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Penal I - Concurso Aparente de Normas

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TEMA: CONCURSO APARENTE DE NORMAS
Para solucionar o eventual conflito aparente de normas, a doutrina tem fixado quatro princípios, são eles: a) especialidade; b) subsidiariedade; c) consunção; e, d) alternatividade.
Princípio da Especialidade: por meio deste princípio, a norma especial afasta a norma geral. Ocorre a derrogação da lei geral pela lei especial (lex especialis derrogat generali). Diz-se que a norma é especial quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos da norma geral e mais alguns, chamados de especializantes. Significa dizer que a norma é especial quando acrescenta à geral um ou vários elementos especiais. Há um plus em relação à geral, isto é, um detalhe a mais que sutilmente a distingue da geral. 
O infanticídio (art. 123), por exemplo, é norma especial em relação ao crime de homicídio (art. 121). Também a injúria praticada através da imprensa (art. 22 da Lei 5.250/67) é norma especial em relação ao crime de injúria previsto no art. 140 do CP, que é norma geral. Homicídio qualificado (art. 121, § 2º) é norma especial frente ao homicídio simples (art. 121, caput).
Princípio da Subsidiariedade: verifica-se uma relação de primariedade e subsidiariedade entre normas penais quando elas descrevem graus de violação do mesmo bem jurídico, de forma que o crime definido pela subsidiária, de menor gravidade que a da principal, é absorvido por esta (lex primaria derogat legi subsidiariae). Na lição de Hungria, a norma subsidiária funciona como uma espécie de “soldado reserva”, somente devendo ser aplicada na impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave. 
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita.
A subsidiariedade é expressa quando a lei, em seu próprio texto, subordina a sua incidência à não aplicação de outra mais grave. Nesta situação, a própria norma já faz a ressalva, deixando transparecer o seu caráter subsidiário. São exemplos os arts. 132, 129, § 3º e 239, do CP.
Há subsidiariedade tácita quando uma norma incriminadora, embora não faça referência expressa ao seu caráter subsidiário, constitui-se em elemento fundamental (elementar do tipo) de um crime mais grave, de forma que este exclui a aplicação simultânea da norma subsidiária. São exemplos os art. 146 (ameaça) em relação ao art. 147 (constrangimento ilegal); art. 155 (furto) em relação ao art. 157 (roubo); art. 311 em relação ao art. 302 da Lei 9.553/97 (CTB); etc.
Princípio da Consunção: ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação para a execução de outra infração penal. Na primeira situação, os fatos não se acham em relação de espécie e gênero, mas de minus a plus, de meio a fim, de parte a todo. Assim, o crime de furto em casa habitada absorve o delito de violação de domicílio e o homicídio absorve a lesão corporal, o estelionato e a falsificação do documento, falsificação de moeda (art. 289, CP) e petrechos de moeda falsa. 
Princípio da Alternatividade: são aqueles tipos penais que têm diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção alternativa “ou”. Aqui, a norma penal que prevê vários fatos alternativamente, como espécies de um mesmo crime, sendo aplicável uma vez, ainda quando os ditos fatos são praticados, pelo mesmo sujeito, sucessivamente.
Em outras palavras, afirma Mirabete que o princípio da alternatividade indica que o agente só será punido por uma das modalidades previstas nos crimes de ação múltipla, embora possa praticar duas ou mais condutas do mesmo tipo penal. São exemplos que ensejam a incidência deste princípio o art. 122 do CP e o art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
NORMA PENAL EM BRANCO:
Normas penais em branco são aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação do seu preceito primário. São disposições cuja sanção é determinada, embora permaneça indeterminado o seu conteúdo.
Significa que, embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, obrigatoriamente, um complemento extraído de um outro diploma – leis, decretos, regulamentos, portarias, etc. – para que possam, efetivamente, ser entendidos os limites da proibição ou imposição feitos pela lei penal.
Segundo Francisco Assis de Toledo, normas penais em branco “são aquelas que estabelecem a cominação penal, ou seja, a sanção penal, mas remetem a complementação da descrição da conduta proibida para outras normas legais, regulamentares ou administrativas”.
São exemplos de normas penais em branco o art. 28 da Lei nº 11.343/ 2006, cuja compreensão depende de portaria da ANVISA, bem como o art. 269 do CP, que pune o fato de “deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”. Essas doenças são determinadas por outras leis ou regulamentos.
As normas penais em branco são classificadas em: a) normas penais em branco homogêneas (em sentido amplo); e, b) normas penais em branco heterogêneas (em sentido estrito).
Normas penais em branco homogêneas (em sentido amplo) são aquelas cujo complemento é oriundo da mesma fonte legislativa que editou a norma penal incriminadora. Há, pois, homogeneidade das fontes (Congresso Nacional), não obstante a norma dependa de lei extrapenal para completar-se.
São exemplos, de normas penais em branco homogêneas o art. 237 do CP, e o art. 184 do CP, cujo complemento encontra-se contido em lei civil.
Normas penais em branco heterogêneas são aquelas cujo complemento é oriundo de fonte legislativa diversa daquela que editou a norma penal incriminadora. A norma complementadora é oriunda de outra instância legislativa. Há, portanto, diversificação quanto ao órgão de elaboração.
São exemplos de normas penais em branco heterogêneas o art. 268 do CP, que necessita de editais ou portarias expedidas pelo Poder Público Municipal ou Estadual para esclarecer quais são as “determinações do Poder Público”; o art. 28 da Lei 11.343/2006, cuja compreensão depende de portaria da ANVISA, bem como o art. 269 do CP, cuja relação de doenças é determinada por outras leis e, sobretudo, por regulamentos do Ministério da Saúde.
Indaga-se: as normas penais em branco heterogêneas violam o princípio da legalidade? Tem prevalecido o entendimento de que não, pois a norma penal já prevê o núcleo essencial da conduta.
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