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AuladeDireitoEmpresarialIII-2011

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Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 1 
 DIREITO CAMBIÁRIO 
 
 
 
 
I. TEORIA GERAL DO TÍTULO DE CRÉDITO 
 
1) Aspectos Conceituais: 
 
 Crédito. Título. Obrigações representáveis. 
 
Costuma-se dividir o direito cambiário em quatro períodos históricos 
distintos, a saber: 
 
 1º Período: Italiano (até 1650) 
 2º Período: Francês (de 1650 até 1848) 
 3º Período: Alemão (de 1848 até 1930) 
 4º Período: Uniforme (iniciou em 1930) 
 
 
2) Conceito de Título de Crédito 
 
 
Segundo Cesare Vivante: “Título de credito é o documento necessário 
para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. 
 
Tal conceito foi adotado pelo Código Civil em seu art. 887 que dispõe: “o 
título e crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. 
 
Para Fábio Ulhoa Coelho Título de crédito “é um documento formal, com 
força executiva, representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada 
do negócio que o originou”. 
 
Emissão e seus efeitos. 
 
OBS.: Negociabilidade e Executividade 
 
 
 
3) Regulamentação dos títulos de crédito no direito brasileiro 
 
Coexistem no Direito Cambiário brasileiro as leis nacionais e a Convenção 
de Genebra para a uniformização das letras de câmbio e notas promissórias. Em regra, 
a lei posterior (Lei Uniforme de Genebra) prevalece. Entretanto,quando ocorre 
colidência entre a LUG e as leis nacionais, deve-se verificar a existência de reserva do 
legislador pátrio. 
Assim, os títulos de crédito abaixo são regulamentados no direito brasileiro 
através das seguintes legislações: 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 2 
 CHEQUE: Decreto n. 57.595, de 7 de janeiro de 1966 e Lei n. 7.357, de 2 de 
setembro de 1985. 
 
 DUPLICATA MERCANTIL E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: Lei n. 5.474, de 18 
de julho de 1968, com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n. 436, de 27 de 
janeiro de 1969, e pela Lei n. 6.458, de 3 de novembro de 1977. 
 
 LETRA DE CÂMBIO: Decreto n.2.044, de 31 de dezembro de 1908 (art.1º), alterado 
pelo Decreto 57.663, de 24 de janeiro de 1966 (Lei Uniforme). 
 
 NOTA PROMISSÓRIA: Decreto n.2.044, de 31 de dezembro de 1908 (art.1º), 
alterado pelo Decreto 57.663, de 24 de janeiro de 1966 (Lei Uniforme, arts. 75-78). 
 
 NOTA PROMISSÓRIA RURAL: Decreto-Lei n. 167, de 14 de fevereiro de 1967. 
 
 WARRANT: Decreto n. 1102, de 21 de novembro de1903 (art. 15). 
 
Vale ressaltar que, o Título VIII do Código Civil de 2002 (arts. 887-926) é 
alvo de críticas da doutrina porque não rege os títulos de crédito submetidos a lei 
especial, isto é, todos os existentes quando da entrada em vigor do Código Civil. 
 
O regramento oferecido pelo legislador civilista restringe-se aos títulos 
criados a partir da entrada em vigor do Código Civil, se outra regência não lhes for 
determinada pela lei especial que os modelar. 
 
 
4) Requisitos Gerais e Específicos dos Títulos de crédito 
 
 
 Agente Capaz 
 
 Objeto lícito, possível e determinável 
 
 Emissão lícita 
 
 Forma prescrita em lei 
 
 Data de emissão 
 
Para a 3ª e 4ª Turmas do STJ: 
 
“ a data de emissão da nota promissória configura requisito essencial à sua 
validade como título executivo”. 
 
 Data de vencimento 
 
 Precisão dos direitos conferidos 
 
 Assinatura 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 3 
Entende a 4ª Turma do STJ que “aos títulos de crédito, assim 
reconhecidos em lei, dispensa-se a formalidade exigida aos contratos 
particulares, de assinatura de duas testemunhas, para que adquiram 
executoriedade”. 
 
 Local 
 
Art. 889,§2º CC- domicílio do emitente. 
 
O STJ já pacificou o entendimento de que “a ausência da data e do local 
da emissão na nota promissória constitui irregularidade formal do título, a impedir 
a cobrança do valor respectivo pela via executiva”. 
 
 
5) Princípios dos títulos de crédito 
 
5.1 Princípio da Cartularidade (Documentabilidade) 
 
- A questão da cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião. 
Parágrafo único do art. 233 do Código Civil. 
 
. A 4ª Turma do STJ, no Recurso Especial 296.796/ES decidiu que: 
 
“ a execução de contrato firmado em escritura pública pode ser 
aparelhada mediante cópia autenticada do instrumento. Hipótese que não se 
equipara à execução de cambial, cujo original deve ser exigido em face do 
princípio da circulação da letra. Precedentes do STJ (REsp n.º 11.725-RN e 57.365-
3/MG).” 
 
- Exigência do original 
 
“ a exigência da via original do título executivo extrajudicial como 
requisito à propositura do processo de execução visa atender duas finalidades: 
primeiro, certifica a autenticidade do título, e, segundo, afasta a possibilidade de 
ter a cártula circulando (STJ, RE 337.822/RJ)”. 
 
 
 EXEMPLO DE CÁRTULA 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 4 
 A desmaterialização dos títulos de crédito 
 
Art. 889,§ 3º do CC, “o título poderá ser emitido a partir de caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”. 
 
 
5.2 Princípio da Literalidade 
 
 
 
5.3 Princípio da Autonomia 
 
 ART. 7º DEC. 57.663/66: 
Art. 7º - Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por 
letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por 
qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram a letra, ou 
em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários nem por 
isso deixam de ser validas. 
 
 
 A abstração dos títulos de crédito e a inoponibilidade das exceções pessoais ao 
terceiro de boa-fé. 
 
Direito comercial e processual civil. Agravo no agravo de instrumento. Embargos à ação 
monitória. Nota promissória prescrita. Propositura de ação contra o avalista. Necessidade 
de se demonstrar o locupletamento. Precedentes. 
 
- Prescrita a ação cambial, desaparece a abstração das relações jurídicas cambiais 
firmadas, devendo o beneficiário do título demonstrar, como causa de pedir na ação 
própria, o locupletamento ilícito, seja do emitente ou endossante, seja do avalista. Agravo 
não provido (STJ, AgRg no AG 549924/MG, Relator Ministra Nancy Andrighi, DJ 
05.04.2004, p. 260). 
 
Direito Comercial. Recurso Especial. Embargos à ação monitória. Cheque prescrito. 
Propositura de ação contra o avalista. Necessidade de se demonstrar o locupletamento. 
Precedentes. – Prescrita a ação cambial, desaparece a abstração das relações jurídicas 
cambiais firmadas, devendo o beneficiário do título demonstrar, como causa de pedir na 
ação própria, o locupletamento ilícito,seja do emitente ou endossante, seja do avalista. – 
Recurso especial a que não se conhece. (STJ, REsp 457556/SP, Relatora Ministra Nancy 
Andrighi, DJ 16.12.2002, p.331). 
 
O STF, quando ainda tinha atribuição para apreciar a matéria, assim se posicionou: “É 
da lei, da doutrina e jurisprudência pacífica que o beneficiário de um título cambiário 
pode promover ação contra qualquer dos obrigados, ou contra todos conjuntamente. Este 
arbítrio deriva da autonomia das obrigações nos títulos cambiais. Cadasignatário do 
título cambiário é um devedor autônomo e independente, que nada tem a ver com os 
demais. De forma que a execução pode ser movida contra qualquer deles ou contra todos 
ao mesmo tempo” (Do voto do min. Cunha Peixoto, rel. do ac. un. Da 1ª T. do STF, no 
RE 87.542-PI). 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 5 
 
A inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé está 
assegurada pelo art.17 da Lei Uniforme, segundo o qual “as pessoas acionadas em 
virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações 
pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o 
portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do 
devedor” 
 
No mesmo sentido, dispõe o art.916 do CC que “as exceções fundadas em 
relação de devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele 
opostas ao portador, se este,ao adquirir o título tiver agido de má-fé”. 
 
 
 PRINCÍPIO DAS EXCEÇÕES PESSOAIS: 
 
Art. 17 – Dec. 57.663/66. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não 
podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas 
com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao 
adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 
 
 
 
QUESTÕES: 
 
1. CASO CONCRETO: 
 
 Augusto e Bernardo, em virtude de dívida contraída por aquele em favor deste, resolveram 
criar um documento que pudesse representar tal obrigação. Dessa forma, ambos questionam 
você, famoso advogado dessa área: 
 
a - O que distingue o título de crédito dos outros tipos representativos de obrigação, quanto à 
cobrança e circulação do crédito? 
 
b - Porque o título de crédito é considerado, fundamentalmente, um título de apresentação? 
 
2. As principais características de um título de crédito cambial são: 
A) literalidade, forma, causa. 
B) forma, causa, abstração. 
C) negociabilidade, autonomia, literalidade. 
D) conteúdo, cártula, autonomia. 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 6 
6) Classificação dos Títulos de Crédito. 
 
 
COMO SE CLASSIFICAM OS TÍTULOS DE CRÉDITO? 
 
 
 
 
6.1 QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA OU CIRCULAÇÃO 
 
 Ao portador 
 Nominativo - à ordem e não à ordem 
 
 
 
 
 
ENDOSSO X CESSÃO 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 7 
 
 
 
 
COOBRIGAÇÃO: ENDOSSO X CESSÃO 
 
 
 
 
 
COOBRIGAÇÃO: ENDOSSO X CESSÃO 
 
 
 
6.2 QUANTO AO MODELO 
 
 De modelo livre 
 De modelo vinculado 
 
 
6.3 QUANTO À ESTRUTURA 
 
 Ordem de pagamento 
 Promessa de pagamento 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.4 QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO 
 
 Causais 
 Abstratos 
 
 
 
6.5 QUANTO À ESSÊNCIA CREDITÍCIA 
 
 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 9 
 TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
7) ATOS CAMBIAIS 
 
7.1 Endosso 
 
 
 
 Conceito: é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito. Na prática, 
ele é feito pela assinatura do proprietário do título no verso ou no anverso do 
documento. 
 
 
 Efeitos: 
 
- a transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário; 
- a coobrigação do endossante na obrigação pecuniária com o endossatário e 
com os demais endossantes anteriores pelo cumprimento da dívida. 
 
 
 Obs.: Endosso parcial ou limitado a certo valor da dívida representada no título 
e Endosso subordinado a alguma condição. 
 
 Endosso em branco e endosso em preto: o beneficiário do endosso em branco 
pode tomar três atitudes: 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 10 
 
 transformá-lo em endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de 
terceiro; 
 endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou 
 transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, pela mera tradição da 
cártula (art. 14 da Lei Uniforme e art. 913 do CC). 
 
 
OBS.: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Endosso impróprio: compreende duas modalidades distintas 
 
 
 
 Endosso-caução: também chamado de endosso-pignoratício ou endosso-
garantia, está previsto no art. 19 da Lei Uniforme (no mesmo sentido é o art. 
918 do CC), e dá-se quando o endossante transmite o título como forma de 
garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 11 
 
 
 
PERGUNTA..... 
ATÉ QUANDO UM TÍTULO CIRCULA NO MERCADO POR MEIO DE ENDOSSO ? 
 
 Endosso- mandato: previsto no art.18 da Lei Uniforme (no mesmo sentido é o 
art. 917 do CC). Através dele, o endossante confere poderes ao endossatário 
para agir como seu legítimo representante, exercendo em nome daquele os 
direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc. 
 
 
 
 
 
- JURISPRUDÊNCIAS: 
 
DUPLICATA SEM ACEITE. ENDOSSO-MANDATO. ESTABELECIEMENTO BANCÁRIO. A Turma 
proveu o recurso ao entendimento de que descabe a condenação da instituição bancária por 
danos morais pelo protesto indevido de duplicata sem causa, uma vez que na qualidade de 
endossatário-mandatário agiu em nome e por conta da empresa sacadora endossante, não se lhe 
podendo culpar por ter promovido o protesto do quirógrafo. Outrossim,não compete ao banco, de 
antemão, verificar a existência de lastro da duplicata protestada, pois essa é de responsabilidade 
exclusiva do sacador (art. 159 do CC/1916). Precedentes citados: REsp 265.432-RJ, Rel. Min. 
Barros Monteiro, julgado em 10/8/2004- Informatio nº 217/2004). 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 12 
 
TÍTULO DE CRÉDITO.PROTESTO INDEVIDO. BANCO ENDOSSATÁRIO. LEGITIMIDADE 
PASSIVA. I – É inviável o recurso especial em relação à afirmada ausência de prestação 
jurisdicional, quando as questões apontadas pelo recorrente não foram objeto dos embargos de 
declaração por ele opostos perante o tribunal estadual. II – Embora seja assegurado ao 
endossatário de boa-fé levar o título a protesto para preservar seu direito de regresso 
contra o emitente endossante, tendo ele conhecimento prévio e inequívoco de que a 
duplicata não tem causa ou que o negócio jurídico foi desfeito, deverá responder, 
juntamente com o endossante, por eventuais danos que tenha causado ao sacado, em 
virtude desse protesto. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 188.996- SP, Rel. Min. 
Castro Filho, DJ 10/09/2007, p. 224). 
 
 
7.2 Aval 
 
 
 Conceito: é forma de garantia de pagamento o titulo de crédito, total ou 
parcialmente, prestada por um terceiro, denominado avalista, em favor do devedor, 
que se chama de avalizado. 
 
 Aval x fiança 
 
EXECUÇÃO.NOTA PROMISSÓRIA.AVALISTA. DISCUSSÃO SOBRE A ORIGEM DO DÉBITO. 
INADMISSIBILIDADE.ÔNUS DA PROVA. – O aval é obrigação autônoma e independente, 
descabendo assim a discussão sobre a origem da dívida. – Instruída a execução com título 
formalmente em ordem, é do devedor o ônus de elidir a presunção de liquidez e certeza. Recurso 
especial conhecido e provido. (STJ, REsp 190753/SP, Relator Ministro Barros Monteiro, DJ 
19.12.2003, p. 467). 
 
 DIREITO COMERCIAL. NOTA PROMISSÓRIA. AVALISTA. DISCUSSÃO DA CAUSA DEBENDI. 
IMPOSSIBILIDADE, COMO REGRA. EXCEÇÕES.MÁ-FÉ DO BENEFICIÁRIO. NULIDADE DO 
NEGÓCIO SBJACENTE POR ERRO, DOLO OU FRAUDE. TEMAS NÃO ABORDADOS PELAS 
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. RECURSO DESACOLHIDO. I- Em regra, na linha dos precedentes 
desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, não se permite ao avalista da nota promissória opor 
exceção pessoal do avalizado ou discutir a causa debendi. II- Excepcionalmente, como nos casos 
de má-fé do beneficiário do título ou de nulidade do negócio subjacente por erro, dolo ou fraude, é 
dado ao avalista a discussão da causa originária da cártula. III- Não tendo as instâncias ordinárias 
abordado tema de possível exceção à regra da inoponibilidade, que se assentaria na seara dos 
fatos, resta vedado à instância especial o exame das provas dos autos. IV – A verificação do 
preenchimento abusivo da nota promissória e da sua assinatura em branco demandaria o 
reexame de provas, atraindo a incidência do enunciado nº 7 da súmula/ STJ. V- Exige-se o 
prequestionamento dos temas abordados no aresto paradigma para se conhecer do recurso 
especial pela alínea c do permissor constitucional. (STJ, REsp 249155/SP, Relator Ministro Sálvio 
de Figueiredo Teixeira, DJ 07. 08. 2000, p. 115). 
 
 
 
7.3 Aceite 
 
 Conceito: é o reconhecimento e acolhimento da Letra de Câmbio por parte do 
sacado é chamado de aceite. Este ato é concretizado pela assinatura do sacado 
feita no verso ou anverso do título. 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 13 
 
 
 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 14 
 
 
 
 
 
 
 
7.4 Protesto 
 
 Conceito: é o ato formal através do qual se atesta um fato relevante para a relação 
cambial. Esse fato relevante pode ser: a) a falta de aceite do título, b) a falta de 
devolução do título ou c) a falta de pagamento do título. 
 
 
 Enunciado n.º 153 do STF: “o simples protesto cambiário não interrompe a 
prescrição.” 
 
 
 
II. TIPOS DE TÍTULO DE CRÉDITO 
 
 
1. Letra de Câmbio 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 15 
 Conceito: A letra de câmbio é a ordem de pagamento, sacada pela pessoa que 
tenha provisão ou fundos disponíveis em poder de outra pessoa, contra esta última e 
em favor de um terceiro. 
 
Assim, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: 
 
a) a do sacador, que emite a ordem 
b) a do sacado, a quem a ordem é destinada 
c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem 
 
 
 
 
 Legislação Aplicável 
 
 
 
OBS.: CÓDIGO CIVIL 
 
 Características: 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 16 
 
 
 
 
 Requisitos Essenciais: 
 
De acordo com os artigos1 e 2 da Lei Uniforme são: 
 
1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua empregada para a 
redação desse título. 
 
2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
 
3 - O nome daquele que deve pagar (sacado). 
 
4 - A época do pagamento. 
 
5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento. 
 
6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga. 
 
8 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada. 
 
8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador). 
 
 
OBS: SÚMULA 389 STF e ART. 891 CC 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 17 
 
 
 
OBS.: É POSSIVEL A LETRA DE CÂMBIO OMITIR ALGUNS DOS ELEMENTOS FORMAIS 
? 
Resp.: Segundo o art. 2º - O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo 
anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: 
- A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. 
- Na falta de indicação especial, a lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se 
como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado. 
- A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar 
designado, ao lado do nome do sacador 
 
 
 
 Vencimento da letra. 
 
Emitida a letra e realizado o aceite pelo sacado, o título se torna exigível a partir do 
seu vencimento, podendo-se distinguir, quanto a esse fato, quatro espécies de letras de 
câmbio: 
a) Letra com dia certo 
b) Letra à vista 
c) Letra a certo termo da vista 
d) Letra a certo termo da data 
 
 
 
 Do Pagamento 
 
O pagamento de uma letra de câmbio extingue uma, algumas ou todas as 
obrigações cambiais nela mencionadas, dependendo de quem paga. 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 18 
- Prazo para Apresentação 
 
a) Na letra a certo termo da vista = o tomador deve apresentá-la para aceite 
no prazo estabelecido no título ou, caso não tenha sido estabelecido prazo 
algum, dentro de um ano, contado da data de sua emissão. 
 
b) Na letra a vista = o tomador não precisa necessariamente levá-la para 
aceite do sacado, podendo optar por apresentá-la diretamente para 
pagamento, o que deve ser feito em um ano a partir da emissão do título. 
 
 
OBS.: PRAZO DE RESPIRO 
 
 
 
2. Nota Promissória 
 
 
 Conceito: “é um título de crédito que documenta a existência de um crédito líquido e 
certo, que se torna exigível a partir de seu vencimento, quando não emitida a vista. É 
um instrumento autônomo e abstrato de confissão de dívida, emitido pelo devedor que, 
unilateral e desmotivadamente, promete o pagamento de quantia em dinheiro que 
especifica, no termo assinalado na cártula”. Gladston Mamede. 
 
Assim, ao ser emitida, dá origem a duas situações jurídicas distintas: 
 
a) sacador 
b) beneficiário da nota 
 
 
 Legislação Aplicável 
 
Submete-se ao mesmo regime jurídico aplicável às letras de câmbio. 
 
Obs.: 
- Inaplicabilidade das regras incompatíveis com a natureza de promessa de 
pagamento; 
- Equiparação do subscritor da nota ao aceitante da letra; 
- Subscritor da nota é o avalizado, no aval em branco; 
 
 
 Características: 
 
 
a) Promessa de pagamento 
b) Abstrato 
c) Modelo livre 
d) Nominativo 
 
 
 
 
 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 19 
 Requisitos Essenciais: 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o art. 75 da Lei Uniforme são: 
 
 
1 - A denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título. 
 
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
 
3 – A época do pagamento;4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
 
5 - O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
 
6- A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
 
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
 
 Vencimento da Nota Promissória. 
 
 
A nota promissória pode conter os seguintes vencimentos (art. 55 do Dec. N. 
2.044/1998): 
 
a) À vista; 
b) A dia certo; 
c) A tempo certo da data (da emissão) 
 
 
 Dos prazos prescricionais para a execução da nota promissória 
 
 
a) 3 anos, a contar do vencimento, do portador contra o emitente e avalista; 
b) 1 ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se 
a letra contiver a cláusula “sem despesas”, do portador contra endossantes e 
respectivos avalistas; 
c) 6 meses, a contar do dia em que o endossante pagou o título ou em que ele foi 
acionado, dos endossantes, uns contra os outros, ou seus avalistas. 
 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 20 
 A nota promissória e os contratos bancários 
 
Quando a nota promissória for emitida em vinculação a um determinado contrato, tal fato 
deve constar expressamente do título, uma vez que este pode circular, e o terceiro que recebê-
lo por endosso deve ter conhecimento da relação contratual à qual o título está atrelado. 
 
“ A nota promissória que contenha no verso expressa vinculação ao contrato 
subjacente perde a característica de abstração, podendo ao endossatário ser oposta a defesa que 
o devedor teria em razão do contrato. Não são absolutos os princípios da abstração e da 
autonomia quando a cambial é emitida em garantia de negócio jurídico subjacente (RSTJ 99/285). 
No mesmo sentido STJ, RT 701/171.” 
 
“ Embora não se negue que a cambial conserve a sua autonomia, o valor nela 
consignado deve guardar coerência com os termos do contrato. Sua apuração decorre das 
cláusulas contratuais e da aplicação dos fatores de correção ajustados. Destarte, se houver a 
comprovação de que o valor inserido na cártula foi obtido na consonância da estipulação 
contratual, tornando-se induvidosa a sua liquidez e, por conseguinte, a sua exigibilidade (Resp 
147.157/ES, rel. Min. Waldemar Zveiter, 3ª T., v.u., 4/6/98, DJU 10/8/98, p. 59)” 
 
“ Ausente a circulação do título de crédito,a anota promissória que não é sacada 
como promessa de pagamento, mas como garantia de contrato de abertura de crédito, a que foi 
vinculada, tem sua natureza cambial desnatureada, subtraída a sua autonomia. A iliquidez do 
contrato de abertura de crédito é transmitida à nota promissória vinculada, contaminando-a, pois o 
objeto contratual é a disposição de certo numerário, dentro de um limite prefixado, sendo que 
indeterminação do quantum devido comunica-se com a nota promissória por terem nascido na 
mesma obrigação jurídica.” (STJ,Ediv em Resp 262.623/RS, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ 
02.04.2001, p. 182). 
 
“A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de 
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou” (STJ). 
 
 
 A cláusula- mandato 
 
 
“A emissão, por procuração, de nota promissória vinculada a contrato de abertura de 
conta corrente não tem validade, uma vez que o enunciado n.º 60 da Súmula dominante do STJ 
prevê que: “E nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao 
mutuante, no exclusivo interesse deste”. (ac. un. da 6ª Câm. do 1º (antigo) TACivSP, na Ap 
600.522-3, rel. Juiz Oscarino Moeller). 
 
 
 
3. Duplicata 
 
 Conceito: “A duplicata é um título que é emitido pelo credor, declarando existir, a 
seu favor, um crédito de determnado valor em moeda corrente, fruto – obrigatoriemente 
– de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de 
prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data. É um título 
causal, vale dizer, um título cuja emissão está diretamente ligada a um negócio 
empresarial que lhe é subjacente e necessário.” Mamede 
 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 21 
 Legislação Aplicável 
 
 
Submete-se ao regime jurídico da Lei n. 5.474/68. 
 
 
 Figuras Intervenientes: 
 
Assim, ao ser emitida, dá origem a duas situações jurídicas distintas: 
 
a) Sacador 
b) Sacado 
 
 Requisitos Essenciais: 
 
De acordo com o art. 2º,§ 1º, da Lei 5.474/68 são: 
 
1 - A denominação "duplicata"; 
 
2 - A data da emissão; 
 
3 – O número de ordem; 
 
4 – O número da fatura da qual foi extraída; 
 
5 – a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
 
6- O nome e o domicílio do vendedor e do comprador; 
 
7 – A importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
 
8- A praça de pagamento; 
 
9- A cláusula à ordem (a cláusula “não à ordem” somente pode ser inserida no título por 
endossante, e, como o vendedor a saca a seu favor, ele, necessariamente, é o primeiro 
endossante do título; 
 
10- A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada 
pelo comprador, como aceite cambial (o comprador deve ser indicado com nome, domicílio e 
documento: RG, CPF etc); 
 
11- A assinatura do emitente (seguindo a indicação de seu nome e domicílio). 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 22 
 
 
 
 Características: 
 
 
a) Ordem de pagamento 
b) Causal 
c) Modelo vinculado (padrões do Conselho Monetário Nacional) 
d) Nominativo 
e) Aceite é obrigatório 
 
 Emissão e Aceite da Duplicata: 
 
De acordo com o art. 1º da Lei das Duplicatas, 
 
“em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes 
domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, 
contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor 
extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador.” 
 
Emitida a duplicata, ela deve ser enviada para o devedor (comprador), para que 
este efetue o aceite e a devolva. Caso ele recuse o aceite, terá que justificar tal ato, de 
acordo com o art. 6º, 
 
“A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou 
por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, 
procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao 
comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os 
intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu 
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 5º período- DIREITO 
 
 23 
poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes 
cometeu o encargo”. 
 
Por sua vez, o art. 7º da Lei enfatiza a recusa do aceite, senão vejamos: 
 
“A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao 
apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, 
devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões 
da falta do aceite.” 
 
OBS.: Aceite Expresso e Aceite Presumido. 
 
 
No que tange a possibilidade de execução de duplicata sem aceite o STJ é 
bastante rigoroso nesta análise. Exige-se a prova inequívoca do recebimento das 
mercadorias ou da efetiva prestação dos serviços. Nesse sentido, já decidiu o STJ: 
 
DUPLICATA SEM ACEITE. FATURA. EXECUÇÃO. Na espécie, não foi expedida 
fatura e as notas fiscais não estãoreferidas nas duplicatas sem aceite, não ficando 
claro se as mercadorias entregues, conforme consta ao pé de algumas notas fiscais, 
não de todas, correspondem às duplicatas que instruírem a inicial do processo de 
execução. Assim, o exequente não comprovou que as duplicatas correspondem às 
operações de compra e venddda das mercadorias efetivamente entregues e 
recebidas. Logo, não cabe a ação executiva (Resp 450.628-MG, Rel. Min. Ruy 
Rosado, julgado em 12/11/2002- Informativo n.º 154/2002). 
 
Em contrapartida é entendimento também do STJ que a exigência de 
comprovação da entrega das mercadorias, para que a duplicata não aceita 
expressamente se aperfeiçoe como título executivo, só é necessária se a execução é 
voltada contra o devedor principal, ou seja, o comprador. Nesse sentido, 
 
EXECUÇÃO. DUPLICATA SEM ACEITE. A cobrança de duplicata não aceita e 
protestada só torna necessária a comprovação da entrega e recebimento da 
mercadoria em relação ao sacado, devedor do vendedor, e não quanto ao sacador, 
endossantes e respectivos avalistas. O endossatário de duplicata sem aceite, 
desacompanhada de prova de entrega da mercadoria, não pode executá-la contra o 
sacado, mas pode fazê-la contra o endossante e o avalista. Precedente citado: Resp 
168.288-SP, DJ 24/5/1999. (Resp 250.568-MS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, 
julgado em 19/10/2000- Informativo n.º 75/2000). 
 
 
 Pagamento: 
 
A prova do pagamento da duplicata é o recibo passado pelo legítimo portador, 
ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em 
documento separado com referência expressa à duplicata. Também se presume 
resgatada a duplicata com a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento 
endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina à amortização ou 
liquidação da duplicata nele mencionada. 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 24 
 Protesto 
 
No que se refere ao protesto da duplicata, segundo o art. 13 fa Lei das 
Duplicatas, destaque-se que este pode ser de três tipos: 
 
a) Por falta de aceite; 
b) Por falta de devolução; 
c) Por falta de pagamento. 
 
 
 Ação Cambial: 
 
Segundo o art. 15 da Lei 5.474/68: “A cobrança judicial de duplicata ou triplicata 
será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos 
extrajudiciais, de que se cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando se tratar: 
 
I- de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; 
II- de duplicata ou triplicata não aceita contanto que, cumulativamente: 
a) haja sido protestada; 
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e 
recebimento da mercadoria; 
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas 
condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei...” 
 
 Prescrição: 
 
Nos termos do art. 18 da Lei n. 5.474/68, a pretensão à execução da duplicata 
prescreve: 
I- em 3 anos, contados da data do vencimento do título, contra o sacado e 
respectivos avalistas; 
II- em 1 ano, contado da data do protesto, contra os endossantes e respectivos 
avalistas; 
III- em 1 ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título, 
de qualquer dos coobrigados, uns contra os outros. 
 
 
 Duplicata de Prestação de serviços 
 
 
O sacado poderá negar sceite so título se: 
 
I- Os serviços prestados não corresponderem efetivamente aos contratados; 
II- Forem comprovados vícios ou defeitos na qualidade dos serviços 
prestados; 
III- Houver divergência quanto aos prazos e preços ajustados. 
 
 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 25 
 Triplicata e sua eficácia executiva 
 
A triplicata nada mais é do que uma cópia da duplicata que foi perdida ou 
extraviada, possuindo os mesmos efeitos, requisitos e formalidades da duplicata que 
substitui (art. 23). 
 
 
 Duplicata Simulada 
 
Nos termos do art. 172 do Código Penal, caracteriza crime de duplicata simulada 
a conduta de “emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à 
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou serviço prestado”. A pena é de 
detenção, de dois a quatro anos, e multa. 
 
 
 Executividade da Duplicata em Meio Eletrônicos 
 
“A duplicata é título executivo extrajudicial, mesmo que seu suporte seja 
exclusivamente meios informatizados.” Fábio Ulhoa 
 
“Também pode ser eletrônico o registro do recebimento das mercadorias, 
servindo o relatório do sistema mantido pelo vendedor de documento para a execução 
da duplicata virtual.” Fábio Ulhoa 
 
 
 
 
 
4. CHEQUE 
 
 Conceito: “é ordem de pagamento à vista emitida contra um banco em razão de 
fundos que a pessoa (emitente) tem naquela instituição financeira”. André Luíz 
 
 
 Legislação Aplicável 
 
 
Submete-se ao regime jurídico da Lei n. 7.357/85. 
 
 
 Figuras Intervenientes: 
 
Assim, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: 
 
a) Sacador 
b) Sacado 
c) Beneficiário 
 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 26 
 Requisitos Essenciais: 
 
De acordo com o art. 1º da Lei n. 7.357/85 são: 
 
1 - A denominação "cheque" inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é 
regido; 
 
2 - A ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
3 – O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
 
4 – A indicação do lugar de pagamento; 
 
5 – A indicação da data e do lugar de emissão; 
 
6- A assinatura do emitente (sacador), ou de seus mandatários com poderes especiais. 
 
 
 
 
 
 Características: 
 
 
a) Ordem de pagamento 
b) Não causal 
c) Modelo vinculado 
d) Nominativo ou ao Portador 
e) Autonomia relativa em situações excepcionais 
 
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE. EXECUÇÃO. AUTONOMIA 
RELATIVA DA CÁRTULA. CAUSA DEBENDI. INVESTIGAÇÃO. POSSIBILIDADE. 
CPC, ARTS. 585, I E 586. LEI N.º 7.357/85. EXEGESE. MATÉRIA DE FATO. 
REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7- STJ. I. A autonomia e 
independência do cheque em relação à relação jurídica que o originou é presumida, 
porém não absoluta, sendo possível a investigação da causa debendi e o afastamento 
da cobrança quando verificado que a obrigação subjacente claramente se ressente de 
embasamento legal. II. “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso 
especial” (Súmula nº 07). III. Recurso especial não conhecido (STJ, Resp 43513/SP, 
Relator Ministro Aldir Passarinho Júnior, DJ 15.04.2002, p. 219). 
 
 
 
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 5º período- DIREITO 
 
 27 
 Cheque “pré-datado” (ou “pós-datado”): 
 
Popularizou-se no Brasil a emissão de cheques para ser pago em data futura, 
chamados de cheque “pré-datado” ou “pós-datado”. 
Nesse caso, perderia o cheque a sua natureza de ordem de pagamento à vista? 
Deve o banco recebê-lo normalmente, sem levar em conta a data futura 
mencionada no título? 
 
“(...) a emissão de cheque pós-datado, popularmente conhecido como cheque pré-
datado, não o desnatura como título de crédito, e traz como única consequência a 
ampliação do prazo de apresentação (...)” (STJ, Resp 612423/DF, Relatora Ministra 
Nancy Andrighi, DJ 26.06.2006, p. 132). 
 
 
Responsabilidade civil. Cheques pré-datados. Apresentação antecipada. Devolução 
das cártulas por insuficiênciade fundos. Dano moral. Ocorrência. Redução do 
quantum indenizatório para atentar aos valores habitualmente fixado pelas turmas 
recursais. Dano moral caracterizado pela apresentação antecipada de cheque pré-
datado e que resultou na devolução da cártula po insuficiência de fundos. DERAM 
PARCIAL Provimento Ao Recurso. (TJRS, Recurso Cível nº 71001005610, Primeira 
Turma Recursal Cível, Relator Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 30/11/2006). 
 
Súmula n.º 370 do STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de 
cheque pré-datado”. 
 
 
 
 
 
 Modalidades de Cheque 
 
A legislação cuida de quatro modalidades de cheque, a saber: 
 
I. Cheque Cruzado (arts. 44 e 45 da Lei do Cheque) 
 
O cruzamento consiste na oposição de dois traços transversais e paralelos no 
anverso do título, e tem por objetivo conferir segurança à liquidação de cheques ao 
portador. 
O cruzamento pode ser em BRANCO OU EM PRETO. 
 
II. Cheque Visado (art. 7º da Lei do Cheque) 
 
É aquele em que o banco confirma, mediante assinatura no verso do título, a 
existência de fundos disponíveis para pagamento do valor mencionado. 
 
III. Cheque Administrativo (art. 9º, inciso III, da Lei do Cheque) 
 
É aquele emitido por um banco contra ele mesmo, para ser liquidado em uma de 
suas agências. 
 
IV. Cheque para ser creditado em conta (art. 46 da Lei do Cheque) 
 
Aquele que o sacado não pode pagar em dinheiro, por expressa proibição 
colocada no anverso do título pelo próprio emitente, consistente na colocação da 
expressão “para ser creditado em conta” ou da menção ao número da conta do 
beneficiário entre os traços do cruzamento. 
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 5º período- DIREITO 
 
 28 
 
 
 Sustação do Cheque 
 
O pagamento de determinado cheque pode ser “sustado” pelo seu emitente em 
dois casos, previstos, respectivamente, os arts. 35 e 36 da Lei n.º 7.357/85: 
I- segundo o art. 35, “o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo 
mercê de contra- ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com 
as razões motivadoras do ato”. 
II- Pelo art. 36, “mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o 
portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por 
escrito, oposição fundada em relevante razão de direito”. 
 
O STJ consolidou entendimento segundo o qual a “pré-datação” do cheque o 
transformaria em mera garantia de dívida, fato que, por si só, afastaria a possibilidade 
de incriminação do emitente no tipo penal de estelionato. Nesse sentido, verbis: 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. REVOGAÇÃO DA 
PRISÃO PREVENTIVA. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA 
CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL. 1. 
Em que pese o pedido do recorrente se restringir a revogação da prisão preventiva por 
ausência dos requisitos que autorizam a segregação cautelar, percebe-se, conforme 
pacífica jurisprudência desta Corte, que a emissão de cheque pré-datado 
descaracteriza a cártula de um título de pagamento à vista, transformando-a numa 
garantia de dívida. Atipicidade da conduta. 2. Recurso conhecido para conceder, de 
ofício a ordem, para trancar a ação penal. (STJ, RHC 16880/PB, Relator Min. Hélio 
Quaglia Barbosa, DJ 24/10/2005, p. 381). 
 
 
 
 
 
 
 
 Prazo de Apresentação 
 
O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, 
no prazo de 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago (mesma praça, 
isto é, é emitido no mesmo Município onde se encontra a agência pagadora); e de 60 
dias, quando em outro lugar do País, ou no exterior (art. 33 da Lei n.º 7.357/85). 
 
Enunciado n.º 600 da súmula de jurisprudência dominante do STF: “cabe ação 
executiva contra o emitente do cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o 
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”. 
 
 
 Prescrição do Cheque 
 
Nos termos do art. 59 da Lei do Cheque, a execução fundada em cheque 
prescreve nos seguintes prazos: 
I- de 6 meses, do portador contra o sacador, endossantes e respectivos 
avalistas, contados da expiração do prazo de apresentação; 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial III 
 5º período- DIREITO 
 
 29 
II- de 6 meses, de um obrigado ao pagamento de cheque contra outro, 
contados do dia em que o obrigado pagou o cheque, ou do dia em que foi 
demandado. 
 
OBS.: Cobrança de cheque prescrito. 
 
PROCESSO CIVIL- RECURSO ESPECIAL- AÇÃO MONITÓRIA- INSTRUÇÃO- 
CHEQUE PRESCRITO- DEMONSTRAÇÃO DA CAUSA DEBENDI- 
DESNECESSIDADE- RECURSO PROVIDO. 1. A teor da jurisprudência desta Corte, 
na ação monitória fundada em cheque prescrito, é desnecessária a demonstração da 
causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus da prova da inexistência do débito. 2. 
Recurso conhecido e provido para afastar a extinção do feito sem julgamento do 
mérito e determinar o regular processamento da ação pelas instâncias ordinárias. 
(STJ, Quarta Turma, Resp 801715/MS, Relator Ministro Jorge Scartezini, DJ 
20.11.2006, p. 337)

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