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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR MARLOS FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br Alguns olham para os problemas e perguntam: Por que? Eu olho para aquilo que nunca foi feito e pergunto: Por que não? AULA 02: MACROECONOMIA KEYNESIANA. HIPÓTESES BÁSICAS. AS FUNÇÕES CONSUMO E POUPANÇA. DETERMINAÇÃO DA RENDA DE EQUILÍBRIO. O MULTIPLICADOR KEYNESIANO. OS DETERMINANTES DO INVESTIMENTO. Vamos dar início agora a um tópico que já foi muito mais cobrado pelas bancas, mas não pode de forma alguma ser esquecido pelos concurseiros. Até porque as aulas sobre modelos IS-LM e Mundell-Fleming requerem com boa profundidade os conhecimentos aqui adquiridos. O que vem a ser Macroeconomia Keynesiana? Qual o nosso interesse nesse assunto? Não se preocupem em excesso se as considerações feitas sobre a macroeconomia keynesiana nas próximas seis folhas parecerem confusas e áridas. Elas servem apenas para um entendimento da obra de Keynes, autor de extrema relevância para a economia. Os principais corolários, hipóteses, preliminares e conclusões estarão tarjados em negrito. O que vocês devem levar para a prova será o entendimento das funções consumo e poupança, o multiplicador e acelerador keynesianos vistos mais adiante. Keynes será o marco do estudo dos gastos governamentais, ou seja, a política fiscal e seus condicionantes começam a ter renome acadêmico com esse economista, que teve destaque após a década de 40. Em Keynes, a discussão girava em torno do papel da política fiscal em um ambiente incerto, no qual as expectativas são realizadas conforme um conhecimento precário da economia. Nessa direção, o comportamento defensivo dos agentes faz-se plausível e racional. Está expresso na preferência pela liquidez, conduzindo à redução dos gastos de forma a deprimir a economia. O agente econômico preferir ficar líquido significa que mantém seu estoque de riqueza predominantemente em moeda, ativo líquido por excelência, sinônimo de 2 liquidez. É um recurso a ser utilizado imediatamente, a qualquer momento sem custos de transação. Em um momento de incertezas, creditava-se como o mais apropriado. Essa preferência pela liquidez de seus ativos por parte dos agentes econômicos se justifica por causa de incerteza quanto ao futuro dos eventos econômicos e do resultado futuro dos investimentos passados e presentes. Por essa razão, os indivíduos preferem manter sua riqueza na forma de dinheiro. Segundo Keynes, a taxa de juros representa um limite ao investimento produtivo, apenas por ser um trade-off1 do investidor, quando aplica seu capital em uma ampla carteira de ativos, entre o investimento (capital produtivo) e a liquidez (capital monetário). Keynes tratou de esclarecer que o investimento precede o aumento da poupança na economia, à medida que esta é função da renda, que por sua vez depende dos gastos agregados. Em sua análise, é central o fato de a economia capitalista ser uma economia monetária e que, portanto, o dinheiro não é elemento passivo nas decisões de investimentos. Elas dependem da eficiência marginal do capital2, da sua taxa de juros intrínseca de longo prazo e da taxa de juros monetária de curto prazo. Por que investir se há ativos de maior liquidez e rentabilidade disponíveis? Para Keynes , não se investe nessas circunstâncias. 1 Trade-off do investidor se refere a uma escolha entre taxa de investimento e moeda (títulos) guiada pelos movimentos na taxa de juros. O empresário deve escolher entre comprar uma máquina e ficar líquido, isto é, comprar ativos financeiros. Mais máquinas representam menos ativos financeiros. E a preferência por ativos financeiros se dará às custas da redução do estoque de máquinas. 2 No estudo dos determinantes do investimento, o desenvolvimento do conceito de eficiência marginal do capital é vital. A eficiência marginal do capital corresponde à eficiência do capital que vai ser produzido mais provavelmente, isto é, no caso de existirem duas unidades com preços de oferta diferentes, considerar-se-á a eficiência marginal daquele que vai ser produzido com mais certeza. O investimento será realizado quando existir capital para o qual a eficiência excede a taxa de juros. As mudanças na taxa de investimento dependem de mudanças na eficiência marginal do capital e da taxa de juros de mercado. 3 A teoria de Keynes é baseada no principio de que os consumidores alocam as proporções de seus gastos em consumo e poupança em função da renda. Quanto maior a renda, maior a percentagem da renda poupada. Assim se a renda agregada aumenta, em função do aumento do emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente. O problema de Keynes está no lado da demanda. Deve-se notar que, para o estado aumentar a demanda efetiva, ele deve gastar mais do que arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a demanda efetiva, enquanto que os gastos aumentam a demanda efetiva. A intervenção da autoridade fiscal pode aumentar a previsibilidade dos agentes face à demanda futura, minimizando a incerteza em relação ao estado futuro da economia. Entra, então, a proposição de Keynes no sentido da formatação de um plano de investimentos públicos para assegurar uma demanda agregada mínima. Os keynesianos, a partir da análise empírica do modelo IS-LM ( modelo importantíssimo, recorrente em concursos, que será visto com riqueza de detalhes em aula mais à frente), detectaram que a política fiscal é mais eficaz que a política monetária para estabilizar a demanda agregada, recomendando, a discrição fiscal. Em razão disso, essa corrente ficou taxada como fiscalista por propor políticas de gastos e déficits. O programa de investimentos públicos seria gerido em conformidade com a necessidade de estabilização da demanda agregada, de acordo com os movimentos gerados pela economia. Keynes reconheceu a fragilidade frente às flutuações ao afirmar que é mais fácil “evitar que uma bola comece a rolar que fazê-la parar uma vez rolada”. Esta constatação implica que o projeto de investimentos públicos tenha de ser suficientemente ágil de sorte a se antecipar aos movimentos da demanda agregada. A lei de Keynes afirma que os níveis de emprego e utilização da capacidade dependem dos determinantes da demanda agregada e, em particular, da decisão de investir das classes capitalistas e da propensão marginal a consumir a partir das diferentes fontes de renda. 4 Em resumo: a preocupação principal de Keynes reside na incapacidade do sistema de gerar demanda agregada capaz de prover empregos para uma parcela significativa da força de trabalho. Daí a razão para o Estado vir a influenciar a propensão a consumir em parte através de seu esquema de taxação, em parte, através da fixação da taxa de juros. Keynes, entretanto, duvidava da capacidade da política monetária de afetar a taxa de juros e, por isso, propunha uma “ socialização de grande alcance do investimento”. O elemento central da Teoria Geral é o investimento entendido como demanda por máquinas e equipamentos por parte dos empresários. A produção de uma máquina emprega trabalhadores que, com seus salários, demandarão bens de consumo o que, por sua vez, tende a aumentar o emprego e assim por diante ( multiplicador de empregos). A decisão de investir depende, porém, da expectativa de lucratividade daquela máquina ou equipamento. Num período de recessão ou de incertezas quanto ao futuro da economia, o empresário, no lugar de comprar uma máquina, prefere ficar líquido, isto é, comprar ativos financeiros. É nestas circunstâncias que Keynes acredita na intervenção do Estado na taxa de investimento e taxa de juros. Para Keynes, cabe ao Estado gerar condições para que o investimento privado se recupere mantendo otimista o estado geral dos negócios e tratando dereduzir a taxa de juros e viabilizar a recuperação. Expectativas de investimentos futuros são mais decisivas do que a taxa de juros na ligação do futuro com o presente porque dada a psicologia do público, o nível de produção/emprego como um todo depende do volume de investimento, que é influenciado pelas perspectivas de futuro sobre o qual se sabe muito pouco. Na sua análise da instabilidade, flutuações violentas na eficiência marginal do capital geram choques que afetam a demanda agregada, isto é, a principal fonte de flutuação econômica vem do lado real da economia. Na Teoria Geral, a taxa de juros é um fenômeno puramente monetário determinado pela preferência pela liquidez (demanda por moeda) do público em conjunção com a oferta de moeda, determinada pelas autoridades monetárias. Ao 5 motivo transação, Keynes adiciona o motivo especulação, muito sensível à taxa de juros. Veremos em detalhes na aula sobre o modelo IS-LM, a demanda por moeda, seus condicionantes e suas implicações. Por enquanto, nos é suficiente saber que a demanda por moeda apresenta duas determinantes motivações. A primeira motivação é a transacional, necessária para cobrir os gastos diários de consumo e totalmente dependente da renda. Quanto maior o nível de renda, maior a demanda por moeda motivo transação. A segunda motivação é a especulação intrinsecamente ligada aos rumos da taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor a demanda por moeda motivo especulação. De forma inversa ao pressuposto clássico da Lei de Say ( “ a oferta cria sua própria demanda”), a abordagem keynesiana simplificada afirma que a demanda agregada determina o nível da oferta agregada e, conseqüentemente, o nível da renda de equilíbrio. Destarte, a política fiscal tem impactos positivos sobre a demanda agregada. O primeiro canal é o da minimização das incertezas com a criação de um contexto de expectativas favoráveis às decisões de investimento. O canal se dá via multiplicador de gastos, posto que a distribuição de renda aumenta a renda dos assalariados, que possuem propensão a consumir mais elevada que os capitalistas. O multiplicador keynesiano se faz no elemento central para explicar variações no produto. O consumo cresce depois de uma decisão de investimento, mas o que motiva o investimento? Depende do espírito empreendedor dos empresários, o que é algo bastante subjetivo. Se esse risco subjetivo for maior do que as rendas esperadas (expectativas) do investimento, não se toma a decisão de investir. Em razão do multiplicador, qualquer distúrbio no investimento tem um impacto magnífico no produto agregado. Sintetizando, a economia keynesiana tornou-se pouco mais do que a descrição das condições em que apenas saídas fiscais se constituem alternativas de política econômica. Em condições de depressão, investimentos são pouco sensíveis a 6 variações na taxa de juros. Se os investimentos não são suficientes para sustentar a demanda agregada, também nada se pode esperar do consumo, dado que consumo e investimento variam na mesma direção ( teoria do multiplicador) ao invés de se compensarem mutuamente como esperado por autores pré- keynesianos. Se o comportamento do setor externo escapa ao controle das autoridades, só resta a demanda do governo como possível compensação para a fragilidade dos demais setores. Keynes tornou-se, assim, o arauto do fiscalismo, para quem a moeda não importa e a política monetária é impotente quando mais se precisa dela. Após essas breves considerações, nem sempre motivantes, mas necessárias, vamos ao modelo keynesiano generalizado (MKG), o exigido pelas bancas examinadoras. Demanda Agregada, Renda e Produto de equilíbrio numa economia com 2 agentes: Produto de Equilíbrio: - Hipóteses: a) Consideramos uma economia com 2 agentes sem governo ( G=T=R=0) e sem setor externo ( X = 0) b) A identidade entre demanda, renda e produto para essa economia será: C + I = Y = C + S c) A demanda agregada será considerada “autônoma”, isto é, independente do nível da renda. d) Consideramos que as firmas tentarão produzir de modo que a variação não planejada de seu estoque seja igual a zero ( isto é, que as firmas tentarão vender tudo que produzem) e que o consumo efetivo das famílias será igual ao seu consumo planejado ( isto é, que não haverá escassez de oferta). - Funcionamento: 7 O nível de produto (Y) é determinado pelas firmas. Ao decidir o quanto produzir, as firmas estimam: i) o quanto de investimento desejam; ii) o quanto esperam que as famílias consumam. Chamando a demanda agregada ( C + I) de “ A”, diz-se que a demanda agregada planejada ( A planejada) consiste no volume de consumo planejado pelas famílias mais o volume de investimentos planejado pelas firmas, ou seja, : A planejado = C planejado + I planejado A demanda agregada efetiva é igual ao nível de produto ( Y), ou seja,: A = C + I A efetiva = Y Y = C + I Supondo que o consumo efetivo é igual ao consumo planejado, um erro de previsão para mais acarretará um investimento involuntário no sentido de aumento do estoque enquanto um erro de previsão para menos acarretará um escoamento de produtos também involuntário. Algebricamente, I involuntário = A efet – A planej Sabendo que a demanda agregada efetiva é igual ao nível do produto, isto é, A efet = Y , que Y = C + I, e que a demanda agregada planejada é igual à soma do consumo e do investimento planejados A planej = C + I voluntário, então, I involuntário = Y – ( C + I voluntário) Produto de equilíbrio é o nível de Y em que a demanda agregada efetiva se iguala à demanda agregada planejada. Para o produto de equilíbrio, o investimento involuntário é igual a zero e demanda agregada efetiva é igual à demanda agregada planejada. Produto de Equilíbrio I invol = 0 e A efet = A planej. Finalmente, observem que as firmas sempre aumentam sua produção quando o nível do produto estiver abaixo do nível de equilíbrio e que diminuem sua produção em caso contrário. Isto nos leva a crer que o produto da economia está sempre tendendo ao equilíbrio. 8 A FUNÇÃO CONSUMO Representa uma função consumo com as três propriedades propostas por Keynes. Primeira: a propensão marginal a consumir se situa entre 0 e 1. Segunda: a propensão média a consumir cai quando a renda aumenta (PMeC declinante). Terceira: o consumo é determinado pela renda corrente. Em uma economia fechada, a demanda agregada é a soma das demandas de consumo, investimento e gastos governamentais. O consumo pode ser expresso como uma função positiva tanto da renda disponível atual quanto futura e como função negativa da taxa de juros. O investimento reage positivamente à produtividade marginal esperada do capital e negativamente à taxa de juros. Para simplificar, o gasto governamental é considerado exógeno. Quando combinamos as equações básicas de C, I e G, encontramos uma expressão de forma reduzida para a demanda agregada, como função positiva da futura renda prevista, da produtividade marginal esperada do capital e do dispêndio governamental e uma função negativa da taxa de juros e dos impostos. Suponhamos que o consumo, antes autônomo, agora passe a ser uma função da renda. E o investimento planejado permaneça constante, independente da renda, ou seja, C = f(Y) I = I O consumo será considerado uma função linear da renda: C = Ċ + cy Ċ – consumo autônomo, independente da renda ( questão de sobrevivência) c – consume induzido ( questão de padrão de vida) O coeficiente “ c” é denominado “ propensão marginal a consumir” ( PMgC), “ na margem”, “extra”, “adicional” e vem a ser o aumento do consumo a cada aumento unitário da renda. 9 PMeC = C/Y é a propensão média a consumir dada por aquela relação para diferentes níveis de renda. A PMeC decrescecontinuamente à medida que aumenta a renda, com o detalhe de que C aumenta menos do que proporcionalmente aos aumentos de Y, pelo fato de c estar entre 0 e1. Qual a possível relação a ser estabelecida entre a PMgC e a PMeC? Bem, sabemos que: PMeC = C/Y e PMgC = ΔC/ΔY. Logo, C/Y = a/Y + bY/Y . Daí, vem que: PMeC = a/Y + PMgC e, conclui-se que, PMe > PMg. Essa simples demonstração já foi solução para questões aparentemente complexas com textos longos, identidades e equações do modelo keynesiano simplificado. A FUNÇÃO POUPANÇA Não existe função poupança independente tal como uma função consumo. A função poupança é tão somente a “imagem espelhada” da função consumo. Por hipótese, C + I = Y = C + S Y = C + S S = Y – C S = Y – (Ċ + cY) S = Y – Ċ – cY S = -Ċ + Y – cY S = -Ċ + ( 1 – c)Y O coeficiente “ 1 – c” é denominado propensão marginal a poupar (PMgS) e seu valor corresponde ao restante da parcela c do consumo. Como encontrar produto de equilíbrio através da fórmula de demanda agregada? Y = A A = C + I A = C + cY + I 10 A = C + I + cY A = A + cY Y = C + I + cY Y – cY = C + I Y( 1 – c) = C + I Y = 1/1 – c ( C + I) Y = 1/ 1 – c (A) Observa-se que: i) quanto maior o c, mais inclinada será a curva de demanda agregada e mais alto será o nível de equilíbrio da renda. ii) quanto maior o consumo autônomo, mais alto será o nível de equilíbrio da renda. Um aumento de gastos governamentais dá origem a um aumento da demanda agregada maior do que o aumento inicial de gastos do governo. O motivo é o efeito multiplicador ( ponto fundamental para questões de concurso sobre modelo keynesiano simplificado): quando G aumenta R$ 1,00, a demanda agregada total inicialmente aumenta R$ 1,00, dados C e I. Mas, se a produção for determinada pela demanda agregada, a renda disponível tende a aumentar R$ 1,00, o que por sua vez, vai aumentar o consumo. O aumento do consumo, por sua vez, vai induzir outro aumento na produção total e outro aumento na renda disponível, gerando novo aumento do consumo. No caso especial de um aumento de gastos governamentais com orçamento equilibrado, o multiplicador é 1: a produção aumenta exatamente no mesmo valor do aumento nos gastos financiados pelos impostos. O multiplicador do orçamento equilibrado é o número pelo qual o aumento em G deve ser multiplicado para obter o aumento na renda de equilíbrio quando T aumenta na mesma magnitude que G. Uma unidade monetária a mais de G aumenta a renda de equilíbrio em 1/ ( 1 – PMgC) enquanto uma unidade monetária a mais de T diminui a renda de equilíbrio em – PMgC vezes 1/(1 – PMgC). Quando adicionamos estes dois efeitos, o multiplicador do orçamento equilibrado é igual a 1: 11 1 + - PMgC = 1 – PMgC = 1 1 – PMgC 1 – PMgC 1 - PMgC Por exemplo, se tanto os gastos do governo como a tributação aumentam em $ 1.000, a renda de equilíbrio aumenta em $ 1.000. Embora veremos de maneira exaustiva nas questões de concurso arroladas ao final do tópico, vale aqui registrar algumas assertivas que aparecem com certa regularidade quando o tópico modelo keynesiano é solicitado. Pessoal, atenção aqui nesse espaço para algumas considerações acerca das propensões marginais a consumir e a poupar e, por tabela, do multiplicador do modelo de determinação da renda. Procuramos quase exaurir as questões desse tópico, extraindo as assertivas que apareceram com maior freqüência e que consideramos suficientes para uma resolução rápida e objetiva nos próximos certames. É evidente que vocês não precisam decorar todas essas assertivas. Bastam algumas leituras para que vocês, na hora da prova, quando virem a questão pela frente, lembrem-se, por exemplo, que se a propensão marginal a consumir foi igual à propensão marginal a poupar, o valor do multiplicador será igual a 2. Vamos a elas: i) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o valor do multiplicador será igual a 2. ii) o multiplicador da renda numa economia fechada é maior do que em uma economia aberta. iii) quanto maior for a propensão marginal a consumir ( ou menor a propensão marginal a poupar), maior será o valor do multiplicador. iv) em uma economia fechada e sem governo, quanto mais próximo de zero estiver a propensão marginal a poupar, maior será o efeito de um aumento dos investimentos sobre a renda. v) o valor do multiplicador pode ser maior do que 10. vi) o valor do multiplicador não pode ser menor do que zero. 12 O que quero dizer é que tal tópico já foi mais exigido pelas bancas ( até 2003), mas, caso apareçam questões sobre ele nos próximos certames, julgamos, com relativa confiança, que se dará em cima do multiplicador e/ou acelerador! Em suma: a revolução keynesiana fundou a macroeconomia moderna e deu origem a todo um conjunto de modelos de crescimento e flutuação cíclica em cuja raiz está a interação entre dois mecanismos: o multiplicador e o acelerador. Tais mecanismos, respectivamente, descrevem o efeito do investimento autônomo sobre a expansão da demanda agregada e o efeito induzido pela expansão da demanda agregada sobre a propensão a investir. Bem, amigos, vamos introduzir agora o resto do mundo no modelo keynesiano simplificado, para determinar a demanda agregada, como fruto da soma das variáveis de diversos atores econômicos, onde: C – consumo privado das famílias e das empresas I – investimento privado ( não inclui as adições involuntárias de estoque) G – gastos do ente governamental X - exportações Dessa forma, a DA ( demanda agregada) corresponde ao somatório abaixo: DA = C + I + G + X Na outra frente, encontramos a oferta agregada (OA) compreendendo o produto mais as importações, como demonstrado abaixo: OA = Y + M Traduzindo para o equilíbrio do produto/renda, tem-se como demonstrado: Y + M = C + I + G + X ou, de forma sintética, Y = C + I + G + X –M. DETERMINANTES DO INVESTIMENTO. O investimento é o componente mais volátil do PNB. Quando os gastos com bens e serviços declinam durante uma recessão, boa parte dessa redução costuma concentrar-se nas despesas de investimento. 13 Compras que significam transferências de ativos entre pessoas não são investimento do ponto de vista da economia. Na concepção dos economistas, investimento é aquilo que gera um novo capital. O investimento em capital fixo privado inclui o equipamento e as construções que as empresas adquirem para utilizar na produção. O investimento em residências inclui as novas habitações que as pessoas compram para morar ou para alugar a terceiros. O investimento em estoques inclui os bens que as empresas estocam, incluindo matérias-primas e componentes, trabalho em processo e bens acabados. O investimento está diretamente associado a três variáveis fundamentais, a saber: a taxa de juros, as perspectivas empresariais sobre a atividade ( expectativas dos agentes) e o nível da capacidade instalada da economia ( instalações produtivas das empresas). O custo do dinheiro (preço do dinheiro dado pela taxa de juros) regula as novas decisões de investimento. O nível de investimento só será viabilizado quando restar comprovado que o retorno esperado do investimento for superior ao custo do dinheiro. Ou seja, se o empreendimento for mais rentável que deixar o capital aplicado no sistema financeiro, o investimento é viabilizado, novas contratações irão surgir e o nível de atividade aumentará. Quando as expectativas dos empresários sinalizam no sentido de prosperidade e bons ventos para a economia, então, o investimento se concretizará. Notem, amigos, bem subjetivo esse fator. Ao mesmo tempo, se a capacidade produtiva das empresasainda não chegou a seu limite, isto é, existe capacidade ociosa, através de máquinas subutilizadas e trabalhadores sem emprego, não há estímulo a novos investimentos. Por outro lado, se os trabalhadores encontram colocação, há capital disponível e as máquinas estão no seu limite de produção, o investimento será viabilizado o mais rápido possível. Investimento e Mercado de Ações: q de Tobin 14 Suponhamos uma empresa com aparato de 10 máquinas e 10 ações em circulação. Assumimos agora que o preço da ação seja de 10 unidades monetárias e o da máquina de 5 unidades monetárias. Para adquirir cada máquina a empresa desembolsa 5 unidades monetárias. Por outro lado, os investidores do mercado acionário estão propensos a pagar 10 unidades monetárias por ação correspondente a essa máquina instalada e operando perfeitamente na empresa. Ora, a que conclusão chegamos? O que o bom senso nos revela? E atenção, pois o bom senso nos auxilia e muito não só em economia, como em todas as outras disciplinas e, sobretudo, em todas as decisões cotidianas! Deveríamos investir na compra de um novo maquinário e financiá-la via mercado de capitais ( emissão de ações). Esse é o corolário de James Tobin: é inequívoca a relação direta existente entre o mercado de ações e o agregado macroeconômico investimento. O problema do empresário, do empreendedor tende a ser facilitado, segundo o q de Tobin, pois o preço das ações sinaliza às empresas qual o julgamento que o mercado realiza de cada unidade de capital, ou melhor, qual o valor atribuído a cada unidade de capital já operando. O cálculo agora é trivial: reside na comparação do preço de aquisição de uma unidade adicional de capital a ser instalado com o preço que o mercado está valorando a unidade respectiva. Se o valor julgado pelo mercado superar o preço da aquisição da máquina, o empresário adquire a unidade de capital, viabilizando o investimento. Por outro lado, se o valor que o mercado está disposto a pagar pela unidade instalada for inferior ao custo de aquisição, o investimento perde sua viabilidade e não será concretizado. E, ainda, se o valor estimado pelo mercado acionário for exatamente igual ao custo de reposição da unidade de capital instalado, o investidor é indiferente ao novo empreendimento. Essa variável que interliga o valor acionário de uma unidade de capital em relação ao seu custo de aquisição é que se denomina “q” tendo ficado conhecida como “q de Tobin”. 15 Imaginemos, por hipótese, que o valor total das empresas brasileiras cotadas em bolsa de valores, isto é, empresas abertas do mercado brasileiro, em conformidade com a avaliação dos mercados financeiros, seja da ordem de 200 bilhões de reais. Em um segundo momento, iremos dividir esse valor agregado pelo valor do estoque de unidades de capital das empresas domésticas a custo de reposição ( equivalente ao preço que as empresas pagariam para repor seus fatores de produção) da ordem de 100 bilhões de reais. A razão entre os dois componentes calculados ( 200 bilhões/100 bilhões = 2 bilhões) permite encontrar o q de Tobin. Quanto mais elevado o q de Tobin ( > 1), maior será o valor do capital em relação ao seu preço corrente e, por conseguinte, maior será o nível de investimento. Isto é, definitivamente, o empresário deve investir. A conclusão é clara: tanto os investimentos quanto o mercado de ações estão diretamente vinculados aos mesmos fatores: lucros futuros esperados e taxas de juros. O q de Tobin é assim mensurado: Valor de Mercado do Capital Instalado/ Custo de Reposição do Capital Instalado. Se q é maior do que 1, o mercado de ações considera que o capital instalado vale mais do que seu custo de reposição. Neste caso, os empresários poderiam aumentar o valor de mercado de suas empresas comprando mais capital. De forma análoga, se q é menor do que 1, o estoque de capital é menor do que seu custo de reposição. Neste caso, os empresários não substituiriam o capital à medida que este se desgastasse. Se o produto marginal do capital excede o custo de capital, o capital instalado gera lucro. Esse lucro torna desejável a posse de empresas locadoras, o que aumenta o valor das ações dessas empresas, implicando um valor mais alto para q. Já quando o produto marginal do capital é menor do que o custo do capital, o capital instalado registra prejuízo, o que representa um baixo valor de mercado e um baixo valor de q. A teoria q de Tobin é também útil porque proporciona uma forma simples de interpretar o papel do mercado de ações na economia. 16 Como o custo de reposição do capital é bastante estável, a queda no mercado de ações implica, em geral, um queda no q de Tobin. Reflete o pessimismo dos investidores quanto à lucratividade, corrente ou futura, do capital. De acordo com a teoria q, a queda em q provocará uma redução no investimento, que poderia reduzir a demanda agregada. A teoria q oferece uma razão para esperar que as flutuações no mercado de ações estejam estreitamente relacionadas com flutuações no produto e no emprego. Assim, não surpreende que o mercado de ações seja um dos indicadores mais observados do rumo da atividade econômica. Tobin procurou explicar como os agentes econômicos se comportam ao adquirirem ativos ou contraírem dívidas. Demonstrou que, ao compor suas carteiras, tais agentes (famílias, firmas, etc) levam em conta o risco e a taxa de retorno esperada. A concepção é simples, mas avançou em relação à teoria existente. Tobin mostrou que o agente interessado em diminuir o risco em sua carteira pode diversificá-la entre a moeda, um ativo sem risco e com taxa de retorno nominal nula, e uma coleção de ativos com risco e taxa de retorno nominal esperada positiva. Ao pesquisar a função da moeda na economia, Tobin procurava entender as razões que levam os agentes econômicos a retê-la, bem como as implicações de considerar, explicitamente, a existência de ativos substitutos da moeda. Sempre criticou os modelos que ignoram a presença de tais ativos. Tobin melhorou a ponte que liga a teoria macroeconômica à teoria do crescimento, dando especial atenção à relação entre as flutuações de curto prazo e o crescimento de longo prazo - os dois grandes temas da macroeconomia. Assim, inspirado em Keynes, Tobin ajudou a explicar uma das questões mais difíceis da macroeconomia: os determinantes do investimento agregado. Os 17 trabalhos sobre o crescimento macroeconômico resultam da sua permanente perplexidade diante do modelo keynesiano, em que o estoque de capital é considerado constante, embora, em equilíbrio, a poupança e o investimento não sejam nulos. Tobin reconciliou as idéias presentes na literatura macroeconômica de curto prazo com as da literatura sobre o crescimento desenvolvidas por Harrod, Hicks, Goodwin e outros. Sobre os pontos que estudamos hoje, os conceitos mais importantes, que vocês terão que levar para a prova, são os seguintes: 1) Sobre a função consumo keynesiana ( C = C + cY) apresentamos a PMgC (c) situada no intervalo entre entre 0 e 1. No limite inferior (0), todo acréscimo da renda irá se deslocar para a poupança ao passo que no limite superior todo incremento de renda se destinará ao consumo. A PMeC é decrescente. E o consumo é determinado pela renda corrente. Vale a seguinte regra: PMeC > PMgC. 2) Sobre a função poupança S = -C + ( 1 – c)Y , vale registrar que o coeficiente “ 1 – c” é denominado propensão marginal a poupar (PMgS) e seu valor corresponde ao restante da parcela c do consumo. Ou seja, PMgC + PMgS = 1. 3) Sobre o produto/renda de equilíbrio, temos que Y = 1/ 1 – c (A), onde: i) quanto maior o c, mais inclinada será a curva de demanda agregada e mais alto será o nível de equilíbrio da renda. ii) quanto maior o consumo autônomo, mais alto seráo nível de equilíbrio da renda. 4) Sobre o modelo keynesiano completo ( Y = C + I + G + X – M), vale o seguinte registro: A demanda agregada (DA) corresponde ao somatório abaixo: DA = C + I + G + X E a oferta agregada (OA) compreendendo o produto mais as importações, como demonstrado abaixo: 18 OA = Y + M Traduzindo para o equilíbrio do produto/renda, tem-se como demonstrado: Y + M = C + I + G + X ou, de forma sintética, Y = C + I + G + X – M. 5) E, finalmente, sobre q de Tobin, sua mensuração é dado por Valor de Mercado do Capital Instalado/ Custo de Reposição do Capital Instalado. Se o q de Tobin > 1, então, o valor julgado pelo mercado supera o preço da aquisição da máquina e o empresário adquire a unidade de capital, viabilizando o investimento. Se o q de Tobin < 1, então, o valor que o mercado está disposto a pagar pela unidade instalada é inferior ao custo de aquisição e o investimento perde sua viabilidade e não será concretizado. Se o q de Tobin = 1, o valor estimado pelo mercado acionário é exatamente igual ao custo de reposição da unidade de capital instalado e o investidor é indiferente ao novo empreendimento. Vejamos agora uma bateria de exercícios sobre macroeconomia keynesiana. 01 – (VUNESP/IBGE – 99) Na teoria de Keynes, as decisões de investimento dependem de: a) taxa de juros b) taxa de eficiência marginal de capital c) existência de poupança d) inovações tecnológicas e) comparação das taxas de juros e da eficiência marginal do investimento. Exercício bem antigo, ainda dos anos 90. Vale apenas como mostra da franca evolução do grau de dificuldade e especialização ocorrido a partir de 2001. Não há meios dessas questões aparecerem num próximo certame. Vale como fixação do conteúdo. A análise keynesiana é desenvolvida em cima de determinantes de investimento, a saber: taxas de juros (preço do capital) e a eficiência marginal do capital. É a lei 19 psicológica de Keynes. Mais adiante, teremos o avanço do pensamento com o q de Tobin. A assertiva e está correta. 02 – (VUNESP/IBGE – 99 e ESAF/ENAP - 2006) Pela teoria do multiplicador, sendo a propensão marginal a consumir de 75% e havendo aumento dos gastos autônomos de $10.000.000, a renda da economia aumentará de: ( considere que a propensão marginal a consumir no modelo seja igual a 0,75. Se as despesas governamentais aumentarem em 100 unidades monetárias, a variação na renda de equilíbrio será) : a) $70.000.000 b) $55.000.000 c) $40.000.000 d) $25.000.000 e) $20.000.000 Acreditem! A mesma questão realizada pela Vunesp em 1999 foi praticamente revalidada pela ESAF nesse ano de 2006. Exercício igualmente trivial. Sem maiores esclarecimentos, vamos ao cálculo. O efeito multiplicador é da ordem de 1/(1-c) , em que c é a propensão marginal a consumir e a economia é fechada. Daí, vem que o multiplicador Km = 1/ 1 – c, igual a 1/0,25 = 4. Substituindo-se c por 0,75, vem: Km = 1/ 1 – 0,75 = 1/ 0,25 = 4. A renda da economia aumentará quatro vezes, passando de 10.000.000 para 40.000.000. A assertiva c está correta. 20 03 -(ESAF/APO-2002) Com relação ao multiplicador keynesiano, é correto afirmar que: a) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o seu valor será igual a 1. b) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a poupar, pode ser menor do que um e só é válido para os gastos do governo. c) numa economia aberta, seu valor depende da propensão marginal a consumir e importar, pode ser negativo e vale apenas para os gastos do governo e exportações autônomas. d) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a consumir, não pode ser menor do que um e vale para qualquer componente dos denominados gastos autônomos agregados. e) seu valor para uma economia fechada é necessariamente menor do que para uma aberta. Trazemos para a resolução dessa questão a listagem de assertivas verdadeiras que mencionei no decorrer da aula desse tópico e consideramos suficiente o seu estudo para a resolução. Isto é, até o presente momento, quando a ESAF e também outras bancas se utilizaram do multiplicador keynesiano de forma textual ( sem números, sem contas), sempre as assertivas estavam compreendidas na listagem abaixo ou muito próximas delas, a saber: i) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o valor do multiplicador será igual a 2. ii) o multiplicador da renda numa economia fechada é maior do que em uma economia aberta. iii) quanto maior for a propensão marginal a consumir ( ou menor a propensão marginal a poupar), maior será o valor do multiplicador. iv) em uma economia fechada e sem governo, quanto mais próximo de zero estiver a propensão marginal a poupar, maior será o efeito de um aumento dos investimentos sobre a renda. v) o valor do multiplicador pode ser maior do que 10. 21 vi) o valor do multiplicador não pode ser menor do que zero. Se a PMgC for igual à PMgS, elas serão iguais a 0,5 ( PmgC + PmgS = 1). Daí, o multiplicador será igual a 2, pois Km = 1/( 1- 0,5) = 2. A assertiva a está incorreta. Em uma economia fechada ( sem setor externo), o multiplicador não pode ser menor do que um e não é só válido para os gastos autônomos do governo. A assertiva b está incorreta. Em uma economia aberta, o multiplicador vale para todos os gastos autônomos e não pode ser negativo. A assertiva c está incorreta. O multiplicador keynesiano é maior numa economia fechada do que numa economia aberta. A assertiva e está incorreta. Numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a consumir, não pode ser menor do que um e vale para qualquer componente dos denominados gastos autônomos agregados. A assertiva d está rigorosamente correta. 04 -(NCE/UFRJ- IBGE – 2001) Para uma economia fechada, os dados das contas nacionais são: Y = 5000 (produto agregado) G = 1000 ( gastos do governo) T = 1000 ( total do imposto) C = 250 + 0,75(Y – T) ( consumo do setor privado) I = 1000 – 50r ( investimentos) Para esta economia, a taxa de juros de equilíbrio será dada por: a) 5% b) 7,5% c) 10% 22 d) 15% e) 17,5% Considere a equação de equilíbrio da demanda agregada com governo e sem setor externo ( economia fechada com governo). Logo, Y = C + I + G. 5000 = 250 + 0,75(4000) + 1000 + 1000 – 50r 5000 = 250 + 3000 + 2000 – 50r 5000 = 5250 – 50r 50r = 250 r = 5%. A assertiva a está correta. 05 -(ESAF/AFRF –2002) Considere os seguintes dados: C = 500 + cY I = 200 G = 100 X=M=50 Com base nestas informações, é correto afirmar que: a) se a renda de equilíbrio for igual a 2.500, a propensão marginal a poupar será igual a 0,68. b) se a renda de equilíbrio for igual a 1.000, a propensão marginal a consumir será maior que a propensão marginal a poupar. c) se a renda de equilíbrio for igual a 2.000, a propensão marginal a consumir será igual a 0,5. d) se a renda de equilíbrio for igual a 1.600, a propensão marginal a consumir será igual à propensão marginal a poupar. e) não é possível uma renda de equilíbrio maior que 2.500. Tratamos agora com uma economia aberta. Daí, vem que: Y = C + I +G +X -M. Y = 500 +cY +200+100+50-50 Y –cY = 800 23 Y(1-c) = 800 Y = 800 (1 –c) Como não há dados adicionais e sabendo que PMgC + PMgS é igual a 1, temos que passar pelas opções e ver qual delas revela a solução da equação. Na letra d, se Y = 1.600, a PMgC é igual a PMgS, ou seja, 0,5. A assertiva d está correta. 06 - (ESAF/AFCE/TCU – 2002) Com base no multiplicador keynesiano numa economia fechada, é incorreto afirmar que: a) se a propensão marginal a poupar for igual a 0,4, então o valor do multiplicadorserá de 2,5. b) na possibilidade de a propensão marginal a poupar ser igual à propensão marginal a consumir, o valor do multiplicador será igual a 1. c) se a propensão marginal a consumir for menor do que a propensão marginal a poupar, então o multiplicador será necessariamente menor do que 2. d) seu valor tende a ser maior quanto menor for a propensão marginal a poupar. e) o seu valor nunca pode ser negativo. Aqui tratamos do modelo keynesiano simplificado ( economia fechada e sem governo) onde o multiplicador é dado pela expressão 1/ ( 1 – c) em que c é a propensão marginal a consumir e (1 – c) a propensão marginal a poupar. Nota-se que as propensões em questão são complementares, como não poderia ser diferente, já que a função poupança é a imagem espelhada da função consumo. Em outros termos, o somatório da propensão marginal a consumir e da 24 propensão marginal a poupar é igual a 1. Outra preliminar é que as propensões estão compreendidas entre o intervalo 0 e 1. Recorrentemente, questões de modelo keynesiano simplificado aparecem em provas elaboradas pela ESAF, VUNESP e NCE/UFRJ. E, certamente, uma questão que não passa desapercebida pelos examinadores é um conjunto de assertivas teóricas sobre o multiplicador. Ainda que sejam teóricas, com o conhecimento acumulado até aqui, é suficiente que o concursando aplique valores hipotéticos ao que está sendo pedido, que, dessa forma, “a resposta sai por inércia.” Vejamos o item c: PMgC ( c) < PMgS ( 1 – c), ou seja, exemplificando a propensão marginal a consumir é 0,4 e a propensão marginal a poupar é 0,6. Daí, o multiplicador é 1/ ( 1 – 0,4) = 1/0,6 , igual a aproximadamente 1,7 ( menor que 2) e quanto maior o denominador ( propensão marginal a poupar), menor o numerador ( multiplicador). Dessa forma, o termo necessariamente ( palavra perigosa!) foi aqui devidamente empregado para tornar certa a assertiva. Quanto menor for a propensão marginal a poupar (PMgS), maior será a propensão marginal a consumir (PMgC), aumentando o valor do multiplicador. A assertiva d está correta. O valor do multiplicador keynesiano nunca é negativo. A assertiva e está correta. Já vimos em pelo menos duas questões anteriores que, quando a PMgC é equivalente à PMgS, o valor do multiplicador é necessariamente 2. A assertiva b está incorreta. 25 07 - ( FCC-ICMS/SP – 2006) Suponha que numa economia fechada, o comportamento do setor de bens e serviços possa ser descrito pelas seguintes equações do modelo keynesiano simples: C = 100 + 0,8Yd I = 250 + 0,15Y G = 300 T = 50 + 0,25Y onde: C = consumo de bens e serviços Y = renda Yd = renda disponível G = gastos do governo T = tributação Nessa economia, a) o multiplicador dos gastos do governo é igual a 4. b) o nível de renda de equilíbrio é 2.400. c) o governo tem um superávit de 350 no nível de renda de equilíbrio. d) o multiplicador da tributação é igual a 4. e) os investimentos apresentam certa elasticidade em relação à taxa de juros real. Atenção, só aparentemente complicado. Exige-se apenas bastante cálculo matemático bem rudimentar. O modelo keynesiano simplificado advoga que Y = C + I + G ( economia fechada) e sabe-se que Yd = Y – T. Y = 100 + 0,8(Y – T) + 250 + 0,15Y + 300 Y = 100 + 0,8(Y – 50 – 0,25Y) + 550 + 0,15Y Y = 100 + 0,8(0,75Y – 50) + 550 + 0,15Y Y = 100 + 0,6Y – 40 + 550 + 0,15Y Y – 0,75Y = 610 Y(1 – 0,75) = 610 Y = 610 = 2.440 0,25 Logo, o multiplicador keynesiano é igual a 4. 26 Km = 1/ (1-c) = 1/( 1- 0,75) = 4. A assertiva a está correta. 08 -(ESAF/AFRF –2002.II ) Suponha que as seguintes equações descrevam uma economia: C = 170 + 0,6(Y – T) T = 200 I = 100 – 4r G = 350 (M/P)d = L = 0,75Y – 6r Ms/P = 735 Assinale a opção verdadeira: a) a curva LM tem uma inclinação igual a – 1/10 b) a curva LM tem uma inclinação igual a 1/10 c) a taxa de juros de equilíbrio é 18% d) o investimento de equilíbrio é 28 e) o nível de renda de equilíbrio é de 1100 Veja a conhecida e carimbada equação Y = C + I + G. Substituindo-se pelos valores, tem-se que: Y = 170 + 0,6(Y – T) + 100 – 4r + 350 Y = 170 + 0,6(Y – 200) + 100 – 4r + 350 27 Y = 170 + 100 + 350 + 0,6Y – 120 – 4r Y = 500 – 4r + 0,6Y Y – 06Y = 500 – 4r 0,4Y = 500 – 4r Y = 500 – 4r (1) 0,4 Pessoal, até aqui temos metade da questão resolvida ( via mercado real, de bens e serviços). Agora, nos resta concluir a análise via mercado monetário, igualando- se a quantidade ofertada de moeda com a quantidade demandada de sorte a: 0,75Y – 6r = 735. 0,75Y = 735 + 6r Y = 735 + 6r (2) 0,75 Igualando-se os dois lados ( mercados real e monetário), vem (1) = (2) 735 + 6r = 500 – 4r 0,75 0,4 0,4( 735 + 6r) = 0,75( 500 – 4r) 294 + 2,4 r = 375 – 3r 5,4 r = 81 r = 15% Substituindo-se em (1), vem : Y = 500 – 4.15 = 1.100 0,4 28 A assertiva e está correta. 09 - ( FCC-ICMS/SP – 2006) Os setores real e monetário de uma determinada economia em que o nível geral de preços é igual a 1 podem ser representados por um modelo IS-LM descrito pelas equações a seguir: C = 200 + 0,8Yd I = 300 – 2000i G = 400 T = 400 X = 200 M = 100 + 0,2 Y Md = 0,25Y – 1000i Ms = 200 No equilíbrio da economia: a) a taxa nominal de juros nominal é de 8% b) o nível de renda é 1.500 c) as importações são 200 d) o consumo é 1.000 e) o investimento é 100. 29 Questão idêntica à anterior. Atenção: elaboradas por bancas diferentes (ESAF e FCC) e em anos relativamente distantes. Só para lembrá-los mais uma vez que as questões se repetem. Veja o conhecido modelo keynesiano simplificadoY = C + I + G. Substituindo-se pelos valores, tem-se que: Y = 200 + 0,8 (Y – T) + 300 – 2000i + 400 + 200 – 100 – 0,2Y Y = 200 + 0,8(Y – 400) + 300 – 2000i + 500 – 0,2Y Y = 200 + 0,8Y – 320 + 800 – 2000i – 0,2Y Y - 0,6Y = 680 – 2000i Y (1 – 0,6) = 680 – 2000i Y = 680 – 2000i (1) 0,4 Pessoal, até aqui temos metade da questão resolvida ( via mercado real, de bens e serviços). Agora, nos resta concluir a análise via mercado monetário, igualando- se a quantidade ofertada de moeda com a quantidade demandada de sorte a: 0,25Y – 1000i = 200. 0,25Y = 200 + 1000i Y = 200 + 1000i (2) 0,25 Igualando-se os dois lados ( mercados real e monetário), vem (1) = (2) 680 – 2000i = 200 + 1000i 0,4 0,25 0,4( 200 + 1000i) = 0,25( 280 – 2000i) 80 + 400 i = 170 – 500i 900 i = 90 30 i = 0,1 % ( taxa nominal de juros) Substituindo-se em (1), vem : Y = 680 – 2000i = 1.200 ( renda de equilíbrio) 0,4 As importações são da ordem de 100 + 0,2Y = 100 + 0,2.1200 = 340 O consumo é igual a 200 + 0,8 Yd = 200 + 0,8(1.200 – 400) = 200 + 0,8(800) = 200 + 640 = 840. O nível de investimento é igual a 300 – 2000.0,1 = 300 – 200 = 100, que é a resposta da questão. Traiçoeira essa banca que coloca como gabarito a opção e, o que nos faz realizar todo esse arcabouço matemático ( se bem que muito rudimentar). O risco aqui é só se perder em algum dos números e errar a questão. A assertiva e está correta. 10 - (ESAF/AFRF – 2003) Considere as seguintes informações para uma economia fechada e com governo: Y = 1200; C = 100 + 0,7Y I = 200 Com base nessas informações, pode-se afirmar que, considerando o modelo keynesiano simplificado, para que a autoridade econômica consiga um aumento de 10% no produto agregado, os gastos do governo terão de sofrer um aumento de: a) 60% b) 30%c) 20% d) 10% e) 8% 31 Bem, precisamos aqui ter em mente nossa tradicional fórmula de identidade macroeconômica keynesiana para economia fechada, ou seja, Y = C + I + G. Substituindo-se na equação apresentada pelos valores, surge 1.200 = 100 + 0,7.1200 + 200 + G, o que nos garante gastos governamentais iguais a 60. Sabemos também que o produto/renda agregada é igual a 1200 e admite-se incremento de 10%, gerando uma expansão de 120. Para que o ritmo de atividade cresça 120, quanto deve aumentar a variável G? Eis a questão. Trazemos para a questão nosso velho conhecido multiplicador dos gastos autônomos (k), dependente da propensão marginal a consumir (c), dado pela fórmula k = 1/ ( 1-c). Alterando-se na equação c por 0,7, surge um k = 3,3. Dividindo o incremento da renda pelo multiplicador verificado, chega-se ao resultado aparente da questão (36). Aparente, porque as opções em pauta exigem números relativos ( percentagens). Daí, o resultado é 36/60, que é igual a 60%. O examinador poderia ter colocado a opção 36% e muitos candidatos se equivocariam e não teriam êxito nessa questão com grau de dificuldade mediano! A assertiva a está correta. 11 - (ESAF/AFRF –2002.II) Com relação aos determinantes do investimento, é correto afirmar que: a) as decisões de investir dependem do parâmetro "q de Tobin". Se q < 1, haverá incentivo por parte das empresas em aumentar o estoque de capital. 32 b) o incentivo a investir depende da comparação entre a taxa de depreciação e a taxa de retorno do investimento. Se a taxa de retorno do investimento excede a taxa de depreciação, então as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital. c) o incentivo a investir depende apenas do custo do capital. Nesse sentido, as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital enquanto o custo do capital for negativo. d) o incentivo a investir depende da comparação entre o valor de mercado do capital instalado e o custo de reposição do capital instalado. Nesse sentido, as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital se o custo de reposição do capital instalado for maior do que o valor de mercado do capital instalado. e) o incentivo a investir depende da comparação entre o custo do capital e o produto marginal do capital. Se o produto marginal do capital excede o custo do capital, então as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital. A teoria macroeconômica do investimento roga que o estímulo às ações de investimento depende essencialmente da taxa de lucro ( resultado do produto marginal menos o seu custo). O parâmetro q de Tobin se sustenta na relação entre o valor de mercado do capital instalado e o custo de reposição desse capital. Assim, se o valor de mercado for maior do que o seu custo de reposição, ou seja, se q > 1, o investimento será realizado. A assertiva e está correta. 33 12 - (NCE-UFRJ – IBGE – 2001) Considerando as decisões de investimento, podemos então afirmar que com o produto marginal do capital a) determinando o custo do capital e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o preço de arrendamento do capital, as empresas irão investir se o preço do arrendamento for maior do que o custo do capital b) determinando o preço de arrendamento real do capital, e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o custo do capital, as empresas irão investir se o preço do arrendamento for menor do que o custo do capital c) determinando o preço de arrendamento real do capital, e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o custo do capital, as empresas irão investir se o preço do arrendamento for maior do que o custo do capital d) determinando o custo do capital e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o preço de arrendamento do capital, as empresas irão investir se o preço do arrendamento for menor do que o custo do capital e) e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o custo do capital, as empresas irão investir se o custo do financiamento do capital for menor do que o custo do capital Para maximizar o lucro, o empresário aluga capital até que a produtividade marginal do capital seja suficiente para igualar o preço de arrendamento. Quando o valor de mercado do capital instalado supera o custo de reposição do capital instalado, os empresários creditam como positiva a avaliação de investimento, aumentando o valor de mercado de suas empresas. O investimento será concretizado. A assertiva c está correta. 34 13 – (ESAF/Analista Técnico - SUSEP – 2002) É possível avaliar as decisões de investimento de uma empresa a partir de seu desempenho no mercado acionário. Esta avaliação baseia-se em dois parâmetros: q1 = valor do capital instalado avaliado pelo mercado acionário; q2 = custo de reposição do capital instalado. Será vantajoso para a empresa investir se: a) (q1/q2) > 1 b) (q2/q1) > 1 c) q1.q2 > 0 d) q1.q2 > - 1 e) (q1/q2) # 0 Se e somente se q1 for maior que q2, o mercado acionário avalia que o capital instalado vale mais do que seu custo de reposição. Os empreendedores poderiam aumentar o valor de mercado de suas empresas comprando mais capital. Como o produto marginal do capital excede o custo do capital, o capital instalado gera lucro, tornando desejável a posse de empresas locadoras, o que aumenta o valor das ações dessas empresas. É inequívoca a relação direta existente entre o mercado de ações e o agregado macroeconômico investimento. O problema do empresário, do empreendedor tende a ser facilitado, segundo o q de Tobin, pois o preço das ações sinaliza às empresas qual o julgamento que o mercado realiza de cada unidade de capital, ou melhor, qual o valor atribuído a cada unidade de capital já operando. O cálculo agora é trivial: reside na comparação do preço de aquisição de uma unidade adicional de capital a ser instalado com o preço que o mercado está valorando a unidade respectiva. Se o valor julgado pelo mercado superar o preço da aquisição da máquina, o empresário adquire a unidade de capital, viabilizando o investimento. 35 Por outro lado, se o valor que o mercado está disposto a pagar pela unidade instalada for inferior ao custo de aquisição, o investimento perde sua viabilidade e não será concretizado. A assertiva a está correta. 14 – (ESAF/ENAP – 2006) Suponha que as empresas, em suas decisões em relação ao estoque de bens de capital que elas devem possuir, levem em consideração a razão entre o valor de mercado do capital instalado (a), avaliado pelo mercado acionário, e o custo de reposição do capital instalado (b). Denominada essa razão de q (isto é (a)/(b)) e aceitando essa suposição: a) se q>1, a empresa não terá incentivos em repor e aumentar o capital. b) se q>1, a empresa não terá incentivos em realizar os investimentos. c) somente será interessante investir se q <1. d) se q=1, a empresa é indiferente em investir. e) se q=1, a empresa obterá lucros aumentando o capital instalado. Desnecessário comentar face aos comentários da questão 13. Notem, quando aparecem questões de determinantes de investimento, basicamente q de Tobin, não há como fugir desse aspecto relatado nas quatro últimas questões, elaboradas por bancas diferentes e em épocas distintas. Se q > 1, a empresa terá fortes incentivos em concretizar o investimento, repondo e aumentando o estoque de capital fixo, pois o mercado acionário credita à unidade de capital um valor superior ao custo de reposição da mesma. As assertivasa e b estão incorretas. Se q < 1, o investimento não será viabilizado, pois o mercado acionário valora a unidade de capital a preços menores que o custo de reposição. 36 A assertiva c está incorreta. Se q = 1, então, o investidor é indiferente ao investimento porque há um empate técnico entre a valoração do mercado acionário e o custo de reposição da unidade de capital. A assertiva d está correta.
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