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5- Apostila Quarta

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Profº. Ms. Flawbert Farias Guedes Pinheiro
flawbertguedes@ig.com.br
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RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços é tratada nos arts. 12 a 25 do CDC. Preferiu o legislador distinguir a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17) e a responsabilidade por vício do produto ou serviço (arts. 18 a 21).
DEFEITO OU VÍCIO
O defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor em seu patrimônio jurídico, seja moral e/ou material. Por isso, somente se fala propriamente em acidente, e, no caso, acidente de consumo, na hipótese de defeito, pois é aí que o consumidor é atingido.
O defeito do produto ou serviço (que sempre pressupõe a existência de um vício) expõe o consumidor a risco de dano a sua saúde ou segurança, e dele decorre o acidente de consumo.
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MODALIDADES DE VÍCIOS
• Aparentes: são os de fácil constatação, aparecem no uso ou consumo mais ordinário e comum do produto. Por exemplo: uma cafeteira que não esquenta, com fio desencapado; uma geladeira que não gela; TV sem som; entre outros.
• Ocultos: são aqueles que só aparecem após algum tempo ou muito tempo após o uso. Por não serem de fácil acesso ao consumidor, não podem ser detectados com o uso ordinário. Por exemplo: a metragem errada de um apartamento ou defeitos de construção.
TIPOS DE PRODUTOS
• Não duráveis: são aqueles que se esgotam com o uso ordinário. Por exemplo: alimentos, medicamentos, preservativos.
• Duráveis: são os que se prestam a diversos usos, não se esgotam facilmente. Por exemplo: eletrodomésticos, veículos, roupas.
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PRAZOS PARA RECLAMAÇÕES (GARANTIAS LEGAIS – ART. 26 do C.D.C.)
 30 DIAS – Fornecimento de produtos não duráveis. Exs. Alimentos, medicamentos etc.
 90 DIAS – Duráveis. Exs. Móveis, eletrodomésticos, roupas, veículos etc.
 05 ANOS - Em caso de acidente de consumo (defeito).
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RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO
A responsabilidade pelo fato ou defeito do produto está disciplinada no art. 12 do CDC.O caput do art. 12 explicita quem são os responsáveis pela reparação dos danos. Ao invés de utilizar o vocábulo fornecedor, preferiu o legislador inserir rol taxativo dos responsáveis, quais sejam fabricante, construtor, importador e produtor, alcançando a todos da cadeia produtiva. 
Há três tipos de fornecedores:
a) Fornecedor real: compreendendo o fabricante, produtor e construtor;
b) Fornecedor presumido: assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura;
c) Fornecedor aparente: aquele que apõe seu nome ou marca no produto final.
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO COMERCIANTE
O comerciante também pode ser responsabilizado pelo fato do produto, na forma do art. 13 do CDC, ressaltando-se que este deverá indenizar o consumidor sempre que não puder ser identificado ou quando não houver identificação do fornecedor (fabricante, construtor, produtor ou importador), ou, ainda, na hipótese de o comerciante não conservar adequadamente o produto.
Importante notar que nestes casos o comerciante que arca com a indenização terá o direito de regresso em face do causador do dano, devendo o comerciante demonstrar a culpa do fornecedor no evento danoso para ter os prejuízos ressarcidos.
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PRODUTO DEFEITUOSO (Art. 12, parágrafo 1º do CDC)
É possível classificar o defeito do produto da seguinte forma:
a) Defeito de criação ou concepção: o defeito está na fórmula do produto, sendo resultado tanto da escolha inadequada do material utilizado pelo fornecedor quanto do projeto tecnológico;
b) Defeito de produção: é o defeito decorrente da falha instalada no processo produtivo e está presente na fabricação, montagem ou construção no acondicionamento do produto;
c) Defeito de informação ou comercialização: é o defeito que decorre da apresentação ao consumidor, presente na rotulagem e na publicidade. A apresentação do produto inclui todo o processo de informação ao consumidor, incluindo instruções constantes de manuais de instrução para utilização do produto, rótulos e embalagens.
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ÉPOCA EM QUE O PRODUTO FOI COLOCADO EM CIRCULAÇÃO
Interessa saber se o fornecedor ofereceu ao consumidor toda a segurança possível na época em que o produto foi colocado em circulação. Se o produto já apresentava defeito e foi aperfeiçoado pelo fornecedor com o fito de sanar tais defeitos, não há que se falar em incidência do disposto no art. 12, § 2º, em razão de inovação tecnológica, mas adequação de produto defeituoso.
RISCO DE DESENVOLVIMENTO
O risco de desenvolvimento é aquele que não pode ser identificado quando da colocação do produto no mercado em função de uma impossibilidade científica e técnica, somente sendo descoberto depois de algum tempo de uso do produto.
Para que se caracterize o risco de desenvolvimento, o defeito do produto não pode ser perceptível na época de seu lançamento. 
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Deve corresponder a uma impossibilidade absoluta da ciência em perceber o defeito, e não à impossibilidade subjetiva do fornecedor.
Para a doutrina majoritária, os danos advindos dos riscos do desenvolvimento devem ser indenizados pelo fornecedor, posto que o art. 12, § 3º, não exclui expressamente a responsabilidade do fornecedor. Assim, considerando que já existe o defeito no momento da colocação do produto no mercado e inexistindo apenas o conhecimento científico por parte do fornecedor, não há que se falar em exclusão de responsabilidade.
Sérgio Cavalieri Filho trata os riscos de desenvolvimento como fortuito interno (risco integrante da atividade do fornecedor) pelo que não exonerativo da sua responsabilidade.
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RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO
As mesmas considerações feitas na responsabilidade civil pelo fato do produto são aplicáveis para a responsabilidade pelo fato do serviço.
A responsabilidade do fornecedor de serviços também tem por fundamento o dever de segurança.
O serviço será considerado defeituoso sempre que não apresentar a segurança esperada pelo consumidor, levando-se em consideração:
 
 O modo de fornecimento;
 O resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 A época em que foi colocado em circulação.
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Toda vez que o fornecedor de serviços infringir o dever de prestar as informações necessárias e adequadas sobre o serviço inserido no mercado de consumo, deverá ressarcir o consumidor pelos prejuízos por este experimentados.
As excludentes de responsabilidade pelo fato do produto também se aplicam ao fato do serviço. Na forma do § 3º do art. 14 do CDC. É importante salientar que a prova da excludente de responsabilidade é do fornecedor de serviço.
O caso fortuito e a força maior também são considerados excludentes de responsabilidade.
Há também a responsabilidade civil do profissional liberal, conforme a regra do § 4º do art. 14, a qual é adotada a teoria da responsabilidade subjetiva.
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CONSUMIDOR POR EQUIPAÇÃO
O art. 17 do CDC prevê a figura do “consumidor por equiparação”, estendendo a proteção do Código a qualquer pessoa eventualmente atingida por acidente de consumo.
A extensão justifica-se pela potencial gravidade que pode assumir a difusão de um produto ou serviço no mercado. Protege-se, assim, o consumidor direto e o indireto por equiparação.
A equiparação de todas as vítimas do evento aos consumidores, na forma do citado art. 17, justifica-se em função da potencial gravidade que pode atingir o fato do produto ou do serviço.
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VÍCIO DO PRODUTO
O vício do produto o torna impróprio ao consumo, produz a desvalia, a diminuição do valor e frustra a expectativa do consumidor, mas sem coloca-lo em risco.
Cabe esclarecer que não se trata aqui do vício redibitório previsto nos arts. 441 a 446 do CC. A garantia assegurada pelo CDC é bem mais ampla. Enquanto os vícios redibitórios pelo CC dizem respeito aos defeitos ocultos da coisa, os vícios de qualidade ou de quantidade
de bens e serviços podem ser ocultos ou aparentes.
O art. 18 do CDC determina que os responsáveis pela reparação dos vícios dos produtos são todos fornecedores, coobrigados e solidariamente responsáveis. 
Sendo assim, todos os partícipes da cadeia produtiva são considerados responsáveis diretos pelo vício do produto, razão pela qual pode o consumidor escolher qualquer dos partícipes para a reparação do vício do produto ou serviço.
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QUESTÃO A SER DISCUTIDA É SE O COMERCIANTE RESPONDE PELOS VÍCIOS DE QUALIDADE DO PRODUTO. 
Parte expressiva da doutrina e da jurisprudência externa o entendimento de que há responsabilidade do comerciante, tendo em vista a responsabilidade solidária entre todos os fornecedores (Conferir STJ, REsp 142042/RS; Resp 414986/SC, REsp 402356/MA).
Ademais, na cadeia dos coobrigados, o comerciante eventualmente responsabilizado pelos danos causados por vício no produto terá ação de regresso contra o fabricante.
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Dados Gerais
Processo: REsp 142042 RS 1997/0052889-8 
Relator(a): Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR 
Julgamento: 11/11/1997 
Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA 
Publicação: DJ 19.12.1997 p. 67510.
 
Ementa
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDENCIA. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR. - E DE CONSUMO A RELAÇÃO ENTRE O VENDEDOR DE MAQUINA AGRÍCOLA E A COMPRADORA QUE A DESTINA A SUA ATIVIDADE NO CAMPO. - PELO VICIO DE QUALIDADE DO PRODUTO RESPONDEM SOLIDARIAMENTE O FABRICANTE E O REVENDEDOR (ART. 18 DO CDC).
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Dados Gerais
Processo: REsp 414986 SC 2002/0016545-3 
Relator(a): Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO 
Julgamento: 29/11/2002 
Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA 
Publicação: DJ 24.02.2003 p. 226
Ementa
Código de Defesa do Consumidor. Legitimidade passiva. Ação ajuizada com apoio no art. 18, § 6º, I e III, do Código. Responsabilidade solidária.
1. Tratando-se de ação em que se aponta a responsabilidade pela venda de produto com prazo de validade vencido e, ainda, com elemento estranho ao seu conteúdo, existe a cobertura do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor. Por outro lado, o art. 25, § 1º, do mesmo Código estabelece a responsabilidade solidária de todos os que contribuíram para a causação do dano. Não há espaço, portanto, para a alegada violação ao artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor na decisão que afastou a ilegitimidade passiva da empresa ré.
2. Recurso especial não conhecido
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VÍCIO DE QUALIDADE
Sendo constatado o vício do produto, tem o fornecedor o direito de reparar o defeito no prazo máximo de 30 dias (art. 18 do CDC). Caso o vício não seja sanado no prazo legal, pode o consumidor exigir, alternativamente, à sua escolha:
 
 Substituição total ou de parte do produto;
 Restituição da quantia paga;
 Abatimento proporcional do preço.
Vencido o prazo de garantia e persistindo o vício, o consumidor pode:
 
 Exigir a substituição por outro produto;
 Exigir a devolução imediata da quantia paga;
 Pleitear o abatimento do preço.
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A escolha da sanção é do consumidor, que pode optar por qualquer dessas hipóteses sem dar qualquer satisfação ao fornecedor.
O prazo oferecido ao fornecedor para que seja sanado o vício é de 30 (trinta) dias, independentemente de previsão contratual. As partes, todavia, podem convencionar outro prazo, desde que não seja superior a 180 (cento e oitenta) dias e inferior a 7 (sete) dias, sendo certo que esta ampliação ou redução de prazo deve ser convencionada e não imposta ao consumidor.
Prevê, ainda, o § 3º do art. 18 que o consumidor pode exigir a substituição imediata do produto, ou a devolução imediata da quantia paga, ou, ainda, o abatimento do preço, “sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial”.
Destarte, se o produto for essencial ao consumidor, ou se o vício for essencial, o consumidor pode optar diretamente por uma das soluções apontadas no § 1º do art. 18, sem a necessidade de aguardar o fornecedor sanar o vício.
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VÍCIO DE QUANTIDADE DO PRODUTO
O vício de quantidade do produto está disciplinado no art. 19 do CDC.
As sanções para o vício de quantidade estão previstas nos incisos I a IV e § 1º do art. 19 do CDC, cabendo exclusivamente ao consumidor exigir alternativamente:
 O abatimento proporcional do preço;
 A complementação do peso ou medida;
 A substituição do produto por outro da mesma espécie;
 A restituição da quantia paga (atualizada e acrescida de perdas e danos);
 A substituição do produto por outro de espécie, marca ou modelos diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço.
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VÍCIOS DO SERVIÇO
Os vícios do serviço estão previstos no art. 20 do CDC.
Os serviços são considerados viciados sempre que se apresentarem inadequados para os fins que deles se esperam ou não atenderem às normas regulamentares para a prestação de serviço.
Diante do vício de qualidade de serviço, pode o consumidor, alternativamente e à sua escolha, exigir:
 A sua reexecução, sem custo adicional e quando cabível;
 A imediata restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
 
 Abatimento proporcional do preço
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DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
Decadência e prescrição no CDC
A decadência e a prescrição são tratadas no CDC nos arts. 26 e 27. O prazo para reclamar por vício do serviço ou do produto é decadencial; já o prazo para reclamar pelo fato do produto ou do serviço é prescricional.
Saliente-se que os prazos prescricionais e decadenciais no CDC são de ordem pública, por força do art. 1º do mesmo diploma legal, razão pela qual não podem ser alterados pela vontade das partes.
Prazo decadencial – vício do produto ou serviço
O art. 26 do CDC determina que o direito do consumidor para reclamar dos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
a) 30 (trinta) dias, tratando-se de serviço e de produtos não duráveis;
b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
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Tanto para o vício aparente como também para o vício oculto o prazo é decadencial. O que diferencia é o termo inicial para contagem. Os prazos iniciam-se a partir da efetiva entrega do produto ou do término da execução dos serviços.
O legislador consumerista estabeleceu no § 2º do art. 26, duas hipóteses de suspensão de prazo decadencial, constituindo exceção à regra. São elas:
a) reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor, contando a suspensão do prazo da data da reclamação ao fornecedor até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca (art. 26, § 2º, I).
Na hipótese de reclamação do consumidor perante o fornecedor, o prazo decadencial é suspenso, desde a entrega da reclamação, comprovada mediante recibo ou através de notificação judicial ou extrajudicial.
b) a instauração de inquérito civil, até o seu encerramento (art. 26, § 2º, II).
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No que diz respeito à suspensão do prazo decadencial em razão da instauração de inquérito civil, seu fundamento está baseado no fato de que o objetivo do inquérito é de servir como instrumento para obtenção de dados para esclarecimento dos fatos, bem como se estes mesmos fatos infringem ou não norma estabelecida no CDC. Sendo assim, é evidente que a suspensão do prazo decadencial é imprescindível, para que o consumidor não seja lesado.
Prazo prescricional – fato do produto ou do serviço
O prazo prescricional para reclamar o fato do produto ou do serviço é de 5 (cinco) anos, na forma do art. 27 do CDC. Este mesmo diploma legal não estabelece nenhuma hipótese de interrupção ou suspensão dos prazos prescricionais, valendo, portanto, as regras previstas nos arts. 197 a 204 do CC.
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DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar
a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
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As práticas comerciais abrangem as técnicas e os métodos utilizados pelos fornecedores para fomentar a comercialização dos produtos e serviços destinados ao consumidor, bem como os mecanismos de cobrança e serviço de proteção ao crédito.
As práticas comerciais são previstas no Capítulo V do CDC.
A oferta é conceituada pelo CDC no art. 30.
A oferta não terá força obrigatória se não houver veiculação da obrigação. Uma proposta que deixe de chegar ao conhecimento do consumidor não vincula o fornecedor. Em segundo lugar, a oferta (informação ou publicidade) deve ser suficientemente precisa, isto é, o simples exagero (puffing) não obriga o fornecedor. É o caso de expressões exageradas, que não permitem verificação objetiva, como “melhor sabor”, “o mais bonito”.
Agora, qualquer informação ou publicidade veiculada que tornar precisos, por exemplo, os elementos essenciais da compra e venda, o objeto e o preço, será considerada com uma oferta vinculante, faltando apenas a aceitação do consumidor.
TEMA: PRÁTICAS COMERCIAIS (OFERTA)
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A Lei no. 10.962/04, em complemento ao CDC, dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor.
A veiculação ou informe publicitário é parte integrante do contrato e impõe ao fornecedor a obrigação de honrar a oferta.
PRÁTICAS COMERCIAIS (PUBLICIDADE)
A publicidade seria o conjunto de técnicas de ação coletiva utilizadas no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando ou mantendo cliente.
Já a propaganda é definida como o conjunto de técnicas de ação individual utilizadas no sentido de promover a adesão a um dado sistema ideológico.
PRÁTICAS ABUSIVAS
Prática abusiva é a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor, estão previstas no art. 39 do CDC, cujo rol é apenas exemplificativo. 
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PROPAGANDA ENGANOSA
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PROPAGANDA ABUSIVA
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PROPAGANDA ENGANOSA E ABUSIVA
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Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
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VENDA CASADA
Oferta de smartphone válida até 30/06/2014 ou enquanto durarem os estoques, com possibilidade de parcelamento em até 12x com juros mensais de 2,92%. Promoção exclusiva para clientes NET que adquirirem o plano de telefonia móvel no Combo Multi. 
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VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
XI -  Dispositivo  incluído pela MPV  nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso  XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
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XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
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Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
COBRANÇA DE DÍVIDAS
Forma de cobrança de dívidas
Determina o art. 42 que, na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não poderá ser exposto ao ridículo ou a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, caso contrário, ensejará indenização por danos morais.
Repetição do indébito
O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por igual valor ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável (art. 42, parágrafo único).
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 BANCO DE DADOS E CADASTRO 
 DE CONSUMIDORES
O art. 43 da legislação consumerista trata do direito inequívoco do consumidor de acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como das suas respectivas fontes. Este direito coaduna-se com o direito básico à informação estabelecido no art. 6º, inciso III.
O direito de solicitar informações pode ser exercido através do hábeas data, nos termos da Lei no. 9.507/97.
O consumidor tem direito, ainda, ao aviso prévio quanto ao registro ou à inscrição, que deve ser promovido pela entidade que mantém o banco de dados e pelo fornecedor
que envia o nome do consumidor para registro, na forma do § 2º do art. 43.
Diante de uma inscrição indevida é cabível indenização por danos morais. 
As informações negativas podem ser mantidas por, no máximo, 5 (cinco) anos.
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PROTEÇÃO CONTRATUAL
O capítulo VI do CDC cuida da proteção contratual do consumidor. As disposições gerais estão inseridas nos arts. 46 a 50, as cláusulas abusivas estão previstas nos arts. 51 a 53 e os contratos de adesão no art. 54.
DIREITO DE ARREPENDIMENTO
Para proteger o consumidor de uma prática comercial na qual ele não desfruta das melhores condições para decidir sobre a conveniência do negócio, o art. 49 do CDC prevê a hipótese de arrependimento do consumidor toda vez que ocorrer a contratação fora do estabelecimento comercial.
Deve o consumidor, ao exercer o direito de arrependimento, fazê-lo de maneira inequívoca, podendo ser através de carta com aviso de recebimento (AR) ou de manifestação oral presenciada por testemunhas.
Assim, no caso de o consumidor não ter contato direto com o produto no ato da aquisição (internet, catalogo, telefone etc.), a lei lhe concederá um prazo de sete dias para devolução, sendo desnecessário justificar as razões desta.
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GARANTIA CONTRATUAL
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
CONTAGEM DOS PRAZOS LEGAIS
A PARTIR DO MOMENTO EM QUE O DEFEITO SE TORNAR VISÍVEL PARA O CONSUMIDOR.
QUANDO HOUVER GARANTIA DADA PELA LOJA, O PRAZO CONTA A PARTIR DO TÉRMINO DO PRAZO DE GARANTIA.
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CLÁUSULAS CONTRATUAIS ABUSIVAS
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
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IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
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III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
DOS CONTRATOS DE ADESÃO
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
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§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.
§ 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
§ 5° (Vetado).
(...)
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
I - multa;
*
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II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
*
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(...)
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993)
Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 6.9.1993)
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Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

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