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2- Apostila Processo Penal II

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INQUÉRITO POLICIAL
1. Conceito: trata-se de um procedimento administrativo, inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, consistente em um conjunto de diligências, objetivando a colheita de informações quanto à autoria e materialidade delitivas, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
2. Natureza Jurídica: é procedimento administrativo, e não, processo (judicial ou administrativo), uma vez que dele não resulta a aplicação/imposição imediata de uma sanção.
Atenção 1!!! Eventuais vícios constantes do inquérito policial não têm o condão de causar a nulidade do processo. Todavia, importa dizer que tal ressalva não é observada quando o referido vício consistir em uma prova ilícita ou prova derivada da ilícita (ex.: sujeito torturado quando do inquérito policial), devendo, nesse caso, o ato viciado ser desconsiderado, isto é, ser declarado nulo.
3. Finalidade: é a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade do delito.
Atenção 2!!! Elementos de informação x provas:
	Elementos de Informação
	Provas
	a. São aqueles colhidos/produzidos na fase investigatória (inquérito policial); 
	a. É aquilo produzido, em regra, na fase judicial. Tal regra é excepcionada pelas chamadas provas cautelares, antecipadas e não-repetíveis, uma vez que estas podem ser produzidas em qualquer fase da persecução penal (inquérito policial ou ação penal);
	b. Não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa;
	b. É obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa;
	c. O juiz só deve atuar quando provocado, funcionando, pois, como garante das “regras do jogo”. Todavia, em alguns momentos, sua presença é essencial (ex.: determinação de busca e apreensão);
	c. O juiz deve acompanhar a produção da prova, passando o CPP a adotar a partir da reforma legislativa o princípio da identidade física do juiz, segundo o qual, o juiz que acompanhou a instrução deve, pelo menos, em regra, proferir a sentença – artigo 399, §2°, CPP).
	d. Têm por finalidades: auxiliar a formação de convicção do titular da ação penal (opinio delicti) e; subsidiar a decretação de medidas cautelares. 
	
Art. 399, § 2o, CPP. O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Atenção 3!!! Provas Cautelares x Provas Antecipadas x Provas Não-repetíveis:
 - Provas cautelares: são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo. Aqui, o contraditório é diferido, isto é, o contraditório se dá após a produção da prova. Logo, aqui, determina-se a produção da prova sem se dá ciência a parte contrária (exemplo de prova com contraditório diferido: interceptação telefônica). Podem ser produzidas tanto na fase investigatória, como na judicial.
 - Provas antecipadas: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, isto é, o contraditório se dá no momento da produção da prova, perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação urgente e relevante (ex.: testemunha “chave” muito idosa – artigo 225, CPP). Pode ser produzida tanto na fase investigatória, como na judicial.
Art. 225, CPP.  Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
 - Provas não-repetíveis: são aquelas que não têm como ser novamente produzidas, em virtude do desaparecimento da fonte probatória (ex.: exame pericial em crimes cujos vestígios podem desaparecer como é o caso da lesão corporal). Aqui, o contraditório também é diferido. É mais comum a sua ocorrência na fase investigatória, contudo, nada impede que seja produzida na fase judicial.
Atenção 4!!! O advérbio “exclusivamente” previsto no artigo 155 do CPP: elementos informativos isoladamente considerados não podem fundamentar uma condenação. Porém, isto não significa dizer que devem ser completamente desprezados, podendo, pois, somar-se a prova produzida em juízo para formar a convicção do magistrado (RE 425.734).
Art. 155, CPP.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
4. Atribuição para a Presidência do Inquérito Policial: de acordo com grande parte da doutrina, quem preside o IP é a autoridade policial que atua na função de polícia judiciária. Contudo, importa dizer que a referida atribuição é estabelecida de acordo com a competência para julgar o delito. Nesse sentido, no:[1: IP: inquérito policial.]
- crime militar: a. justiça militar da União: oficial das forças armadas, denominado de encarregado;
 b. justiça militar dos Estados: oficial da polícia militar, denominado de encarregado;
- crime “federal”: polícia federal (artigo 144, §1°, I, CF);
- crime eleitoral: em regra, é investigado pela polícia federal. Contudo, o TSE entende que se não há polícia federal na cidade, a polícia civil pode investigar;
- crime comum de competência da justiça estadual: em regra, cabe a polícia civil. Todavia, aqui, a polícia federal também pode, em crimes específicos, investigar, desde que referidos crimes repercutam na esfera interestadual ou internacional, conforme preceitua o artigo 144, §1°, I, “in fine”, CF e a Lei 10.446/02.
Art. 144. § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
5. Características: 
 
5.1. Peça escrita: tudo deve ser reduzido a termo (artigo 9°, CPP). 
Art. 9o, CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Atenção 5!!! Artigo 405, §1°, CPP: apesar do código não ter sido alterado na parte que trata de IP, a parte que regulamenta o procedimento judicial foi modificada, passando a prever a possibilidade de gravação durante a ação penal. Logo, entende a doutrina moderna (Renato Brasileiro, inclusive) que tal regra pode ser estendida ao inquérito policial, tendo em vista que se pode no mais (ação penal, onde se exige o contraditório e a ampla defesa), pode no menos (inquérito policial, onde não se exige a observância dos referidos princípios).
Art. 405, § 1o, CPP. Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
5.2. Peça dispensável: se o titular da ação penal contar com elementos de informação suficientes, a partir de peças de informação distintas, poderá dispensar o IP (artigo 39, § 5°, CPP).
Art. 39, § 5o, CPP. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
5.3. Peça sigilosa: a surpresa é uma característica fundamental do IP(artigo 20, CPP).
Art. 20, CPP.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. (Incluído pela Lei nº 6.900, de 14.4.1981)
Atenção 6!!! O sigilo do IP não se opõe ao Ministério Público, nem ao juiz. A discussão guarda relevância em razão da pessoa do advogado. Nesse caso, o advogado tem direito ao acesso ao IP (artigo 5°, LXIII, CF e artigo 7°, XIV, Lei 8.906/94). Contudo, importa dizer que o advogado somente tem direito ao acesso às diligencias já realizadas e documentadas pela autoridade policial, e não àquelas diligências em andamento ou que ainda serão produzidas (súmula vinculante 14). Em caso de negativa da autoridade policial, cabe reclamação para o STF (ofensa à súmula vinculante), mandado de segurança em nome/em favor do advogado, uma vez que é seu direito líquido e certo que está sendo violado e HC, desde que em razão do crime investigado, o sujeito possa ser preso (S. 693, STF). O HC é impetrado em favor do cliente e não do advogado, uma vez que é o seu direito à liberdade que se encontra ameaçado.[2: S.: súmula]
5.4. Procedimento inquisitorial: não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa.
Atenção 7!!! Inquérito para expulsão de estrangeiro: previsto na Lei 6.815/80, nele, é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa. Contudo, a doutrina diz que não se trata de um IP propriamente dito (Renato Brasileiro, inclusive).
5.5. Procedimento discricionário: o IP é conduzido de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar os rumos das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Logo, os artigos 6° e 7° do CPP trazem apenas um roteiro das diligências que podem ser realizadas.
Art. 6o, CPP. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Art. 7o, CPP. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Atenção 8!!! Discricionário não se confunde com arbitrário, uma vez que naquele a liberdade de atuação ocorre dentro dos limites da lei.
Atenção 9!!! Artigo 14, CPP: essa discricionariedade não tem caráter absoluto, não podendo, pois, ser negada a realização de diligências que guardem relação com o fato deliberado, a exemplo de exame pericial (STJ – HC 69.405).
Art. 14, CPP.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
5.6. Procedimento indisponível: o delegado de polícia pode não instaurar IP, desde que haja justo motivo para tal (ex.: fato não constitui crime, ausência de indícios de autoria e materialidade). Contudo, uma vez instaurado o IP, o delegado não pode arquivá-lo, por si mesmo (artigo 17, CPP). 
Art. 17, CPP.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Atenção 10!!! MP não tem competência para arquivar IP. Logo, em tal caso, deve requerer ao magistrado o referido arquivamento. 
Atenção 11!!! O juiz não pode arquivar inquérito policial de ofício, apenas quando provocado pelo MP, uma vez que este é o destinatário imediato do IP (entendimento não-unânime).
5.7. Procedimento temporário: de acordo com a maioria da doutrina, se o investigado está solto, o prazo de duração do IP pode ser sucessivamente prorrogado. Em regra, estando o suspeito solto, o prazo é de 30 dias e quando preso, o prazo é de 10 dias.
Atenção 12!!! Foi introduzida na CF/88 (EC 45) a garantia da razoável duração do processo (artigo 5°, LXXVIII). Para a maioria da doutrina, referida garantia não abrange apenas a fase judicial, mas também a fase investigatória. Logo, o IP não pode durar por um prazo indeterminado (STJ – HC 96.666). 
6. Formas de Instauração:
6.1. Ação penal pública incondicionada:
A. De ofício: por conta do princípio da obrigatoriedade, tomando conhecimento da prática de um crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada a instaurar o IP. Nesse caso, a peça inaugural é a portaria.
B. Mediante requisição do juiz ou do MP: artigo 5°, II, CPP. Nesse caso, a peça inaugural é a própria requisição.
Atenção 13!!! A doutrina critica o fato da instauração do IP poder ser requisitada pelo juiz, alegando que, nesse caso, a imparcialidade do mesmo é atingida. Logo, para a doutrina moderna, não deve o magistrado requisitar referida instauração, devendo, pois, abrir vista ao MP para que este tome a medida que achar mais conveniente ao caso concreto.
Atenção 14!!! Requisição do MP ilegal, arbitrária ou abusiva: nesse caso, o delegado não está obrigado a instaurar o IP, devendo enviar tal requisição do MP às autoridades correcionais.
C. Mediante requerimento do ofendido ou do seu representante legal: nesse caso, deve o delegado antes de instaurar o IP verificar a procedência da informação. Nesse caso, a peça inaugural é a portaria.
Atenção 15!!! Caso haja o indeferimento do delegado para a instauração do IP, o CPP prevê um recurso para o chefe de polícia (secretário de segurança pública ou delegado geral da polícia civil, nos crimes de competência da justiça estadual e o superintendente da PF, nos crimes de competência da justiça federal). Contudo, na prática, nada impede que o ofendido ou seu representante legal informe o MP do crime sofrido, a fim de que este requisite ao delegado a instauração do IP.
D. Notícia oferecida por qualquer do povo: nesse caso, a peça inaugural também é a portaria, devendo, o delegado antes de instaurar o IP verificar a procedência da informação.
E. Auto de prisão em flagrante:
Atenção 16!!! No CPPM, o próprio auto de prisão em flagrante pode constituir o inquérito, caso não haja necessidade de novas diligências (artigo 27, CPPM).
Atenção 17!!! HC contra instauração de inquérito policial: a autoridade que vai julgar o HC depende da forma como o IP foi instaurado. Logo, se o IP foi instaurado:
- Por portaria ou auto de prisão em flagrante: a autoridade coatora é o delegado, portanto, cabe ao juiz de 1° instância (federal ou estadual) apreciar o HC;
- Por requisição do MP: a autoridade coatora é o promotor de justiça, logo, quem julga o HC é o respectivo Tribunal.
6.1. Ação penal pública condicionada à representação e ação penal privada: nessa hipótese, é obrigatório prévio requerimentoda vítima ou de seu representante legal.
Atenção 18!!! A representação não exige formalismos, logo, basta que a vítima ou seu representante legal dê indícios de que quer instaurar a ação penal.
7. Noticia Criminis: é o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso (o delegado fica sabendo que o crime foi cometido).
7.1. Espécies:
A. De cognição imediata, direta ou espontânea: ocorre quando o delegado toma conhecimento da ocorrência do crime por meio das suas atividades rotineiras.
B. De cognição mediata, indireta ou provocada: ocorre quando o delegado toma conhecimento da ocorrência do crime por meio de um expediente escrito (ex.: requisição do MP).
C. De cognição coercitiva: ocorre quando o delegado toma conhecimento da ocorrência do crime através da apresentação de alguém preso em flagrante.
Atenção 19!!! O preso em flagrante deve ser apresentado à autoridade do lugar em que foi preso, ainda que outra seja a autoridade que tenha atribuição para instaurar o inquérito policial, que, em regra, é a do lugar da prática do crime.
7.2. Delatio criminis: é uma espécie de noticia criminis, caracterizada pela comunicação feita por qualquer do povo.
7.3. Noticia criminis inqualificada: é o mesmo que denúncia anônima (apócrifa). Este tipo de denúncia, por si só, não serve para fundamentar a investigação de um IP, porém, a partir dela pode a polícia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e aí então instaurar o inquérito (STF - HC 99.490, nov. 2010).
INQUÉRITO POLICIAL (continuação)
8. Identificação Criminal:
- Abrange a identificação fotográfica e a identificação datiloscópica (colheita das impressões digitais);
- Antes da CF/88, a realização da identificação criminal era a regra. Contudo, a súmula 568 do STF perdeu sua razão de existir após a entrada em vigor da CF/88;
- Depois da CF/88, a realização de identificação criminal passou a ser a exceção, só podendo ser utilizada nos casos previstos em lei (artigo 5°, LVIII, CF/88).
8.1. Evolução das leis que tratam da identificação criminal:
- Artigo 109, ECA: a identificação criminal poderia ser realizada para efeito de confrontação em casos de dúvida fundada;
- Artigo 5°, Lei 9.034/95 (organizações criminosas): a identificação criminal era realizada independentemente da identificação civil, ou seja, a identificação criminal era obrigatória;
- Lei 10.054/00 (identificação criminal): para o STJ, como o artigo 3°, I, da lei 10.054/00 não ressalvava a ação praticada por organizações criminosas, concluía-se que o artigo 5° da Lei 9.034 tinha sido tacitamente revogado (STJ, RHC 1.965). Importa dizer que tal lei foi revogada em 2009, pela lei 12.037;
- Lei 12.037/09 (identificação criminal): - revogou a lei 10.054/00 (revogação expressa);
 - revogou tacitamente o artigo 109 do ECA e o artigo 5º da lei 9.034/95;
 - a partir de 2009, só se permite a realização de identificação criminal nos casos previstos nesta lei. Logo, entende-se que as leis anteriores não continuam válidas;
 - ao contrário da lei 10.054, a lei 12.037/09 não trouxe previsão da identificação criminal quanto a um rol taxativo de delitos;
 - na hipótese do inciso IV (realização da identificação criminal quando essencial às investigações), a sua prática sempre dependerá de despacho da autoridade judicial;
 - na hipótese de arquivamento do inquérito policial ou de sentença absolutória, o interessado pode requerer a retirada da identificação fotográfica dos autos, mas nunca da identificação datiloscópica (artigo 7º, lei 12.037/09). 
 
9. Incomunicabilidade do Indiciado Preso: 
- Artigo 21 do CPP;
- Incomunicabilidade determinada pelo juiz e pelo prazo máximo de 03 dias;
- Entendimento quase que pacífico na doutrina e na jurisprudência é no sentido de que este artigo não foi recepcionado pela CF/88, ressalvados os posicionamentos de Damásio de Jesus e Vicente Greco Filho;
- O entendimento majoritário se justifica pelo fato de que a CF/88 assegura de maneira expressa a assistência da família e do advogado. Ademais, a CF/88 determina que nem no próprio estado de defesa é possível a incomunicabilidade do preso (artigo 136, § 3°, IV, CF/88);
- O regime disciplinar diferenciado – RDD não caracteriza hipótese de incomunicabilidade, pois o que há aqui, na verdade, não é a incomunicabilidade do preso, mas sim, uma maior rigidez nas visitas (artigo 52, III, LEP).
10. Indiciamento:
10.1. Conceito: indiciar é atribuir a alguém a autoria de uma infração penal.
Atenção 1!!! Nomes que o indivíduo pode adquirir no decorrer de um processo:
suspeito indiciado denunciado ou acusado (durante o processo) condenado ou réu (após o trânsito em julgado da sentença condenatória).
10.2. Requisitos: - presença de elementos de informação quanto à autoria e a materialidade do delito;
 - para os Tribunais, ausente os elementos quanto à autoria e materialidade, é possível a impetração de HC buscando-se o desindiciamento (STJ, HC 43.599). 
10.3. Espécies: 
a) Indiciamento direto: quando o indiciamento é feito na presença do investigado.
 
b) Indiciamento indireto: quando ele é feito na ausência do indiciado.
10.4. Atribuição: o indiciamento é ato privativo da autoridade policial, não podendo, pois, o membro do ministério público indiciar ninguém.
10.5. Quem pode ser indiciado? 
- Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada;
- Exceção à referida regra encontra-se na vedação do indiciamento de membro do MP (artigo 41, da lei 8.625/93 – LOMP) e de membro da magistratura (artigo 33, p.u., da LC 35/79);
- Quanto ao indiciamento de parlamentares (pessoas com foro por prerrogativa de função), importa dizer que, diferentemente dos promotores de justiça e magistrados, eles podem ser indiciados e investigados. Contudo, para que ocorra o indiciamento ou a investigação se faz necessária uma prévia autorização da Casa competente.??????????
11. Conclusão do Inquérito Policial:
11.1. Prazo:
	
	Indiciado Preso
	Indiciado Solto
	CPP
	10 dias
	30 dias 
	Justiça Federal
	15 dias + 15 dias
	30 dias 
	CPPM
	20 dias
	40 dias
	Lei de Drogas
	30 dias + 30 dias
	90 dias + 90 dias
	Crimes contra a Economia Popular
	
10
	
10
	Prisão Temporária de Crimes Hediondos e Equiparados
	
30 dias + 30 dias
	
não se aplica, pois o indiciado deve está preso.
Atenção 2!!! Quanto à prorrogação do prazo para encerramento do inquérito policial, entende-se ser esta possível sempre que o indiciado estiver solto. Assim, estando o indiciado preso, se faz necessária expressa previsão legal.
Atenção 3!!! Natureza do prazo para encerramento do IP: é um prazo de natureza processual, quando o investigado estiver solto. Logo, exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do fim, prorrogando-se para o primeiro dia útil seguinte caso caia em fim de semana ou feriado. Todavia, estando o indiciado preso, há divergências doutrinária, existindo uma corrente que afirma tratar-se de prazo penal (artigo 10, CP), a exemplo de Nucci, e uma outra corrente que afirma tratar-se de prazo processual (a exemplo de Mirabete e Renato Brasileiro). Aqui, não há que se falar em corrente majoritária ou minoritária, visto que são equilibradas.
11.2. Relatório da autoridade policial: - peça de caráter descritivo;
- não deve haver juízo de valor, salvo no caso de inquérito policial que verse sobre crimes previstos na lei de drogas. Nesse caso, o artigo 52, I, da lei 11.343/06 determina que a autoridade policial é obrigada a dar sua opinião sobre a capitulação do delito;
- não é indispensávelpara o início do processo.
11.3. Destinatário dos autos do IP: segundo determinação do CPP, da delegacia, os autos devem ser encaminhados ao poder judiciário, a fim de que este os encaminhe ao ministério público para tomar as providências cabíveis.
Atenção 4!!! Algumas portarias dos Tribunais de Justiça estaduais e a resolução do Conselho da Justiça Federal n°. 63, preveem que da delegacia, os autos devem ser encaminhados diretamente ao MP, salvo se houver necessidade de realização de alguma medida cautelar.
11.4. Providências a serem tomadas após a remessa do IP:
a) Ação penal privada: permanência dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa da vítima (artigo 19, CPP). Contudo, na prática o que normalmente ocorre é o seu envio ao MP.
b) Ação penal pública: abertura de vista ao MP.
11.4.1. Providências que o MP pode tomar ao receber o IP:
- Oferecimento da denúncia;
- Promoção de arquivamento;
- Requisição de diligências, desde que imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
Atenção 5!!! Por conta do poder de requisição que o MP possui, essas diligências podem ser requisitadas diretamente pelo MP à autoridade policial, salvo se houver necessidade de intervenção do poder judiciário. Importa ainda dizer que, se requerida ao poder judiciário e o juiz indeferir o retorno dos autos à delegacia, caberá correição parcial.
- Pedido de declinação de competência;
- Suscitar conflito de competência ou de atribuição;
Atenção 6!!! Declinação de competência x conflito de competência: o conflito de competência ocorre quando há divergência entre dois ou mais órgãos jurisdicionais quanto à competência para processar e julgar o delito. Quem decide o conflito de competência, em regra, é um órgão jurisdicional superior e comum a ambos os suscitantes do conflito. Exemplos:
	Suscitante I
	Suscitante II
	Órgão Julgador
	Juiz estadual de SP (TJ)
	Juiz federal de SP (TRF 3)
	STJ
	STM (STF)
	Juiz federal do RJ (TRF 1)
	STF
	Juiz do JECRIM federal (TR) 
	Juiz federal de MG (TRF)
	TRF (antes, o STJ entendia que a decisão, nesse caso, cabia ao STF, súmula 348. Entretanto, o STF no RE 590.409 entendeu que tal competência cabia ao TRF. Em virtude disso, o STJ editou a súmula 428, passando a prever a competência do TRF nesse caso).
	Juiz do JECRIM estadual (TR)
	Juiz estadual (TJ)
	TJ
Atenção 7!!! Conflito de atribuições: é aquele que se estabelece entra autoridades administrativas, geralmente entre órgãos do MP. Exemplos:
	Suscitante I
	Suscitante II
	Órgão Julgador
	MPE/SP
	MPE/SP
	PGJ/SP
	MPF/SP
	MPF/ES
	Câmara de Coordenação e Revisão do MPF
	MPM/SP
	MPF/SP
	PGR
	MPE/MG
	MPF/MS
	STF (ACO 853)
	MPE/RS
	MPE/SC
	STF (art. 102, I, CF/88 e ACO 889)
12. Arquivamento do IP:
- Em regra, funciona como uma decisão judicial.
Promoção de arquivamento
Decisão judicial
 
 MP Juiz
Atenção 8!!! Também é possível o arquivamento de peças de informação (é todo e qualquer conjunto probatório, resultante de investigação fora do IP) e também do TCO (termo circunstanciado de ocorrência).
12.1. Fundamentos do arquivamento:
- Ausência de pressupostos processuais ou condições da ação;
- Ausência de lastro probatório (justa causa) para o oferecimento da denúncia;
- Manifesta atipicidade formal ou material da conduta delitiva;
- Causa excludente de ilicitude;
- Causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade;
- Causa extintiva de punibilidade. 
12.2. Coisa julgada na decisão de arquivamento:
- Coisa julgada é a decisão jurisdicional contra a qual não cabe mais recurso, podendo ser de duas espécies, a saber: formal (é a imutabilidade da decisão dentro do processo em que foi proferida) e material (é a imutabilidade da decisão fora do processo em que foi proferida);
- O arquivamento, a depender do fundamento pode fazer coisa julgada formal e/ou material, vejamos:
* Ausência de pressupostos processuais ou condições da ação: formal (prova);
* Ausência de lastro probatório (justa causa) para o oferecimento da denúncia): formal (prova);
* Manifesta atipicidade formal ou material da conduta delitiva: formal e material (mérito) – STF, HC 84.156;
* Causa excludente de ilicitude: - formal e material (mérito);
 - formal: o STF no HC 95.211 decidiu que é formal. Entretanto, está em plenário a votação do HC 87.395 para decidir a respeito da matéria;
* Causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade: formal e material (mérito);
* Causa extintiva de punibilidade: formal e material (mérito). 
Atenção 9!!! Quanto à causa extintiva de punibilidade, é importante ter em mente a questão atinente à certidão de óbito falsa. Nesse caso, os Tribunais já decidiram que é perfeitamente possível a reabertura do processo.
INQUÉRITO POLICIAL (continuação)
12. Arquivamento do IP (continuação):
12.3. Desarquivamento do inquérito policial e oferecimento de denúncia:
* Desarquivamento: nos casos em que o arquivamento só faz coisa julgada formal, será possível a reabertura das investigações (desarquivamento do IP) quando houver a notícia de provas novas (artigo 18 do CPP);
* Oferecimento de denúncia: uma vez desarquivado o inquérito policial, será possível o oferecimento de denúncia caso surjam provas novas, ou seja, provas que sejam capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento (Súmula 524, STF e STF, HC 94.869).
Atenção 1!!! A doutrina faz uma distinção entre provas formalmente novas e provas substancialmente novas, dizendo que aquelas são as provas que já eram conhecidas, mas que ganharam nova versão (ex.: uma testemunha que já depôs, acrescenta dados novos ao seu depoimento); enquanto essas são as provas inéditas, ou seja, aquelas que estavam desconhecidas até a decisão de arquivamento.
12.4. Procedimento do arquivamento:
12.4.1. Na justiça estadual:
 concordar (arquivado) Juiz
MP
 não concordar artigo 28, CPP remessa dos autos ao PGJ p/:
promoção de 
arquivamento oferecer denúncia; 
 requerer diligências;
 designar que outro membro ofereça denúncia; 
 concordar com o arquivamento.
Atenção 2!!! Observações sobre o artigo 28 do CPP: - a expressão “designar outro promotor para oferecer denúncia” deixa claro que o promotor que havia pedido o arquivamento não pode ser designado, sob pena de violação a sua independência funcional. Importa ainda dizer que prevalece na doutrina o entendimento de que este outro promotor age como “longa manus” (atua por delegação do PGJ), logo, é obrigado a oferecer a denúncia. Contudo, há doutrinadores (corrente minoritária) que defendem que esse outro promotor pode se recusar a oferecer a denúncia em razão de sua independência funcional (ex.: Denílson Feitosa);
- se o PGJ concordar com o arquivamento, o juiz está obrigado a arquivar o inquérito policial;
- quando o juiz aplica o artigo 28 do CPP, ele atua como fiscal do p. da obrigatoriedade da ação penal pública; 
- esse artigo 28 do CPP consagrou o p. da devolução, segundo o qual se o juiz não concordar com a promoção de arquivamento feita pelo MP deve remeter a decisão final ao PGJ;
- a doutrina critica esse artigo 28 dizendo que ele interfere na imparcialidade do juiz, uma vez que este já emite a sua opinião ao não aceitar o arquivamento.
Atenção 3!!! Promotor do 28: nada mais é do que um promotor que atua diretamente com o PGJ nos casos do artigo 28 do CPP.
12.4.2.Na justiça federal e na justiça comum do DF:
 	
 MPF (procurador da república) MPDFT
 
	
 MPU (ministério público da união)
Atenção 4!!! MPU: é constituído pelo MPF, MPDFT, MPM, MPT (LC 75/93).
Juiz Federal
MPF
 concordar (arquivado) 
 não concordar artigo 62, IV da LC 75/93
 
promoção de remessa dos autos para a Câmara de Coordenação e 
arquivamento Revisão do MPF (2ª Câmara – competência criminal)
 
 PGR (decisão final do arquivamento)
Atenção 5!!! A Câmara de Coordenação e Revisão do MPF se manifesta apenas de forma opinativa, o que significa dizer que, em regra, não cabe a ela a decisão final sobre o arquivamento, mas sim ao PGR (entendimento majoritário). Contudo, nada impede que o PGR delegue à referida Câmara a função de decidir sobre o arquivamento. Nesse caso, ela terá não apenas a função opinativa, mas também a decisória.
12.4.3. Na justiça eleitoral:
Juiz estadual 
(eleitoral)
 MP
 (eleitoral)
 concordar (arquivado)
 não concordar artigo 62, IV da LC 75/93
promoção de 
arquivamento remessa dos autos para a Câmara de 
 Coordenação e Revisão do MPF 
 PGR (decisão final)
Atenção 6!!! Deve-se dá atenção ao artigo 357, § 1°, da Lei 4.737/65 (Código Eleitoral): prevalece o entendimento de que o artigo 357, § 1° do CE foi derrogado pelo artigo 62, IV da LC 75/93. Assim, caso o juiz não concorde com a promoção de arquivamento, deve remeter os autos do inquérito policial à Câmara de Coordenação e Revisão do MPF e não ao Procurador Regional Eleitoral.
12.4.4. Na justiça militar da União:
 não concordar Câmara de Coordenação e Revisão Juiz auditor
MPM
 do MPM (opinativa)
promoção de PGJM (decisão final)
arquivamento concordar remessa ao juiz auditor corregedor 
	
 concordar (arquivado)
remessa ao juiz auditor corregedor	 
 não concordar interpor correição parcial ao
 STM 
 negar provimento (arquivado os autos do IP militar). 
STM 
	dar provimento remessa dos autos para a Câmara de Coordenação e 
 Revisão do STM (opinativa)
PGJM (decisão final)
12.4.5. Nas hipóteses de atribuição originária do PGJ ou PGR: 
Em regra, a decisão de arquivamento é uma decisão judicial. Porém, nas hipóteses de atribuição originária do PGJ e do PGR, trata-se de mera decisão administrativa, sequer sendo necessária a submissão dessa decisão à análise do poder judiciário, salvo na hipótese em que o arquivamento for capaz de fazer coisa julgada material (STF, Inq. 2.341 e 1.443).
Atenção 7!!! Essa hipótese de arquivamento cai muito em concurso da UNB.
12.5. Arquivamento implícito: - ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum corréu, sem se manifestar de maneira expressa quanto ao arquivamento;
- não é admitido pelos Tribunais, que também não admitem, nesse caso, o cabimento de ação penal privada subsidiária da pública;
- exemplo: IP Denúncia
Tício 
155 
Tício 
Mévio
155 
+
171
12.6. Arquivamento indireto: - ocorre quando o promotor se recusa a oferecer denúncia por entender que o juízo não é competente, mas, o juiz não concorda com a manifestação do MP;
- nesse caso, aplica-se, por analogia, o artigo 28 do CPP.
12.7. Arquivamento em crimes de ação penal privada: se é formulado pedido de arquivamento com o conhecimento da autoria, essa manifestação deve ser acolhida como forma de renúncia tácita, com a consequente extinção da punibilidade; no entanto, se a autoria não era conhecida, é perfeitamente possível o pedido de arquivamento do IP.
12.8. Recorribilidade contra a decisão de arquivamento: 
- Em regra, não cabe recurso da decisão que determina o arquivamento, não sendo cabível ação penal privada subsidiária da pública;
- Exceções: - crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública (artigo 7°, Lei 1.521/51): recurso de ofício;
- contravenção penal do jogo do bicho e corrida de cavalo fora do hipódromo (artigo 6°, parágrafo único, Lei 1.508/51): recurso em sentido estrito;
- atribuição originária do PGR: pedido de revisão ao colégio de procuradores;
- se o juiz arquivar de ofício: correição parcial.
12.9. Arquivamento determinado por juízo incompetente: Posições:
* Doutrina: não produz efeitos, sendo possível o oferecimento de denúncia perante o juízo competente (ex.: Eugênio Pacelli);
* Jurisprudência: para os Tribunais, pouco importa se o arquivamento foi determinado por juízo incompetente (STF, HC 94.982). 
13. Trancamento do IP:
- Trata-se de medida de força que acarreta a extinção prematura do procedimento investigatório;
- Medida de natureza excepcional, na medida em que impede o Estado de investigar o crime;
- Hipóteses de cabimento: - manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa;
- presença de causa excludente de punibilidade;
- Instrumento a ser utilizado para o trancamento do IP: HC, desde que seja cominada pena privativa de liberdade para o delito ou o MS, quando não for possível a impetração de HC.
14. Investigação Criminal pelo MP:
	Argumentos Contrários
(deve ser utilizado, por exemplo, no concurso de delegado de polícia)
	Argumentos Favoráveis
(deve ser utilizado, por exemplo, no concurso de promotor de justiça)
	1. Atenta contra o sistema acusatório, pois cria um desequilíbrio entre acusação e defesa;
	1. Não atenta contra o sistema acusatório, pois os elementos colhidos pelo MP deverão ser ratificados perante à autoridade judiciária sob o crivo do contraditório e da ampla defesa;
	2. O MP pode requisitar diligências ou a instauração de IP, mas não pode presidi-lo; 
	2. Teoria dos poderes implícitos: - já começou a ser utilizada pelo STF;
 - surgiu nos EUA em 1819 (MC CLLOCH vs. MARYLAND); 
 - ao conceder uma atividade fim a determinado órgão ou instituição, a CF implícita e simultaneamente também concede a ele todos os meios necessários para atingir esse objetivo;
	3. A atividade investigatória é exclusiva da polícia judiciária;
	3. A atividade investigatória não é exclusiva da polícia (artigo 4°, parágrafo único do CPP);
	4. Não há previsão legal de instrumento para as investigações do MP.
	4. O instrumento que deve ser utilizado é o chamado procedimento investigatório criminal (Res. 13 do CNMP).
Atenção 8!!! Procedimento investigatório criminal (Res. 13 do CNMP): é o instrumento de natureza administrativa – inquisitorial, presidido pelo MP e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, fornecendoelementos para o oferecimento ou não da denúncia. 
Atenção 9!!! Posição da jurisprudência sobre a investigação pelo MP: - STJ: plenamente favorável (S. 234, STJ);
 - STF: em julgamentos mais antigos, o STF já se manifestou contra. Entretanto, atualmente, o STF tem se manifestado favoravelmente (HC 91.661, HC 89.837, HC 94.173, todos julgados a partir de 2009).
15. Controle Externo da Atividade Policial pelo MP:
- Consiste no conjunto de normas que regulam a fiscalização exercida pelo MP em relação à polícia na prevenção, apuração e investigação de fatos delituosos, na preservação dos direitos e garantias dos presos sob custódia policial e na fiscalização de cumprimento de determinações judiciais;
- Decorre do sistema de freios e contrapesos inerentes a um regime democrático;
- Não pressupõe relação de subordinação;
- Pode ser exercido de forma concentrada ou difusa:
	Controle Concentrado da Atividade Policial
	Controle Difuso da Atividade Policial
	1. É aquele exercido por membros do MP com atribuição específica para essa atividade;
	1. É aquele exercido por promotores com atribuição criminal;
	2. Ações de improbidade administrativa (ex.: uso de carro apreendido por policial fora das suas funções);
	2. Verificação de ocorrências policiais;
	3. Ações civis públicas na defesa de interesses difusos (ex.: ação para fechamento de presídios ou transferências de presos);
	3. Verificação de prazos para encerramento do IP;
	4. Recomendações de ajustamento de condutas;
	4. Verificação da qualidade do IP;
	5. Visitas às unidades prisionais.
	5. Verificação de bens apreendidos;
	
	6. Propositura de medidas cautelares. 
Indicação 1!!! Resolução 20 do CNMP.
AÇÃO PENAL
1. Conceito: ação penal é um direito público, subjetivo, de pedir ao estado-juiz a aplicação do direito objetivo a um caso concreto.
2. Fundamento Constitucional: artigo 5º, XXXV da CF/88.
3. Condições da Ação Penal: - apesar do direito de ação ser abstrato, é necessário o preenchimento de certas condições para o seu exercício regular;
- essas condições devem ser analisadas pelo juiz por ocasião do oferecimento da peça acusatória;
- se o juiz verificar a ausência de pelo menos uma das condições da ação, a solução é a rejeição da peça acusatória (art. 395, II do CPP);
- se o juiz verificar a ausência de pelo menos uma das condições durante o andamento do processo, a solução é a aplicação do artigo 267, VI do CPC (aplicação subsidiária do CPC diante da ausência de previsão legal no CPP) que determina a extinção do processo sem julgamento do mérito (posição do professor Paceli). Contudo, importa dizer que outras medidas podem ser tomadas, a exemplo da retificação ou da declaração de nulidade do processo; 
- assim como no processo civil, aqui, também se aplica a chamada teoria da asserção, segundo a qual a presença das condições da ação deve ser analisada pelo juiz com base nos elementos fornecidos na própria peça acusatória, sem a necessidade de aprofundamento probatório;
- as condições da ação penal podem ser de duas espécies, a saber: condições genéricas e condições específicas. Genéricas são aquelas que devem está presentes em toda e qualquer ação penal, enquanto que as condições específicas somente serão necessárias apenas em relação a algumas infrações penais;
- alguns doutrinadores também chamam as condições da ação penal de condições de procedibilidade. Há outros, que utilizam a expressão “condições de procedibilidade” para se referir às condições da ação específicas.
4. Condições Genéricas da Ação Penal: prevalece na doutrina que as condições genéricas correspondem às mesmas condições que devem está presentes no processo civil, acrescidas de mais uma, qual seja, a justa causa. 
4.1. Possibilidade jurídica do pedido: - o pedido deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo;
 - por essa condição, pelo menos em tese, o fato narrado na peça acusatória deve referir-se à conduta típica, ilícita e culpável;
 - o p. da insignificância exclui a tipicidade material do delito. Logo, se o promotor oferece denúncia que deixa clara a idéia que independentemente de qualquer dilação probatória o fato narrado não constitui crime em razão do p. da insignificância, deve o juiz rejeitar a denúncia.
4.2. Legitimidade para agir: - é a pertinência subjetiva da ação;
- no processo penal, o polo ativo da demanda vai ser ocupado pelo ministério público (na ação penal pública) ou pelo ofendido ou seu representante legal (na ação penal de iniciativa privada);
Questão especial de concurso 1!!! Tício e Mévio eram candidatos eleitorais. Durante a propaganda eleitoral, Tício resolve caluniar o Mévio. Mévio não gostando da atitude de Tício, resolve propor uma queixa crime contra o Tício pela prática do crime do artigo 138 do Código Penal. Emita o seu parecer no caso concreto. Resposta: A calúnia quando praticada durante a propaganda eleitoral não é um crime comum, mas sim um crime eleitoral. Em razão disso, a ação penal a ele atribuída é pública incondicionada. Logo, o ofendido não tem legitimidade para propor a ação, cabendo tal legitimidade para agir apenas ao MP. Assim, nesse caso, deve o juiz rejeitar a peça acusatória. 
- no processo penal, o polo passivo da demanda vai ser ocupado pelo provável autor do fato delituoso com mais de 18 anos; 
- a ilegitimidade passiva normalmente depende de dilação probatória, contudo, podem-se citar dois exemplos dessa ilegitimidade que não necessita de provas, a saber: caso de homônimos e quando o juiz, de plano, verifica que foi qualificada como acusado uma testemunha.
Atenção 1!!! Legitimidade da pessoa jurídica no processo penal:
- legitimidade para ocupar o polo ativo (legitimidade para oferecer queixa-crime): é possível que uma pessoa jurídica seja vítima de crime de ação penal privada (ex.: difamação). Logo, tem legitimidade, nesses casos, para propor a ação penal privada. 
- legitimidade para ocupar o polo passivo (legitimidade para figurar como acusado no processo penal): os tribunais têm admitido o oferecimento de denúncia em face de pessoa jurídica pela prática de crimes ambientais, desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício (teoria da dupla imputação). Nesse sentido, STF, HC 92.921. Assim, para os que são adeptos desse posicionamento, é possível que a pessoa jurídica figure no polo passivo de uma demanda que envolva a prática de crime ambiental. 
4.2.1. Legitimidade ordinária e extraordinária no processo penal: 
- A legitimidade ordinária é a regra. Ela se verifica quando alguém age em nome próprio, na defesa de interesse próprio (art. 6º, CPC). Isso acontece exatamente na ação penal pública;
- A legitimidade extraordinária é a exceção. Ela se verifica quando alguém age em nome próprio, na defesa de interesse alheio (art. 6º, CPC). No processo penal isso acontece, por exemplo, na ação penal de iniciativa privada (o direito de punir pertence ao Estado, que transfere ao ofendido a legitimidade para ingressar em juízo), ação civil “ex delicto” proposta pelo MP em favor de vítima pobre (art. 68 do CPP), nomeação de curador especial para exercer o direito de queixa (art. 33, CPP).
Atenção 2!!! Artigo 68, CPP: para o Supremo, o art. 68 do CPP é dotado de inconstitucionalidade progressiva. Logo, enquanto não houver defensoria pública na Comarca é possível que o MP ingresse com ação civil “ex delicto” em favor de vítima pobre. 
4.3. Interesse de agir: - necessidade: a necessidade é presumida no processo penal, pois não há pena sem processo;
 - adequação: não tem tamanha importância no processo penal condenatório, pois não há diferentes espécies de ações penais condenatórias. Esse assunto, contudo, fica mais interessante quando se cogita de ações penais não condenatórias, estando o melhor exemplo relacionado ao HC. Com relação a esse remédio constitucional, importa dizer que, no processo penal, nem sempre o HC poderá ser usado, uma vez quea referida utilização só pode ocorrer quando houver risco à liberdade de locomoção (súmula 693, STF);
 - utilidade: consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Esse assunto mostra sua importância quando se refere à chamada prescrição virtual (também chamada de prescrição hipotética ou prescrição em perspectiva). Esta nada mais é do que o reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da constatação de que no caso de possível condenação, eventual pena será fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a instauração do processo penal. Exemplo:
22/05/2005 3 anos 18/07/2008 Nesse caso, para a doutrina ao invés 
 de oferecer denúncia deve o MP 	
 Tício Vista ao MP requerer o arquivamento dos autos 
Art. 155, caput com base na ausência de interesse de
Pena: 1 a 4 anos agir (prescrição hipotética). 
Menor de 21 anos 
Ainda sobre esse exemplo, importa dizer que os Tribunais não admitem a aplicação da prescrição virtual, em virtude da ausência de previsão legal (S. 438, STJ). 
Atenção 3!!! Lei 12.234/10: - entrou em vigor no dia 06 de maio de 2010; 
 - esta lei extinguiu a prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça acusatória;
- essa lei é uma lei mais gravosa, logo, só se aplica aos crimes praticados a partir do dia 06 de maio de 2010.
4.4. Justa causa: - é apontada pela maioria da doutrina como uma quarta condição da ação penal. Contudo, importa dizer que há um segmento da doutrina que diz que ela não é uma condição da ação, mas sim um requisito da petição;
- justa causa é o lastro probatório mínimo indispensável para o início de um processo penal, uma vez que a mera instauração de um processo penal é capaz de repercutir na vida do indivíduo;
- normalmente essa justa causa é baseada nas informações colhidas durante o inquérito policial;
- o STF já entendeu que a palavra da vítima, por si só, não é justa causa para se dá início a uma ação penal.
5. Condições Específicas da Ação Penal: - são necessárias apenas em relação a alguns delitos;
- exemplos: representação do ofendido, requisição do ministro da justiça, laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial (art. 525, CPP), laudo preliminar no caso de drogas, qualidade de militar no crime de deserção etc.
6. Condições da Ação (Condições de Procedibilidade) x Condições de Prosseguibilidade: a condição de procedibilidade é uma condição necessária para o início do processo, enquanto que na condição de prosseguibilidade, o processo já está em andamento e essa condição deve ser implementada para que o processo possa seguir o seu curso normal (ex. 1: representação nos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa: com a entrada em vigor da lei 9.099/95, esses crimes deixaram de ser de ação penal pública incondicionada para serem de ação penal pública condicionada à representação. Assim, para os processos que já estavam em andamento, a representação funcionou como uma condição de prosseguibilidade – artigo 91, enquanto que para os processos que ainda não tinham tido início, a representação funcionou e funciona como uma condição de procedibilidade – artigo 88; ex. 2: processo criminal em andamento pela prática de estupro com violência real: com a entrada em vigor da lei 12.015/09 (10 de agosto de 2009), o estupro com violência real deixou de ser de ação penal pública incondicionada e passou a ser de ação penal pública condicionada à representação. Assim, para os crimes cometidos antes da entrada em vigor da referida lei, uma primeira corrente doutrinária diz que ao contrário da lei dos juizados que trouxe dispositivo expresso sobre o assunto, a lei 12.015 não exigiu a representação para os processos que já estavam em andamento (adotada, por exemplo, por Rogério Sanches), enquanto que uma segunda corrente afirma que a representação deve funcionar como condição de prosseguibilidade para os processos penais pela prática de estupro com violência real que estavam em andamento quando da entrada em vigor da lei 12.015. Com relação aos processos que ainda não haviam sido instaurados, dúvidas não há de que a representação funciona como condição de procedibilidade). 
7. Condição da Ação x Condição Objetiva de Punibilidade: 
	Condições da Ação
	Condição Objetiva de Punibilidade
	1. estão relacionadas ao d. processual penal;
	1. está relacionada ao direito penal;
	
-
	2. conceito: cuida-se de condição exigida pelo legislador para que o fato se torne punível. Essa condição está localizada entre o preceito primário e secundário da norma penal incriminadora, sendo denominada de condição objetiva porque independe do dolo ou da culpa do agente; 
	3. são necessárias para o exercício regular do direito de ação;
	
-
	4. podem ser genéricas e específicas;
	-
	5. a ausência de uma condição da ação acarreta a rejeição da peça acusatória (art. 395, II, CPP) ou caso isso ocorra durante o andamento do processo, ocasionará a extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267, VI, CPC);
	5. a ausência de uma condição objetiva de punibilidade quando verificada no momento inicial, impede o início da persecução penal, já se for verificada no final do processo, há uma decisão de mérito;
	6. as decisões tratadas no item 5 só fazem coisa julgada formal. 
	6. a decisão de mérito a que se referiu o item 5 faz coisa julgada formal e material. 
	
-
	7. exemplos de condição objetiva de punibilidade: sentença declaratória de falência (art. 180, lei 11.101), decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem econômica tributária (STJ, HC 54.248).

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