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slide unidade I Psicologia Aplicada à Enfermagem

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Autora: Profa. Adriana Regina Marques de Souza Pelissari
Psicologia Aplicada 
à Enfermagem
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Professora conteudista: Adriana Regina Marques de Souza Pelissari 
Adriana Regina Marques de Souza Pelissari é graduada em Pedagogia pela PUC‑Campinas – Pontifícia Universidade 
Católica de Campinas, fez especialização em Psicopedagogia Operatória, mestrado em Psicologia, Desenvolvimento 
Humano e Educação e doutorado em Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação na Unicamp – Universidade 
Estadual de Campinas. Desde 2001 é professora na UNIP – Universidade Paulista, na qual leciona nos cursos de 
Pedagogia e Enfermagem e coordena o curso de Pedagogia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto ‑ São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑006/11, ISSN 1517‑9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Amanda Casale
 Elaine Pires
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Sumário
Psicologia Aplicada à Enfermagem
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA 
 A ENFERMAGEM .............................................................................................................................................. 11
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA ............................................................................................... 11
2.1 A Psicologia na modernidade .......................................................................................................... 14
3 PESQUISAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO – SÉCULOS XIX E XX ............................ 16
4 A PSICOLOGIA NO SÉCULO XX ................................................................................................................... 21
4.1 Behavorismo ........................................................................................................................................... 22
4.2 Teoria cognitiva ..................................................................................................................................... 23
4.3 Teoria sociointeracionista ou sociocultural ............................................................................... 26
4.4 Fundamentações teóricas com base psicanalítica e psicossocial ..................................... 27
4.5 Formação do vínculo .......................................................................................................................... 33
Unidade II
5 AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO, EMOCIONAL E SOCIAL 
 DAS CRIANÇAS DE ZERO A 12 ANOS ...................................................................................................... 37
6 DESENVOLVIMENTO NEONATAL ................................................................................................................ 38
6.1 Desenvolvimento físico‑motor, psicossocial e cognitivo das crianças de dois 
 a seis anos ............................................................................................................................................... 48
6.2 Desenvolvimento físico‑motor, cognitivo e psicossocial da criança de seis 
 a 12 anos ................................................................................................................................................. 56
Unidade III
7 DESENVOLVIMENTO: ADOLESCÊNCIA, VIDA ADULTA E VELHICE ................................................. 73
7.1 O desenvolvimento na adolescência e a puberdade .............................................................. 73
7.2 Fases da adolescência ......................................................................................................................... 77
7.3 A vida adulta e o processo de amadurecimento ..................................................................... 84
7.3.1 A vida adulta jovem ............................................................................................................................... 85
7.3.2 A idade adulta .......................................................................................................................................... 86
7.3.3 Vida adulta tardia ou segunda vida adulta .................................................................................. 88
7.3.4 Velhice ......................................................................................................................................................... 91
8 MORTE ................................................................................................................................................................. 96
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APRESENTAÇÃO
Caros alunos, a disciplina Psicologia Aplicada à Enfermagem tem como objetivo levar você, futuro 
profissional, ao conhecimento dos conceitos básicos da Psicologia, que envolvem concepções do 
desenvolvimento humano e temas relacionados ao conhecimento psicológico, que lhes serão úteis 
no cotidiano.
Sendo a Psicologia a ciência que estuda o comportamento, a mente do ser humano traz em si 
uma abrangência teórica necessária para o conhecimento que é percorrido pelo ser humano desde a 
concepção do sujeito até ao longo de toda sua vida.
O campo da Psicologia é muito abrangente, e aqui nos limitaremos a apresentar alguns autores 
e concepções teóricas que favoreçam a compreensão do desenvolvimento humano nas áreas 
afetivo‑emocional, cognitiva, física e social.
Desse modo, a compreensão desses estudos abrangerão o desenvolvimento relacionado às interações 
que cada sujeito realiza com o meio em que vive, o que inclui sua socialização primária com familiares 
e a socialização secundáriacom instituições.
Nessa abordagem será visível a compreensão de possíveis prevenções e ajustes de quadros 
psicopatológicos, prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e, 
consequentemente, favorecimento do bem‑estar da população.
Esta disciplina tem como objetivo geral:
• a compreensão dos fenômenos e processos psicológicos básicos do desenvolvimento humano ao 
longo do ciclo vital e dos inter‑relacionamentos entre as esferas física, cognitiva, psicossocial e 
em diferentes contextos socioculturais.
Já como objetivos específicos a disciplina apresenta os seguintes:
• identificar e caracterizar relações entre contextos e processos psicológicos/comportamentais nas 
diferentes fases do desenvolvimento humano;
• identificar, descrever e explicar os processos de mudanças físicas e psicossociais ocorridos na 
infância, adolescência, vida adulta e velhice;
• identificar e descrever os processos de perdas e aquisições e os processos de luto envolvidos na 
infância, adolescência, idade adulta e velhice;
• articular o conhecimento científico com a realidade cotidiana.
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Este livro‑texto tem como principal objetivo ser o material didático que facilita a compreensão dos 
conteúdos e dá suporte às aulas, uma vez que o material tem uma linguagem de fácil compreensão 
para os alunos e utiliza os termos necessários para a formação do profissional de enfermagem com a 
utilização de termos técnicos bem explicados.
O texto inicia com uma introdução a respeito do desenvolvimento humano e depois parte para o 
histórico da Psicologia, da Antiguidade até os contextos dos dias atuais, o que caracterizou essa ciência 
e suas vertentes que colaboram para a compreensão dos principais conceitos e abordagens psicológicas 
relacionando‑os com a enfermagem.
No trabalho de enfermagem as relações interpessoais são de grande relevância para o sucesso 
dos tratamentos dos pacientes, portanto, se o profissional tem conhecimento do desenvolvimento 
psicológico de seus pacientes e também das formas de seus comportamentos, bem como conhecimento 
da personalidade, distúrbios e ganhos ou perdas que se estabelecem nas relações entre paciente e 
enfermeiro, tudo isso facilitará e colaborará na administração do tratamento e prevenção da saúde e 
bem‑estar dos pacientes.
Depois, será apresentado o desenvolvimento intelectual, motor, emocional, sexual e social na 
perspectiva de diferentes autores, bem como as diferentes etapas do desenvolvimento da vida, desde o 
nascimento até a velhice apresentando a importância do meio como o principal fator para a resolução 
de conflitos e saúde.
Esta disciplina não tem como objetivo se aprofundar nos temas e desenvolvimentos estudados, uma 
vez que, além de ser inviável pelo tempo que temos disponível, também não seria conveniente, pois 
fugiria da proposta para a compreensão de tal formação aqui apresentada. Sendo assim, a disciplina 
leva cada um dos alunos à reflexão de sua área de formação até as áreas e conceitos da Psicologia do 
desenvolvimento que favoreçam a melhor atuação e compreensão dos pacientes e do ser humano de 
um modo geral.
INTRODUÇÃO
Esta disciplina que atua no saber sobre a Psicologia busca estudar o desenvolvimento do ser humano 
nos seguintes aspectos: físico‑motor, intelectual, afetivo‑emocional e social, desde o nascimento até a 
idade adulta.
Sendo assim, é de extrema importância esse conhecimento para o curso de enfermagem, pois o 
desenvolvimento humano retrata o desenvolvimento mental e o crescimento orgânico. O desenvolvimento 
mental ocorre de maneira contínua e vai se aperfeiçoando ao longo da vida, a cada etapa se solidifica a 
partir do desenvolvimento das estruturas mentais, que também vão se desenvolvendo.
Essa disciplina também se mostra importante no curso de Enfermagem por fazer com que cada aluno 
conheça as características específicas de cada período da vida e nas diferentes áreas de desenvolvimento, 
o que favorece ao profissional da saúde atuar de modo a intervir de forma mais consistente e preventiva 
com seus pacientes.
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O profissional da saúde compreenderá melhor quem é o paciente em sua totalidade, como o paciente 
se comporta, suas ações e reações diante da sua realidade e segundo sua faixa etária. Também há a 
compreensão de que, para que haja um desenvolvimento saudável, alguns fatores influenciam, como o 
crescimento orgânico, a maturação, a hereditariedade e o ambiente.
O crescimento orgânico refere‑se ao aspecto físico, ao desenvolvimento do organismo humano, 
estatura e estruturas. A maturação neurofisiológica é o amadurecimento de estruturas físicas que 
determinam o padrão e a possibilidade do comportamento humano.
A hereditariedade refere‑se a questões genéticas que favorecem o potencial do indivíduo, esses 
aspectos poderão ou não ser desenvolvidos, pois as relações que a criança vai estabelecer com o 
meio implicarão e muito em tal desenvolvimento. Ou seja, a criança nasce com o potencial para o 
desenvolvimento de sua inteligência, capacidades, porém, dependendo das condições do meio em que 
se encontra, ela desenvolverá mais ou menos capacidades em determinadas áreas.
O ambiente ou o meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais – alteram os padrões 
de comportamento do indivíduo.
Aspectos do desenvolvimento humano
• Aspecto físico‑motor: refere‑se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Ex.: 
criança que leva a chupeta à boca.
• Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: a criança de dois anos que usa 
um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel.
• Aspecto afetivo‑emocional: é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A 
sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: a vergonha que sentimos em algumas situações.
• Aspecto social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras 
pessoas. Ex.: quando em um grupo há uma criança que permanece sozinha.
Não é possível encontrar um exemplo “puro” porque todos esses aspectos se relacionam 
permanentemente.
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PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Unidade I
1 A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA 
A ENFERMAGEM
Estudar a Psicologia na área da Enfermagem faz‑se necessário para que os profissionais da saúde 
tenham conhecimento do sujeito como um todo, desde a sua concepção até a terceira idade, considerando 
os aspectos afetivos, emocionais, físicos, cognitivos e sociais, o que dá a visão do desenvolvimento 
integral de cada pessoa.
Esses estudos são relevantes uma vez que abrangem aspectos do desenvolvimento humano que 
ocorrem devido à hereditariedade e também por causa da influencia ambiental. Tais estudos de cunho 
psicológico trazem em sua essência uma história que fundamenta a Psicologia como ciência.
Toda ciência exige um objeto de estudo, um campo de estudo, uma linguagem rigorosa, uma 
metodologia, objetividade e ser passível de comprovação.
Podemos dizer que a Psicologia científica tem como objeto de estudo a mente humana, o 
comportamento da mente humana. Traz como campo de estudo a humanidade. Apresenta várias teorias 
com linguagens rigorosas, objetivas. Mas isso não foi sempre assim. Portanto, para compreendercomo 
a Psicologia se estabelece como ciência, há a necessidade de compreendermos melhor a história da 
Psicologia.
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA
A história da Psicologia tem sua base na Antiguidade, na filosofia grega. Naquela época alguns 
homens tentaram compreender o homem em relação aos seus aspectos interiores, e é nesse momento 
que surge a primeira tentativa de pensar de forma sistemática os aspectos da alma, psyché, e da razão, 
logos, do homem. Essas palavras dão origem ao termo Psicologia, que significa “estudo da alma”, que 
quer dizer estudar os sentimentos, as sensações, desejos, percepções e pensamentos dos seres humanos.
 Observação
Definição de Psicologia: ciência que trata dos estados e processos 
mentais, do comportamento do ser humano e de suas interações com um 
ambiente físico e social.
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Unidade I
Em destaque a esses estudos os filósofos que vieram antes de Sócrates tinham como preocupação 
delimitar a relação das percepções do homem frente ao mundo, firmando que a existência do mundo 
passava pela percepção do homem.
Depois dos filósofos pré‑socráticos se apresenta o próprio Sócrates, que afirma que a característica 
que define a humanidade é a razão. A razão diferencia o homem do animal, levando‑o a ser superior 
por apresentar características que se sobrepõem aos instintos dos animais. A razão se apresenta como 
essencial à vida humana, dando vazão a posteriores estudos da filosofia sistemática.
Após Sócrates, temos como representante da filosofia Platão. Platão (427‑347 a.C.) foi discípulo de 
Sócrates, firmando a existência da razão, mas buscando um lugar para a sua existência, ou seja, um 
lugar para a alma do homem, o lugar em que existissem os sentidos, as percepções e o pensamento. 
Platão então define corpo como o lugar que a alma ocupava por ligação da medula, porém, essa alma 
era separada do corpo quando a pessoa morria, ficando livre para ocupar um novo espaço, um novo 
corpo. Essa abordagem de Platão é a base da teoria de que a alma é imortal. Em sequência aos estudos 
voltados para as questões da alma e do corpo se destaca Aristóteles. Este, discípulo de Platão, defende a 
ideia que a alma e o corpo são indissociáveis e que sem a alma não há vida para nenhuma das espécies, 
pois ela é responsável pelas sensações, percepções e até mesmo pela razão, portanto, para cada espécie 
de ser vivo apresentava‑se uma alma com sua diferenciação segundo sua espécie.
Figura 1 – Aristóteles
Sócrates, Platão e Aristóteles foram pensadores da Idade Antiga. Posterior a esse período surge um 
novo império que inaugura a Idade Média. Nesse império, em decorrência do fortalecimento do sistema 
feudal, em que os donos das terras eram os que possuíam poder econômico, político e social, a visão de 
mundo se centra também nas mãos desses senhores, os donos das terras. Tendo como o maior senhor 
feudal o Clero, toda a visão de mundo desse período se baseia na perspectiva teocêntrica, o que significa 
Deus no centro de todas as coisas. Inaugura‑se, por volta de 400 d.C., a era Cristã.
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PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
O cristianismo se fortalece no território europeu como a religião predominante também em poder 
econômico, político e social, trazendo grandes influências na construção de valores e na visão de 
conhecimento de mundo das diferentes áreas, inclusive nos estudos referentes ao psiquismo.
Tanto que, ao nos referir a questões voltadas à Psicologia, podemos dizer que os estudos dessa época 
eram bem limitados em relação à mente, à alma e a questões racionais, e que nesse período se destacam 
como pensadores dois grandes filósofos, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Santo Agostinho
Santo Agostinho, influenciado pelos escritos de Platão, trazia em suas explicações que a alma era 
imortal, a sede da razão, dos pensamentos, das ideias, expressão divina no homem e parte constituinte 
no ser humano responsável por ligar o homem a Deus.
São Tomás de Aquino
Para São Tomás de Aquino a relação entre Deus e o homem se encontra na perspectiva de Aristóteles 
sobre a diferença entre essência e existência. Na essência do homem há a necessidade de buscar sua 
existência. Com isso, Santo Agostinho afirma que somente em Deus haveria o encontro da essência e da 
existência, portanto, essa busca seria a busca de Deus. Em síntese, a necessidade que o homem tem de 
buscar a perfeição seria, na visão agostiniana, a necessidade de encontrar a Deus. Com essas afirmações 
a igreja se mantem justificando suas ideias e respondendo pelas verdades, ditas absolutas, a respeito do 
psiquismo humano.
Somente após as mudanças radicais que começaram a ocorrer na sociedade, fortalecendo 
o mercantilismo e favorecendo o enriquecimento da burguesia, um novo modelo de sistema surge 
na Europa, o capitalismo. Tal sistema inaugura uma nova estruturação econômica, política e, em 
consequência, social. Nessa nova organização o homem passa a ser valorizado, e os estudos sobre o 
conhecimento da humanidade sofrem um grande avanço, dando abertura para o desenvolvimento 
científico com o estabelecimento de métodos que justificam a construção do conhecimento.
Nesse contexto, René Descartes, em meados do século XVI, se destaca com seus apontamentos sobre 
as questões da alma e do corpo. Para ele o homem possui um corpo, que seria sua substância material, 
e também uma alma, seu pensamento, seu espírito. Ambos, corpo e alma, são indissociáveis, pois um 
corpo sem alma (mente) seria apenas uma máquina. Os estudos sobre essas dualidades se aprofundam 
gerando muitas especulações sobre o corpo, possibilitando melhores fundamentações científicas para 
as áreas da fisiologia, anatomia e também para a psicologia.
A psicologia científica passa a ter um avanço considerável no século XIX, pois o novo sistema mundial 
– efervescência do sistema capitalista – desencadeia um novo sistema econômico, político e social que 
intervém diretamente no desenvolvimento das ciências. Tanto para explicar a nova ordem social vigente, 
como para sanar problemas existentes e até mesmo trazer inovações sociais. Essa marca do sistema 
capitalista quebra o monopólio do sistema feudal tanto em relação aos fatores econômicos como na 
visão de um mundo centrado na religiosidade.
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Unidade I
Os dogmas da Igreja passam a ser questionados, e o racionalismo se torna evidente a ponto de 
vislumbrar a construção do conhecimento da humanidade e provocar avanços significativos a respeito 
da máquina – o corpo – principalmente em relação ao funcionamento da mente, que se torna, nesse 
contexto, responsável pelos pensamentos e ações dos homens. Homens que não só desenvolveram 
a máquina, como também passam a ser vistos como seres pensantes. Daí a necessidade de estudos 
voltados para a compreensão dessa capacidade humana.
 Lembrete
A Psicologia recebe o status de ciência a partir do seu desligamento da 
Filosofia. No início do século XIX, estudiosos e pesquisadores buscam novos 
padrões para a produção do conhecimento humano.
2.1 A Psicologia na modernidade
No contexto da modernidade muitos são os estudos e estudiosos científicos que se destacam 
tentando compreender o psiquismo. Dentre os estudiosos da Psicologia moderna, século XIX, se 
destacam Wund, Weber e Fechener, na Alemanha, Tichner, entre os ingleses, e William James, entre os 
estudiosos americanos. Estes se tornam os grandes difusores dessa ciência, que nãose limita apenas 
em bases filosóficas, mas determina seu objeto de estudo, seu campo de estudo, os métodos a serem 
estudados e as teorias que justificam os conhecimentos dessa ciência. Já as teorias que se evidenciam 
são o funcionalismo, o estruturalismo e o associacionismo.
O funcionalismo
Como representante do funcionalismo temos o americano William James (1842‑1910).
O funcionalismo científico busca explicação sobre o que os homens fazem e por que fazem. Segundo 
Bock (2000, p. 41), “para responder a isto, W. James elege a consciência como centro de suas preocupações e 
busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar‑se ao meio”.
Nos escritos de James o que se torna evidente é a preocupação com a função do psiquismo a partir 
da interação com o ambiente. Nesse contexto ele se preocupa com a adaptação do ser humano ao 
ambiente, enfatizando que a consciência tem como função levar cada ser humano à sobrevivência.
O estruturalismo
O estruturalismo na psicologia tem como representante Edward Tichner (1867‑1927), que busca 
estudar a natureza das experiências conscientes elementares para determinar sua estrutura por meio da 
verificação das partes que a formam. Sua base é o estudo da consciência, assim como no funcionalismo, 
porém, o que o diferencia é a tentativa de entender e explicar as estruturas biológicas, o sistema nervoso 
central como eixo estruturante para o funcionamento da consciência e de todas as outras coisas que os 
seres humanos são capazes de fazer, pensar, sentir e perceber.
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PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
O método utilizado no estruturalismo é a observação e entendia que cada experiência era individual, 
firmando assim que os conhecimentos eram estritamente experimentais.
O associacionismo
O associacionismo apresenta Edward L. Torndike (1874‑1949) como representante. Essa teoria 
traz as primeiras tentativas de compreender as aprendizagens humanas e como se utilizavam desse 
conhecimento.
A palavra associacionismo demostra a origem da teoria, ou seja, a busca em compreender como 
se dá a associação das ideias dos seres humanos defendendo que essas ideias são associadas das mais 
simples para as mais complexas. Desse modo, para ter a aquisição do mais difícil, primeiramente o 
sujeito deve aprender o mais simples e, posteriormente, compreender as ideias mais complexas.
Torndike também elaborou a Lei do Efeito, que é usada pela Psicologia behaviorista. Essa lei diz que 
todo comportamento de um ser vivo tende a se repetir se for recompensado e a não se repetir se for 
castigado. O comportamento adquirido tende a se associar com outros parecidos.
Essa abordagem trouxe grande influência para a educação no Brasil, porém, o que até hoje temos 
como referência na psicologia são as linhas teóricas que surgiram em meados do século XX. Mas, antes 
de estudar as tendências psicológicas que influenciaram o desenvolvimento humano no século XXI, há 
alguns conceitos a serem vistos, estes necessários para a melhor compreensão das teorias, pois apontam 
aspectos que provocam mudanças que são específicas e comuns a todos os seres humanos.
Comecemos por estudar os fatores biológicos e os fatores ambientais que são influentes no 
desenvolvimento humano.
Essa discussão é antiga, advinda da filosofia, trazendo bases para a psicologia. De modo geral, 
quando tratamos da questão biológica nos referimos às questões hereditárias, inatas, internas, em que 
cada sujeito nasce e pode desenvolver. Enquanto os fatores ambientais consideram que o ambiente e as 
experiências são as bases para o desenvolvimento humano.
O conhecimento vindo da filosofia antiga de que as ideias são inatas não desapareceu totalmente 
com a modernidade e indica certa limitação ao desenvolvimento, ao mesmo tempo que os fatores 
biológicos indicam que todos os seres humanos trazem em sua natureza uma programação genética 
que será amadurecida, favorecendo as mudanças corporais, hormonais, musculares, ósseas e físicas com 
sequência básica e necessária para todas as crianças da mesma idade, esse processo de mudança foi 
chamado de maturação.
A maturação ocorre em uma sequência contínua e genérica, podendo ocorrer independentemente 
de práticas e treinamento e ser ou não influenciada por experiências. Quando há acordo de que o sujeito 
se desenvolve a partir de interações com o seu meio físico e social, podemos dizer que o desenvolvimento 
depende de fatores ambientais, e não somente de biológicos.
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Unidade I
Desse modo, os dois conceitos – biológico e ambiental – vão favorecer o entendimento sobre a 
sequência do desenvolvimento humano, e, com isso, as teorias psicológicas dos séculos XX e XXI se 
pautam nessas perspectivas para melhor explicar o desenvolvimento.
3 PESQUISAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO – SÉCULOS XIX E XX
Para maior compreensão do desenvolvimento humano pesquisas têm se desenvolvido com grande 
intensidade desde o século XIX. A história descrita por Itard a respeito de Victor trouxe grande contribuição 
para o desenvolvimento dessa área específica da psicologia, pois esse caso levou pesquisadores a se 
interessarem pelo desenvolvimento da criança e, logo em seguida, pelos estudos sobre o ciclo vital.
Veja a história de Victor:
Victor de Aveyron (1788‑1828) era uma criança selvagem que foi encontrada na França em 1798. 
Victor foi adotado pelo francês Jean Marc Gaspard Itard, um educador. Essa história deu ao cineasta 
francês François Truffaut a inspiração para o filme O garoto selvagem (1969).
 Saiba mais
Para saber mais sobre o tema, assista ao filme:
O GAROTO Selvagem. Dir. François Truffaut. França: Les Films du Carrose/
Artistes Auteurs Associés, 1969. 85 minutos.
Em 8 de janeiro de 1799 surge nos bosques próximos ao povoado de Aveyron, no sul da França, uma 
criatura desconhecida um tanto estranha. Com o andar em posição ereta, se assemelhava mais a um 
animal do que a um ser humano, mas, logo de imediato, esse sujeito foi identificado como um menino 
de uns onze ou doze anos. Ele emitia somente grunhidos estridentes e parecia desconhecer e necessitar 
do sentido de higiene pessoal, fazia suas necessidades onde e quando lhe convinha. Foi levado para a 
polícia local e, mais tarde, para um orfanato próximo.
A princípio fugia constantemente e era difícil voltar a pegá‑lo. Não queria vestir‑se e nem se deixava 
vestir, rasgava as roupas quando lhes punham.
O menino foi submetido a um exame médico detalhado no qual não se encontrou nenhuma 
anormalidade importante. Quando foi colocado diante de um espelho, parece que viu sua imagem sem 
se reconhecer. Em uma ocasião tratou de alcançar por meio do espelho uma batata que havia visto 
refletida nele (de fato, a batata era segurada por alguém atrás de sua cabeça). Depois de inúmeras 
tentativas, e sem voltar a cabeça, colheu a batata por cima de seu ombro. Um sacerdote que observava 
o menino diariamente descreveu esse incidente da seguinte forma:
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Todos estes pequenos detalhes, e muitos outros que poderiam aludir, 
demonstram que este menino não carece totalmente de inteligência, nem 
de capacidade de reflexão e raciocínio. Contudo, nos vemos obrigados 
a reconhecer que, em todos os aspectos que não têm a ver com as 
necessidades naturais ou a satisfação dos apetites, se percebe nele um 
comportamento puramente animal. Se possui sensações nãodesembocam 
em nenhuma ideia. Nem sequer pode comparar umas às outras. Poderia 
pensar‑se que não existe conexão entre sua alma ou sua mente e seu 
corpo (SHATTUCK, 1980, p. 69.)
Depois o menino foi enviado a Paris, onde ocorreram tentativas sistemáticas de transformá‑lo “de 
besta em humano”. Philippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria moderna, o diagnosticou como 
“acometido de idiotia” e, portanto, não suscetível à socialização e à instrução. Em 1800 Itard passou a 
estudá‑lo, pois acreditava que seria possível educá‑lo. O esforço resultou só parcialmente satisfatório. 
Aprendeu a utilizar o banheiro, aceitou usar roupas e aprendeu a se vestir sozinho. No entanto, não lhe 
interessavam nem as brincadeiras nem os jogos e nunca foi capaz de articular mais que um reduzido 
número de palavras. Até onde sabemos pelas detalhadas descrições de seu comportamento e suas 
reações, a questão não era a de que fosse retardado mental. Parece que ou não desejava dominar 
totalmente a fala humana ou que era incapaz de fazê‑lo.
Embora Itard tenha usado da disciplina e das relações sensoriais de causa e efeito para educar o 
menino, desconsiderou as emoções. Quem deu ao garoto um tratamento mais humano foi Madame 
Guérin, a governanta que cuidou de Victor. O contato de ambos permitiu o pequeno desenvolvimento 
do garoto. Com o tempo fez progressos e morreu em 1828, quando tinha por volta de quarenta anos.
Essa história teve tanta divulgação e interesse por parte dos cientistas que, ao findar o século XIX, 
muitas tendências de estudos científicos se inclinavam para o estudo do desenvolvimento. Os estudos 
desse período giravam em torno do caso de Victor em debates a respeito do desenvolvimento em 
relação à concepção da natureza versus experiência, isso significa investigações interessadas em estudar 
as características inatas versus a influência do meio para o desenvolvimento do ser humano.
Com esses estudos as contribuições foram inúmeras para o desenvolvimento infantil, como exemplo 
temos a descoberta dos germes e da imunização, para que muitas crianças pudessem sobreviver. Esse 
período também registra a diferença entre os diferentes períodos da vida, o que leva ao estabelecimento 
de leis que passam a proteger as crianças da ida antecipada ao mercado de trabalho. A educação passa a 
evidenciar maior preocupação com as necessidades das crianças, tanto em casa como nas escolas. Assim, 
a psicologia trouxe melhor compreensão da criança em relação à continuidade de seu desenvolvimento.
A afirmação de que o desenvolvimento é contínuo, saído do período da infância para a adolescência, 
se estabelece no início do século XX, portanto, é relativamente nova. E mais novos ainda são os estudos 
sobre o envelhecimento que foram ocorrendo quando os cientistas, em meados de 1930, período 
pós‑guerra, começaram a questionar a importância do período da adolescência e do tornar‑se adulto, o 
que gerou o conteúdo dos estudos do desenvolvimento do ciclo vital.
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Unidade I
Ao nos referir ao ciclo vital, há a necessidade de trazer à luz estruturas do cientista Paul B. Baltes 
(1997‑1998), que define e estuda três conteúdos para uma melhor explicação do desenvolvimento do 
ciclo vital, e esses conteúdos são: o desenvolvimento vitalício, o desenvolvimento depende de história, 
do contexto, e o desenvolvimento é multidimensional e multidirecional.
O desenvolvimento vitalício vai dizer que o período atual de uma vida é determinado pelos 
fatos ocorridos anteriormente, e o que ocorre no período atual afetará o desenvolvimento futuro. Esse 
conteúdo também diz que cada pessoa tem características próprias e a mesma importância. Define que 
todos somos diferentes, porém com valores iguais, ninguém é melhor que ninguém.
O desenvolvimento depende da história e do contexto, demonstra que a realidade de circunstâncias 
que cada indivíduo se desenvolve é totalmente diferente a de outros indivíduos, as condições de tempo 
e lugar se diferenciam até mesmo em indivíduos que se desenvolvem em contextos bem parecidos, 
como é o caso de gêmeos. Essa realidade de vivência individual demonstra que cada pessoa influencia e 
é influenciada pelo seu ambiente físico e social.
O ambiente é multidimensional e multidirecional. Essa perspectiva do desenvolvimento apresenta 
a visão de equilíbrio entre o crescimento e o declínio do desenvolvimento.
As atuais pesquisas sobre o desenvolvimento humano incorrem no campo da pesquisa científica com 
concepções objetivas que permitem melhor explicação e fundamentação dos conteúdos dessa natureza.
Portanto, assim como nas demais ciências, a psicologia do desenvolvimento apresenta os quatro 
objetivos de estudos científicos necessários para a melhor compreensão do desenvolvimento humano. Os 
quatro campos de estudo são a descrição, a explicação, a predição e a modificação do comportamento. 
Segundo Papalia:
descrição é uma tentativa de retratar o comportamento com precisão. 
Explicação é a revelação das possíveis causas do comportamento. Predição 
é prever o desenvolvimento futuro com base no desenvolvimento pregresso 
ou presente. Modificação é a intervenção para promover o desenvolvimento 
ideal (PAPALIA, 2006, p. 50).
Para a autora esses quatro objetivos operam juntos no desenvolvimento favorecendo a compreensão 
das ações e colaborando para que cada indivíduo compreenda melhor as transições que ocorrem ao 
longo de sua vida.
Para os enfermeiros isso pode levá‑los a ajudar os pacientes a compreender e a lidar melhor com 
as fases que eles estão atravessando, fases que podem ser de perdas ou de enfrentamento de uma 
doença incurável.
Além desses quatro objetivos da ciência objetiva os cientistas estudiosos do desenvolvimento 
humano apresentam dois tipos de mudanças que ocorrem nesse processo. Essas mudanças são de 
ordem quantitativa e qualitativa. As mudanças quantitativas são as que apresentam idade, altura, peso, 
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medida, aumento de vocabulário e de comunicação, ou seja, o que pode ser medido ou contado. Já 
as mudanças qualitativas vão além das quantidades, dizem respeito à qualidade do desenvolvimento, 
como a compreensão não verbal, as relações que se estabelecem e o desenvolvimento da personalidade.
Porém, esses estudos não são simples, pois incorre em estudar as mudanças, a estabilidade dos 
diferentes períodos de desenvolvimento, falar sobre o que é comum e o que diferencia as pessoas e 
quais os fatores que vão ocorrendo nessas modificações, tanto em ordem física, cognitiva, emocional e 
psicossocial. As ocorrências do desenvolvimento físico se estabelecem com o crescimento do corpo e do 
cérebro, das capacidades sensoriais motoras e da saúde. Portanto, o conhecimento desse desenvolvimento 
é de extrema importância para aqueles que vão atuar na área da saúde, pois, sabendo do padrão de 
desenvolvimento da normalidade, o desvio desse padrão indica anormalidade ou patologia, o que pode 
ser prevenido ou diagnosticado precocemente para que sejam feitas intervenções que colaborem com o 
desenvolvimento do sujeito em questão. Já ao falarmos de mudanças e estabilidades de ordem cognitiva, 
nos referimos ao desenvolvimento da atenção, memória, aprendizagem, linguagem, pensamento, 
criatividade e desenvolvimento moral.
O desenvolvimento psicossocial se estabelece pelas modificações sociais e da personalidade de cada 
indivíduo, o que gera grande influência na percepção que o sujeito tem de si mesmo, no autoconceito, 
na avaliação que ele faz de si, na autoestima, nas capacidades de realização em ordem profissional eaté 
mesmo social.
Embora os três aspectos – físico, cognitivo e psicossocial – sejam apresentados e até mesmo estudados 
separadamente, eles estão interligados e se subdividem em períodos, o que nos leva a apresentar aqui 
oito períodos, geralmente aceitos nas sociedades ocidentais industriais. Esses períodos se dividem por 
faixa etária e segundo os desenvolvimentos físico, cognitivo e psicossocial.
Quadro 1 – Principais desenvolvimentos típicos do ciclo vital
Faixa etária Desenvolvimentos físicos Desenvolvimentos cognitivos
Desenvolvimentos 
psicossociais
Período pré-natal 
(da concepção ao 
nascimento)
Ocorre a concepção.
A dotação genética 
interage com as influências 
ambientais desde o início. 
Formam‑se as estruturas e 
os órgãos corporais básicos. 
Inicia‑se o crescimento 
cerebral. O crescimento 
físico é o mais rápido 
de todo o ciclo vital. O 
feto ouve e responde a 
estímulos sensórios.
A vulnerabilidade a influências 
ambientais é grande.
A capacidade de aprender 
e lembrar estão presentes 
durante a etapa fetal.
O feto responde à voz da 
mãe e desenvolve uma 
preferência por ela.
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Unidade I
Primeira infância 
(nascimento aos três 
anos)
Todos os sentidos 
funcionam no nascimento 
em graus variados.
O cérebro aumenta 
de complexidade e é 
altamente sensível à 
influência ambiental.
O crescimento e o 
desenvolvimento físico 
das habilidades motoras 
são rápidos.
As capacidades de aprender 
e lembrar estão presentes, 
mesmo nas primeiras 
semanas. O uso de símbolos 
e a capacidade de resolver 
problemas desenvolvem‑se 
ao final do segundo ano 
de vida.
A compreensão e o uso da 
linguagem desenvolvem‑se 
rapidamente.
Desenvolve‑se um apego a 
pais e a outras pessoas.
Desenvolve‑se a 
autoconsciência.
Ocorre uma mudança 
da dependência para a 
autonomia.
Aumenta o interesse por 
outras crianças.
Segunda infância (dos 
três aos seis anos)
O crescimento é constante; 
o corpo fica mais delgado 
e as proporções mais 
semelhantes às de 
um adulto.
O apetite diminui e os 
problemas de sono 
são comuns.
A preferência pelo uso de 
uma das mãos aparece; as 
habilidades motoras finas e 
gerais e a força aumentam.
O pensamento é um 
pouco egocêntrico, mas a 
compreensão do ponto 
de vista das outras 
pessoas aumenta.
A imaturidade cognitiva 
leva algumas ideias 
ilógicas sobre o mundo. 
A memória e a linguagem 
se aperfeiçoam.
A inteligência torna‑se 
mais previsível.
O autoconceito e a 
compreensão das emoções 
tornam‑se mais complexos; 
a autoestima é global.
Aumentam a 
independência, a iniciativa, 
o autocontrole e os 
cuidados consigo mesmo.
Desenvolve‑se a identidade 
de gênero.
O brincar torna‑se mais 
imaginativo, mais complexo 
e mais social. Altruísmo, 
agressão e temores 
são comuns.
A família ainda é o foco da 
vida social, mas as outras 
crianças tornam‑se mais 
importantes.
Frequentar a pré‑escola 
é comum.
Terceira infância (dos 
6 aos 11 anos)
O crescimento diminui.
Força e habilidades 
atléticas aumentam.
Doenças respiratórias 
são comuns, mas a saúde 
geralmente é melhor do que 
em qualquer outro período 
do ciclo vital.
O egocentrismo diminui. As 
crianças começam a pensar 
com lógica, mas de maneira 
concreta.
As habilidades de memória 
e linguagem aumentam.
Os desenvolvimentos 
cognitivos permitem que as 
crianças beneficiem‑se com 
a educação escolar.
Algumas crianças apresentam 
necessidades e talentos 
educacionais especiais.
O autoconceito torna‑se 
mais complexo, 
influenciando a autoestima. 
A corregulação reflete a 
transferência gradual de 
controle dos pais para a 
criança.
Os amigos assumem 
importância central.
Adolescência (dos 11 
aos aproximadamente 
20 anos)
O crescimento físico e 
outras mudanças são 
rápidos e profundos.
Ocorre maturidade 
reprodutiva.
Questões comportamentais, 
como transtornos 
alimentares e abuso de 
drogas, trazem importantes 
riscos à saúde. 
Desenvolve‑se a capacidade 
de pensar em termos 
abstratos e utilizar o 
raciocínio científico.
O pensamento imaturo 
persiste em algumas 
atitudes e em alguns 
comportamentos.
A educação se concentra na 
preparação para a faculdade 
ou para a vida profissional.
Busca de identidade, 
incluindo a identidade 
sexual, torna‑se central.
Relacionamentos com os 
pais são em geral bons.
Os grupos de amigos 
ajudam a desenvolver e 
testar o autoconceito, mas 
também podem exercer 
uma influência antissocial.
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Jovem adulto (dos 20 
aos 40 anos)
A condição física atinge o 
máximo, depois 
diminui ligeiramente.
As escolhas de estilo de vida 
influenciam a saúde.
As capacidades cognitivas 
e os julgamentos 
morais assumem maior 
complexidade.
Escolhas educacionais e 
profissionais são feitas.
Os traços e estilos de 
personalidade tornam‑se 
relativamente estáveis, 
mas as mudanças na 
personalidade podem ser 
influenciadas pelas etapas e 
pelos eventos da vida.
Tomam‑se decisões sobre os 
relacionamentos íntimos e 
os estilos de vida pessoais.
A maioria das pessoas 
casa‑se e tem filhos.
Meia idade (40 aos 65 
anos)
Pode ocorrer alguma 
deterioração das 
capacidades sensoriais, 
da saúde, do vigor e da 
destreza. Para as mulheres, 
chega a menopausa.
A maioria das capacidades 
mentais atinge o máximo; 
a perícia e as capacidades 
de resolução de problemas 
práticos são acentuadas.
O rendimento criativo pode 
diminuir, mas melhorar em 
qualidade. Para alguns, o 
êxito na carreira e o sucesso 
financeiro alcançam o 
máximo; para outros, pode 
ocorrer esgotamento total 
ou mudança profissional.
O senso de identidade 
continua se desenvolvendo; 
pode ocorrer uma transição 
de meia‑idade estressante.
A dupla responsabilidade de 
cuidar dos filhos e dos pais 
idosos pode causar estresse.
A saída dos filhos deixa o 
ninho vazio.
Terceira idade (65 
anos em diante)
A maioria das pessoas é 
saudável e ativa, embora 
a saúde e as capacidades 
físicas diminuam um pouco.
O tempo de reação mais 
lento afeta alguns aspectos 
do funcionamento.
A maioria das pessoas é 
mentalmente alerta. Embora 
a inteligência e a memória 
possam se deteriorar em 
algumas áreas, a maioria 
das pessoas encontra 
formas de compensação.
A aposentadoria pode 
oferecer novas opções para 
a utilização do tempo.
As pessoas precisam 
enfrentar as perdas pessoais 
e a morte iminente.
Os relacionamentos com 
a família e com os amigos 
íntimos pode oferecer apoio 
importante. A busca de 
significado na vida assume 
importância central.
Fonte: Papalia (2001, p. 52).
Além do quadro apresentado faz‑se necessário apresentar a psicologia no século XX com as principais 
abordagens teóricas que nos ajudam a compreender melhor todas as mudanças que ocorreram nos 
diferentes períodos.
4 A PSICOLOGIA NO SÉCULO XX
A psicologia no século XX, assim como a psicologia do século XIX, apresenta inclinações psicológicas 
que nos ajudam a compreender melhor o desenvolvimento humano e suas aprendizagens, essas 
tendências são: behaviorista, cognitivista, sociointeracionista, psicanalista e psicossocial.
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Unidade I
 Lembrete
A Psicologia no século XX traz grandes contribuições para os estudos 
da psicologiano século XXI e para a melhor compreensão do se humano 
no século vigente.
4.1 Behavorismo
A abordagem behaviorista nos ajuda a compreender melhor o desenvolvimento comportamental de 
cada sujeito, como o próprio nome diz, behavior, que na tradução do inglês para o português significa 
comportamento. Essa abordagem tem como representante B. F. Skinner (1904‑1990), que apresenta 
como principais conceitos da teoria o condicionamento operante, o reforço, a punição e a extinção do 
comportamento.
Segundo Boyd e Bee (2011), o condicionamento operante leva a criança a aprender a repetir ou 
acessar comportamentos advindos das causas de suas consequências. Esse conceito deixa claro que o 
aprender acontece pelo repetir.
O conceito de reforço se define como qualquer coisa que acontece depois de um comportamento 
que faz com que ele se repita. Tal reforço pode ser positivo ou negativo.
Reforço positivo – algo agradável que ocorre depois de um comportamento e leva a aumentar a 
ocorrência do comportamento. Exemplo: quando o aluno recebe parabéns de seu professor por ter tido 
um bom comportamento, a criança recebe uma carinha feliz por ter feito a lição de casa ou até mesmo 
qualquer tipo de elogio recebido por um comportamento realizado.
Reforço negativo – nesse caso o sujeito realiza um comportamento que também será repetitivo na 
intenção de favorecer que algo desagradável desapareça. Exemplo: tomar um comprimido para que a 
dor de cabeça desapareça.
Os reforços positivos e negativos ocorrem no cotidiano na educação familiar, na escola e em 
diferentes contextos sociais. O importante aqui a ser destacado é que a cada vez que um comportamento 
é reforçado ele também aumenta em ocorrência.
A punição contrária ao reforçamento será qualquer coisa que aconteça após um comportamento 
que o faz parar. As punições são desagradáveis e geram dor e angústia. Exemplo: quando uma criança 
coloca o dedo na tomada e leva um choque, logo ela não colocará mais o dedo em outras tomadas 
devido à sensação que sentiu. Nem sempre a punição retira somente o comportamento desagradável, 
às vezes envolve eliminar coisas agradáveis, como diminuir o tempo de brincadeiras para fortalecer 
outro comportamento.
Outro conceito é o de extinção, neste sempre se deseja a retirada gradual de um comportamento por 
meio de um reforço. Exemplo: quando um pai consegue eliminar o comportamento indesejável de seu 
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PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
filho por não dar atenção ao comportamento apresentado. Outro exemplo é quando a criança faz uma 
birra e se joga no chão. Se o pai ignora tal comportamento seu filho percebe que não há recompensa 
em realizar aquele comportamento, assim esse comportamento cessa.
4.2 Teoria cognitiva
Jean Piaget
Figura 2 – Piaget
As teorias cognitivas enfatizam os aspectos mentais do desenvolvimento, esses aspectos envolvem o 
raciocínio, a memória, habilidades motoras, a lógica, a atenção, a capacidade de imaginar e a construção 
do pensamento. Todos os desenvolvimentos ocorrem devido à interação do sujeito com o meio que ele 
está envolvido.
O teórico que se destaca nessa perspectiva é Jean Piaget (1896‑1980). Piaget era biólogo, mas 
dedicou‑se aos estudos da epistemologia genética e desenvolvimento do pensamento lógico nas 
crianças porque queria entender como se dá a construção do conhecimento e, para tanto, nada melhor 
que estudar onde esse conhecimento nasce.
Para Piaget a construção do conhecimento se dá na interação do sujeito com o meio em que está 
inserido, pois a cada interação os sujeitos desenvolvem conflitos que desencadeiam na necessidade de 
soluções. Essa busca, motivação, leva a novos conhecimentos.
Para melhor entender o desenvolvimento cognitivo, é necessária a compreensão de alguns conceitos 
estudados por Piaget:
• Hereditariedade – todo se humano herda estruturas que são necessárias à construção de seus 
conhecimentos, essas estruturas são as físicas, neurológicas, os reflexos e o modus operandi.
• Reflexo – os reflexos são necessários pois eles mostram como cada sujeito irá conhecer o mundo 
e desenvolver as estruturas mais complexas.
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Unidade I
• Modus operandi é a forma de funcionamento do sistema cognitivo.
• Esquema – estrutura cognitiva que permite a realização de uma ação ou a sequência de ações 
para determinado fim.
• Ação – ações motoras que vão se constituindo a partir da interação do sujeito com o meio.
• Operação – são as ações em pensamento.
• Assimilação – através da interação com o meio o sujeito recebe o novo conteúdo, objeto, e o 
coloca, assimila, em conteúdos antigos que já existem, não precisando sofrer modificação para 
receber o novo.
• Acomodação – contrária à assimilação, a acomodação exige uma modificação interna para a 
recepção do novo. Não há modificação do objeto, mas sim do sujeito.
• Adaptação – a adaptação traz consigo duas invariantes funcionais: assimilação e acomodação. 
Ocorrendo esses dois processos se dá a adaptação, ou seja, diante de uma situação o sujeito se 
modifica, e o objeto também se modifica para que seja adaptado. A melhor forma de definir 
adaptação é dizer que o sujeito se sente confortável diante da situação que não era conhecida. 
Com isso ocorreu um novo aprendizado.
• Conflito – desequilíbrio.
• Equilíbrio – posição estável.
• Equilibração majorante – sair de um estado menor de conhecimento para um estado de 
maior conhecimento.
Por que é necessária a compreensão desses conceitos?
Porque eles nos explicam como ocorre a construção do conhecimento.
Veja:
Um sujeito se encontra em uma posição estável com seu reflexo de sucção ao nascer. Porém, 
ao lhe ser introduzido um elemento na boca, objeto, ele imediatamente assimila, ou seja, realiza 
o reflexo que já tem, mas somente com o que ele tem não consegue realizar a ação completa, 
então ele precisa se modificar, abrir ou fechar mais a boca, colocar a língua na posição correta 
(acomodação) para realizar o movimento adequadamente. Nesse momento, devido à introdução 
de um elemento novo, o organismo se desequilibra (conflito) e busca se modificar para novamente 
chegar a um estado de equilíbrio.
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Ao conseguir realizar a ação, a criança deixa de utilizar reflexos, constrói um novo conhecimento e 
se adapta, ou seja, sai de um estágio menor de conhecimento – utilização dos reflexos – para um estágio 
maior de conhecimento – a ação de sugar.
A capacidade de adaptação ocorre em todas as construções de conhecimento, porém, a cada 
construção há modificações do sujeito, e as grandes modificações, denominadas abstrações, levam a 
mudanças de fase ou estágio.
Assim, Piaget se dedica a compreender os estágios em que ocorreram essas grandes modificações. 
Ao se dedicar aos estudos desde o nascimento da criança, se admira ao perceber que todas elas 
passam pelos mesmos níveis de pensamento, estabelecendo os três grandes níveis e quatro estágios 
do desenvolvimento do pensamento lógico. Esses estágios são os chamados estágio sensório‑motor, 
pré‑operatório e operatório. O último se divide em dois estágios: operatório concreto e estágio 
operatório formal.
Estágio sensório-motor – 0-2 anos
Nesse estágio o bebê conhece o mundo pelos seus sentidos e habilidades motoras.
Estágio pré-operatório – 2-6 anos
Esse período se inicia com o uso dos símbolos, a capacidade de brincar com o faz de contase 
a linguagem. A criança utiliza os números, letras e outros símbolos para representar o mundo. Tal 
representação acontece a partir da visão da sua realidade e perspectiva própria.
Nesse período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem. Como 
decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se acelera. A interação 
e a comunicação entre os indivíduos são as consequências mais evidentes da linguagem. Um dos mais 
relevantes é o respeito que a criança nutre pelos indivíduos que julga superiores a ela. Nesse período, a 
maturação neurofisiológica completa‑se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a 
coordenação motora fina (pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente 
e conseguir fazer os delicados movimentos exigidos pela escrita).
Estágio operatório concreto – 6-12 anos
No estágio das operações concretas a criança realiza ações em pensamento (operações) com base em 
situações lógicas concretas. Esse estágio se utiliza dos símbolos nas formas convencionais e da lógica. 
Nessa idade a criança está pronta para iniciar um processo de aprendizagem sistemática. A criança 
adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores 
morais. A grupalização com o sexo oposto diminui. A criança, que no início do período ainda considerava 
bastante as opiniões e as ideias dos adultos, no final passa a enfrentá‑los.
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Unidade I
Estágio operatório formal – 12 anos em diante
Nesse estágio já estamos falando dos adolescentes, para Piaget é o último estágio do desenvolvimento 
da lógica, no qual o sujeito é capaz de lidar e manipular abstrações, ideias e hipóteses.
As ideias de Piaget serão a base para explicar o desenvolvimento cognitivo em cada fase do 
desenvolvimento mais adiante. O adolescente nesse período é capaz de lidar com conceitos como 
liberdade, justiça etc. É capaz de tirar conclusões de puras hipóteses. O alvo de sua reflexão é a sociedade, 
sempre analisada como possível de ser reformada e transformada. No aspecto afetivo, o adolescente 
vive conflitos.
Na perspectiva da construção do conhecimento encontramos também L. S. Vygotsky.
4.3 Teoria sociointeracionista ou sociocultural
Na perspectiva de Vygotsky, a teoria sociointeracionista vai dizer que somos seres que apresentam 
capacidades de realizar ações complexas, superiores e inferiores. É essa capacidade de realizar ações 
superiores que nos diferencia dos animais, pois nos permite pensar, relacionar, memorizar, evocar, 
perceber, elaborar e classificar, enquanto as capacidades cognitivas inferiores ou elementares permitem 
a realização de ações reflexas, automatizadas, simples e motoras, que nem sempre são aprendidas, mas 
que já fazem parte da filogêneses do ser humano.
As capacidades complexas – superiores – se desenvolvem segundo as interações que o sujeito 
vai tendo em seu ambiente social. Sendo assim, as aprendizagens e novas habilidades cognitivas se 
originam na interação da criança com outra criança, da criança com os adultos e dos adultos com os 
outros adultos. A interação de um sujeito que tem determinada habilidade com aquele que ainda não a 
possui colabora para a construção e aprendizado por parte daquele que conhecerá novas possibilidades, 
habilidades e conceitos com o outro.
Os conceitos que colaboram para as questões educacionais e do desenvolvimento humano 
são os conceitos de desenvolvimento proximal, andaime, aprendizagem e desenvolvimento. Zona 
de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real e aquilo que ela 
já sabe ou que está próximo a aprender. Andaime é quando um adulto ou pessoa mais experiente 
orienta as experiências de aprendizagem a serem desenvolvidas pela criança em situação de aprendiz. 
Aprendizagem e desenvolvimento tratam da aprendizagem orientada para o desenvolvimento, por isso, 
ao aprender algo novo a criança se desenvolve.
Nessa concepção há a evidência da necessidade da interação com o meio para a aprendizagem e assim 
para o desenvolvimento, pois é nesse ambiente que o professor intervirá na zona de desenvolvimento 
proximal de seus alunos, propiciando andaimes para as descobertas das crianças e para a construção de 
novas aprendizagens. São os conceitos de andaime e zona de desenvolvimento proximal que na teoria 
sociointeracionista explicam o desenvolvimento cognitivo.
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4.4 Fundamentações teóricas com base psicanalítica e psicossocial
Psicanálise
Figura 3 – Sigmund Freud
A psicanálise também traz grande contribuição para a compreensão do ser humano. Nessa teoria 
de Freud o desenvolvimento afetivo e da personalidade aparece com grande destaque. Freud vai 
compreender os sujeitos a partir de seu inconsciente. Em um primeiro momento ele deixa claro que 
todo sujeito se comporta a partir dos conteúdos que tem em seu inconsciente. E todo sujeito tem 
uma energia interna, a libido, que proporciona o prazer e traz as forças motivadoras para os diferentes 
comportamentos do sujeito. Isso fundamenta a base da personalidade de cada um.
Tratando de personalidade, para Freud esta se apresenta em três partes: o Id, o ego e o superego.
• Id – inteiramente comandado pela libido, prazer inconsciente que impulsiona para realizações 
impulsivas. Opera desde o nascimento da criança com a busca da necessidade de se satisfazer.
• Superego – se desenvolve na segunda infância, aproximadamente nos seis anos, e atua como um 
juiz moral que contém as regras da sociedade.
• Ego – esta parte já de caráter consciente se desenvolve entre os dois ou três anos a partir das regras 
e limites impostos pelo superego, porém, sem violar o id, mantendo o equilíbrio sem conflitar com 
as três partes da personalidade.
Grosso modo, o id manda realizar a ação, o superego proíbe e o ego verifica até que ponto ela deve 
se realizar. Outro conceito importante que caracteriza a psicanálise é a perspectiva psicossexual pois:
[...] muitos dos pacientes de Freud tinham lembranças de desejos e 
comportamentos sexuais na infância. Baseado nas lembranças da infância 
de seus pacientes, Freud propõe uma série de estágios psicossexuais pelos 
quais uma criança passa em uma sequência fixa determinada pela maturação 
(BOYD; BEE, 2011, p. 53).
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Unidade I
Os estágios psicossexuais são definidos pela libido, uma energia psíquica que desencadeia o prazer. 
Freud descobre que a libido está a cada período do desenvolvimento físico e se centra em uma parte 
do corpo, favorece o desenvolvimento afetivo e da personalidade. Assim, ele estabelece cinco fases do 
desenvolvimento psicossexual desde o nascimento.
Vejamos estas fases ou estágios:
1ª Fase – oral
Do nascimento ao primeiro ano a energia, libido, está centrada na boca, lábios e língua. Nesse 
período o desmame é a principal tarefa, exemplificando melhor, a criança sente seu prazer pela boca, 
compreende o mundo por essa região e constrói relação afetiva a partir desse evento, sendo assim, 
como a criança é alimentada, seu mundo e prazer se resumem à mãe ou àquele que a alimenta. Nessa 
fase as crianças têm a necessidade de colocar tudo na boca.
Nesse período, como nos demais, há a necessidade de frustrar, adequadamente, as ações do bebê e, 
dependendo da forma que ocorre essa frustração, ocorre a fixação no adulto em áreas relacionadas a 
esse período,como é o caso de fumar, comer muito, beber, ser passivo etc. A frustração adequada em 
cada período se faz necessária para que neuroses sejam evitadas.
2ª Fase – anal
Esta se dá do primeiro aos, aproximadamente, três anos, tendo como foco a libido no ânus, trazendo 
como principal tarefa para o desenvolvimento o controle dos esfíncteres e o treinamento da higiene. Nessa 
fase se exige perceber a importância que a criança dá a sua produção, fezes, e com isso valorizar suas ações 
em direção ao sucesso e treinamento da higiene. Frustrações inadequadas nesse período podem caracterizar 
fixações de insegurança, excesso de ordem, obstinação ou o contrário, desordem e desorganização.
3ª Fase – fálica
A fase fálica se dá dos três aos seis anos, aproximadamente. A energia libido está centrada nos órgão 
genitais. E é nesse período que a criança busca a identificação com seu genitor do mesmo sexo. Nesse 
momento também ocorre o Complexo de Édipo. Segundo Boyd e Bee:
A ideia mais polêmica de Freud sobre a segunda infância é sua afirmação 
de que as crianças sentem atração sexual pelo genitor do sexo oposto 
durante a fase fálica. Freud foi buscar na literatura grega os nomes para esse 
conflito. Édipo era o personagem masculino que tinha um envolvimento 
romântico com a mãe. Electra era um personagem feminino que tinha um 
relacionamento semelhante com o pai. Assim, para um menino, o complexo 
de Édipo envolve um conflito entre seu afeto pela mãe e seu medo do pai; 
para uma menina, o complexo de Electra contrapõe seu laço com o pai pela 
possível perda do amor da mãe. Em ambos os gêneros o conflito é resolvido 
pelo abandono do desejo de possuir o genitor do sexo oposto em favor da 
identificação com o genitor de mesmo sexo (BOYD; BEE, 2011, p. 53).
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De modo geral, devido à resolução dos conflitos dessa fase, o menino passa a querer ser como seu 
pai, e a menina passa a ter em sua mãe o modelo a ser seguido.
No inconsciente, a menina vai procurar ser como a mãe, e isso revela a intensão de conquistar o 
“pai”; no mesmo contexto, o menino deseja ser como o pai para “conquistar a mãe”. E é nesse momento 
que a criança passa a se identificar com o outro. Nesse contexto de identificações é que Freud vai 
dizer que ocorre a identificação sexual, e as características que podem ser fixadas por essa fase seriam 
vaidade, imprudência, disfunção ou desvio sexual.
4ª Fase – latência
Nessa fase, dos seis aos 12 anos, deve‑se observar que a libido não tem nenhum foco de centração, 
e por essa razão não há também fixações específicas, porém, é um período em que as crianças se 
identificam com os pares do mesmo sexo, desenvolvem atividades voltadas para o aspecto intelectual 
com grande destreza e também mecanismos de defesa.
5ª Fase – genital
Passada a fase de latência, com aproximadamente 12 anos, o foco da energia libido são os genitais, 
por essa razão a principal tarefa do desenvolvimento dessa fase é a realização da intimidade sexual 
madura. Nesse período não encontramos nenhuma característica específica de fixação e, se ocorreu a 
integração dos estágios anteriores, neste acontece um sincero interesse pelo outro e o desenvolvimento 
de uma sexualidade madura.
De modo geral, Freud enfatizou a importância do desenvolvimento na primeira infância e o quanto 
esta influencia no desenvolvimento da personalidade dos sujeitos. A crítica feita à teoria psicanalítica é que 
os desejos sexuais não são tão importantes no desenvolvimento da personalidade quanto Freud enfatiza.
 Saiba mais
Assista ao filme:
FREUD, além da alma. Dir. John Huston. EUA: Universal International 
Pictures, 1962. 140 minutos.
Psicossocial
A Teoria Psicossocial tem como representante Erik Erikson (1902‑1994)
Erik Erikson foi aluno de Freud, portanto, estudou aspectos relacionados ao desenvolvimento da 
personalidade, dando ênfase às questões psicológicas sociais. Também apresenta o desenvolvimento 
psicossocial por meio de oito estágios que se iniciam no nascimento e se prolongam até a terceira idade. 
Cada estágio psicossocial corresponde a um período de idade e apresenta um desafio.
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1º Estágio
Confiança versus desconfiança – de 0 a 1 ano
O desafio dessa idade é desenvolver a percepção de que o mundo é seguro, um lugar bom. E como 
essa sensação se desenvolve? Para Erikson esse é o período em que a criança desenvolve o apego pelos 
cuidadores e, quanto mais apego essa criança desenvolver, mais facilmente entenderá que o mundo 
também é seguro.
Outro fator correspondente a esse período, que implica o desenvolvimento da segurança, se relaciona 
com os cuidados que o bebê recebe do mundo que o cerca. Se os cuidados com a higiene não forem 
adequados, a criança percebe que o mundo a trata com desdém e ela não irá confiar nesse mundo 
instável e hostil.
2º Estágio
Autonomia versus vergonha e dúvida – de 1 a 3 anos
Nesse momento a criança começa a explorar o espaço que a cerca e, por desenvolver e utilizar 
suas novas habilidades, ela encontrará um ambiente de incentivo que lhe permite fazer escolhas ou 
um ambiente que a reprime, cheio de “nãos” por parte dos cuidadores. No ambiente que lhe possibilita 
escolhas ela desenvolverá a autonomia e independência, aprendendo o autocuidado e a realização de 
sua higiene.
3º Estágio
Iniciativa versus culpa – de 3 a 6 anos
As crianças nessa idade desenvolvem novas experiências e são capazes de organizar atividades com 
propósito, o que as leva à compreensão de êxito a partir de atitudes iniciadas. Porém, quando há o 
fracasso, a criança tem condições de lidar com eles compreendendo a sua atitude em cada atividade.
Nesse período Erikson compreende que, devido ao Complexo de Édipo ou de Electra, a criança pode 
se sentir culpada pelo conflito com o progenitor do mesmo sexo. Nessa fase a assertividade toma corpo, 
e a agressividade também.
4º Estágio
Produtividade versus inferioridade – dos 6 anos à adolescência
A produtividade aqui também deve ser compreendida como competência. A criança nessa fase 
é capaz de desenvolver habilidades e ações competentes, o que a torna produtiva. Contrária a essa 
capacidade seria a incompetência para realizar atividades, o que poderá provocar na criança o sentimento 
de inferioridade.
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Nesse estágio as crianças são capazes de ter a compreensão das normas culturais, habilidades sociais, 
capacidade de trabalhar com os outros, utilizar e ter domínio de ferramentas.
5º Estágio
Identidade versus confusão de identidade – adolescência
Com as mudanças no desenvolvimento físico, há a necessidade de se adaptar a esse corpo. O mesmo 
ocorre em relação à busca da identidade, ao quem sou eu.
O adolescente entra em um conflito emocional buscando estabilidade e definições que lhe ajudarão a 
definir sua identidade. Nessa busca ele desenvolve como característica positiva a fidelidade, capacidade 
de fazer escolhas quanto ao futuro e a busca de novos valores.
6º Estágio
Intimidade versus isolamento – início da vida adulta – dos 18 aos 30 anos
Essa fase trata do período em que a pessoa está pronta para viver com o outro em um relacionamento 
amoroso, ou seja, tem a capacidade de desenvolver um relacionamento íntimo que vai além do 
entusiasmo da adolescência.
7º Estágio
Geratividade versus estagnação – dos 30 anos à velhice
O adultovive a fase de que ou produz agora ou ficará parado para o futuro. “Ou faço agora ou não 
farei mais.” Nessa fase da meia‑idade o adulto revive o que fez pensando no que ainda pode fazer, como 
amar, criar os filhos, se realizar profissionalmente, se ocupar e se cuidar. Enfim, ele entende que ainda 
pode fazer e auxiliar os outros.
8º Estágio
Integridade versus desespero – velhice
Estágio marcado pela sabedoria, pois, ao observar a vida que viveu, faz uma avaliação encarando‑a 
como satisfatória. Mas, se foi angustiante e não atingiu seus propósitos, tende a entrar em desespero 
por entender que lhe resta pouco tempo para realizar algumas coisas e há outras que não dá mais para 
fazer, o que leva à angústia e ao desespero.
De modo geral, a Teoria Psicossocial de Erik Erikson colabora para a compreensão do desenvolvimento 
da personalidade e nos ajuda a explicar os diferentes comportamentos do ser humano, pois, para Erikson, 
cada um dos períodos é um período de conflito, crise, que precisa ser superado com equilíbrio e de 
forma satisfatória, pois a má resolução da crise tende a influenciar diretamente na característica da 
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personalidade e o mesmo acontece com a resolução satisfatória. Essa teoria se limita a descrever apenas 
uma crise para cada período.
Essas teorias e outras nos ajudam a compreender melhor o desenvolvimento da criança, do 
adolescente e dos adultos em diferentes contextos. Além delas, vale ressaltar a importância desse 
conhecimento para o trabalho a ser realizado. O diálogo entre o profissional e a pessoa doente será 
fundamental, pois ajudará a amenizar a situação, estimulando a confiança da pessoa no profissional 
bem como a sua autoconfiança.
Assim, não é possível estabelecer o sucesso do tratamento sem antes conhecer a pessoa e o 
diagnóstico das causas que levaram o indivíduo para o tratamento (curativo ou paliativo). É importante 
também conhecer as expectativas da pessoa que receberá o tratamento, seu estado emocional diante 
da doença, seu grau de ansiedade e avaliar que tipo de relação o paciente tem consigo mesmo e com 
os outros.
É necessário que se estabeleça uma relação de confiança e ajuda mútua entre o enfermeiro e o 
paciente para que o ideal do tratamento seja conseguido e para que a pessoa se sinta cuidada.
Sobre o cuidar, vamos entender o que coloca Callanhan:
Cuidar de alguém é dar a ele nosso tempo, atenção, simpatia e qualquer 
ajuda social que possamos prover para tornar a situação suportável, pelo 
menos que nunca leve ao abandono. O cuidado deve sempre ter prioridade 
sobre a cura, pelas razões óbvias: nunca existe uma certeza de que nossas 
doenças possam ser curadas ou de que nossa morte possa ser evitada.
Eventualmente elas podem e devem triunfar. Nossas vitórias sobre a doença 
e a morte são sempre temporárias, mas nossas necessidades de apoio e 
cuidado diante delas são sempre permanentes.
Cuidar exige disponibilidade tanto de quem trata como de quem será tratado. 
Para tanto, vamos entender como se formam as relações entre as pessoas 
por meio do vínculo (CALLANHAN, 1993 apud PESSINI, 2004, p. 168).
 Observação
O enfermeiro em sua profissão deve ter ciência que ele está cuidando, e 
não somente tratando, de um paciente.
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4.5 Formação do vínculo
Figura 4
O sucesso das relações entre as pessoas depende do entrosamento entre elas, e isso só é possível se 
houver um vínculo que garanta o entendimento e a comunicação.
No que se refere ao profissional‑paciente, isso é essencial porque a formação de um vínculo 
consistente dará ao paciente segurança em relação aos procedimentos que o enfermeiro irá realizar.
Há uma tendência de abandono do tratamento caso o paciente não sinta confiança no profissional, e 
isso independe da técnica e da competência do enfermeiro. O primeiro vínculo/apego que o ser humano 
estabelece em sua vida ocorre quando, ao nascer, é recebido por alguém que, além de acolhê‑lo, o 
protege e cuida para que ele possa sobreviver. Segundo alguns estudiosos do comportamento humano, 
todos os vínculos que são estabelecidos no decorrer da vida estão baseados nessa primeira experiência, 
essa vivência primitiva.
Para melhor compreender, vamos às explicações: Aplicada à Fisioterapia
O apego é um vínculo emocional recíproco e duradouro entre um bebê e um 
cuidador, cada um deles contribuindo para a qualidade do relacionamento. 
O apego tem valor adaptativo para os bebês, assegurando que suas 
necessidades psicossociais, bem como físicas, sejam atendidas. Segundo a 
teoria etológica, bebês e pais possuem uma predisposição biológica para se 
ligarem um ao outro (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 245).
O tema é tão importante, conforme os estudos realizados na área, que a qualidade das relações que 
a pessoa estabelece com o mundo posteriormente está baseada nessas primeiras experiências.
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A Teoria do Apego propõe que a segurança do apego influencia a competência emocional, social e 
cognitiva das crianças. A pesquisa tende a confirmar isso. Quanto mais seguro é o apego da criança a um 
cuidador, mais fácil parece ser para a criança posteriormente tornar‑se independente daquele adulto e 
desenvolver boas relações com os outros.
O relacionamento entre o apego no primeiro ano de vida e as características observadas anos depois 
ressaltam a continuidade do desenvolvimento e o inter‑relacionamento dos diversos aspectos do 
desenvolvimento (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 250). É necessário ter atenção para que possamos 
entender necessidades que muitas vezes a pessoa em tratamento apresenta e que não necessariamente 
estão focadas na pessoa do terapeuta.
 Resumo
Esta unidade abrange a importância do estudo da psicologia no curso de Enfermagem, 
apresentando os aspectos históricos da psicologia desde a Antiguidade e dando ênfase à psicologia 
do século XX, que dá subsídios para a compreensão do desenvolvimento humano no século XXI.
Neste estudo destacam‑se algumas linhas teóricas que favorecem a compreensão do 
desenvolvimento humano nos aspectos cognitivo, emocional e social, o que colabora para a 
melhor compreensão do paciente e para a atuação do enfermeiro em seu cotidiano.
O desenvolvimento humano é um processo longo e com mudanças contínuas em que cada 
pessoa vai se desenvolvendo a sua maneira e a seu tempo. É nesse desenvolvimento gradual 
que a história do sujeito vai se estabelecendo e sendo marcada pela infância, adolescência, 
idade adulta jovem, idade adulta média e velhice. Tais fatores do desenvolvimento são 
constantes e comuns, mas o ritmo e a organização – ou formas que se darão cada fator 
ou período desse desenvolvimento – dependerão de experiências individuais. Com isso, 
evidencia‑se que a dimensão do desenvolvimento humano perpassa tanto fatores de ordem 
interna aos indivíduos como fatores que são de ordem externa a estes.
Assim, a compreensão da vida e da história de cada um vai tendo sentido e melhor 
compreensão. Por falar em compreensão, os estudos científicos sobre o desenvolvimento 
humano passaram a ter maior consistência no século XX, trazendo maior compreensão do 
desenvolvimento do homem nas áreas física, cognitiva, social e emocional.
Vários estudos se destacaram, mas, dentre eles, evidenciamos os estudos da teoria 
behaviorista, que enfatiza o comportamento do homem, e a cognitivista, com representação

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