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1 CLIMATOLOGIA 2 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................................................................3 2 OBJETO E MÉTODO DA CLIMATOLOGIA ....................................................................................................................................5 2.1 DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................................................................5 2.1.1 Clima local.................................................................................................................................................................................5 2.1.2 Clima regional...........................................................................................................................................................................6 2.1.3 Microclima .................................................................................................................................................................................6 2.1.4 Tempo.........................................................................................................................................................................................6 2.1.5 Meteorologia e Climatologia ..................................................................................................................................................6 2.2 ATMOSFERA .....................................................................................................................................................................................8 2.3 Circulação geral da atmosfera .........................................................................................................................................................11 2.4 Sondagens da atmosfera superior...................................................................................................................................................13 2.5 Sistema Meteorológico Mundial ....................................................................................................................................................14 3 Clima do Brasil .........................................................................................................................................................................................15 3.1 Introdução...........................................................................................................................................................................................15 3.2 Região Norte ......................................................................................................................................................................................15 3.3 Região Nordeste................................................................................................................................................................................16 3.4 Região Sul ..........................................................................................................................................................................................16 3.5 Regiões Sudeste e Centro-Oeste.....................................................................................................................................................17 4 Elementos do Clima .................................................................................................................................................................................22 4.1 Temperaturas......................................................................................................................................................................................22 4.2 Frentes Climáticas.............................................................................................................................................................................23 4.3 Tempo Atmosférico ..........................................................................................................................................................................23 4.4 Extremos Ge ográficos......................................................................................................................................................................23 4.5 Zonas Climáticas ...............................................................................................................................................................................23 4.6 Efeito Estufa.......................................................................................................................................................................................24 4.7 Regiões Climáticas............................................................................................................................................................................24 4.8 TIPOS DE CLIMA ...........................................................................................................................................................................24 4.9 ESTAÇÕES DO ANO .....................................................................................................................................................................25 4.10 NUVENS.......................................................................................................................................................................................28 4.11 VENTOS.......................................................................................................................................................................................31 5 CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA .....................................................................................................................................................37 5.1 RELEVO E CLIMA .........................................................................................................................................................................38 5.2 CONTINENTALIDADE E CLIMA..............................................................................................................................................39 5.3 Conseqüências climatológicas:.......................................................................................................................................................39 5.4 UMIDADE E CHUVAS..................................................................................................................................................................39 5.5 PRESSÃO E VENTOS ....................................................................................................................................................................40 5.6 VENTO ...............................................................................................................................................................................................41 5.7 AS ESCALAS DO CLIMA ............................................................................................................................................................41 5.8 CALAMIDADES METEOROLÓGICAS: Chuvas, secas, granizo e furacões......................................................................42 6 Aplicações .................................................................................................................................................................................................44 3 1 INTRODUÇÃO Fonte da Introdução: Silva, Hélio Santos. Apostila Princípios deClimatologia, FURB, Blumenau, 1989. Se olharmos atmosfera partir da conceituação física mais simples possível, podemos notar que seu comportamento é associado a algumas escalas, tanto de tempo como de espaço. Uma análise do comportamento da atmosfera mostra que os fenômenos que nela ocorrem em escalas de tempo e espaço bem delimitados permitem dividir esse fenômeno em três níveis: grande escala, média escala em pequena escala. Dessa maneira, quando se inicia um estudo de meteorologia, deve-se ter em mente essas coisas. Ao contrário do que se pensa, o estudo do tempo não é de origem recente. Ele existe desde tempo das cavernas e surgiu paralelamente à necessidade de sobrevivência do homem. No princípio, as observações eram muito simples. Por exemplo, para conhecer a direção do vento, verificava-se para que lado se inclinavam as árvores, ou então, se jogava um punhado de areia para cima para ver em que direção pela era desviada. A partir da observação das nuvens, dos ventos e mesmo das plantas e até do comportamento dos animais, fazia-se previsões de interesse prático. Quando o homem aprendeu a plantar, tornou-se mais premente a necessidade de prever tempo. Saber em que época havia chuvas e qual sua quantidade, era importantíssimo, pois a seca poderia matar toda a plantação, acarretando prejuízos e fome. Os fenômenos meteorológicos não tinham expressão natural e não podiam ser controlados pelo homem. Muitos deles tinham características amedrontadoras, além de conseqüências catastróficas, o que levou à formação de crenças, segundo as quais os deuses controlavam o tempo que era sacrilégio estudá-lo. Quem usasse fazê-lo sofria severas punições. Não obstante, as observações eram passadas de pai para filho, de vizinho para vizinho, pois delas dependia a subsistência de todos. Algumas, disfarçadamente, chegaram a ser transmitidas sob a forma de provérbios. Muitas crenças se originaram de simples coincidências, outras resultaram, provavelmente de edificações mais exatas e se tornaram de grande utilidade. Eis alguns exemplos: “Nuvem na serra, chuva na terra”; "Inverno quente, feijão doente” (Brasil); “Verão chuvoso, feijão formoso”; “Círculo em volta da lua, sinal de chuva iminente: o círculo pequeno, sinal de que a chuva demora”; Índia; "Rebanho barulhento, tempestade e muito vento" (Itália); “Via láctea transparente, semana excelente!" (Japão); “Trovão outono, inverno brando!" (Noruega). Os primeiros povos civilizados a começar a estudar mais a fundo atmosfera seus fenômenos foram os habitantes da faixa que vai do Oceano Índico até o mar mediterrâneo. Isto porque, nessa região a variações acentuadas de tempo longo do ano. Dentre esses povos, destacam-se de que os gregos e e, entre eles, Aristóteles e tem o frasco. Aristóteles subia ao alto dos morros para estudar os ventos, a chuva, o raio e o trovão. Escreveu um livro com o título de “Meteorologia” (que significa: "Conhecimento das coisas acima da terra"). Mas este livro era de difícil compreensão para o povo e os lavradores. Então, Teofrasto, um jovem escritor, interpretando o livro de Aristóteles e acrescentando ensinamentos de outros gregos, traduziu a linguagem simples e os conhecimentos até então acumulados sobre os fenômenos atmosféricos. Nessa obra, Teofrasto explicava também como se poderia utilizar as observações meteorológicas para resolver problemas práticos. Seu livro intitulado "Livro dos sinais" teve grande sucesso e foi de muita utilidade para o povo grego. Passados alguns séculos, já no período do renascimento, Leonardo da Vinci, percebendo que certas substâncias absorvem água com facilidade e, em conseqüência, ficam mais pesadas, inventou um tipo simples de termômetro. Tratava-se basicamente de uma balança de dois pratos, havendo em um deles um chumaço de algodão e no outro, um objeto qualquer que mantinham equilíbrio. À medida que o algodão absorvia umidade do ar, tornava-se mais pesado e desequilibrava a balança. Na mesma época, Galileo dedicou-se ao estudo de diversos fenômenos naturais. Notou, por exemplo que as noções de quente e frio eram muito relativas, variando de pessoa para pessoa, havendo, pois, a necessidade de um instrumento que determinasse com precisão a temperatura. Inventou então o primeiro termômetro. Torricelli, discípulo de Galileo fez uma experiência muito curiosa. Encheu com mercúrio tubo de vidro, fechado em uma das extremidades, tampou com o polegar a extremidade aberta, emborcou o tubo num recipiente que também continha mercúrio e retirou o polegar. Verificou que o mercúrio descia no tubo até certa altura e parava. 4 Essa altura era de aproximadamente 76 cm, mas podia variar. Atribuiu os fatos observados à pressão atmosférica e suas variações. Tinha sido inventado para o barômetro. Francis Beaufort, um inglês, comandante de navios, viveu em meados século XIX, passou quase toda sua vida a bordo, viajando entre furacões e calmarias. Fez diversas observações meteorológicas, mas se interessou particularmente pelo vento. Como não possuísse aparelhos, mediu vento por seu efeito sobre as velas seu barco. Com base nisso, construiu uma escala chamada "Escala de Beaufort", que é usada até hoje. Na mesma época, o americano Espy prestou inúmeros serviços à meteorologia. Estudou intensamente as chuvas e tempestades tendo como base, além de suas próprias observações, as que foram realizadas por várias pessoas de diversos pontos do país com as quais entrou em contato, através de uma carta circular. Foi ele provavelmente o primeiro a montar uma estação meteorológica no quintal de sua própria casa. Além de anotar dados de chuvas, registrava também figura com cuidado, a pressão barométrica, a temperatura e umidade do ar, a velocidade e direção dos ventos. Esses homens, bem como vários outros, colaboraram bastante no estudo tempo. Porém a meteorologia ainda é uma ciência em expansão, havendo muito que aprender nesse campo. 5 2 OBJETO E MÉTODO DA CLIMATOLOGIA Os fenômenos que têm como teatro a atmosfera podem ser estudados sob muitos pontos de vista. A condensação do vapor d’água, a chuva, a descarga elétrica, o relâmpago são fenômenos físicos cujo estudo pertence ao ramo da física que se denomina de meteorologia. Esta se preocupa com a medida desses fenômenos, determina as condições físicas em que são produzidos, investiga a natureza das relações que existem entre eles e os fatores que os condicionam e tenta prever a repetição dos mesmos. Aí está toda a tarefa da meteorologia sob seu duplo aspecto, estático e dinâmico: definição qualitativa dos fenômenos, pesquisa das leis, previsão. Quando estudamos as variações geográficas da lâmina de água precipitada na superfície do solo, quando comparamos as diferenças de rítmo de oscilação térmica de uma região para outra, quando caracterizamos a atmosfera de um lugar pela combinação dos meteoros, quando investigamos a relação entre esses fatos e outros fatos geográficos tais como distribuição dos vegetais, animais ou homens, nós trabalhamos imbuídos de outro espírito. Fazemos climatologia, geral ou descritiva conforme o caso. É claro que o meteorologista por uma tendência natural, chega a se preocupar com a repartição geral dos meteoros. Da mesma forma, evidentemente, o climatólogo não pode dar um passo sem utilizar os resultados gerais e particulares da meteorologia. Nas relações que estabelece entre as variações da precipitação e a altitude, ele reencontra leis físicas. Porém, esses reencontros necessários, indispensáveis, não devem mascarar a dualidade de pontos de vista. 2.1 DEFINIÇÕES A definição clássica de clima e suas insuficiências - Durante o último meio século, estivemos presos à definição de Hann, o estado médio da atmosfera sobre um lugar, mais exatamente “o conjunto dos fenômenos meteorológicos quecaracterizam a condição média da atmosfera em cada lugar da terra”. Esta definição é simples e cômoda. Ela marca bem o caráter local desta combinação de elementos meteorológicos que compõem o clima. Porém, é insuficiente sob dois pontos de vista. Corresponde a uma média, isto é, a uma abstração inteiramente destituída de realidade e conduz a um abuso das médias aritméticas para caracterizar os elementos do clima. Apresenta, em segundo lugar, um caráter estático, artificial, porque não menciona o desenvolvimento dos fenômenos no tempo. Ora, o ritmo é um dos elementos essenciais do clima. As descrições de Hann escapam freqüentemente a esses inconvenientes. Ele se mantinha em contato mais estreito com a realidade climatológica do que sua definição permitiria supor. Todavia, não podemos nos contentar com essa definição. A que nós proporemos deverá levar em conta o fator tempo (duração). Não é, sem dúvida, perfeita. Contudo, corresponde melhor às nossas concepções. 2.1.1 Clima local Denominamos clima à série de estados atmosféricos sobre um determinado lugar em sua sucessão habitual. Cada um desses estados caracteriza-se pelas suas propriedades dinâmicas e estáticas da coluna atmosférica, composição química, pressão, tensão dos gases, temperatura, grau de saturação, comportamento quanto aos raios solares, poeiras ou matérias orgânicas em suspensão, estado do campo elétrico, velocidade de deslocamento das moléculas, etc. É o que a linguagem comum designa sob o nome de tempo. A palavra tempo corresponde, portanto, a uma combinação complexa, na qual, conforme o caso, um ou outro dos elementos que acabamos de enumerar desempenham um papel preponderante. Dizemos que o tempo é quente, seco, chuvoso ou calmo. Porém, a temperatura, a pressão, o estado elétrico, etc. só podem ser isolados por um artifício de análise. A noção de tempo, e por conseqüência, a noção de clima, são noções sintéticas. Esta observação preliminar é de uma importância capital para o biologista. Ele pode, por uma espécie de análise harmônica, considerar separadamente a ação de cada um dos elementos do tempo e do clima sobre o ser vivo. Ele não deve, porém, nunca perder de vista que esses elementos agem todos em conjunto e mesmo uns através de outros. Consideraremos, enfim, como fatores do clima, as circunstâncias que determinam a existência e regulam a sucessão dos tipos de tempo. Tais são: latitude, altitude, situação relativa às massas oceânicas e continentais, aos centros de ação e aos movimentos gerais da atmosfera, exposição, declividade, etc. As definições que acabamos de apresentar provocam reflexões importantes. Em primeiro lugar, em cada instante dado e em cada ponto do globo, a atmosfera é uma combinação singular que tem muito pouca chance de se reproduzir de uma maneira perfeitamente idêntica. A árvore de meu jardim não florescerá jamais duas vezes nas mesmas condições de temperatura, luminosidade, estado higrométrico, etc. Não podemos contudo, nos contentar em considerar as realidades climáticas sob este aspecto de fluxo perpétuo. O ritmo das estações traz estados higrométricos comparáveis a vários meses de distância. Estes estados se agrupam em torno de formas ou tipos característicos de cada período do ano. Os fatores dos quais depende sua sucessão, oferecem, senão uma estabilidade rigorosa, ao menos uma regularidade relativa. E isso basta para que escapemos à impressão de um escoamento indefinido de formas e para que tomemos consciência da existência do clima local, realidade fundamental da climatologia. Entre os estados atmosféricos que se sucedem, há os que se distanciam consideravelmente dos estados tipos, que se repetem em intervalos muito distanciados, não havendo nenhuma regra que permita lhes prever a ocorrência, por exemplo frios muito rigorosos dos “grandes invernos” dos quais a história guarda a lembrança. Não se pode, racionalmente, fazê-los entrar na noção de clima; os valores correspondentes ao que se chama em meteorologia extremos absolutos devem ser manejados com muita discrição e prudência. Postos de lado esses extremos excepcionais, todos os outros, os extremos que se aproximam dos tipos médios, entram na definição de clima local. Tiraremos, mais adiante, desta consideração, regras de emprego das médias. 6 2.1.2 Clima regional Da mesma forma que o tempo - no sentido meteorológico - é um estado singular da atmosfera, o clima local é uma combinação singular, irredutível. Não há talvez, no globo, dois pontos cujos climas sejam idênticos. Porém, a ação dos fatores do clima revelam uma generalidade suficiente para que tenhamos praticamente o direito de considerar, sobre os climas locais, os climas regionais. A noção de clima regional é uma etapa do caminho da abstração. Ela se aproxima o mais possível da realidade concreta na região onde o jogo do dinamismo atmosférico é o mais simples e onde a topografia é a mais uniforme. As duas condições encontram-se realizadas nas regiões intertropicais de grandes extensões. A uniformidade do clima ao mesmo tempo que a regularidade da sucessão dos estados atmosféricos através do ano caracterizam, com efeito, essas áreas, em oposição às regiões temperadas. Por outro lado, quando a topografia revela uma grande variedade como nas regiões de montanhas, o clima regional é simplesmente uma associação de climas locais, estacionais, como também se diz. É outro caso extremo: seu interesse é muito grande por causa do valor terapêutico diferente dos climas estacionais nas montanhas. Pode-se, portanto, legitimamente, falar de climas regionais, ou, se quisermos, de regiões climáticas, e, dessa forma, somos levados a introduzir a idéia de limite climático, tão importante para a biogeografia. Essa idéia tem sido freqüentemente concebida e utilizada sem espírito de medida. Não se encontra limite climático linear - se é que se encontra - a não ser em casos muito raros, como o de um obstáculo montanhoso normal ao sentido de propagação de influências climáticas. Regra geral, há zonas limites, manchas, onde se fazem e se desfazem combinações de elementos característicos de regiões climáticas em contato. Nessas zonas muito variadas, combinações fortuitas de fatores podem fazer reaparecer localmente um ou outro clima das vizinhanças em toda a sua pureza. É dessa forma que às margens do mundo mediterrâneo, condições estacionais de abrigo permitem a reconstituição em locais pouco extensos, de verdadeiros oásis mediterrâneos fora da região onde o clima do mar interior reina soberanamente. Quem subestimasse esta característica dos limites climáticos correria o risco de se equivocar sobre o sentido do limite das plantas espontâneas ou cultivadas e sobre o sentido dos limites das associações vegetais. O problema dos limites climáticos desperta, aliás, outras questões de doutrina. 2.1.3 Microclima Tomamos como ponto de partida o clima local ou estacional, porque ele corresponde a uma realidade concreta e, num certo sentido, elementar. Não se deve crer, todavia, que esta noção de clima local esgota todas as possibilidades de análise. O climatólogo pode questionar o que representa exatamente a estação - como fizeram antes dele os fitogeógrafos. Falo do clima de Clermont-Ferrand: ninguém duvidaria que o mesmo é uma realidade. Porém, nem a temperatura, nem os movimentos de ar são os mesmos na Praça de Jaude e nas ruas que para aí se dirigem. Mais ainda, há diferenças de um lado a outro de uma mesma rua. E se nos deslocarmos para o campo ? as condições variam conforme consideremos, seja o interior de um campo de trigo, a sombra ou a obscuridade de uma floresta de árvores com folhas ou de um bosque de pinheiros. Vê-se que passamos, por gradações insensíveis da consideração de uma coluna atmosférica sobre um lugar à de um meio atmosférico em torno de um ponto - ou, em outras palavras, da noção de clima local à de microclima. Esta noçãofoi introduzida bastante recentemente. Foi elaborada na Alemanha por Geiger. O importante é notar que ela não representa o resultado de uma análise crítica dissolvente da noção de clima local: é o complemento necessário disso. Como o microclima define as condições de vida particulares ao interior de uma estação, o mesmo deve ser tomado em consideração seja pelo biologista, pelo agrônomo ou pelo médico. O clima local nem por isso deixa de ser o fato fundamental. 2.1.4 Tempo Uma definição bastante simples de Tempo afirma que tempo são as condições climáticas em um determinado instante ou período bastante curto. Segundo Ayoade, tempo é o “estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar”. 2.1.5 Meteorologia e Climatologia A meteorologia pode ser conceituada como sendo a ciência física da atmosfera, cujo objetivo essencial é, não somente analisar os estados do tempo, mas também explicá-los a fim de prever sua evolução futura. A meteorologia é muito importante para as rotas aéreas, para as atividades agrícolas e mesmo turísticas. Podem-se distinguir vários setores dentro da meteorologia. A meteorologia dinâmica é a que estuda a relação entre as forças que originam os sistemas atmosféricos, as leis físicas que são responsáveis por seus movimentos, como por exemplo as transferências de calor e massa na atmosfera. A meteorologia dinâmica se subdivide em hidrodinâmica e termodinâmica. A meteorologia física estuda os aspectos físicos do ar, tais como a radiação (ondas curtas ou uma análise detalhada de todo o espectro solar), evaporação, condensação e precipitação. A meteorologia sinótica preocupa-se com as observações de superfície (dos principais e mais significativos elementos meteorológicos), bem como das sondagens de temperaturas e ventos de altitude. Todos esses elementos plotados nas cartas sinóticas (de superfície ou nos níveis padrões de 850, 700, 500, 400, 300, 250 e 7 200 milibares), nos fornecem uma configuração diária dos principais sistemas atmosféricos atuantes nas várias regiões do globo. Pode-se distinguir ainda a meteorologia aeronáutica, a meteorologia agrícola, a hidrometeorologia, etc. Quanto à climatologia, pode ser conceituada genericamente como o estudo da variação do tempo (Weather) sobre um determinado lugar. O climatólogo alemão J. Hann definiu-a como sendo “o conjunto dos fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera em um ponto da superfície terrestre”. Nessa perspectiva, a climatologia deve investigar os diversos elementos do clima (chuvas, temperatura, etc), definir as condições médias existentes em uma dada região e, em seguida, procurar estabelecer as relações entre os diferentes estados atmosféricos. A climatologia, portanto, associaria os fatos observados e não os explicaria. Posteriormente, o geógrafo francês Max Sorre, conceituou o clima como sendo “uma série de estados atmosféricos sobre um lugar em sua sucessão habitual”. Esta definição põe em realce uma noção sintética que é a de tempo ou tipo de tempo (weather). A climatologia segue dois grandes métodos de trabalho: 1. o método separativo ou analítico, que consiste em registrar e analisar os elementos climáticos de um determinado lugar com o objetivo de calcular médias baseadas em longas series de observações. É também chamado de método estatístico. Tem a vantagem de permitir determinar os valores extremos, necessários para a escolha de cultivos e outras finalidades. Não explica, contudo, a gênese do clima nem acompanha sua variação cotidiana. 2. climatologia sintética ou dinâmica é mais complexa, implicando no estudo do perfil vertical da atmosfera e na caracterização dos tipos de tempo e sua sucessão habitual. Procura explicar os climas em função da freqüência dos tipos de tempo. Os dois métodos não são incompatíveis, nem se excluem mutuamente. Ao contrário, cada um deles deve ser praticado conforme as circunstâncias e ambos se completam. Tempo e Clima A classificação dos tipos de tempo, o estudo de sua repartição espacial e temporal constitui o objeto principal da climatologia. A primeira dificuldade a vencer para se classificar os tipos de tempo é que este é um estado transitório, do qual se trona necessário conservar uma espécie de memória. Constituída forçosamente de medidas dos elementos separados do tempo (weather) tais como temperatura, umidade, pluviosidade, vento, insolação, etc., e isto pode levar também a uma abstração. Para não se perder de vista a complexidade da realidade, lança-se mão de algumas técnicas, tais como: construção de cartas onde os elementos aparecem representados em conjunto, ou proposição de índices que combinem elementos significativos. Entre estes, os mais adotados são os que associam pluviosidade e temperatura. Esse procedimento conduz à caracterização dos tipos de tempo, dos quais o clima nada mais é do que a sucessão. Os tipos de tempo por sua vez, resultam de uma série de encadeamentos de causa e efeito extremamente complexos. Para explicá-los é preciso recuar o mais longe possível nesta cadeia de relações causais. Em primeiro lugar, o tempo é determinado pelo tipo de ar existente num determinado ponto e este tem diferentes características conforme a origem e evolução sofrida. Os movimentos do ar, por sua vez, dependem dos campos de pressão nos diversos níveis da atmosfera. As grandes correntes de ar são influenciadas pelos sistemas de relevo, repartição de terras e águas, rotação do globo e quantidade de energia solar solar. De todos esses fatores em jogo, decorre que a climatologia é um estudo eminentemente geográfico, constituindo uma das tarefas mais importantes do geógrafo na sua investigação da superfície do globo. Quantificação em Climatologia 8 A climatologia desenvolve muitos de seus conceitos a partir de análises de várias séries de observações meteorológicas, abrangendo um extenso período de tempo. Reduzir essa massa de dados a uma forma inteligível é um processo que pode ser feito de várias maneiras, envolvendo, inevitavelmente, métodos estatísticos. Devem ser considerados dois aspectos, em primeiro lugar, a estatística descritiva, particularmente aplicada aos dados mensais de temperatura e precipitação. Em segundo lugar, o que pode ser chamado de estatística de comparação, que envolve algumas considerações teóricas. Toda descrição cuidadosa envolvem medidas e toda medida envolve algum grau de imprecisão. Em climatologia estamos sempre trabalhando com fenômenos muito variáveis. Muitas vezes os elementos que compões um grupo relevant e expressam bem a realidade concreta, por exemplo, o total de chuvas acumulado em um local durante um mês. Outras vezes, os conceitos são mais abstratos. As incessantes variações periódicas e aperiódicas da temperatura e pressão tornam necessário um processamento prévio dos dados antes que estejam aptos para serem trabalhados pelos climatólogos. Além disso, o significado de uma temperatura, por exemplo, só pode ser conhecido através de um conhecimento teórico prévio. 2.2 ATMOSFERA A Terra e outros planetas do sistema solar estão cada qual envolto em uma magra concha de gás chamada de atmosfera. Só a atmosfera da Terra será comentada neste artigo devido a sua importancia para nós. (Para informação sobre as atmosferas dos outros planetas. Só para nos situarmos, devemos colocar que a estrutura da Terra consiste na crosta, manto, e caroço. Outro modo de definir as regiões da Terra, especialmente aquelas que se aproximam da superfície, torna mais fácil de entender as importantes interações que acontecem. Nesta definição, as regiões são chamadas de Litosfera, Hidrosfera, e a Atmosfera. A Litosfera inclui todo o material sólido da Terra. [De lit(o)- + -sfera.] S. f. Geofís. 1. A parte externa consolidada da Terra; crosta da Terra, crostaterrestre, orosfera. A Hidrosfera inclui toda a água na superfície da Terra. [De hidr(o)-1 + -sfera.] S. f. Geogr. 1. Camada aquosa da crosta terrestre, que compreende os oceanos, os mares, os rios, lagos e outras águas; talassosfera. Hydro quer dizer água, e a hidrosfera é composto de toda a água líquida na crosta os oceanos, fluxos, lagos, e leçóis subterrâneos de água, bem como a água congelada em geleira, em montanhas, e no Ártico e Antártico. A Atmosfera inclui todos os gases sobre a Terra até o começo do espaço interplanetário. Atmo quer dizer gás ou vapor. [De atm(o)- + -sfera.] S. f. 1. Envoltório gasoso dos astros em geral. 2. Geofís. Camada de ar que envolve a Terra. [Sin., nessas acepç.: aerosfera.] A atmosfera estende a alguns cem milhas sobre a superfície, mas não tem nenhum limite determinado. Em altas altitudes se põe cada vez mais magra e mais rarefeita até que fica impossível dizer onde o gás da Terra termina e onde o gás do espaço interplanetário começa. A atmosfera contém vapor de água e vários outros gases. Se proximo à superfície da Terra, 78 por cento da atmosfera é de nitrogênio. Oxigênio, vital para toda a espécie animal, inclusive o homem, compõe-se de 21 por cento. O percentual restante é composto de vários gases diferentes, como argônio, gás carbônico, hélio, e néon. Um destes gases, o gás carbônico é vital para as plantas tal qual o oxigênio é para a vida animal. Mas o gás carbônico é de aproximadamente 0.03 por cento da atmosfera. O peso da atmosfera quando próximo da superfície da Terra é grande o bastante para apresentar uma força comum de cerca de 14.7 libras por polegada quadrada (1.03 quilogramas por centímetro quadrado) ao nível de mar. A pressão muda ligeiramente de lugar para lugar e altitude - e regiões de baixa-pressão estão associadas com os padrões de tempo. A pressão é menors em altitudes mais altas, porque há menos atmosfera (mais rarefeita) que pressiona de cima para baixo. A Pressão atmosférica a 36,000 pés (11,000 metros) uma altitude típica usada pelos aviões comerciais a jato é só aproximadamente um quinto da pressão atmosférica ao nível do mar. A temperatura da atmosfera também cai nas altitudes mais elevadas. A 36,000 pés (11,000 metros), a temperatura média calculada é de -56 C. Os restos de temperatura comuns são fixas a -56 C até uma altitude de 82,000 pés (25,000 metros). Sobre esta altitude, as subidas de temperatura. Nosso planeta é envolvido por uma bolsa formada de gases diversos: esta bolsa, ou camada, recebe o nome de atmosfera. Os elementos gasosos mais abundantes na atmosfera são o nitrogênio e o oxigênio. Há também porcentagens bem menores de gases diversos, como o argônio, o dióxido de carbono, o néon, o hélio, o metano e o criptônio. Além destes elementos, mais raramente são encontradas porções muito pequenas de xenônio, ozônio e hidrogênio. De acordo com a localidade na atmosfera, podem ocorrer quantidades maiores ou menores de vapor de água, assim como partículas diversas, como poeira e ainda aquelas partículas ocasionadas por rejeitos industriais gasosos. A extensão da atmosfera abrange a superfície terrestre até por volta de 160 quilômetros de 9 altura em relação à superfície, e tal altitude corresponde ao próprio limite do espaço sideral. A atmosfera permanece junto à Terra através da ação do campo gravitacional, que a puxa para o planeta. Devido ao peso do ar no topo da atmosfera, que exerce pressão na camadas de ar que se situam abaixo, a camada da atmosfera é responsável pela constante pressão à qual o planeta submete-se: a chamada pressão atmosférica. Tal pressão varia de acordo com a altitude em que determinada localidade se encontra (toma-se como orientação a pressão atmosférica ao nível do mar para a relativização da pressão nas diversas localidades do planeta). A atmosfera é dividida em camadas que se mesclam. As propriedades das diferentes camadas variam entre, assim como ocorre com suas temperaturas e composições químicas. Camadas da Atmosfera A atmosfera foi dividida em regiões. A mais próxima da Terra abaixo de 6 milhas (10 quilômetros) é chamada de Troposfera. A próxima região mais alta onde a temperatura é fixa, é chamado a Estratosfera. Sobre ela está a Mesosfera, e ainda mais alto, começando em aproximadamente 50 milhas (80 quilômetros) sobre a superfície, está a Ionosfera. Nesta região superior muitas das moléculas e átomos da atmosfera da Terra são ionizados. A composição da atmosfera superior é diferente da atmosfera perto da superfície da Terra. No alto da estratosfera e para cima da mesosphere, acontecem reações químicas entre as várias moléculas. O Ozônio é formado por uma molécula que contém três átomos de oxigênio,. (Uma molécula de ar que os animais respiram é formada por dois átomos de oxigênio .) Outras moléculas têm várias combinações de nitrogênio e oxigênio. Em regiões mais altas a atmosfera é composta quase completamente de nitrogênio, e mais alto ainda quase completamente de oxigênio. Nos alcances externos da atmosfera, predominam os gases leves, hélio e hidrogênio. A atmosfera agarra-se firmemente à Terra pela atração da gravidade. Se a Terra fosse comparada a uma laranja, a atmosfera pode ser considerada a pele (casca) da laranja. O ar que se encontra livremente na atmosfera às vezes move-se violentamente. A atmosfera da Terra consiste principalmente em nitrogênio, oxigênio, argônio, vapor de água, gás carbônico, e quantias pequenas de outros gases e partículas sólidas e líquidas. A atmosfera serve para moderar o calor e resfriamento extremos da Terra. Durante o dia quando o calor do sol penetra o ar e aquece a Terra, a atmosfera segura este calor de forma que ele escapa mais lentamente para o espaço e faz a noite mais morno que estaria sem este efeito. A atmosfera também protege, até certo ponto, os habitantes da Terra da partículas de meteoro, raios cósmicos, radiação do sol e estrelas, pó atmosférico, e outros perigos advindos do espaço exterior. A atmosfera está em constante movimento devido à rotação da Terra e as mudanças na temperatura e pressão. Às vezes, violentas mudanças que acontecem na atmosfera são sentidas em Terra como o tempo, ventos, correntes de oceano, raio, e arco-íris. Grandes massas de ar que se movem sobre a superfície da Terra podem causar mudanças no tempo e podem produzir ventos com velocidades de mais de 100 milhas por hora (160 quilômetros por hora). Vitais trocas de matéria e energia acontecem entre a atmosfera e os oceanos que são vastos reservatórios de calor, umidade, e gás carbônico precisados pela atmosfera. A atmosfera, em troca, agita as superfícies dos oceanos com a energia do movimento que produz correntes de oceano. Os Cientistas desenvolveram três diferentes sistemas de classificação para a atmosfera. Eles dividem-na em capas ou camadas baseando-se na variação de temperatura , variações das características elétricas, e variação de sua composição. Baseados na temperatura, os cientistas distinguem cinco capas: A Troposfera estende-se até 6 milhas (10 quilômetros) sobre a superfície da Terra. É a região mais íntimo da superfície da Terra e onde acontece o tempo, e é caracterizada por uma diminuição de temperatura em altitude crescente. Os ventos nesta capa movimentam-se principalmente na direção vertical. A Estratosfera estende até 25 milhas (40 quilômetros) sobre a Terra e é caracterizado por um aumento em temperatura com altitude crescente e por fluxos de jato que desenvolvem-se principalmente em movimento horizontal . Uma característica significante da estratosfera é a capa ou Camada de Ozônio que está localizada entre 10 e 20 milhas (16 e 32 quilômetros) sobre a Terra. Esta capa protege a Terra absorvendo as prejudiciais radiações ultravioletas do sol. Nos anos da década de 1980 havia um pouco de preocupação que a capa de ozônio estava sendodestruída através da poluição, e um esforço foi iniciado para prevenir sua destruição (veja mais em http://membro.intermega.com.br/rgregio/ ). A Mesosfera mede até 40 milhas (65 quilômetros) sobre a Terra e caracteriza-se por uma rápida diminuição de temperatura em crescente altitude . Noctilucent Nubla, nuvens de vapor de água ou poeira de meteoro que brilham à noite, é uma característica distinguível desta capa. A Termosfera estende-se até 300 milhas (480 quilômetros) e é caracterizada por uma subida rápida de temperatura em crescente altitude . O fenômeno de Airglow (correntes de ar), luminescence devido a dispersão da 10 luz solar através de partículas atmosféricas aquecidas, que originam-se nesta capa. As Auroras Boreais são umas das mais espetaculares característica desta capa. A Exosfera é a capa mais alta da atmosfera, estende-se para além da termosfera. Nesta capa, a densidade do ar é tão baixa que o conceito de temperatura perde seu significado habitual. Raios ultravioletas enchem a exosfera, e então acontecem os lânguidos brilhos chamados de Luz Zodiacal que acontece devido a luz solar refletida das partículas de pó meteórico originarem-se nesta capa. Propriedades Elétricas Os Cientistas também dividem a atmosfera em capas com base nas suas propriedades elétricas. De modo geral eles reconhecem uma atmosfera neutra que mede aproximadamente 40 milhas, e a ionosfera sobre ela. A Ionosfera é uma região de partículas eletricamente carregadas, ou íons e podem ser divididos em regiões de acordo com o grau de ionização: ? A região D estende até 55 milhas (90 quilômetros) sobre a superfície da Terra. ? A região E, também chamada de capa de Kennelly-Heaviside, é uma capa moderadamente ionizada que estende-se de 55 a 100 milhas (90 a 160 quilômetros) de altura. Esta região é causada através dos raios X solars e consiste principalmente em nitrogênio e átomos de oxigênio. Reflete ondas de rádio relativamente longas. ? A região F, também chamada de capa de Appleton, é subdividido nas capas F1 e F2: ? A capa F1 mede entre 100 e 150 milhas (160 e 240 quilômetros) sobre a Terra, consistindo principalmente de átomos de oxigênio, e reflete ondas de rádio menores. Sua ionização varia grandemente , e a capa desaparece à noite. ? A capa F2 , com 150 milhas é a mais densa das regiões da ionosfera, consiste principalmente em íons de nitrogênio fortes e reflete ondas de rádio extremamente pequenas. Além de seu limite exterior está a magnestosfera, um envoltório magnético que abriga a Terra da explosão ionizada do vento solar. Composição Nas mais baixas regiões da atmosfera, até aproximadamente 65 milhas (100 quilômetros) sobre a Terra, a turbulênciacausa um contínuo misturar dos elementos constituintes da atmosfera de forma que a composição é relativamente uniforme. Estas regiões compõem a homosfera (homosphere) . Sobre ela está o heterosfera ( onde vários componentes tendem a escapar para o espaço. As concentrações de elementos mais pesados, como nitrogênio e oxigênio, diminuem com altitude crescente, de forma que eventualmente a atmosfera é dominado pelos elementos mais leves, como hélio e hidrogênio. À parte externa da ionosfera de hélio fica dominante em aproximadamente 600 milhas (960 quilômetros), e a ionosfera de hidrogênio sobre aproximadamente 1,500 milhas (2,500 quilômetros). Composição da Atmosfera (Porcentagem por volume) Nitrogênio 78,0800 Oxigênio 20,9500 Argônio 0,9300 Dióxidode Carbono 0,0300 Néon 0,0018 Hélio 0,0005 Metano 0,0002 Criptônio 0,0001 Notas: Homosfera - [De hom(o)- + -sfera.] S. f. Geofís. 1. Zona da atmosfera, situada a altitude inferior a 100km, na qual a mistura dos componentes é homogênea, e que mantém, portanto, em todos os pontos, a mesma composição química. Heterosfera - (èt). [De heter(o)- + -sfera.] S. f. Geofís. 1. Zona da atmosfera superior, situada a altitude acima de 100km, na qual os constituintes se estratificam, as proporções relativas de oxigênio, nitrogênio e outros gases são irregulares, e em que as partículas de radiação e micrometeoróides se encontram misturadas com as partículas de ar.) Peso e Pressão da Atmosfera 11 A massa total da atmosfera é calculada para ser uns 5.5 quatrilhões (55 seguido por 14 zeros) de toneladas (4.99 quatrilhões de toneladas métricas). Esta massa é igual à aproximadamente um milionésimo da massa da Terra. O ar é mais pesado ao nível do mar porque as moléculas de ar estão comprimidas pelo peso do ar que o envolve. Com os aumentos de altura, as moléculas de ar são separadas por mais espaço, e ocorrem as diminuições de peso. Quando o peso do ar diminui, acontece a pressão de ar. Ao nível do mar, o ar mostra uma pressão de 14.7 libras por polegadas de praça - square inch (101.36 kilopascals). A 100,000 pés (30,480 metros), a densidade do ar é tão baixa que o ar apresenta uma pressão de só 0.18 libra por polegada de praça (1.24 kilopascals). Por que o Céu é Azul? Os raios do sol que fluem para a Terra aparecem como luz branca. Porém, a luz branca é composta de ondas luminosas de todas as cores do espectro, cada cor que tem um comprimento de onda diferente. Quando atravessa a atmosfera, a luz solar é refletida e é refratada pelas moléculas de ar e por partículas de pó e moléculas de vapor de água. Este processo de dispersão é chamado difusão. As ondas curtas de luz azuis são difundidas mais amplamente e espalham-se mais que as ondas vermelhas longas. Por causa disto, o céu aparece azul. O espaço exterior é preto porque não há nenhuma atmosfera para difundir as ondas luminosas. Resumindo, atmosfera é a camada de ar que envolve a Terra e outros corpos celestes. É principalmente constituída de nitrogênio, oxigênio, vapor d'água, gás carbônico, e pequenas quantidades de partículas sólidas e líquidas. Funciona como fator moderador dos extremos de calor e frio ocorridos na Terra. Está em constante movimento tanto em relação à rotação do planeta quanto às mudanças de temperatura e pressão. Quando violentas, as mudanças atmosféricas têm influência direta sobre o tempo, vento, marés, etc. Os cientistas dividem a atmosfera em três diferentes sistemas de classificação: variações de temperatura, variações de características elétricas e variações de composição. Em relação à temperatura, os cientistas dividem a atmosfera em cinco camadas: troposfera (camada mais próxima à superfície da Terra), estratosfera (abriga a camada de ozônio), mesosfera, termosfera, exosfera (onde a densidade do ar é tão baixa que o conceito de temperatura perde seu significado original). Suas propriedades elétricas dividem-se em ionosfera (que se subdivide em três regiões: D, E, e F) e magnetosfera. Quanto à composição, três camadas: homosfera, heterosfera, ionosfera . 2.3 Circulação geral da atmosfera Sendo positivos na zona intertropical e negativos nas regiões polares, os balanços de energia (ou de radiação) são responsáveis pela transferência da energia que tende a restabelecer o equilíbrio entre essas duas faixas do globo. Os movimentos atmosféricos que daí resultam constituem o que se denomina circulação geral. O entendimento desse fenômeno permite encontrar respostas para as seguintes questões: 1.Como se efetua o transporte de energia? 2.Como se mantêm a circulação geral? 3.Quais os fatores responsáveis pelas variações sazonais, semanais ou diárias? 4.Como explicar as variações de um ano para outro? Antigamente acreditava-se que o aquecimento das massas de ar equatoriais constituíam o motor fundamental da circulação. No século XVII o estudioso inglês Halley expôs suas idéias, segundo as quais haveria na zona equatorial uma gigantesca faixa de ar ascendente continuamente alimentada pelos alíseos e, em altitude, um movimento de compensação, constituído pelos contra-alíseos (Figura 1) que fechariamo circuito. Como, na realidade, os alíseos não procedem do Polo e suas trajetórias não são rigorosamente meridianas, foi necessário modificar esse esquema. O astrônomo inglês Halley assinalou a influência da rotação da Terra e, portanto, da força de Coriolis, demonstrando que os alíseos têm uma trajetória basicamente de nordeste no Hemisfério Norte e de sudeste no Hemisfério Sul. Os contra-alíseos, por sua vez, não atingiriam o Polo, apenas as latitudes tropicais ou subtropicais onde se daria a descida do ar para formar as grandes células de alta pressão. Isso significa que o circuito se limitaria à faixa intertropical, não sendo, portanto, uma explicação inteiramente completa. 12 Figura 1. Esquema proposto por Halley contra-alíseo ? + - ? alíseo Equador Polo Equador Polo A partir de fins do século XIX, outros meteorologistas, notadamente o francês Dedebant e o alemão Wehrle, procuraram chamar a atenção para o caráter dominantemente zonal da circulação geral e a importância dos fenômenos dinâmicos. O rápido progresso do conhecimento sobre a alta troposfera mostraram a importância do fluxo zonal. A partir de então, não se admitiu mais os ventos como sendo simplesmente tributários dos centros de ação, mas como resultado de um ajustamento recíproco entre a força do gradiente e o desvio de Coriolis (Figura 2). Figura 2 - Trajetória do vento (Hemisfério Sul) Altas pressões Vento resultante Baixas pressões Isóbara Partindo dessa constatação (interação entre os fluxos e os centros de ação) que o climatólogo sueco Rossby propôs o esquema tricelular da circulação geral. No Hemisfério Norte as linhas gerais da circulação seriam as seguintes: Nas baixas latitudes dominariam, em superfície, os fluxos de leste ou de nordeste dos alíseos que deixariam as baixas pressões equatoriais à sua esquerda e as altas pressões subtropicais à sua direita; Situação equivalente encontrar-se-ia nas altas latitudes onde os ventos do nordeste deslocar-se-iam entre os anticiclones frios polares situados à sua direita e as baixas pressões das latitudes médias, à esquerda; Nas latitudes médias a circulação seria movida por fatores puramente dinâmicos. Haveria o fluxo de oeste deixando à sua esquerda as baixas pressões das latitudes médias e à sua direita as altas pressões subtropicais (Figura 3). Figura 3 - Esquema tricelular de Rossby Equador - - + + Polo Sul Posteriormente, o sábio alemão Defant expôs a teoria das trocas por turbulência, segundo a qual a transferência da energia não resultaria de grandes circuitos meridianos mas de poderosos movimentos de turbulências que se verificariam, sobretudo, nas zonas temperadas. 13 Essas turbulências são grandes movimentos turbilhonares que têm uma trajetória geral dirigida para leste. Para entendê-la é preciso fazer um apelo ao princípio da inércia e ao da conservação de turbilhão (vorticidade) absoluto. A Terra é animada de um movimento de rotação de Oeste, possuindo, portanto uma velocidade de rotação em torno da vertical, que é máxima nos pólos e nula no equador. Cada ponto da Terra tem, portanto, seu turbilhão local, que é proporcional ao seno da latitude. Se designarmos por F o turbilhão na Terra nos pólos, e por @ a latitude e por f o turbilhão local, poder-se-á enunciar: F = f .sen@ f = 2.A.V (onde A é a velocidade angular do vento em trono do eixo de rotação e V a velocidade horizontal do vento) Uma coluna de ar que seja originária dos pólos e que esteja se deslocando para baixas latitudes sem sofrer deformações apreciáveis irá conservar sua velocidade inicial, apresentando, portanto, um turbilhão absoluto sempre superior ao turbilhão local. A diferença denominada turbilhão relativo, será portanto, positiva e determina uma inflexão para Oeste da coluna de ar. Isso ocorre porque do lado Oeste do turbilhão a força de rotação e a força de translação se somam, ao passo que no lado leste essas mesmas forças se contrapõe. O inverso ocorre com uma coluna de ar de origem equatorial (Figura 4). Figura 4 (a)Coluna de ar de origem (b)Coluna de ar de origem polar (Hemisfério Sul) equatorial (Hemisfério Sul) Massa de ar. Sistema atmosférico. Noção de ritmo e tipos de tempo. Seqüências de tipos de tempo. Massa de ar é um grande volume atmosférico caracterizado por uma relativa homogeneidade de conjunto no plano horizontal. No interior de uma massa de ar podem ocorrer variações. A massa de ar é móvel, sem forma definida e em constante evolução. Caracteriza-se por seu lugar de origem e sua trajetória, etc. As principais massas de ar são as massas tropicais (Tm ou Tc), polares (Pm ou Pc) e árticas (Am ou Ac), sendo que m = marítima e c = continental. Modernamente existe uma tendência os climatólogos de substituírem a palavra “massa de ar” por “sistemas e subsistemas atmosféricos”. Esse conceito de sistema e subsistema tem a vantagem de permitir um desdobramento em unidades menores, e enquadra melhor, por exemplo, os sistemas frontais, ou mesmo as descontinuidades ou perturbações, tão freqüentes, e que não se ajustam bem ao conceito de “massas de ar”. Entre as massas de ar, existem “superfícies” de descontinuidade. A linha de intersecção destas superfícies, com temperatura, ponto de orvalho, densidade e direção do vento contrárias, se constituem nas chamadas frentes. Pode-se admitir, também a existência de frentes ou calhas de altitude. Tempo corresponde a um estado atmosférico que resulta da combinação de vários elementos climáticos. Quando esses estados atmosféricos específicos reaparecem sobre uma região em intervalos mais ou menos regulares constituem os tipos de tempo, passíveis de tratamento estatístico. Pode-se, portanto, descrever os aspectos climáticos de uma região mais ou menos vasta, respeitando os elos que unem os elementos constituintes do tempo. Assim se faz Climatologia Sinótica, que considera o complexo atmosférico e baseia-se nas cartas sinóticas, com a respectiva identificação dos tipos de tempo. A partir da escala diária é possível associar à variação dos elementos do clima, os tipos de tempo, que se sucedem segundo os mecanismos da circulação regional. O ritmo climático só poderá ser compreendido através da representação concomitante do elementos fundamentais do Clima em unidade de tempocronológico pelo menos diárias, compatíveis com a circulação atmosférica regional, geradora dos estados atmosféricos que se sucedem e constituem o fundamento do ritmo. 2.4 Sondagens da atmosfera superior As primeiras observações da atmosfera superior foram feitas através de balões-sonda munidos de aparelhos registradores para investigar a atmosfera superior, e a partir dessa data o uso desse instrumento torna-se cada 14 vez mais freqüente. Em 1912, um balão-sonda lançado em Pávia, Itália, atingiu a altitude fantástica, para a época, de 37.700 metros. Em 1927, experimentou-se, pela primeira vez, as rádio sondagens capazes de transmitir automaticamente dados das observações. Em 1934, o Prof. Augusto Piccard elevou-se em uma cabine a 17.550 metros. No ano seguinte, os norte-americanos Stevens e Anderson realizaram uma ascensão até 22.066 metros. Desde o evento dos satélites meteorológicos, em 1966, o uso das imagens captadas por esses instrumentos tem ajudado a definir as características da nebulosidade e sua associação com as estruturas dinâmicas e termodinâmicas da atmosfera. Já existe, no Brasil, no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos, uma coleção de imagens coletadas por satélites meteorológicos nas faixas do visível e infravermelho, em diversos horários, desde 1969. Essas imagens foram transmitidas pelos satélites Essa II, Essa VI, Essa VIII, Nimbus III, Nimbus V, Itos I, Ats II, Noaa II, Noaa III, Noaa V e SMS 1. A representação gráfica das sondagens verticais da atmosfera é feita através dos diagramas adiabáticos (Stuve, Pseudo-Adiabático, Skew T log P, Tefigrama, etc.) nos quais figuram basicamente, temperatura seca e temperatura de ponto de orvalho, para os vários níveis da troposfera (1000, 850, 700, 500, 400, 300, 250, 200, 100 mb). Essa representação da temperatura em função da pressão (ou altitude ou níveis de altura) se constitui na curva de estado. Até 1949, era construída sobre um sistema de coordenadas cartesianas clássicas, porém após essa data passou-se a utilizar um sistema de coordenadas oblíquas. A análise desses diagramas permite identificar inversões térmicas, superposições de massas de ar e frentes de altitude, além de vários outros indicadores meteorológicos. 2.5 Sistema Meteorológico Mundial O aumento do interesse pela meteorologia a partir do século XIX, fez com que se realizassem importantes conferências internacionais. Em 1873, realizou-se em Viena, o primeiro Congresso Meteorológico Internacional, o qual deu origem à Organização Meteorológica Mundial (WMO, OMM), que em 1951, tornou-se a atual Organização Meteorológica que congrega e centraliza toda a previsão e pesquisa a nível do globo. Os esforços internacionais realizados nos últimos cem anos, resultaram na criação de um sistema mundial muito eficaz de observação e controle da atmosfera. Esse sistema, que se denomina Vigilância Meteorológica Mundial (VMM) compreende cerca de 8.500 estações terrestres, 5.500 navios mercantes, numerosos aviões (cerca de 3.000) vários navios meteorológicos oceânicos de caráter especial e um número crescente de estações meteorológicas automáticas além de satélites meteorológicos. A Suécia foi o primeiro país a colocar em funcionamento um sistema meteorológico inteiramente automático a partir de 1969. As observações de que se necessitam de caráter internacional são intercambiadas em um prazo de poucas horas mediante um complexo sistema de telecomunicação mundial. A partir de 1967, a Organização Meteorológica Mundial estabeleceu o Controle Mundial do Tempo, com três centros meteorológicos mundiais: Washington, Moscou e Melbourne, onde as informações são elaboradas e transmitidas para todo o mundo sob a forma de mapas meteorológicos em quatro horários: 00,00 - 6,00 - 12,00 - 18,00 horas GTM (Horário segundo Greenwich). 15 3 Clima do Brasil 3.1 Introdução O Brasil, por ser um país de grande extensão territorial, possui diferenciados regimes de precipitação e temperatura. De norte a sul encontra-se uma grande variedade de climas com distintas características regionais. No norte do país verifica-se um clima equatorial chuvoso, praticamente sem estação seca. No Nordeste a estação chuvosa, com baixos índices pluviométricos, restringe-se a poucos meses, caracterizando um clima semi-árido. As Regiões Sudeste e Centro-Oeste sofrem influência tanto de sistemas tropicais como de latitudes médias, com estação seca bem definida no inverno e estação chuvosa de verão com chuvas convectivas. O sul do Brasil, devido à sua localização latitudinal, sofre mais influência dos sistemas de latitudes médias, onde os sistemas frontais são os principais causadores de chuvas durante o ano. A Figura 1 apresenta a climatologia anual da precipitação sobre o Brasil. A variação sazonal é mostrada na Figura 2 . Com relação às temperaturas, observa-se nas Regiões Norte e Nordeste temperaturas elevadas, com pouca variabilidade durante o ano, caracterizando o clima quente nestas Regiões. Nas médias latitudes a variação da temperatura no decorrer do ano é muito importante na definição do clima. No período de inverno há maior penetração de massas de ar frio de altas latitudes, o que contribui para a predominância de baixas temperaturas. As Figura 3 e Figura 4 apresentam as climatologias de temperaturas máximas e mínimas, respectivamente, sobre o Brasil. 3.2 Região Norte A Região Norte possui uma homogeneidade espacial e sazonal da temperatura, o que não acontece em relação à pluviosidade. Esta é a Região com maior total pluviométrico anual, sendo mais notável no litoral do Amapá, na foz do rio Amazonas e no setor ocidental da Região, onde a precipitação excede 3000 mm (Nimer, 1979). A análise da Figura 1 indica que nesta Região são encontrados três centros de precipitação abundante. O primeiro localizado no noroeste da Amazônia, com chuvas acima de 3000 mm/ano. A existência deste centro é associada à condensação do ar úmido trazido pelos ventos de leste da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que são elevados quando o escoamento sobe os Andes (Nobre, 1983). O segundo centro, é localizado na parte central da Amazônia, em torno de 5S, com precipitação de 2500 mm/ano, e o terceiro, na parte leste da base Amazônica, próximo à Belém, com precipitação de 2800 mm/ano. Marengo (1995) documentou três regimes de chuvas na América do Sul: um no noroeste da América do Sul, onde a chuva é abundante durante todo o ano alcançando o máximo em abril -maio-junho, com mais de 3000 mm/ano; um segundo em uma banda zonalmente orientada estendendo-se até a parte central da Amazônia, onde a estação chuvosa ocorre em março-abril-maio, e o terceiro na parte sul da região Amazônica onde o pico de chuvas ocorre em janeiro-fevereiro-março. A chuva no noroeste da Amazônia pode ser entendida como resposta à flutuação dinâmica do centro quasi-permanente de convecção nesta região (Marengo e Hastenrath, 1993). A estação chuvosa da Região Norte (dez-jan-fev) muda progressivamente de janeiro-fevereiro-março, no sul da Amazônia, para abril-maio-junho, no noroeste da base Amazônica. Esta variação parece estar relacionada com a posição da ZCIT, pois os núcleos de precipitações migram da parte central do país, no verão austral, para o setor noroeste da América do Sul no inverno austral, acompanhando a migração anual da convecção profunda. Segundo Rao e Hada (1990), estações localizadas no Hemisfério Norte (HN), como Oiapoque (3N 60W), exibem o máximo de chuvas durante o inverno austral (junho-julho-agosto) e mínimo durante o verão austral (dez-jan-fev). O centro de máximo secundário costeiro, observado na parte leste da bacia Amazônica, próximo à Belém, deve-se possivelmente às linhas de instabilidade que se formam ao longo da costa, durante o fim de tarde, forçadas pela circulação de brisa marítima (Kousky1979, 1980). A floresta tropical mantém a umidade elevada em baixos níveis, que é possivelmente reciclada pela atividade convectiva. Outros fatores, como a penetração de sistemas frontais, o deslocamento da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e a Alta da Bolívia (Virgi, 1981) influenciam as chuvas na região. Kousky e Ferreira (1981) mostraram a importância da penetração de sistemas frontais sobre a precipitação de inverno na região. Paegle (1987) discutiu o mecanismo responsável pela penetração de sistemas frontais na bacia Amazônica sugerindo a importância do deslocamento da ASAS em torno do lado leste dos Andes. Com relação à temperatura, durante o inverno do Hemisfério Sul (HS) toda a zona meridional da Região Norte, em especial o sudoeste (Acre, Rondônia e parte do Amazonas), é freqüentemente invadida por anticiclones originários de altas latitudes, que atravessam a Cordilheira dos Andes ao sul do Chile. Alguns são excepcionalmente intensos, podendo chegar a provocar o fenômeno friagem (Nimer, 1979). Em virtude da alta umidade relativa e intensa nebulosidade que caracterizam a Região, não são registradas temperaturas máximas diárias excessivas durante o ano ( Figura 3 ). 16 3.3 Região Nordeste Levando-se em conta o regime de chuvas, encontra-se sobre o Nordeste (NE) uma alta variedade climática, podendo-se verificar desde o clima semi-árido no interior da Região, com precipitação acumulada inferior a 500 mm/ano ( Figura 1 ), até o clima chuvoso, observado principalmente na costa leste da Região, com precipitação acumulada anual superior a 1500 mm (Kousky e Chu, 1978). A parte norte da região recebe entre 1000 e 1200 mm/ano (Hastenrath e Heller, 1977). Assim como a Região Norte, grande parte do NE também possui uma grande homogeneidade sazonal e espacial da temperatura. Somente no sul da Bahia é verificada uma maior variabilidade sazonal da temperatura, em função da penetração das massas relativamente frias nos meses de inverno (Figura 3 e Figura 4 ). Diferentes regimes de chuvas são identificados no NE. No norte da Região a estação chuvosa principal é de março a maio, no sul e sudeste as chuvas ocorrem principalmente durante o período de dezembro a fevereiro e no leste a estação chuvosa é de maio a julho. A principal estação chuvosa do NE, incluindo o norte e leste da região, que explica 60% da chuva anual é de abril a julho e a estação seca, para a maior parte da região, ocorre de setembro a dezembro (Rao et al, 1993). Yamazaki e Rao (1977) , observando imagens de satélite, sugeriram a importância dos distúrbios de leste na precipitação do NE. Chan (1990) observou que estes se propagam sobre o Oceano Atlântico, em direção ao continente, durante o outono e inverno. O máximo de precipitação no norte do nordeste, que é uma região que tem período chuvoso de fevereiro a maio, deve-se ao deslocamento anual da ZCIT para latitudes mais ao sul no Hemisfério Norte, o que afeta o NE do Brasil, principalmente nos meses de abril e maio (Hastenrath and Lamb, 1977). O máximo no sul da região está associado à penetração de frentes frias vindas do sul que alcançam latitudes mais baixas nos meses de novembro a fevereiro. Já na região costeira, o máximo de maio a julho está ligado à maior atividade de circulação de brisa que advecta bandas de nebulosidade média para o continente e à ação das frentes frias remanescentes que se propagam ao longo da costa (Kousky, 1979). Kousky (1980) notou também que o máximo de chuvas no leste do Nordeste, de maio a julho, está possivelmente associado à máxima convergência dos alísios com a brisa terrestre, a qual deve ser mais forte durante as estações de outono e inverno quando o contraste de temperatura entre a terra e o mar é maior. Cavalcanti (1982) mostrou que as linhas de instabilidade contribuem para a precipitação na costa norte/nordeste da América do Sul, tendo maior freqüência nos meses de outono/inverno no HS e menor na primavera e verão. As linhas se formam em longitudes sobre o norte do NE brasileiro no verão e outono e à oeste de Belém no inverno e primavera. Segundo Cavalcanti, a presença da ZCIT próxima à região, que provoca baixas pressões, favorece o desenvolvimento de cumulonimbus na costa, sugerindo esta forma de associação entre os sistemas locais e de grande escala. Outro fator importante que deve ser considerado é a variação sazonal dos ventos na costa que é relacionada à posição da alta pressão subtropical do Atlântico Sul. Segundo Hastenrath e Lamb (1977) a alta subtropical começa a se intensificar nas estações frias alcançando o máximo em julho. O estudo dos ventos sobre o Atlântico Sul feito por Servain e Lukas (1990) mostrou que os ventos na costa do nordeste são de leste/nordeste no começo do ano e de sudeste durante o período de abril a julho, o que coincide com a época chuvosa no leste da região. Portanto, durante a estação chuvosa de outono/inverno sobre o leste do NE, os ventos sopram perpendiculares à costa, de sudeste. Estes ventos parecem favorecer a ocorrência da zona de convergência noturna associada à brisa terrestre. Outro fator que favorece as chuvas na região é a presença do vórtice ciclônico em altos níveis, cuja circulação ciclônica fechada possui o centro mais frio que sua periferia. Segundo Gan (1982) os vórtices são observados nos meses de setembro a abril, tendo maior freqüência em janeiro. Eles favorecem as chuvas no norte e nordeste da região e céu claro na parte sul e central da região durante estes meses. As variações interanuais de chuvas no leste do NE podem ser atribuídas às anomalias na posição e intensidade da ZCIT, causadas por anomalias positivas na temperatura da superfície do mar do Atlântico Sul, conforme o estudo de Moura e Shukla (1981) e Nobre (1994), e pela ocorrência do El Niño no Pacífico Equatorial. 3.4 Região Sul A distribuição anual das chuvas sobre o sul do Brasil se faz de forma bastante uniforme. Ao longo de quase todo seu território a média anual da precipitação varia de 1250 a 2000 mm ( Figura 1 ). Somente algumas áreas encontram-se fora desse limite pluviométrico. Acima de 2000 mm incluem-se o litoral do Paraná, o oeste de Santa Catarina e a área em torno de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. Valores abaixo de 1250 mm restringem-se ao litoral sul de Santa Catarina e ao norte do Paraná (Nimer, 1979). Conclui-se que o relevo, por suas características gerais suaves, não exerce grande influência na distribuição pluviométrica. A temperatura, por sua vez, exerce um papel no mesmo sentido da precipitação, reforçando a uniformização climática no sul do país. No entanto, essa é a Região do Brasil com maior variabilidade térmica no decorrer do ano ( Figura 3 e Figura 4 ). 17 Alguns fenômenos atmosféricos que atuam sobre esta Região são essenciais na determinação da climatologia de temperatura e precipitação. Entre os mais importantes, podemos citar a passagem de sistemas frontais sobre a Região, que são responsáveis por grande parte dos totais pluviométricos registrados (Oliveira, 1986). A trajetória desses sistemas está intimamente ligada ao posicionamento e intensidade do jato subtropical da América do Sul. Browing (1985) e Kousky e Cavalcanti (1984) ressaltaram a importância da corrente de jato na precipitação. Os cavados invertidos situam-se, em média, sobre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estendendo-se até a Argentina e Paraguai. Segundo Fernandes e Satyamurty (1994) eles são mais freqüentes durante o verão e primavera do HS, têm orientação do eixo na direção noroeste-sudeste (NO-SE), paralelamente à superfície frontal, e são responsáveis pelo desenvolvimento de tempo severo sobre as regiões afetadas. A relação entre anomalias positivas de precipitação e a ocorrência do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) foi confirmada através de vários estudos observacionais.Ropelewski e Halpert (1987) e Kousky e Ropelewski (1989) afirmaram que esta relação se dá no período de novembro a fevereiro. Entretanto, durante o episódio ENOS 82/83, a Região Sul foi afetada com precipitação acima da normal durante o mês de julho. Rao e Hada (1994) encontraram significativas correlações entre as anomalias de precipitação e o Índice de Oscilação Sul (IOS) durante a primavera (SON). Grimm (1992), analisando esta relação a partir de indicações das funções de Green de um modelo barotrópico baseado na equação da vorticidade, sugeriu relações diferenciadas entre os eventos ENOS e a precipitação no sul do Brasil no inverno (anomalias positivas de precipitação) e verão (anomalias negativas de precipitação). Sistemas convectivos (SC) de mesoescala também são responsáveis por grandes totais de precipitação sobre esta Região, assim como no sul das Regiões Sudeste e Centro-Oeste (Custódio e Herdies, 1994). Alguns trabalhos, como os de Machado et al. (1992), Miller e Fritsch (1991), Guedes e Silva Dias (1985) e Madox (1983) mostram a dinâmica dos SC, suas relações com a circulação geral, acoplamentos com jatos de baixos e altos níveis e relações orográficas. Guedes et al. (1994) trataram especificamente da trajetória dos SC, sendo que durante o inverno do HS estes sistemas apresentam um deslocamento mais zonal, ao contrário do verão do HS, onde o deslocamento torna-se de SO-NE, comparativamente percorrendo uma distância maior que no inverno. Os vórtices ciclônicos de ar frio, que se formam na retaguarda de algumas frentes frias estão freqüentemente associados à significativos índices de precipitação (Matsumoto et al., 1982). Silva Dias e Hallak (1994) buscaram estabelecer os indícios precursores dos estágios iniciais deste fenômeno. A ocorrência de ciclogêneses e frontogêneses sobre o sul do Brasil também é um fator preponderante na determinação da climatologia da precipitação e temperatura desta Região. Estudos estatísticos (Gan e Rao, 1991) mostram que a maior freqüência de ciclogêneses ocorre sobre o Uruguai durante o inverno do HS. Em média, ocorrem cerca de 60 ciclogêneses sobre a Região Sul a cada ano. Com relação à temperatura, a geada pode ser considerada como um dos principais fenômenos atmosféricos que atuam no sul do Brasil, pois está associada à ocorrência de temperatura do ar abaixo de 0C, com formação de gelo nas superfícies expostas. Algarve e Cavalcanti (1994) identificaram algumas características da circulação atmosférica e dos processos dinâmicos associados à ocorrência de geadas no Sul do Brasil. 3.5 Regiões Sudeste e Centro-Oeste O Sudeste e o Centro-Oeste, devido às suas localizações latitudinais, caracterizam-se por serem Regiões de transição entre os climas quentes de latitudes baixas e os climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias (Nimer, 1979). O sul das Regiões Sudeste e Centro-Oeste é afetado pela maioria dos sistemas sinóticos que atingem o sul do país, com algumas diferenças em termos de intensidade e sazonalidade do sistema. Segundo Fernandes e Satyamurty (1994) os cavados invertidos atuam principalmente durante o inverno, provocando condições de tempo moderado principalmente sobre o Mato Grosso do Sul e São Paulo. Vórtices ciclônicos em altos níveis, oriundos da região do Pacífico, organizam-se com intensa convecção associada à instabilidade causada pelo jato subtropical. Linhas de instabilidade pré-frontais, geradas a partir da associação de fatores dinâmicos de grande escala e características de meso-escala são responsáveis por intensa precipitação, segundo Cavalcanti et al. (1982). Especialmente sobre a Região Centro-Oeste, a Alta da Bolívia, gerada a partir do forte aquecimento convectivo (liberação de calor latente) da atmosfera durante os meses de verão do HS (Virgi, 1981), é considerada como um sistema típico semi-estacionário da Região. Uma situação estacionária da circulação de grande escala em latitudes médias pode influir diretamente na precipitação e temperatura sobre o Sudeste, caso a Região esteja ou não sendo afetada por sistemas associados ao escoamento ondulatório da atmosfera. Esse tipo de situação é denominado de bloqueio e afeta, além do Sudeste, também a Região Sul do Brasil. As Regiões Sudeste e Centro-Oeste são caracterizadas pela atuação de sistemas que associam características de sistemas tropicais com sistemas típicos de latitudes médias. Durante os meses de maior atividade convectiva, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é um dos principais fenômenos que influenciam no regime de 18 chuvas dessas Regiões (Quadro e Abreu, 1994). O fato da banda de nebulosidade e chuvas permanecerem semi- estacionárias por dias seguidos favorece a ocorrência de inundações nas áreas afetadas. Figura 1 - Climatologia de precipitação acumulada no ano (mm) realizada durante o período de 1961 a 1990. Fonte: INMET. Nas regiões serranas, localizadas na parte leste do Sudeste, são registrados os extremos mínimos de temperatura ( Figura 4 ) durante o inverno do H.S., enquanto que as temperaturas mais elevadas são observadas no estado de Mato Grosso, na região do Brasil Central ( Figura 3 ). Essa região é caracterizada pela presença de intensa atividade convectiva nos meses de maior aquecimento radiativo. Um forte gradiente térmico no limite das Regiões Sudeste e Centro-Oeste pode ser observado analisando as figuras 3 e 4. Este gradiente é resultado do deslocamento das massas frias de altas latitudes, que afetam principalmente os estados do Sudeste e o Mato Grosso do Sul. Em geral a precipitação distribui-se uniformemente nessas Regiões ( Figura 1 ), com a precipitação média anual acumulada variando em torno de 1500 e 2000 mm. Dois núcleos máximos são registrados na região do Brasil Central e no litoral da Região Sudeste, enquanto que no norte de Minas Gerais verifica-se uma relativa escassez de chuvas ao longo do ano. 19 Figura 2 - Climatologia de precipitação acumulada no Brasil para as quatro estações do ano: verão; primavera; inverno; outono, realizada durante o período de 1961 a 1990.. Fonte: INMET. 20 Figura 3 - Climatologia de Temperatura máxima (graus C) do Brasil para as quatro estações do ano: verão (a); primavera (b); inverno (c) e outono (d); realizada durante o período de 1961 a 1990. Fonte: INMET. 21 Figura 4 - Climatologia de Temperatura mínima (graus C) do Brasil para as quatro estações do ano: verão (a); primavera (b); inverno (c) e outono (d); realizada durante o período de 1961 a 1990. Fonte: INMET 22 4 Elementos do Clima A Climatologia é o estudo dos fenômenos climáticos. Foi exatamente o uso prático destas informações que acabou resultando em uma necessidade cada vez maior de compreender a natureza física do clima. Instrumentos mais complexos, observação amplamente disseminada, comunicação mais rápida e outros avanços tecnológicos deram suporte a pesquisas que tratavam das causas naturais do clima e aceleraram o processo de especialização desta ciência. A climatologia física, relaciona-se à compreensão dos fenômenos atmosféricos, como radiação solar, temperatura, umidade, nebulosidade, ventos e visibilidade, entre outros. A climatografia descritiva ou climatografia cuida da análise de dados de observação, utilizando técnicas estatísticas e cartográficas, enquanto a climatografia regional funciona como uma extensão da descritiva, classificando e mapeando os diferentes tipos de clima. A chamada climatologia aplicada reúne dados e princípios tanto da climatologia física como da descritiva visando resolver questões em diversas áreas, entre elas saúde, indústria, e agricultura. O clima pode ser entendido como a sucessão habitual dos diversos tipos de tempos atmosféricos registrados
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