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Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 1 Economia – Módulo 06 VI – Teorias da Inflação A inflação é um fenômeno econômico de natureza essencialmente monetária. Caracteriza-se por um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. A inflação é um dos problemas macroeconômicos que mais preocupam o Governo, uma vez que este fenômeno produz efeitos nocivos, que são sentidos pela população em geral. É importante ressaltar que os movimentos inflacionários representam elevações na maior parte dos bens produzidos pela economia; assim, um eventual aumento do preço de um determinado bem não representa, por si só, um fato suficientemente relevante para caracterizar a inflação. Além disso, para caracterizar um fenômeno inflacionário é necessário que se verifique uma elevação contínua dos preços durante um período de tempo. Essa continuidade é representada por aumentos sucessivos nos preços. A conseqüência imediata da inflação é a depreciação do valor real da moeda ao longo do tempo. Em outros termos, podemos afirmar que R$ 100,00 valem mais hoje do que valerão daqui a um ano, porque a quantidade de bens que podemos comprar hoje com R$ 100,00 é maior do que a quantidade que poderemos adquirir naquele momento futuro, afinal de contas, os preços estão aumentando continuamente. Assim, por definição, a inflação é um fenômeno monetário. Um ponto importante é que o excesso de moeda em circulação contribui para elevar a inflação, através de mecanismos que iremos analisar a seguir. Porém, o combate à inflação não passa somente por um controle mais rígido do estoque de moeda, mas exige a utilização de determinados instrumentos, os quais também serão objeto de nossa análise. Outra observação a fazer é o fato de que a inflação representa um conflito distributivo existente na economia. A disputa dos diversos agentes econômicos pela distribuição da renda representa uma questão fundamental na compreensão do fenômeno inflacionário. Como existe uma grande de diversidade de agentes econômicos, o processo inflacionário pode ter a sua origem em várias situações de desequilíbrio na economia. Um exemplo é o desequilíbrio financeiro do setor público. Quando o Governo apresenta sucessivos déficits fiscais, e financia parte deste resultado negativo com emissão de moeda (da qual detém o monopólio), acaba induzindo uma elevação do estoque de moeda em taxas acima do crescimento do produto. Com mais moeda em Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 2 circulação, a tendência é de aquecimento da demanda agregada num ritmo mais veloz que o crescimento da oferta agregada, gerando elevação dos preços. Sob a ótica do conflito distributivo, esse tipo de inflação representa um conflito entre o setor privado e o setor público pela disputa do produto. Nesta hipótese, caso o setor público reduza seus gastos e assim consiga evitar o acréscimo excessivo de moeda, pode-se resolver o problema inflacionário. Outro exemplo de conflito distributivo acontece na esfera das relações entre preços e salários. Nesta situação, o problema reside numa disputa pelo produto entre a classe trabalhadora e a classe empresarial. Trabalhadores se comportam no sentido de obter reajustes salariais e de apropriar parte dos ganhos de produtividade. Empresários, por sua vez, buscam se apropriar dos ganhos de produtividade para elevar seus lucros. Desequilíbrios nesta relação podem levar a flutuações nos níveis de preços e de salários, com tendência de crescimento. Uma outra situação pode ainda explicar o aparecimento do fenômeno inflacionário: instabilidade nas relações entre a economia nacional e o resto do mundo. É o caso dos chamados choques externos como, por exemplo, uma elevação repentina dos preços de insumos e matérias-primas importadas, com repercussão nos custos de produção internos; trata-se de um outro tipo de conflito distributivo, que também pode dar origem a um processo inflacionário. Finalmente, as peculiaridades de cada economia levam a diferentes manifestações do fenômeno inflacionário em cada país. Economias onde predominam estruturas de mercado oligopolizadas (com alta concentração do produto por parte de poucas empresas) apresentam um comportamento de preços distinto daquele verificado em países onde predominam estruturas mais concorrenciais (com um número maior de empresas produzindo os bens e concorrendo entre si). Em mercados mais concentrados (oligopólios, monopólios, etc) existe uma tendência de que os preços apresentem certa “rigidez” para a queda, uma vez que as empresas, neste tipo de mercados, têm um poder maior para determinar seu mark- up (margem de ganho sobre os custos), imprimindo altas aos preços de seus produtos. Diversos outros fatores ainda podem influir no fenômeno inflacionário: o poder de barganha das organizações sindicais, por exemplo, pode levar a uma tendência de maiores ou menores conflitos no âmbito das relações entre preços e salários; o grau de abertura da economia ao comércio exterior, a partir de uma certa estrutura de tarifas sobre importação, pode aumentar ou reduzir a concorrência com o setor externo, tornando os preços internos mais ou menos flexíveis, etc. Efeitos nocivos da Inflação sobre a economia A maior parte dos países convive com taxas anuais de inflação mais ou menos estáveis, sendo monitoras pelas autoridades monetárias – normalmente, o Banco Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 3 Central ou instituição equivalente. É comum, portanto, haver um certo movimento de alta dos preços, por conta da influência dos fatores vistos anteriormente. Porém, quando as taxas de inflação aumentam, e iniciam uma trajetória ascendente, ocorrem várias conseqüências nocivas para a economia, gerando sérias distorções, as quais iremos analisar a seguir: a) Efeitos sobre a distribuição de renda Um dos piores efeitos da inflação se refere à redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, ou seja, que possuem datas de reajuste definidas legalmente. Nessa categoria estão enquadrados os trabalhadores assalariados. Com o passar do tempo, seus orçamentos vão se tornando cada vez mais reduzidos. O valor real de sua remuneração vai sendo corroído, ao longo do ano, pela alta sucessiva dos preços, até a chegada da data-base, quando ocorrerá um novo reajuste. Nesse momento, se tentará fazer a reposição de parte das perdas acumuladas no período. Com outros segmentos da população esse problema não ocorre. Por exemplo, no caso dos proprietários de imóveis, que auferem rendas provenientes de aluguéis; eles sofrem também uma perda do valor real dos aluguéis recebidos ao longo do contrato, mas podem antecipadamente estabelecer reajustes periódicos e automáticos, fixados no próprio contrato de locação. Além disso, no longo prazo podem obter ganhos decorrentes da própria valorização imobiliária. A classe empresarial também possui maior margem de defesa contra os efeitos nocivos da inflação sobre seus rendimentos reais. Os empresários procuram repassar os aumentos de custos provocados pela inflação para o preço final das mercadorias vendidas, tentando assim preservar a manutenção de seus lucros. b) Efeitos sobre as transações no mercado financeiro Num processo inflacionário muito intenso, o valor real da moeda tende a se reduzir rapidamente. Isto provoca um desestímulo à aplicação de recursos no mercado financeiro, por parte dos agentes superavitários, porque a inflação tende a corroer o rendimento real das aplicações. Assim, por exemplo, não vale apena comprar um título que ofereça um rendimento pré-fixado de 12% ao ano, se a inflação atingir a taxa de 15% ao ano. Nessas condições, o investidor estaria tendo perda real do valor aplicado. Assim, as aplicações em poupança e títulos tendem a sofrer uma retração. Ao mesmo tempo, a inflação muito alta acaba estimulando a aplicação de recursos em outros ativos, como imóveis, ouro e dólar. Os chamados ativos “reais” passam a ser mais procurados (imóveis, gado, mercadorias, etc). Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 4 No Brasil esse tipo de distorção no mercado financeiro foi bastante minimizado pela instituição do mecanismo da correção monetária, através do qual diversas aplicações, como por exemplo, os títulos públicos, cadernetas de poupança e títulos privados, passaram a serem indexadas, ou seja, seu valor passou a ser reajustado por índices de preços que refletem aproximadamente o crescimento da inflação no período. Assim várias operações passaram ter seu rendimento pós-fixado; como exemplo, um determinado título poderia prometer a seu possuidor um rendimento de 2% mais a variação do IGP-M (ou seja, 2% de ganho real mais a correção monetária correspondente à variação do IGP-M, índice geral de preços calculado pela FGV - Fundação Getúlio Vargas – este é um dos diversos índices utilizados para se medir a inflação no Brasil). Entretanto, quando a economia se encontra altamente indexada, a aceleração da inflação acaba contribuindo para um desvio em massa de recursos de investimentos no setor produtivo, para aplicação no mercado financeiro, o que também é uma distorção, pois leva ao agravamento de outros problemas estruturais no longo prazo, como o comprometimento do próprio crescimento da economia, uma vez que o estoque de capital físico passa a crescer num ritmo menor. c) Efeitos sobre o balanço de pagamentos Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, tornam o produto nacional relativamente mais caro em relação ao seu similar, produzido externamente. Desse modo, a inflação tende a provocar um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, prejudicando o saldo da balança comercial. Se o país estiver enfrentando um déficit na sua balança comercial, este problema tende a se agravar, gerando um perigoso círculo vicioso. Suponhamos que, num dado momento, o Banco Central pretenda reduzir um eventual déficit no Balanço de Pagamentos. Uma alternativa possível seria desvalorizar a moeda nacional frente à moeda estrangeira. Assim, o Banco Central começa a comprar divisas, o que aumenta a taxa de câmbio (maior demanda por divisas) e portanto reduz o valor da moeda nacional frente à moeda estrangeira. Essa medida acaba estimulando as exportações, e tornando as importações mais caras. De fato haverá uma melhora na Balança Comercial, o que auxilia o país nas suas contas externas. Entretanto, algumas importações são essenciais, pois alguns bens importados podem não ter similar nacional ou ainda nossa oferta interna pode não atender completamente à demanda do mercado. Alguns bens tais como certos produtos agrícolas, equipamentos, fertilizantes, gás, etc, não podem de modo algum deixar de ser importados. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 5 Essas importações vão se tornar mais caras, pressionando os custos de produção das empresas que utilizam largamente os produtos importados. O resultado será um incremento no processo inflacionário, provocado pelo repasse do aumento de custos aos preços dos produtos, inclusive os produtos exportados, e dessa forma gerando novas pressões negativas sobre a balança comercial. d) Efeitos sobre as expectativas dos agentes econômicos Outra distorção provocada por uma inflação muito elevada está ligada ao processo de formação das expectativas dos agentes econômicos sobre o futuro. O setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, uma vez que sua atividade está sujeita a riscos, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. A Teoria Econômica considera que o empresário formula suas expectativas acerca da conjuntura inflacionária atual e futura, e tenta fazer previsões sobre o comportamento dos preços nos próximos meses. Se as expectativas caminharem no sentido de que são esperadas maiores taxas de inflação, dificilmente os empresários aumentarão seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Desse modo, numa conjuntura inflacionária, a própria capacidade de produção futura da economia poderá ser comprometida e, conseqüentemente, o nível de emprego poderá ser afetado. e) Efeitos sobre os pagamentos de empréstimos e impostos Nas etapas iniciais de um processo inflacionário, os agentes econômicos que contraíram dívidas, no passado, tendem a ganhar, porque não incorporaram nos seus contratos nenhuma expectativa inflacionária. Neste caso os credores tendem a sofrer perdas, ao receber, na data de vencimento, a quantia emprestada, cujo valor real foi reduzido pela inflação. Porém, vimos que se existirem mecanismos de indexação, esta situação será minimizada. Quanto aos impostos, durante certo tempo foi uma prática comum no Brasil o atraso deliberado do pagamento desses débitos, pois os juros da mora eram irrisórios, e o atraso significava, em termos reais, uma diminuição do valor do imposto. Com a Reforma Tributária de 1967, essa vantagem deixou de existir, uma vez que passaram a ser cobrados juros da mora, acrescidos de multas e de correção monetária. Atualmente os tributos federais sofrem ainda atualização pela taxa SELIC. Portanto, a inflação, sejam quais forem os seus efeitos predominantes naquele momento, tende a desarticular o sistema econômico, intensificando o conflito distributivo, com efeitos danosos caso a mesma persista no longo prazo. Tipos de Inflação Basicamente a Teoria Econômica considera que a inflação pode surgir em algumas situações específicas, de modo que é possível falar em certos “tipos” de inflação, Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 6 principalmente a Inflação de Demanda, a Inflação de Custos e a Inflação Inercial. Vejamos as características de cada uma delas: a) Inflação de Demanda Considerada o tipo mais "clássico" de inflação, corresponde ao excesso de demanda agregada, em relação à produção disponível de bens e serviços. Podemos entendê-la como "dinheiro demais à procura de poucos bens". A possibilidade de ocorrer inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver próxima do pleno emprego. Se houver desemprego em larga escala na economia, é de se esperar que um aumento da demanda agregada deva corresponder a um aumento na produção agregada de bens e serviços, pela maior utilização de recursos antes desempregados, sem que necessariamente ocorra um aumento generalizado de preços. Quanto mais próximo do pleno emprego, menor a possibilidade de uma expansão rápida da produção, e a repercussão maior deve se dar sobre os preços. O gráfico ao lado demonstra essa relação. A Curva de Oferta Agregada (OA) vai se tornando cada vez mais inelástica, à medida que a Renda (Y) vai se aproximando da Renda de Pleno Emprego. Dessa forma, sucessivos aumentos da Demanda Agregada (DA) num ritmo muito mais acentuado do que o aumento da capacidade produtiva da economia, vão fazendo com que a variação dos preços (P1 – P0) seja cada vez maior do que a variação real (física) da produção (Y1 - Y0). No caso-limite em que a Renda nacional corresponde à Renda de Pleno emprego, todos os aumentos da DemandaAgregada repercutem apenas sobre os preços. Esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada. No curto prazo, a demanda agregada é mais sensível às alterações de política econômica que a oferta agregada, pois nesta última, os ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos. Assim, a política geralmente usada para combater esse tipo de inflação se baseia em instrumentos que provoquem uma redução da demanda agregada por bens e serviços. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 7 O Governo pode agir tanto direta como indiretamente para reduzir o processo de inflação de demanda. A atuação direta dá-se pela redução dos próprios gastos do Governo. Assim, a redução dos gastos de um dos principais compradores de bens e serviços (o próprio Governo) tem um efeito imediato e eficaz sobre a demanda agregada. A atuação indireta do Governo ocorre por meio de políticas que venham a desencorajar o consumo e o investimento privado. Por exemplo, pode implementar uma política monetária que procure restringir a quantidade de moeda e de crédito, ou então uma política fiscal que provoque um aumento da carga tributária, tanto sobre bens de consumo como sobre bens de capital. Nesta última hipótese é comum o Governo lançar mão de um imposto de renda progressivo, ou seja, aquele cuja alíquota aumenta à medida em que a renda se eleva. Esta tributação progressiva funciona como um estabilizador automático da demanda agregada. À medida que a renda se eleva, a receita tributária do Governo cresce mais rapidamente, reduzindo assim o ritmo de expansão da própria demanda agregada. No Brasil uma das principais práticas usadas nos últimos anos tem sido também a manutenção de altas taxas de juros, inibindo, portanto, o crescimento dos gastos dos agentes privados. b) Inflação de custos Esse tipo de inflação corresponde a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda permanece praticamente o mesmo, mas os custos de certos insumos e matérias-primas importantes dentro da cadeia produtiva aumentam, e são repassados aos preços dos demais bens e serviços produzidos. O seu mecanismo de funcionamento é o seguinte: o preço de um bem ou serviço tende a relacionar-se bastante com seus custos de produção. Se estes aumentarem, mais cedo ou mais tarde o preço do bem provavelmente aumentará. Uma razão freqüente para o aumento de custos está nos aumentos salariais, decorrentes de reajustes legais, acordos judiciais ou mesmo após movimentos grevistas conduzidos pelos sindicatos. O aumento dos salários, entretanto, não necessariamente significa que os custos unitários de produção de um bem aumentaram. Se a produtividade da mão-de-obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários, os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo, se os salários aumentam em 10% e a produção por trabalhador aumenta na mesma proporção, não há razão para as empresas elevarem os preços, pois os custos salariais, por unidade de produto, permaneceram os mesmos. Porém, se eventualmente sindicatos com maior poder de barganha forem capazes de forçar um aumento de salários a níveis acima dos índices de produtividade, os custos Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 8 de produção dos bens e serviços irão aumentar, como resultado da ação dos empresários no sentido de manterem suas margens de lucro. Se os preços dos produtos finais seguem os custos de produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento de salários). A inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas, com elevado poder sobre o mercado, (por exemplo, monopólio ou oligopólio), terem condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos de produção. Nesse caso, a inflação de custos também é conhecida denominada inflação de lucros. Outra fonte de inflação impulsionada pelos custos surgiu a partir da crise de energia de 1973, com a elevação de preços de matérias-primas e insumos básicos, que representaram pressões sobre os custos de produção das empresas. A partir de então, popularizou-se o termo "choque de oferta", para caracterizar eventos que podem desencadear uma inflação de custos. No gráfico a seguir podemos observar uma inflação de custos motivada por um choque de oferta: Um aumento repentino nos custos de produção do país, motivado pela subida dos preços de insumos básicos, provoca um deslocamento para a esquerda e para cima da curva de Oferta Agregada, pois as empresas tendem a reduzir as quantidades físicas produzidas, visando diminuir o impacto dos custos de produção variáveis (aqueles que dependem do volume produzido). O resultado é uma redução no volume total do produto (e da Renda) nacional, paralelamente ao um aumento nos níveis de preço. Observe que também nesse caso, se a economia estiver próxima do pleno emprego, o impacto sobre os preços será mais elevado. Um fenômeno recente tem sido a estagflação. Isto acontece quando se ocorrem paralelamente taxas significativas de inflação, e recessão econômica com desemprego. Uma das razões é devida ao fato de que, em períodos de queda de atividade produtiva (recessão), as firmas com maior poder de mercado (monopólios e oligopólios) têm condições de manter constantes suas margens de lucros sobre seus próprios custos. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 9 A isto se denomina poder de mark-up. Estas firmas conseguem manter seus lucros ao aumentarem o preço de seus produtos finais. Nessa situação, mesmo com o nível de produto e de emprego caindo, os preços dos bens e serviços estão subindo. c) Inflação Inercial A partir da década de 70 e especialmente após o fato de que em algumas economias proliferaram os mecanismos de indexação, surgiu o fenômeno da inflação inercial, que é um tipo de inflação que se auto-reproduz. Em setores muito oligopolizados, as elevações de custos podem com mais facilidade ser repassadas aos preços. Assim, caso ocorram elevações de custos (aumentos salariais, preços de matérias-primas etc); as empresas imediatamente repassam tais acréscimos de custos aos preços. Os sindicatos, por sua vez, tendem a antecipar futuros aumentos da inflação ao fazerem suas reivindicações salariais. Os contratos de financiamento e empréstimos, por sua vez, ao incorporarem a inflação futura, por meio da indexação prévia dos valores a serem pagos pelo devedor, acabam por elevar os custos desses recursos, repercutindo sobre os custos de produção das empresas. Assim, se todos os agentes econômicos começarem a incorporar, no seu comportamento, mecanismos de indexação ou de proteção ao valor real de suas rendas futuras, o resultado em termos macroeconômicos é que efetivamente haverá pressões inflacionárias no futuro. A inflação inercial, portanto, está ligada às próprias expectativas dos agentes econômicos. A Curva de Phillips A curva de Phillips representa um dos dilemas da política econômica. Trata-se de uma relação inversa entre duas variáveis: inflação e desemprego. A formulação original da Curva de Phillips mostra que a taxa de crescimento dos salários guarda uma relação inversa com a taxa de desemprego da economia. Como os salários representam um tipo de “preço” (pago pelas empresas para utilizarem o fator de produção “trabalho”), pode-se ampliar o raciocínio para os demais preços de bens e serviços produzidos pela economia. Assim, a Curva de Phillips é também apresentada na literatura econômica como uma relação inversa entre a taxa de inflação (pi)pi)pi)pi)e a taxa de desemprego (u), conforme gráfico a seguir: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 10 Mesmo que a economia se encontre numa situação de Pleno-emprego, a teoria considera que haveria ainda uma taxa de desemprego natural, representada por un, devido à própria rotatividade da mão-de-obra. Nesse ponto a taxa de inflação é igual a zero. Aumentos do nível de emprego (ou seja, quedas na taxa de desemprego) implicam em aumentos no nível geral de preços, isto é, acontecerá inflação de demanda nessa economia. Assim, se a taxa de desemprego cai de u2 para u1, a taxa de inflação sobe, de pi2 para pi1. Desse modo, o dilema (“trade-off”)do Governo será escolher entre reduzir a inflação e aumentar o desemprego, ou reduzir o desemprego e aumentar a inflação. A Curva de Phillips pode ser representada pela seguinte relação: pipipipi = - β β β β . (u – un) na qual: pi = Taxa de inflação num determinado momento β = Elasticidade (sensibilidade) da inflação às variações na taxa de desemprego u = taxa de desemprego num determinado momento un = taxa natural de desemprego da economia Suponha que o parâmetro β seja igual a 2, que a taxa de desemprego natural un seja igual a 5% e a taxa de desemprego atual na economia seja de 4%. A inflação deverá ser igual a: pipipipi = - 2 2 2 2 . (0,04 – 0,05) = -2 . (- 0,01) = 0,02 = 2% Se o Governo desejar reduzir a taxa de desemprego para 3%, a inflação agora será igual a: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 11 pipipipi = - 2 2 2 2 . (0,03 – 0,05) = -2 . (- 0,02) = 0,04 = 4% Existe ainda a versão aceleracionista da Curva de Phillips, que incorpora ao modelo as expectativas dos agentes econômicos e a possibilidade de choques de oferta: pipipipi = pipipipie - β β β β . (u – un) + E Onde: pie = Taxa de inflação esperada pelos agentes econômicos E = Choques de Oferta Nesse modelo as expectativas dos agentes econômicos tendem a reproduzir a inflação passada para a inflação futura, através de mecanismos como, por exemplo, a indexação. Além disso, a possibilidade da ocorrência de choques de oferta pode também aumentar a inflação, ainda que se mantenha inalterada a taxa de desemprego na economia. Um choque adverso de oferta pode ocorrer, por exemplo, na hipótese de uma elevação súbita no preço de insumos importados. Isso provocará um deslocamento para cima da Curva de Phillips, implicando numa taxa maior de inflação, para uma mesma taxa de desemprego. O Déficit Público e o Imposto Inflacionário A emissão monetária é importante fonte de financiamento do governo. A receita corrente obtida pelo governo dessa fonte é denominada seignorage (RS) e é dada pelo produto entre a taxa de crescimento da base monetária (∆B) e os saldos monetários reais (M/P): RS = ∆∆∆∆B . M B P Que podemos escrever também desta forma: RS = b . m Onde b é considerada a alíquota do imposto que incide sobre uma base de arrecadação (m), ou seja, quanto maior a disposição dos agentes econômicos em reter moeda, maior será a arrecadação de seignorage, para uma dada taxa de emissão monetária. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 12 A emissão de moeda é considerada como uma receita do Governo pelo fato de que o valor da moeda emitida é muito superior ao seu custo de fabricação (este chega a ser irrisório). No entanto, se o governo elevar essa emissão, provocará uma maior inflação e, conseqüentemente, a redução do valor real dos saldos monetários em poder do público. Então, o público tentará recompor seus saldos absorvendo o aumento da oferta monetária. Essa recomposição é chamada de imposto inflacionário, devido à erosão provocada no poder de compra dos agentes econômicos. Não é um “imposto” em termos jurídicos, as pessoas não pagam diretamente nenhum valor ao Governo. Mas, se o Governo emite moeda para comprar bens e serviços, e com isto provoca inflação, reduzindo o valor real da moeda que está nas mãos dos indivíduos, então o efeito final é semelhante à cobrança de um imposto. Levando esse efeito em consideração pode-se reescrever a receita de seignorage (RS) decompondo-a em dois fatores: RS = pipipipi . m + ∆m onde pipipipi é a taxa de inflação. O primeiro termo representa o imposto inflacionário e o segundo a arrecadação proveniente do aumento dos saldos reais. Se o aumento dos saldos monetários reais nas mãos dos agentes econômicos for igual a zero, a receita de seignorage coincide com o imposto inflacionário. Suponha que a oferta de moeda seja igual a $ 200 e que o Governo faça emissões de moeda no valor de $20 para pagar suas despesas. Esses $20 representam a receita de seignorage, que neste caso significaram um crescimento de 10% da oferta de moeda. Se a inflação no período foi igual a 8%, então o valor do imposto inflacionário foi igual a 8% de $20 = $16. O restante foi variação dos saldos reais, igual a 2% de $20 = $4. Porém, se a inflação no período tivesse sido igual a 10%, então toda a receita de seignorage corresponderia ao imposto inflacionário. Existem limites para o financiamento do déficit público via imposto inflacionário. Quando a inflação aumenta, num primeiro momento os agentes econômicos demandam mais moeda, para recompor o valor real de seus encaixes monetários (o dinheiro “em carteira”). Se houver uma contínua aceleração da inflação, os agentes econômicos, num dado momento, desistem de manter suas posições em moeda e mudam seu comportamento – agora eles passam a tentar se livrar dela. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 13 Em outras palavras, os agentes econômicos passam a demandar menos moeda, e tentarão mudar seu portfólio para ativos que permitam uma maior proteção contra a corrosão inflacionária. Isso significa que o Governo só consegue aumentar a receita do imposto inflacionário até certo ponto, isto é, existe um nível de inflação que maximiza a receita do imposto inflacionário. A partir desse ponto, a queda da base de arrecadação supera o aumento da inflação, que funciona como a alíquota do imposto. Então, há uma Curva de Laffer para o imposto inflacionário, como mostrada no gráfico. O nível ótimo de taxa de inflação depende de vários fatores, como o grau de substituição da moeda por outros ativos que forneçam alto grau de liquidez e que possam compensar a perda com a erosão real. Nesse caso, quanto mais elevada for essa capacidade, maior será a inflação requerida para atingir a receita máxima. No Brasil no final da década de 80 e início dos anos 90, a dependência do financiamento inflacionário do déficit público conjugado com um sistema altamente indexado oferecia substitutos quase perfeitos para a moeda. Com isso a economia convivia com elevados patamares inflacionários e sucessivos desequilíbrios fiscais. Com a estabilização econômica pós-Plano Real, o Governo deixou de poder usar o imposto inflacionário como fonte de financiamento, e precisou implementar um forte programa de ajuste fiscal para combater o desequilíbrio das contas públicas, inclusive estendendo essa nova postura aos âmbitos estaduais e municipais. Efeito Tanzi O Efeito Tanzi decorre do fato de que a inflação reduz a receita tributária em termos reais, em decorrência da defasagem temporal entre o momento que ocorre o fato gerador do imposto e o momento de seu efetivo recolhimento (recebimento dos recursos pela autoridade fiscal). Curso Intensivo Regularwww.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 14 Uma forma que os governos encontraram para minimizar o efeito Tanzi é adotar a indexação do sistema tributário, ou seja, cobrar os impostos em termos de um índice que acompanhe a evolução da inflação. Para níveis inflacionários menores, como aqueles de um dígito ao ano, esse efeito tende a ser mais significativo, dado que o incentivo para indexar os impostos e reduzir o período de defasagem da coleta é menor. No Brasil criou-se a Unidade Fiscal de Referência (Ufir) um padrão monetário indexado para o pagamento dos impostos. No auge do processo inflacionário no Brasil (1989 - 1990), a Ufir sofria variações diárias, acompanhando a aceleração inflacionária. Com o advento do Plano Real buscou-se eliminar os mecanismos de indexação que alimentavam a memória inflacionária. Manteve-se a Ufir, mas sua freqüência de variação foi reduzida. Atualmente os tributos federais sofrem correção pela taxa SELIC. VII – A Economia Intertemporal Anteriormente vimos que o Consumo agregado da coletividade se constitui numa importante variável macroeconômica, devido à sua influência no montante da Demanda Agregada. Eventualmente os formuladores da política econômica podem usar essa variável para aquecer a economia, mediante uma redução nos níveis de tributação. Quando o Governo reduz os tributos, aumenta a renda disponível, fazendo com que o Consumo se eleve e dessa forma há um efeito positivo sobre o nível da própria renda: as empresas respondem a esse aumento do consumo (e, portanto, da Demanda Agregada) elevando também a sua produção. Por outro lado, caso o Governo deseje contrair a Demanda Agregada, por exemplo, numa situação em que a economia esteja funcionando próxima de sua capacidade máxima, para com isso evitar pressões inflacionárias, é possível adotar medidas de restrição ao consumo, como redução da oferta de crédito ou mesmo aumento da tributação. Nos modelos vistos até agora, partíamos da hipótese de que o Consumo num dado período se apresenta como uma função da Renda nesse mesmo período. A função Consumo foi apresentada dessa maneira: C = Ca + c.Y Nessa formulação existe a premissa de que o Consumo atual sofre uma restrição atual, dada pelo montante atual da Renda. Mas existem outras abordagens na Teoria Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 15 Econômica sobre o comportamento da variável Consumo. Uma dessas visões alternativas é a que considera o fato de que o Consumo no período atual se relaciona não só com a Renda atual, mas também com a Renda futura. Em outras palavras, o Consumo se submete a uma Restrição Orçamentária Intertemporal. Segundo essa concepção, os indivíduos decidem o quanto irão consumir e o quanto irão poupar no momento presente, levando em conta também o futuro. Consumir mais hoje significa poupar menos hoje e, portanto, significa talvez consumir menos amanhã. A idéia básica é a de que quando os indivíduos são mais jovens, eles realizam maior volume de poupança para poderem ter um certo nível de consumo desejável no futuro, já que, quando idosas, esperam uma renda menor. Por outro lado, alguns indivíduos podem querer tomar empréstimos para consumir mais no período atual; esses empréstimos deverão ser pagos no futuro, portanto reduzirão o consumo no período futuro. Portanto, seja qual for a decisão de consumo do indivíduo, ele levará em conta a sua renda nos dois períodos de tempo (atual e futuro). Daí a idéia de que a renda representa uma restrição orçamentária intertemporal ao consumo. Isto significa que os indivíduos devem tomar uma decisão sobre como deverão alocar o consumo ao longo do tempo. Vamos analisar um modelo simples, considerando somente dois períodos de tempo. Vamos chamar o período “1” como sendo correspondente à juventude e o período “2” como representando a velhice do consumidor. Consideremos ainda Y1 e C1 como a renda e o consumo do consumidor ainda jovem e Y2 e C2 como a renda e o consumo do mesmo quando idoso. Consideremos ainda a possibilidade de o consumidor obter empréstimos. Teremos então o seguinte: A poupança do período 1 (juventude) é obtida da seguinte forma: S1 = Y1 – C1 No período 2 (velhice) e consumo é dado por: C2 = S1. (1 + i) + Y2 Onde “i” representa taxa de juros. O consumidor vai poder consumir mais no futuro, pois terá disponível sua renda Y2 e a poupança S1 do período anterior, capitalizada pelos juros obtidos entre os dois períodos, dados pela expressão (1+i). Substituindo S1 na segunda equação, teremos: C2 = (Y1 – C1) . (1 + i) + Y2 Desenvolvendo, teremos: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 16 C2 = Y1 + Y1 . i - C1 - C1 . i + Y2 C2 + C1 + C1 . i = Y2 + Y1 + Y1 . i C2 + C1. (1+ i) = Y2 + Y1 . (1 + i) Dividindo-se tudo por (1+i), temos: C2 Y2 C1+ (1+ i ) = Y1 + (1 + i) Essa equação final representa a restrição intertemporal do consumidor. Percebe-se que o consumo no período 1 mais o consumo do período 2, calculado pelo seu valor presente (isto é, descontado pela taxa de juros) tem que ser igual à renda no período 1 mais a renda do período 2, calculada pelo seu valor presente (também descontada pela taxa de juros). O fator de desconto dos valores futuros é dado pela expressão (1+i). Pode-se representar a restrição intertemporal do consumidor da seguinte forma: A inclinação da reta é dada por -(1+i). Todos os seus pontos representam possíveis combinações para o consumidor. No ponto A, verifica-se que: C1 = Y1 e C2= Y2 Ou seja, o consumidor no período 1 consome toda a sua renda, portanto não poupa no período 1. Assim, no período 2 o seu consumo será também correspondente à sua renda no mesmo período. Agora, analisemos outra situação: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 17 No ponto B, verifica-se que: C1 < Y1 e C2 > Y2 Ou seja, o consumidor no período 1 consome somente parte de sua renda e, portanto realiza um certo nível de poupança, que permitirá ao mesmo um nível de consumo maior que sua renda no período 2. No ponto B o consumidor é poupador. Vejamos ainda outra hipótese: No ponto C, verifica-se que: C1 > Y1 e C2 < Y2 Ou seja, o consumidor no período 1 consome toda a sua renda e ainda toma empréstimos, portanto não poupa no período 1. Assim, no período 2 o seu consumo será menor que sua renda, pois o consumidor deverá pagar os empréstimos contraídos no período anterior. No ponto C o consumidor é devedor. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 18 Finalmente, como o consumidor vai decidir o quanto ele consumirá hoje e o quanto ele consumirá no futuro? De fato, o consumidor tem infinitas possibilidades de distribuir seu consumo entre os dois períodos, o que pode ser representado através das curvas de indiferença mostradas no gráfico a seguir: Cada curva mostra um certo nível de Utilidade (ou Satisfação) obtida pelo consumidor. Curvas mais externas representam combinações de consumo presente e futuro que geram utilidade ou satisfação mais elevada. Assim, para o consumidor o nível de consumo correspondente ao ponto F é preferível aos níveis D e E. No entanto, para o consumidor é indiferente escolher entre os pontos D e E, pois ambos geram a mesma satisfação. A inclinação da curva de indiferença é dada pela Taxa Marginal de Substituição (TMS) entre os níveis de consumo nos períodos 1 e 2, que representa o quantoo consumidor está disposto a abrir mão de parte do consumo no período 1 para poder consumir uma quantidade maior de bens no período 2. A decisão do consumidor será obtida combinando-se as curvas de indiferença com a curva de restrição orçamentária intertemporal: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 19 No ponto em que a reta de restrição orçamentária intertemporal tangencia a curva de indiferença mais externa possível, teremos o equilíbrio do consumidor, determinando os seus níveis de consumo atual e futuro. Nesse ponto teremos a igualdade: -(1+i) = TMS (C1, C2) Conclusãos importantes desse modelo: 1. Aumentos no nível de renda do consumidor deslocam a reta de restrição orçamentária intertemporal para a direita, permitindo ao consumidor aumentar seu consumo nos dois períodos de tempo. Reduções na renda provocam o efeito inverso. Este efeito pode ser visto nos gráficos a seguir: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 20 No gráfico acima vemos que o Ponto “A” corresponde ao ponto em que a reta de restrição orçamentária tangencia a Curva de Indiferença mais distante possível, no caso U1. Esse é nível máximo de satisfação que o consumidor pode obter com a soma de suas rendas, a atual e a futura (respectivamente, Y1 e Y2). Sendo assim, as quantidades C1 e C2 maximizam o bem-estar do consumidor nos dois períodos de tempo. Se por algum motivo houver um aumento na renda total do consumidor, ou no período atual ou no período futuro, será possível para ele aumentar seus gastos de consumo, tanto no período atual como no período futuro, levando-o a atingir uma Curva de Indiferença ainda mais externa, conforme gráfico a seguir: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 21 Note que é possível para o consumidor, neste caso, aumentar o Consumo Atual ou o Consumo Futuro, ou ambos. Assim, se o consumidor tem um aumento de salário, hoje, ele pode aumentar seus gastos atuais, ou ele pode poupar, e assim aumentar seus gastos no futuro, ou ainda pode combinar as duas coisas. Do mesmo modo, se o consumidor tem a perspectiva de um aumento de renda no futuro, e isto se concretizar, ele também tem a possibilidade de aumentar os gastos nos dois períodos. Assim, a conseqüência será o alcance de uma curva de indiferença mais externa (um nível de satisfação mais elevado). O inverso também ocorrerá se o consumidor tiver uma redução na sua renda atual (por exemplo, uma redução de salário ou gratificação) ou na sua renda futura (por exemplo, com uma mudança nas regras da aposentadoria). Nessa hipótese a reta de restrição orçamentária intertemporal se desloca para a esquerda, impossibilitando o consumidor de alcançar a curva de indiferença atual. Ele agora alcançará uma curva de indiferença menos externa, o que significa que sua satisfação, no total dos dois períodos de tempo, será menor. 2. Aumentos na taxa de juros reduzem a inclinação da reta de restrição orçamentária intertemporal, pois tornam mais interessante poupar no período 1 para consumir mais no período 2; portanto reduzem o consumo no período 1 e aumentam o consumo no período 2. Reduções na taxa de juros causam o efeito contrário. Observe o gráfico abaixo indicando o equilíbrio do consumidor: Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 22 Agora note os efeitos que um aumento das taxas de juros tem sobre a reta de restrição orçamentária intertemporal: • O consumo atual se reduz de C1 para C’1, indicando que os consumidores têm um incentivo maior para poupar no presente (e um desestímulo ao endividamento); • O consumo futuro aumenta de C2 para C’2, indicando que os consumidores poderão gastar suas reservas poupadas num maior consumo futuro (da mesma forma, aqueles consumidores que se endividaram no passado teriam se endividado mais se a taxa de juros fosse mais baixa; portanto, o comprometimento de sua renda futura com dívidas é menor, o que lhes garante um consumo maior no futuro, do que se tivesse assumido dívidas mais pesadas). O resultado deste processo é que a reta de restrição orçamentária intertemporal sofre uma espécie de “rotação”, na sua qual sua inclinação diminui – a reta tende a ficar “mais vertical” do que antes. O movimento inverso também seria verdadeiro: uma redução na taxa de juros hoje desestimula a poupança e incentiva um consumo maior no presente (mesmo que a custa de endividamento). Como conseqüência haverá também uma redução no consumo futuro, em relação à situação sem alterações na taxa de juros. Restrição Intertemporal de uma Nação em relação às Contas Externas Todo o raciocínio que vimos anteriormente pode ser estendido para outras situações, como, por exemplo, a análise dos limites para o endividamento externo de uma nação. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 23 Suponhamos que a variável “Q” represente a quantidade total produzida de bens e serviços de um país, e a variável “C” represente a quantidade consumida de bens e serviços neste mesmo país durante certo período de tempo. Vamos imaginar também que o país exporta mercadorias para o resto do mundo (X), assim como importa itens produzidos externamente(M). Podemos então escrever a seguinte relação, para o período de tempo “1”: Q1 + M1 = C1 + X1 Obs: apenas para fins de simplificação, estamos supondo investimentos, gastos do Governo e tributação iguais a zero. Nessas condições, a oferta total de bens e serviços à disposição da população deste país é dada pela soma da produção interna com as importações: Q1 + M1 E a demanda total de bens e serviços é dada pela soma das demandas interna e externa: C1 + X1 Note que X1 - M1 representa o saldo da Balança Comercial no período “1”. Vamos usar a notação BC1 para indicar este saldo, e assim teremos: Q1 + M1 = C1 + X1 Q1 = C1 + X1 - M1 Q1 = C1 + BC1 C1 = Q1 - BC1 Este país pode realizar um consumo maior do que sua produção permite? A resposta é sim; neste caso, o país estará tendo um déficit na sua Balança Comercial: Se: BC1 < 0 � Déficit na Balança Comercial Então: C1 > Q1 � Consumo maior do que produção interna Nesse caso, parte do consumo do país está sendo financiado através de poupança externa. O que está acontecendo é o seguinte: outros países, espalhados pelo resto do mundo, estão obtendo superávits comerciais, ou seja, estão tendo uma entrada Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 24 líquida de divisas (moeda estrangeira). Estes recursos são aplicados no mercado financeiro internacional, através da compra de ativos junto a instituições financeiras privadas internacionais, ou ainda pela compra de títulos de dívida pública de outros países. Por outro lado, nosso país tem um déficit na balança comercial, portanto precisa de moeda estrangeira para bancar estas transações. Onde nosso país vai obter tais recursos? No mercado financeiro internacional, ou seja, tomando empréstimos que os bancos internacionais farão, com os recursos anteriormente captados junto aos demais países superavitários. Em outras palavras, usaremos poupança externa. A questão é que nosso país não poderá incorrer em déficit indefinidamente. Se fizer isto, estará entrando no chamado “Esquema Ponzi”: toma novos empréstimos parapagar os anteriores, incorrendo assim, no futuro, num pagamento de maiores juros, o que vai agravar o déficit, levando a um novo endividamento, e assim sucessivamente. No longo prazo, os credores internacionais podem suspeitar da capacidade de nosso país em honrar suas dívidas, e não nos conceder novos empréstimos, o que pode levar a um colapso nas contas externas. Suponhamos, portanto, que nosso país hipotético não entre num Esquema Ponzi. Isso significa que ele respeita a restrição intertemporal e nesse caso, um endividamento externo no período “1”, deverá ser pago no período “2”. Portanto, será preciso no futuro gerar superávits na balança comercial para pagar tais empréstimos. Restrição Intertemporal do Governo O Governo também se depara com uma restrição intertemporal, que se constitui num limite para os seus sucessivos déficits ao longo dos anos. Considerando-se que o déficit público corresponde a uma situação em que as despesas são maiores que as receitas, teremos as seguintes alternativas de financiamento: • Emissão de moeda; • Tomada de empréstimos junto ao Sistema Financeiro; • Aumento dos impostos; • Emissão de títulos da Dívida Pública. No longo prazo, porém, estas alternativas encontram limites. A emissão de moeda não pode ser usada pelo Governo durante muito tempo para financiar seu déficit, pois, como vimos anteriormente, tende a causar inflação, trazendo conseqüências negativas para toda a economia. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 25 A obtenção de empréstimos junto aos bancos comerciais e outras instituições privadas também encontra limites, de acordo com o grau de confiança que os credores têm no Governo, no tocante à sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros. Os aumentos dos impostos não podem ocorrer indefinidamente. A elevação constante da carga tributária em relação ao PIB implica no desestímulo de diversas atividades produtivas e num “incentivo” à sonegação e à informalidade, que comprometem, por suas vez, as próprias finanças públicas. Finalmente, o crescimento da dívida pública tem como conseqüência negativa o aumento da própria despesa com pagamento de juros, o que no futuro tende a gerar novos déficits, agravando a situação financeira do ente governamental. Assim, a restrição intertemporal a que o Governo está submetido determina que maiores gastos públicos no presente representarão, necessariamente, menores gastos públicos no futuro, ou ainda, se houver espaço para isto, em impostos mais elevados no futuro. Podemos representar a restrição intertemporal do Governo dessa forma: G2 T2 G1+ (1+ i ) = T1 + (1 + i) Onde G = Gasto do Governo, T=tributação e i=taxa de juros A Equivalência Ricardiana Uma das conseqüências do modelo de restrição intertemporal do consumo dos indivíduos é modificar a visão da Ciência Econômica sobre a relação entre os impostos, o consumo e a dívida pública. Podemos apontar basicamente duas “concepções” que os economistas utilizam para tratar deste assunto: a) A concepção “tradicional” É a corrente de pensamento que afirma o seguinte: se o Governo resolver diminuir os impostos, para estimular o consumo dos indivíduos, ele terá sucesso, pois os indivíduos tomam suas decisões de consumo no presente com base na sua renda disponível (líquida de impostos). Se, por exemplo, o Governo reduz a alíquota do imposto de renda retido na fonte, isto aumenta os rendimentos líquidos dos indivíduos, então eles vão aumentar seu consumo no presente. Ora, mas se o Governo reduz seus impostos, como ele vai fazer para manter seu nível de gastos? Uma das alternativas é aumentar a dívida pública. Os agentes econômicos, de modo geral, não se preocupam com os aumentos da dívida pública, pois isto não afeta sua renda presente. Então, o Governo pode aplicar essa medida Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 26 com sucesso: reduz os impostos, aumenta a dívida pública, e assim estimula o consumo e dessa forma promove o aumento da renda gerada pela economia. b) A concepção “ricardiana” Para outros economistas, tanto o Governo quanto os indivíduos estão sujeitos a uma restrição intertemporal, e ambos tomam decisões, respectivamente, com base na sua receita e nos seus rendimentos atuais e futuros. Então, quando o Governo corta impostos, sem sinalizar que vai fazer uma redução equivalente nos gastos públicos, aumentando assim o montante da dívida pública, os indivíduos percebem que num momento futuro essa dívida deverá ser paga. Assim, num momento posterior o Governo vai se ver diante de novos gastos (com os juros da dívida, por exemplo) e necessariamente deverá voltar a aumentar seus impostos. Isso significa que um corte de impostos no presente equivale, na verdade, a um aumento de impostos no futuro. É nisso que consiste a expressão “Equivalência Ricardiana” (numa alusão ao economista David Ricardo): uma redução de impostos hoje equivale a um aumento da dívida pública hoje, que por sua vez equivale a um aumento dos impostos no futuro. Sendo assim, os indivíduos experimentam um aumento da sua renda disponível no presente, mas sabem que num momento futuro sua renda será menor, porque os impostos vão voltar a crescer. Sendo assim, ao invés de consumir mais, os indivíduos irão poupar mais. Eles irão “guardar” o ganho obtido com o corte de impostos e vão capitalizar esta poupança para o futuro, pois eles acreditam que no futuro sua renda disponível será menor. Uma conseqüência importante desta concepção é a de que o Governo é incapaz de estimular a demanda agregada via corte de impostos, porque os agentes econômicos sabem que precisarão economizar este ganho de renda no presente para poder pagar uma carga maior de impostos no futuro. A expressão baixo ilustra essa idéia: C2 (Y2- T2) C1+ (1+ i ) = (Y1 - T1) + (1 + i) Sendo assim, pela concepção ricardiana, o consumo presente se mantém inalterado. Essas idéias são ainda motivo de controvérsia na Ciência Econômica. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 27 Os críticos da equivalência ricardiana afirmam que os indivíduos não se importam com os efeitos do crescimento da dívida pública, e uma das razões é a de que o Governo pode emitir, por exemplo, títulos com vencimento de trinta anos, de modo que a gerações atuais não se preocupam com aumentos de impostos que vão ocorrer num momento muito distante do tempo. Por outro lado, os adeptos da equivalência ricardiana dizem que as gerações atuais se preocupam com as gerações futuras, do contrário não existiria o direito de herança; sendo assim, aumentos da dívida pública no presente significam aumentos de impostos para as próximas gerações. Como os indivíduos, em geral, agem racionalmente, e se preocupam com o futuro econômico de seus herdeiros, eles de fato não vão aumentar seu consumo atual; irão poupar mais, para garantir uma renda real maior para as gerações futuras. É importante notar que se houver restrições de crédito na economia, a equivalência ricardiana pode não funcionar. Suponha que os indivíduos não tenham acesso a empréstimos junto aos bancos privados, e que portanto não possam “antecipar” parte de sua renda futura para financiar um consumo maior no presente. Se o Governo reduz os impostos, os indivíduos percebem esse corte de impostos como sendo uma espécie de “empréstimo” que o Governo está fazendo, e que deverá ser pago no futuro, quando houver novamente aumento de impostos. Nessa hipótese, havendo restrição de crédito a equivalência ricardiana nãose aplica, pois de fato haverá aumento do consumo por parte dos indivíduos quando o Governo reduzir os impostos. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 28 Questões de Concursos 01. (ESAF) - Melhor caracteriza um estado de inflação de demanda: a) Excesso de demanda global em relação à oferta global. b) Desequilíbrio setorial entre oferta e demanda, associado à rigidez dos preços no sentido descendente. c) Ganância desenfreada dos empresários produtores e comerciantes. d) Alta administrada dos preços dos fatores de produção. e) Nenhuma das anteriores. 02. (ESAF) - O conceito de inflação de demanda atribui a elevação contínua e generalizada dos preços a a) um excesso da oferta agregada sobre a demanda agregada ao nível de preços vigente. b) um excesso da demanda agregada sobre a oferta agregada ao nível de preços vigente. c) ma pressão dos proprietários dos fatores de produção em busca de remunerações mais elevadas, em termos reais, para esses mesmos fatores. d) uma queda do valor da moeda nacional devido à valorização da moeda estrangeira. e) Nenhuma das anteriores. 03. (ESAF) - Dado o gráfico abaixo: a) Um aumento nos gastos do governo deslocaria para cima a curva de oferta agregada e provocaria inflação de demanda. b) Um aumento nos gastos do governo deslocaria para cima a curva de oferta agregada e provocaria inflação de custos. c) Um aumento nos gastos do governo, tudo o mais constante, provocaria inflação de demanda. d) Um aumento nos salários dos trabalhadores provocaria maior demanda efetiva e, daí, maior oferta agregada real (aumento do produto real). Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 29 e) Um aumento nas alíquotas do imposto de renda das pessoas físicas provocaria inflação de demanda. 04. (ESAF) - Supondo que a economia se encontre a pleno-emprego, a) um aumento nos gastos do governo, tudo mais constante, provocaria aumento do produto real e redução do nível geral de preços. b) uma redução nos tributos, tudo mais constante, levaria a uma redução no produto real da economia. c) uma expansão dos meios de pagamento, tudo mais constante, provocaria inflação de oferta. d) um aumento nos níveis de investimento, tudo mais constante, provocaria inflação de oferta. e) um aumento nos níveis de investimento, tudo mais constante, provocaria inflação de demanda. 05. (ESAF) - A Curva de Phillips originalmente descreve uma relação inversa entre a) o nível geral de preços e o estoque de moeda da economia. b) a taxa de crescimento dos salários e o nível de desemprego. c) a taxa de câmbio e o volume de reservas cambiais. d) a taxa de juros e o volume de investimentos. e) as alíquotas dos impostos e o nível de arrecadação dos impostos. 06. (ESAF) - Inflação inercial é aquela alimentada por a) expectativas de aceleração inflacionária. b) pressões por aumentos de salários. c) excesso de emissão de moeda. d) déficits públicos. e) mecanismos de indexação. 07. (ESAF) - A finalidade de se adotar um imposto progressivo em períodos inflacionários é a) exercer um controle automático sobre a demanda, fazendo com que a receita tributária diminua mais rapidamente do que a renda nacional. b) aumentar o crescimento da renda pessoal disponível. c) atenuar o ritmo de queda na atividade econômica. d) aumentar o crescimento na demanda e na renda do setor privado. e) exercer um controle automático sobre a demanda, fazendo com que a receita tributária cresça mais rapidamente do que a renda nacional. 08. (ESAF) - Em relação ao conceito de inflação, pode-se afirmar que a) a inflação de demanda pode ocorrer quando há uma redução nas taxas de juros numa situação na qual a economia encontra-se muito próxima do pleno emprego. b) se um país A possui um nível geral de preços maior do que um país B, então a inflação em A é maior do que a inflação em B. c) a inflação de custos só ocorre com a economia operando abaixo do nível de pleno emprego. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 30 d) não existe a possibilidade de ocorrência de inflação de custos numa economia aberta. e) se não existe indexação na economia, então não existe a possibilidade de ocorrência de inflação. 09. (ESAF) - Acerca dos choques de oferta, pode-se afirmar que numa economia a) sem indexação, choques de oferta não têm efeito sobre a inflação. b) caracterizada por inflação puramente inercial, um choque de oferta não altera o patamar inflacionário. c) caracterizada por inflação puramente inercial, um choque de oferta causa uma aceleração da inflação. d) caracterizada por inflação puramente inercial, um choque de oferta só tem efeito sobre o patamar da inflação se tal choque for considerado permanente. e) caracterizada por inflação puramente inercial, um choque de oferta eleva o patamar inflacionário num primeiro momento, mantendo a inércia no momento seguinte. 10. (ESAF) - No longo prazo, em uma economia sem crescimento do produto, o imposto inflacionário é obtido a) pela taxa de juros nominal multiplicada pelo estoque de meios de pagamento. b) pela taxa de inflação multiplicada pelo estoque real de moeda. c) pela base monetária multiplicada pela taxa de inflação. d) pela taxa esperada de inflação multiplicada pelos meios de pagamento. e) pelo estoque real de moeda multiplicado pela taxa de juros real. 11. (ESAF) - De acordo com a "Curva de Phillips" de curto prazo, para um dado estado de expectativa dos agentes econômicos e na ausência de choques de oferta, uma redução da taxa de inflação deverá ser acompanhada por uma a) elevação da taxa real de juros. b) elevação da taxa de emprego. c) elevação da taxa nominal de juros. d) redução dos salários reais. e) elevação da taxa de desemprego. 12. (ESAF) – A curva de Phillips se desloca para cima sempre que: a) a inflação aumenta; b) a inflação cai; c) o desemprego aumenta; d) o desemprego cai; e) ocorre um choque adverso de oferta. 13. (ESAF) – O chamado “imposto inflacionário” incide sobre: a) O estoque de ações negociadas na Bolsa de Valores; Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 31 b) Os saldos monetários em poder do público; c) Os contratos de câmbio; d) Os contratos de salário; e) Os lucros das empresas. 14. (ESAF-AFRF/2003) – Considere o seguinte gráfico: Este gráfico contém 1- A denominada “restrição orçamentária intertemporal” de um consumidor num modelo de dois períodos, dada pela expressão: C1 + C2 / (1 + r) = Y1 + Y2 / (1 + r) Onde: • C1 = consumo no período 1; • C2 = consumo no período 2; • Y1 = renda no período 1; • Y2 = renda no período 2; e • r = taxa de juros, e 2- Uma curva de indiferença que representa as preferências intertemporais do consumidor. Com base nessas informações e supondo que o consumidor esteja no equilíbrio E, é correto afirmar que: a) No equilíbrio “E”, C1 = Y1 e C2 = Y2. b) O consumo no primeiro período é menor do que a renda no primeiro período. c) O modelo sugere a existência de restrições de crédito no primeiro período. d) O consumidor é devedor no primeiro período. e) Alterações nas taxas de juros não provocam alterações nos consumos dos períodos 1 e 2. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 32 15. (ESAF – AFRF/2005) – Considere válida a seguinte restriçãoorçamentária intertemporal de dois períodos para uma nação hipotética: C1 = C2 / (1+r) = Q1 + Q2 / (1+r) Onde C1 e C2 são os valores para o consumo no período 1 e 2 respectivamente. Q1 e Q2 as rendas dos períodos 1 e 2 respectivamente. Considerando que essa economia hipotética “respeita” essa restrição e mantém relações comercial e financeira com o resto do mundo, é incorreto afirmar que: a) O consumo no primeiro período pode ser maior do que a renda no primeiro período. b) Se C1 > Q1 então C2 < Q2 c) Um déficit comercial no primeiro período deve ser necessariamente compensado por um superávit comercial no 2o período. d) O consumo no período 1 não pode ser igual ao consumo no período 2. e) Se a nação tiver um déficit na conta corrente no 1o período, incorrendo assim em dívida externa, deverá ter um superávit futuro para pagar a dívida. 16. (STN/2000) - Considere o consumo das famílias e os gastos do governo num modelo de escolha intertemporal de dois períodos: presente e futuro. Suponha que as decisões de consumo das famílias possam ser expressas a partir da seguinte equação, também conhecida como restrição orçamentária intertemporal das famílias num modelo de dois períodos: C1 + C2 / (1 + r) = (Q1 - T1) + (Q2 - T2) / (l + r), onde, para i = 1,2, Ci = consumo no período i, Qi = produção no período i, Ti = impostos no período i, e r = taxa real de juros. Suponha ainda que o Governo se depare com a seguinte restrição orçamentária intertemporal: G1 + G2/(1 + r) = T1 + T2 / (1 + r), onde para cada i=1,2, Gi = gastos do governo no período i. Podemos então afirmar que: a) Um corte nos impostos no presente tem maiores efeitos no consumo futuro, caso esse corte não seja acompanhado por alterações no padrão de gastos do governo. b) Um corte nos impostos no presente com certeza altera o consumo presente, independente de alterações no padrão de gastos do governo no presente e no futuro. c) Um corte nos impostos no presente atua no modelo de escolha intertemporal como no modelo keynesiano: o consumo é estimulado pelo aumento da renda disponivel. d) Se o governo corta os impostos no presente sem que ocorram alterações no padrão de seus gastos, presente e futuro, tanto o consumo presente quanto futuro ficam inalterados. e) Um corte nos impostos não causa alterações no consumo, já que, em um modelo de escolha intertemporal, o consumo é exógeno. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 33 17. (AFRF/2002) - Considere a seguinte equação, também conhecida como restrição orçamentária intertemporal de um consumidor num modelo de dois períodos: C1 + C2 / (1 + r) = (Y1 - T1) + (Y2 – T2) / (1 +r), onde Ci = consumo no período i (i = 1,2); Yi = renda no período i (i = 1,2); r = taxa real de juros; Ti = impostos no período i (i = 1,2). Com base nesse modelo, é correto afirmar que: a) As restrições de crédito pioram a situação do consumidor, independente de sua estrutura de preferências intertemporal. b) Se vale a equivalência ricardiana, um aumento em T1 reduz o consumo no período 1. c) Se o consumidor é poupador, um aumento na taxa real de juros eleva o consumo no segundo período. d) No equilíbrio, o consumidor irá escolher consumir nos dois períodos quando a taxa marginal de substituição intertemporal for igual a zero. e) Se T1 = 0 (i = 1 ,2), a restrição orçamentária intertemporal apresentada se reduz à função consumo keynesiana. 18. (INSS/2002) - Considere a restrição orçamentária de um consumidor num modelo de dois períodos: C1 + C2 / (1 +r) = Y1 + Y2 / (l + r), onde C1 = consumo no período 1; C2 = consumo no período 2; Y1 = renda no período 1; Y2 = renda no período 2; r = taxa de juros. Considerando que as preferências do consumidor quanto à alocação do consumo ao longo do tempo sejam representadas por curvas de indiferença convexas em relação à origem, é correto afirmar que: a) Um aumento na renda no primeiro período não altera o consumo no segundo período, independentemente da estrutura de preferências do consumidor. b) No equilíbrio, o consumo será tal que a taxa marginal de substituição intertemporal seja igual a “r”. c) Se o consumidor é poupador no primeiro período, um aumento na taxa de juros aumenta o consumo no período 2. d) Independentemente de o consumidor ser poupador ou devedor no primeiro período, uma elevação nas taxas de juros reduz o consumo nos dois períodos. e) A ausência de um sistema de poupança e empréstimo não altera o bem-estar do consumidor, desde que ele respeite a sua restrição orçamentária intertemporal. 19. (BACEN/2006) – A concepção ricardiana da dívida pública está baseada na hipótese de que o consumo não depende apenas da renda corrente, mas sim da renda permanente, que inclui tanto a renda presente quanto a futura. Em relação a esse modelo, é correto afirmar que: a) O Governo não tem restrição orçamentária intertemporal, ao contrário dos consumidores, porque ele tem o poder de emitir moeda para financiar seus déficits. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 34 b) Se os consumidores agem racionalmente, um corte de impostos no presente, sem que haja mudança na estrutura de gastos do governo, aumentará o consumo atual e diminuirá o consumo futuro. c) Se os consumidores não agem racionalmente e não se preocupam em deixar o ônus da dívida para as gerações futuras, um aumento de impostos no presente manterá tanto o consumo presente quanto o consumo futuro inalterados. d) A preocupação em deixar o ônus da dívida para as gerações futuras fará com que os consumidores aumentem o seu consumo atual caso o Governo reduza os tributos sem alterar os seus gastos. e) Existindo restrição de crédito aos consumidores, mesmo que eles ajam racionalmente, um corte de impostos no presente poderá elevar o consumo corrente, mesmo que os gastos do Governo fiquem inalterados. 20. (ESAF/STN/2000) - A equivalência ricardiana constitui uma das concepções alternativas acerca da análise do déficit público e suas implicações sobre o desempenho econômico. Tal concepção significa que: a) Um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, ou porque as famílias não esperam um aumento nos impostos futuros ou porque elas não se preocupam com as gerações futuras. b) Um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, porque as famílias esperam um aumento nos impostos futuros e não se preocupam com as gerações futuras. c) Um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado apenas se as famílias não se preocupam com as gerações futuras. d) Um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, porque as famílias esperam um aumento nos impostos futuros e se preocupam com as gerações futuras. e) Um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado somente se as famílias não esperam um aumento nos impostos futuros. Curso Intensivo Regular www.cursoparaconcursos.com.br MATERIAL 06 ECONOMIA PROF. CARLOS RAMOS 35 Gabarito 01 – A 02 – B 03 – C 04 – E 05 – B 06 – E 07 – E 08 – A 09 – E 10 – B 11 – E 12 – E 13 – B 14 – D 15 – D 16 – D 17 – C 18 – C 19 – E 20 – D
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