defeito no produto, que não o colocou no mercado ou que a culpa é exclusiva do consumidor. A concorrência de culpa não exclui o encargo do fornecedor nem serve de fundamento para reduzir a indenização. Nos acidentes de consumo, em grande parte haverá erro de diligência do consumidor, o que não diminui, em regra, o dever do consumidor, desde que exista o defeito do produto ou do serviço. Em suma: não há excludente em razão da mera concorrência de culpa do adquirente ou tomador de um bem ou usuário do serviço; em princípio, sequer há mitigação do valor a ser ressarcido.
O caso fortuito e os acidentes de consumo: entre as excludentes de responsabilidade previstas no § 3º do art. 12 do CDC, não estão arrolados o caso fortuito e a força maior. O caso fortuito somente eximirá a responsabilidade do fornecedor quando o produto ou o serviço não for portador de defeito. Situações cotidianas ou corriqueiras, conhecidas de antemão - assaltos em ônibus ou trens, por exemplo - não se prestam para afastar a responsabilidade do prestador do serviço, a não se que este demonstre que adotou e está adotando novas providências de melhoria, para superar e evitar tais eventos. Providências banais são insuficientes, porque a responsabilidade é objetiva. 
O defeito na prestação de serviços: a essência do sistema reparatório no caso de defeito do produto é muito similar quando se cuida de defeito na realização do serviço�. O cerne do preceito é, também, a noção de defeito. A responsabilidade é objetiva. Problema frequente é o do passageiro de ônibus ou trem atingidopor pedra lançada de fora do veículo. Cabe ao transportador a prova de que adotou medidas eficientes para superação dessas ocorrências. Nada tendo feito, não pode invocar a ocorrência de culpa de terceiro para se eximir do dever de indenizar. É o que já dizia a Súmula n. 187 do STF.� Outro exemplo citado pelo autor é o do cidadão que contrata sociedade de Advogados (pessoa jurídica não alcançada pela regra excepcional prevista no § 4º do art. 14 do CDC) para ajuizar demanda. Se o litigante não for devidamente informado dos riscos da demanda, ainda que se trate de obrigação de meio e os advogados tenham atuado de forma escorreita, o serviço será defeituoso e, por se tratar de responsabilidade sem culpa, existirá dever de indenizar os prejuízos, ou seja, os honorários adiantados e as despesas de sucumbência da parte. Se a contratação for com Advogado - pessoa física, profissional liberal - aplica-se o disposto no § 4º do art. 14 do CDC e a responsabilização dependerá da aferição de culpa.
A responsabilidade do empreiteiro: o prazo fixado no art. 1.245 do Código Civil revogado� - atual art. 618 do Código Civil de 2002� - é de garantia. Não se trata de prazo prescricional ou decadencial; cuida-se de termo de garantia dentro do qual presume-se a culpa do empreiteiro. A regra do Código Civil configura presunção simples, passível de ser elidida por prova em sentido contrário, demonstrando a ausência de conduta faltosa do empreiteiro. Mas caracterizada a relação de consumo, prevalece a regra inserta no art. 12 do CDC, caso em que a imputação independe de culpa e basta não terem sido atendidas as legítimas expectativas do consumidor. O defeito pode surgir, inclusive, após passado o prazo previsto no regramento civil, pois os prazos fixados no CDC - decadencial� ou prescricional� - apenas têm início a partir do surgimento do defeito. De qualquer forma, a regra do CDC complementa a do Código Civil - e vice-versa - de modo que não pode ser interpretada restritivamente em prejuízo do consumidor, como, aliás, o próprio CDC expressamente declara.�
Vícios de qualidade e quantidade. O dever solidário: pelos vícios aparentes ou ocultos, a responsabilidade do fornecedor independe de culpa, assim como ocorre nos acidentes de consumo.� Os vícios de quantidade/qualidade são intrínsecos à coisa (ex.: mesas/cadeiras vendidas portadoras de cupins); os acidentes de consumo são o resultado danoso provocado por produto ou serviço que não atenda às exigências legais de desenvolvimento ou expectativas legítimas do consumidor. Havendo mais de um responsável - tanto pelos vícios intrínsecos quanto pelos acidentes de consumo - há solidariedade entre todos.� Não se aplica tal regra, todavia, quando uma fábrica compra bem de terceiro e o utiliza indevidamente em projeto seu, alheio a esse terceiro. Em relação aos acidentes de consumo, porém, a responsabilidade do comerciante será objetiva apenas nos casos em que o fabricante, construtor, produtor ou importador não puderem ser identificados.� Nos demais casos, responde por culpa própria.
Conclusão do capítulo: nos acidentes de consumo, a falha da vítima não diminui o dever de ressarcimento pelo fornecedor; não se aplica, aqui, a regra da compensação de culpas. O dever de informar, avisar, prevenir sobre todos os riscos, ônus e expectativas possíveis advindas do produto ou serviço é do fornecedor. Se o erro do consumidor for grosseiro, porém, não haverá dever de indenizar. No campo da proteção do consumidor, a face punitiva da reparação da dor é primacial. O dever de indenizar subsiste mesmo quando não haja má-fé, e sim mera desorganização (culpa), salvo engano justificável (ausência de culpa).� A prescrição - no CDC - é quinquenal; isso não impede o consumidor de, passados os cinco anos, pleitear indenização em prazos maiores, previstos na lei civil geral, desde que comprove a ocorrência de culpa.
Capítulo VI - Os sistemas securitários. Acidentes do trabalho. O seguro obrigatório em veículos e embarcações. Transporte aéreo
Acidentes do trabalho: um dos primeiros campos em que ganhou expressão a responsabilidade sem culpa. O empregado se expõe a condições de risco e a atividade é em proveito primacial do empregador. No Brasil, a disciplina surgiu com o Decreto n. 3.724/19, determinando fossem os operários acidentados ressarcidos, objetivamente, mas sem instituir qualquer seguro obrigatório, que foi criado apenas pelo Decreto-Lei n. 7.036/44. Atualmente, a matéria consta de preceito constitucional.� No campo ordinário, o seguro está centralizado no INSS (Leis ns. 6.338/76 e 8.213/91). Para haver cobertura, basta comprovação de causa e efeito entre a ofensa e a atividade laborativa. Nem mesmo a culpa grave do trabalhador afasta a responsabilização do empregador, que cede apenas quando comprovado o dolo do obreiro.
Estão cobertos pelo seguro os acidentes de trajeto, fatos de terceiro e casos fortuitos, como incêndio e inundação. Há integral risco da atividade, no âmbito do seguro previdenciário, cujo sistema de indenização é tarifado (o valor do benefício mensal está sujeito a um teto). Se houver culpa subjetiva do empregador, é cabível indenização de direito comum. Esta é ampla e pode compreender, inclusive, o dano moral, se presentes seus pressupostos. Os valores pagos pelo INSS não abatem o montante da indenização a cargo do empregador. As causas das indenizações são distintas e não há bis in idem. Mesmo fora do campo acidentário (atropelamentos, homicídio etc.), o benefício previdenciário pago à vítima ou seus dependentes não se abate da indenização civil devida pelo responsável.
Seguro obrigatório de veículos terrestres: previsto na Lei n. 6.194/74, o seguro obrigatório tem como pressuposto apenas a prova do evento, cabendo à seguradora pagar o valor previsto, independentemente de culpa do motorista. Apenas o dolo da vítima (suicida que se joga sob o carro, p. ex.) exclui a responsabilidade, e deve ser provado pela seguradora. Mesmo que o seguro não tenha sido pago ou o veículo causador dos danos não tenha sido identificado, a cobertura é devida e será suportada pelo consórcio de seguradoras, na forma da Lei n. 6.194/74�. Prepondera, na jurisprudência, a posição no sentido de que o valor recebido da seguradora pela vítima deve ser abatido de eventual indenização reclamada do causador do acidente, pena de bis in idem. A solução é diversa da questão previdenciária porque no seguro obrigatório de veículos não há contribuição/pagamento do lesado, apenas do causador do dano. A indenização é limitada pelo art. 3º da Lei n. 6.194/74.�
Embarcações: todo o sistema do seguro de danos de veículos terrestres se aplica, mutatis mutandis, ao seguro obrigatório de danos pessoais provocados por embarcações e sua carga. Previsto na Lei n. 8.374/91, também contempla limitação do valor da indenização.� Se ocorrer um dano durante um passeio em uma embarcação, a situação será regida pelo CDC, porque o verdadeiro fim da avença não será o transporte de pessoas e/ou carga. A responsabilidade do transportador é objetiva e limitada. Mas se provada culpa pelo evento, derrubam-se os limites. 
Transporte aéreo: no transporte aéreo, embora o silêncio da lei, a responsabilidade é fundada no risco integral. Qualquer que seja a razão do dano, existe dever ressarcitório. No âmbito do transporte internacional, a matéria é disciplinada pela Convenção de Varsóvia de 1929, promulgada no Brasil pelo Decreto n. 20.604/31; no âmbito interno, pelo Código Brasileiro de Aeronáutica - Lei n. 7.565/86. A indenização é limitada e os tetos respectivos estão previstos na Convenção de Varsóvia� e na Lei n. 7.565/86�. A justificativa da limitação é não tornar inviável ou excessivamente onerado o setor, pois mesmo diante do mais alto padrão de qualidade, ocorrendo infortúnio, existe ressarcimento. Os limites da indenização subsistem mesmo após o advento do CDC e só cedem frente à prova de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus propostos.� A interpretação das expressões dolo ou culpa grave, todavia, deve serrealizada segundo os princípios do CDC. Para superar os patamares máximos, a falta de diligência da companhia aérea deve ser efetivamente provada.
Conclusão do capítulo: no plano do acidente de trabalho, a existência de culpa do empregador implica outra indenização, de direito comum, a ser suportada pelo patrão. O empregado tem, sempre, quando menos direito à indenização previdenciária.
No seguro de veículos automotores, os valores da tabela legal de cobertura são sempre devidos e o dono do bem pode ser obrigado a arcar com o montante, não pago ou renovado o seguro. Havendo culpa do condutor, incide amplo ressarcimento.
No sistema de embarcações e aviões, a presença de culpa, caracterizando o ilícito, autoriza o afastamento dos limites legais de cobertura. 
Por outro lado, enfocado o comportamento da própria vítima, em todos os casos acima, só há afastamento ou mitigação do dever objetivo de indenizar - à conta do seguro obrigatório - nas hipóteses de dolo do lesado.
Capítulo VII - Meio ambiente e reparação civil
A primeira lei brasileira a cuidar, sistematicamente, da questão ecológica, foi a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (n. 6.938/81). Após definir o alcance das expressões meio ambiente e poluição,� a LPNMA estabelece a responsabilidade objetiva pelos danos causados�. Posteriormente, a CF/88 agasalhou todo o sistema, erigindo o meio ambiente a fundamento basilar da atuação na ordem econômica.� A Lei n. 9.605/98 especificou novas sanções administrativas e penais para a área e a Lei n. 9.792/99 tratou da Educação Ambiental. 
O sistema de responsabilidade civil ambiental está voltado à recomposição estrita, isto é, a busca do refazimento físico do ambiente atingido, antes de qualquer indenização pecuniária. Mesmo nas ações propostas individualmente, para reparação do dano ambiental particular, é obrigatória a intervenção do Ministério Público, para tomar as medidas coletivas exigidas.
A defesa do meio ambiente encerra direito difuso com particularidade, isto é, ressalvado às futuras gerações. Para aferir o dano ambiental, é necessário considerar sua projeção para o futuro. A própria ideia de desenvolvimento sustentável tem aí seu alicerce.
A disciplina da imputação sem falta na Lei n. 6.938/81: para que exista dever de indenizar, basta a conduta, a lesão ecológica e o nexo entre ambos, prescindindo-se do elemento subjetivo. As dificuldades residem na caracterização do dano - às vezes, é imperceptível a olho nu - e na identificação do responsável, notadamente quando o resultado advém do somatório de diversos fatores que, isolados, não seriam aptos a gerá-lo. Daí a importância do EIA/RIMA, obrigatórios por força da CF/88. Mas o licenciamento da atividade não elide a responsabilização, caso resulte dano ambiental. A imputação independe de falta e a atividade pode ser lícita. Na aferição da ocorrência de ofensa ressarcível, o primeiro ponto concerne à existência de dano significante; o segundo, são os eventuais benefícios da atividade questionada. Não os havendo - ou sendo inferiores ao efeito da degradação - a atividade deve ser impedida e a responsabilização civil imposta, com o dever de reparar o meio físico atingido. Por outro lado, pode acontecer de os benefícios oriundos da atividade suplantarem os malefícios causados. É o que ocorre com a poluição dos automóveis, por exemplo, cujo uso, apesar de prejudicial, em tempos atuais, deve ser tolerado. Mas ainda que o saldo positivo - na relação custo x benefício - seja bastante amplo, o empreendedor deve desenvolver capacidade, de modo permanente, voltada para minorar a afetação ambiental, pena de ser compelido judicialmente a fazê-lo. O sistema é objetivo; implica dizer que exige constante busca de algo acima da média. Os instrumentos para corporificar essas exigências são as ações civis públicas, os inquéritos civis e os compromissos de ajustamento de conduta. No caso dos automóveis, ainda que não seja razoável, nos dias atuais, impedir sua produção, é possível que se exija a demonstração de estudos e investimentos tendentes a minorar o problema no futuro, sob pena de multa cominatória em favor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
Danos com múltiplas causas: nesses casos, tendo em conta a dificuldade de individualizar a parcela de contribuição de cada agente no processo de degradação ambiental, a solução, em regra, é a atribuição solidária de ônus a todos os causadores do mal. É o raciocínio que resulta da parte final do art. 942 do Código Civil atual�, que reproduz norma inserta no art. 1.518 do estatuto revogado. Se a conduta poluente é significativa e relevante para o desfazimento do meio ambiente, o poluidor é responsável, sem que, em regra, possa defender-se alegando a existência de concausa ou multiplicidade de causas gerando o resultado, o que não o impede de promover a ação de regresso cabível. 
Excludentes indenizatórias: o art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81, estabelece a responsabilidade objetiva do causador do dano ambiental. Não se trata de adoção da teoria do risco integral. Se há imprevisibilidade relativa, não se escusa a responsabilidade do agente. Também não exclui a reparação o caso fortuito. Mas a inevitabilidade exclui a imputação se e enquanto presentes todos os fatores positivos, como o saldo de benefícios efetivos da atividade, o cumprimento de todas as exigências, a busca do constante desenvolvimento tecnológico e inovador, o exame das necessidades coletivas das populações, atual e futura. Em síntese, a lei agrava de modo pleno a potencial imputação do agente e a exclusão de responsabilidade só é possível ante a presença do conjunto de elementos positivos antes referidos, vistos sob o ponto de vista dinâmico: a qualquer momento pode ocorrer mudança.
Reparação pecuniária: as ações particulares movidas pelos prejudicados pela degradação ambiental buscam, na maioria das vezes, indenização em dinheiro, além da cessação do atuar nocivo, pena de multa cominatória. No âmbito do interesse público, o objetivo primordial é a recomposição física do ambiente lesado, pena de multa cominatória, ou a condenação em verba suficiente para tanto. É possível, ainda, obter dupla condenação dos poluidores, isto é, a recomposição do ambiente e verba a título punitivo. Embora sem previsão na legislação atual, o dano punitivo é representado pelo dano moral, cujo destinatário é o fundo de que trata o art. 13 da Lei n. 7.347/85�. Dita condenação não se confunde com a sanção pecuniária aplicada na esfera administrativa, embora possa ser atenuada por ela. 
Pobreza e repercussão ambiental: dentre os maiores inimigos do meio ambiente sadio está a pobreza. Ocupação irregular de áreas de preservação, lançamento de esgoto doméstico sem tratamento, são atitudes inerentes à pobreza. Outros se valem de argumentos econômicos para justificar um procedimento danoso ao meio ambiente, como empresas de transporte público que justificam o lançamento de fumaça negra com a escusa de baratear o transporte. Então, na análise das questões práticas, deve ser levado em conta que reduzir a pobreza é proteger o ambiente e quando a alegação econômica é usada, dolosa e falsamente, para justificar a poluição, maior rigor deve ser imposto na aplicação do dano punitivo.
O papel da culpa: a responsabilidade independe de negligência, mas a existência da falta pode servir para tornar incidente o dano punitivo. Por outro lado, a conduta negligente do lesado, se não contribuiu para as emissões, não é fundamento para mitigar o valor da indenização a que faz jus. Assim, não se reduz a indenização devida às pessoas que consumiram água contaminada, ainda que alertadas do fato, se não contribuíram para a contaminação. Sua negligência, no caso, é irrelevante no que tange à fixação do quantum da indenização. Se, por fim, o Estado promove o reparo direto do dano ambiental, terá, sempre, ação regressiva contra o causador imediato, exista ou não conduta culposa deste.
Capítulo VIII - Observações variadas
O sistema objetivo encontra-se espraiado emtodos os ramos da atividade econômica, impossível de ser encarado como algo excepcional. Inclusive, a legislação estadual pode determinar outros casos de responsabilidade civil sem culpa, ainda que de forma suplementar, consoante autoriza o art. 24, inc. VIII, da CF/88.� Assim, seria admissível lei estadual impondo a responsabilização objetiva de empresa de ônibus em caso de arremesso de pedra, ressalvando hipótese inequívoca de caso fortuito. Tal lei, se editada, estaria de acordo com o § 2º do art. 24 da CF/88� e não contrariaria as normas gerais existentes no plano federal.
Desconsideração da personalidade jurídica e atingimento do patrimônio dos sócios: a personalidade da pessoa jurídica não se confunde com o sócios que a compõem, nem se confundem os respectivos patrimônios. Todavia, pode haver responsabilização direta do sócio ou da sociedade por condutas que, não fosse a superação, ficariam a cargo exclusivo da sociedade ou do sócio, respectivamente. O preceito está descrito no art. 28 do CDC�. Não obstante a redação infeliz do § 5º do referido artigo, a desconsideração da personalidade jurídica reclama uma das justificativas tradicionais - abuso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou do contrato social - ou uma das novas vertentes - insolvência, encerramento ou inatividade provocados por má administração. Para que seja desconsiderado o véu societário, é necessário haver direta transgressão à lei ou gestão culposa da pessoa jurídica. Fora desses casos, ainda que o consumidor fique sem ressarcimento, impossível será o atingimento do patrimônio pessoal dos sócios. Posteriormente, a regra foi incorporada ao Código Civil vigente�.
Terminologia: responsabilidade objetiva, ressarcimento sem falta, imputação sem falha, culpa objetiva, responsabilidade legal, responsabilidade agravada, responsabilidade sem culpa, todas são expressões utilizadas para designar o mesmo fenômeno. Contudo, na responsabilidade decorrente de conduta lícita, não se poderia falar em culpa objetiva, ao passo que a expressão responsabilidade agravada - do inglês stricty liability - desprestigia as imputações menos graves, como no ressarcimento de prejuízo por conduta lícita. A expressão mais adequada, portanto, seria responsabilidade independentemente de culpa.
Capítulo IX - Perspectivas futuras. Conclusão
O sistema jurídico brasileiro trabalha simultaneamente com duas regras: a) a residual, de caráter genérico, fundada na culpa como pressuposto da obrigação; e b) a responsabilização objetiva, que é a regra nas atividades econômicas e outras arenas específicas.
Convivem, em termos amplos, responsabilidade subjetiva e objetiva.
Mesmo na imputação sem falta, é sempre relevante aferir a natureza da conduta daquele que provocou o dano, se culposa ou não.
O dolo e a intensidade da falha balizam, em todos os casos, o arbitramento do dano moral, que não tem cabimento quando a lei comanda a indenização por ato lícito.
A falta de diligência, na conduta que enseja o ressarcimento, tem repercussão nos juros. Quando a conduta é lícita, ou quando o Estado responde por ato de preposto seu, os juros fluem a contar da citação, inaplicável a Súmula 54 do STJ.
Na responsabilidade civil do Estado, a aferição da culpa tem efeito para autorizar o direito de regresso contra o preposto e para mitigar o dever indenizatório, se a falta é da vítima, proporcionalmente à sua intensidade.
O abatimento da indenização - no caso de negligência do lesado - também é regra nas hipóteses de reparação objetiva previstas no Código Civil, mas não se aplica a vários outros sistemas (meio ambiente, danos nucleares, acidentes de consumo e sistemas securitários).
Nos danos ao meio ambiente e nos nucleares, a negligência do lesado é indiferente para fixação do montante indenizatório.
Nos acidentes de consumo, a existência de erro do consumidor também é indiferente, em princípio. Somente quando o erro for preponderante é que se torna relevante.
Nos acidentes do trabalho, a culpa do patrão enseja a impropriamente chamada "dupla indenização", em favor do lesado: uma, a cargo da previdência, tarifada, excluída somente pelo dolo do lesado; a outra, de direito comum, só existe se houver culpa do empregador.
Em sistemas de indenização limitados por tetos - transportes em embarcações e aviões, p. ex. - a culpa exclui a incidência dos limites. Em relação à aviação, é apenas uma tendência, pois, de regra, somente o dolo ou a culpa grave teriam tal efeito. 
Quando a lei abre a possibilidade de cogitação em torno do dano moral coletivo, o que se tem é punição civil, graduada com aferição do erro de conduta. A observação cresce de importância no campo do meio ambiente, amplas as possibilidades de incidência da multa civil extracontratual.
Quando existe preceito trazendo prazo prescricional diminuído, apenas em razão de ser objetiva a responsabilidade, permite-se ao lesado, desde que pretenda comprovar a existência de culpa, o benefício do prazo maior previsto no Código Civil.
A aferição da culpa, em todos os casos, pode ser relevante para a desconsideração da personalidade jurídica e atingimento do patrimônio pessoal dos sócios.
Por fim, apesar do crescimento constante das hipóteses de responsabilidade independentemente de culpa, o elemento subjetivo continua importante. Erro de conduta e responsabilidade objetiva não se excluem. O aplicador pode conviver com o que é senso do povo: a importância da culpa, sempre, para balizar o dever de ressarcir.
 
� 	Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
� 	STJ. Súmula 227. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
� 	STJ. Súmula 145. No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente Responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.
� 	STJ. Súmula 132. A ausência de registro de transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva veículo alienado.
� 	STF. Súmula 492. A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
� 	CDC. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
� 	STJ. Súmula 130. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.
� 	CDC. Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
� 	STJ. Súmula 54. Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
� 	Art. 15. As pessoas jurídicas de direito publico são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrario ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.
� 	Art. 194. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros. Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes.
� 	Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. [...]
� 	STF. RE 160401, Relator(a): Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 20/04/1999.
� 	Art. 5º [...] LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; [...]
� 	Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. § 1º Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça. § 2º A indenização não será devida: a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder; b) se a acusação houver sido meramente privada.
� 	Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: [...] II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; [...]
� 	Art. 21. Compete à União: [...] XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: [...] d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; [...]
� 	Art. 8º - O operador não responde pela reparação do dano resultante de acidente nuclear causado diretamente por conflito armado, hostilidades, guerra civil, insurreição ou excepcional fato da natureza.
� 	PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICIDIO E LESÃO CORPORAL CULPOSOS. OMISSÃO COMO CAUSA DE CRIME. CONCURSO FORMAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. FIXAÇÃO DA PENA. REFERENCIA GENERICA AOS CRITERIOS DO ART. 59 - CP. CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO. MAJORAÇÃO DA PENA ALEM DO MAXIMO LEGALMENTE PREVISTO PARA O CRIME. POSSIBILIDADE. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. HIPOTESE FACULTATIVA. 1- O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa, entendida esta como a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado, seja por força de lei, seja por ter criado o risco da sua ocorrência (arts. 13 e parag. 2 - CP). 2- É responsável penalmente, a título de crime culposo, o profissional (médico e físico hospitalar) que, atuando no ramo da medicina nuclear, e ciente dos riscos dos equipamentos operados nessa atividade (clínica de radioterapia), resolve deixar equipamento radiológico em prédio abandonado, sem comunicação aos órgãos competentes, com isso ensejando a sua manipulação por pessoas do povo (comerciantes de ferro velho) e a sua contaminação por material radioativo (Césio-137), causando-lhes graves danos - mortes e lesões corporais. 3- A pretensão punitiva do crime de lesão corporal culposa prescreve em quatro anos (art. 109, V -CP), impondo-se o seu reconhecimento, até mesmo de oficio. O interesse do acusado no seu reconhecimento persiste ainda que, na fixação da pena pelo concurso formal com o homicídio culposo, não tenha a lesão sido levada em consideração. 4- A fundamentação da individualização da pena-base não resulta satisfeita com a menção genérica aos critérios do art. 59 - CP. Todavia, não se aconselha a proclamação da nulidade quando a sentença, mesmo fazendo a remissão genérica, permite identificar os dados objetivos e subjetivos que a eles (aos critérios) se adequariam, no caso concreto, em desfavor do condenado (STF - HC 68.751-2/RJ). 5- As causas especiais de aumento, diversamente das agravantes, podem elevar a pena acima do máximo legal cominado ao crime. A substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos não é obrigatória nos crimes culposos com pena aplicada igual ou superior a um ano (art. 44, parag. único - CP), sobretudo quando prejudicial ao condenado, pela proibição do exercício da sua profissão. 6- Provimento parcial das apelações. (ACR 0002874-37.1993.4.01.0000/GO, Rel. Juiz Olindo Menezes, Terceira Turma, DJ p.51646 de 17/08/1995)
� 	Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. [...] Relevância da omissão § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
� 	Art. 1º Para os efeitos desta Lei considera-se: [...] VII - "dano nuclear", o dano pessoal ou material produzido como resultado direto ou indireto das propriedades radioativas, da sua combinação com as propriedades tóxicas ou com outras características dos materiais nucleares, que se encontrem em instalação nuclear, ou dela procedentes ou a ela enviados; VIII - "acidente nuclear", o fato ou sucessão de fatos da mesma origem, que cause dano nuclear; [...]
� 	Art. 9º A responsabilidade do operador pela reparação do dano nuclear é limitada, em cada acidente, ao valor correspondente a um milhão e quinhentas mil Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. Parágrafo único. O limite fixado neste artigo não compreende os juros de mora, os honorários de advogado e as custas judiciais.
� 	Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
	Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
� 	Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. [...] § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
� 	Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3° Ofabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
� 	Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
� 	STF. Súmula 187. A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
� 	Art. 1.245. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se, não achando firme, preveniu em tempo o dono da obra.
� 	Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
� 	Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: [...] II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. [...] 
� 	Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
� 	Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
� 	Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
� 	Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
� 	Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
� 	Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
� 	Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; [...]
� 	Art. 7º A indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado, com seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores, condições e prazos dos demais casos por um consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei. (Redação dada pela Lei nº 8.441, de 1992) § 1º O consórcio de que trata este artigo poderá haver regressivamente do proprietário do veículo os valores que desembolsar, ficando o veículo, desde logo, como garantia da obrigação, ainda que vinculada a contrato de alienação fiduciária, reserva de domínio, leasing ou qualquer outro. (Redação dada pela Lei nº 8.441, de 1992) § 2º O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) estabelecerá normas para atender ao pagamento das indenizações previstas neste artigo, bem como a forma de sua distribuição pelas Seguradoras participantes do Consórcio.
� 	Art. 3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2º desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: (Redação dada pela Lei nº 11.945, de 2009). I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) § 1º No caso da cobertura de que trata o inciso II do caput deste artigo, deverão ser enquadradas na tabela anexa a esta Lei as lesões diretamente decorrentes de acidente e que não sejam suscetíveis de amenização proporcionada por qualquer medida terapêutica, classificando-se a invalidez permanente como total ou parcial, subdividindo-se a invalidez permanente parcial em completa e incompleta, conforme a extensão das perdas anatômicas ou funcionais, observado o disposto abaixo: (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). I - quando se tratar de invalidez permanente parcial completa, a perda anatômica ou funcional será diretamente enquadrada em um dos segmentos orgânicos ou corporais previstos na tabela anexa, correspondendo a indenização ao valor resultante da aplicação do percentual ali estabelecido ao valor máximo da cobertura; e (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). II - quando se tratar de invalidez permanente parcial incompleta, será efetuado o enquadramento da perda anatômica ou funcional na forma prevista no inciso I deste parágrafo, procedendo-se, em seguida, à redução proporcional da indenização que corresponderá a 75% (setenta e cinco por cento) para as perdas de repercussão intensa, 50% (cinquenta por cento) para as de média repercussão, 25% (vinte e cinco por cento) para as de leve repercussão, adotando-se ainda o percentual de 10% (dez por cento), nos casos de sequelasresiduais. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). § 2º Assegura-se à vítima o reembolso, no valor de até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais), previsto no inciso III do caput deste artigo, de despesas médico-hospitalares, desde que devidamente comprovadas, efetuadas pela rede credenciada junto ao Sistema Único de Saúde, quando em caráter privado, vedada a cessão de direitos. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). § 3º As despesas de que trata o § 2º deste artigo em nenhuma hipótese poderão ser reembolsadas quando o atendimento for realizado pelo SUS, sob pena de descredenciamento do estabelecimento de saúde do SUS, sem prejuízo das demais penalidades previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009).
� 	Art. 8º O direito à indenização relativa ao seguro referido no art. 2º desta lei decorre da simples prova do acidente e do dano, independentemente da existência de culpa. § 1º A indenização referida neste artigo será paga no prazo de quinze dias, a contar da data da entrega dos documentos a serem indicados pelo CNSP, à sociedade seguradora, contra recibo que o especificará. § 2º A responsabilidade do transportador, por danos ocorridos durante a execução do contrato de transporte, está sujeita aos limites do seguro obrigatório, a não ser que o dano tenha resultado de culpa ou dolo do transportador ou de seus prepostos.
� 	Artigo 22. (1) No transporte de pessoas, limita-se a responsabilidade do transportador, à importância de cento e vinte e cinco mil francos, por passageiro. Se a indenização, de conformidade com a lei do tribunal que conhecer da questão, puder ser arbitrada em constituição de renda, não poderá o respectivo capital exceder aquele limite. Entretanto, por acordo especial com o transportador, poderá o viajante fixar em mais o limite de responsabilidade. (2) No transporte de mercadorias, ou de bagagem despachada, limita-se a responsabilidade do transportador à quantia de duzentos e cincoenta francos por kilogramma, salvo declaração especial de "interesse na entrega", feita pelo expedidor no momento de confiar ao transportador os volumes, e mediante o pagamento de uma taxa suplementar eventual. Neste caso, fica o transportador obrigado a pagar até a importância da quantia declarada, salvo se provar ser esta superior ao interesse real que o expedidor tinha entrega. (3) Quanto aos objetos que o viajante conserve sob os guarda, limita-se a cinco mil francos por viajante a responsabilidade do transportador. (4) As quantias acima indicadas consideram-se referentes ao franco francês, constituído de sessenta e cinco e meio miligramas do ouro, ao título de novecentos milésimos de mental fino. Elas se poderão converter, em números redondos na moeda nacional de cada país.
� 	Art. 257. A responsabilidade do transportador, em relação a cada passageiro e tripulante, limita-se, no caso de morte ou lesão, ao valor correspondente, na data do pagamento, a 3.500 (três mil e quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, e, no caso de atraso do transporte, a 150 (cento e cinqüenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN. § 1° Poderá ser fixado limite maior mediante pacto acessório entre o transportador e o passageiro. § 2° Na indenização que for fixada em forma de renda, o capital par a sua constituição não poderá exceder o maior valor previsto neste artigo.
	Art. 260. A responsabilidade do transportador por dano, conseqüente da destruição, perda ou avaria da bagagem despachada ou conservada em mãos do passageiro, ocorrida durante a execução do contrato de transporte aéreo, limita-se ao valor correspondente a 150 (cento e cinqüenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, por ocasião do pagamento, em relação a cada passageiro.
� 	CBA. Art. 248. Os limites de indenização, previstos neste Capítulo, não se aplicam se for provado que o dano resultou de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus prepostos. § 1° Para os efeitos deste artigo, ocorre o dolo ou culpa grave quando o transportador ou seus prepostos quiseram o resultado ou assumiram o risco de produzi-lo. § 2° O demandante deverá provar, no caso de dolo ou culpa grave dos prepostos, que estes atuavam no exercício de suas funções. § 3° A sentença, no Juízo Criminal, com trânsito em julgado, que haja decidido sobre a existência do ato doloso ou culposo e sua autoria, será prova suficiente.
	Convenção de Varsóvia. Artigo 25. (1) Não assiste ao transportador o direito de prevalecer-se das disposições da presente Convenção, que lhe excluem ou limitam a responsabilidade, se o dano provém de seu dolo, ou de culpa, sua, quando, segundo a lei do tribunal que conhecer da questão, for esta considerada equivalente ao dolo. (2) Outrossim, ser-lhe-á negado esse direito se o dano houver sido causado, nas mesmas condições, por algum de seus propostos, no exercício de suas funções.
� 	Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; [...] III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota ; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
� 	Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: [...] § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
� 	Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
� 	Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.
� 	Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.
� 	Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; [...]
� 	 § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
� 	Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contratosocial. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
� 	Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
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