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resenha do capítulo dois do livro O Grande Massacre de Gatos e outros episódios da história francesa, do autor Robert Darnton

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Aqui neste texto apresentarei uma proposta de resenha do capítulo dois do livro O 
Grande Massacre de Gatos e outros episódios da história francesa, do autor Robert Darnton. 
O texto tem como objetivo mostrar uma breve apresentação do autor, depois focalizar as 
ideias principais que ele aponta no segundo capítulo e abordar o que foi o massacre de gatos 
na França. O livro do historiador Robert Darnton, foi publicado no Brasil em 1986, onde ele 
aborda e analisa sobre um assunto talvez desprezível para a maioria, que foi o grande 
massacre de gatos na França e o modo de pensamento, que nas palavras do próprio autor, se 
refere “não apenas o que as pessoas pensavam, mas como pensavam e como interpretava o 
mundo” (1986, p. 13) no século XVIII. 
Robert Darnton nasceu em Nova Iorque, no dia 10 de maio de 1939. É um historiador 
cultural, formado em Harvard, Estados Unidos e doutor em História na Universidade Inglesa 
de Oxford. Especialista em História da França do século XVIII, seus estudos estão voltados 
para o Iluminismo e a Revolução Francesa. No Brasil, tem publicados os seguintes livros: O 
grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural francesa, Boemia literária e 
revolução, O beijo de Lamourette, Edição e sedição, O Iluminismo como negócio, Os dentes 
falsos de George Washington e O lado oculto da Revolução. A obra Best-sellers proibidos da 
França pré-revolucionária ganhou, em 1995, o prêmio National Book Critics Circle na 
categoria de crítica. Em 2007, Darnton assumiu a direção da Biblioteca da Universidade 
Harvard. Abraçou a missão de digitalizar e tornar acessível gratuitamente pela internet o 
conjunto da produção intelectual da universidade norte-americana. Seu último trabalho é The 
Case for Books: Past, Present and Future, de 2009.
No segundo capítulo “Os trabalhadores se revoltam: O Grande massacre de gatos na 
Rua Saint-Séverin” Paris, 1730. O autor analisa o relato da história de vida de dois operários 
que fazia estágio na gráfica de Jacques Vicent. Nicolas Contat que testemunhou o grande 
massacre de gatos e conta em forma de narrativa à experiência que tiveram na Rua Saint-
Séverin, sendo submetidos a passar por condições precárias e desumanas, como podemos 
notar na passagem abaixo. 
Dormiam em quarto sujo e gelado, levantavam-se antes do amanhecer, saiam 
para executar tarefas o dia inteiro, tentando furtar-se aos insultos dos oficiais 
(assalariados) e aos maus-tratos do patrão (mestre), e nada recebiam para 
comer, a não ser as sobras. Achavam a comida especialmente mortificante. 
Em vez de jantar à mesa do patrão, tinham que comer os restos de seu prato 
na cozinha. Pior ainda, o cozinheiro vendia, secretamente, as sobras, e dava 
aos rapazes comida de gato – velhos pedaços de carne podre que não 
conseguiam tragar e, então, passavam para os gatos, que os recusavam [...] 
Uma paixão pelos gatos parecia ter tomado conta das gráficas, pelo menos 
entre patrões, ou burgueses, como chamavam os operários [...] Os aprendizes 
tinham que aturar uma profusão de gatos na rua, e eles também proliferavam 
no distrito das gráficas, infernizando a vida dos rapazes. Uivavam a noite 
toda, no telhado do sujo quarto de dormir dos aprendizes, impossibilitando 
uma noite inteira de sono [...] o patrão sequer trabalhava com os homens, da 
mesma maneira como não comia com eles. (DARNTON, 1986, p. 103-104).
 
Essa maneira desumana e injusta que tratavam os operários aprendizes gerou 
uma revolta dos trabalhadores, pois os gatos tinham mais privilégios que o ser humano. Os 
aprendizes resolveram mudar então essa desigualdade, estrategicamente, começaram a uivar e 
miar no telhado do patrão para que eles tivessem uma noite conturbada assim como tivera no 
quarto imundo que lhe foi concebido pelo patrão burguês. Os estagiários fizeram esse ritual 
por vários dias, até ordenarem que se livrassem de todos os gatos poupando somente a 
“cinzenta” que era de estimação da esposa do patrão. Eles receberam ajuda coletiva dos 
assalariados e saíram em busca de todos os gatos da redondeza, armados de vassoura, ferros e 
etc. A primeira a ser destroçada a espinha foi a grise gata cinzenta de estimação da mulher do 
patrão. Coloram os gatos semimortos em sacos e jogaram no pátio da gráfica e isso causou 
muitas gargalhadas perante aos operários. 
Podemos notar que o massacre de gatos servia de diversão e piada para os operários, 
e que atualmente isso é revoltante para muitos leitores modernos e que chega a ser repulsivo 
matarem animais desprotegidos. Darnton pergunta: “Onde está o humor, num grupo de 
homens adultos balindo como bodes e batendo seus instrumentos de trabalho, enquanto um 
adolescente reencena a matança ritual de animal indefeso?” (DARNTON,1986, p. 106). A 
explicação de Contat primeiramente podia entender que o ataque aos gatos foi devido o 
tratamento precário que o patrão e sua esposa davam aos operários e privilegiavam os gatos, 
existindo assim uma desigualdade entre os operários e burgueses “uma questão de elementos 
fundamentais na vida: Trabalho, comida e sono.” (DARNTON,1986, p. 108) Nesse sentido 
que Robert Darnton buscava entender o porquê de matar os gatos e qual era o pensamento da 
época em relação ao massacre de gatos. 
Fica claro que o “os rapazes queriam restaurar um passado mítico, o tempo em que 
mestres e dependentes trabalhavam em amigável associação.” (DARNTON, 1986, p.113). O 
autor diz que o massacre de gatos está ligado a rituais e “simbolismo popular”. Em vários 
lugares da Europa usavam se o massacre aos gatos como um divertimento, sendo parte de sua 
cultura. No início dos tempos modernos era normal a tortura de animais sendo parte de seus 
rituais e folclores ou festas carnavalescas.
Partindo para a conclusão do texto é possível notar que a interpretação e 
representação os indivíduos fazem da sua vida está intimamente relacionado ao lugar que ele 
ocupa na sociedade. Notamos isso na ação dos operários que por ver a sua vida ameaçada em 
decorrência dos gatos estes os viam como ameaça ao ser humano. Nesse sentido o que 
observo é que o indivíduo no seu cotidiano é forçado a realizar interpretações que favorecem a 
sua própria existência. Do lado burguês, por exemplo, nota-se que a interpretação que faz da 
vida é distinta daquela realizada pelo os trabalhadores.
Outro elemento a destacar é que a representação que as pessoas fazem do cotidiano 
esta relacionada à sua cultura, ou seja, ao seu modo de viver, as leituras acumuladas, em 
síntese ao conjunto das relações sociais na qual o indivíduo está inserido.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos: e outros episódios da história cultural 
francesa. – São Paulo: Graal, 2011.

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