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Economia - Apostila de Microeconomia

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 MATERIAL 01 MICROECONOMIA 
PROFº CARLOS RAMOS 
 
 
 1 
Curso para Concursos – Módulo de Microeconomia 
 
Sumário 
 
 
1. Introdução 2 
2. Demanda e Oferta 8 
3. Teoria do Consumidor 36 
4. Teoria da Firma 52 
5. Estruturas de Mercado 70 
6. Questões de Concursos 85 
7. Gabarito 112 
8. Bibliografia 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 MATERIAL 01 MICROECONOMIA 
PROFº CARLOS RAMOS 
 
 
 2 
1. Introdução 
 
A Ciência Econômica é também conhecida como “ciência da escassez”. Ela parte do 
princípio que as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto que os recursos 
necessários para que as empresas produzam os bens e serviços capazes de satisfazer a 
essas necessidades são escassos, ou seja, existem em quantidades limitadas. 
As necessidades humanas são consideradas ilimitadas por dois motivos: 
a) Porque elas se renovam constantemente, como por exemplo, a necessidade de 
alimentação; por esta razão, as necessidades humanas exigem um fornecimento 
contínuo de certos bens para seu atendimento; 
b) Porque tendem a ficar cada vez mais sofisticadas, na medida em que 
despertam novas necessidades, juntamente com a elevação do padrão de vida do 
indivíduo. 
Como exemplo, a necessidade de transporte pode ser atendida com a aquisição de um 
carro, pelo indivíduo; a partir daí ele passa a ter novas necessidades: seguro contra 
danos materiais, consumo de combustível, serviços de manutenção, troca de peças, 
etc. 
Desse modo, é necessário que o sistema econômico – formado pelas diversas indústrias e 
demais firmas que atuam nos diversos mercados de bens e serviços – realizem uma 
produção contínua, capaz de atender às demandas da população. 
Como os recursos disponíveis (trabalho, terra e capital) são escassos, a produção de 
bens e serviços tem que ser a mais eficiente possível, para que não haja desperdício ou 
uso irracional dos recursos. 
Se as necessidades humanas não fossem ilimitadas, não seria problema se acontecesse 
eventual produção, pelas empresas, de um determinado bem, em excesso; mas, como 
existe uma escassez de recursos produtivos, de modo que nem todas as necessidades 
humanas podem ser plenamente satisfeitas, então surge a importância de se buscar a 
maior eficiência possível no uso destes recursos produtivos, para gerar o nível máximo de 
bem-estar para a sociedade. 
Observe que, para a ciência econômica, os conceitos de “bem” e “serviço” se referem a 
coisas materiais ou imateriais que atendem a uma necessidade humana. 
Os bens se referem tanto a elementos materiais ou tangíveis - quando é possível atribuir a 
eles certas características físicas (tamanho, forma, peso, cor, etc), quanto a elementos 
imateriais ou intangíveis - quando tais atributos não são possíveis; neste último caso 
utiliza-se a denominação “serviços”. 
Nesse contexto, a Economia se apresenta como a ciência social que se ocupa da 
administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos. 
 
As sociedades humanas, de modo geral, se defrontam com três problemas econômicos 
fundamentais: 
 
1. O QUE e QUANTO produzir? 
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 3 
Significa que produtos deverão ser produzidos (feijão, televisores, sapatos, etc) e em 
que quantidades deverão ser colocadas à disposição dos consumidores. O sistema 
econômico precisa se organizar para que as unidades produtivas – as empresas – 
passem a gerar estes bens, nas quantidades desejadas pela população. 
 
2. COMO produzir? 
Esta questão diz respeito à tecnologia a ser empregada na produção dos diversos bens 
e serviços. As empresas devem escolher, dentre vários processos técnicos, aquele que 
for mais eficiente, ou seja, que seja capaz de gerar a máxima produção possível a 
partir de uma certa quantidade de recursos (terra, trabalho e capital). 
 
3. PARA QUEM produzir? 
Este problema diz respeito ao modo como serão os bens e serviços “distribuídos” à 
população, na medida em que será necessário, de alguma forma, estabelecer um 
preço para os itens produzidos pelas empresas. 
 
Diante de tudo o que foi visto até aqui, percebe-se que a Economia é uma ciência 
preocupada com problemas de escolha. Quando o sistema econômico se defronta com os 
problemas de “o que e quanto”, “como” e “para quem” produzir, é necessário fazer 
escolhas entre várias opções possíveis. 
A escolha é necessária porque o “estoque” de fatores de produção (terra, trabalho e 
capital), no curto prazo, é dado, é limitado, enquanto que existem diversas demandas por 
bens e serviços. 
Assim, as empresas têm que decidir sobre a forma de alocar ou distribuir os recursos 
disponíveis entre milhares de diferentes possíveis linhas de produção: 
• Quantos hectares de terra deverão ser utilizados para o cultivo de milho? 
• E quantos para a criação de gado? 
• Quantos televisores devem ser fabricados por ano? 
• E quantos caminhões? E quantos navios? Etc... 
Vamos analisar este problema usando um instrumental básico da Microeconomia: a Curva 
de Possibilidades de Produção. 
Suponhamos que o sistema econômico tenha que decidir sobre a produção de dois bens: 
Carros e Televisores. 
Haverá sempre uma quantidade máxima de carros produzida anualmente, quando todos 
os recursos forem destinados à sua produção e nada à produção de Televisores (ou vice-
versa). 
A quantidade exata depende da quantidade e da qualidade dos recursos produtivos 
existentes na economia e do nível tecnológico com que sejam combinados. 
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Logicamente, além das quantidades máximas, existem infinitas possibilidades de 
combinações intermediárias entre carros e televisores a serem produzidos, conforme 
exemplificado na tabela abaixo: 
 
 
 
Podemos representar a tabela através do gráfico a seguir: 
 
 
 
Unindo-se todos os pontos da tabela, obtemos a chamada "Curva de Possibilidades de 
Produção" ou ainda “Curva de Transformação”. 
A Curva de Possibilidades de Produção - CPP - nos mostra as diversas combinações 
de quantidades de dois bens que o sistema econômico pode produzir, em termos 
potenciais, dada uma certa quantidade de fatores de produção e dada a tecnologia 
disponível. 
A CPP representa uma idéia fundamental: se uma economia estiver numa situação de 
pleno emprego dos seus fatores de produção (ou seja, se não há fatores de produção 
ociosos, desempregados, nesse momento), e se houver a necessidade de produzir mais 
unidades de certo bem, então será preciso reduzir a produção do outro bem. 
Em outras palavras, numa situação de pleno emprego dos fatores de produção, para 
aumentar a produção de um bem é preciso retirar recursos atualmente alocados na 
fabricação de algum outro bem, portanto reduzindo a produção deste último. 
Devido à limitação de recursos, os pontos de maior produção aparecem por sobre a curva 
de transformação. 
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Assim sendo, para a fabricação só de carros (no ponto A) seria sacrificada toda a 
produção de televisores. O custo de oportunidade corresponde exatamente ao sacrifício do 
que se deixou de produzir. 
Portanto, o gráfico da CPP demonstra uma situação em que todos os recursos ou fatores 
de produção (terra, trabalho e capital) estão empregados, portanto uma situação em que 
todos os recursos estão alocados de forma a gerar a produção máxima dessa economia. 
Essa situação é conhecida como plenoemprego. 
O gráfico a seguir mostra três pontos: P, Q e S. O Ponto P representa um nível de 
produção dos bens 1 e 2 abaixo do pleno-emprego, pois seria ainda possível aumentar a 
produção de ambos, desde que para isso a economia mobilizasse fatores de produção 
desempregados. 
 
O ponto Q representa uma situação de pleno emprego dos fatores de produção. Nesse 
caso, só é possível aumentar a produção do bem 2 se houver redução na produção do 
bem 1. Isso corresponde ao conceito econômico de “custo de oportunidade”. 
O ponto S, por sua vez, representa um nível de produção dos bens 1 e 2 que não é 
alcançável no momento, pois exige uma quantidade de fatores de produção maior que 
a máxima disponível neste instante. 
O ponto S somente será alcançado se forem aumentadas, no longo prazo, as quantidades 
de todos os fatores de produção, o que provocaria um deslocamento da curva de 
possibilidades de produção para a direita e para cima. 
Dadas as limitações dos recursos produtivos e do nível tecnológico, os diversos países 
tentam organizar suas economias a fim de resolver os problemas do quê, quanto, como e 
para quem produzir, de forma eficiente, isto é, com o menor desperdício possível. 
Numa economia de mercado, os três problemas fundamentais são resolvidos de forma 
descentralizada, pelo livre jogo de demanda (ou procura) e oferta nos diversos 
mercados de bens e serviços. Nenhum agente econômico (indivíduo ou empresa) se 
preocupa em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de 
preços. Preocupam-se em resolver isoladamente seus próprios negócios. 
As empresas todo o tempo estão lutando para somente sobreviver, num ambiente 
altamente competitivo, graças à concorrência imposta pelos mercados (tanto na venda de 
produtos finais, quanto na compra dos fatores de produção). Esse jogo econômico é todo 
baseado nos sinais dados pelos preços. 
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A concorrência no mercado de bens determina a disputa na compra e venda de produtos, 
em que se encontram os interesses dos indivíduos que demandam (procuram) tais 
produtos, e os interesses das empresas, que ofertam (querem vender) tais bens. No 
momento em que todos agem individualmente, no conjunto resolvem-se 
inconscientemente os problemas básicos da coletividade. 
Tudo é realizado através dos ajustes nos preços das mercadorias, em que se procura 
compatibilizar o preço desejado pelos indivíduos (o mais baixo possível) com o preço 
desejado pelas empresas (o mais alto possível). O desejo dos indivíduos determinará a 
magnitude da demanda, e as intenções das empresas determinarão a magnitude da 
oferta. 
O equilíbrio entre demanda e a oferta será sempre atingido pela flutuação do preço do 
produto em questão. Se a demanda for maior do que a oferta, o preço tende a subir. Se a 
oferta for maior do que a procura, o preço tende a cair. Se houve coincidência entre oferta 
e demanda, o preço tende a ficar estável – essa corresponde à situação de equilíbrio de 
mercado. 
Assim, o mecanismo de preços se torna um grande sistema de ajustes na base da 
“tentativa e erro”, de modo que ao final de várias interações entre produtores (do lado da 
oferta) e de consumidores (do lado da demanda), surge o preço de equilíbrio, 
determinando as quantidades a serem transacionadas no mercado. 
Assim, numa economia de mercado, os problemas básicos da economia – o que, quanto, 
como e para quem produzir - podem ser resolvidos pela concorrência dos mercados e pelo 
mecanismo dos preços. O consumidor tentará maximizar a sua satisfação, e o produtor, o 
seu lucro. 
O sistema de preços coordena as decisões de milhões de unidades econômicas, faz com 
que eles se equilibrem, uns aos outros, e força ajustamentos para torná-los condizentes 
com o nível tecnológico e com o montante disponível de recursos. O gráfico a seguir 
demonstra a interação das forças de oferta e demanda, resultando no preço e na 
quantidade de equilíbrio. 
 
Os consumidores estabelecem os preços máximos que estão dispostos a pagar por cada 
quantidade a ser demandada. Essa avaliação é subjetiva (psicológica) e deriva do conceito 
de utilidade que o consumidor procura maximizar. Assim, a curva de demanda de mercado 
delimita o preço máximo. 
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Por sua vez, os produtores estabelecem o preço mínimo que estão dispostos a receber por 
cada quantidade ofertada, diante da restrição dos custos incorridos e seu objetivo de 
maximizar lucros. Assim a curva de oferta representa o limite mínimo. 
Desta forma, a área de negociação do preço e da quantidade se dará na região 0PE, do 
gráfico, mas o equilíbrio será em E. O mercado é a solução civilizada mais barata, logo a 
mais eficiente, para se realizar trocas, que em última instância é a essência do problema 
econômico. 
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2. Demanda e Oferta 
 
A Curva de Demanda 
 
A demanda ou procura individual corresponde à quantidade de um determinado bem ou 
serviço que o consumidor deseja adquirir durante certo período de tempo. 
Observe que “Demanda” não é a mesma coisa que “Compra”. Demanda é o desejo de 
adquirir, é a aspiração, o plano, e não sua realização. A quantidade demandada pelo 
consumidor é a quantidade de produto que ele vai procurar no mercado, de acordo com 
suas preferências, sua renda, e outros fatores. A quantidade efetivamente comprada, por 
sua vez, vai depender do preço praticado pelo mercado. 
Além disso, a demanda é um fluxo por unidade de tempo, e se expressa por uma certa 
quantidade num dado período. Assim, podemos dizer que “a demanda por milho é de 50 
toneladas/ano” ou ainda que a “demanda por gasolina no país X é de 1000 galões por 
dia”, etc. 
Na Microeconomia, a Teoria da Demanda reflete a tentativa de entender como surge esta 
força de mercado. Sua base reside em algumas hipóteses sobre as escolhas que o 
consumidor faz entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. 
Tendo um orçamento limitado, ou seja, um determinado nível de renda, o consumidor 
procurará distribuir esse seu orçamento (renda) entre os diversos bens e serviços de 
forma a alcançar a melhor combinação possível, ou seja, aquela que lhe trará maior 
nível de satisfação ou utilidade. 
De modo geral, pode-se afirmar que as escolhas do consumidor são influenciadas pelas 
seguintes variáveis, que por esta razão determinam sua demanda por determinado bem: 
a) O preço do próprio bem; 
b) Os preços dos outros bens (que podem ser substitutos ou complementares); 
c) A renda do indivíduo; 
d) Os gostos ou preferências pessoais do indivíduo. 
Para estudar a influência de cada fator sobre a demanda é preciso fazer uma 
simplificação, pois estudar tudo em conjunto seria bastante complexo. 
A partir daqui, vamos considerar cada variável separadamente, para entender como cada 
uma delas influencia na formação da demanda individual. Quando analisarmos cada 
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variável separadamente, trabalharemos com a hipótese coeteris paribus, ou seja, vamos 
admitir previamente que todas as demais variáveis permaneçam inalteradas. 
Esta expressão “coeteris paribus” é muito utilizada na ciência econômica e significa “tudo 
o mais constante”. 
Assim, podemos afirmar que, coeteris paribus, a demanda é função do preço. Ou seja, 
estamos dizendo que, supondo inalterados os demais preços dos outros bens, a renda e 
os gostos ou preferências do consumidor, sua demandasofrerá influência de variações do 
próprio preço do bem. Vamos então começar nossa análise: 
 
a) Efeito de variações no preço do próprio bem sobre a sua demanda 
Podemos representar a relação entre quantidades demandadas e preços dos bens da 
seguinte maneira: 
qx = f (px) 
Normalmente, teremos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade 
demandada. Quando o preço do bem cai, este fica mais barato em relação a seus 
concorrentes e, dessa forma, os consumidores deverão aumentar seu desejo de comprá-
lo. 
Vejamos a seguir um exemplo numérico, que relaciona as quantidades demandadas de 
um certo produto com os preços deste mesmo produto. A tabela mostra a relação 
decrescente entre preços e quantidades, que pode ser também visualizada no gráfico 
correspondente: 
p q
0,10 98,00 
0,50 90,00 
0,75 85,00 
1,00 80,00 
1,25 75,00 
1,50 70,00 
1,75 65,00 
2,00 60,00 
2,25 55,00 
2,50 50,00 
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
40 50 60 70 80 90 100
p
q
Curva de Demanda
 
O gráfico mostra a curva de demanda. Neste exemplo, estamos usando uma curva 
“linear”, que é uma das muitas representações matemáticas possíveis da curva de 
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demanda. Poderíamos também representar essa mesma curva de demanda através da 
equação abaixo: 
p = 5 – q/20 
Assim, a curva de demanda mostra a relação entre o preço do bem e a quantidade 
desse bem que o consumidor está disposto a adquirir durante certo período de tempo, 
tudo o mais permanecendo constante, ou seja, não variando o preço dos outros bens, a 
renda e o gosto do consumidor. 
Qualquer ponto da curva, no gráfico seguinte, nos mostra a combinação de preço e 
quantidade. Ao preço P1, a quantidade demandada será Q1. 
 
A curva de demanda nos dá o conjunto de todas as combinações possíveis entre preços e 
quantidades. Quando se fala em “demanda”, estamos nos referindo à curva inteira, 
enquanto se denomina “quantidade demandada” um determinado ponto dessa mesma 
curva. 
 
b) Efeito de variações nos preços dos outros bens sobre a curva de demanda 
qx = f (py) 
A demanda por um bem “x” depende de py, ou seja, do preço de um outro bem “y”, tudo 
o mais constante. 
Para essa função não temos uma relação geral: o aumento do preço do bem “y” poderá 
aumentar ou reduzir a demanda do bem “x”. A reação depende do tipo de relação 
existente entre os dois bens. Os bens “x” e “y” podem ser substitutos (ou também 
chamados concorrentes) ou podem ser complementares. 
• Bens Substitutos ou Concorrentes 
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Se o aumento do preço do bem “y” aumentar a demanda do bem “x”, os bens “y” e “x” 
serão chamados substitutos ou concorrentes. Eles guardam relação de 
substituição quanto ao seu consumo. Por exemplo, a manteiga e a margarina, o café e o 
chá, o açúcar e o adoçante, etc. 
Nessas condições, se o preço do bem “y” aumenta, podemos afirmar que, coeteris 
paribus, a quantidade demandada de “x” vai aumentar. Suponha que “y” seja a margarina 
e “x” seja a manteiga. Se o preço da margarina aumenta, muitos consumidores deixam de 
demandar margarina e passam a demandar a manteiga. 
Isto resulta num deslocamento de toda a curva de demanda do bem “x” (no nosso 
exemplo, a manteiga) para a direita, conforme ilustrado no gráfico abaixo: 
 
Ou seja, mesmo com o preço do bem “x” constante, em P1, haverá aumento na 
quantidade demandada de Q1 para Q2, pois muitos consumidores deixarão de demandar o 
bem “y” e passarão a demandar o bem “x”. Como isto se aplica a todos os demais pontos 
da curva de demanda, concluímos que toda a curva de desloca para a direita (pois todos 
os pontos se deslocam). 
O mesmo raciocínio nos leva à conclusão de que, quando o preço do bem “y” diminui, a 
curva de demanda do bem “x” se desloca para a esquerda. 
 
• Bens Complementares 
Se o aumento do preço do bem “y” provoca uma queda na demanda do bem “x”, eles 
são bens complementares. É o caso, por exemplo, do pão e da manteiga, do café e do 
leite, entre outros. Bens complementares são aqueles que, em geral, são consumidos 
conjuntamente. 
Nesse caso, o aumento do preço de um bem complementar “y” levará a um deslocamento 
da curva de demanda do bem “x” em sentido oposto ao caso apresentado anteriormente, 
em que existia relação de substituição entre os bens. 
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Supondo que o preço do bem “y”, representado pelo pão, aumente, a quantidade 
demandada de pão vai diminuir. Assim, também vai diminuir a quantidade demandada do 
bem “x”, manteiga, pois os dois bens são complementares. 
Dessa forma, ao contrário do que vimos no exemplo anterior, o aumento do preço de 
um bem complementar provoca uma redução na quantidade demandada do bem em 
análise, provocando um deslocamento de toda a sua curva de demanda para a 
esquerda. 
Uma redução no preço do bem complementar faz com que a curva de demanda do 
bem em questão se desloque inteiramente para a direita. 
 
c) Efeitos da variação da renda do consumidor sobre a curva de demanda 
qx = f (R) 
Como regra geral, existe uma relação crescente e direta entre a renda e a demanda por 
um bem ou serviço. Quando a renda cresce, a demanda do bem deve aumentar. O 
indivíduo, ficando mais rico, vai desejar aumentar seu padrão de consumo e, portanto, 
demandar maiores quantidades de bens e serviços. É assim que se comportam os bens 
normais. 
Essa regra tem exceções. Em primeiro lugar, é possível que o indivíduo esteja totalmente 
satisfeito com o consumo de determinado bem e, portanto, não altere a quantidade 
demandada por unidade de tempo, quando sua renda aumentar. É o caso dos bens de 
consumo saciado. 
Outra exceção diz respeito aos chamados bens inferiores. Esses são bens cuja 
demanda se reduz quando a renda aumenta. Por exemplo: a demanda por carne de 
segunda se reduz quando o indivíduo aumenta seus ganhos, pois ele passará a demandar 
carne de primeira e não mais de segunda. 
A relação entre a renda e a demanda por determinado bem pode ser apresentada na 
forma de deslocamentos de toda a curva de demanda. 
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 13 
 
Para os bens normais, um aumento de renda deslocará a curva de demanda para a 
direita, como mostra o gráfico acima. 
Para os bens inferiores, caso haja aumento da renda do consumidor, o deslocamento 
será para a esquerda, pois ele desejará menos tais bens. 
No caso dos bens de consumo saciado, a posição da curva de demanda não se altera, 
não há efeito algum provocado pelas variações da renda. 
 
 
d) Efeito das alterações nos gostos ou preferências pessoais do consumidor 
sobre a curva de demanda 
 
Fatores subjetivos podem levar o consumidor a desejar mais de um bem, 
independentemente do seu preço. Quando uma determinada peça de roupa entra na 
moda, por exemplo, sua demanda aumenta, mesmo que o preço não tenha sido alterado. 
Em termos gráficos, isto equivale a um deslocamento de toda a curva de demanda para a 
direita. 
Se, por outro lado, o consumidor deseja menos um produto, porque, por exemplo, 
descobre-se que ele tem algumas características indesejáveis, os gostos ou preferências 
se alteram no sentido de deslocar toda a curva de demanda para a esquerda. O mesmo 
pode ocorrer com umapeça de roupa que sai de moda, por exemplo. 
 
 
 
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A Curva de Oferta 
Vamos agora analisar o que acontece do lado dos produtores, ou seja, das empresas que 
produzem e vendem os diversos tipos de bens no mercado. 
Define-se oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam 
vender por unidade de tempo. A oferta é um desejo, um plano, uma aspiração. 
Assim, “oferta” não é a mesma coisa que “venda”; a oferta representa um 
comportamento, um desejo, uma intenção dos produtores, enquanto que a venda 
corresponde à efetiva transação comercial, de acordo com o preço de mercado e de 
acordo com a quantidade demandada pelos consumidores. 
A oferta do bem depende basicamente do próprio preço deste bem. Admitindo-se a 
hipótese coeteris paribus, podemos afirmar que quanto maior for o preço do bem, mais 
interessante será produzi-lo e, portanto, a oferta é maior. 
Podemos também representar esta idéia com alguns números e com um gráfico, como a 
seguir: 
p q
2,50 95,00 
2,25 90,00 
2,00 85,00 
1,75 80,00 
1,50 75,00 
1,25 70,00 
1,00 65,00 
0,75 60,00 
0,50 55,00 
0,25 50,00 
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
40 50 60 70 80 90 100
p
q
Curva de Oferta
 
Também aqui estamos representando a curva de oferta de forma linear, que pode ser 
descrita, neste caso, pela equação: 
p = q/20 – 2,25 
Relacionando a quantidade ofertada de um bem com seu preço, obteremos, portanto a 
curva de oferta, ilustrando uma relação crescente entre preços e quantidades: 
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 15 
 
A oferta do bem x depende também dos preços dos fatores de produção, os quais, 
juntamente com a tecnologia empregada, determinam o custo de produção. Havendo 
aumento do preço do fator, aumentará o custo de produção. 
Os bens em cuja produção se empregam grandes quantidades desse fator sofrerão 
aumentos de custo significativos, enquanto os que pouco o utilizam sofrerão menos. 
Por exemplo, aumentando o preço da terra, teremos grande aumento no custo de 
produção de milho, enquanto em outros setores que aproveitam em menor intensidade o 
fator terra, terão aumentos menores de custos. 
Assim, a mudança no preço do fator acarretará alterações na lucratividade relativa das 
produções, e isso ocasionará deslocamentos nas curvas de ofertas das diferentes 
mercadorias. 
O mesmo raciocínio se pode fazer em relação à mudança na tecnologia de produção. Os 
bens que mais se beneficiaram da mudança tecnológica terão uma lucratividade 
aumentada, e assim surgirão deslocamentos nas curvas de oferta de diversos bens e 
serviços. 
Assim, temos as seguintes regras: 
• Aumentos nos custos de produção provocam um deslocamento da curva de oferta 
para a esquerda (a oferta se retrai, pois a produção ficou mais cara); 
• Reduções nos custos de produção, ou ainda, melhoria das condições tecnológicas, 
provocam uma expansão da oferta, deslocando toda a curva para a direita. 
Finalmente, a oferta de um bem pode ser alterada por mudança nos preços dos 
demais bens produzidos. Se os preços dos demais bens subirem e o preço do bem x 
permanecer idêntico, sua produção tornar-se-á menos atraente em relação à produção 
dos outros bens, conseqüentemente diminuindo sua oferta. Nesse caso, teremos 
deslocamento da curva de oferta para a esquerda. 
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O Equilíbrio de Mercado 
O preço na economia de mercado é determinado tanto pela oferta quanto pela demanda. 
Coloquemos em único gráfico as curvas de oferta e de demanda. Sabemos que a curva de 
demanda, que representa o desejo dos consumidores, é decrescente em relação aos 
preços. A curva de oferta, por sua vez, é crescente em relação aos preços. O gráfico a 
seguir mostra a interação entre as forças de oferta e demanda: 
 
 
 
Observe a interseção das curvas no ponto E, ao qual correspondem o preço P1 e a 
quantidade Q1. Esse ponto é único, pois a curva de demanda é decrescente e a curva de 
oferta, crescente. Nesse ponto, a quantidade que os consumidores desejam comprar é 
exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender. Existe coincidência de 
desejos. 
Para qualquer preço superior a P1 a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior 
que aquela que os consumidores desejam comprar. Em linguagem técnica, dizemos que 
existe excesso de oferta. De outra parte, para qualquer preço inferior a P1 surgirá 
excesso de demanda. Em qualquer dessas situações não existe compatibilidade de 
desejos: 
I - quando existir excesso de demanda surgirão pressões para que os preços subam, 
pois: 
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a) os compradores, incapazes de comprar tudo o que desejam ao preço existente, 
dispõem-se a pagar mais; e 
b) os vendedores vêem a escassez e percebem que podem elevar os preços sem queda 
em suas vendas. 
 
II - quando existir excesso de oferta surgirão pressões para os preços caírem, pois: 
 
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a) os vendedores percebem que não podem vender tudo o que desejam; seus estoques 
aumentam e, assim, passam a oferecer a preços menores; e 
b) os compradores notam a fartura e passam a “pechinchar” no preço. 
 
No ponto E (P1, Q1) não existem pressões para alterações nos preços. Nesse ponto, os 
planos dos compradores são coincidentes com o plano dos vendedores. Sendo o único 
nessas condições, o ponto E é o ponto de equilíbrio das curvas de oferta e demanda. O 
preço P1 é o preço de equilíbrio e Q1 a quantidade de equilíbrio. 
 
Mudanças do ponto de equilíbrio 
Vimos anteriormente que vários fatores podem provocar deslocamentos das curvas de 
oferta e demanda. 
Um deslocamento desse tipo provocará alterações no ponto de equilíbrio. Suponhamos, 
por exemplo, que o mercado do bem x está em equilíbrio, e o bem x é um bem normal. O 
preço do equilíbrio é P1 e a quantidade de equilíbrio é Q1. 
Suponhamos agora que os consumidores tenham aumento de renda real (o que significa 
aumento de seu poder aquisitivo, de seu poder de comprar mercadorias). 
Conseqüentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, ao mesmo preço, será maior. 
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Isso significa deslocamento da curva de demanda para a direita, para D'. Assim, ao preço 
P1, teremos excesso de demanda, que provocará aumento de preços até que o excesso de 
demanda se acabe. O novo equilíbrio ocorrerá pelo preço P2 e quantidade Q2. 
Da mesma forma, deslocamentos da curva de oferta provocam mudanças na quantidade e 
no preço de equilíbrio. 
Suponhamos, para exemplificar, que os preços das matérias-primas do bem “x” se 
reduzam. 
 
Conseqüentemente, a curva de oferta do bem “x” se desloca para a direita. Por raciocínio 
análogo ao anterior, podemos perceber que o novo preço de equilíbrio será menor e nova 
quantidade de equilíbrios será maior. 
 
 
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Elasticidade-Preço da Demanda 
Mudanças nos preços dos bens provocam mudanças nas quantidades demandadas. Vamos 
agora analisar o grau em que a quantidade demandada responde a uma variação 
nos preços. 
Suponhamos a situação de equilíbrio que seja modificada por um aumento da oferta. A 
nova posição de equilíbrio vai depender também da curva de demanda. 
No gráfico a seguir, a curva de demanda é bastante elástica (sensível) a variações de 
preço, de modo que uma pequena redução no mesmo leva a um grande aumento na 
quantidade demandada. 
 
No próximo exemplo, o gráfico mostra uma curva de demanda pouco elástica (sensível), 
ou ainda chamada inelástica em relação às variações de preço, resultando num pequeno 
aumento da quantidade demandada, mesmo com uma grande queda nos preços: 
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Em ambos os casos, apresentados nos gráficos anteriores, as curvas O e O' são as 
mesmas, assim como o preço e a quantidade inicial de equilíbrio. 
No primeiro gráfico, tivemos grande aumento na quantidade de equilíbrio e pequena 
variação no preço. No segundo gráfico, ocorreu o oposto, isto é, houve pequeno 
acréscimo na quantidade e grande redução no preço. 
A importância dessas diferenças nas respostas da demanda a variações nos preços pode 
ser explicada pelo fato de que os produtos apresentam diferentes elasticidades nas suas 
demandas, ou seja, os consumidores podem ser mais sensíveis ou menos sensíveis às 
alterações nos preços dos produtos. 
Podemos então definir a elasticidade-preço da demanda, como a variação percentual 
de quantidade demandada do bem “x”, para cada unidade de variação percentual no 
preço do bem “x”. 
Ed = ∆∆∆∆%Qx 
 ∆∆∆∆%Px 
A variação percentual da quantidade é dada por: ∆Q/Q1, em que ∆Q = Q2 – Q1. 
A variação percentual do preço é: ∆P/P1, em que ∆P = P2 – P1 
 
Elasticidade no ponto e no arco 
Consideremos a curva de demanda no gráfico abaixo: 
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Temos dois pontos A e B, representando as seguintes combinações de preços e 
quantidades: 
• No ponto A � P1 = 2, Q1 = 6; 
• No ponto B � P2 = 4, Q2 = 2. 
Logo, calculando a elasticidade no ponto A, temos: 
∆Q = Q2 – Q1 = 2 - 6 = -4 
∆%Q = ∆Q / ∆Q1 = -4/6 = -2/3 
∆P = P2 – P1 = 4 – 2 = 2 
∆%P = ∆P / ∆P1 = 2/2 = 1 
Logo; 
EdA = ∆%Q / ∆%P = -2/3 
Pode-se observar que ∆Q/∆P é a inclinação (ou coeficiente angular) da curva de 
demanda. Como a curva de demanda é normalmente decrescente, a sua inclinação é 
negativa. 
Assim, a elasticidade-preço da demanda é também negativa. A razão para ser negativa 
decorre do fato de que, quando os preços aumentam, a quantidade demandada diminui. 
O contrário ocorre quando os preços caem. 
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As variações de preços e quantidades têm sentidos opostos. Logo, a elasticidade é, em 
geral, negativa. 
Para calcular a elasticidade no ponto B, basta fazer: 
∆Q = Q2 – Q1 = 6 - 2 = 4 
∆%Q = ∆Q / ∆Q1 = 4/2 = 2 
∆P = P2 – P1 = 2 – 4 = -2 
∆%P = ∆P / ∆P1 = -2/4 = -1/2 
logo; 
EdB = ∆%Q / ∆%P = -4 
Observe que a elasticidade em cada ponto vai ser diferente. Então, qual será a 
elasticidade no intervalo “AB”? Para responde a esta pergunta, precisaremos calcular a 
média dos preços e das quantidades, usando a seguinte fórmula: 
 
Edab = ∆Q . (P1+P2)/2 = ∆Q . P1+P2 
 ∆P (Q1+Q2)/2 ∆P Q1+Q2 
 
Ou seja, toma-se a média aritmética das quantidades e a dos preços. Essa é a elasticidade 
“no arco” AB (ou no “ponto médio”). Calculando-se pelo exemplo dado: 
Edab = -4 . 4+ 2 
 2 6 + 2 
Edab = -2 . 6 / 8 = -3/2 
O conceito de elasticidade é utilizado em referência a determinado ponto, preço e 
quantidade. O exemplo mostra que a elasticidade varia conforme o ponto que se tome. 
Nesse sentido, devemos afirmar que a elasticidade da demanda, no arco compreendido 
entre A e B, é igual a -3/2. 
 
Classificação das demandas em função da sua elasticidade 
Em módulo, a elasticidade varia entre zero e infinito. Dessa forma, podemos classificar a 
demanda de um determinado bem ou serviço em cinco tipos, no que se refere à sua 
elasticidade-preço: 
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 24 
 
Demanda... Valor de Ed Módulo de Ed Relação entre Q e P 
Totalmente inelástica Ed = 0 |Ed| =0 ∆% Q = 0 
Inelástica Ed > -1 |Ed| < 1 ∆% Q < ∆ % P 
Elasticidade Unitária Ed = -1 |Ed| = 1 ∆% Q = ∆ % P 
Elástica Ed < -1 |Ed| > 1 ∆% Q > ∆ % P 
Infinitamente Elástica Ed � +∞ |Ed| � +∞ ∆% Q = +∞ 
 
Os casos extremos estão indicados a seguir: 
• Demanda totalmente inelástica (qualquer que seja o preço, a quantidade 
demandada não se altera). Vide gráfico a seguir: 
 
A demanda totalmente inelástica se mostra como uma reta vertical, paralela ao eixo dos 
preços, e sua inclinação é igual a zero. Nesse caso, não importa qual seja o preço de 
mercado, a quantidade demandada será sempre a mesma. 
• Demanda infinitamente elástica (a um mesmo preço, várias quantidades podem 
ser demandadas). Vide gráfico a seguir: 
 
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No caso da demanda infinitamente elástica, ela se mostra como uma reta horizontal, 
paralela ao eixo das quantidades, e sua inclinação é infinita. A um mesmo preço, é 
possível que haja infinitas combinações de preço e quantidade demandada. 
 
Aplicações do Conceito de Elasticidade: relação com a Receita Total da Firma 
A receita total que as empresas produtoras de determinado bem recebem é igual à 
quantidade vendida, multiplicada pelo preço da mercadoria: 
RT = p . q 
Da mesma forma, a despesa total dos consumidores com esse bem é igual à quantidade 
comprada, vezes o seu preço. 
A despesa dos consumidores na compra de determinado bem é igual à receita total de 
seus produtores. Assim, tudo o que dissermos a respeito da receita das empresas valerá 
para a despesa dos consumidores. 
Vamos supor que, em certo mercado, o preço de equilíbrio seja P0 e a quantidade, Q0. 
 
 
Nesse mercado, a receita total dos produtores será: 
RT0 = P0 . Q0 = 0P0 . AQ0 
Vamos agora supor que a oferta aumente. Já sabemos que esse fato é representado no 
gráfico por meio de um deslocamento da curva de oferta para a direita. 
 
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 26 
 
O novo preço de equilíbrio será P1, que é menor que P0. Mas a nova quantidade de 
equilíbrio será Q1, que é maior que Q0. A esse preço e quantidade, a receita total será: 
RT1 = P1 . Q1 = 0P1 . BQ1 
Essa receita é maior ou menor que RT0? O preço é menor, mas a quantidade é maior. 
Com essas informações, somente, nada se pode afirmar. 
A resposta a esta questão só é possível se soubermos o valor da elasticidade-preço da 
demanda. 
Sendo a demanda elástica no intervalo em análise, a variação percentual na quantidade 
(para mais) será maior que a variação percentual (redução) nos preços. 
Portanto, haverá acréscimo na receita total das empresas produtoras do bem em 
questão. O que as empresas ganham com o aumento da quantidade supera o que perdem 
devido à redução nos preços. 
Sendo a demanda elástica, a receita total das empresas aumenta quando os 
preços se reduzem, e diminui quando os preços sobem. 
No caso dea demanda ser inelástica, ocorre o oposto. A variação percentual dos preços é 
maior que a variação percentual da quantidade. Logo, com a queda dos preços, a receita 
cai, e, com o aumento, a receita total torna-se maior. 
Sendo a demanda inelástica, a receita total das empresas diminui quando os 
preços se reduzem, e aumenta quando os preços sobem. 
Finalmente, no caso de elasticidade unitária, a receita total permanecerá constante. 
 
Fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda 
São os seguintes: 
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 27 
a) A existência de bens substitutos 
Quanto mais substitutos tiver o bem, maior deverá ser sua elasticidade. A razão para isso 
é que o consumidor poderá substituir o bem cujo preço aumentar por um outro que lhe 
seja concorrente. 
Assim, se o preço do refrigerante aumentar, o indivíduo poderá passar a beber mais suco 
de fruta ou mais água mineral. Então, pequenos aumentos no preço deste produto podem 
levar a uma grande redução de sua demanda. A possibilidade de substituir seu consumo é 
muito grande, tornando sua demanda muito elástica (muito sensível a variações de 
preços). 
Por outro lado, se houver aumentos no preço do gás de cozinha, os consumidores não 
têm como reduzir muito sua demanda. Não há muitos substitutos próximos e é realmente 
muito difícil trocar este produto por outro similar. Então, este bem deverá apresentar uma 
demanda pouco elástica ou inelástica (pouco sensível às variações dos preços). 
b) O peso do bem no orçamento 
Quanto menor o peso do bem no orçamento do consumidor, menos provável que sua 
demanda se reduza, mesmo que haja aumento de preço. Por exemplo, o sorvete, o 
cafezinho, o sal de cozinha. Por outro lado, grandes variações do preço de um bem que 
tenha peso significativo no orçamento do consumidor tende a causar maiores alterações 
na sua demanda. 
c) Essencialidade do bem 
Quanto mais essencial for o bem para o consumidor, menor sua elasticidade, pois mais 
difícil é dispensar seu consumo. Medicamentos de uso contínuo, por exemplo, tendem a 
apresentar baixa elasticidade. Por sua vez, os bens considerados “supérfluos” tendem a 
apresentar uma elasticidade mais elevada. 
Elasticidade-preço cruzada da demanda 
Essa medida compara variações percentuais de quantidade demandada de um bem com 
variações percentuais do preço de outro bem. 
Elasticidade-preço cruzada entre os bens “x” e “y” é a variação percentual de quantidade 
demandada do bem “x”, para cada unidade de variação percentual do preço “y” 
(admitindo-se constante o preço do bem “x”, da renda, dos gostos do consumidor, ou 
seja, condição coeteris paribus): 
Exy = ∆∆∆∆%Qx / ∆∆∆∆%Py 
Poderemos então ter os seguintes resultados: 
a) Se a Exy < 0, os bens x e y são complementares, ou seja, quando o preço do 
bem “y” aumentar, a quantidade demandada do bem “x” diminuirá, e vice-versa; 
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 28 
b) Se Exy > 0, os bens são substitutos ou concorrentes; quando subir o preço do 
bem “x”, aumentará a quantidade demandada do bem “y”; e vice-versa. 
Elasticidade-renda da demanda do bem x 
Elasticidade-renda da demanda é a variação percentual da quantidade demandada de um 
bem “x” para cada unidade de variação percentual da renda do consumidor: 
ER = ∆%Qx / ∆%R 
O conceito de elasticidade-renda é bastante similar aos anteriores. Procura-se medir o que 
ocorrerá quando houver variação na renda do consumidor. 
Normalmente, quando se tem aumento da renda, intuitivamente se espera aumento da 
quantidade demandada de qualquer bem. 
Mas, todos os casos possíveis são descritos na tabela seguinte: 
 
Elasticidade-Renda 
da Demanda 
Tipo de Bem 
∆% Q / ∆ % P > 0 Bem Normal 
∆% Q / ∆ % P = 0 Bem de Consumo Saciado 
∆% Q / ∆ % P < 0 Bem Inferior 
 
Um caso especial na teoria microeconômica é o chamado Bem de Giffen. Trata-se de 
uma situação na qual o preço de um determinado bem se reduz, produzindo um 
aumento relativo de renda real do consumidor, o que leva o mesmo a demandar 
menos daquele próprio bem, e a demandar mais de outros bens. 
Imaginemos um consumidor que tenha uma renda tão baixa que não seja possível 
consumir carne todos os dias, mas somente aos domingos. Suponhamos que o alimento 
consumido nos demais dias da semana seja a batata. 
Se o preço da batata se reduzir, nessa situação sobrarão alguns trocados que permitirão 
ao consumidor comprar carne mais um dia semana além do sábado (por exemplo, 
também no domingo). 
Assim, a redução do preço da batata leva o consumidor, paradoxalmente, a demandar 
menos quantidades da batata. 
Observe que todo Bem de Giffen é necessariamente um Bem Inferior, mas nem 
todo Bem Inferior é um Bem de Giffen. 
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 29 
Elasticidade-preço de oferta do bem “x” 
Do mesmo modo que a elasticidade de demanda, a elasticidade de oferta se define como 
a variação percentual na quantidade ofertada do bem x para cada unidade de variação 
percentual no preço do bem x: 
Eo = ∆%Qx / ∆ %Px 
• Para Eo > 1, teremos oferta elástica; 
• Eo = 1, teremos oferta de elasticidade unitária; 
• Eo < 1, teremos oferta inelástica. 
Ao contrário da elasticidade da demanda, a elasticidade-preço da oferta é positiva. Isso 
ocorre porque as variações de preço e quantidade são no mesmo sentido. Ao aumentar 
o preço, aumenta a quantidade ofertada; ao se reduzir o preço, cai também a quantidade 
ofertada pelas firmas. 
Casos particulares 
Vejamos os casos particulares da elasticidade da oferta, de modo semelhante à 
elasticidade da demanda, conforme os gráficos a seguir. 
• Oferta Totalmente Inelástica 
 
Nesse caso, a curva de oferta será vertical. A qualquer preço a quantidade ofertada será a 
mesma. 
• Oferta Totalmente Elástica 
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A curva de oferta será horizontal, paralela ao eixo das quantidades. 
 
Aplicações do modelo de Demanda e Oferta 
 
Impactos da criação de um Imposto sobre as vendas de bens e serviços 
No caso dos impostos incidentes sobre as vendas de mercadorias e serviços, podemos 
distinguir os impostos específicos e ad valorem. 
• Um Imposto Específico (ou ainda Imposto Unitário) é aquele em que se 
estabelece um valor monetário específico incidindo sobre cada unidade vendida do 
bem, independentemente do seu preço. Por exemplo, um imposto cobrado na 
forma de R$ 0,20 por garrafa de bebida ou um imposto de R$ 0,05 sobre cada 
maço de cigarros. 
• Um Imposto ad valorem é cobrado mediante a aplicação de uma alíquota 
percentual sobre o valor da operação tributável, que por sua vez depende da 
quantidade transacionada do bem e do seu respectivo preço. É o caso da maioria 
dos impostos atualmente, inclusive do ICMS e do IPI. 
 
Efeitos da instituição de um Imposto Específico sobre as vendas de mercadorias 
Para analisar estes impactos vamos lançar mão do instrumental analítico visto até o 
momento: as curvas de Demanda e de Oferta de mercado de um determinado bem ou 
serviço. 
Quando o Governo institui um imposto específico, o efeito é o deslocamento da curva 
de oferta para cima, em montante igual, verticalmente, ao valor do imposto. 
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 31 
Isto se dá devido ao fato de que a curva de oferta depende do preço que o produtorefetivamente recebe e, não, do preço de mercado. Desse último, o produtor abate o 
imposto e fica com o restante para si. 
Vamos supor que P é o preço de mercado e T é o valor do imposto. O preço que o 
produtor recebe será: 
P´= P – T 
A incidência de um imposto específico vai elevar o preço de mercado e reduzir a 
quantidade de equilíbrio, conforme o gráfico a seguir: 
 
P1 é o novo preço de equilíbrio e Q1 a nova quantidade de equilíbrio. P´é o preço 
efetivamente recebido pelo produtor, sendo: 
P´= P1 – T 
Podemos dividir a diferença entre P e P´, ou seja, o valor do imposto em duas parcelas: 
∆P = P1 – P0 
que representa o aumento do preço de equilíbrio; é chamada parcela do imposto paga 
pelo consumidor, e: 
∆P´ = P0 – P´ 
que representa a redução no preço recebido pelo produtor, chamada de parcela do 
imposto paga pelo produtor, sendo que: 
∆P + ∆P´ = P1– P´= T 
Mas o que isso quer dizer? Em primeiro lugar, o gráfico nos mostra que haverá uma 
repartição do ônus da tributação entre os consumidores e os produtores. Em segundo 
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lugar, a depender da inclinação das curvas de demanda e de oferta, haverá uma 
distribuição mais ou menos onerosa para um dos lados deste mercado. 
Em outras palavras, as elasticidades da oferta e da demanda em relação ao preço 
determinarão quem vai suportar maior ônus tributário: se o consumidor ou o 
produtor. 
Observe nos gráficos a seguir duas curvas de demanda com elasticidades (sensibilidade às 
variações nos preços) diferentes: 
 
Neste primeiro gráfico, a curva de demanda é menos elástica do que a curva de oferta 
(menos inclinada), ou seja, os consumidores modificam muito pouco seus hábitos em 
função das variações dos preços. 
Nesse caso, boa parte do encargo do imposto tende a ser repassado para os 
consumidores, que irão arcar com um sacrifício maior do seu bem-estar, ao repartir o 
ônus tributário. 
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Nesse segundo gráfico, a elasticidade da demanda é maior do que a da oferta, o que 
significa que os consumidores reagem intensamente a eventuais mudanças nos preços (a 
curva é bastante inclinada). 
Portanto, nessa segunda situação, a introdução de um imposto específico e seu 
conseqüente aumento no preço do produto irá causar uma grande retração da demanda, 
de modo que as empresas não conseguirão repassar o ônus tributário, tendo que arcar 
com a maior parte deste sacrifício. 
 
Efeitos causados pelos Impostos Ad valorem 
Este tipo de imposto incidirá sobre o valor das vendas; representa um percentual da 
receita total obtida pela empresa com a venda do produto. 
Em outras palavras, o preço efetivamente recebido pelo produtor é uma parcela do preço 
de mercado. Caso vigore um imposto de 5%, o que o produtor recebe é na verdade 95% 
do preço de mercado. 
Em termos gerais, se o imposto for t%, o produtor receberá (1 - t)%. Usando a mesma 
terminologia já apresentada: 
P´= (1 - t) . P 
Verifica-se que a repercussão do imposto ad valorem é a seguinte: observando a oferta 
com e sem imposto, as alterações aparecem no coeficiente angular da curva, que 
diminui, ou seja, a curva de oferta se torna mais vertical. 
 
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Com a alteração da oferta vão modificar-se o preço e a quantidade de equilíbrio do 
mercado. O preço aumenta e a quantidade se reduz. 
Da mesma forma que no caso do imposto especifico, identificaremos o aumento de preço 
de parcela paga pelo consumidor pela expressão ∆P = P1 – P0. 
Sendo o restante do imposto pago pelo produtor: ∆P´ = P0 – P´ 
Em ambos os casos (imposto específico ou ad valorem) as parcelas pagas pelo 
consumidor e pelo produtor dependerão das elasticidades-preço da oferta e da demanda 
do produto. 
 
Portanto, atenção: 
• Se a elasticidade-preço da demanda for menor que a elasticidade-preço da 
oferta, o consumidor pagará a maior parcela do imposto; 
• Se ao contrário, a elasticidade-preço da demanda for maior que a elasticidade-
preço da oferta, então é o produtor que vai arcar com a maior parte do imposto. 
• Se ambas as elasticidades forem iguais, haverá repartição igualitária do peso 
da tributação. 
O quadro a seguir resume essas regras: 
εd = Elasticidade da Demanda 
εo = Elasticidade da Oferta 
Quem suportará a maior 
parte da tributação: 
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εd > εo Os produtores 
εd = εo 
Ônus tributário repartido 
igualmente 
εd < εo Os consumidores 
 
 
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3. Teoria do Consumidor 
 
Utilidade Total e Utilidade Marginal 
 
A Teoria do Consumidor se propõe a explicar porque os indivíduos demandam 
mercadorias, partindo do pressuposto básico segundo o qual o consumo de um bem 
sempre traz algum tipo de satisfação ou bem-estar. 
A Microeconomia usa o conceito de utilidade total para representar uma medida desse 
nível de satisfação ou bem-estar do consumidor. 
O nível de utilidade total (ou satisfação do consumidor) cresce à medida que aumenta a 
quantidade consumida de certo bem ou serviço. 
No entanto, a cada acréscimo na quantidade de bens consumidos pelo indivíduo, o nível 
total de utilidade tende a crescer de forma cada vez mais lenta, conforme ilustrado no 
gráfico a seguir: 
 
A utilidade que a última unidade consumida acrescenta à utilidade total é chamada 
utilidade marginal, ou seja, o acréscimo à utilidade total decorrente do consumo de 
uma unidade adicional dessa mercadoria. 
A utilidade marginal do bem diminui à medida que o consumidor aumenta o seu consumo. 
De maneira geral, podemos descrever a relação entre a utilidade marginal e a utilidade 
total de um bem “x” através da seguinte relação: 
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 37 
UMgx = ∆∆∆∆Ux 
 ∆∆∆∆Qx 
 
Ux é a utilidade total do consumo do bem “x”; Qx é a quantidade total consumida. A 
utilidade marginal é calculada exatamente pelos acréscimos da utilidade total decorrentes 
dos acréscimos à quantidade consumida de “x”. 
Essa expressão matemática quer dizer simplesmente que a utilidade total do consumo de 
“i” unidades é igual à soma das utilidades marginais da primeira até a i-ésima mercadoria. 
Trata-se da hipótese da “aditividade” da utilidade, segundo a qual o aumento da 
satisfação ou utilidade do consumidor com uma mercadoria “x” depende unicamente da 
quantidade consumida dessa mesma mercadoria (e das adições a essa quantidade). 
A lei da utilidade marginal decrescente pode ser vista no gráfico a seguir: 
 
 
 
A curva de demanda individual e o equilíbrio do consumidor 
Se quisermos encontrar uma forma de mensurar as grandezas “utilidade total” e “utilidade 
marginal”, precisamos partir do pressuposto de que o individuo tende a valorizar mais 
aqueles bens que lhe trazem mais utilidade. 
Como agente racional, o indivíduo estará disposto a pagar mais por algo que tenha maior 
utilidade para ele, ou seja, por algo que lhe proporcione maior nível de satisfação. 
Assim, pode-se definir a medida de utilidade do consumo de qualquer mercadoria como 
sendo o “preço máximo” que o indivíduo estaria disposto a pagar por esse consumo. 
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Chamamos esse “preço máximo” que o consumidor está disposto a pagar por uma 
unidade adicional da mercadoria de preço marginal de reserva. 
O preço marginal de reserva é tanto maior quanto maior for a utilidade acrescentada por 
uma unidade adicional da mercadoria, ou seja, quanto maior for a utilidade marginal. 
Assim, o preço marginal de reserva é uma forma de se medir a utilidade marginal. 
O preço marginal de reserva é decrescente em decorrência da lei da utilidade marginal 
decrescente, e pode ser representado pelo gráfico a seguir: 
 
 
A quantidade comprada pelo consumidor deverá ser aquela que iguala o preço marginal 
de reserva ao preço efetivamente praticado no mercado. 
Por exemplo, se o preço for Po, a quantidade consumida será Qo, pois o preço marginal de 
reserva, isto é, o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última 
unidade consumida é maior que Po para todas as unidades consumidas antes de o 
consumidor atingir o consumo Qo. 
A curva representada nesta figura nada mais é do que a curva de demanda do 
consumidor, a qual já estudamos nas seções anteriores. 
Se o preço marginal de reserva for superior ao preço praticado no mercado, isso indica 
que o consumidor poderá comprar unidades adicionais da mercadoria por um preço menor 
do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas. 
Por outro lado, se o preço marginal de reserva for inferior ao preço de mercado, então, 
isso indicará que o consumidor está pagando por algumas unidades consumidas mais do 
que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas, e, portanto, que o consumidor 
está sendo estimulado a reduzir o consumo da mercadoria. 
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Quando o preço marginal de reserva for exatamente igual ao preço de mercado, então, o 
consumidor não terá incentivo nem para aumentar nem para diminuir seu consumo, pois 
ele já estará comprando todas as unidades pelas quais estaria disposto a pagar um preço 
maior ou igual ao preço praticado no mercado. 
Neste ponto o consumidor atingiu o seu equilíbrio. A diferença entre o que o consumidor 
está disposto a pagar e o que ele efetivamente paga por uma mercadoria se chama 
excedente do consumidor, e corresponde à área da figura indicada no gráfico. 
 
Teoria da Escolha 
A idéia de que se poderia medir o nível de satisfação ou prazer decorrente do consumo de 
uma mercadoria foi utilizada pela Teoria Cardinal da Utilidade. Porém, diante da 
impossibilidade de se efetivamente “medir” o nível de utilidade, os economistas 
desenvolveram a chamada Teoria Ordinal da Utilidade ou Teoria da Escolha. 
Pela hipótese da aditividade, havíamos considerado que a satisfação do consumidor com 
um determinado bem dependia apenas da quantidade consumida desse próprio 
bem. 
No entanto, tal hipótese é uma simplificação muito grande, pois o consumidor na verdade 
deseja ao mesmo tempo consumir vários tipos diferentes de bens, e precisa 
decidir como vai usar sua renda (que é limitada) da melhor maneira possível. 
A teoria da escolha explica como o consumidor decide o quanto vai consumir de cada 
uma das diversas mercadorias. 
Vamos supor que o consumidor tenha à sua disposição a possibilidade de escolher entre 
duas mercadorias. Assim, ele se defronta com diferentes combinações de quantidades de 
cada bem, ou seja, com diferentes “cestas de mercadorias”. 
Vamos admitir, por simplificação, que existam somente duas mercadorias, Alimentação e 
Vestuário. A tabela a seguir ilustra essa idéia: 
 
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Cesta de Mercadorias Unidades de 
Alimentação
Unidades de 
Vestuário
I 10 15
II 5 25
III 20 10
IV 15 20
V 5 10
VI 5 20
Cesta de Mercadorias Unidades de 
Alimentação
Unidades de 
Vestuário
I 10 15
II 5 25
III 20 10
IV 15 20
V 5 10
VI 5 20
 
As cestas de mercadorias descritas nesta tabela também podem ser representadas como 
no gráfico abaixo: 
 
Um determinado consumidor classifica as diferentes opções de consumo, representadas 
por diferentes cestas de mercadorias, segundo suas preferências ou gostos pessoais. 
O consumidor poderá achar que a cesta “I” seja mais interessante que a cesta “II”, ou 
ainda poderá achar que tanto a cesta “IV” quanto a cesta “III” sejam igualmente 
interessantes. Tudo vai depender de suas preferências pessoais. 
De modo geral, o consumidor gostaria de consumir o máximo dos dois bens, mas, não 
sendo isto possível, muitas vezes ele vai optar por escolher mais de um ou de outro bem, 
ou seja, ele terá que escolher entre uma das cestas indicadas na tabela citada. 
Dadas essas premissas, surge o instrumento de representação das preferências do 
consumidor chamada curva de indiferença, ou seja, o lugar geométrico dos pontos que 
representam cestas de consumo indiferentes entre si. 
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Em outras palavras, a curva de indiferença representa graficamente um conjunto de 
cestas de consumo indiferentes para o consumidor, ou seja, cestas que trazem a mesma 
satisfação. 
Vamos analisar, num outro exemplo, a tabela a seguir: 
 
Cesta de 
Mercadorias
Unidades de 
Alimentação
Unidades de 
Vestuário
A 1 12
B 2 6
C 3 4
D 4 3
E 5 2,4
Cesta de 
Mercadorias
Unidades de 
Alimentação
Unidades de 
Vestuário
A 1 12
B 2 6
C 3 4
D 4 3
E 5 2,4
 
 
Estas são algumas cestas possíveis, refletindo diferentes combinações de alimentação e 
vestuário, que geram para o consumidor o mesmo nível de satisfação. Assim, é 
indiferente para ele escolher qualquer uma das cestas, em detrimento das demais. 
Podemos representar esta tabela no gráfico abaixo: 
 
 
A curva representada nesse gráfico descreve um conjunto de cestas de consumo que são 
igualmente desejáveis para o consumidor, pois lhe proporcionam o mesmo nível de 
satisfação. Essa curva é denominada como curva de indiferença. 
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Do ponto de vista do consumidor, é indiferente, ou seja, causa-lhe o mesmo nível de 
satisfação, escolher a cesta “A” ou a cesta “B” ou a cesta “C”, ou qualquer outra por sobre 
a curva de indiferença. 
No entanto, outras cestas de mercadorias, localizadas acima e à direita da curva de 
indiferença apontada na figura anterior como, por exemplo, a cesta de mercadorias “X”, 
são preferíveis às cestas de mercadorias indicadas na nossa tabela. 
Note que a cesta “X” está situada acima e à direita da cesta “B”, que pertence à curva de 
indiferença dessa figura. Isso significa que a cesta “X” contém mais unidades de alimentos 
e também mais unidades de vestuário que a cesta “B”. 
Portanto, a cesta “X” é preferível à cesta “B”, e do mesmo modo, é preferível às demais 
cestas indiferentes à cesta “B”. 
Então, podemos afirmar que a cesta “X” se situa por sobre uma outra curva de 
indiferença, que por sua vez reflete um nível mais elevado de satisfação ou utilidade, 
conforme visualizado no gráfico a seguir: 
 
 
Por outro lado, as cestas de mercadorias situadas à esquerda e abaixo da curva de 
indiferença, como, por exemplo, a cesta “Y”, são piores que as cestas dessa curva. 
A cesta “Y” contém menos unidades de alimentos e de vestuário que a cesta “B”. Assim, 
o consumidor ainda prefere a cesta “B” (e as demais equivalentes em satisfação) à cesta“Y”. Logo, a cesta “Y” se situa por sobre uma curva de indiferença inferior. 
Continuando este raciocínio para outras cestas possíveis, podemos ter também diversos 
outros níveis de curvas de indiferença, cada qual associada a um nível de satisfação ou 
utilidade específico, formando um mapa de indiferença. 
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É importante observar que as curvas de indiferença possuem três propriedades, que são 
as seguintes: 
I. Curvas de indiferença mais distantes da origem representam cestas de 
mercadorias mais desejadas, pois geram um nível mais elevado de 
satisfação; 
Do mesmo modo, curvas de indiferença mais próximas da origem representam cestas de 
mercadorias menos desejadas. 
Isso significa que se for possível para consumidor aumentar simultaneamente as 
quantidades consumidas dos dois bens, seu nível de utilidade total irá aumentar, pois cada 
curva de indiferença corresponde a um mesmo nível de utilidade, que será maior quanto 
maior for a distância da curva em relação à origem dos eixos do gráfico. 
II. Uma curva de indiferença tem sempre inclinação negativa; 
Ou seja, ela se inclina para baixo e à direita. A curva de indiferença não poderia ter 
inclinação positiva, pois nesse caso haveria uma situação absurda, como a descrita no 
gráfico abaixo. 
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No gráfico, vemos que partindo-se do ponto A em direção ao ponto B, aumentam-se 
simultaneamente as quantidades consumidas dos bens “alimentação” e “vestuário”, o que 
necessariamente deve elevar a utilidade total do consumidor. 
Logo, essas duas cestas de bens não podem ser consideradas indiferentes, pois o 
consumidor iria logicamente preferir a cesta B à cesta A. 
III. Duas curvas de indiferença jamais se cruzam. 
Se isso acontecesse, chegaríamos a um outro resultado absurdo, como o descrito no 
gráfico a seguir: 
 
As cestas “A” e “B”, situadas sobre uma mesma curva, são, portanto, indiferentes ao 
consumidor; tanto faz uma ou outra combinação de quantidades de alimentação e 
vestuário. 
O mesmo está ocorrendo com as cestas “A” e “C”, que também se situam sobre a mesma 
curva de indiferença. 
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Seríamos obrigados a concluir que cestas “C” e “B” deveriam ser também indiferentes, o 
que é absurdo, pois elas situam sobre curvas de indiferença distintas, representando, 
portanto, diferentes níveis de utilidade para o consumidor. 
Daí a impossibilidade lógica das curvas de indiferença de se cruzarem em qualquer ponto 
que seja. 
 
A linha de restrição orçamentária 
Vimos que o nível de satisfação do consumidor cresce à medida que o mesmo aumenta as 
quantidades consumidas. 
Sendo o consumidor um agente econômico racional, ele tende a querer aumentar a 
quantidade consumida de todos os bens. Porém, ele não pode fazer isto de modo 
indefinido, pois encontra uma restrição, um limite para seu consumo, imposto pela sua 
renda disponível. 
Vejamos como isto acontece. Vamos trabalhar com a seguintes variáveis: 
• qa � quantidade de alimentação consumida; 
• qv � quantidade de vestuário; 
• Pa � preço de uma unidade de alimentação; 
• Pv � preço de unidade de vestuário; 
• R � renda disponível do consumidor. 
Com estas variáveis, podemos dizer que o gasto total do consumidor é limitado pela renda 
da seguinte maneira: 
Pa . qa + Pv . qv ≤ R 
Suponha que a renda mensal do consumidor seja igual a R$ 500,00. 
Se uma unidade de alimentação tiver o preço de R$ 5,00 então a quantidade máxima de 
alimento que o consumidor pode adquirir é dada por: 
 
R = 500 = 100 Unidades de Alimentação 
Pa 5 
 
Suponha agora que uma unidade de vestuário tenha o preço de R$ 10,00. 
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Nesse caso, a quantidade máxima de vestuário que o consumidor pode comprar será igual 
a: 
R = 500 = 50 Unidades de Vestuário 
Pv 10 
 
Estas são as possibilidades extremas, pois o consumidor, na realidade, sendo um agente 
econômico racional, vai tentar maximizar sua satisfação, comprando certas quantidades 
dos dois produtos. 
Se o consumidor decidir comprar 20 unidades de alimentação, vai gastar com essa 
aquisição: R$ 5,00 . 20 = R$ 100,00. 
Assim, sobram ainda R$ 400,00 para gastar com a compra de vestuário, o que lhe permite 
comprar R$ 400,00 / R$ 10,00 = 40 unidades deste bem. 
Existem infinitas possibilidades de combinação entre vestuário e alimentação. Algumas 
podem ser ilustradas pela tabela abaixo: 
Cesta de Mercadorias A B C D E F 
Unidades de Alimentação 0 20 40 60 80 100 
Unidades de Vestuário 50 40 30 20 10 0 
 
As cestas de mercadorias dessa tabela estão representadas na figura a seguir, como 
pontos da reta cuja equação é Pa.qa + Pv.qv = R. Essa reta é chamada linha de restrição 
orçamentária e representa o limite de consumo para o indivíduo, pois ele pode comprar 
todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária e todas 
as cestas que estão abaixo e à esquerda dessa. 
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Observe que a linha de restrição orçamentária cruza o eixo horizontal quando o consumo 
de alimentação é dado pela expressão: R/Pa, que indica o consumo de alimento que se 
obtém quando toda a renda é destinada à sua compra. 
De maneira semelhante, o consumo de vestuário, quando a linha de restrição 
orçamentária cruza o eixo vertical, é dado pela expressão: R/Pv que indica quanto será 
possível consumir de vestuário se toda a renda for gasta com a sua aquisição. 
 
Deslocamento da linha de restrição orçamentária 
A posição da linha de restrição orçamentária depende de dois fatores: 
• dos preços das mercadorias e; 
• da renda do consumidor. 
Uma redução no preço da alimentação, por exemplo, faria com que a quantidade máxima 
possível que pudesse ser comprada, ao mesmo nível de renda, fosse maior. 
O inverso ocorreria caso houvesse um aumento no preço da alimentação. O consumidor 
agora, se decidisse gastar toda a sua renda com esse bem, iria consumir uma quantidade 
menor. 
Assim, alterações no preço dos bens levam a reta de restrição orçamentária a alterar seus 
pontos de contato com os eixos do gráfico em questão, como visto na figura a seguir: 
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Por outro lado, aumentos na renda do consumidor permitiriam ao mesmo aumentar, 
simultaneamente, o consumo dos dois bens, o significa que haveria um deslocamento de 
toda a reta de restrição orçamentária para a direita. 
De modo semelhante, uma queda na renda do consumidor diminuiria suas possibilidades 
de aquisição dos dois bens, o que levaria a um deslocamento de toda a reta de restrição 
orçamentária para a esquerda. 
 
O gráfico abaixo demonstra essas duas situações: 
 
 
O equilíbrio do consumidor 
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Vejamos agora como um consumidor deve escolher entre as diversas cestas de 
mercadorias que sua restrição orçamentária lhe permite consumir. A figura abaixo mostra 
a linha de restrição orçamentária, juntamente com o mapa de indiferença do consumidor:Das quatro curvas de indiferença apresentadas no gráfico, o consumidor, sendo racional, 
desejaria uma cesta de mercadorias situada na curva de indiferença I3, por exemplo, a 
cesta de mercadorias “C”. 
Entretanto, sua renda não permite alcançar tal ponto, pois este se encontra além de sua 
linha de restrição orçamentária. As quantidades equivalentes de alimentação e vestuário 
não podem ser alcançadas com a renda atual do consumidor. 
Dada uma restrição orçamentária, o consumidor só pode escolher entre as cestas de 
mercadorias que sua renda permite comprar; porém, sendo racional, ele escolherá a 
cesta de mercadorias que lhe proporcione o máximo nível de bem estar, ou seja, 
aquela que pertença à curva de indiferença mais externa possível. 
A curva de indiferença mais externa possível de ser alcançada é a I2, sendo o ponto “E” a 
cesta de mercadorias mais interessante para o consumidor. O ponto “E” corresponde ao 
ponto em que a curva de indiferença I2 tangencia (toca em um único ponto, sem cruzar) a 
linha de restrição orçamentária. 
Este será o ponto de Equilíbrio do Consumidor. 
Assim, o equilíbrio do consumidor é atingido no ponto em que a reta de restrição 
orçamentária tangencia a curva de indiferença mais elevada. O gráfico a seguir ilustra o 
equilíbrio do consumidor de modo genérico: 
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Sejam as variáveis x e y, respectivamente, as quantidades consumidas de dois bens “X” e 
“Y”. “R” corresponde ao valor da renda do consumidor. A função U(x,y) corresponde ao 
nível de utilidade obtido com o consumo das respectivas unidades dos dois bens. 
A reta de restrição orçamentária é representada por: 
R = x. px + y . py 
As quantidades máximas que podem ser consumidas dos dois bens são dadas pela divisão 
da renda total pelos respectivos preços. 
No ponto de equilíbrio, o consumidor está maximizando sua utilidade, consumindo Xo e Yo 
quantidades de cada bem, respectivamente. 
Vimos anteriormente que alguns fatores podem deslocar a linha de restrição orçamentária, 
tais como variação nos preços dos produtos e na renda do consumidor. Se ocorrerem tais 
variações, um novo equilíbrio será atingido, pois se modificará a posição em que a linha 
de restrição orçamentária tangencia a curva de indiferença. 
É possível ainda que a linha de restrição orçamentária passe a tocar outra curva de 
indiferença, mais externa ou mais interna, o que implica dizer que poderão haver 
mudanças no nível de bem estar do consumidor. 
A figura adiante ilustra uma mudança no equilíbrio do consumidor decorrente de um 
aumento na sua renda. 
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 51 
 
A linha de restrição orçamentária se desloca para a direita. O equilíbrio que antes era 
atingido na cesta de mercadorias E0 passa agora para a cesta de mercadorias E1, a 
quantidade consumida de alimentação passa de Qa0 para Qa1 e a quantidade consumida 
de vestuário passa de Qv0 para Qv1. 
Uma variação no preço de mercadoria, à medida que desloca a linha de restrição 
orçamentária, também leva à obtenção de um novo equilíbrio. Com um aumento no preço 
da alimentação, a linha de restrição orçamentária se desloca, nesse eixo, no sentido 
inverso, fazendo com que o equilíbrio passe para uma curva de indiferença mais próxima 
da origem. 
No ponto de equilíbrio vale uma importante relação matemática: 
UMg X = Px Ou ainda: UMg X = UMg Y 
UMg Y Py Px Px 
Observe também que, no equilíbrio, a inclinação da curva de indiferença, calculada pela 
Taxa Marginal de Substituição entre “X” e “Y”, ou seja, a quantidade do bem “X” que o 
consumidor está disposto a deixar de consumir para consumir mais do bem “Y” será 
também igual à relação entre os preços dos bens “X” e “Y”. Ou seja, no equilíbrio, Px/Py 
= TMS x,y. 
 
 
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 52 
4. Teoria da Firma 
 
Teoria da Produção 
 
O estudo da Teoria da Firma envolve a Teoria da Produção, que trata da relação técnica 
entre a quantidade de insumos utilizados pelas empresas e as quantidades de produto 
obtidas, e a Teoria dos Custos, que incorpora a esta análise o preço dos fatores de 
produção. 
O objetivo da Teoria da Firma é analisar os princípios gerais que determinam o 
comportamento do produtor, portanto causando as alterações na oferta dos bens 
produzidos, dos preços e do modo como são alocados os fatores na produção. 
Um conceito básico é o de empresa ou firma, que se refere a uma unidade técnica que 
realiza a transformação de recursos e insumos em bens e serviços para venda ao 
consumidor, ou até mesmo a outras empresas. 
Neste conceito genérico, enquadraremos, portanto, todas as atividades industriais, 
comerciais, agropecuárias, de serviços, etc. 
Na Teoria da firma não importa qual é a natureza jurídica da empresa; a “firma” é vista 
como uma “unidade técnica de transformação”, que aloca recursos e produz os bens e 
serviços comercializados na economia. 
Outro aspecto importante a destacar é que, para a Microeconomia, a firma também age 
racionalmente, procurando maximizar seus lucros. 
Passemos agora à análise dos fenômenos relativos à produção de bens e serviços pelas 
firmas. 
 
A Função de Produção 
A firma, ao decidir o que, como e quanto produzir, vai, na medida das respostas vindas do 
mercado consumidor, variar a quantidade utilizada dos fatores, para com isso variar a 
quantidade produzida do produto. 
Esse tipo de ação da firma não é, todavia, totalmente independente. Está sujeito a 
algumas restrições econômicas e financeiras. Além dessas, existe outra muito importante 
e que se caracteriza como restrição técnica: é a função de produção. 
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 53 
A função de produção identifica a forma de solucionar os problemas técnicos da produção, 
pela apresentação das combinações de fatores que podem ser utilizados para o 
desenvolvimento do processo produtivo. 
Podemos conceituar a função de produção como sendo a relação entre a 
quantidade utilizada dos fatores de produção pela firma e a quantidade obtida 
do produto. 
Observe que estamos falando exclusivamente de quantidades físicas, sem inquirir nada 
sobre os preços dos fatores de produção. Isto será objeto de estudo da Teoria dos 
Custos. 
Na Microeconomia a função de produção admite sempre que a firma esteja utilizando a 
maneira mais eficiente de combinar os fatores e, dessa forma, obter a maior 
quantidade possível de produto. 
Para a firma realizar esse tipo de ação da maneira mais eficiente possível, é preciso 
escolher um determinado processo de produção, ou seja, certa técnica por meio da qual o 
produto será obtido mediante a utilização de determinadas quantidades de fatores de 
produção. 
Assim, a função de produção indica o máximo de produto que se pode obter com as 
quantidades dos fatores, uma vez escolhido determinado processo de produção mais 
conveniente. 
A função de produção pode ser representada da seguinte forma: 
q = f (x1, x2, x3, ..., xn) 
Na qual “q” é a quantidade produzida do bem e x1, x2, x3, ..., xn identificam as 
quantidades utilizadas de diversos fatores, respeitado o processo de produção mais 
eficiente escolhido. Podemos simplificar a função de produção, considerando somente dois 
fatores de produção, K (Capital) e L (Trabalho): 
q = f ( K , L ) 
Um exemplo de função de produção pode ser o seguinte: 
q = 10K0,5L0,5 
Supondo que a empresa utilize 4 unidades de capital e

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